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AULA DE TEORIA GERAL DO CRIME

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TEORIA GERAL DO CRIME
2º SEMESTRE/2015
Conjunto das normas jurídicas que tratam dos crimes e das sanções penais dá-se o nome de Direito Penal.
Segundo Von Liszt, este definia o Direito Penal como “o conjunto das prescrições emanadas do Estado, que ligam ao crime, como fato, a pena como consequência.
CONCEITO DE DIREITO PENAL
A expressão DIREITO PENAL é também sinônimo de CIÊNCIA PENAL, que no dizer de Francisco de Assis Toledo é o “conjunto de conhecimento e princípios, ordenados metodicamente, de modo a tornar possível a elucidação do conteúdo das normas penais e dos institutos e que elas se agrupam, com vista à sua aplicação aos casos ocorrentes.
CIÊNCIA PENAL
Positivo: O Direito Penal é positivo, pois foi o ESTADO que promulgou (quer dizer posto, colocado, mostrado à sociedade);
Público: Direito Penal tem natureza pública, uma vez que a proteção dos bens jurídicos colocados sob sua tutela interessa a toda a sociedade.
CARACTERISTICAS DO DIREITO PENAL
Constitutivo, original e autônomo: O Direito Penal seria um complemento dos demais ramos do direito, surgindo como sancionador. Nas palavras de Zaffaroni, “que o Direito Penal é predominantemente sancionador e excepcionalmente constitutivo.
Valorativo: O Direito Penal tem caráter valorativo, porquanto proíbe os comportamentos humanos que se voltem contra os mais importantes valores ético-sociais, selecionados pela sociedade dos ataques mais graves.
Direito Penal Objetivo é o conjunto das normas jurídicas que definem os crimes, cominam penas, bem como as demais normas de natureza penal.
Direito Penal Subjetivo: é o ius puniendi, o direito de punir o infrator da norma penal. O direito estatal de punir.
DIREITO PENAL OBJETIVO E DIREITO PENAL SUBJETIVO
Para Dámasio E. de Jesus, é comum o Direito Penal que se aplica a todos os cidadãos, e especial aquele que se aplica a uma classe deles, pois os critérios diferenciadores entre o direito comum e o especial “está no órgão encarregado de aplicar o direito objetivo. (código penal militar).
DIREITO PENAL COMUM E ESPECIAL
Fases de Vingança e o Talião: dita como a primeira fase da evolução do Direito Penal, denominada Vingança Privada. (praticado pelo próprio ofendido).
Direito Grego: entre os gregos vamos encontrar a distinção entre os crimes públicos, com penas coletivas, aplicadas aos sucessores do delinquente, os crimes privados, onde a responsabilidade era individual (direito penal moderno)
HISTÓRIA GERAL DO DIREITO PENAL
Direito Romano: o crime e a pena tem um caráter público, pois que se entendia o crime como atentado à ordem estabelecida, a pena era a resposta estatal.
Os romanos já tinham uma noção de dolo – intenção e de culpa – negligência.
Direito Germânico: antes da invasão romana o direito germano era consuetudinário, existindo já os delitos públicos, praticados contra os interesses coletivos, o que permitia a qualquer pessoa matar o delinqüente e os crimes privados, inclusive o homicídio, punidos com a vingança e a composição.
Direito Canônico: é o direito estabelecido pela Igreja Católica, cujas normas estão escritas em canons, que equivalem aos artigos de lei, destinava-se no inicio a regular a vida interna da Igreja.
Teve grande influência no ordenamento jurídico penal de toda a Europa.
Direito Medieval: é o Direito Penal, conhecido como Direito Comum, é o resultado da junção do direito romano, do direito germânico e do direito canônico com os direitos locais. Extremamente rigoroso, com penas cruéis. 
Foi no século XVIII que pensadores europeus desenvolveram, com suas ideias, um dos mais relevantes movimentos da história da sociedade: o iluminismo, que vai revolucionar o mundo.
Dessa forma no Direito Penal as ideias iluministas vão se refletir, a partir da publicação , em Milão, no ano de 1.764, a obra Dos Delitos e das Penas, escrita por Cesare Beccaria, que combate a tortura e a pena de morte.
PERÍODO HUMANITÁRIO
A partir das ideias de Beccaria, inicia-se no Direito Penal o que se chama de período humanitário, e logo depois, surgem leis aderindo aos preceitos por ele defendidos.
Em 1.767, na Rússia, Catarina II promove profunda reforma legislativa.
Na Toscana, em 1786, são abolidas a tortura e a pena de morte.
Na mesma linha na Áustria e na Prússia.
Em 1.789, a Revolução Francesa vai culminar com a Declaração dos Direitos Homem e do Cidadão, que vai consagrar os fundamentais direitos humanos, ainda hoje atual.
As ideias iluministas se fortaleceram e inspiraram a necessidade de se tratar o direito como ciência e iremos encontrar no século XIX o desdobramento daquelas ideias iniciais, o surgimento de discussões doutrinárias acerca dos vários aspectos do Direito Penal. 
Período Científico
Aqui as ideias que tiveram origem em Beccaria foram desenvolvidas e disseminadas principalmente por CARMIGNANI, que foi autor da obra Elementa juris criminalis, publicada em 1.847.
ROSSI, autor do Trattato di diritto penale, 1.859.
FRANCESCO CARRARA, autor do Programa del corso di diritto criminale, 1.859.
Escola Clássica
Seus princípios básicos são:
A) a responsabilidade penal funda-se na liberdade do homem, pois só pode ser punido aquele que agiu livrimente;
B) o crime é um ente jurídico, é pois, a violação do direito.
C) a pena é a retribuição jurídica do mal, restabelecendo-se assim, a justiça.
Seus precursores foram CESARE LOMBROSO, autor de L’ uomo Deliquente, qual desenvolve a ideia do criminoso nato e Antropologia Criminal, RAFFAELE GARÓFALO, e seus expoentes são GRISPIGNI, ALTAVILLA E ENRICO FERRI. 
Escola Positiva
Seus princípios básicos eram:
A) o crime é um fenômeno natural e social;
B) o fundamento da responsabilidade penal, que resulta de ser o homem um ser social e a periculosidade do delinqüente;
C) a pena é medida defensiva da sociedade e seu objetivo e recuperar o delinqüente ou neutralizá-lo;
D) o delinqüente é um anormal do ponto de vista psíquico.
CESARE LOMBROSO
MODELO DE LOMBROSO
No final do século XIX, surge na Alemanha, um movimento refomista liberado pelo austríaco VON LISZT, autor do Programa de Marburgo e das Tarefas Político-Criminais, combatendo o pensamento de Lombroso, sobre a existência do criminoso nato, mostrando que as raízes do crime situavam-se nas relações sociais. 
Escola Moderna Alemã
Defendia LISTZ a necessidade de conhecer as causas do crime, especialmente as de natureza antropológica e sociológica, para a construção de uma pena que conseguisse combater o crime, com uma função preventiva especial.
Antes de 1500, as sociedades existentes em nosso território, primitivas, rudimentares, encontravam-se ainda na fase da vingança privada, com a presença do talião e da perda da paz. Para falarmos da história do nosso Direito Penal, devemos inicialmente, falar do Direito Penal Português. 
História no Brasil
A) Ordenações Afonsinas: Quando Cabral aportou na Bahia, estava em vigor em Portugal as Ordenações Afonsinas, promulgadas em 1446, por D. Afonso V, além, é certo, de normas oriundas do direito romano, canônico e costumeiras. No livro V encontravam as normas de direito penal. Ainda reinava a crueldade das penas. Não existia direito de defesa e nem o princípio da legalidade.
Período Colonial
Editadas em 1514, por ordem de Dom Manuel, o Venturoso, para consolidar o direito português, novamente é no livro V das Ordenações. Ainda na fase da vingança pública nenhuma evolução se verificou. 
O direito penal era tão cruel que a prisão não era, em regra, pena, mas medida cautelar, processual, para guardar o condenado até a execução da pena de morte, corporais, aflição ou de suplício. Era aplicado pelos donatários. 
Ordenações Manuelinas
Editadas em 1603, as Ordenações de Felipe II, de Espanha, reinando também em Portugal, vigoravam mesmo depois de 1.640, ano da restauração da independência de Portugal, vindo a punir em 1792, no Brasil, mártir da independência José da Silva Xavier, o Tiradentes. 
Em quase nada se distinguiam das Ordenações Manuelinas e Afonsinas. 
Ordenações Felipinas
Com alguns
anos de atraso, o ideal iluminista consegue algum sucesso no Brasil, a partir da emancipação política de 1822, quando o Príncipe D. Pedro resolve torna-se Imperador do Brasil. Um mês antes aboliu a tortura e certas penas cruéis e adotando o princípio da responsabilidade pessoal, proibindo a transmissão da pena aos sucessores do condenado. No mais vigiam as Ordenações Filipinas.
Período Imperial
A 1ª Constituição Brasileira, a do Império de 1824, incorpora importantes princípios:
A) A lei penal não terá efeito retroativo;
B) Todos são iguais perante a lei;
C) Nenhuma pena passa da pessoa do deliquente;
D) Fim dos açoites, torturas, marcas de ferro quente e penas crueis.
Em 1827 são criados no Brasil os cursos jurídicos, com uma escola em Olinda e outra em São Paulo.
Em 1830 surge, sob influência da Escola Clássica, o Código Criminal, incorporando os princípios da responsabilidade moral e do livre arbítrio, segundo o qual não há criminoso sem má fé, sem conhecimento do mal e sem a intenção de praticá-lo.
A abolição do regime de escravidão, aliada às várias modificações da legislação penal, impunha a necessidade de um novo Código.
Em 1890, foi abolida a pena de galés e fixou em trinta anos o tempo da antiga prisão perpétua, e estabeleceu a prescrição.
A penas previstas eram: prisão celular, reclusão, prisão com trabalho obrigatório, prisão disciplinar, interdição, suspensão e perda de emprego público, multa, banimento.
Período Republicano
A Constituição de 1891, incorporou princípios fundamentais:
A) ninguém será sentenciado senão pela autoridade competente, em virtude de lei anterior e na forma por ela regulada.
B) nenhuma pena passará da pessoa do delinquente;
C) abolição da pena de galés, pena de banimento e de morte, exceto em caso de guerra para os militares.
A Constituição de 1934, traz novos preceitos, “ A lei penal só retroagirá quando beneficiar o réu”, “não será concedida a Estado Estrangeiro extradição por crime político ou de opinião, nem em caso algum de brasileiro.
Surgem 1940 o novo Código Penal, através do decreto 2.848, de 07 de dezembro de 1.940.
O novo sistema elege a privação de liberdade como pena principal.
A classificação dos crimes pode ser legal ou doutrinária. Legal é o nome atribuído ao delito pela lei. É também chamada de rubrica marginal. Doutrinária é o nome dado pelos estudiosos do Direito às infrações penais. É o objeto de estudo do presente tópico.
Segundo a doutrina, as classificações podem utilizar alguns critérios:
Título e classificação das infrações penais
a) Crimes comuns ou gerais: são aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa, não se exigindo condição especial. Ex: homicídio.
b) Crimes próprios ou especiais: são aqueles em que o tipo penal exige uma situação fática ou jurídica diferenciada por parte do sujeito ativo. Admitem coautoria a participação. Ex: peculato, somente praticado por funcionário público.
1-Quanto a qualidade do Sujeito ativo
Os crimes próprios podem ser divididos em puros, que são aqueles cuja ausência da qualidade especial do sujeito ativo leva à atipicidade do fato; e impuros, cuja ausência da elementar diferenciada desclassifica o delito.
c) Crimes de mão própria, de atuação pessoal ou de conduta infungível: são aqueles que somente podem ser praticados pela pessoa expressamente indicada no tipo penal. Ex: falso testemunho. Apenas admitem participação, não aceitando coautoria, pois não se delega a prática da conduta infracional a terceira pessoa.
a) Crime simples: é aquele que se amolda em um único tipo penal. Ex: furto.
b) Crime complexo: resulta da união de dois ou mais tipos penais. Ex: roubo (furto + ameaça; furto + lesão corporal).
2-Quanto à estrutura da conduta delineada pelo tipo penal
a) Crimes materiais ou causais: são aqueles em que o tipo penal aloja em seu interior uma conduta e um resultado necessário, cuja consumação reclama esse resultado. Ex: homicídio (necessita da morte).
b) Crimes formais, de consumação antecipada ou de resultado cortado: o tipo penal contém em seu bojo uma conduta e um resultado naturalístico, mas este último é desnecessário para a consumação. Ex: extorsão mediante seqüestro (não necessita a efetiva vantagem sobre a extorsão), ameaça, extorsão.
3-Quanto a relação entre a conduta e o resultado naturalístico 
STJ. Súmula 96. O Crime de extorsão consuma-se, independentemente da obtenção da vantagem indevida.
c) Crimes de mera conduta ou de simples atividade: o tipo penal se limita a descrever uma conduta sem resultado algum. Ex: Ato obsceno.
a) Crime instantâneo ou de estado: a consumação se verifica em um momento determinado, não se prolonga no tempo. Ex: furto.
b) Crime permanente: a consumação se prolonga no tempo, por vontade do agente. O ordenamento jurídico é agredido reiteradamente.
4-Quanto ao momento que se consuma um crime
Subdividem-se em: necessariamente permanentes, que exige, para a consumação, a manutenção da ação contrária ao Direito por tempo relevante, v.g., sequestro; 
eventualmente permanentes, que são crimes instantâneos, mas a ofensa ao bem jurídico tutelado se prolonga no tempo, v.g., furto de energia elétrica;
c) Crime instantâneo de efeitos permanentes: os efeitos de delito subsistem após a consumação, independentemente da vontade do agente. Ex: bigamia, homicídio.
d) Crime a prazo: a consumação exige a fluência de determinado período. Ex: seqüestro em que a privação de liberdade dura mais de quinze dias (CP, art. 148, §1º, III).
 
a) Crimes unissubjetivos, unilaterais, monossubjetivos ou de concurso eventual: são praticados por um único agente, admitindo-se concurso. Ex: homicídio.
b) Crimes plurissubjetivos, plurilaterais ou de concurso necessário: o tipo penal reclama a pluralidade de agentes, que podem ser coautores ou partícipes.
5-Quanto ao número de agente envolvido
Esses crimes subdividem-se em: (1) crimes bilaterais (ou de encontro), onde o tipo penal reclama dois agentes cujas condutas tendem a se encontrar, ex: bigamia; 
(2) crimes coletivos (ou de convergência), onde o tipo penal reclama a existência de três ou mais agentes, ex: rixa (condutas contrapostas) ou associação criminosa (condutas paralelas).
c) Crimes eventualmente coletivos: são aqueles em que, não obstante o seu caráter unilateral, a diversidade de agentes atua como causa de majoração da pena. Ex: furto qualificado.
a) Crime de subjetividade passiva única: tipo penal tem uma única vítima. Ex: estupro.
b) Crimes de dupla subjetividade passiva: o tipo penal prevê a existência de duas ou mais vítimas. Ex: violação de correspondência (remetente e destinatário).
6-Quanto ao número de vítimas
a) Crime de dano ou de lesão: a consumação somente se efetiva com a lesão do bem jurídico tutelado. Ex: lesões corporais.
b) Crime de perigo: consumam-se com a mera exposição do bem jurídico tutelado a uma situação de perigo.
7-Quanto ao grau de intensidade do resultado
Subdividem-se em: 
A) crime de perigo abstrato (basta a prática da conduta, havendo presunção juris et de jure de exposição a perigo de dano, ex: tráfico de drogas); 
B) de perigo concreto (consuma-se com a efetiva comprovação da exposição a perigo, ex: crime de exposição ao perigo para a vida ou saúde de outrem, art. 132)
C) de perigo individual (atinge uma pessoa ou um determinado número de pessoas, ex: perigo de contágio venéreo);
D) de perigo comum ou coletivo (o perigo já está ocorrendo, ex: abandono de incapaz);
E) de perigo iminente (o perigo está prestes a ocorrer);
F) de perigo futuro ou mediato (o perigo se projeta para o futuro, ex: porte ilegal de arma).
a) Crime unissubsistente: a conduta se revela mediante um único ato de execução, capaz, por si só, de produzir a consumação. Não admite tentativa. Ex: crimes contra a honra praticados com o emprego da palavra.
b) Crime plurissubsistente: a conduta se exterioriza por meio de dois ou mais atos, que devem somar-se para produzir a consumação. Ex: homicídio praticado com golpes
de faca.
8-Quanto ao número de ato executório que integram a conduta
a) Crime comissivo ou de ação: é praticado mediante conduta positiva. Ex: roubo.
b) Crime omissivo ou de omissão: cometido por meio de uma conduta negativa, uma inação. Subdividem-se em:
9-Com relação à forma como é praticado o crime
Ä  Crime omissivo próprio ou puro: a omissão está contida no tipo penal, prevendo a conduta negativa como forma de praticar o delito. Não há dever jurídico de agir, portanto, qualquer pessoa que se encontre na posição indicada pelo tipo penal responderá apenas pela omissão, e não pelo resultado naturalístico. Ex: omissão de socorro, art. 135.
Ä  Crime omissivo impróprio, espúrio ou comissivo por omissão: o tipo penal aloja uma conduta positiva, e o agente, que tem o dever jurídico de evitar o resultado, realiza uma conduta negativa, respondendo penalmente pelo resultado naturalístico. Ex: mãe que mata filho por não amamentá-lo.
Ä  Crime omissivo por comissão: nesse caso, há uma ação provocadora da omissão. Grande parte da doutrina não reconhece essa categoria de delito.
Ä  Crime omissivo "quase-impróprio": essa classificação, ignorada pelo direito penal pátrio, diz respeito à omissão que não produz lesão ao bem jurídico, mas apenas um perigo de lesão, abstrato ou concreto.
c) Crime de conduta mista: o tipo penal é composto de duas fases distintas, uma inicial positiva e outra final, omissiva. Ex: apropriação de coisa achada e omissão em devolvê-la (CP, art. 169, parágrafo único, inciso II).
a) Crime de forma livre: admitem qualquer meio de execução. Ex: ameaça, art. 147.
b) Crime de forma vinculada: somente pode ser praticado através dos meios indicados pelo tipo penal. Ex: perigo de contágio venéreo (CP, art. 130).
10-Quanto ao modo de execução
a) Crimes principais: aqueles que possuem existência autônoma, não depedende da prática de crime anterior. Ex: estupro.
b) Crimes acessórios, de fusão ou parasitários: dependem da prática de crime anterior para a sua existência. Ex: receptação (CP, art. 180).
Segundo o Código Penal, a extinção da punibilidade do crime principal não se estende ao acessório (CP, art. 108).
11-Quanto à existência autônomo do crime
a) Crime transeunte ou de fato transitório: são aqueles que não deixam vestígios materiais. Ex: ameaça, calúnia, desacato. Nesse caso, não se realiza perícia.
b) Crime não transeunte ou de fato permanente: deixam vestígios materiais. Ex: homicídio. Nesse caso, a falta de exame de corpo de delito acarreta a nulidade da ação penal.
12-Quanto a necessidade de exame de corpo de delito como prova
a) Crimes à distância: são aqueles em que conduta e resultado ocorrem em países diversos. Ante a adoção da teoria da ubiqüidade quanto ao lugar do crime, a conduta ou o resultado ocorrendo em território nacional, aplica-se a legislação penal pátria.
13-Quanto ao local que o crime é cometido
b) Crimes plurilocais: a conduta e o resultado se desenvolvem em comarcas diversas, sediadas no mesmo país. Nesse caso, opera-se a teoria do resultado adotada pelo CPP, em seu art. 70, como competência para aplicação da lei penal.
c) Crimes em trânsito: somente uma parte da conduta ocorre em outro país, sem lesionar ou expor a perigo bem jurídicos das pessoas que nele vivem. Ex: Argentino envia carta com ofensa a americano, e a carta passa por território brasileiro.
a) Crimes independentes: não apresentam nenhuma ligação com outros delitos.
b) Crimes conexos: ocorre uma ligação dos delitos entre si. Essa conexão pode ser penal ou processual. A conexão penal, que nos interessa, divide-se em:
14-Quanto ao vínculo existente entre o crimes
Ä  Conexão teleológica ou ideológica: o crime é praticado para assegurar a execução de outro delito.
Ä  Conexão consequencial ou causal: o crime é cometido na seqüência de outro, para assegurar a impunidade, ocultação ou vantagem de outro delito.
Essas duas espécies possuem previsão legal, servindo como agravantes do crime (em caso de homicídio, servem como qualificadoras), CP, art. 61.
Ä  Conexão ocasional: o crime é praticado como conseqüência da ocasião, proporcionada pela prática do crime antecedente. Ex: estupro praticado após o roubo. Trata-se de criação doutrinária, sem amparo legal.
a) Crimes condicionados: a inauguração da persecução penal depende de uma condição objetiva de procedibilidade. A legislação expressamente indica essa hipótese.
b) Crimes incondicionados: a instauração da persecução penal é livre, podendo o Estado iniciá-la sem nenhuma autorização.
15-Quanto a liberdade para iniciar a ação.
Crime gratuito: é o crime praticado sem motivo conhecido. Não se confunde com motivo fútil, pois neste há motivação, porém, desproporcional ao crime praticado.
Crime de ímpeto: é o cometido sem premeditação, como decorrência da reação emocional repentina.
16-Outras classificações
Crime de circulação: é o praticado em veículo automotor, a título de dolo ou culpa.
Crime de atentado ou de empreendimento: é aquele que a lei pune igualmente o delito consumado e sua forma tentada. Ex: CP, art. 352 – “evadir-se, ou tentar evadir-se...”.
Crime de opinião ou de palavra: cometido com excesso abusivo na manifestação do pensamento, seja pela forma escrita ou verbal.
Crime multitudinário: é aquele praticado pela multidão, em tumulto. A lei não define o que seria multidão, assim, analisa-se o caso concreto. No direito canônico, exigia-se, no mínimo, 40 pessoas.
Crime de mera suspeita, sem ação ou mera posição: o agente não realiza a conduta, mas é punido pela suspeita despertada em seu modo de agir. 
Não encontrou amparo em nossa doutrina. De forma temerária, exemplifica-se a contravenção penal do art. 25 – posse de instrumento usual na prática de furto.
Crime inominado: é aquele que ofende regra ética ou cultural consagrada pelo Direito Penal, embora não definido como infração penal. Não é aceito por ferir o princípio da reserva legal.
Crime habitual: é o que se consuma com a prática reiterada e uniforme de vários atos que revelam um indesejável estilo de vida do agente. Ex: CP, art. 282 – medicina ilegal.
Crime hediondo: é todo delito que se enquadra no art. 1º da Lei 8.072/1990, na forma consumada ou tentada. Adoção do critério legal.
Crime putativo, imaginário ou erroneamente suposto: aquele onde o agente acredita ter realmente praticado um crime, mas na verdade, houve um indiferente penal. Trata-se de um não-crime por erro de tipo, erro de proibição ou por obra de agente provocador.

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