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Urologia geral para o estudante de medicina UPE

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Autores 
 
Adriane Kalyna de Freitas Mendonça 
Estudante do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de 
Pernambuco – UPE 
Membro fundador da Liga Acadêmica de Urologia da Universidade de Pernambuco - 
LAUPE 
Adriano Almeida Calado 
Doutor em Urologia pela Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP 
Professor Livre-Docente em Urologia pela Universidade de São Paulo -USP 
Professor Adjunto e Regente da Disciplina de Urologia da Universidade de Pernambuco 
- UPE 
Vice-Coordenador da Pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade de 
Pernambuco – UPE 
Alberto Ferraz de Melo Neto 
Estudante do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de 
Pernambuco – UPE 
Amaury de Siqueira Medeiros 
Professor Emérito da Disciplina de Urologia da Universidade de Pernambuco – UPE 
Andréa Magna Regis da Silva 
Estudante do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de 
Pernambuco – UPE 
Membro fundador da Liga Acadêmica de Urologia da Universidade de Pernambuco - 
LAUPE 
Araken Almeida de Araújo 
Mestre em Urologia pela Universidade de São Paulo – USP 
Doutor em Saúde Pública pela FIOCRUZ 
Professor Adjunto da Disciplina de Urologia da Universidade de Pernambuco – UPE 
Bruno Silva Peixoto de Carvalho 
Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade de Pernambuco – UPE 
Médico Assistente do Serviço de Urologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz - 
HUOC 
Claudio Gonçalves Viana Neto 
Estudante do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de 
Pernambuco – UPE 
Eleazar Menezes Araújo 
Ex-Residente de Urologia da Universidade de Pernambuco – UPE 
Urologista da AACD e do IMIP 
Pós-graduando (Mestrado) da Disciplina de Urologia da Universidade de Pernambuco 
Fábio Oliveira Vilar 
Doutor em Cirurgia pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE 
Médico Assistente do Serviço de Urologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz - 
HUOC 
Francisco José Cardoso Cavalcanti 
Doutor em Cirurgia pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE 
Professor Adjunto da Disciplina de Urologia da Universidade de Pernambuco – UPE 
Frederico Rangel Araújo Filho 
Estudante do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de 
Pernambuco – UPE 
 
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Página 3 
Gedson Arlei de Araújo Maia 
Médico Residente de Urologia da Universidade de Pernambuco – UPE 
Geraldo de Aguiar Cavalcanti 
Doutor em Cirurgia pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP 
Chefe do Serviço de Urologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz - HUOC 
Humberto Nascimento 
Médico Assistente do Serviço de Urologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz - 
HUOC 
Jaqueline Kelly Ferreira de Souza 
Estudante do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de 
Pernambuco – UPE 
Membro fundador da Liga Acadêmica de Urologia da Universidade de Pernambuco – 
LAUPE 
João Victor Tenório Cavalcanti de Aragão 
Estudante do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de 
Pernambuco – UPE 
Estagiário do Grupo de Pesquisa em Sistema Urogenital – CNPq/UPE 
José Rafael de Araújo Pereira 
Mestre em Cirurgia pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE 
Professor Assistente da Disciplina de Urologia da Universidade de Pernambuco 
Karla C. Rocha Avelino 
Médico Residente de Urologia da Universidade de Pernambuco – UPE 
Kate Millena Ferreira Barbosa 
Estudante do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de 
Pernambuco – UPE 
Estagiário do Grupo de Pesquisa em Sistema Urogenital – CNPq/UPE 
Larissa Ferreira Costa 
Estudante do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de 
Pernambuco – UPE 
Leonardo Lima Monteiro 
Ex-Residente de Urologia da Universidade de Pernambuco – UPE 
Urologista do Hospital do Câncer de Pernambuco 
Luiz Henrique Carvalho Simões de Melo 
Ex-Residente de Urologia da Universidade de Pernambuco – UPE 
Pós-graduando (Mestrado) da Disciplina de Urologia da Universidade de Pernambuco 
Luiz Paulo Figueiredo Vieira 
Médico Residente de Urologia da Universidade de Pernambuco – UPE 
Marília M. S. Paiva Santos 
Bolsista de pesquisa da Disciplina de Urologia – PIBIC/CNPq 
Estudante do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de 
Pernambuco – UPE 
Marina Tôrres Leal 
Bolsista de pesquisa da Disciplina de Urologia – PIBIC/CNPq 
Estudante do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de 
Pernambuco – UPE 
Mauro Ricardo de Lima Marques 
Ex-Residente de Urologia da Universidade de Pernambuco – UPE 
Urologista do Hospital de Aeronáutica de Recife 
 
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Página 4 
Milena Sonely Mendonça Bezerra 
Bolsista de pesquisa da Disciplina de Urologia – PIBIC/CNPq 
Estudante do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de 
Pernambuco – UPE 
Pedro Tomaz de Aquino 
Médico Assistente do Serviço de Urologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz - 
HUOC 
Rafael Azevedo Foinquinos 
Estudante do curso de Medicina da FBV-IMIP 
Raquel Bahia Lustosa 
Bolsista de pesquisa da Disciplina de Urologia – PIBIC/CNPq 
Estudante do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de 
Pernambuco – UPE 
Roberto Aarão Cohen Foinquinos 
Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade de Pernambuco – UPE 
Professor Assistente da Disciplina de Urologia da Universidade de Pernambuco – UPE 
Sylvia Karla Xavier De Farias 
Estudante do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de 
Pernambuco – UPE 
Estagiário do Grupo de Pesquisa em Sistema Urogenital – CNPq/UPE 
Thiago Witrúvio Alves Pereira 
Estudante do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de 
Pernambuco – UPE 
Membro fundador da Liga Acadêmica de Urologia da Universidade de Pernambuco – 
LAUPE 
Wagner Cid Palmeira Cavalcante 
Estudante do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de 
Pernambuco – UPE 
Estagiário do Grupo de Pesquisa em Sistema Urogenital – CNPq/UPE 
Yuri Afonso Ferreira 
Ex-Fellow em Urologia – Hospital da Beneficência Portuguesa – São Paulo 
Professor Auxiliar da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - 
UNCISAL 
Pós-graduando (Mestrado) da Disciplina de Urologia da Universidade de Pernambuco 
 
 
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SUMÁRIO 
 
Semiologia Urológica 
Amaury de Medeiros 
Anomalias Congênitas 
João Victor Tenório Cavalcanti de Aragão, Wagner Cid Palmeira Cavalcante, 
Kate Millena Ferreira Barbosa, Sylvia Karla Xavier De Farias, Adriano Almeida Calado 
Trauma Urológico 
Luiz Henrique C. Simões de Melo, Marília M. S. P. Santos, Adriano Almeida Calado 
Urgências Não-traumáticas 
Gedson Arlei Maia, Larissa Ferreira Costa. Geraldo de Aguiar Cavalcanti 
Infecções Urinárias 
André Frederico N. Marques, Claudio G. Viana Neto, Humberto Nascimento 
Litíase Urinária 
Leonardo L. Monteiro, Marina Tôrres Leal, Francisco J.C. Cavalcanti 
Massas Renais 
Karla C. Rocha Avelino, Rafael Azevedo Foinquinos, José Rafael Pereira de Araújo 
Tumores de Bexiga 
Mauro RicardoL. Marques, Frederico Rangel Araújo Filho, Fábio Oliveira Vilar 
Doenças da Próstata 
Luiz Paulo Figueiredo Vieira, Roberto Cohen Foinquinos 
Alteração do Conteúdo Escrotal 
Gedson Arlei Maia, Raquel Bahia Lustosa, Pedro Tomaz de Aquino 
Tumor de Pênis 
Karla C. Rocha Avelino, Milena S. M. Bezerra, Araken Almeida 
Disfunção Sexual Masculina 
André Frederico N. Marques, Alberto Ferraz Melo Neto, 
Bruno Silva Peixoto de Carvalho 
Cuidados pré-operatórios em cirurgia urológica 
Luiz Henrique C. Simões de Melo, Andréa Magna Regis da Silva, 
Adriane Kalyna de Freitas Mendonça, Yuri Afonso Ferreira 
Medicamentos mais utilizados em urologia 
Luiz Paulo Figueiredo Vieira, Jaqueline Kelly Ferreira de Souza, 
Thiago Witrúvio Alves Pereira, Eleazar Menezes Araújo 
 
 
 
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Página 6 
APRESENTAÇÃO 
 
A Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (FCM/UPE) vem 
participando ativamente da reforma curricular dos cursos de Medicina. O desafio que 
vem sendo enfrentado é o de formar um novo médico, um “médico cidadão”, com novas 
competências, conhecimentos, habilidades e atitudes, apto a desenvolver ações de 
promoção, prevenção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual como 
coletivo, dentro dos mais altos padrões de qualidade. 
Somos responsáveis pelo curso de Urologia para os estudantes de graduação e também 
pelas atividades de iniciação científica, extensão universitária, residência médica e pós-
graduação stricto sensu. Desenvolvemos ainda atividades interdisciplinares com os 
Departamentos de Cirurgia, Medicina Clínica e Materno-Infantil da Faculdade de 
Ciências Médicas, colaborando no ensino dos diversos módulos que integram o 
currículo médico. 
Atualmente a integração ensino-pesquisa-extensão é uma das metas perseguidas por 
nossa equipe. Entendemos que a Universidade deve entrar em contato com os 
problemas da comunidade, promover estudos em busca da solução desses problemas e 
propor e/ou, até mesmo, participar das suas soluções. 
Dentro desse contexto o ensino/aprendizado da Urologia tem-se dado 
predominantemente através de livros traduzidos, com exceções de assuntos específicos. 
Nas avaliações realizadas a cada final de semestre letivo, freqüentemente deparamo-nos 
com a observação dos alunos de graduação de que os livros-texto de Urologia são 
complexos e de difícil entendimento, muitos deles afirmando que se tratam de livros 
escritos "por urologistas, para urologistas". 
Da constatação desse fato foi que surgiu a idéia da elaboração de um livro que fosse 
atual, básico e de conteúdo científico consistente, mas que também representasse o 
pensamento dos professores de Urologia da Universidade de Pernambuco. O entusiasmo 
foi tanto e a qualidade dos manuscritos foi tal que, num breve período, tínhamos um 
livro pronto, atualizado e conciso, e que conseguia em seu bojo albergar assuntos de 
interesse dos estudantes e internos. Isto se deveu em parte à excelência do corpo clínico 
e em parte às condições de trabalho proporcionadas pela Instituição, que sempre primou 
por manter a tríade assistência, ensino e pesquisa em primeiro lugar. 
Os temas escolhidos tiveram o objetivo de contemplar as principais afecções urológicas 
atendidas no Serviço de Urologia da FCM/UPE. Os autores têm a pretensão de alçar o 
estudante para dentro da especialidade fazendo-o participar mais facilmente das visitas e 
reuniões, além de acender neles a chama do gosto pelo estudo. 
A padronização de condutas expressa nos capítulos, embora tenha certa flexibilidade, 
expressou o pensamento da Disciplina de Urologia da FCM/UPE e faz com que, apesar 
das variantes, uma linha mestra seja mantida. Tal fato permite ao médico interno, 
mesmo que não prossiga na especialidade, saber a maioria das condutas básicas 
adotadas neste Serviço, conhecendo também um pouco da história e da formação dessa 
escola. 
Adriano Almeida Calado 
Geraldo de Aguiar Cavalcanti 
Roberto Cohen Foinquinos 
EDITORES 
 
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SEMIOLOGIA UROLÓGICA 
 
Amaury de Siqueira Medeiros 
 
 Semiologia é a parte da medicina que se refere ao estudo dos sintomas e 
sinais das enfermidades. A palavra deriva do grego (semeion, sinal + logos, tratado, 
estudo). A semiologia é de capital importância para o diagnóstico da maioria das 
doenças. 
 Sintoma é toda informação subjetiva fornecida pelo paciente. É sua queixa. O 
médico não pode confirmá-lo desde que se trata duma sensação (dor em determinada 
região, por exemplo). Trata-se simplesmente como o paciente verbaliza determinada 
percepção. A anamnése é a parte da semiologia que tem como objetivo investigar os 
sintomas referidos. Uma história clinica bem colhida e judiciosamente analisada permite 
diagnosticar com certa precisão a maioria dos casos, ou, na pior das circunstâncias, 
afunilar as hipóteses diagnósticas. Um sinal, por seu turno, refere-se a toda alteração 
objetiva que é passível de ser percebida pelo examinador (uma alteração cutânea, um 
sibilo pulmonar à ausculta, por exemplo). Síndrome é um estado mórbido caracterizado 
por um conjunto de sintomas e sinais e que pode ser produzido por uma ou mais causas. 
 Por questões didáticas façamos inicialmente uma esquematização das partes 
que constituem o processo semiológico. 
 
A. Identificação 
B. Anamnése 
b1 queixa principal 
b2 história familiar 
b3. história pregressa ou pessoal 
C. Interrogatório sintomatológico 
D. Exame físico 
 
 No primeiro contato que você tiver com o paciente, seja no ambulatório do 
SUS ou numa sofisticada clinica particular, receba-o respeitosa e atenciosamente. Um 
simples sorriso ou um singelo aperto de mão, pode se transformar no elo do bom 
relacionamento médico-paciente que se constitui na base humanística de nossa 
profissão. A semiologia começa na verdade nesse primeiro contato. O médico precisa de 
perspicácia para observar, nesse momento, num relance, suas características físicas: 
altura, grau de nutrição, se obeso ou magricela, distribuição pilosa, textura da pele, 
alterações tróficas ou de outra natureza. Esse simples olhar pode detectar ou suspeitar 
uma patologia. 
 Prossiga com a identificação. Necessário ver no paciente não apenas um frio 
número de prontuário, mas um ser humano que tem nome, sexo, procedência e 
profissão; mais ainda, que é provido de sensibilidade e amativo. No diagnóstico das 
doenças dos órgãos genitais, entre os elementos de identificação, sobressaem idade e 
profissão. Existem enfermidades que incidem preferencial ou exclusivamente em 
determinada faixa etária. 
 No sexo masculino, por exemplo, o recém-nascido pode exibir problemas de 
ambigüidade sexual (tipos variados de hermafroditismo), hidrocele congênita, edema 
escrotal (fisiológico), criptorquidia e dismorfismo peniana. Várias anomalias congênitas 
são aventadas pelo simples enunciado. “Nasceu com defeito no pênis” (provável 
hipospádia), “o testículo não desceu (distopia testicular), “a criança quando urina faz 
força e forma uma bola na ponta do pênis” (fimose). Na infância são pouco frequentes 
 
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os quadros clínicos infecciosos da genitália – exceto as balanopostites, não raro 
associadas às fimoses – sendo mais comuns as afecções que interferemcom o fluxo 
sanguíneo testicular (torção do cordão espermático). Na puberdade e no adulto jovem 
predominam os processos infecciosos, de modo particular as doenças sexualmente 
transmissíveis. Nessa faixa etária assumem relevância as neoplasias do testículo, a 
varicocele e o escroto agudo traumático. Mais tarde, passados os 40 anos de idade, 
começa a diminuir a incidência de câncer testicular, o que deixa espaço para o 
surgimento de priapismo, de hidrocele adquirida, prostatovesiculite, câncer peniano e 
doença de Peyronie (síndrome do pênis encurvado) e atormentá-los a incidência 
crescente dos distúrbios sexuais os quais predominam, em termos de organicidade, com 
o aproximar da velhice. Passados os 60 anos os homens se deparam com as obstruções 
urinárias em consequência das hipertrofias benignas da próstata, e o que se torna mais 
apavorante, o temor do fantasma do câncer prostático. 
 No sexo feminino, as infecções urinárias eclodem nas crianças como resultado 
dos refluxos vesico-ureterais, nas jovens em plena atividade sexual o aparecimento das 
cistites da lua-de-mel (honney moon cystites) ou cistite hemorrágica, em função da mais 
intensa atividade sexual e, nas mais idosas, as alterações hormonais que podem 
conduzir aos estreitamentos uretrais e maior incidência dos episódios infecciosos. 
Conhecer a profissão do paciente ajuda no raciocínio diagnóstico. O carcinoma escrotal, 
embora cada vez mais raro, ocorre comumente em indivíduos que lidam com piche e 
alcatrão. Os profissionais que trabalham em ambientes de temperatura elevada 
(forneiros, padeiros) e as que se expõem às radiações ionizantes (técnicos de raio-X, 
radiologistas) são mais propensos aos distúrbios esparmatogênicos. A procedência 
precisa ser devidamente valorizada. Onde reside no momento e quais suas antigas 
moradas? Existem enfermidades que acometem com maior frequência em certas regiões 
e que episódios recidivantes de febre alta associados com calafrios e hematúria franca 
total, em paciente oriundo de plagas amazônicas, ou que nelas residiu, levanta a suspeita 
de malária (febre palustre). Cistos renais (hidatose), formados pelo crescimento de 
larvas de Echinococcus granulosos (tênia do cachorro) podem ser encontrados nos 
tosquiadores de carneiros no extremo sul do Brasil. O indivíduo com dores intermitentes 
inguino-escrotais e com espessamento do cordão espermático (funiculite recidivante), 
procedente da capital pernambucana, é um provável portador de filariose. 
 Feita a identificação, geralmente preenchida antecipadamente pela 
secretária, segue-se a anamnése que significa recordação. O paciente, nesse primeiro 
contato, recorda e verbaliza as queixas ou sintomas. O grande médico e escritor 
português Miguel Torga definiu-a como “o relato dos padecimentos feito pelo doente à 
curiosidade inquiridora do médico”. Nesse momento é importante sentirmos o grau de 
tensão, o nervosismo do paciente e deixá-lo relaxado, descontraído, para que o 
interrogatório possa fluir com espontaneidade. Caso contrário caracterizar-se-á o 
monólogo. Não esquecer de adequar sua linguagem ao nível educacional e cultural do 
enfermo para que seu interrogatório seja proveitoso. Deve também escolher um 
ambiente propício ao conforto físico e mental de ambos. Baseado na anamnése você 
obtém diretamente as informações necessárias para a formulação das hipóteses 
diagnósticas. 
 A queixa principal merece uma atenção toda especial. Dissecá-la nos 
mínimos detalhes é imperativo. Admitamos, por exemplo, que ela seja sangue na urina. 
Antes de analisá-la, lembremos que hematúria significa presença de sangue na urina. A 
hematúria maciça pode ser total – ocorrendo durante toda micção -, inicial ou terminal. 
Quando no início, geralmente de origem prostática ou uretral: o sangue acumulado na 
uretra é eliminado pelo primeiro jato de urina. Na estenose de meato uretral pode 
 
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ocorrer hematúria inicial. Quando terminal, às vezes encontrada nas hipertrofias 
benignas de próstata em consequência da ruptura de veias telangiectásicas no colo 
vesical ou na mucosa prostática, ao fazer esforço para urinar. A hematúria decorrente do 
câncer de próstata é rara e só ocorre quando o processo neoplásico invade a mucosa da 
bexiga ou da uretra. Pode também ter origem na bexiga quando um processo tumoral ou 
a mucosa inflamada é espremida pela contração das fibras musculares do detrusor, na 
fase final da micção, ou quando cálculos vesicais lesam a mucosa, provocando 
sangramento do órgão no fim do ato miccional. Quando total, geralmente se origina de 
lesões situadas acima do colo vesical: da bexiga, do ureter ou do rim, havendo tempo 
para que se misturem sangue e urina. A litíase e as infecções do trato urinário, 
associadas ou não, representam as causas mais comuns de hematúria. Procure saber se a 
hematúria é dolorosa - encontradiça nos processos infecciosos - ou indolor. A cor não 
deve ser desprezada: se rósea, vermelho brilhante ou escura. Há situações altamente 
sugestivas: hematúria total, indolor, tipo borra de café, com coágulos, em paciente 
fumante inveterado, é quase sinônimo de carcinoma transicional de bexiga. Ter em 
mente que nem toda urina avermelhada é patológica. A queixa principal - dor, disúria, 
incontinência urinária, hemospermia, corrimento uretral, disfunção erétil, - seja ela qual 
for, precisa ser escrutinada minuciosamente. 
 Na história familiar, como está implícito, você busca as informações 
médicas dos antecedentes que possam ter alguma ligação com o estado patológico atual. 
Sabemos que certas doenças têm conotação genética. O câncer de próstata, por 
exemplo, apresenta ligação genética em aproximadamente 10% dos casos. São bem 
conhecidas as demais enfermidades que podem ser transmitidas aos descendentes. A 
impotência sexual erétil, ou o surgimento tardio de fimose, pode ser a primeira 
manifestação clínica da diabete. História familiar de hipertensão arterial ou processos 
arterioescleróticos talvez esteja atrelada ao quadro clínico de seu paciente. 
 Na história pregressa você vai pesquisar alterações patológicas ou 
hábitos adquiridos ao longo da vida e que possam ter deixado marcas inapagáveis. O 
que podemos aprender de útil de sua história pessoal? Dos fumantes que se comprazem 
seguindo as volutas do fumo a esgueirar-se da extremidade viva do cigarro, 
inconscientes do enfizema e do câncer pulmonar, do infarto do miocárdio, do carcinoma 
de bexiga e da disfunção erétil? Dos sedentários que caminham ao encontro dos 
distúrbios vasculares e da obesidade, companheira das síndromes metabólicas? Dos 
tempos da infância você pode colher dados preciosos, como história de papeira ou 
parótide complicada com orquite bilateral (“a papeira que desceu”) ou de criptorquidia 
responsável pelo estado presente de oligo ou azoospermia. Da juventude, uretrite não 
tratada ou mal tratada, capaz de se manifestar dez ou mais anos depois com um quadro 
de estenose de uretra ou sintomas de prostatite crônico. Não descurar, em seu 
interrogatório, de perguntar quais os medicamentos atualmente em uso. Os beta-
bloquadores empregados no tratamento da hipertensão arterial podem ser responsáveis 
pela disfunção sexual. Os antiplaquetários, que afinam o sangue, necessitam ser 
suspensos no mínimo dez dias antes do ato cirúrgico, sob o risco, se não o fizer, de 
sangramento catastrófico. Os consumidores crônicos de diuréticos mercuriais espoliam 
o potássio plasmático e predispõem às cãibras e aos íleos paralíticos pós-operatórios.Esses são apenas alguns exemplos. 
 O interrogatório sintomatológico nos faz lembrar que o organismo 
humano é um sistema de vasos comunicantes que se interligam numa estreita comunhão 
fisiológica com reflexos nas alterações de normalidade. Que os especialistas não se 
tornem “burros de viseira” só enxergando alguns palmos diante dos narizes, mas, 
dotados de visões laterais e receptivos, sejam sensíveis aos “burburinhos estranhos de 
 
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águas batendo ao longe em criptas de granito”. Só dessa maneira você será capaz de 
entender seu paciente e dele cuidar respeitando o complexo enredo de variáveis 
biológicas, psíquicas e socioculturais. Às vezes uma patologia acometendo outro órgão 
se manifesta no sistema geniturinário, ou vice-versa, mesclando o julgamento clínico. 
Há problemas vivenciais que causam lesões orgânicas caracterizando doenças 
psicossomáticas. Necessário escutar o mais profundo d’alma captando ruídos no que é 
só silêncio para toda gente.Imprescindível e de sumo importância o interrogatório 
criterioso dos sistemas digestivo, neurológico, respiratório e locomotor.Não basta 
apenas escutar: é necessário desenvolver capacidade analítica cartesiana para 
interpretar os informes coletados.Para tanto, você necessita de conhecimentos 
fisiopatológicos sólidos e atualizados. Já dizia o sábio professor Silvio Romero “que a 
mola propulsora do conhecimento, o núcleo da curiosidade sofisticada, deve ser a 
fisiopatologia”. 
 O exame físico do rim começa com a inspeção do abdômen e dos flancos, 
estando o doente sentado. A presença de calor e rubor da pele denota a existência de 
abscesso e o abaulamento perceptível em casos de rins policísticos ou tumores gigantes. 
A punho percussão, com a fase interna da mão fechada, do ângulo costovertebral, pode 
desencadear reação dolorosa verificável nos casos de pielonefrite aguda, hidronefrose 
ou processo inflamatório perinefrético ou simplesmente de origem músculo-esquelética. 
A propedêutica física do ureter habitualmente não fornece muitos subsídios 
diagnósticos, podendo ser palpável quando da presença de tumor ou cálculo impactado 
em seu terço inferior, sobretudo nos pacientes astênicos. O método palpatório é o mais 
útil para propedêutica física renal. Os rins normais são praticamente inacessíveis tendo 
em vista suas características anatômicas e sua localização topográfica. São descritas 
várias técnicas para o exame. A maneira mais comum consiste em, tendo o paciente em 
decúbito dorsal, colocar-se uma das mãos espalmada posteriormente, e a outra, 
aproveitando o movimento expiratório, empurra o flanco correspondente para cima, na 
tentativa de trazer o rim para baixo (palpação bimanual). Rins facilmente palpáveis 
denotam, em geral, aumento volumétrico o que pode ocorrer em casos de hidronefrose, 
cisto, tumor maligno ou ptose. 
 O exame físico dos órgãos genitais masculinos externos é realizado pela 
inspeção e pela palpação, devendo o paciente ficar em decúbito dorsal ou de pé. Os 
órgãos genitais internos são examinados pelo toque retal. A inspeção deve ser 
antecedida duma avaliação geral do corpo porque inúmeras afecções sistêmicas, 
principalmente endócrinas, podem produzir alterações morfológicas facilmente visíveis. 
Em contrapartida, distúrbios gonádicos – hipo ou hpergonádico – podem imprimir 
marcas indeléveis na estrutura orgânica geral, sobretudo quando eclodem na fase pré-
puberal. 
 O método propedêutico de maior valia para exame do pênis é a inspeção. Por 
meio dela é possível identificar facilmente as anomalias congênitas (agenesia, 
duplicação, macro e micro-pênis, hipospádia, epispádia, fimose). Não esqueça de retrair 
completamente o prepúcio, única maneira de obter uma boa visualização da glande e do 
sulco balanoprepucial, expondo-se lesões que poderiam passar despercebida 
(ulcerações, neoplasia, processos infecciosos e condilomas). Para verificar o diâmetro 
do meato uretral externo, e afastar a eventualidade de estenose, basta fazer uma 
compressão antero-posterior da glande, tomando-a entre os dedos indicador e polegar. 
Dessa forma os lábios meatais se afastam permitindo boa identificação do calibre do 
orifício. O tamanho do pênis é um motivo frequente de consulta. Nas pessoas obesas o 
órgão como que se esconde no panículo adiposo retropúbico simulando 
desenvolvimento insuficiente. Pênis de tamanho maior que o habitual pode fazer parte 
 
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da síndrome de virilização precoce (hiperplasia congênita da adrenal, do uso de terapia 
hormonal ou mesmo constitucional). A palpação capaz de detectar áreas de 
endurecimento ao longo dos corpos esponjosos pode ser indício de processo 
inflamatório secundário ou da presença de cálculo impactado na uretra. Placas fibrosas 
endurecidas no trajeto dos corpos cavernosos podem ser palpados com relativa 
facilidade na doença de Peyronie ou síndrome do pênis encurvado. 
 No exame da bolsa escrotal investiga-se a forma, o tamanho, as características 
da pele e os aspectos vasculares. Diminuição pode ser indicio de criptorquidia ou atrofia 
testicular de causa virótica (comprometimento durante parotidite na infância ou 
adolescência) ou bacteriana. Massas intraescrotais Frequentemente observamos na 
prática médica a presença de lesões vasculares múltiplas (hemangiomas) que podem 
sangrar, sujando a cueca, sendo causa principal da consulta. O comprometimento da 
drenagem linfática por microfilárias pode ser responsável pelo chamado linfoescroto 
que se apresenta edemaciado, com múltiplas formações bulhosas que fazem minar 
líquido quase que continuamente. Os processos inflamatórios, neoplásicos ou 
traumáticos alteram a configuração e o tamanho da bolsa escrotal. Sinais flogisticos são 
observados nos abscessos. Gangrena extensa é característica da síndrome de Fournier. 
Flacidez, atrofia, perda dos movimentos cremastéricos e apagamento das pregas 
horizontais são constantes nas criptorquidias e nos hipogonadismos. Nas varicoceles 
avançadas desenham-se formações cirsóides semelhantes a uma variz ou veia dilatada. 
Fístulas de aparecimento súbito são sugestivas de processos epididimários inespecíficos, 
enquanto as que se formam lentamente indicam processo tuberculoso. 
 No exame dos testículos a palpação é o método de maior valor. Quando 
normais eles apresentam superfície lisa, consistência elástica e forma ovóide. No adulto 
mede em torno de 25 ml de volume o que é aferido por meio dos orquidômetros, dos 
quais existem vários modelos. A palpação deve ser feita com extrema delicadeza, não só 
por despertar dor intensa nos processos inflamatórios agudos como também pelo risco 
de disseminação venosa nos casos de neoplasia maligna. Áreas endurecidas e nodulares 
devem ser consideradas suspeitas de câncer. Nas hidroceles o aumento de volume é 
globoso, de consistência amolecida e transilumina com nitidez; irregularidade na 
superfície pode ser encontrada nas paquivaginalites, nas periorquites e nas hematoceles 
que acarretam espessamento da túnica albugínea e lhe confere um aspecto e consistência 
de porcelana. Atrofia testicular é observada após infecções bacterianas ou viróticas, em 
condições isquêmicas que se seguem às torções, no hipogonadismo ou em consequência 
de varicocele. 
 Aproveita-se o momento para examinar os epidídimos que se situam acima e 
posteriormente aos testículos, procurando identificar suas partes constituintes: cabeça,corpo e cauda. Aumento regular e difuso é observado nas epididimites agudas, enquanto 
que, quando irregular e multinodular, sugere processo tuberculoso. O aumento de 
volume localizado na cabeça ou no corpo, e apresentando tansiluminação positiva, 
praticamente fecha o diagnóstico de lesão cística. A sensibilidade epididimária se acha 
acentuada nos processos inflamatórios e nas lesões microcísticas – causas comuns das 
chamadas neuralgias testiculares essenciais. 
 Os canais deferentes são facilmente identificados pela sensação toda especial 
de “corda de chicote”. Agenesia diferencial, lesões císticas ou granulomatosas podem 
ser detectadas por simples manobras palpatórias que devem ser simultâneas e 
comparativas. Quando acometido de processo tuberculoso, o deferente pode tomar a 
forma característica de “contas de rosário”. O espessamento do cordão espermático é 
encontrado na funiculite. A hidrocele e as lesões císticas são diagnosticadas por 
palpação e transiluminação. Uma causa comum de funiculite recidivante nas regiões 
 
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endêmicas é a filariose quando se palpam tumefação difusa e certo grau de 
espessamento do cordão espermático. 
 O exame da próstata é realizado através do toque retal que nos permite 
determinar o tamanho, a consistência, a superfície, os contornos, o sulco mediano e a 
mobilidade do órgão. Normalmente ela é palpável na parede anterior do reto como uma 
estrutura em forma de coração (pirâmide invertida, maçã ou pêra) com a base voltada 
para cima e o vértice para baixo. Seus lobos laterais são separados por um sulco 
mediano (encaixe, septo vertical ou sulco interlobular). Em condições normais a 
próstata tem o tamanho de uma castanha grande, que tende a crescer com o passar dos 
anos, simétrica, regular, depressível, de consistência elástica lembrando borracha, de 
contornos precisos e discretamente móvel. Diminutos nódulos podem ser detectados no 
câncer inicial e, no avançado, seus contornos são irregulares e ela se apresenta 
endurecida, de consistência pétrea. 
 
 
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LEITURA RECOMENDADA 
 
Eziyi AK, Ademuyiwa AO, Eziyi JA, Salako AA. Digital rectal examination for 
prostate and rectal tumour: knowledge and experience of final year medical students. 
West Afr J Med. 2009 Sep-Oct;28(5):318-22 
 
Kaplan AG, Kolla SB, Gamboa AJ, Box GN, Louie MK, Andrade L, Santos RT, Gan 
JM, Moskowitz RM, Shell C, Gustin W, Clayman RV, McDougall EM. Preliminary 
evaluation of a genitourinary skills training curriculum for medical students. J Urol. 
2009 Aug;182(2):668-73. 
 
Kerfoot BP, Baker H, Volkan K, Church PA, Federman DD, Masser BA, DeWOLF 
WC. Development of validated instrument to measure medical student learning in 
clinical urology: a step toward evidence based education. J Urol. 2004 Jul;172(1):282-5 
 
Kerfoot BP, Baker H, Volkan K, Church PA, Federman DD, Masser BA, DeWolf WC. 
Development and initial evaluation of a novel urology curriculum for medical students. 
J Urol. 2004 Jul;172(1):278-81 
 
Medeiros AM. In: Semiologia Urológica. Editora MEDSI, Rio de Janeiro, 1993. 
 
 
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ANOMALIAS CONGÊNITAS 
 
João Victor Tenório Cavalcanti de Aragão 
Wagner Cid Palmeira Cavalcante 
Kate Millena Ferreira Barbosa 
Sylvia Karla Xavier de Farias 
Adriano Almeida Calado 
 
1. UROPATIAS OBSTRUTIVAS 
 
INTRODUÇÃO 
 Na população pediátrica, a obstrução congênita do trato urinário é a anomalia 
fetal mais comumente identificada. Com o uso em larga escala do ultrassom pré natal, a 
hidronefrose fetal é cada vez mais diagnosticada, e já atinge uma incidência de até 1% 
em todas as gestações. 
 Quando nos deparamos com um quadro de dilatação do sistema coletor, é 
essencial diferenciarmos entre um processo obstrutivo, definido como uma estenose que 
potencialmente leva a lesão parenquimatosa de um quadro de dilatação sem qualquer 
consequência à função renal. Assim, dois riscos devem ser evitados: o tratamento 
excessivo e o retardo do tratamento. A conduta pós natal adequada nos casos de 
dilatação do trato urinário devem ser definidas no período pré natal. 
 As principais patologias que levam à obstrução do trato urinário na população 
pediátrica são representadas pela ostrução da junção ureteropélvica, pelo megaureter e 
pela válvula de uretra posterior. 
 
1.1 OBSTRUÇÃO DA JUNÇÃO URETEROPÉLVICA (JUP) 
 A obstrução da JUP é a causa mais comum de dilatação significativa do sistema 
coletor no rim fetal, correspondendo a cerca de 48% de todos os casos. A obstrução 
ocorre mais freqüentemente em meninos, principalmente no período neonatal, quando 
esta relação excede 2:1. As lesões predominam no lado esquerdo, atingindo até 67% dos 
casos, e a obstrução bilateral da JUP pode ocorrer em 10 a 40% dos casos. 
 A etiologia da obstrução da JUP continua sendo pouco compreendida. Um 
estreitamento da JUP é freqüentemente encontrado, mas não se sabe se isto é causado 
por um retardo no desenvolvimento ou por uma recanalização incompleta do ureter. 
Uma interrupção do desenvolvimento da musculatura circular da JUP ou uma alteração 
das fibras colágenas pode justificar o achado de um estreitamento patente deste 
segmento como causa intrínseca de obstrução. A presença de um vaso polar acessório é 
a causa mais comum de obstrução extríseca da JUP. Estes vasos passam anteriormente à 
JUP e contribuem para a obstrução mecânica. 
 A maioria das crianças menores são assintomáticas, enquanto que as mais velhas 
geralmente são diagnosticadas pelos seus sintomas. Atualmente, o uso quase universal 
da ultrassonografia (USG) prénatal tem tornado a descoberta da obstrução da JUP uma 
ocorrência freqüente. Ocasionalmente, estas crianças podem se apresentar com retardo 
do crescimento, falta de apetite, infecções urinárias, dor ou hematúria (secundária à 
cálculos). Os sintomas predominantes nas crianças mais velhas são a dor no flanco ou 
abdome superior, associadas à náuseas e vômitos. 
Vários exames podem ser úteis ao diagnóstico. A USG, já citada, é o método padrão 
para o diagnóstico da hidronefrose na infância. Porém, Apesar de poder medir o 
diâmetro da pelve renal, não dá o diagnóstico da obstrução ou do prognóstico do 
paciente. As imagens por ressonância magnética têm a vantagem de avaliar o fluxo 
 
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sanguíneo renal, a sua anatomia e a excreção urinária. A urografia intravenosa tem sido 
cada vez mais substituída pela renografia com radionuclídeos. Esta última possibilita a 
avaliação da função renal diferencial e do washout de cada rim. 
A pieloplastia desmembrada de Anderson-Hynes (1949), é atualmente a técnica mais 
comumente empregada na correção cirúrgica da obstrução da JUP. Geralmente é de 
fácil execução e pode ser realizada através de várias abordagens, incluindo a subcostal 
anterior, pelo flanco, ou por lombotomia posterior. A idade, o tamanho do paciente e a 
posição da JUP são fatores que devem ser considerados na escolha do tipo de 
abordagem. Deste modo, a lombotomia posterior proporciona uma boa exposição nos 
neonatos, mas pode não ser uma boa opção nos adolescentes com maior massa 
muscular. 
As principais vantagens do método são a sua ampla aplicabilidade, incluindo a 
preservação de vasosanômalos, a ressecção da JUP doente, e a realização de uma 
pieloplastia adequada. Técnicas minimamente invasivas de reparo da JUP tem sido 
descritas com sucesso, e incluem a pieloplastia laparoscópica e a endopielotomia. Esta 
última pode ser realizada pelas vias retrógrada ou anterógrada e são descritas taxas de 
sucesso de até 78% nas maiores séries. 
Complicações precoces da pieloplastia são incomuns, e envolvem principalmente o 
vazamento urinário prolongado pelo dreno. Porém geralmente apenas a observação é 
suficiente e a resolução é espontânea. Se a drenagem persistir por mais de 10 a 14 dias, 
a colocação de um cateter duplo jota pode contornar a situação. Eventualmente os 
pacientes podem se apresentar com febre, dor no flanco e hidronefrose acentuada. 
Nestes casos, uma nefrostomia percutânea para descompressão do rim pode ser 
necessária. A ausência de drenagem por um período prolongado pode significar a 
necessidade de nova intervenção, como a endopielotomia, re-pieloplastia, ou até 
ureterocalicostomia. 
 
1.2 MEGAURETER 
 O diâmetro ureteral normal na criança geralmente não excede 5 mm, e ureteres 
mais largos que 7 mm podem ser considerados megaureteres (MGU). 
 Os megaureteres podem ser classificados em quatro grupos baseados na causa da 
dilatação em: refluxivo, obstrutivo, ambos refluxivo e obstrutivo, e ambos não refluxivo 
não obstrutivo. Subdivisões adicionais em primários e secundários podem ser feitas. As 
causas obstrutivas são o principal foco deste capítulo. 
 2.1. Megaureter Obstrutivo Primário (MOP) 
 A causa mais aceita do MOP é a presença de um segmento ureteral aperistáltico 
de aproximadamente 3 a 4 cm de comprimento que é incapaz de conduzir urina com um 
fluxo adequado. A causa deste segmento é desconhecida. Uma estenose verdadeira 
raramente é encontra, mas são descritas uma grande variedade de anormalidades 
histológicas e ultra estruturais que alteram a função. A alteração da peristalse impede o 
fluxo livre de urina, o que resulta em uma obstrução funcional. 
 
 2.2. Megaureter Obstrutivo Secundário (MOS) 
 Esta forma de megaureter ocorre mais comumente com a disfunção vesical 
neurogênica e não neurogênica, ou com obstruções infravesicais como válvulas de 
uretra posterior. 
 2.3. Megaureter Não Obstrutivo – Não Refluxivo Secundário (MNONRS) 
 Dilatação ureteral significativa pode resultar de infecção aguda do trato urinário 
com produção de endotoxinas bacterianas que inibem a peristalse. Nefropatias e outras 
condições patológicas que causam aumento significativo no fluxo urinário maior que a 
 
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capacidade de peristalse do ureter podem levar à dilatação progressiva. Diabetes melitus 
ou insípidus, polidipsia psicogênica ou toxicidade ao lítio são exemplos. 
 2.4. Megaureter Não Obstrutivo – Não Refluxivo Primário (MNONRP) 
 Desde que refluxo, obstrução e causas secundárias de dilatação foram excluídas, 
a designação de MNONRP é apropriada. 
 A avaliação com USG geralmente ajuda a distinguir o MGU da obstrução da 
JUP, que é a principal causa de hidronefrose. Além disso, fornece detalhes do 
parênquima renal, sistema coletor e bexiga. Desde que a dilatação ureteral é detectada, 
uma uretrocistografia miccional é realizada para descartar refluxo e avaliar as 
características da bexiga e da uretra, uma vez que a bexiga neurogênica e a obstrução 
infravesical são causas comuns de MGU secundário. Geralmente o renograma com 
diurético é preferível à urografia excretora pois fornece parâmetros objetivos de função 
e obstrução. 
 As recomendações terapêuticas para os MUG francamente obstrutivos estão bem 
estabelecidas. Os principais critérios de abordagem cirúrgica são o grau do MGU e a 
função renal. MGU de graus pequeno ou moderado devem ser seguidos 
conservadoramente pois eles devem resolver espontaneamente, enquanto que MGU de 
alto grau devem ser submetidos à tratamento cirúrgico com reimplante ureterovesical. 
Infecção, dor e lítíase são outras indicações do tratamento. Assim, a maioria dos casos 
de MGU com diagnóstico pré natal e hidronefrose graus 1 a 3 geramente resolvem entre 
os 12 e 36 meses. Em crianças com hidronefrose grau 4 ou 5, ou um diâmetro ureteral 
retrovesical maior que 1 cm a condição tem resolução mais lenta e geralmente requer 
cirurgia. 
Alguma controvérsia existe na diferenciação do MOP e do MNONRP, especialmente no 
neonato. O tratamento do MGU obstrutivo secundário é direcionado à doença de base. 
 Uma vez definida a necessidade de correção cirúrgica do MGU, os objetivos da 
ureteroneocistostomia são os mesmos para os ureteres não dilatados. A plicatura ureteral 
geralmente é necessária para que se atinja uma relação comprimento-diâmetro adequada 
para o reimplante. A excisão de parte da parede ureteral é preferível para as dilatações 
maiores e para ureteres muito espessos. O estreitamento do ureter teoricamente também 
permite uma coaptação apropriada de suas paredes levando a uma peristalse mais 
eficiente. 
 O reimplante dos MGU está relacionado às mesmas complicações do reimplante 
de ureteres não dilatados, porém com taxas maiores. Assim, estenoses e refluxo são 
descritos nas grandes séries. 
 
1.3 VÁLVULA DE URETRA POSTERIOR 
 A Válvula de uretra posterior (VUP) representa a malformação pós vesical 
obstrutiva mais comum. Representam cerca de 10% dos casos de hidronefrose fetal. A 
obstrução ao fluxo de urina é causada por pregas da mucosa uretral ancoradas ao 
verumontanum que provocam uma dilatação da uretra proximal a este segmento. 
 São descritos 3 variedades distintas de VUP, a tipo I, tipo II e tipo III. A VUP 
tipo I é uma membrana obstrutiva que se forma da borda inferior e posterior do 
verumontanum e se irradia distalmente em direção à uretra membranosa, se inserindo 
anteriormente perto da margem proximal da uretra membranosa. As válvulas tipo II 
foram inicialmente descritas como dobras que se irradiam em direção cranial do 
verumontanum até as margens posterolaterais do colo vesical. Se aceita atualmente que 
estas válvulas não são obstrutivas. As válvulas tipo III representam uma dissolução 
incompleta da membrana urogenital. A membrana obstrutiva está localizada distalmente 
 
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ao verumontanum ao nível da uretra membranosa. As válvulas tipo I representam mais 
de 95% dos casos nas grandes séries. 
 As crianças com VUP se apresentam de várias formas, dependendo do grau de 
obstrução. No recém nascido, massas abdominais palpáveis (bexigoma ou 
hidronefrose), ascite ou desconforto respiratório por hipoplasia pulmonar, sugerem a 
possibilidade de obstrução infravesical severa. Atualmente a maioria dos recém 
nascidos que falecem com VUP, o fazem por causas respiratórias e não por 
complicações renais ou infecciosas. Crianças mais velhas geralmente têm função renal 
mais preservada e se apresentam com infecção urinária ou disfunção miccional. 
Algumas destas crianças entretanto, chegam a apresentar insuficiência renal terminal. 
A obstrução uretral congênita causa uma série de anormalidades no trato urinário, 
incluindo lesões do parênquima renal e sobre a musculatura lisa dos ureteres e da 
bexiga. Estas alterações podem persistir mesmo após o tratamento da obstrução 
primária. 
Atualmente, co o uso do USG, o diagnóstico das VUP ocorre mais freqüentemente no 
período pré natal, e se caracteriza por hipertrofia do detrusor e hidronefrose. Após o 
nascimento, a uretrocistografia miccional geralmente confirma o diagnóstico. Os 
achadostípicos são uma dilatação da uretra prostática com pouco fluxo distal, 
hipertrofia secundária do colo vesical, trabeculação e divertículos vesicais. Em cerca de 
50% dos casos se observa refluxo vésico ureteral. A cintilografia renal completa a 
avaliação clínica. 
 O tratamento da VUP irá depender do grau de insuficiência renal como da idade da 
criança. A passagem de um cateter uretral e o início de antibioticoterapia profilática 
permite a avaliação adequada da função renal basal nos primeiros dias de vida. Na 
presença de uma função renal satisfatória, a destruição endoscópica das válvulas é o 
tratamento preferido pela maioria dos autores. Esta conduta geralmente não se associa a 
uma alta incidência de estenose uretral. As crianças com alterações significativas da 
função renal que persistem mesmo após um período satisfatório de drenagem 
transuretral constituem um grupo mais controverso. As opções de tratamento para estas 
crianças incluem a destruição endoscópica da válvula, a vesicostomia eletiva ou um 
desvio ureteral supravesical temporário. 
 
2. REFLUXO VESICOURETERAL 
 
Introdução 
 O refluxo vesicoureteral (RVU) é definido como fluxo retrógrado de urina da 
bexiga para o trato urinário superior constituindo geralmente um distúrbio congênito e 
relacionado com o desenvolvimento embriológico, podendo ser também uma condição 
adquirida ou secundária. O refluxo urinário facilita a ascenção de bactérias para o trato 
superior, predispondo desta forma à ocorrência de infecções (pielonefrites). A resposta 
imuno-inflamatória causada pela infecção pielonefrítica pode resultar em lesão renal e 
formação de escaras, situação denominada como nefropatia de refluxo. 
 Na vigência de um rim comprometido por escaras cicatriciais, a evolução para 
perda de função e eventualmente insuficiência renal terminal é uma das sequelas mais 
graves do refluxo vesicoureteral. Estima-se que 5 a 15% dos casos de insuficiência renal 
terminal devam-se em última análise ao refluxo vesicoureteral. Alguns pacientes não 
evoluem para insuficiência renal, mas apresentam morbidade elevada secundária ao 
refluxo: hipertensão e descompensação renal durante a gravidez no caso de pacientes do 
sexo feminino. Desta forma, o tratamento do refluxo visa prevenir a lesão renal, 
pielonefrites secundárias e outras complicações decorrentes do mesmo. 
 
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Apesar da prevalência do refluxo vesicoureteral não ser bem definida, sabe-se que ele 
incide mais em meninas e na raça branca. Algumas séries sugerem uma prevalência 
inferior a 1% em crianças saudáveis, mas chega a valores de 20 a 50% quando o refluxo 
é pesquisado em pacientes com infecção urinária. O refluxo familiar é comum, estando 
presente em 30% dos gêmeos, apesar da maioria destes pacientes não apresentarem 
sinais clínicos de infecção urinária. 
 Alguns fatores interferem com a relevância do refluxo, principalmente a 
susceptibilidade do paciente à infecções urinárias. Outros fatores como a idade do 
paciente, a gravidade do refluxo e o padrão miccional da criança também interferem no 
prognóstico. 
 Atualmente a maioria dos autores concorda que alguns grupos específicos de 
crianças são identificados como de risco para presença de RVU e, portanto, devem 
sempre realizar UCM e ultra-sonografia para o diagnóstico: a) Crianças com menos de 5 
anos de idade portadoras de ITU documentada; b) Crianças em qualquer idade com ITU 
febril (pielonefrite aguda); e c) Meninos com ITU documentada em qualquer idade. 
 Etiologia 
 Quanto a etiologia o RVU pode ser classificado em : primário e secundário. O 
RVU primário refere-se a anomalia congênita da junção uretero-vesical e o secundário 
seria decorrente de obstrução funcional (bexiga neurogênica) ou anatômica (válvula de 
uretra posterior) do trato urinário inferior ou de patologias que descompensam a junção 
ureterovesical como a ureterocele. 
 Classificação 
 Atualmente a gravidade do RVU é determinada pela uretrocistografia miccional 
através da graduação proposta pelo Sistema Internacional de Classificação 
(International Reflux Study in Children – IRSC – 1981). Este sistema padronizou a 
classificação em 5 graus de gravidade (Graus I a V) de acordo com a aparência do 
contraste no ureter e sistema coletor. 
 Diagnóstico 
 Os métodos de imagem, realizados na avaliação do refluxo vesicoureteral, se 
resumem naqueles que objetivam diagnosticar o RVU e naqueles que avaliam o trato 
urinário superior na busca de cicatrizes renais. 
 Uretrocistografia miccional 
 A uretrocistografia miccional utiliza o iodo como meio de contraste e permite a 
classificação do RVU bem como a avaliação da anatomia vesical e uretral. Pode-se 
observar trabeculação e divertículos vesicais, que demonstram bexiga de esforço; e 
presença de alterações uretrais como a válvula de uretra posterior. 
 Como o refluxo pode ser um fenômeno intermitente, principalmente nos 
pacientes portadores de RVU sem dilatação ureteral, o exame deve sempre ser realizado 
com acompanhamento fluoroscópico. 
 Cistografia Radioisotópica Direta 
 A cistografia radioisotópica pode substituir a radiológica para o diagnóstico ou 
no acompanhamento dos pacientes portadores de RVU. Neste método um traçador 
radioisotópico (geralmente o ácido dietiltriaminopentaacético – DTPA) é infundido pela 
uretra e as imagens são obtidas durante o enchimento e esvaziamento vesical através de 
uma gama câmara. O método radioisotópico apresenta a vantagem de menor exposição 
a radiação, e mantem sensibilidade e especificidade no diagnóstico semelhantes a UCM. 
Porém, o exame radioisotópico tem como desvantagem a pouca definição de imagem, 
não permitindo a avaliação anatômica da bexiga e uretra ou mesmo a classificação 
adequada do RVU. Este método pode ser utilizado com segurança durante o 
acompanhamento clínico ou na avaliação do tratamento cirúrgico. 
 
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 Outras técnicas de exame vem sendo desenvolvidas na tentativa de reduzir a 
morbidade dos exames tradicionais (UCM e cistografia radioisotópica direta) no 
diagnóstico do RVU. Na tentativa de solucionar o problema da radiação foi proposto o 
uso de albumina sonificada intra-vesical para o estudo ultra-sonográfico. Por outro lado, 
para evitar a sondagem vesical a cistografia radioisotópica indireta foi proposta como 
método diagnóstico. Até o momento não existe consenso nem padronização na 
utilização destes métodos, portanto, a UCM e a cistografia radioisotópica direta 
permanecem como exames de eleição no diagnóstico e acompanhamento do RVU. 
 Ultra-sonografia do trato urinário superior 
 O exame ultra-sonográfico é de suma importância na avaliação renal, 
substituindo a urografia excretora como método inicial de avaliação do trato urinário 
superior nos pacientes portadores de RVU. Devem-se observar o tamanho renal, a 
espessura do parênquima e se há dilatação renal. Rins diminuídos de tamanho e com 
parênquima reduzido sugerem lesão renal. Rins dilatados sugerem refluxo de alto grau. 
A ausência de dilatação, porém, não afasta o diagnóstico de refluxo. A ultra-sonografia 
com medida das dimensões renais serve também para acompanhamento dos pacientes. 
Alterações no crescimento renal sugerem lesão renal (nefropatia de refluxo). 
 Cintilografia Renal 
 O estudo cintilográfico com ácido dimercaptosuccinico (DMSA) além de avaliar 
a função tubular, demonstra a arquitetura renal, permitindo a identificação de cicatrizes 
renais. Áreas de hipocaptação do radioisótopo,em geral nos pólos (cicatriz focal), 
também podem estar distribuídas por todo o rim (cicatriz generalizada). Quando a área 
de cicatriz é extensa e o comprometimento bilateral, a função renal pode estar 
comprometida. 
 Todos os pacientes com história de infecção urinária febril prévia ou com 
alterações na ultra-sonografia devem ser submetidos a avaliação com DMSA. Nos casos 
de novos episódios de infecção urinária durante o tratamento é prudente repetir este 
exame para se verificar a evolução das cicatrizes renais. 
 Atualmente a urografia excretora apresenta papel limitado na avaliação e no 
acompanhamento dos pacientes portadores de RVU. Outro exame que não faz parte da 
avaliação rotineira destes pacientes é a cistoscopia. 
 Tratamento Clínico 
 O tratamento clínico do RVU foi proposto como uma alternativa à correção 
cirúrgica, e baseia-se no fato que a grande maioria das crianças têm resolução 
espontânea do refluxo durante a fase de crescimento. No entanto, durante este período 
de acompanhamento, que pode variar de meses à anos, sendo que um único episódio de 
ITU podem determinar lesão renal irreversível. 
 Existem alguns princípios básicos que norteiam os diferentes esquemas de 
tratamento clínico para o RVU. Basicamente todos baseiam-se na utilização de 
antibióticos em baixas doses (profilaxia). Deve-se monitorar a função renal e a possível 
resolução espontânea do RVU com exames periódicos. 
 Tratamento cirúrgico 
 A indicação de tratamento cirúrgico do RVU é individualizado e inclui 
principalmente: 
a) ITU a despeito de profilaxia antibiótica 
b) Não aderência ao tratamento clínico 
c) Alto graus (IV e V) principalmente com alterações renais. 
d) Piora da função renal ou aparecimento de novas cicatrizes. 
e) Associação com outras anormalidades, como divertículo para ureteral ou 
duplicidade pielo-ureteral completa. 
 
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 A correção cirúrgica do refluxo vesicoureteral está baseada em alguns 
princípios, principalmente na criação de um túnel submucoso longo, com um 
comprimento que deve ser quatro vezes o diâmetro ureteral. Várias técnicas são 
empregadas com este fim, sendo que elas podem ser divididas em técnicas extra-
vesicais (Gregoir-Lich), intra-vesicais (Politano-Leadbetter, Cohen) e combinadas 
(Psoas-hitch). 
 Os resultados são satisfatórios com todas as técnicas disponíveis (90 a 95% de 
sucesso), sendo que a escolha é feita de acordo com o diâmetro do ureter refluxivo, 
bilateralidade do RVU, idade do paciente no momento da cirurgia e preferência do 
cirurgião. A recuperação da cirurgia é rápida e os pacientes devem ser mantidos com 
antibioticoprofilaxia por 3 meses adicionais ao evento cirúrgico, quando, então, é 
realizada a uretrocistografia para comprovar o sucesso da cirurgia. 
 Recentemente o tratamento endoscópico, baseado na injeção submucosa 
inframeatal de diversas substâncias, tem apresentado resultados satisfatórios. Diversas 
substâncias já foram propostas como material para injeção, dentre elas podemos 
destacar : teflon, colágeno, condrócitos, polidimetilsiloxane, copolímero de 
dextranômero/ácido hialurônico. Dentre as vantagens deste método, destaca-se a baixa 
morbidade, por se tratar de procedimento ambulatorial. Por outro lado, os resultados em 
termo de longo prazo e mesmo a seleção do grau do RVU em que se deva indicar este 
método não permitiram conclusões definitivas. 
 Deve-se ressaltar que a correção do refluxo vesicoureteral não implica 
necessariamente interrupção dos episódios infecciosos urinários, nem estagnação 
imediata do processo de nefropatia de refluxo eventualmente em instalação. O objetivo 
da cirurgia é o de impedir que urina infectada ascenda para o trato urinário superior, 
aumentando assim a chance de novos episódios de pielonefrite. 
 Tratamento clínico versus cirúrgico 
 Atualmente não existe evidência científica da superioridade do tratamento 
clínico em comparação ao cirúrgico, portanto, a terapêutica deve ser individualizada. 
Ambas formas de tratamento, apresentam vantagens e desvantagens que devem ser 
consideradas e compartilhadas com os pais na escolha da melhor terapêutica. Se por um 
lado o tratamento clínico necessita da utilização de antibióticos por um prazo longo e de 
exames regulares que apesar de apresentarem baixa morbidade, podem ocasionar certo 
desconforto, particularmente a UCM, por outro lado, a cirurgia apresenta o risco 
inerente de uma intervenção cirúrgico-anestésica. 
 Walker (1994), sumarizou os principais pontos que devem ser considerados 
quanto a decisão de conduta frente a um caso de refluxo vesicoureteral (RVU) : a) A 
resolução espontânea do RVU pode ocorrer durante o crescimento da criança, porém, 
torna-se menos provável após o início da puberdade; b) O grau do refluxo influencia na 
taxa de resolução espontânea, sendo esta menos provável nos casos de refluxos de graus 
IV e V; c) O RVU na ausência de ITU parece não causar lesão renal significativa; d) Os 
esquemas de tratamento profilático geralmente são bem tolerados e apresentam poucos 
efeitos adversos; e e) A cirurgia para correção do RVU apresenta baixa morbidade e alto 
índice de sucesso. 
 
 
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LEITURA RECOMENDADA 
 
Bell LE, Mattoo TK. Update on childhood urinary tract infection and vesicoureteral 
reflux. Semin Nephrol. 2009 Jul;29(4):349-59 
Hensle TW, Grogg AL. Vesicoureteral reflux treatment: the past, present, and future. 
Curr Med Res Opin. 2007 Sep;23 Suppl 4:S1-5 
Hodges SJ, Werle D, McLorie G, Atala A. Megaureter. ScientificWorldJournal. 2010 
Apr 13;10:603-12 
Thomas DF. Prenatally diagnosed urinary tract abnormalities: long-term outcome. 
Semin Fetal Neonatal Med. 2008 Jun;13(3):189-95 
Trellu M, Adra AL, Mouba JF, Lopez C, Averous M, Galifer RB, Dalla-Vale F, Ichay 
L, Morin D. Posterior urethral valves: prenatal diagnosis, neonatal data and outcome. 
Arch Pediatr. 2009 May;16(5):417-25 
 
 
 
 
 
 
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TRAUMA UROLÓGICO 
 
 
Adriano Almeida Calado 
Luiz Henrique Carvalho Simões de Melo 
Marília M. S. Paiva Santos 
 
Trauma Renal 
Etiologia 
 Aproximadamente 10% das vítimas de trauma atendidas em emergências 
apresentam lesão do trato geniturinário (TGU). O rim é o órgão do TGU mais 
acometido nesses casos. 
Os traumatismos contusos do abdômen (acidentes de trânsito, agressões, esportes de 
contato, quedas) são responsáveis por 85% dos casos de trauma renal e os outros 15% 
cabem ao traumatismo penetrante de abdômen (ferimentos por projétil de arma de fogo 
ou por arma branca em região do flanco). Traumas tipo queda de altura e colisão entre 
veículos em alta velocidade mesmo que não apresentem trauma abdominal direto 
podem provocar traumatismo renal importante e até lesões vasculares graves do 
pedículo renal pelo mecanismo de rápida desaceleração. 
Classificação 
Tabela 1- Escala de gravidade da lesão renal no traumatismo da AAST 
Grau da 
lesão renal* tipo de lesão descrição da lesão 
Grau 1 Contusão hematúria micro, na maioria dos caso, ou macroscópica com exames de imagem normais 
 Hematoma hematoma subcapsular (contido pela cápsula renal íntegra) não expansível e sem laceração do parênquima renal 
Grau 2 Hematomahematoma perirrenal não expansível confinado ao retroperitônio, contido pela fáscia de Gerota (cápsula renal rompida) 
 Laceração laceração < 1cm no parênquima, sem lesão do sistema coletor 
Grau 3 Laceração laceração > 1cm na profundidade do parênquima renal, sem ruptura da via excretora 
Grau 4 Laceração laceração do parênquima renal com lesão do sistema coletor 
 Vascular lesão da artéria renal segmentar ou veia renal com hemorragia contida 
Grau 5 Laceração completa explosão renal ( fragmentação do rim ) 
 Vascular avulsão do hilo renal ou trombose da artéria renal principal 
AAST = Associação Americana para Cirurgia do Trauma 
* avançar um grau na classificação quando a lesão for bilateral até o grau 3. 
Quadro Clínico 
 Hematúria microscópica ou macroscópica após traumatismo abdominal é sinal 
de lesão do trato urinário. A hematúria está presente em 95% dos casos de trauma renal. 
Alguns casos de lesão dos vasos renais não apresentam hematúria. Em geral, esses casos 
estão associados a acidentes com desaceleração rápida e são indicação para exames de 
imagem. O grau de lesão renal não corresponde ao grau de hematúria. 
 Pode haver o achado de dor e equimose em região lombar; massa palpável em 
flanco; fratura de costelas inferiores, lesão penetrante em flanco, hipocôndrio ou região 
lombar; choque hipovolêmico por hemorragia retroperitoneal. 
Exames de Imagem 
 Pacientes com ferimento penetrante de flanco ou dorso e todos os pacientes 
com hematúria (macro ou microscópica) e choque hipovolêmico (PAS<90mmHg), em 
qualquer tempo do atendimento e evolução devem ser submetidos a exames de imagem. 
Pacientes com hematúria microscópica, mas não em choque, não precisam de exames de 
imagem. Porém, se o exame físico ou as lesões associadas levantarem suspeita de lesão 
renal, deve-se proceder um estudo de imagem renal, especialmente naqueles pacientes 
com traumatismo por desaceleração rápida e que podem ter sofrido lesão renal sem 
hematúria. 
 
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 Estudos de imagem apropriados ajudam a definir a extensão da lesão renal, a 
função do rim contralateral e orientam o tratamento. O melhor exame radiográfico para 
detecção e estadiamento da lesão renal é a Tomografia Axial Computadorizada com 
contraste (TAC c/c). A TAC c/c demonstra lacerações do parênquima renal, extensão de 
hematomas, extravasamento urinário, tecido renal inviável e delineia lesões a outros 
órgãos. Se não houver possibilidade de realizar TAC c/c (indisponibilidade no serviço 
ou pacientes hemodinamicamente instáveis), pode-se fazer uma Urografia Excretora 
(UGE). Hoje em dia, com a facilidade no acesso a TAC, a principal indicação para a 
UGE é durante a exploração abdominal de urgência, em que é realizada uma única 
radiografia aos 10 min. após a injeção venosa do contraste (2ml/Kg). Quando os estudos 
prévios falham e deixam dúvida quanto a lesão vascular importante: trombose arterial e 
avulsão do pedículo renal (lesões prováveis quando o rim não pode ser visto nos estudos 
de imagem), a arteriografia define e pode tratar essas lesões arteriais. 
Tratamento 
 Os objetivos do tratamento inicial envolvem o controle da hemorragia e do 
choque, com ressuscitação volêmica se necessário, seguindo os princípios do ATLS. 
 Pequenas lesões renais (grau I e II) causadas por traumatismo contuso 
representam 90% dos casos e quase sempre essas lesões dispensam operação. O 
sangramento cessa espontaneamente com medidas de suporte (vigilância 
hemodinâmica, repouso no leito até resolução da hematúria macroscópica, 
hemotransfusão se queda da hematimetria ou da pressão sanguínea e TAC c/c a 
intervalos regulares). 
Sangramento retroperitoneal persistente com instabilidade hemodinâmica refratária, 
hematúria macroscópica significativa, extravasamento urinário volumoso, evidencia de 
parênquima renal inviável e lesões de pedículo renal, ou seja, lesões graus IV e V (<5% 
de todas as lesões renais) podem requerer operação (desbridamento, hemostasia, reparo 
do sistema coletor, renorrafia, nefrectomia parcial, nefrectomia total). 
Sangramentos renais tardios acontecem após 3 semanas, sendo o tratamento inicial a 
internação hospitalar, o repouso no leito e a hidratação. Observa-se resolução 
espontânea em 50% desses casos. Nos casos de persistência do sangramento, indica-se a 
arteriografia diagnóstica e terapêutica e por fim, se não houver resolução, a intervenção 
cirúrgica está indicada. 
As lesões renais penetrantes devem ser abordadas cirurgicamente. Em 80% dos casos de 
traumatismo penetrante do rim há lesões de outras vísceras abdominais, o que torna 
necessária a operação do paciente. Uma rara exceção a regra é quando o estadiamento 
por imagem mostra unicamente uma leve lesão parenquimatosa, sem estravasamento 
urinário e sem qualquer indício clínico ou por imagem de lesão de outros órgãos. 
 
 
Esquema que está na página 19 da versão preliminar feita pela EDUPE 
 
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Trauma Ureteral 
Etiologia 
A lesão ureteral é rara. As principais causas são ferimentos por arma de fogo e lesões 
iatrogênicas (ureterolitotripsia e cirurgias pélvicas – Histerectomia é responsável por 
mais de 50% das lesões iatrogênicas de ureter). A ruptura da JUP por trauma abdominal 
com desaceleração brusca é rara e pode passar despercebida no intra-operatório, já que a 
hematúria não é comum e é uma lesão de difícil palpação. Nesses casos recomenda-se a 
TAC c/c nos pacientes estáveis ou a UGE de incidência única (10 min após a 
administração do contraste EV) nos pacientes instáveis. 
Quadro Clínico 
 Os sintomas e sinais da lesão ureteral aguda são frustros, sendo necessário um 
alto índice de suspeição para se fazer o diagnóstico. Pode ocorrer febre e lombalgia de 
leve a forte intensidade, extravasamento urinário com formação de urinoma ou ascite 
urinária, fístula uretero-cutânea ou uretero-vaginal. 
Exames de Imagem 
 O diagnóstico é estabelecido por TAC, UGE e Pieolografia ascendente. Esses 
exames podem demostrar hidronefrose, estenose ureteral e estravazamento do meio de 
contraste no local da lesão. Nos casos suspeitos, a USG pode ser usada como exame de 
triagem na procura de coleções urinárias. 
 Na presença de fístulas, a dosagem de creatinina e/ou potássio pode diferenciar 
de outras secreções no diagnóstico. 
Tratamento 
 O reparo imediato das lesões ureterais é o ideal. A melhor oportunidade para 
uma correção bem sucedida é na sala de cirurgia, na ocasião em que a lesão ocorreu. Se 
a lesão for identificada até 10 dias depois do evento e o paciente não estiver com 
infecção, abscesso ou outras complicações, há indicação de reabordagem imediata para 
reparo da lesão. Se a lesão for identificada depois de 10 dias, ou se o paciente apresentar 
complicações significativas que tornem a reconstrução imediata inadequada, deverá ser 
considerada a realização de drenagem urinária por 3 meses (nefrostomia percutânea ou 
JJ) para se esperar a melhora do processo inflamatório local e só então intervir com 
melhores condições de sucesso. 
 O tratamento definitivo das lesões ureterais encontra-se diretamente 
relacionado à sua topografia e extensão. Lesões puntiformes, angulações ureterais etransecções parciais do ureter podem ser conduzidas apenas com cateter ureteral por 
tempo prolongado (duplo J). Esse tratamento pode ser definitivo para alguns pacientes e 
outros podem requerer tratamento complementar. 
 As lesões no terço inferior do ureter permitem várias opções de tratamento. O 
procedimento de escolha é um reimplante uretero-vesical com técnica anti-refluxo. 
Pode-se também tentar uma uretero-ureteroanastomose quando os cotos ureterais forem 
suficientemente longos. Nos casos em que o ureter se revelar mais curto é possível 
utilizar a técnica da bexiga psóica (bexiga elevada por fixação ao músculo psoas) e/ou 
um retalho de bexiga a Boari (retalho tubular da bexiga para receber o ureter). 
 Em geral, as lesões no terço médio do ureter decorrem de violência externa e 
são melhores reparadas por uretero-ureteroanastomose primária. 
 As lesões do terço superior do ureter são reparadas de forma mais adequada por 
uretero-ureteroanastomose. Se tiver ocorrido uma extensa destruição do ureter, é 
factível a substituição intestinal do ureter, a transuretero-ureteroanastomose ou o auto-
transplante renal. 
 Após o reparo da lesão ureteral, muitas uretero-ureteroanastomoses devem 
receber um cateter JJ que é retirado por cistoscopia 3 a 4 semanas após. 
 
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Página 25 
Esquema que está na página 22 da versão preliminar feita pela EDUPE 
 
Trauma Vesical 
Etiologia 
 Lesões vesicais ocorrem mais frequentemente por forças externas. 
Traumatismo penetrante em hipogástrioperfuração vesical. Traumatismo 
contusofratura de baciaperfuração vesical extra-peritoneal por espículas ósseas. 
Traumatismo contuso com bexiga repletaperfuração da cúpula vesical, intra-
peritoneal. 
 Lesões iatrogênicas podem ser decorrentes de procedimentos ginecológicos e 
de outros procedimentos pélvicos, bem como de reparo de hérnias e operações 
transuretrais. 
Quadro Clínico 
 História de lesão contusa no andar inferior do abdômen, dor em hipogástrio, 
incapacidade de urinar em geral, hematúria macroscópica em mais de 95% dos casos 
que conseguem micção. No exame de toque retal, os pontos de referência poderão não 
estar claros, devido a um importante hematoma pélvico. Sinais tardios de peritonite 
surgem nos casos de ruptura vesical intra-peritoneal. 
Exames de Imagem 
 O diagnóstico é feito através da cistografia simples (instilação vesical de 300 a 
400 ml de solução contrastada hidrossolúvel associada a uma seqüência de raio-x) ou da 
cistotomografia (TAC com contraste endovenoso e intravesical).1,4 A UGE e a TAC c/c 
podem ser utilizadas ao invés da cistografia caso haja contra-indicação a sondagem 
vesical por lesão uretral. Vale lembrar que a injeção de contraste endovenoso e o 
simples clampeamento da SVD sem injeção do contraste intra-vesical resulta em um 
número elevado de exames falso-negativos. 
Tratamento 
 Nos casos de contusão vesical sem hematúria intensa, não há necessidade de 
qualquer tratamento. Caso haja hematúria intensa, uma SVD 3 vias é passada e deixada 
em irrigação contínua até cessação da hematúria, quando é retirada. 
Os casos de ruptura vesical extra-peritoneal (60% dos casos) podem ser tratados apenas 
com drenagem vesical por SVD por 10 dias. A remoção da SVD deve ser feita somente 
após cistografia de controle que não demonstre extravasamento de contraste.4 Grandes 
coágulos na bexiga, espículas ósseas intra-vesicais ou lesões envolvendo o colo vesical 
precisam ser tratados cirurgicamente (abertura longitudinal da bexiga e rafia das lesões 
pelo lado de dentro e com fio absorvível). 
 Os casos de ruptura intra-peritoneal (30% dos casos) devem ser tratados 
cirurgicamente por meio de um acesso transperitoneal. 
 
 
Esquema que está na página 24 da versão preliminar feita pela EDUPE 
 
Trauma Uretral 
Etiologia 
 As lesões uretrais são raras e acontecem mais nos homens do que nas mulheres. 
Pode haver contusão, laceração ou transecção ao longo da uretra. A uretra masculina 
pode ser dividida em uretra anterior (peniana e bulbar) e posterior (membranosa e 
prostática). 
As lesões uretrais posteriores estão relacionadas a fraturas pélvicas por traumatismo 
contuso. A uretra membranosa sofre cisalhamento do ápice prostático na junção 
 
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Página 26 
prostatomembranosa, podendo ocorrer transecção da uretra. Pode ocorrer ainda lesão 
por espículas ósseas. 
As lesões uretrais anteriores estão relacionadas a quedas à cavaleiro (queda com as 
pernas abertas sobre uma superfície rígida que leva a compressão da uretra bulbar 
contra o arco púbico, podendo ocasionar contusão ou laceração da uretra) 
Quadro clínico 
 Isoladamente, sangue no meato uretral é o sinal mais preditivo de lesão uretral. 
Pode ocorrer dificuldade e até incapacidade de urinar. 
Nos casos de lesão em uretra posterior, os pacientes podem se queixar de dor em 
hipogástrio e o exame de toque retal pode mostrar um grande hematoma pélvico, com a 
próstata deslocada superiormente. Não acontece deslocamento superior da próstata se os 
ligamentos puboprostáticos permenecerem intactos e/ou se a ruptura da uretra 
membranosa for apenas parcial. 
Nos casos de lesão em uretra anterior pode haver dor e hematoma perineal. O exame 
retal indica uma próstata em posição normal. 
Exames de Imagem 
 A existência de uretrorragia indica a necessidade imediata de uretrografia, a 
fim de estabelecer o diagnóstico. Um uretrograma com 30 ml de solução contrastada 
demostrará o local de extravasamento. Não se deve introduzir uretrocistoscópio ou SVD 
nem deixar o paciente urinar antes da uretrografia, pois a introdução de SVD pode 
transformar uma ruptura parcial em uma completa e a micção em casos de rupturas 
parciais ou completas leva a extravasamento urinário com risco de infecção. Se o 
paciente estiver com a bexiga repleta e grande desejo miccional pode-se fazer uma 
cistocentese de alívio. 
Tratamento 
 Nos casos de contusão, não há extravasamento na uretrografia e esses pacientes 
podem urinar espontaneamente e serem tratados apenas com a SVD se persistirem com 
uretrorragia. 
 Nos casos de ruptura parcial (extravasamento menor e com parte do contraste 
prosseguindo até a bexiga) e nos casos de ruptura total (extravasamento maior e sem 
qualquer progressão do contraste para a bexiga), o tratamento inicial consiste na 
cistostomia suprapúbica para permitir a drenagem de urinária e aguardar correção 
futura. As complicações tipo estenose uretral (também impotência e incontinência em 
casos de lesão uretral posterior) são significativamente maiores nas tentativas de reparo 
cirúrgico imediato do que quando realizada a cistostomia suprapúbica e adiamento da 
correção. 
Nas lacerações parciais, a cura é espontânea. Espera-se 2 a 3 semanas com cistostomia e 
realiza-se uma nova uretrografia retrógrada e miccional que se não demonstrar 
extravasamento urinário, indica a remoção da cistostomia. 
Nas lacerações completas, espera-se 2 a 3 meses com cistostomia e procede-se a estudo 
com uretrografia retrógrada e miccional para determinar o comprimento exato da 
constricção uretral resultante e, então, determinar o procedimento de correção cirúrgica 
(ressecção da área de constricção uretral + anastomose uretral término-terminal para 
aquelas lesões de até

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