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pisicologia da educação

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É dado o nome de Psicologia da Educação ao segmento de estudos e pesquisas que visam descrever os processos psicológicos presentes na educação. Teóricos como Sigmund Freud, Jean Piaget, Burrhus Frederic Skinner, Carl Rogers, Lev Vygotsky e Alexander Luria, são tidos como precursores dos estudos em Psicologia da Educação. São referenciais comuns aos cursos de Pedagogia, Normal Superior e demais licenciaturas, representando, cada um, vertentes do pensamento psicológico educacional. É comum na Psicologia da Educação referir-se à educação da criança e do adolescente, mas também à educação do adulto (Pedagogia e Andragogia).
A psicologia da educação se concentra no estudo psicológico dos problemas cotidianos da educação, dos quais se derivam princípios, modelos, teorias, procedimentos de ensino e métodos práticos de instrução e avaliação, bem como métodos de pesquisa apropriados para estudar o pensamento e os processos afetivos dos estudantes e os processos culturais e socialmente complexos das escolas. Em resumo a psicologia da educação estuda os processos de ensino e aprendizagem; aplica os métodos e teorias da psicologia e também tem seus próprios métodos e teorias.
No curso da historia da psicologia, desenvolveram-se diferentes escolas de pensamento, sendo cada qual um protesto efetivo contra a que a precedia. Cada posição procura deixar claro o que não é e como se difere do sistema teórico antigo. 
O estruturalismo procura explorar as inter-relações (as estruturas) através das quais o significado é produzido dentro de uma cultura. O estruturalismo define a psicologia como ciência da consciência ou da mente, definição herdada de Wundt. Mostra-nos que a mente seria a soma dos processos mentais.
O alemão Wilhelm Wundt foi o primeiro psicólogo a tomar a psicologia autônoma em relação a filosofia. Este declarava que as complexas experiências da mente eram verdadeiras estruturas construídas a partir de estados mentais simples.
A primeira abordagem adotada pelos estruturalistas foi a analise introspectiva ou introspeccionismo ( olhar para dentro). Usa-se a introspecção para chegar a eles. Através de uma observação treinada e preparada para garantir os dois pontos essenciais de toda observação: a atenção e o registro do fenômeno. 
O funcionalismo surgiu aproximadamente 20 anos depois do estruturalismo. A escola era formada por psicólogos que estavam descontentes com a ênfase estruturalista dos estados mentais. Em vez de perguntar o que e a consciência? Como faziam os estruturalistas eles perguntavam pra que serve a consciência? 	 
Consideram que o objetivo da psicologia é o ajustamento do organismo as demandas do meio que vive. A psicologia deve estudar as funções adaptativas do comportamento e dos processos mentais, e não somente sua estrutura e composição. 
O principal interesse dessa corente teórica residia na utilidade dos processos mentais para o organismo, nas suas constantes tentativas de se adaptar ao meio. O ambiente é um dos fatores mais importantes no desenvolvimento. Os funcionalistas queriam saber como a mente funcionava, e não como era estruturada.
John Watson, considerado pai do Behaviorismo fazia a seguinte critica contra o estruturalismo e o funcionalismo: os fatos da consciência não podiam ser testados e reproduzidos por todos os observadores treinados, pois dependiam das impressões e idiossincrasias de cada pessoa.
Watson tinha como objetivo fazer da psicologia uma ciência respeitável como as ciências físicas. Sentiu que os psicólogos deviam estudar comportamentos observáveis e adotar métodos objetivos. 
Os primeiros comportamentalistas aceitavam as seguintes teses:
- Os psicólogos devem estudar os eventos ambientais (estímulos) e o comportamento observável (resposta)
- A experiência é uma influencia mais importante no comportamento, nas aptidões e nos traços do que a hereditariedade. 
- A introspecção deve ser abandonada em beneficio de métodos objetivos, ou seja, experimentação, observação e testes. 
- Os psicólogos devem visar a descrição, explicação, predição e controle do comportamento.
- O comportamento de animais inferiores deve ser investigado ( juntamente com o comportamento humano), pois os organismos simples são mais fáceis de estudar e compreender do que os complexos.
O termo Gestalt em alemão significa forma, padrão, estrutura. Enquanto o comportamentalismo florescia na America, a psicologia gestalt crescia na Alemanha.
A psicologia gestalt surgiu em parte como protesto ao estruturalismo, sobretudo contra a pratica de se reduzir experiências complexas a elementos simples. Os psicólogos da gestalt acreditavam que as experiências traziam consigo uma característica de totalidade ou de estrutura.
Sob liderança de Sigmund Freud, os psicanalistas procuraram enfatizar os processos mentais inconscientes, Freud ignorou os problemas da consciência e direcionou seus esforços na compreensão e descrição do chamou o inconsciente. 
Para estudar esses fenômenos Freud desenvolveu a técnica da psicanálise baseada na interpretação da s livres associações do pensamento e analise dos sonhos dos pacientes. O surgimento da psicanálise representou uma ruptura radical, tanto no conteúdo quanto no método. 
Através da minuciosa observação de seus filhos e principalmente de outras crianças, Piaget impulsionou a Teoria Cognitiva, onde propõe a existência de quatro estágios de desenvolvimento cognitivo no ser humano: o estágio sensório-motor, pré-operacional (pré-operatório), operatório concreto e operatório formal. Piaget influenciou a educação de maneira profunda. Para ele as crianças só podiam aprender o que estavam preparadas a assimilar. Aos professores, cabia aperfeiçoar o processo de descoberta dos alunos. 
Nessa fase Piaget conclui suas pesquisas com Barbel Inhelder e Alina Szeminska e investiga a gênese psicológica das "estruturas do pensamento" nas diversas áreas do conhecimento científico, diferentemente do estudo do pensamento infantil - a partir de sua expressão verbal - nos anos 1920. Agora, as entrevistas propõem problemas concretos e envolve a possibilidade de a criança agir sobre os objetos, manipulando brinquedos, massinha de modelar, líquidos, flores. 
Esses estudos abrangem temas diversos e resultam, cada qual, em uma publicação: O desenvolvimento das quantidades físicas (1941) - estuda os "invariantes físicos": massa, peso, volume; A gênese do número (1941); A noção de tempo na criança (1946); A geometria espontânea na criança (1948); A representação do espaço na criança (1948); e, entre tantos, destaca-se no período A gênese das estruturas lógicas elementares (1959) - que focaliza classificação e seriação, e Da lógica da criança à lógica do adolescente(1955) - que trata das "operações formais". O experimento com as crianças e os vários temas abordados são definidos a partir de uma discussão epistemológica em torno de cada uma das noções científicas estudadas. Nesse processo, as diferenças individuais entre uma criança e outra não é destacado, mas sim o processo de desenvolvimento das "estruturas operatórias" que caracterizam o pensamento científico. Convicto de que o desenvolvimento intelectual dá-se em estágios determinados, Piaget aborda em seus livros temas como as “estruturas operatórias” e demonstra o "sujeito epistêmico" como sendo o conjunto de características comuns a todas as crianças de um mesmo estágio de desenvolvimento.					Piaget continua atuando como professor de Psicologia e Sociologia na Universidade de Lausanne (1938-1951) e na Universidade de Genebra (Psicologia Experimental), quando sucede Edouard Clapèrede (1940). Durante a Segunda guerra mundial (1942), ministrou no Collège de France conferências que foram depois reunidas na publicação “A psicologia da inteligência” (1947).
Em 1950, pública sua primeira síntese epistemológica - “Introdução à Epistemologia Genética” em três volumes: O pensamento matemático (volume I), O pensamento físico (volume II), e O pensamento biológico, psicológico e sociológico (volume III). Na mesma década, a partir da criaçãodo Centro Internacional de Epistemologia Genética (CIEG) em 1955, intensifica o estudo e a investigação interdisciplinar, com a colaboração de pesquisadores de diversas áreas do conhecimento (lógica, física, matemática, psicologia,biologia, sociologia, epistemologia) e promove discussões acerca dos diversos pontos de vista e pesquisas com crianças. O resultado desse esforço é reunido nos Estudos de Epistemologia Genética, publicados anualmente entre 1955 e 1980. 
Na educação, Piaget utiliza sua “teoria dos estágios” para contrapor o ensino tradicional, autoritário, herdado do século XIX. A Escola Nova critica, sobretudo no início do século XX, o ensino onde “o professor dita e o aluno copia e repete” – Paulo Freire chama-o de “educação bancária”. Na medida em que critica essa educação tradicional, Piaget é interpretado equivocadamente como um não “diretivista”, um “espontaneísta”. A ideia piagetiana de interação não foi aceita nos moldes da escola tradicional.
A partir da trilogia: O nascimento da inteligência na criança; A construção do real na criança; A formação do símbolo na criança - Piaget relata seus estudos sobre o desenvolvimento cognitivo para demonstrar que "a capacidade cognitiva humana nasce e se desenvolve, não vem pronta". Dessa forma, marca oposição ao behaviorismo por um lado, e à Gestalt por outro, quando afirma que o conhecimento tem origem na interação "sujeito-objeto". A ideia piagetiana de capacidade cognitiva, então, propõe que o conhecimento não nasce no sujeito, nem no objeto, mas origina-se da interação "sujeito-objeto".
Piaget desenvolveu em suas pesquisas a teoria da construção do conhecimento, mais conhecida como Epistemologia genética, seu foco principal foi o sujeito Epistemológico o qual foi estudado pelo método clínico desenvolvido pelo próprio Piaget. A teoria explica como o conhecimento é adquirido e montado em nossa psiquê, desde a primeira infânciaaté a maturescência humana. A obra deste estudioso é reconhecida em todo mundo, pois contribui para compreensão da formação e construção do intelecto.
Através desta teoria, diversas propostas de educação, diferenciadas para crianças em cada uma das fases, surgiram, todas com a pretensão de melhorar a educação através das características específicas de cada uma destas fases observadas, por Piaget, em seus estudos. Ao entender como acontece o processo de construção do conhecimento pode-se desenvolver métodos pedagógicos mais eficientes afim de aperfeiçoar ou substituir os sistemas de ensino já existentes. Como exemplo, um de seus alunos, Reuven Feuerstein, desenvolveu a Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural. Esta afirma que a inteligência humana pode ser estimulada e que qualquer indivíduo, independente de idade e mesmo considerado inapto, pode adquirir a capacidade de aprender.		Burrhus Frederic Skinner nasceu em Susquehanna, no estado norteamericano da Pensilvânia, em 1904. Criado num ambiente de disciplina severa, foi um estudante rebelde, cujos interesses, na adolescência, eram a poesia e a filosofia. Formou-se em língua inglesa na Universidade de Nova York antes de redirecionar a carreira para a psicologia, que cursou em Harvard – onde tomou contato com o behaviorismo. Seguiram-se anos dedicados a experiências com ratos e pombos, paralelamente à produção de livros. O método desenvolvido para observar os animais de laboratório e suas reações aos estímulos levou-o a criar pequenos ambientes fechados que ficaram conhecidos como caixas de Skinner, depois adotadas para experimentos pela indústria farmacêutica. Quando sua filha nasceu, Skinner criou um berço climatizado, o que originou um boato de que a teria submetido a experiências semelhantes às que fazia em laboratório. Em 1948, aceitou o convite para ser professor em Harvard, onde ficou até o fim da vida. Morreu em 1990, em ativa militância a favor do behaviorismo. 			Nenhum pensador ou cientista do século 20 levou tão longe a crença na possibilidade de controlar e moldar o comportamento humano como o norte-americano Burrhus Frederic Skinner. Sua obra é a expressão mais célebre do behaviorismo, corrente que dominou o pensamento e a prática da psicologia, em escolas e consultórios, até os anos 1950. 										O behaviorismo restringe seu estudo ao comportamento (behavior, em inglês), tomado como um conjunto de reações dos organismos aos estímulos externos. Seu princípio é que só é possível teorizar e agir sobre o que é cientificamente observável. Com isso, ficam descartados conceitos e categorias centrais para outras correntes teóricas, como consciência, vontade, inteligência, emoção e memória – os estados mentais ou subjetivos. 									Os adeptos do behaviorismo costumam se interessar pelo processo de aprendizado como um agente de mudança do comportamento. “Skinner revela em várias passagens a confiança no planejamento da educação, com base em uma ciência do comportamento humano, como possibilidade de evolução da cultura”, diz Maria de Lourdes Bara Zanotto, professora de psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.											O conceito-chave do pensamento de Skinner é o de condicionamento operante, que ele acrescentou à noção de reflexo condicionado, formulada pelo cientista russo Ivan Pavlov. Os dois conceitos estão essencialmente ligados à fisiologia do organismo, seja animal ou humano. O reflexo condicionado é uma reação a um estímulo casual. O condicionamento operante é um mecanismo que premia uma determinada resposta de um indivíduo até ele ficar condicionado a associar a necessidade à ação. É o caso do rato faminto que, numa experiência, percebe que o acionar de uma alavanca levará ao recebimento de comida. Ele tenderá a repetir o movimento cada vez que quiser saciar sua fome. 											A diferença entre o reflexo condicionado e o condicionamento operante é que o primeiro é uma resposta a um estímulo puramente externo; e o segundo, o hábito gerado por uma ação do indivíduo. No comportamento respondente (de Pavlov), a um estímulo segue-se uma resposta. No comportamento operante (de Skinner), o ambiente é modificado e produz consequências que agem de novo sobre ele, alterando a probabilidade de ocorrência futura semelhante. 					Segundo Skinner, a ciência psicológica – e também o senso comum – costumava, antes do aparecimento do behaviorismo, apelar para explicações baseadas nos estados subjetivos por causa da dificuldade de verificar as relações de condicionamento operante – ou seja, todas as circunstâncias que produzem e mantêm a maioria dos comportamentos dos seres humanos. Isso porque elas formam cadeias muito complexas, que desafiam as tentativas de análise se elas não forem baseadas em métodos rigorosos de isolamento de variáveis. 						Nos usos que projetou para suas conclusões científicas – em especial na educação –, Skinner pregou a eficiência do reforço positivo, sendo, em princípio, contrário a punições e esquemas repressivos. Ele escreveu um romance, Walden II, que projeta uma sociedade considerada por ele ideal, em que um amplo planejamento global, incumbido de aplicar os princípios do reforço e do condicionamento, garantiria uma ordem harmônica, pacífica e igualitária. Num de seus livros mais conhecidos, Além da Liberdade e da Dignidade, ele rejeitou noções como a do livre-arbítrio e defendeu que todo comportamento é determinado pelo ambiente, embora a relação do indivíduo com o meio seja de interação, e não passiva. Para Skinner, a cultura humana deveria rever conceitos como os que ele enuncia no título da obra.			Precursores da psicologia, como o filósofo norte-americano William 
James (1842-1910), já haviam previsto a utilidade de um ramo da ciência que estudasse os comportamentos puramente externos, mas a psicologia comportamental (behaviorismo) como a conhecemos começou mesmo com o médico russo Ivan Pavlov (1849-1936). Motivado por experiências com cães, Pavlov criou a teoria dos reflexos condicionados. Foi o primeiro cientista a trabalhar na área psicológica que não se utilizou de referências a estados subjetivoscomo instrumento teórico. O fundador do behaviorismo como escola, porém, foi o psicólogo norteamericano John B. Watson (1878- 1958), que formulou as estritas exigências metodológicas que deveriam nortear seus seguidores. O compromisso de verificação concreta de hipóteses e a recusa da introspecção aproximam o ideário de Watson do positivismo nas ciências humanas. Watson foi o principal inspirador de Skinner, por sua vez o maior divulgador do behaviorismo, prevendo a utilização de seus princípios na psicoterapia, na educação e até na formulação de políticas públicas. O behaviorismo clássico abraçou a idéia de que todo comportamento humano é infalivelmente controlável por meio do padrão de estímulo-resposta. Mais recentemente, o princípio da infalibilidade estatística foi substituído pelo da probabilidade. No imaginário ficcional do século 20, a ênfase nos conceitos de controle e planejamento aproximou o behaviorismo e as táticas dos regimes totalitários – a terapia behaviorista, por exemplo, usou comumente choques elétricos e substâncias químicas para condicionar comportamentos. Algumas das principais metáforas do terror de estado do período fizeram referências a métodos behavioristas, como os romances 1984 (de George Orwell) e A Laranja Mecânica (de Anthony Burgess, adaptado para o cinema por Stanley Kubrick).
A obra do psicólogo Lev Vygotsky ressalta o papel da escola no desenvolvimento mental das crianças e é uma das mais estudadas pela pedagogia contemporânea. Lev Vygotsky morreu há mais de 70 anos, mas sua obra continua em pleno processo de descoberta. Para compreender o direcionamento de sua obra, é necessário compreender um pouco o percurso vivido por ele, bem como o contexto histórico e social em que ele está inserido.
"O saber que não vem da experiência não é realmente saber" Lev Vygotsky
Lev Semenovitch Vygotsky, nascido em 1986, em Orsha, Bielo-Rússia, descendente de uma família  de origem judaica, viveu sua infância em Gomel, com os pais e sete irmãos. Até os 15 anos sua educação ocorreu em casa, acompanhada pelo tutor Solomon Asphiz e era amante das artes e literatura, aos 17 anos completou o curso secundário, recebendo medalha de ouro por seu brilhante desempenho. Por ser judeu, enfrentou dificuldades para ingressar no curso superior, iniciando seus estudos no curso de Medicina, tendo um mês depois se transferido para os cursos de Direito e Literatura.		Começou sua carreira profissional aos 21 anos, tendo seu interesse pela Psicologia surgido a partir do contato com crianças portadoras de problemas congênitos, onde estudava os problemas neurológicos das mesmas para compreender o funcionamento psicológico do homem. 1924 é um marco em sua carreira, quando ele se dedicou de forma mais sistemática ao estudo da Psicologia, tendo realizado palestra no 2º Congresso Psiconeurológico e causando espanto e admiração em pesquisadores renomados, abordando idéias acerca do estudo do comportamento consciente humano, uma vez que a Psicologia estava dividida em duas tendências: o grupo ligado à filosofia empirista e outro grupo, fundamentado na filosofia idealista, onde Vygotsky busca superar essa situação usando o método dialético marxista ao apresentar a palestra sobre "A Metodologia da Investigação Reflexológica e Psicológica", propondo uma Psicologia de caráter materialista.								Durante uma década de trabalho, Vygotsky e seu grupo tróica, se dedicaram à construção de uma nova Psicologia, abordando diferentes temas relacionados ao desenvolvimento humano. Vygotsky lecionou literatura, estética e história da arte e fundou um laboratório de psicologia - área em que rapidamente ganhou destaque, graças a sua cultura enciclopédica, seu pensamento inovador e sua intensa atividade, tendo produzido mais de 200 trabalhos científicos. Em 1925, já sofrendo da tuberculose (o que em momentoalgum lhe tirou a tenacidade e a obstinação) que o mataria em 1934, publicou A Psicologia da Arte, um estudo sobre Hamlet, de William Shakespeare, cuja origem é sua tese de mestrado. 								A parte mais conhecida da extensa obra produzida por Vygotsky em seu curto tempo devida converge para o tema da criação da cultura. Aos educadores interessa em particular os estudos sobre desenvolvimento intelectual. Vygotsky atribuía um papel preponderante às relações sociais nesse processo, tanto que a corrente pedagógica que se originou de seu pensamento é chamada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo. A obra do psicólogo ressalta o papel da escola no desenvolvimento mental das crianças e é uma das mais estudadas pela pedagogia contemporânea.		Surge da ênfase no social uma oposição teórica em relação ao biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), que também se dedicou ao tema da evolução da capacidade de aquisição de conhecimento pelo ser humano e chegou a conclusões que atribuem bem mais importância aos processos internos do que aos interpessoais. Vygotsky, que, embora discordasse de Piaget, admirava seu trabalho, publicou críticas ao suíço em 1932. Piaget só tomaria contato com elas nos anos 1960 e lamentou não ter podido conhecer Vygotsky em vida. Muitos estudiosos acreditam que é possível conciliar as obras dos dois.
"Uma palavra que não representa uma idéia é uma coisa morta, da mesma forma que uma idéia não incorporada em palavras não passa de uma sombra." Lev Vygotsky	Os estudos de Vygotsky sobre aprendizado decorrem da compreensão do homem como um ser que se forma em contato com a sociedade. "Na ausência do outro, o homem não se constrói homem", escreveu o psicólogo. Ele rejeitava tanto as teorias inatistas, segundo as quais o ser humano já carrega ao nascer as características que desenvolverá ao longo da vida, quanto as empiristas e comportamentais, que vêem o ser humano como um produto dos estímulos externos. Para Vygotsky, a formação se dá numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade a seu redor - ou seja, o homem modifica o ambiente e o ambiente modifica o homem. Essa relação não é passível de muita generalização; o que interessa para a teoria de Vygotsky é a interação que cada pessoa estabelece com determinado ambiente, a chamada experiência pessoalmente significativa.										Segundo Vygotsky, apenas as funções psicológicas elementares se caracterizam como reflexos. Os processos psicológicos mais complexos - ou funções psicológicas superiores, que diferenciam os humanos dos outros animais - só se formam e se desenvolvem pelo aprendizado. Entre as funções complexas se encontram a consciência e o discernimento. "Uma criança nasce com as condições biológicas de falar, mas só desenvolverá a fala se aprender com os mais velhos da comunidade", diz Teresa Rego. 	Outro conceito-chave de Vygotsky é a mediação. Segundo a teoria vygotskiana, toda relação do indivíduo com o mundo é feita por meio de instrumentos técnicos - como, por exemplo, as ferramentas agrícolas, que transformam a natureza - e da linguagem - que traz consigo conceitos consolidados da cultura à qual pertence o sujeito.												"O caminho do objeto até a criança e desta até o objeto passa por outra pessoa" Lev Vygotsky
Zona de desenvolvimento proximal (ZDP)
Um fato empiricamente estabelecido e bem conhecido é que o aprendizado deve ser combinado de alguma maneira com o nível de desenvolvimento da criança. Entretanto tem-se atentado para o fato de que não podemos limitar-nos meramente à determinação de níveis de desenvolvimento se o que queremos é descobrir as relações reais entre o processo de desenvolvimento e a capacidade de aprendizado e para isso é preciso determinar pelo menos dois níveis:
nível de desenvolvimento real: nível de desenvolvimento das funções mentais da criança que se estabeleceram como resultado de certos ciclos de desenvolvimento já completados, ou seja, determina a capacidade de resolver um problema sem ajuda.
nível de desenvolvimento proximal: distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através dasolução de problemas sempre sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes, quer dizer, um conjunto de informações que a criança tem a potencialidade de aprender mas ainda não completou o processo, conhecimentos fora de seu alcance atual, mas potencialmente atingíveis ou em outra palavras, o caminho entre o que a criança consegue fazer sozinha e o que ela está perto de conseguir fazer sozinha.
Compreender o processo ensino-aprendizagem, fator intrinsecamente envolvido neste processo, requer um profundo conhecimento de como o ser humano desenvolve e processa a cognição. Dessa forma, segundo Vygotsky, identificar os dois níveis e trabalhar o percurso dos mesmos em cada aluno, são as principais e necessárias habilidades que um professor precisa ter.							Para ele, a intervenção pedagógica provoca avanços que não ocorreriam espontaneamente. Ao formular o conceito de zona proximal, Vygotsky mostrou que o bom ensino é aquele que estimula a criança a atingir um nível de compreensão e habilidade que ainda não domina completamente, "puxando" dela um novo conhecimento. "Ensinar o que a criança já sabe desmotiva o aluno e ir além de sua capacidade é inútil", diz Teresa Rego. O psicólogo considerava ainda que todo aprendizado amplia o universo mental do aluno.						O ensino de um novo conteúdo não se resume à aquisição de uma habilidade ou de um conjunto de informações, mas amplia as estruturas cognitivas da criança. Assim, por exemplo, com o domínio da escrita, o aluno adquire também capacidades de reflexão e controle do próprio funcionamento psicológico

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