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Apostila_de_Recuperação_e_Falência (1) - PROF. SERGIO GABRIEL

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 Curso de Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 
 
 
2 
 
 
 
S U M Á R I O 
 
 
 
 
 
I. Sobre o autor 
 
 
II. Recuperação de Empresas e Falência 
 
 
1. Insolvência Empresarial 
 
2. Regime Jurídico de Falência e Recuperação de Empresas 
 
3. Natureza Jurídica e Competência 
 
4. Recuperação de Empresas 
 
5. Recuperação extrajudicial 
 
6. Recuperação Judicial 
 
7. Recuperação Judicial de Micro e Pequeno Empresário 
 
8. Falência 
 
9. Fase Pré-Falimentar 
 
10. Fase Falimentar 
 
11. Fase Pós-Falimentar 
 
 
III. Referência Bibliográfica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Curso de Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 
 
 
3 
I. SOBRE O AUTOR 
 
O Autor é Advogado e Administrador de Empresas; Mestre em Direito pela UNIMES – Universidade 
Metropolitana de Santos; Pós-graduado em Administração de Empresas pela FAAP – Fundação Armando 
Álvares Penteado; Professor do curso de Direito da UNINOVE – Universidade Nove de Julho; Ex-
Coordenador do Curso de Administração da USF – Universidade São Francisco; Professor nas disciplinas de 
Comunicação Empresarial, Direito Empresarial e Direito Civil da USF - Universidade São Francisco; 
Professor Convidado da ESA – Escola Superior de Advocacia da OAB/SP; Professor do EXORD – Curso 
Preparatório – Unidade ABC; Ex-Advogado-Coordenador do Núcleo de Prática Jurídica da UNICSUL - 
Universidade Cruzeiro do Sul. E-mail para contato: sergio.gabriel@ig.com.br. 
 
Publicações do autor: 
 
Livro (6): “Direito Empresarial”– Publicado pela Editora Atlas em março de 2010. 
Livro (5): “Direito Empresarial” (da coleção Lições de Direito) – Publicado pela DPJ Editora em 
março de 2006. 
Livro (4) em co-autoria: “Exames de OAB – 1ª Fase” – Publicado pela DPJ Editora em dezembro de 
2005; segunda edição publicada em dezembro/2006. 
Livro (3) em co-autoria: “Exame de Ordem Comentado e Anotado” – Publicado pela Editora Apta 
em outubro de 2004. 
Livro (2) em co-autoria com Carlos Alberto Bittar Filho, Hugo de Brito Machado, Rui Stoco e 
outros: “Dano Moral e sua Quantificação” – Publicado pela Editora Plenum em agosto de 2004. 
Livro (1) em co-autoria: “Temas Relevantes do Direito” – Publicado pela Lumen Editora em 
07/2001. 
Artigo (26): “O papel da Empresa no Sistema Econômico Capitalista – Subsídios para compreensão 
do ciclo do desenvolvimento econômico”. 
Artigo (25): “Uma análise jurídica do Sistema econômico capitalista no Brasil – Subsídios para 
interpretação do fenômeno econômico”. 
Artigo (24): “O papel dos princípios no Direito brasileiro e os princípios constitucionais”. 
Artigo (23): “A administração da falência e da recuperação de empresas”. 
Artigo (22): “O uso de termos estrangeiros nas relações jurídicas de consumo”. 
Artigo (21): “Financiamento estudantil. Uma contribuição para a solução da crise do ensino 
superior brasileiro”. 
Artigo (20): “A prática do dumping e seus reflexos nas relações jurídicas de consumo”. 
Artigo (19): “A Lei de Recuperação de Empresas como Instrumento de Desenvolvimento 
Econômico”. 
Artigo (18): “Direito à Educação: Uma análise do sistema educacional superior brasileiro e as 
perspectivas do ensino jurídico”. 
Artigo (17): “A Interpretação do Princípio da Boa-Fé pelo STJD e a Fé da Sociedade Brasileira”. 
Artigo (16): “O Brasil tem fome de Justiça”. 
Artigo (15): “Soberania e a Globalização. Premissas para a discussão de uma ordem jurídica 
internacional”. 
Artigo (14): “O Direito Internacional no Comércio Globalizado”. 
Artigo (13): “O Projeto Substitutivo da Lei de Falências. Lei de Recuperação de Empresas – Uma 
Mudança de Concepção”. 
Artigo (12): “A Economia Internacional em face da Globalização”. 
Artigo (11): “Títulos de Crédito e as Regras do Protesto Cambial. 
Artigo (10): “A Responsabilidade Civil nos Contratos de Seguro e de Transporte”. 
Artigo (9): “Os Princípios Gerais de Direito e o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana no 
Direito das Obrigações ”. 
Artigo (8): “Direito, Internet e a Atividade Empresarial na Era da Tecnologia”. 
Artigo (7): “A Reforma Tributária e o Desenvolvimento Econômico”. 
Artigo (6): “Tributos, decadência e prescrição”. 
Artigo (5): “Princípios de direito e a dignidade da pessoa humana”. 
Artigo (4): “Dano moral e indenização”. 
Artigo (3): “Filiação e seus efeitos jurídicos”. 
Artigo (2): “Da aceitação do Cheque”. 
Artigo (1): “Consolo a um Juiz”. 
 
Observação: todos os artigos anteriormente referidos encontram-se disponíveis para leitura e 
dowload no Blog www.direitoatual.net 
 Curso de Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 
 
 
4 
II. RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS E FALÊNCIA 
 
1. Insolvência Empresarial 
 
 Conceito: o empresário que contrai obrigações e não as cumpre no prazo e 
forma estipulados encontra-se insolvente por aplicação do artigo 394 do Código 
Civil que assim dispõe: “considera-se em mora o devedor que não efetuar o 
pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei 
ou a convenção estabelecer”. 
 
 Aplicação da Legislação Falimentar: em se tratando de devedor 
empresário, além dos meios ordinários de cobrança (Ação de Cobrança; Ação de 
Execução contra Devedor Solvente; Ação Cambiária), sujeita-se também, à 
aplicação da legislação concursal (Lei nº 11.101/05), podendo concorrer à falência 
ou requerer a sua recuperação judicial: “Artigo 94 – será decretada a falência do 
devedor que: I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, 
obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja 
soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido 
de falência”; “Artigo 47 – a recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a 
superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir 
a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses 
dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e 
o estímulo à atividade econômica” 
 
 Princípios aplicáveis à insolvência empresarial: a) princípio da 
preservação da empresa: por ser a empresa um dos principais fatores de 
desenvolvimento econômico no regime capitalista, do ponto de vista jurídico, social 
e econômico, é interessante a manutenção da empresa, razão pela qual será 
considerado como regra de sua preservação; b) princípio da viabilidade da 
empresa: analisada a situação econômica da empresa e vislumbrando a 
possibilidade de sua recuperação, ou seja, constatada a sua saúde empresarial, é 
o caso de aplicação do princípio anterior através dos institutos da recuperação de 
empresas (recuperação extrajudicial e judicial), porém, se o contrário se verificar, é 
caso para aplicação do instituto falimentar, pois o que determina o interesse ou não 
na manutenção da fonte produtiva é justamente a sua saúde econômica; c) 
princípio da publicidade: tanto a situação de recuperação como a de falência, por 
sua natureza econômica, acabam por afetar todo o mercado, razão pela qual será 
dada amáxima publicidade sobre empresas que se encontrem nessa situação, 
consoante determina o artigo 196 da Lei nº 11.101/05: “os Registros Públicos de 
Empresas manterão banco de dados público e gratuito, disponível na rede mundial 
de computadores, contendo a relação de todos os devedores falidos ou em 
recuperação judicial. Parágrafo único – os Registros Públicos de Empresas 
deverão promover a integração de seus bancos de dados em âmbito nacional” 
 
2. Regime Jurídico de Falência e Recuperação de Empresas 
 
 Decreto-Lei nº 7.661/45: a Lei de Falências e Concordatas como é 
conhecido o citado decreto, tem vigência até 09 de junho de 2005, quando então 
passa a vigorar a Lei nº 11.101/05, no entanto, os processos de falência e 
concordata que ainda estiverem em curso nesta data, terão regulação especifica 
pela legislação anterior até o seu término para imposição expressa do artigo 192 da 
nova legislação: “esta lei não se aplica aos processos de falência ou de concordata 
 Curso de Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 
 
 
5 
ajuizados anteriormente ao início de sua vigência, que serão concluídos nos termos 
do Decreto-Lei nº 7.661/45” 
 
 Lei nº 11.101/05: a nova legislação, não mais falimentar por ser a falência 
apenas a exceção para o regime de insolvência, já que a regra é a da recuperação, 
deve ser denominada de Lei de Recuperação de Empresas - LRE que, apesar de 
ter sido sancionada em 09 de fevereiro de 2005, estabeleceu o legislador através 
do artigo 201 um período de vacância de 120 (cento e vinte) dias, razão pela qual 
terá aplicabilidade a partir de 10 de junho de 2005 como novo regime jurídico de 
recuperação de empresas e falência: “esta lei entra em vigor 120 (cento e vinte) 
dias após sua publicação. (Publicada no D.O.U. de 09 de fevereiro de 2005)” . 
 
 Sujeitos do novo regime jurídico: o artigo 1º da LRE determina que esta 
norma se aplica ao empresário de que trata o artigo 966 do CC – “considera-se 
empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a 
produção ou a circulação de bens ou de serviços” e a Sociedade Empresária 
prevista no artigo 982 do mesmo diploma – salvo as exceções expressas, 
considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade 
própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais”. a) 
excluídos da aplicação da LRE: excluídos da aplicação da Lei nº 11.101/05 estão 
às pessoas previstas em seu artigo 2º da LRE “empresa pública e sociedade de 
economia mista; instituição financeira pública ou privada; cooperativa de crédito; 
consórcio; entidade de previdência privada; operadora de plano de assistência à 
saúde; sociedade seguradora e sociedade de capitalização”. b) outros excluídos: 
outras hipóteses de inaplicabilidade da LRE teremos não expressas no artigo 2º. É 
o caso do profissional intelectual por força do previsto no parágrafo único do art. 
966 do Código Civil – “não se considera empresário quem exerce profissão 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de 
auxiliares ou colaboradores; salvo se o exercício da profissão constituir elemento 
de empresa”; do produtor rural por força do disposto no art. 971 do Código Civil – 
“o empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, 
observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer 
inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em 
que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário 
sujeito a registro”; e as cooperativas em geral por aplicação do parágrafo único do 
artigo 982 do Código Civil – “independentemente de seu objeto, considera-se 
empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”. c) regularidade 
para falência: cabe lembrar que para aplicação específica da falência, o 
enquadramento se dará segundo as regras anteriormente apresentadas, ou seja, 
independe do empresário estar exercendo a atividade com regularidade. De outra 
forma não poderia ser, haja vista que a falência é um instituto caracterizado como 
sanção, devendo ser aplicado, inclusive, ao empresário que não cumpre as 
obrigações legalmente previstas; d) regularidade para recuperação: já em se 
tratando de recuperação de empresas, somente podem se beneficiar às que 
observarem o requisito do registro previsto no artigo 967 do CC – “é obrigatória a 
inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva 
sede, antes do início de sua atividade” consoante determina o artigo 48 da LRE – 
“poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, 
exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos 
seguintes requisitos, cumulativamente: (...)”. 
 
 Credores na falência e recuperação de empresas: os credores na falência 
e recuperação de empresas são classificados por espécies consoante determina o 
 Curso de Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 
 
 
6 
artigo 83 da LRE – “a classificação dos créditos na falência obedecem à seguinte 
ordem: (...)”, classificação essa também utilizada na recuperação de empresas, a 
saber: a) natureza alimentar (art. 83, I): nos créditos de natureza alimentar são 
inseridos os decorrentes de acidente do trabalho e os trabalhistas limitados a 150 
(cento e cinqüenta) salários mínimos, o excedente ao referido limite será 
considerado crédito quirografário; b) garantia real (art. 83, II): são aqueles créditos 
protegidos por bem ofertado como garantia de pagamento, no entanto, ocorrendo à 
superação do valor devido em relação ao valor do bem, o privilégio limita-se 
apenas ao valor do bem, sendo que o saldo será considerado crédito quirografário; 
c) tributários (art. 83, III): considera-se nesta espécie as obrigações tributárias 
federais, estaduais e municipais, nesta ordem, sem considerar, contudo, as multas 
tributárias que serão classificadas como créditos decorrentes de sanções; d) 
privilégio especial (art. 83, IV): os previstos no art. 964 do Código Civil; aqueles 
garantidos por direito de retenção sobre a coisa dada em garantia; outros que 
venham a ser criados por leis especiais; e) privilégio geral (art. 83, V): os 
previstos no art. 965 do Código Civil; créditos de fornecedores que continuaram a 
fornecer a empresa em regime de recuperação judicial; outros que venham a ser 
criados por leis especiais; f) quirografários (art. 83, VI): quirografários são os 
créditos sem nenhum tipo de privilégio anteriormente mencionados e que não 
sejam créditos classificados em outras espécies; g) sanções (art. 83, VII): multas 
decorrentes de sanções pecuniárias contratuais ou legais; h) subordinados (art. 
83, VIII): serão subordinados os créditos assim previstos por lei ou contrato e os 
créditos dos sócios ou administradores não empregados; i) extraconcursais: são 
os créditos decorrentes do próprio processo judicial de falência ou de recuperação, 
e se sobrepõe a todos os demais para o recebimento. 
 
3. Natureza Jurídica e Competência 
 
 Natureza Jurídica dos Institutos Concursais: tanto a recuperação de 
empresa como a falência, dado a possibilidade de estabelecimento de um concurso 
de credores para o recebimento de seus respectivos créditos, são denominados de 
institutos concursais ou de direito concursal. Como só podem ser exercidos através 
do âmbito judicial, possuem natureza jurídica de ação, devendo, portanto, além de 
respeitar as requisitos específicos que estudaremos adiante, devem cumprir 
também os requisitos gerais do artigo 282 do CPC no que couber, às condições da 
ação e os pressupostos processuais. 
 
 Competência: o artigo 3º da LRE prevê que “é competente para homologaro plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a 
falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de 
empresa que tenha sede fora do Brasil”. Com isso, temos dois tipos de 
competência disciplinada na LRE, a de empresa nacional e a de empresa 
estrangeira. a) juízo do local: está disciplinando o legislador que a competência 
será da Justiça do Estado em que estiver sediada a empresa, cabendo verificar na 
organização judiciária de cada Estado, a existência ou não de varas 
especializadas. Caso exista a competência será da vara especializada e não 
existindo, a competência será da vara cível. No caso específico do Estado de São 
Paulo, por força da Resolução nº 200/2005 publicada no D.O.E. de 31 de março de 
2005, as varas de nº 48, 49 e 50 do Fórum Central da Comarca foram convertidas 
respectivamente em 1ª, 2ª e 3ª Varas de Falências e Recuperações Judiciais. b) 
empresa nacional: o legislador disciplinou o local do principal estabelecimento, 
porém, de forma a melhor interpretá-lo, cabe a aplicação da primeira parte do 
disposto no inciso IV do artigo 75 do Código Civil – “das demais pessoas jurídicas, 
 Curso de Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 
 
 
7 
o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, (...)”. No 
mesmo sentido assevera Waldo Fazzio Júnior ao proclamar que “competente para 
recuperação e, bem assim, para a decretação e o processamento da falência é o 
juiz do local onde o devedor tem o seu principal estabelecimento. Logicamente, é 
absolutamente incompetente para a recuperação ou a falência o juízo do foro onde 
se situa estabelecimento subsidiário”1; c) empresa estrangeira: talvez tenha 
faltado ao legislador à harmonização dos dispositivos da LRE com o Código Civil, 
haja vista que alguns termos utilizados não correspondem à realidade jurídica 
prevista em nosso ordenamento. Quando o legislador se refere a filial de empresa 
estrangeira, certamente estava se referindo a empresa nacional constituída com 
capital estrangeiro, já que no Brasil a pessoa jurídica para ter sua existência 
legalmente reconhecida deve respeitar o disposto no artigo 45 do Código Civil – 
“começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição 
do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de 
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as 
alterações por que passar o ato constitutivo”. Logo, do ponto de vista jurídico, 
todas as empresas legalmente constituídas no Brasil são nacionais, apenas do 
ponto de vista econômico é que poderão ser classificadas como empresas 
estrangeiras na medida em que tenham sido constituídas com capital de outro país. 
 
 Juízo Universal: como os institutos da falência e da recuperação de 
empresas possuem essa característica própria de direito concursal, o juízo que 
primeiro apreciar o pedido de falência ou de recuperação se torna universal para 
apreciar qualquer pedido relativo à insolvência do empresário, exceto os de 
natureza trabalhista, fiscal, os que a União for parte ou às ações em curso antes da 
distribuição do pedido falimentar ou de recuperação, por força do disposto no 
parágrafo 8º do artigo 6º da LRE – “a distribuição do pedido de falência ou de 
recuperação judicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de 
recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor” complementado 
pelo artigo 52, inciso III – “ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções 
contra o devedor, na forma do art. 6º desta Lei, permanecendo os respectivos 
autos no juízo onde se processam, ressalvadas as ações previstas nos parágrafos 
1º, 2º e 7º do art. 6º desta Lei e as relativas a créditos excetuados na forma dos 
parágrafos 3º e 4º do art. 49 desta Lei” e pelo artigo 76 – “o juízo da falência é 
indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e 
negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não 
reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo”.. 
 
4. Recuperação de Empresas 
 
 Conceito: o conceito de recuperação encontra-se estabelecido na própria 
LRE em seu artigo 47 – “a recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a 
superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir 
a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses 
dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e 
o estímulo à atividade econômica”, traduzindo-se em mecanismos que tem por 
finalidade viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do 
devedor, a fim de permitir a manutenção da empresa. 
 
 Características: a recuperação possui como característica ampliar a 
participação dos credores, seja na discussão da forma de pagamento da obrigação, 
seja na administração da empresa; maior amplitude das possibilidades de acordo; 
 
1 Nova Lei de Falência e Recuperação de Empresas, SP: Atlas, 2005, p. 67. 
 Curso de Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 
 
 
8 
manutenção dos privilégios dos créditos com natureza alimentar (trabalhistas e 
acidentários); redução da função jurisdicional e simplificação de procedimentos. 
 
 Espécies: o legislador criou três institutos específicos de recuperação de 
empresa: - recuperação extrajudicial (art. 161 da LRE); - recuperação judicial (art. 
48 da LRE) e – recuperação judicial de micro e pequeno empresário (art. 70 da 
LRE). 
 
5. Recuperação extrajudicial 
 
 Conceito: é o mecanismo de recuperação de empresas que tem por 
finalidade estabelecer um acordo entre credores e empresário-devedor para 
posteriormente submetê-lo a homologação do Poder Judiciário, daí a terminologia 
extrajudicial (no que pertine ao acordo). 
 
 Recuperação: a recuperação extrajudicial pode ser parcial ou total: a) 
parcial: a recuperação parcial diz respeito somente aos credores que aderirem ao 
plano, conforme previsto no artigo 162 da LRE – “o devedor poderá requerer a 
homologação em juízo do plano de recuperação extrajudicial, juntando sua 
justificativa e o documento que contenha seus termos e condições, com as 
assinaturas dos credores que a ele aderiram”; b) total: quando houver anuência de 
pelo menos 60% (sessenta por cento) dos créditos de cada espécie, situação em 
que obrigará a todos os credores, conforme determina o art. 163 da LRE – “o 
devedor poderá, também, requerer a homologação de plano de recuperação 
extrajudicial que obriga a todos os credores por eles abrangidos, desde que 
assinado por credores que representem mais de 3/5 (três quintos) de todos os 
créditos de cada espécie por ele abrangidos”; b.1) valores convertidos (art. 163, 
I): os créditos em moeda estrangeira serão convertidos para o câmbio do dia 
imediatamente anterior ao de assinatura do plano para apuração do percentual de 
que trata o item “b”; b.2) valores não considerados (art. 163, II): os créditos 
decorrentes de obrigações com sócios, sociedades coligadas ou controladoras, 
serão excluídos para o cálculo do percentual de que trata o item “b”. c) créditos 
sujeitos: estão sujeitos ao plano de recuperação os credores previstos nas 
seguintes categorias: - garantia real (art. 83, II); - privilégio especial (art. 83, IV); - 
privilégio geral (art. 83, V); - quirografários (art. 83, VI) e - subordinados (art. 83, 
VIII); d) créditos excluídos: não se submetem a recuperação extrajudicial os 
créditos decorrentes das seguintes categorias: - natureza alimentar (art. 83, I); - 
tributários (art. 83, III); - sanções (art. 83, VII); e) créditos futuros: os créditosfuturos, ou seja, os decorrentes de obrigações posteriores à distribuição do pedido 
de homologação judicial, não estão sujeitos aos efeitos do plano. 
 
 Requisitos da recuperação: por se tratar de negócio jurídico, além dos 
requisitos gerais previstos no artigo 104 do CC – “a validade do negócio jurídico 
requer: I – agente capaz; II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III – forma prescrita ou não defesa em lei”, deve por força do artigo 161 da LRE – “o 
devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá propor e negociar 
com credores plano de recuperação extrajudicial”, respeitar, cumulativamente os 
requisitos específicos da LRE: a) empresário regular (art. 48, caput): estar 
exercendo regularmente a atividade empresarial (art. 967 do CC) há pelo menos 02 
(dois) anos; b) falência (art. 48, I): caso tenha a falência decretada pelo exercício 
de outra atividade, deverá estar com as obrigações decorrentes do processo 
anterior devidamente extintas por sentença com trânsito em julgado; c) 
recuperação (art. 161, 3º): nesse caso específico, deixa de se observar o requisito 
 Curso de Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 
 
 
9 
do incisos II e III do art. 48 da LRE para aplicação do requisito previsto no art. 161, 
parágrafo 3º da LRE, disciplinando que não poderá se beneficiar de nova 
recuperação se o devedor tiver pendente pedido de recuperação judicial; ou se 
houver obtido outra recuperação judicial ou extrajudicial há menos de 02 (dois) 
anos; d) crime falimentar (art. 48, IV): o empresário não pode ter sido condenado 
por crime falimentar em processo anterior; 
 
 Requisito do pedido (art. 162): deve apresentar junto com pedido o plano 
de recuperação com seus termos, condições e anuência expressa dos credores, 
devendo apresentar justificativa que permita a concessão do benefício e exposição 
de sua situação patrimonial. Além disso, dado a natureza jurídica do pedido de 
recuperação, necessário será observar no que couber os requisitos do artigo 282 
do Código de Processo Civil, em especial no que pertine ao endereçamento; 
qualificação das partes; pedido; valor da causa; requerimento de provas e pedido 
de convocação de credores. 
 
 Prova documental (art. 163, § 6º): além de documentos que comprovem os 
requisitos específicos anteriormente citados, deve ainda o empresário apresentar 
demonstração contábil relativa ao último exercício social; demonstração contábil 
composta de balanço patrimonial, demonstração de resultados acumulados, 
resultado do último exercício social e relatório gerencial de fluxo de caixa, bem 
como de sua projeção; instrumento de procuração de todos os credores que 
anuíram ao plano com poderes especiais para novar e transigir; e relação nominal 
completa de credores individualizando-os e especificando os respectivos créditos, 
independentemente da anuência ao plano. Assim sendo, terá o empresário que 
instruir o pedido com a certidão da Junta Comercial para comprovar a regularidade 
no exercício da atividade; certidão de distribuidor cível para que se verifique a 
eventual existência de outro pedido de recuperação e falência; certidão de objeto e 
pé que será exigida no caso de existência de falência anterior de forma a se 
comprovar a extinção das obrigações; atestado de antecedentes criminais para se 
verificar a existência ou não de condenação por crime falimentar; relatório 
circunstancial com a demonstração contábil do último exercício; balanço 
patrimonial (ativo e passivo) e de resultados (lucros e perdas); relatório de fluxo de 
caixa com demonstração do movimento financeiro da empresa; relatório de 
projeção futura de caixa e procuração com poderes especiais de todos os credores. 
 
 Regras: disciplina jurídica específica da recuperação extrajudicial: a) 
antecipação de pagamentos: o artigo 161, § 2º da LRE disciplina que não pode 
haver antecipação de pagamentos; b) tratamento desfavorável: pelo mesmo 
dispositivo anteriormente citado, o plano de recuperação não pode prever 
tratamento desfavorável a credor que não tenho aderido ao plano; c) 
procedimentos judiciais: o artigo 161, § 4º da LRE prevê que o plano de 
recuperação extrajudicial não suspende eventuais ações judiciais em curso, nem 
tampouco impede a distribuição de pedido de falência por credores que não 
tenham aderido ao plano; d) desistência: a desistência a adesão ao plano de 
recuperação só será possível com a anuência dos demais signatários (credores e 
devedor) conforme inteligência do artigo 161, § 5º da LRE. 
 
 Procedimentos (art. 164 da LRE): o procedimento para homologação de 
pedido de recuperação extrajudicial deve seguir os seguintes atos: a) 
distribuição: a distribuição do pedido se dará de acordo com a regra de 
competência; b) convocação de credores: todos os credores serão convocados 
para tomarem ciência do plano de recuperação e oferecerem eventual impugnação 
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10 
através de duas formas concorrentes: b.1) pelo juízo: o juízo fará a convocação 
por edital a ser publicada no órgão oficial (Diário Oficial e em jornal de grande 
circulação); b.2) pelo empresário: o empresário deverá convocar todos os 
credores por carta. c) impugnação: as impugnações poderão ser ofertadas por 
credores que comprovem seus respectivos créditos e serão apreciadas dentro dos 
próprios autos da recuperação, cumprindo as seguintes regras: c.1) prazo: os 
credores terão 30 (trinta) dias de prazo a contar da publicação do edital; c.2) 
defesa: a matéria de defesa a ser apresentada pelo impugnante se limita àquelas 
previstas no parágrafo 3º do art. 164 da LRE, quais sejam: não preenchimento do 
mínimo necessário para recuperação total; prática de atos de falência (art. 94, II, 
LRE); prática de atos de conluio com terceiros para prejudicar credores (art. 130 da 
LRE); e por último descumprimento de qualquer requisito específico para obtenção 
da recuperação. d) manifestação do empresário: havendo o oferecimento de 
impugnação será aberto prazo de 05 (cinco) dias para manifestação do 
empresário-devedor; e) sentença: decidindo as impugnações, ou inexistindo-as 
deve o juiz sentenciar homologando ou indeferindo o pedido de recuperação 
extrajudicial no prazo de 5 (cinco) dias. e.1) procedente: inicia-se o plano de 
recuperação de empresas com as condições nele estabelecidas, podendo os 
efeitos iniciarem a partir da homologação ou anteriores a homologação nos moldes 
do que determina o §1º do artigo 165 da LRE – “é licito, contudo, que o plano 
estabeleça a produção de efeitos anteriores à homologação, desde que 
exclusivamente em relação à modificação do valor ou da forma de pagamento dos 
credores signatários” . O artigo 161, § 6º da LRE prevê que a sentença que vier 
homologar plano de recuperação configura-se como título executivo judicial de 
caráter irretratável e irrevogável; e.2) improcedente: obriga o empresário-devedor 
na forma estabelecida individualmente em cada obrigação contratada, podendo, 
superado o motivo do indeferimento, propor novo pedido de recuperação. e.3) 
recurso: independentemente da decisão, da sentença que julgar procedente ou 
improcedente o pedido de homologação judicial caberá recurso de apelação, sendo 
que na hipótese de sentença procedente dependente de julgamento de recurso de 
apelação, caberá execução provisória na hipótese de descumprimento das 
obrigações previstas no plano. 
 
6. Recuperação Judicial 
 
 Conceito: é o mecanismo de recuperação de empresas que tem por 
finalidade estabelecer um acordo entre credores e empresário-devedor com a 
interveniência e mediação do Poder Judiciário. 
 
 Requisitos: por se tratar de negócio jurídico, além dos requisitos previstosno artigo 104 do CC, deve também respeitar os requisitos específicos 
estabelecidos no artigo 48 da LRE: a) empresário regular: estar exercendo 
regularmente a atividade empresarial (art. 967 do CC) há pelo menos 02 (dois) 
anos; b) falência: caso tenha a falência decretada pelo exercício de outra 
atividade, deverá estar com as obrigações decorrentes do processo anterior 
devidamente extinta por sentença com trânsito em julgado; c) recuperação: não 
poderá se beneficiar de nova recuperação o devedor que tiver se beneficiado de 
outra recuperação há menos de 05 (cinco) anos ou 08 (oito) anos em se tratando 
de recuperação judicial especial para micro e pequeno empresário; d) crime 
falimentar: o empresário não pode ter sido condenado por crime falimentar em 
processo anterior; e) econômicos: deve apresentar junto com pedido de 
recuperação justificativa que permita a concessão do benefício, expondo sua 
situação patrimonial e as razões da crise econômico-financeira. 
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11 
 
 Prova documental: além de documentos que comprovem os requisitos 
específicos anteriormente citados, deve ainda o empresário apresentar 
demonstração contábil relativa aos três últimos exercícios sociais; demonstrações 
contábeis do exercício atual levantados especificamente para instruir o pedido, 
acrescentando balanço patrimonial, demonstração de resultados acumulados, 
demonstração do resultado desde o último exercício social, relatório gerencial de 
fluxo de caixa e de sua projeção; relação nominal completa de credores 
individualizando-os e especificando os respectivos créditos, inclusive os 
trabalhistas; atas de nomeação de administradores; declaração de bens do 
empresário, dos sócios e administradores; extratos de contas correntes ou 
investimentos; certidões dos cartórios de protesto e relação discriminada de ações 
judiciais em curso contra o empresário individual ou a sociedade empresária. 
 
 Regras: disciplina jurídica específica da recuperação judicial: a) créditos: 
todos os créditos se sujeitam à recuperação judicial, inclusive os créditos 
vincendos; b) créditos excluídos: não se submetem a recuperação e nem se fere 
o direito de propriedade nos casos de contrato de alienação fiduciária; 
arrendamento mercantil ou incorporação imobiliária com cláusula de 
irrevogabilidade ou irretratabilidade; compra e venda com reserva de domínio e 
adiantamento relativos a contrato de câmbio para operações de exportação; c) 
direitos e privilégios: os direitos e privilégios dos credores em relação a terceiros 
são mantidos; d) condições: as condições específicas para cada obrigação já 
contratadas anteriormente a recuperação serão mantidas ou reconvencionadas no 
acordo; e) garantias: eventuais garantias cuja penhora recaia sobre títulos de 
crédito, direitos creditórios, aplicações financeiras ou valores mobiliários poderão 
ser substituídas, ou se não substituídas, o pagamento será reservado em conta 
vinculada durante a suspensão dos respectivos prazos prescricionais; f) garantia 
real: eventual garantia real só poderá ser extinta com a anuência expressa do 
credor que dela se beneficia; g) créditos com variação cambial: os créditos com 
variação cambial conservam sua forma de correção, exceto nas hipóteses em que 
expressamente o credor dispor desse mecanismo. 
 
 Mecanismos: são meios para recuperar o empresário devedor: a) 
repactuação da obrigação: mecanismo por essência da recuperação é a 
repactuação das condições originárias das obrigações sujeitas ao processo. Cabe 
observar que os créditos trabalhistas são classificados para fins de recuperação 
judicial em alimentares e não alimentares, sendo que os alimentares, ou seja, 
aqueles vencidos no máximo há três meses que não ultrapassem a cinco salários 
mínimos deverão ser pagos no prazo máximo de 30 dias e os demais, ou seja, os 
de natureza não alimentar – vencidos a mais de três meses podem ser pagos no 
prazo máximo de 1 ano, conforme preceitua o artigo 54 da LRE; b) alteração 
societária: de forma a garantir o sucesso da recuperação do empresário-devedor, 
pode se estabelecer qualquer mecanismo de transformação societária para cisão, 
fusão ou transformação societária ou mesmo a criação de subsidiária integral ou 
cessão de cotas ou ações societárias; c) controle societário: é possível alterar o 
controle definitivo da sociedade implicando na utilização de instrumentos de cessão 
de cotas ou ações, ou provisório através de usufruto; d) administração societária: 
a administração pode ser alterada definitivamente com a substituição total ou 
parcial dos administradores ou a modificação da estrutura de administração, 
inclusive com a participação de sociedade de credores constituída para esse fim, 
ou provisoriamente com a adoção de mecanismos de administração compartilhada; 
e) majoração de capital: como mecanismo de recuperação pode se estabelecer o 
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12 
aumento do capital social, porém, em alguns casos, tal mecanismo depende da 
anuência dos acionistas através de mecanismos de emissão de valores mobiliários; 
 f) alienação do estabelecimento: poderá ser feito o trespasse do 
estabelecimento, total ou parcial, inclusive à sociedade constituídas por 
empregados ou através de sociedades de propósito específico constituída para 
esse fim; g) arrendamento do estabelecimento: poderá ser feito o arrendamento 
do estabelecimento, inclusive à sociedade constituídas por empregados; h) 
modificação de direitos trabalhistas: será possível a redução salarial, 
compensação e redução de jornada de trabalho mediante acordo ou convenção 
coletiva que integrará o processo de recuperação; i) extinção de obrigações: é 
possível a extinção de certas obrigações existentes quando do início do processo 
de recuperação através da dação em pagamento ou novação. 
 
 Procedimento - a) pedido: dado à natureza jurídica de ação, o pedido 
deverá respeitar os requisitos gerais do art. 282 do CPC, condições da ação, 
pressupostos processuais, requisitos específicos do art. 48 da LRE e a 
documentação exigida deverá estar acostada a inicial. Importante ressalvar que, 
embora a LRE não faça menção ao valor da causa, certo é que tal valor deva 
corresponder ao montante do passivo do empresário; b) despacho inicial de 
processamento: preenchidas as condições estabelecidas no item anterior, o juiz 
determinará o processamento do pedido de recuperação, o que não significa a sua 
concessão, estabelecendo as seguintes providências: b.1) suspensão 
prescricional: suspende-se os prazos prescricionais relativos a ações com valores 
determinados contra o devedor-empresário pelo prazo improrrogável de 180 (cento 
e oitenta) dias; b.2) administrador judicial: no mesmo ato o juiz nomeará 
administrador judicial com a finalidade e respeitando as condições estabelecidas no 
art. 21 da LRE; b.3) certidões negativas: exceto para os casos de relação com o 
Poder Público e as de natureza creditícia, determinará o juiz que o devedor-
empresário estará dispensado de apresentação de certidões negativas, para tanto, 
encaminhará ofício a Junta Comercial determinando que se acrescente junto ao 
seu nome empresarial a expressão “em recuperação judicial”; b.4) prestação de 
contas: determinará a prestação mensal de contas durante todo o trâmite do 
processo de recuperação; b.5) intimação do Ministério Público: o juiz 
determinará a ciência ao Ministério Público; b.6) comunicação da Fazenda 
Pública: o juiz também convocará a Fazenda Pública para tomar ciência do feito; 
c) plano de recuperação: uma vez publicado o despacho de processamento da 
recuperação, terá o empresário-devedor o prazo de 60 (sessenta) diaspara 
apresentar seu plano de recuperação contendo: discriminação dos meios de 
recuperação, demonstração de sua viabilidade econômica e laudo econômico-
financeiro e de avaliação dos bens e ativos subscrito por profissional habilitado ou 
empresa especializada. O não cumprimento de tal determinação acarretará a 
convolação do pedido de recuperação judicial em falência; d) convocação de 
credores: os credores serão convocados por edital a ser publicado no Diário 
Oficial; e) comitê de credores: após a citação, qualquer credor que contenha 
crédito igual ou superior a 25% (vinte e cinco) por cento do total do crédito de sua 
categoria, poderá, requerer a convocação de assembléia-geral de credores para a 
constituição do comitê de credores; f) habilitação de crédito: os credores poderão 
habilitar ou corrigir seus créditos junto ao Administrador Judicial no prazo de 15 
dias a contar da publicação do edital; g) relação de credores: no prazo de 45 
(quarenta e cinco) dias após o prazo de habilitação de créditos, o Administrador 
Judicial, por edital, dará ciência da relação de credores; h) impugnações de 
crédito: no prazo de 10 (dez) após publicado o edital contendo a relação de 
credores, o comitê de credores, o Ministério Público, qualquer credor, o devedor ou 
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13 
seus sócios, poderão apresentar impugnação aos créditos habilitados, que será 
autuado apartados. Não havendo impugnação será fechado o quadro geral de 
credores. Porém, verificando-se a sua ocorrência, o juiz determinará a publicação 
do quadro geral de credores com os créditos não impugnados e determinará a 
reserva de recursos para o eventual pagamento dos créditos impugnados que 
serão, se necessário, instruídos para posterior julgamento. i) objeção à 
recuperação: a objeção poderá ser oferecida pelos credores após intimação 
editalícia abrindo prazo para tal, ou na sua omissão, nos 30 (trinta) dias posteriores 
ao edital contendo a relação de credores, podendo qualquer credor manifestar sua 
objeção quanto ao plano de recuperação apresentado pelo empresário-devedor; j) 
convocação da assembléia de credores: havendo a objeção ao plano de 
recuperação, o juiz o submeterá a assembléia geral de credores no prazo máximo 
de 150 (cento e cinquenta) dias após a determinação de processamento do pedido 
de recuperação, quanto então, poderá a assembléia aprová-lo, modificá-lo (com a 
anuência do empresário-devedor e desde que não diminua direito dos credores 
ausentes) ou rejeitá-lo; j.1) aprovação do plano de recuperação: havendo a 
aprovação do plano poderá a assembléia constituir comitê de credores caso ainda 
não tenha sido formado, bem como, terá o empresário-devedor que providenciar a 
juntada aos autos de certidões negativas de débitos tributários para que o juiz 
aprecie o plano. Cabe lembrar que a aprovação do plano em assembléia depende 
da aprovação mínima de 50% (cinqüenta por cento) dos créditos de cada classe); 
j.2) rejeição do plano de recuperação: havendo a rejeição ao plano de 
recuperação, o juiz decretará de imediato a falência do empresário-devedor; j.3) 
rejeição do plano de recuperação sem decretação de falência imediata: caso o 
plano de recuperação tenha sido rejeitado pela assembléia, mas tenha 
apresentado cumulativamente a aprovação de 50% (cinqüenta por cento) dos 
créditos presentes a assembléia, 50% (cinqüenta por cento) dos créditos de pelo 
menos duas classes de credores (havendo apenas duas classes, basta a 
aprovação de 50% em apenas uma) e 33% (trinta e três por cento) de aprovação 
nas demais classes, o plano será apreciado pelo juiz que poderá conceder a 
recuperação judicial após apresentada a certidão negativa de débitos fiscais; k) 
sentença: cumpridas as formalidades anteriores, o juiz por sentença decidirá o 
plano de recuperação; k.1) sentença improcedente: sendo improcedente o pedido 
de recuperação judicial, de imediato o juiz decretará a falência da empresa, 
cabendo desta decisão recurso de agravo a ser interposto pelo empresário-
devedor; k.2) sentença procedente: a sentença poderá ser procedente não 
havendo objeção quanto ao plano apresentado, sendo ele aprovado por 
assembléia-geral de credores, ou mesmo sendo rejeitado se verificadas as 
condições do art. 58 da LRE, cabendo de sua decisão recurso de agravo de 
legitimidade dos credores ou do Ministério Público; l) efeitos da sentença de 
procedência: a sentença que conceder a recuperação constitui título executivo 
judicial e implica em novação das obrigações, sem prejuízo das garantias 
anteriores em relação a terceiros. 
 
 Efeitos da recuperação judicial: uma vez concedida a recuperação judicial 
ao empresário-devedor, estará ele submetido ao regime de recuperação que 
implica nos seguintes efeitos: a) alienação de filiais: caso tenha sido 
estabelecido no plano de recuperação judicial como mecanismo a venda de 
estabelecimento ou filial, será a venda realizada através de leilão, propostas 
fechadas ou pregão, sempre com a publicação de anúncio com antecedência 
mínima de 30 dias: a.1) leilão: modalidade de venda pública em que os 
interessados comparecem a reunião designado publicamente e oferecem 
oralmente o lance correspondente ao bem ofertado, sendo vencedor o participante 
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14 
que oferecer o maior lance; a.2) propostas fechadas: dentro do prazo 
estabelecido pelo anúncio, os interessados em participar da venda pública 
apresentarão envelopes lacrados contendo proposta de compra que serão abertas 
em juízo vencendo a proposta de maior valor; a.3) pregão: a modalidade de venda 
pública denominada de pregão consiste na soma das duas etapas anteriores. Em 
um primeiro momento os interessados encaminham ao juízo o envelope fechado 
contendo as propostas, sendo que todas as propostas que contenham no mínimo o 
equivalente a 90% (noventa por cento) do valor da maior proposta, estarão 
habilitadas a participar do leilão final onde serão oferecidos os lances finais; a.4) 
sucessão de obrigações: a arrematação de unidades produtivas do devedor não 
implica em sucessão de obrigações, sendo mantidas as dívidas a cargo do próprio 
devedor. b) gravação da recuperação: sendo deferida a recuperação, o 
empresário deverá acrescer em todos os documentos firmados a expressão “em 
recuperação judicial” na frente de seu nome empresarial, assim como, deverá o 
juízo oficiar a Junta Comercial para que proceda a mesma gravação nos 
assentamentos da empresa. Tal gravação deverá ser mantida pelo prazo de dois 
anos a contar de sua concessão. c) fiscalização: durante o período de 02 (dois) 
anos da concessão da recuperação judicial, deverá o administrador judicial e o 
comitê de credores procederem a fiscalização da administração da empresa. d) 
convolação da recuperação em falência: caso haja o descumprimento das 
obrigações previstas no plano de recuperação judicial durante o prazo de dois anos 
após a sua concessão, havendo comunicação ao juízo, convolar-se-á a 
recuperação concedida em imediata falência, com a habilitação automática dos 
créditos constantes do quadro geral de credores na forma original. e) 
encerramento da recuperação judicial: transcorridos dois anos da concessão da 
recuperação judicial e havendo o preenchimento das condições a seguir expostas, 
o juiz por sentença decretará o encerramento do regime de recuperação nos 
moldes do que preceitua o artigo 63 da LRE: e.1) ausência de denúncia de 
descumprimento das obrigações: caso haja o cumprimento das obrigações 
decorrentes do plano de recuperação, ou seja, obrigações vinculadas, deverão 
juízo encerrar o regime de recuperação; e.2) despesas judiciais: com o 
encerramentoo juiz determinará o pagamento de saldo dos honorários do 
administrador judicial e de eventuais custas judiciais pendentes no prazo de 30 
(trinta) dias, sob pena de inscrição em dívida ativa; e.3) relatório do 
administrador judicial: deverá o administrador apresentar relatório 
circunstanciado no prazo de 15 (quinze) dias versando sobre a execução do plano 
de recuperação; e.4) comitê de credores: o juízo determinará o encerramento do 
comitê de credores e a exoneração do administrador judicial; e.5) gravação da 
recuperação judicial: o juízo oficiará a Junta Comercial comunicando o 
encerramento do regime de recuperação judicial do empresário. f) 
descumprimento da recuperação após dois anos: ocorrendo o descumprimento 
das obrigações decorrentes da recuperação após dois anos da sua concessão, 
poderão os credores ingressar com ação de execução ou requerer a falência do 
empresário. Isto ocorre, porque vencidas e cumpridas as obrigações decorrentes 
da recuperação no prazo de dois anos, decretará o juiz por sentença o 
encerramento da recuperação judicial. 
 
 
 
 
 
 
 
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7. Recuperação Judicial de Micro e Pequeno Empresário 
 
 Micro e pequena empresa: é considerada micro e pequena empresa para 
se beneficiar do plano especial de recuperação às empresas sob os efeitos da LC 
nº 123/06; 
 
 Plano especial de recuperação: trata-se de um plano simplificado de 
recuperação, já que a forma para recuperação é a estabelecida em lei, 
independendo portanto, de assembléia-geral de credores; 
 
 Créditos sujeitos ao plano especial: somente os créditos quirografários 
(sem privilégios) é que se sujeitam ao plano especial, excetuando-se os casos de 
contrato de alienação fiduciária; arrendamento mercantil ou incorporação imobiliária 
com cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade; compra e venda com reserva 
de domínio e adiantamento relativos a contrato de câmbio para operações de 
exportação; 
 
 Plano de recuperação: parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas 
mensais, iguais e sucessivas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de 
12% (doze por cento) ao ano, com início máximo de 180 (cento e oitenta) dias após 
a distribuição do pedido de recuperação; 
 
 Regras: o plano especial deve respeitar as seguintes regras: a) prescrição: 
não ocorre a suspensão do prazo prescricional como nas modalidades anteriores; 
b) despesas: o aumento de despesas ou contratação de empregados fica 
condicionado a autorização judicial que só será concedida após a manifestação do 
Ministério Público e o Comitê de Credores; c) demais regras: aplica-se ao plano 
especial os procedimentos e as demais regras compatíveis com a sua simplicidade, 
inclusive a de convolação em falência. 
 
8. Falência 
 
 Conceito: a falência é o mecanismo que tem por finalidade retirar do 
mercado e preservar o patrimônio de empresário-devedor como garantia das 
obrigações contratadas; 
 
 Princípios aplicáveis: assim como o legislador estabeleceu para a 
recuperação, para a falência se aplicará os princípios da celeridade processual e 
da economia processual: a) celeridade processual: visa o seu cumprimento em 
tempo que não onere mais os credores do que já foram onerados com a própria 
inadimplência; b) economia processual: visa dar garantias à celeridade 
processual, permitindo ao juiz a redução dos atos processuais de forma a permitir a 
solução rápida do cumprimento parcial das obrigações; 
 
 Ações judiciais: de forma a preservar os interesses da massa falida, as 
seguintes regras devem ser respeitadas: a) intimação do administrador judicial: 
o administrador judicial deverá ser intimado para representar a massa em todas as 
ações em que o empresário-devedor seja parte; b) distribuição por dependência: 
as ações a serem propostas no juízo da falência estão sujeitas à distribuição por 
dependência; c) preferência: os processos de falência e os seus incidentes 
preferem a todos os outros feitos; 
 
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 Legitimidade ativa: possui legitimidade ativa para propor a falência do 
empresário devedor o próprio empresário; o sócio ou acionista de sociedade 
empresária; o cônjuge; os herdeiros ou sucessores; o inventariante; e os credores 
cujos créditos não estejam prescritos. Sendo também empresário o credor, deverá 
comprovar a sua regularidade e o credor estrangeiro deverá prestar caução 
relativas às despesas processuais e possível indenização no caso de se verificar 
dolo em pedido indevido. 
 
 Legitimidade passiva: o empresário-devedor; a sociedade empresária; e os 
sócios das sociedades que possuam responsabilidade ilimitada ou 
responsabilidade solidária com os mesmos. 
 
 Responsabilidade dos administradores e demais sócios: os 
administradores e os sócios de responsabilidade limitada, terão sua 
responsabilidade apurada no curso do processo falimentar e prescreverão no prazo 
de 02 (dois) anos. a) cautelar: de forma acautelatória, poderá o juiz, de ofício ou a 
requerimento da parte, bloquear os bens dos réus em quantidade suficiente para 
responder pelos eventuais danos. 
 
 Créditos falimentares: ao contrário do que ocorre na recuperação de 
empresa, todos os créditos se submetem ao regime falimentar, dividindo-se porém, 
em concursais e extraconcursais: a) créditos concursais: os créditos concursais 
se subdividem em créditos com ou sem privilégio que por sua vez são 
denominados de quirografários, e são respeitados na hora do pagamento na 
seguinte ordem: a.1) créditos acidentários: decorrentes de acidentes de trabalho; 
a.2) trabalhistas: decorrentes da relação de emprego, que, porém só terão 
privilégio até o limite de 150 (cento e cinquenta) salários mínimos, seno o seu 
saldo, considerado crédito quirografário; a.3) créditos com garantia real: o crédito 
com garantia real é aquele que esteja garantido por bem gravado com a finalidade 
de responder pela obrigação, porém, o privilégio se limita apenas ao valor do bem, 
devendo o excedente ser considerado como crédito quirografário; a.4) créditos 
tributários: os créditos tributários, excetuadas aqui as multas tributárias que serão 
consideradas como quirografárias, possuem privilégio respeitando-se inicialmente 
os interesses da União, depois dos Estados e por último dos Municípios; a.5) 
créditos especiais: os créditos com privilégios especiais são disciplinados pela lei 
civil em seu artigo 964, os que a lei garanta o direito de retenção sobre a coisa; a.6) 
créditos gerais: os créditos com privilégios gerais são os disciplinados no art. 965 
da Lei civil; os créditos de fornecedores que continuaram a relação contratual após 
concedida a recuperação judicial do empresário; a.7) créditos quirografários: 
todos os demais créditos concursais que não possuam nenhum tipo de privilégio 
anteriormente verificados; a.8) créditos subordinados: créditos dos sócios ou 
administradores que não sejam empregados do falido. b) créditos 
extraconcursais: os créditos extraconcursais são créditos decorrentes dos 
processos de falência e de recuperação e que serão pagos com precedência dos 
demais; c) créditos não oponíveis: os créditos dos sócios relativos à 
integralização do capital social não podem ser habilitados na falência. 
 
 Hipóteses da falência: a falência poderá ser decretada por inadimplência 
(considerando-se apenas os valores iguais ou superiores a 40 salários mínimos, 
ainda que por litisconsórcio) ou pela prática de atos falimentares (art. 94, III, LRE), 
em qualquer hipótese, não está sujeito à falência em o empresário em processo de 
recuperação que esteja em pleno cumprimento de suas obrigações, no tocanteaos 
credores sujeitos ao regime. 
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9. Fase Pré-Falimentar 
 
 Fase pré-falimentar: a fase pré-falimentar inicia com o pedido e se encerra 
com a sentença que julga o pedido. 
 
 Pedido: o pedido da falência deverá ser dirigido ao juízo competente, 
respeitando os requisitos gerais do art. 282 do CPC, demais condições da ação e 
pressupostos processuais, instruído com o original do título executivo do respectivo 
crédito ou cópia autenticada quando constar de outra ação judicial, bem como 
certidão de protesto do respectivo título; 
 
 Citação: a citação será feita nos moldes da lei processual civil, e concederá 
prazo de 10 (dez) dias para a defesa do empresário-devedor 
 
 Contestação: na defesa do empresário-devedor poderá constar os 
seguintes elementos: a) pedido de recuperação judicial: dentro do prazo de 
defesa o empresário-devedor poderá formular em separado pedido de recuperação 
judicial; b) contestação restrita: sendo o pedido formulado por inadimplemento o 
empresário-devedor poderá alegar falsidade do título; prescrição; nulidade de 
obrigação ou do título; pagamento da dívida; qualquer hipótese de extinção ou 
suspensão da obrigação; vício em protesto ou em seu instrumento; pedido de 
recuperação judicial; cessação formal das atividades empresariais por período 
superior a dois anos; morte de devedor de sociedade anônima já liquidada ocorrida 
há mais de um ano. c) contestação ampla: sendo a falência fundada na prática de 
atos de falência, não há limite para os argumentos de defesa, considerada 
portanto, como de cognição ampla. c) depósito elisivo: ainda no prazo de 10 
dias o empresário-devedor que tenha a sua falência requerida por inadimplência 
poderá fazer o depósito elisivo consistente no valor da dívida, acrescido de juros, 
correção monetária, honorários advocatícios e custas processuais, quando então, 
não poderá ser decretada a sua falência e o processo será extinto sem julgamento 
do mérito; d) depósito elisivo e contestação: sendo a falência fundamentada na 
inadimplência, poderá o empresário-devedor concomitantemente apresentar 
contestação garantida por depósito elisivo, situação em que sua falência não 
poderá ser decretada, porém, o mérito deverá ser julgado. Sendo procedente o 
pedido, ou seja, subsistindo os motivos apresentados pelo credor, ele levantará a 
importância feita a título de depósito elisivo, porém, sendo improcedente o pedido, 
o valor será levantado pelo próprio empresário-devedor. 
 
 Sentença: após análise do pedido e da contestação, caso não haja 
necessidade de instrução processual, o juiz prolatará sentença decretando ou não 
a falência do empresário-devedor: a) sentença improcedente: havendo a 
improcedência extingue-se o feito com julgamento do mérito, quando então caberá 
Recurso de Apelação. Caso haja a verificação de requerimento de falência por 
dolo, na própria sentença o juiz condenará o autor por perdas e danos, liquidando-
se o valor em liquidação de sentença. b) sentença procedente: a decisão que 
julgar procedente o pedido de falência decreta a quebra da empresa e abre a fase 
falimentar, cabendo recurso de agravo. 
 
10. Fase Falimentar 
 
 Fase falimentar: inicia-se com a decretação da falência e vai até o 
pagamento dos credores. 
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 Sentença falimentar: a sentença que decreta a falência deve conter: a) 
identificação do falido: identificação do falido e de seus respectivos 
administradores; b) termo legal da falência: a falência pode ter seu termo, ou 
seja, seu início a partir da prolatação da sentença, ou poderá retroagir para o prazo 
máximo de 90 (noventa) dias; c) relação de créditos e credores: o juiz ordenará 
no terno que o falido apresente em 5 (cinco) dias, relação de credores com seus 
respectivos créditos; d) prazo para habilitação de créditos: o prazo para 
habilitação de créditos será de 15 (quinze) dias a contar da publicação do 
respectivo edital de convocação de credores; e) suspensão de ações: 
determinará a suspensão de todas as ações em curso contra o falido, exceto 
àquelas que não possuem curso prejudicado pelo andamento da falência, como é o 
caso das ações fiscais e trabalhistas; f) atos empresariais: estipula a proibição da 
prática de atos empresariais, exceto se for autorizada a continuação provisória da 
atividade em conjunto com o administrador judicial; g) diligências: cabe ao juiz 
estabelecer as diligências que entender necessárias, inclusive à de lacração do 
estabelecimento; de decretação de prisão preventiva do empresário ou dos 
administradores; de ofício a Junta Comercial para gravação do termo “falido” no 
registro da empresa e no cadastro nacional; determinará a expedição de ofícios 
aos órgãos públicos responsáveis por registro para informarem sobre a existência 
de bens e direitos do empresário. h) administrador judicial: nomeação do 
administrador judicial. i) comitê de credores: se entender necessário o juiz poderá 
determinar a constituição do referido comitê. j) Ministério Público: intimará o 
Ministério Público; k) Fazendas Públicas: cientificará às fazendas públicas. l) 
edital: o juiz determinará a fixação de edital com a íntegra da sentença de 
decretação da falência e a relação de credores fornecida pelo falido. 
 
 Efeitos da falência: a decretação da falência traz os seguintes efeitos para 
o falido: impedimento para o exercício de atividade empresarial; perde a livre 
administração de seus bens; 
 
 Direitos do falido: o falido pode fiscalizar a administração da falência; 
requerer providências necessárias para conservação de seus bens e direitos; 
intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou interessada; examinar 
as habilitações de crédito; examinar e dar parecer sobre as contas do 
administrador judicial. 
 
 Deveres do falido: o falido deve assinar o termo de comparecimento nos 
autos da falência; depositar em cartório os livros obrigatórios; permanecer na 
comarca da falência e só se ausentar com autorização judicial; comparecer a todos 
os atos da falência; entregar ao administrador judicial todos os bens, livros e 
documentos empresariais; prestar quaisquer informações; auxiliar o administrador 
judicial; examinar as habilitações de crédito; assistir a perícia contábil; apresentar 
relação de credores; examinar e dar parecer sobre as contas do administrador 
judicial. O não cumprimento de suas obrigações implica em crime de 
desobediência 
 
 Arrecadação e avaliação de bens: o administrador judicial fará a 
arrecadação e avaliação de bens do falido, a quem competirá à guarda ou a 
nomeação de depositário para tal finalidade, e posteriormente fará inventário 
discriminativo. 
 
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 Pedido de restituição: o proprietário de bem que tenha sido arrecadado na 
falência, ou o fornecedor que tenha entregue mercadoria fornecida a crédito nos 15 
(quinze) dias que antecedeu o pedido de falência, poderá através de pedido 
fundamentado pedir a sua restituição nos autos da falência enquanto não houver a 
respectiva alienação ou a correspondente indenização após a alienação. O pedido 
será autuado em apartado e dele tomarão ciência o comitê de credores, o falido, os 
demais credores e o administrador judicial para que no prazo de 5 (cinco) dias se 
manifestem e, em seguida, ocorrendo à instrução processual se houver a 
necessidade, haverá o julgamento determinando ou não a restituição. Caso 
procedente o pedido haverá a restituição em 48 (quarenta e oito) horas e dele 
caberá recurso de apelaçãocom efeito suspensivo, e no caso de improcedência o 
juiz determinará a habilitação do credor no quadro geral de credores da falência. 
 
 Adjudicação de bens pelos credores: respeitada a ordem de preferência, 
o juiz poderá autorizar a adjudicação de bens por parte dos credores. 
 
 Venda antecipada de bens: os bens perecíveis ou de fácil deterioração ou 
desvalorização poderão ser vendidos antecipadamente mediante autorização 
judicial. 
 
 Alienação provisória de bens: poderá o administrador judicial alienar 
provisoriamente os bens da massa com o objetivo de produzir rendas em favor dos 
credores. 
 
 Alienação definitiva de bens: arrecadados e avaliados os bens, poderá ser 
iniciada a realização do ativo que poderá ser a venda da empresa em bloco ou em 
partes, ou a venda dos bens em bloco ou individualmente, através de leilão, por 
proposta ou por pregão. 
 
 Pagamento de credores: concluídos todos os incidentes processuais e 
realizado o ativo, iniciar-se-á o pagamento dos credores respeitando-se a ordem 
legal e, na hipótese de saldo suficiente para o pagamento de credores de uma 
mesma categoria, proceder-se-á ao respectivo rateio dentro daquela categoria. 
 
 Prestação de contas: concluído o pagamento dos credores, caberá ao 
administrador judicial no prazo de 30 (trinta) dias prestar constas ao juízo que as 
julgará, cabendo da decisão recurso de apelação. 
 
 Relatório final: julgadas as contas, caberá ao administrador judicial 
apresentar seu relatório final no prazo de 10 (dez) dias, cabendo ao juiz encerrar a 
falência por sentença que será publicada por edital, sujeitando-se a eventual 
recurso de apelação e encerrando a fase falimentar. 
 
11. Fase Pós-Falimentar 
 
 Conceito: a fase pós-falimentar tem início com o encerramento da falência e 
vai até a extinção das obrigações do falido. 
 
 Extinção das obrigações pelo pagamento total: pode, mediante 
requerimento do falido, ser declarada extinta a obrigação falimentar com o 
pagamento integral de suas dívidas; 
 
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 Extinção das obrigações pelo pagamento parcial: pode, mediante 
requerimento do falido, ser declarada extinta a obrigação falimentar com o 
pagamento mínimo de 50% (cinquenta por cento) do total das dívidas 
quirografárias após a realização do ativo; 
 
 Extinção das obrigações pela prescrição: transcorridos 5 (cinco) anos 
após a sentença de encerramento da falência poderá o falido requerer a extinção 
das obrigações por prescrição, no entanto, caso tenha sido condenado pela prática 
de crime falimentar esse prazo será de 10 (dez) anos. 
 
 Processamento do pedido: feito o pedido de encerramento o juiz 
determinará publicação editalícia para que no prazo de 30 (trinta) dias qualquer 
credor se oponha ao pedido; findo esse prazo o juiz julgará por sentença o pedido 
de extinção apreciando eventuais oposições, cabendo da decisão recurso de 
apelação. 
 
III. REFERÊNCIA 
 
 A bibliografia a seguir discriminada foi utilizada para a realização do 
presente trabalho, porém, como não temos a pretensão de esgotar o assunto 
nestas modestas páginas, indicamos tais obras para aprofundamento e melhor 
compreensão do tema abordado. 
 
ALMEIDA, João Batista de. Manual de Direito do Consumidor, SP: Saraiva, 2003. 
 
BERTOLDI, Marcelo M. Curso Avançado de Direito Comercial, SP: Editora RT, 
2001. 
 
CAMPINHO, Sérgio. O Direito de Empresa, RJ: Renovar, 2003. 
 
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial, SP: Editora Saraiva, 2002. 
 
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial, SP: Editora Saraiva, 2002. 
 
FABRETTI, Láudio Camargo. Direito de Empresa, SP: Editora Atlas, 2003. 
 
FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de Direito Comercial, SP: Editora Atlas, 2003. 
 
FAZZIO JR, Waldo. Nova Lei de Falência e Recuperação de Empresas. SP: Atlas, 
2005. 
 
MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial, RJ: Editora Forense, 2002. 
 
NEGRÃO, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de Empresa, SP: Editora 
Saraiva, 2003. 
 
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial, SP: Editora Saraiva, 2003. 
 
ROQUE, Sebastião José. Moderno Curso de Direito Comercial, SP: Ícone, 1997. 
 
TZIRULNIK, Luiz. Empresas & Empresários, SP: Editora Revista dos Tribunais, 
2003.

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