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Prof. Milton Julio Faccin Conceitos de Semiótica e Comunicação Comunicação É possível não comunicar? Cada objeto, cada pessoa, cada elemento natural ou artificial de nossa paisagem, cada força ou organização “comunicam- se” continuamente. O que é comunicar? Comunicação é um processo que envolve a troca de informações através de sistemas simbólicos (linguagens e canal). É apresentar-se ao mundo, ter um aspecto que é interpretado. Estão envolvidos neste processo uma infinidade de maneiras de se comunicar: duas pessoas tendo uma conversa face a face, ou através de gestos com as mãos, mensagens enviadas pelas redes sociais, a fala, a escrita etc. Conceituando a comunicação Comunicação não é apenas transporte de informações, é fundamentalmente uma relação entre uma pessoa que procura de alguma forma um encontro com alguém, que por sua vez é procurado. Esta relação é estabelecida por um meio – a mensagem – que se torna, então, um meio de entrar em relação, ocorrida em um tempo (contexto) e um espaço (canal). Daí que também a comunicação é um ato, uma ação; uma ação que relaciona indivíduos que se relacionam. Assim, a produção de sentido está nesta relação. Protocolos da comunicação O ato de comunicação é regido por alguns protocolos, a saber: - LUGAR DE FALA - RITUAL COMUNICATIVO - CAPACIDADE DE RECONHECIMENTO - CONTEXTO - LINGUAGEM Este último interessa sobremaneira à Ciência Semiótica, ou seja, as teorias semióticas recaem sobre as formas comunicativas regidas e originadas por diferentes linguagens. Protocolos da comunicação LUGAR DE FALA Emissor e receptor – define os posicionamentos da relação. Protocolos da comunicação RITUAL Procedimentos a serem respeitados na relação, dado através dos contratos comunicacionais. Protocolos da comunicação CONTEXTO Conjunto de circunstâncias em que se produz a mensagem (lugar e tempo) e que permite a sua correta compreensão. Protocolos da comunicação CAPACIDADE DE RECONHECIMENTO Lembranças e associações oriundas do imaginário coletivo (cultura). Todas as coisas do mundo têm sentido para nós enquanto membros de um mesmo grupo cultural. Protocolos da comunicação LINGUAGEM Determina a codificação da mensagem, formando uma narrativa que elimina as surpresas na relação. Resumindo ... Para a Semiótica, o ato de comunicar é a materialização das ideias (pensamentos e sentimentos) em signos conhecidos pelos indivíduos envolvidos, codificados por meio das linguagens disponíveis culturalmente. Quais são os elementos da comunicação? Partindo de um exemplo ... Texto A Caro Jorge, Amanhã não poderei ir à aula. Por favor, avise o professor que entregarei o trabalho na semana que vem. Joaquim. Texto B Nos dois exemplos de comunicação, podemos perceber que uma pessoa (o emissor) escreveu alguma coisa a outra ou outras (o destinatário), dando uma informação (a mensagem). Para isso precisou de papel ou da tela do computador (canal), transformou o que tinha a dizer em um código, (a língua - no texto A, a língua portuguesa; no texto B, a língua russa). Além disso, o emissor, precisou selecionar um conjunto de códigos - no caos, as palavras - (codificação) da linguagem escolhida. Partindo de um exemplo ... Pelo ato, a comunicação torna-se um processo que envolve: EMISSOR codificação RECEPTOR decodificaçãocanal mensagem Elemento da comunicação Elementos de Comunicação Emissor ou destinador: alguém que emite a mensagem. Pode ser uma pessoa, um grupo, uma empresa, uma instituição. Receptor ou destinatário: a quem se destina a mensagem. Pode ser uma pessoa, um grupo ou mesmo um animal, como um cão, por exemplo. Código: a maneira pela qual a mensagem se organiza. O código é formado por um conjunto de sinais, organizados de acordo com determinadas regras, em que cada um dos elementos tem significado em relação com os demais. Pode ser a língua, oral ou escrita, gestos, código Morse, sons etc. O código deve ser de conhecimento de ambos os envolvidos: emissor e destinatário. Canal de comunicação: meio físico ou virtual, que assegura a circulação da mensagem, por exemplo, ondas sonoras, no caso da voz. O canal deve garantir o contato entre emissor e receptor. Mensagem: é o objeto da comunicação, é constituída pelo conteúdo das informações transmitidas. Decifrando ... • Codificação: É feita pelo emissor. Ou seja, a parte que envia a mensagem escolhe um determinado código (verbal ou não verbal) para dar forma à mensagem desejada. • Decodificação: É feita pelo receptor. É o ato de cruzar o código da mensagem enviada com o repertório do receptor para compreender a mensagem. E a linguagem? Linguagem é o sistema que fornece os CÓDIGOS, através do qual o homem comunica suas ideias e sentimentos, seja através da fala, da escrita ou de outros signos convencionais, como os sonoros, gráficos, gestuais etc. Portanto, a LINGUAGEM organiza a codificação, e esta será sempre um ato de seleção, de escolha a partir das diferentes possibilitadas oferecidas pelo repertório da linguagem. Assim, LINGUAGEM é construção de certa representação da realidade. O que é Semiótica? No belíssimo romance de ficção científica Um Canto Para Leibowitz, os monges de uma ordem religiosa copiam fielmente e conservam os escritos científicos que sobraram depois de uma guerra atômica que devastou o planeta Terra. Mas os copistas do legado científico não sabem o que estão copiando. Não entendem os complicados gráficos, as fórmulas e, mesmo, os textos que reproduzem. Eles apenas evitam a perda da informação que sobrou dos velhos tempos. Mas, um dia, surge um gênio que lê e entende a documentação científica reproduzida pelos monges de São Leibowitz. E, com isso, volta a ameaça à vida na Terra. O conhecimento de como fabricar bombas atômicas é recuperado e produz a última guerra do nosso planeta... Pra começo de conversa ... No cenário desta história de ficção, vemos claramente que livros são armazéns de informação, não de conhecimento. Conhecimento exige a atividade de alguém capaz de dar sentido aos símbolos copiados pelos monges. Em outras palavras, conhecimento é sempre atividade de agentes capazes de representar o mundo, a experiência etc. É a dimensão subjetiva do saber. Saber é a capacidade de articulações entre conhecimento e informação. Para a Semiótica, informação, conhecimento e saber são importantes INFORMAÇÃO (aquilo que está armazenado em algum lugar) SABER (vem da cultura, que possibilita o reconhecimento dos códigos da linguagem e dos signos das mensagens) CONHECIMENTO (a interpretação que damos às coisas, sentimentos e ações do mundo; fruto da produção de sentido da mensagem) Informação, Saber e Conhecimento E a Semiótica? Palavra proveniente da raiz grega Semeiotikos, que significa interprete de sinais. Os sinais são vitais para a existência humana porque estão presentes na base de todas as formas de comunicação. Signo deriva da palavra grega σημε ον (sēmeion) havendo, desde a ῖ antiguidade, uma disciplina médica chamada de "semiologia". Foi usada pela primeira vez em Inglês por Henry Stubbes (1670), em um sentido muito preciso, para indicar o ramo da ciência médica dedicado ao estudo da interpretação de sinais. Origem etimológica Semiótica é a ciência geral dos signos e da semiose que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas signicos, isto é, sistemas de significação. Ciências que estuda todas as linguagens possíveis como fenômenos de produção de sentido no processo comunicacional. (SANTAELLA, 2001) O que é, afinal, Semiótica? Semiótica na História A semiótica propriamente dita teve seu início com filósofos como o inglês John Locke (1632-1704) que, no seu Essay on human understanding, de 1690, postulou uma "doutrina dos signos"com o nome de Semeiotiké. Semiótica na História "O nome semiótica vem da raiz grega semeion, que quer dizer signo." A ciência é relativamente nova e teve como maiores expoentes o americano Charles S. Peirce e o suíço Ferdinand de Saussure. Os problemas concernentes à semiótica, também chamada semiologia (apesar de muitos teóricos diferenciarem os dois termos), podem retroceder a pensadores como Platão e Santo Agostinho, por exemplo. Somente no início do século XX com os trabalhos paralelos de Ferdinand de Saussure e C. S. Peirce, começa a adquirir estatuto de ciência e autonomia. Semiótica na História A semiótica medieval desenvolveu-se no âmbito da teologia e do trívio das artes liberais (gramática, retórica e dialética). No séc XIX, "símbolos e imagem são as noções centrais da semiótica". Vemos o emergir das teorias moderna de significado, sentido e referência da semântica lingüística e o início do questionamento científico da linguagem. O período moderno (século XX) é inaugurado por Edmund Husserl (1859-1938) com a sua teoria fenomenológica dos signos e significados, mas não obstante, na história da semiótica moderna, Charles Sanders Peirce (1839-1914) é visto como uma das maiores figuras deste período, o fundador da teoria moderna dos signos. A semiótica surge simultaneamente em três paises, entre o final do século XIX e inicio do século XX: Estados Unidos, com Charles Sanders Peirce, Rússia, com Viesse-Iovski França e Suíça (Europa Ociedental), com Ferdinand de Saussure Semiótica na História Semiótica fenomenológica (Peirce) Foco de atenção: signos das linguagens não-verbais Semiótica estruturalista (Saussure; Lévi-Strauss; Barthes; Greimas) Foco de atenção: signos das linguagens verbais Semiótica russa ou semiótica da cultura (Viesse-Iovski Jakobson; Hjelmslev; Lotman) Foco de atenção: linguagem, literatura e outros fenômenos culturais, mito e religião. Vertentes da Semiótica A Semiótica de Peirce Segundo Peirce, a Semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno de produção de significação e de sentido; "é a ciência dos signos e dos processos significativos (semiose) na natureza e na cultura." A Semiótica, como teoria geral dos signos, tem a sua etimologia do "grego semeîon, que significa ‘signo’, e sêma, que pode ser traduzido por ‘sinal’ ou ‘signo’." A Semiótica de Peirce Para Peirce, a palavra signo será usada para denotar um objeto perceptível, ou apenas imaginável, ou mesmo inatingível num certo sentido. Para que algo possa ser um signo esse algo deve representar, como costumamos dizer, alguma outra coisa, chamada seu objeto apesar de ser talvez arbitrária a condição a qual um signo deve ser algo distinto de seu objeto, dado que, se insistirmos nesse ponto, devemos abrir uma exceção para o caso em que o signo é parte de um signo. "Defino um Signo como qualquer coisa que, de um lado, é assim determinada por um Objeto e, de outro, assim determina uma idéia na mente de uma pessoa, esta última determinação, que denomino o Interpretante do signo, é, desse modo, mediatamente determinada por aquele Objeto. Um signo, assim, tem uma relação triádica com seu Objeto e com seu Interpretante . A Semiologia de Saussure Ferdinand de Saussure (1857 - 1913) - Lingüista suíço, fundador da análise estruturalista. Criou muitos desenvolvimentos da linguística no século XX. Filho de um eminente naturalista, foi logo introduzido aos estudos lingüísticos por um filólogo e amigo da família, Adolphe Pictet. Saussure estudou Física e Química, mas continuou fazendo cursos de gramática grega e latina. Por fim, convenceu-se que sua carreira estava nos estudos da linguagem e ingressou na Sociedade Lingüística de Paris. Estudou línguas européias em Leipzig e aos vinte e um anos publicou uma dissertação sobre o primitivo sistema das vogais nas línguas indo-européias, a qual foi muito bem aceita. Retornou à Genebra, onde lecionou sânscrito e lingüística histórica em geral. Em 1906 foi encarregado de ensinar Lingüística Geral, e com isso realizou conferências, a partir das quais seus discípulos elaboraram o Cours, em 1913, após sua morte. A Semiologia de Saussure "Um signo é a unidade básica da língua. Toda língua é um sistema completo de signos. A fala (parole em francês; speech em inglês) é uma manifestação externa da língua." Ele também fez importante distinção entre as relações sintáticas e as relações paradigmáticas que existem em qualquer texto. Sua definição de signo como uma entidade de dupla face (signifiant e signifié) antecipou e determinou todas as definições posteriores da função sígnica. Na medida em que a relação entre significante e significado se estabelece com base em um sistema de regras (a língua), a semiologia saussureana pareceria uma rigorosa semiologia da significação. Saussurre jamais definiu claramente o significado, deixando-o a meio caminho entre imagem mental, um conceito e uma realidade psicológica não circunscrita diversamente. Para pensar • O real não existe fora do sentido. • O real é uma construção da linguagem. Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37
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