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Estágio Supervisionado III Gerenciamento em Exploração de Impacto Reduzido Parceria: DISCENTES: Dionízia Moura Amorim Loirena do Carmo Moura Sousa Nágilla Gabriella Barbosa Euzébio Nayra Glaís Pereira Trindade Thaynara Viana Cavalcante Altamira – Pará 2013 Relatório – Estágio Supervisionado III 2 Dionízia Moura Amorim Loirena do Carmo Moura Sousa Nágilla Gabriella Barbosa Euzébio Nayra Glaís Pereira Trindade Thaynara Viana Cavalcante RELATÓRIO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO III: GERENCIAMENTO DA EXPLORAÇÃO DE IMPACTO REDUZIDO Relatório apresentado à disciplina de Estágio Supervisionado III, Faculdade de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Pará – UFPA/Campus Altamira. Coordenadores: Alessandra Doce e Vinícius Paraense. Altamira – PA 2013 Relatório – Estágio Supervisionado III 3 A Deus, por ter nos iluminado e abençoado. À Faculdade de Engenharia Florestal por nos proporcionar esse estágio, especialmente à diretoria da Faculdade, Dra. Sandra Silva e Dr. Alisson Reis, pelos esforços dispensados para que o estágio se tornasse possível. A família Instituto Floresta Tropical - IFT pela competência, atenção, paciência e dedicação dispensados para realização do estágio, nos dando mais confiança ao desempenhar as atividades aprendidas em nossa vida profissional. Nossos sinceros agradecimentos a todos os funcionários do IFT que nos acompanharam durante o período em que estivemos no Centro de Treinamentos Roberto Bauch e nos repassaram vossas experiências, e a todos que direto ou indiretamente colaboraram com a nossa formação acadêmica e não mediram esforços para o sucesso desse pequeno período de aprendizagem, que não seria possível sem a colaboração e empenho de todos. Em especial, aos cozinheiros José Roberto Carvalho e Sandoval Silva Cordeiro (Sam), pelas delícias preparadas com todo carinho; Ao coordenador operacional Eng. Florestal Paulo Bittencourt; Aos técnicos florestais e agrícolas João Adriano Lima, André Miranda (Dodô), Rone Parente, Marlei Nogueira e César Pinheiro; Ao motorista Afonso Antônio de Almeida Neto; Aos operadores instrutores Lindomar, Arivaldo Souza e Adalberto Ramos (Roxinho); Aos operadores de máquinas pesadas Janilson Barbosa (Mamoré), Manoel e Paulo Costa (Rincon) e Ao operador de skidder Laércio. A Luiza Petri, por nos acompanhar nessa missão e pela gentileza em repassar seus conhecimentos e esclarecer nossas dúvidas durante o período de realização do estágio. Relatório – Estágio Supervisionado III 4 “A natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as suas folhas.” Johann Goethe Relatório – Estágio Supervisionado III 5 1. APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................... 11 2. HISTÓRICO E ATUAÇÃO DO IFT ........................................................................................ 12 3. MODELOS DE EXPLORAÇÃO ............................................................................................... 13 4. EXPLORAÇÃO CONVENCIONAL.......................................................................................... 14 5. EXPLORAÇÃO TRADICIONAL ............................................................................................. 17 5.1. EXTRAÇÃO DE PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS ................................... 18 5.2. EXTRAÇÃO DE PRODUTOS FLORESTAIS MADEIREIROS ............................................. 20 5.2.1. Tipo de Transporte ............................................................................................................ 20 5.2.2. Métodos de beneficiamento da madeira.................................................................... 22 6. EXPLORAÇÃO DE IMPACTO REDUZIDO ......................................................................... 24 6.1. LEGISLAÇÃO FLORESTAL ........................................................................................................ 24 6.2. SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO ..................................................................................... 26 6.3. MACROPLANEJAMENTO ............................................................................................................... 28 6.4. MICROPLANEJAMENTO ................................................................................................................. 30 6.5. ATIVIDADES PRÉ-EXPLORATÓRIAS ......................................................................................... 30 6.5.1. Delimitação da UPA ................................................................................................................. 30 6.5.2. Inventário Florestal 100 % ................................................................................................... 31 6.5.3. Corte de cipós ............................................................................................................................ 33 6.5.4. Microzoneamento .................................................................................................................... 35 6.5.5. Processamento de Dados (Arc View) ............................................................................... 35 6.5.6. Instalação de Parcela Permanente .................................................................................... 36 6.5.7. Construção de Infraestrutura .............................................................................................. 38 6.5.7.1. Acampamento .................................................................................................................... 38 6.5.7.1. Planejamento Viário ........................................................................................................ 41 6.5.7.2. Estradas Permanentes ou Primárias ........................................................................ 42 6.5.7.3. Estradas Secundárias ...................................................................................................... 42 6.5.7.4. Número e Tamanho das Estradas .............................................................................. 42 6.5.7.5. Metodologia Aplicada para a Construção ............................................................... 43 Relatório – Estágio Supervisionado III 6 6.5.7.6. Pátios de Estocagem ........................................................................................................ 44 6.5.7.7. Bueiros ................................................................................................................................. 46 6.5.7.8. Pontes ................................................................................................................................... 47 6.5.8. Sinalização da AMF .................................................................................................................. 48 6.6. ATIVIDADE EXPLORATÓRIA ........................................................................................................ 48 6.6.1. Seleção das espécies ................................................................................................................ 48 6.6.2. Exploração (corte e traçamento) ....................................................................................... 49 6.6.3. Planejamento e Construção de Ramais de Arraste ..................................................... 54 6.6.4. Romaneio ..................................................................................................................................... 56 6.6.5. Carregamento, transporte e descarregamento............................................................. 57 6.6.6. Procedimentos de controle da origem da madeira..................................................... 58 6.7. ATIVIDADES PÓS-EXPLORATÓRIAS ......................................................................................... 60 6.7.1. Tratamentos Silviculturais ................................................................................................... 60 6.7.2. Enriquecimento Florestal ..................................................................................................... 60 6.7.2.1. Enriquecimento em áreas de cipó ............................................................................. 60 6.7.2.2. Enriquecimento em áreas de clareiras .................................................................... 61 6.7.3. Desbaste ....................................................................................................................................... 62 6.7.4. Anelamento................................................................................................................................. 64 6.7.5. Medição de Parcelas Permanentes .................................................................................... 65 6.7.6. Avaliação de Danos/Desperdício ....................................................................................... 67 6.7.7. Manutenção da Infraestrutura ............................................................................................ 72 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 73 8. LITERATURA CITADA ........................................................................................................... 73 Relatório – Estágio Supervisionado III 7 Figura 1 – Placa de identificação do Centro de Manejo Florestal Roberto Bauch. 12 Figura 2 – Participantes do curso de Gerenciamento em Manejo Florestal de Impacto Reduzido............................................................................................................. ................. 12 Figura 3 - Abertura de clareiras pela Exploração Convencional.................................. 15 Figura 4 - Madeiras abandonadas no sistema de Exploração Convencional........... 15 Figura 5 - Madeiras abandonadas no sistema de Exploração Convencional........... 16 Figura 6 - Corte tipo “mesa” realizada na Exploração Convencional.......................... 16 Figura 7 – Método de extração do óleo da copaíba............................................................ 20 Figura 8 – Trado utilizado para a extração do óleo da copaíba..................................... 20 Figura 9 – Estivas de madeira...................................................................................................... 21 Figura 10 – Colocação de óleo queimado no suporte que irá conduzir a tora........ 21 Figura 11 – Colocação da tora sobre o suporte.................................................................... 21 Figura 12 – Amarração da tora no suporte com cipós...................................................... 21 Figura 13 – Deslocamento da tora sob as estivas................................................................ 22 Figura 14 – Deslocamento da tora sob as estivas................................................................ 22 Figura 15 – Utilização do serrotão para o beneficiamento da madeira..................... 23 Figura 16 – Utilização do serrotão para o beneficiamento da madeira..................... 23 Figura 17 – Utilização da faca para retirar cavacos de madeira................................... 23 Figura 18 – Telhado feito com cavacos de madeira........................................................... 23 Figura 19 – Georreferenciamento da área...................................................................................... 29 Figura 20– Macroplanejamento da área de manejo florestal.................................................. 29 Figura 21 – Utilização da bússola para abertura da trilha de orientação................................ 31 Figura 22 – Demarcação da UPA............................................................................................................... 31 Figura 23 – Esquema de materialização das faixas, e sentido do levantamento de campo.................................................................................................................................................................... 33 Figura 24 – Coleta de dados durante o Inventário Florestal......................................................... 33 Figura 25 – (A) e (B) Microzoneamento da área................................................................................ 35 Figura 26 – Modelo esquemático de demarcação de parcelas permanentes.......... 37 Figura 27 - Esquema de uma parcela permanente de monitoramento............................ 38 Figura 28 – (A) e (B) Estradas Florestais................................................................................ 41 Figura 29 – Planejamento de estrada secundária............................................................... 44 Figura 30 – Planejamento de um pátio no campo............................................................... 45 Figura 31 – Quebra e raspagem do material vegetal para as extremidades do pátio.......................................................................................................................................................... 46 Figura 32 – Bueiro....................................................................................................................... .... 47 Figura 33 – Ponte.............................................................................................................................. 47 Figura 34 – (A) e (B) Análise das árvores selecionadas para corte............................. 49 Figura 35 – (A) e (B) Teste do oco............................................................................................. 50 Figura 36 – (A) e (B) Limpeza do tronco da árvore e abertura das rotas de fuga 51 Figura 37 – (A) e (B) Corte direcional...................................................................................... 52 Relatório – Estágio Supervisionado III 8 Figura 38 – (A) e (B) Corte em escada..................................................................................... 52 Figura 39 – (A) e (B) Uso da cunha; (C) Corte do filete de abate; (D) Árvore explorada.................................................................................................................... ........................... 53 Figura 40 – (A) Recolocando a plaqueta de identificação; (B) Sinalização da direção da queda da árvore no mapa......................................................................................... 54 Figura 41 – (A) e (B) Sinalização do ramal de arraste no mapa................................... 55 Figura 42 – (A) e (B) Sinalização com fitas coloridas do ramal de arraste.............. 55 Figura 43 – (A) e (B) Arraste de torras com Skidder......................................................... 56 Figura 44 – (A) Romaneio das toras; (B) Sinalização das toras.................................... 56 Figura 45 – (A) e (B) Carregamento dos caminhões.......................................................... 57 Figura 46 – Árvore identificada no IF 100%......................................................................... 58 Figura 47 – Identificação da tora após o abate..................................................................... 58 Figura 48 – Sinalização das toras após o romaneio........................................................... 59 Figura 49 – (A) e (B) Enriquecimento em área de cipós.................................................. 61 Figura 50 – Área de clareira em que foi realizado plantio de enriquecimento...... 62 Figura 51 – Esquema de um desbaste sistemático.............................................................63 Figura 52 – Esquema de um desbaste seletivo..................................................................... 63 Figura 53 – (A) e (B) Anelamento realizado nas árvores................................................ 64 Figura 54 – (A) e (B) Mediça o do DAP das a rvores em parcelas permanentes...... 66 Figura 55 – Esquema de avaliação de danos na copa........................................................ 67 Figura 56 – Esquema de avaliação de danos no fuste....................................................... 68 Figura 57 – Esquema de avaliação da saúde da árvore.................................................... 68 Figura 58 – Esquema de tipos de corte.................................................................................... 69 Figura 59 – (A) Altura do toco; (B) Esquema de desperdícios durante o corte..... 69 Figura 60 – Tipos de desperdícios na tora............................................................................. 70 Figura 61 – Desperdícios na copa.............................................................................................. 70 Figura 62 – Desperdícios nos galhos........................................................................................ 71 Figura 63 – (A) e (B) Manutenção de Estradas.................................................................... 72 Relatório – Estágio Supervisionado III 9 AMF – Área de Manejo Florestal APP - Áreas de Preservação Permanente ARL - Área de Reserva Legal ART - Análise de Risco de Tarefa CAI - Comunicação de Acidentes e Incidentes CMFRB - Centro de Treinamento em Manejo Florestal Roberto Bauch CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente DAP - Diâmetro a Altura do Peito DDS - Diálogo Diário de Segurança DMC - Diâmetro Mínimo de Corte DOF - Documento de Origem Florestal EIR - Exploração de Impacto Reduzido EPI - Equipamento de Proteção Individual FFT - Fundação Floresta Tropical GE - Curso de Gerenciamento em Exploração de Impacto Reduzido GF - Guia Florestal IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IF - Inventário Florestal IFT - Instituto Floresta Tropical IN - Instrução Normativa IS - Inspeção de Segurança MMA - Ministério do Meio Ambiente MFC - Manejo Florestal Comunitário MFS - Manejo Florestal Sustentável NE - Norma de Execução NR - Norma Regulamentadora ONG - Organização não governamental OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público PFNM - Produtos Florestais Não Madeireiros Relatório – Estágio Supervisionado III 10 PMFS - Plano de Manejo Florestal Sustentável PPRA - Programa de Prevenção e Riscos Ambientais RS - Reunião de Segurança SEMA - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais SST - Segurança e Saúde no Trabalho TFF - Tropical Forest Foundation TS - Treinamento de Segurança UPA - Unidade de Produção Anual UT - Unidade de Trabalho Relatório – Estágio Supervisionado III 11 1. APRESENTAÇÃO Bioma Amazônia estende-se ao longo de nove países da América do Sul, por uma área de 6,4 milhões de quilômetros quadrados. Desse total, o Brasil abriga 63%, ou seja, 4 milhões de quilômetros quadrados. No Brasil, há dois conceitos de Amazônia: Bioma Amazônia e Amazônia Legal. O Bioma Amazônia, caracterizado pela cobertura florestal, possui aproximadamente 4 milhões de quilômetros quadrados, o que corresponde a 49% do território brasileiro. Sua área compreende os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima e parte dos territórios do Maranhão, Mato Grosso, Rondônia e Tocantins (PEREIRA et al., 2010). A floresta Amazônica apresenta uma alta biodiversidade, sendo, portanto, um ecossistema extremamente complexo e delicado. Sendo necessário manejá-la de forma correta para que não haja a perda biodiversidade, por ações antrópicas como o desmatamento e destruição de sítios arqueológicos, entre outras intervenções que vem ocorrendo intensamente na Amazônia. Para realização do manejo mais adequado deve haver planejamento das atividades a serem realizadas, pensando nisso, a partir da década de 1990 começou-se a serem implantados os Planos de Manejo Florestal Sustentável na Amazônia. De acordo com a Resolução do CONAMA nº 406, de 02 de Fevereiro de 2009, entende-se como Manejo Florestal Sustentável (MFS): [...] administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies. Portanto, uma floresta bem manejada continuará oferecendo suas riquezas para as gerações futuras, pois a madeira e seus outros produtos são recursos renováveis. Segundo Barroso et al. (2011), a exploração madeireira por meio do MFS tem sido sugerida como forma de conciliar a exploração e a conservação dos recursos naturais. Essa prática envolve basicamente o planejamento das atividades de corte, arraste e tratamentos silviculturais que causam diferentes tipos de impacto na floresta remanescente, no solo e na fauna, colocando em risco a sustentabilidade do processo. Nesse contexto, os discentes do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Pará, Campus Altamira, tiveram a oportunidade de realizar o curso de Gerenciamento em Exploração de Impacto Reduzido (GE), no período de 23 a 29 de O Relatório – Estágio Supervisionado III 12 setembro 2012, realizado no Centro de Treinamento em Manejo Florestal Roberto Bauch (CMFRB), localizado na Fazenda Cauaxi, no município de Paragominas – PA. O curso teve duração de uma semana, incluindo a apresentação de palestras e práticas de campo em todas as etapas do Manejo Florestal, além de visitas a experimentos e áreas demonstrativas conduzidas pelo IFT desde 1996. Foram mostradas áreas sob exploração convencional, o modelo tradicional e as atividades do Manejo Florestal de Impacto Reduzido (Fase pré-Exploratória, Exploratória e Pós- Exploratória). Assim, teve-se a oportunidade de acompanhar de perto o gerenciamento do Manejo Florestal Sustentável, cumprindo assim, o objetivo do Estágio Supervisionado III. 2. HISTÓRICO E ATUAÇÃO DO IFT O Instituto Floresta Tropical (IFT) surgiu a partir do trabalho da Fundação Floresta Tropical (FFT), criada em 1994, como subsidiária da ONG estadunidense Tropical Forest Foundation (TFF) no Brasil, inicialmente tinha por objetivo idealizar áreas demonstrativas em Manejo Florestal Sustentável e Exploração de Impacto Reduzido (MFS – EIR) na Amazônia Brasileira, contudo, a FFT percebeu que era ainda insuficiente a mão-de-obra qualificada para a implementação dessas práticas. Foi então que, em 1995, buscou apoio da Fundação Caterpillar para montar um programa de capacitação e treinamento em Manejo Florestal. Em 2006, o IFT foi reconhecido como uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) brasileira que promove o manejo florestal das florestas amazônicas através da educação, pesquisa e Figura 1 – Placa de identificação do Centro de Manejo Florestal Roberto Bauch. Figura 2 – Participantes do curso de Gerenciamento em Manejo Florestal de Impacto Reduzido. Relatório – Estágio Supervisionado III 13 extensão. É considerado um centro de excelência na disseminação e aprimoramento do Manejo Florestal na Amazônia, sendo reconhecido internacionalmente por sua missão: “Promover a adoção de boas práticas de manejo florestal, contribuindo para a conservação dos recursos naturais e a melhoria da qualidade de vida da população”. Dentre os vários programas que o IFT vem atuando, o Programa de Capacitação e Treinamento, é dinâmico, agradável, prático e adaptável. Em que, os cursos são formatados para acolher diferentes atores, desde trabalhadores da exploração florestal e operadoresde máquinas pesadas, até tomadores de decisão, agentes do governo, engenheiros, auditores, técnicos do nível médio e estudantes de Engenharia Florestal. Além disso, esse programa foi desenvolvido para incorporar as lições aprendidas, que incluem tanto as pesquisas aplicadas quanto os conhecimentos tradicionais e empíricos de instrutores e colaboradores, e foi adaptado a diferentes tipos de floresta e aspectos socioeconômicos. 3. MODELOS DE EXPLORAÇÃO Segundo Cunha e Almeida (2001), nos últimos 40 anos a colonização da Amazônia tem sido marcada pela degradação de seus recursos naturais, sobretudo, com a derrubada de suas áreas de florestas e empobrecimento de seus solos. No entanto, atualmente essa região vem experimentando novas alternativas de desenvolvimento e novas estratégias de uso de recursos, que têm por objetivo permitir uma exploração sustentável dos recursos naturais, paralelo ao desenvolvimento social e econômico das populações nela residentes. Quanto à utilização dos recursos florestais, especificamente os madeireiros, podemos citar três métodos: Exploração de Impacto Reduzido Relatório – Estágio Supervisionado III 14 Exploração convencional - Geralmente praticada por madeireiros de forma ilegal e sem planejamento, não havendo preocupação com a sustentabilidade do meio ambiente, visando apenas o lucro imediato. Exploração tradicional - Realizada por comunidades extrativistas, através do uso de materiais e equipamentos rústicos, como por exemplo, o machado e o serrotão para processamento da madeira, e o rodado, estrutura rústica confeccionada pelos próprios extrativistas, movimentado por duas rodas, para o transporte da mesma. Sendo, considerada de baixo impacto por não causar tantos danos ao meio ambiente, na maioria das vezes consistindo apenas em uma atividade de subsistência. Exploração de Impacto Reduzido - Geralmente realizada por manejadores, embasada no planejamento prévio da atividade, através de técnicas sustentáveis, que visam a diminuição dos danos e impactos à floresta, e a melhoria da sustentabilidade econômica e social das práticas utilizadas. 4. EXPLORAÇÃO CONVENCIONAL Durante o regime militar, a Amazônia com seu imenso estoque de recursos naturais e seus vastos “espaços vazios”, foi considerada pelos governos militares um meio para resolver rapidamente problemas de toda a ordem, ou seja, econômicos, sociais e geopolíticos. De tal modo que, políticas de desenvolvimento foram formuladas e implementadas com o objetivo de maximizar as imediatas vantagens econômicas, em que, a integração se tornou o princípio básico do governo militar por ser considerada uma condição essencial para a segurança nacional, simbolizada no slogan “integrar para não entregar”. Todavia, estas estratégias de desenvolvimento geraram impactos sociais e ambientais adversos nas áreas rurais e urbanas da Amazônia (SERRA E FERNÁNDEZ, 2004). Acerca desse tema, Homma (1993), com base nas estimativas populacionais do IBGE, constata que houve influência do processo migratório sobre os desmatamentos ocorridos no Norte brasileiro, tendo como causa principal a abertura de áreas para lavouras temporárias, realizadas por pequenos agricultores, através da utilização dos recursos naturais de forma predatória, predominando o uso de queimadas e do desmatamento intensivo. Acredita-se ainda que, a abertura de estradas também foi um fator que provocou um grande aumento na exploração dos recursos, bem como, a grilagem de terras. Não se Relatório – Estágio Supervisionado III 15 descartando a possibilidade de haver um maior número de estradas abertas por madeireiros do que estradas federais e estaduais na Amazônia. Em suma, o objetivo da Exploração Convencional não é a priori a madeira, e sim a abertura de grandes áreas de pastagens para a criação de gado ou para a implantação da agricultura. No que concerne ao cenário da exploração convencional na Amazônia, podemos citar dois tipos: Exploração Convencional Legal e a Exploração Convencional Ilegal. Exploração Convencional Legal - Atua sob Plano de Manejo Florestal aprovado pelo órgão ambiental responsável (SEMA ou IBAMA); possui um sistema de exploração sem planejamento; desrespeita as leis ambientais e sociais, objetivando apenas a obtenção de lucro em curto prazo (chegando a explorar até sessenta árvores por dia, com uma carga horária de dez horas); carga de trabalho excessiva; falta de técnica operacional; alto risco de acidentes; grandes desperdícios, estima-se que a cada 20m³ de madeira explorada 1m³ é desperdiçado, seja devido a altura do corte ou a falta de conhecimento técnico; e ausência de monitoramento especializado nas atividades florestais. Exploração Convencional Ilegal - Não possui Plano de Manejo Florestal; condiciona os trabalhadores a uma carga horária de trabalho excessiva; provoca a aceleração da depreciação das máquinas utilizadas; além de ser realizada sem planejamento, aumentando os danos e os desperdícios da atividade (ver Figura 3, 4, 5 e 6). Figura 3 - Abertura de clareiras pela Exploração Convencional. Figura 4 - Madeiras abandonadas no sistema de Exploração Convencional. Relatório – Estágio Supervisionado III 16 Em suma, a partir do conhecimento obtido através das palestras ministradas durante o curso e pela visita em campo a uma área submetida à exploração convencional, podemos constatar que as principais características desse tipo de exploração são: Pátios muito grandes: geralmente de 40 x 30 m, havendo uma grande movimentação de máquinas, em que, árvores são arrastadas inteiras, além de haver grandes danos laterais; Dossel muito aberto: havendo a incidência de uma grande quantidade de espécies pioneiras; Falta de planejamento: a exploração é realizada sem qualquer planejamento, geralmente até árvores ocadas são exploradas, por não haver o teste do oco, além disso, são deixados muitos resíduos nos pátios; Danos às árvores adjacentes as árvores exploradas: na maioria dos casos, são causados danos irreversíveis a essas árvores, devido, sobretudo, a não adoção do corte direcional; Estradas construídas sem planejamento: normalmente as estradas só são construídas após o início da exploração, possuem muitas curvas e são bastante profundas; Infraestrutura construída sem planejamento: os ramais de arraste que deveriam ser temporários, acabam se tornando permanentes, além disso, as estradas são construídas sem a preocupação de manter as Áreas de Preservação Permanente (APP) como, rios, lagos, igarapés, olhos d’água, entre outros, as Figura 5 - Madeiras abandonadas no sistema de Exploração Convencional. Figura 6 - Corte tipo “mesa” realizada na Exploração Convencional. Relatório – Estágio Supervisionado III 17 árvores são empilhadas dos dois lados da estrada, oferecendo risco de acidentes aos trabalhadores; Árvores abandonadas no pátio: causado, principalmente por não haver seleção das espécies que serão exploradas, ou até mesmo, pelo desconhecimento de quais espécies estão sendo exploradas, fazendo com que muitas vezes as árvores consideradas de baixo valor comercial sejam abandonadas nos pátios de estocagem, provocando-se ao final, muitos danos sem que haja qualquer aproveitamento; Toco muito alto: geralmente a altura de corte é escolhida levando em consideração àquela que proporcionará melhor conforto ao operador, havendo um grande desperdício de madeira; Não é realizado o corte de cipós: aumentando os danos à floresta, especialmente, as árvores remanescentes; e Árvores exploradas em reboleiras: devido à falta de planejamento, as árvores são exploradas muito próximas umas as outras, visando também o deslocamento do operador a pequenas distâncias. 5. EXPLORAÇÃO TRADICIONAL Sabe-se que, a extração de produtos florestaisé realizada há mais de três séculos por populações tradicionais da Amazônia Brasileira como fonte de subsistência e de renda. Entre estes produtos, destacam-se o látex (Hevea brasiliensis), a castanha (Bertholetia excelsa), o açaí e palmito (Euterpe orelacea), e produtos madeireiros beneficiados de forma artesanal como vigas, estacas, madeiras lavradas e telhas de madeira. As técnicas para a extração destes produtos foram desenvolvidas de forma empírica durante muitas gerações, e ainda hoje ocorrem de forma manual e em pequena intensidade. A exploração tradicional é definida como os métodos de retirada dos recursos da floresta, madeireiro ou não madeireiro, realizada por populações que vivem tradicionalmente da floresta. Sendo que, as principais características desse tipo de exploração são: adoção de conhecimento empírico, mão de obra familiar, execução da atividade sem assistência técnica, baixa produção, consequentemente, baixo custo e baixo impacto. Relatório – Estágio Supervisionado III 18 Segundo Berkes (1999), ao considerar as características das populações tradicionais e a produção dos seus conhecimentos, torna-se perceptível a relação de dependência entre ambos e a dependência dos mesmos com os recursos naturais. A partir de 1990, as questões ambientais contemporâneas influenciaram o desenvolvimento da análise dessa relação por meio de uma perspectiva mais abrangente, gerando a possibilidade da associação entre a conservação de alguns recursos naturais com os conhecimentos e práticas dessas populações. O manejo florestal tem conquistado cada vez mais espaço como alternativa para comunidades rurais na América Latina. Devido principalmente pela importância relativa da floresta para mais de 250 milhões de pessoas, bem como pela extensa área (aproximadamente 25 % da cobertura florestal) sob domínio de populações tradicionais e camponeses. Nesse sentido, tem-se presenciado um movimento de expansão do manejo florestal comunitário na Região. Este fenômeno vem sendo impulsionado por governos, doadores, ONG’s e organizações comunitárias e implementado sob diferentes arranjos técnicos, político, institucional e social (AMARAL e AMARAL NETO, 2005). De modo geral, é crescente a discussão sobre a importância das populações tradicionais para o manejo florestal sustentável, sendo que, um indício do reconhecimento de tal importância tem sido o surgimento de várias iniciativas de manejo florestal envolvendo comunidades. Pois, de fato inúmeras pesquisas concluem que o uso sustentável dos recursos naturais tem importante papel na conservação da floresta amazônica. De modo que, o conceito de sustentabilidade ecológica, que se refere a capacidade de uma população ocupar determinada área e explorar os recursos naturais sem ameaçar a integridade ecológica do seu ambiente, vem sendo consolidado como um novo referencial científico: a relação entre as populações humanas e o meio ambiente. Sendo que, uma estratégia bastante utilizada para apoiar as populações da floresta na conservação dos recursos naturais e a melhorar seus meios de vida é a promoção do Manejo Florestal Comunitário (MFC). 5.1. EXTRAÇÃO DE PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS Segundo Balzon et al. (2004), o desenvolvimento florestal, antes limitado apenas pela utilização da madeira, vem sendo complementado pela utilização dos produtos florestais não madeireiros (PFNM), juntamente com o aumento de sua relevância econômica e seu potencial de mercado, criando oportunidades para gerar renda e Relatório – Estágio Supervisionado III 19 trabalho aos extrativistas, e ao mesmo tempo, compatibilizando com o manejo sustentado da floresta. Os PFNM, como óleos fixos e essenciais, frutos, amêndoas, fibras, corantes, plantas fitoterapêuticas e outros, são de ocorrência abundante nas florestas tropicais e consistem em uma fonte de renda alternativa para milhares de famílias que vivem da agricultura familiar. Segundo Borges e Braz (1998 apud BALZON et al., 2004), a extração dos PFNM é uma prática que mantém a estrutura da floresta intacta e tem surgido como um meio capaz de harmonizar os papéis conflitantes das florestas tropicais. No entanto, para Figueiredo e Wadt (2000), a prática de manejo dos produtos florestais tem os cultivos domesticados como um fortíssimo concorrente, visto que muitas vezes apresentam condições de ofertar em escala de mercado os mesmos produtos, o que desestimula o pequeno extrativista. De acordo com Santos et al. (2003), os PFNM representam hoje um dos grupos mais desafiadores do ponto de vista mercadológico, graças a seu número, variedade de usos e diferenciação de outros produtos básicos. O mercado desses produtos florestais é ainda recente e tem muito que ser desenvolvido e explorado, apresentando-se de forma bastante instável, concentrando-se hora em alguns produtos, hora em outros. Nesse sentido, Gonçalo (2006) corrobora que, os estudos sobre os mercados para esses produtos são ainda insuficientes para atender a demanda crescente de informações que os produtores de base familiar necessitam para organizar a produção e melhorar a renda nas suas unidades produtivas. A copaíba é uma árvore muito importante na vida de ribeirinhos e de povos que vivem em áreas de floresta, pode estar ameaçada por práticas que não são as mais adequadas para a retirada de seu óleo (REGINA, 2008). Nesse sentido, durante o período do estágio foi demonstrado a forma correta de como extrair o óleo de copaíba, primeiramente, deve-se escolher as árvores com mais de trinta centímetros de diâmetro, posteriormente, é preciso fazer o furo com o trado, ajustar uma mangueira até o recipiente da coleta e depois fechar o furo para evitar contaminação por insetos e desperdício do óleo. Vale ressaltar que, para garantir a qualidade do óleo de copaíba o produto deve ser coado e acondicionado em recipiente limpo e seco e deve ficar guardado em um local seco e protegido da luz solar até ser levado ao ponto de venda. Relatório – Estágio Supervisionado III 20 5.2. EXTRAÇÃO DE PRODUTOS FLORESTAIS MADEIREIROS Segundo Souza (1992) o trabalho florestal no sistema tradicional é caracterizado pela sua grande exigência física, por ser pesado e geralmente com alto risco de acidentes, principalmente pelo meio ambiente rústico e pelas grandes dimensões do produto que é tratado, a árvore. É considerado como um dos trabalhos mais pesados e de mais alto risco de acidentes entre as atividades industriais brasileiras. 5.2.1. Tipo de Transporte O transporte da madeira em tora no sistema tradicional depende das características do local, área de várzea, áreas influenciadas pela cheia dos rios, ou área de terra firme. Em casos de áreas de várzea, geralmente, o transporte de madeira em tora é em forma de jangada até as localidades vizinhas. Vale ressaltar que, nessa forma de transporte, devem-se alternar as espécies “mais leves”, utilizadas principalmente nas indústrias de lâminas, e as espécies “mais pesadas”, utilizadas nas serrarias. Outra alterativa para esse tipo de ambiente é a utilização do método tartaruga, que é uma embarcação adaptada com motor a diesel e guincho mecânico para arraste de toras, contudo, este método possui operação com alto grau de riscos de acidentes. Por outro lado, o transporte da madeira em tora em área de terra firme, pode ser manual ou com utilização de caminhão catraca. A respeito dos métodos manuais, podemos citar o método do calando e da madeira bolada: Figura 7 – Método de extração do óleo da copaíba. Figura 8 – Trado utilizado para a extração do óleo da copaíba. Relatório – Estágio Supervisionado III 21 Calango: sistema de transporte normalmente utilizado a curta distância, para conduzir a madeira em tora até as margens de um rio ou até as estradas principais. Consiste na construção de uma estivaem forma de trilho, feita com varas. Em que, a tora é colocada em um suporte, também confeccionado com varas. Sendo deslizada sobre as estivas até o destino final. Geralmente, é feito em forma de troca de dias trabalhado; e Madeira bolada: consiste na retirada de tora sobre estiva, em especial para espécie para laminado. Vale ressaltar que, esse tipo de transporte requer ramais largos, já que, deve ser feito em função da largura da tora a ser transportada. O método demonstrado durante o estágio foi o método calango, em que, todos os participantes do curso tiveram que atuar na execução do mesmo, conforme as fotos a seguir: Figura 9 – Estivas de madeira. Figura 10 – Colocação de óleo queimado no suporte que irá conduzir a tora. Figura 11 – Colocação da tora sobre o suporte. Figura 12 – Amarração da tora no suporte com cipós. Relatório – Estágio Supervisionado III 22 Quanto ao transporte com caminhão catraca, geralmente são utilizados caminhões velhos e, por isso, financeiramente mais acessíveis para as comunidades. Por seu tempo de uso, geralmente apresentam alto custo de manutenção e, em muitos casos, não têm documentos. Até o momento foi tratado apenas do método de transporte para a madeira em tora, contudo, tradicionalmente também há métodos para o transporte da madeira serrada (processada), como o método da zorra, que utiliza tração animal para transportar madeira desdobrada com motosserra: Zorra: é um sistema composto por uma carroça com rodas e um animal para a tração (gado ou búfalo). Em que, a madeira é embarcada na carroça que é puxada pelo animal até o local final. 5.2.2. Métodos de beneficiamento da madeira Geralmente, a serragem e o beneficiamento da madeira são realizados no próprio local de queda da árvore, utilizando-se serrotão, machado e motosserra para desdobro, sendo que, dependendo das condições da comunidade, a serragem da madeira pode ser realizada através da utilização de uma serraria portátil. Serrotão: É um serrote grande manuseado por duas pessoas. Utilizado durante vários anos pelos serradores de madeira em prancha, contudo, atualmente é uma prática pouco utilizada. De acordo com Medina (2003) apesar da fabricação de prancha com serrotão ter representado uma importante fonte de renda para as populações tradicionais, serrar as pranchas no serrotão é um trabalho penoso, longo e exaustivo. Figura 13 – Deslocamento da tora sob as estivas. Figura 14 – Deslocamento da tora sob as estivas. Relatório – Estágio Supervisionado III 23 Machado: É uma ferramenta originária do martelo, devendo ter pelo menos uma das extremidades amoladas e própria para o corte, sendo, portanto um martelo concebido para o corte e derrubamento e beneficiamento de árvores, entre outras ações. Tradicionalmente é utilizado para retirar estacas, postes, caibros, pranchões, e etc. Faca para retirar cavacos: As ferramentas utilizadas para confeccionar o cavaco são o porrete de madeira, um facão e a faca de tirar cavaco. O método para a produção de cavaco deve seguir as seguintes etapas: Primeiramente, deve-se prender as secções de madeira em dois piquetes, para que a peça fique fixa, em seguida, deve-se apoiar a peça com a ponta de um dos pés, fixar a faca de cavaco na mesma e, com o auxílio de um porrete de madeira, bater na parte superior da faca (porção sem corte) até que o cavaco se desprenda da peça, após realizar esse procedimento, deve-se remover farpas e irregularidades no cavaco, realizada por um auxiliar equipado com um facão. Figura 15 – Utilização do serrotão para o beneficiamento da madeira. Figura 16 – Utilização do serrotão para o beneficiamento da madeira. Figura 17 – Utilização da faca para retirar cavacos de madeira. Figura 18 – Telhado feito com cavacos de madeira. Relatório – Estágio Supervisionado III 24 Motosserra: Ainda é uma prática em larga escala para o desdobramento da madeira em prancha, caibros, ripas, tábuas, e etc. No processo de serragem da madeira com o uso da motosserra a árvore é serrada em tora de acordo com o comprimento desejado para as peças. Em seguida marca-se a tora com uma linha (barbante) envolvida em óleo queimado (óleo lubrificante já usado e com coloração escura). A primeira serragem divide a tora em duas partes (bandas) que são posicionadas com o lado da serragem para cima. Novamente a madeira é marcada com o barbante nas laterais para a primeira serragem de retirada do brancal (alburno) de ambos os lados da banda. A partir desse procedimento são retiradas as peças que sofrem um segundo corte na parte que fica para o lado de baixo da serragem. O corte para a retirada das peças é sinalizado com a utilização do “graminho” – instrumento feito de madeira em formato de “L” com um prego fixado de acordo com a espessura da peça, com a ponta saliente cerca de 1mm. De acordo com Rodrigues (2004) a motosserra é uma das máquinas que mais influenciaram a mecanização da colheita florestal, substituindo o machado e a serra manual (traçador) nas operações de derrubada, no desgalhamento, traçamento e destopamento de madeira. Apesar da evolução tecnológica no setor florestal, onde se utilizam sofisticadas máquinas, muitas das quais importadas, a motosserra continua sendo largamente utilizada. Na atividade madeireira, cerca de 60% das empresas florestais brasileiras utilizam a motosserra nas operações de corte florestal. Mecanizado ou equipamento adaptado: Para maior qualidade e produtividade, algumas comunidades utilizam Serrarias Portáteis (Lucas Mil) e Ecoserra Flex. São máquinas para desdobro de toras extremamente portáteis que oferecem facilidade de operação, manutenção e transporte e mesmo assim não deixam nada de desejar em termos de produtividade e qualidade. Não havendo a necessidade de abrir estradas de arraste, porque a máquina pode ser levada (ate carregada por homens) para dentro da floresta. No local onde a árvore foi derrubada monta-se então a serra em cima da tora. Assim a movimentação de toras pesadas é evitada. Os resíduos como pó de serra ficam na floresta servem como nutrientes para a renovação da vegetação remanescente. 6. EXPLORAÇÃO DE IMPACTO REDUZIDO 6.1. LEGISLAÇÃO FLORESTAL Relatório – Estágio Supervisionado III 25 O manejo florestal é regido por algumas principais legislações: IN/MMA 05 de 2006, NE/IBAMA 01 de 2007 e Resolução do CONAMA nº 406/2009. O Art. 7º da IN/MMA 05 de 11 de Dezembro de 2006, estabelece que para o PMFS o diâmetro mínimo de corte (DMC) adotado seja de 50 cm (DAP ≥50 cm), bem como o Art. 6º da Resolução do CONAMA 406, de 2 de Fevereiro de 2009, que determina que o DMC deva ser 50 cm para todas as espécies comerciais que serão manejadas. A resolução do CONAMA nº 406, de 2 de Fevereiro de 2009, estabelece que todas as espécies a serem manejadas devem apresentar diâmetro à altura do peito (DAP) ≥ 50 cm. Esta mesma legislação, também, estabelece que o PMFS deva atender as exigências quanto ao critério de raridade, portanto, devendo ser mantidas 10 % do total de indivíduos arbóreos das espécies selecionadas para exploração ou realizar a manutenção de todos os indivíduos arbóreos das espécies, cujo número de indivíduos com DAP ≥ 50 cm seja igual ou inferior a três indivíduos por 100 ha de área de efetiva exploração da UPA. A intensidade de corte prevista na resolução citada anteriormente, não poderá exceder 30 m3.ha-1, bem como o ciclo de corte não poderá exceder 35 anos. Há restrições à exploração de algumas espécies. A IN/MMA nº 06 de 23 de Setembro de 2008, prevê a proteção de algumas espécies da flora brasileira, visto que estão ameaçadas de em extinção (vulneráveis). Nesta lista, encontra-se a castanheira (Bertholletia excelsa Kunth) e o Roxinho (Peltogyne leicointei). E o Decreto Federal nº 5.975 de 30 de Novembro de 2006, em seu Art. 29, diz que a seringueira(Hevea sp.) não é passível de exploração. As áreas de preservação permanentes de um PMFS devem está em consonância com a Resolução do CONAMA nº 303 de 20 de Março de 2002, que dispõe as definições, parâmetros e limites das APPs, estabelecendo que essas áreas devem ser preservadas. A IN/IBAMA nº 93 de 3 Março de 2006, dispõe sobre a necessidade da apresentação de mapas e informações georreferenciadas quanto a localização da área de reserva legal (ARL) da propriedade e áreas sob regime de manejo florestal e suas respectivas subdivisões. Para retirar e transportar madeira em toras das AMF é necessário a emissão de uma Guia Florestal (GF), assim como previsto na IN/IBAMA nº 112 de 21 de Agosto de 2006 e IN/SEMA nº 12 de 30 de Novembro de 2006, a primeira define produtos florestais e como se deve proceder para transportar-los agindo em conformidade com a lei, através da emissão do Documento de Origem Florestal (DOF); a segunda estabelece Relatório – Estágio Supervisionado III 26 normas e procedimentos para disciplinar o uso da GF para transporte de produtos e/ou subprodutos de origem florestal do estado do Pará. Para tanto, para a elaboração de um PMFS é necessário levar em consideração essas legislações, para que possa atender as exigências previstas em lei e para a boa execução do manejo florestal. 6.2. SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO Para a exploração racional da floresta é imprescindível o planejamento das atividades, para avaliar a viabilidade da realização do manejo florestal e redução considerável dos riscos de acidentes e danos e desperdícios a floresta remanescente. Para (IFT, 2010), é necessário que a empresa adote um programa de treinamento voltado para a qualificação e conscientização dos funcionários, abordando as atividades do manejo florestal, especificando os riscos e suas respectivas medidas preventivas e listando os aspectos importantes para a manutenção da qualidade do plano de saúde e segurança. Desse modo, Nogueira, Lentini e Espada (2010), afirmam que os aspectos de segurança e saúde no trabalho (SST) no manejo florestal, tem sido um dos focos principais de disseminação e aprimoramento por parte do IFT e a definição e operacionalização de um programa eficiente de SST, envolve três aspectos chaves: treinamento, para que os trabalhadores incorporem técnicas e rotinas de forma participativa e democrática; identificação dos riscos e das particularidades existentes em cada empreendimento com o mapeamento das responsabilidades de cada membro da equipe; avaliação e monitoramento contínuo dos acidentes e incidentes ocorridos para aprimorar o próprio programa de SST. As principais causas de acidente no trabalho são: inadaptação para a função, fatores circunstanciais, desconhecimento dos riscos da função ou forma de evitá-los, desajustamento e personalidade (INAM, 2005 apud COSTA e ZANDONADI, s/d). E os principais fatores que levam a falta de segurança no ambiente de trabalho: falta de treinamento adequado, deficiência de planejamento de atividades, condições inseguras no trabalho, pouco envolvimento direto da alta administração, nos assuntos de segurança do trabalho. O manual técnico 1 do IFT (2010) classificou os riscos em diferentes tipos, sendo: Relatório – Estágio Supervisionado III 27 Tabela 1 - Classificação de riscos. P Riscos para a saúde e integridade dos trabalhadores e profissionais florestais M Riscos para as máquinas e equipamentos florestais A Riscos para a integridade da floresta e do ambiente Na tabela 2, estão descritos os riscos gerais e situações de perigo mais comuns existentes em ambientes de florestas e em acampamentos florestais, bem como sua classificação, intensidade e medidas preventivas. Tabela 2 - Riscos gerais enfrentados por trabalhadores em florestas. Riscos Gerais Tipo Intensidade Medidas Preventivas Acidentes por imperícia na execução de atividades e de uso de equipamentos P, M, A 3 Treinar funcionários antes de exercerem a função Acidentes diversos devido a clima desfavorável (vendavais, chuva, lama, etc.) P, M 2 Avaliar riscos e paralisar a operação, se necessário Treinar funcionários em primeiros socorros Acidentes causados pela sobreposição de operações (corte, planejamento de arraste, arraste, etc.) P, M 3 Planejar intervalos de segurança entre operação e sinalização Definir limite de segurança (temporal, espacial) entre operações Acidentes devido a incêndios em máquinas P, M, A 2 Máquinas equipadas com extintores dentro dos prazos de validade Manutenção diária, semanal e periódica, evitando o acúmulo de combustível durante operação Acidentes com produtos químicos usados no acampamento e na floresta P, M, A 2 Permitir o manuseio apenas por pessoal especializado/treinado Não reaproveitar recipientes Acidentes do trânsito dentro da floresta P, M 3 Máquinas equipadas com sirenes de ré Relatório – Estágio Supervisionado III 28 (atropelamentos, colisões, etc.) Orientar os trabalhadores para conduzir com cautela e seguir recomendações técnicas das máquinas Usar cintos de segurança nos veículos Manter limite de distância segura da máquina Sinalizar local da operação com máquinas (cones, faixas, placas, etc.) Acidentes naturais do trabalho na floresta, entre os quais: a) Animais peçonhentos; b) Obstáculos (tocos, galhos, cipós); c) Queda de frutos P, M 3 Orientação prévia dos trabalhadores acerca dos riscos da operação na floresta Uso de EPIs Manuseio de ferramentas cortantes (facões, foices e outros) P, M 3 Cortar cipós fazendo movimento em sentido contrário ao do corpo Cuidados especiais ao amolar ferramentas cortantes Uso de bainhas nos facões Em trabalhos em grupos, definir uma distância segura entre os trabalhadores Perfuração por tocos P, M 3 Corte da vegetação deve ser feito a 1 m de altura Existem algumas ações preventivas e de sensibilização que podem ser exercitadas: Diálogo Diário de Segurança (DDS), Análise de Risco de Tarefa (ART), Comunicação de Acidentes e Incidentes (CAI), Inspeção de Segurança (IS), Reunião de Segurança (RS) e Treinamento de Segurança (TS). A segurança e saúde no trabalho são regulamentadas pela Norma Regulamentadora - NR 31/2005. 6.3. MACROPLANEJAMENTO De modo geral, o macroplanejamento é a etapa inicial para a realização do manejo florestal. Nesta etapa serão selecionadas áreas aptas ao manejo, logo após deve- se quantificar o potencial da floresta para o manejo; avaliar da viabilidade econômica do Relatório – Estágio Supervisionado III 29 empreendimento; definir e dimensionar as infraestruturas gerais e definir estratégias de gerenciamento da floresta. No macroplanejamento deverão ser levantadas as informações espaciais da área, como a localização da Área de Manejo Florestal via imagens e/ou cartas topográficas e identificar e localizar as vias de acesso à área. Deverá ser quantificado o potencial da floresta para o manejo florestal (inventário amostral), levando em consideração: a área total do empreendimento, a área de reserva legal, as áreas com intervenções humanas, áreas de preservação permanente, áreas improdutivas, bem como analisar o histórico da área e região. Em seguida, deve-se avaliar a viabilidade econômica do empreendimento florestal, lembrando que é imprescindível analisar se existem unidades de conservação ou terras indígenas no entorno, vizinhanças, as vias de acesso, cidades vizinhas, mercados, mão de obra, autorizada para manutenção de equipamentos, assim será avaliado ser é viável ou não a realização do manejo florestal. Com os dados do inventário amostral é possível definir a intensidade da exploração e estimar o ciclo de corte da floresta, ou seja, estimar o tempo de utilização da área. Com todos esses dados citados anteriormente, jáé possível definir e dimensionar as infraestruturas gerais: estradas principais e secundárias; localização do acampamento (deve-se mapear recurso hídrico disponível e de qualidade, respeitando as áreas de preservação permanente). Posteriormente, devem-se definir as estratégias de gerenciamento da floresta. Neste momento, serão definidas e dimensionadas as áreas das unidades de produção anual, as estratégias de preservação da fauna, equilibrar as distâncias de acordo com os anos de exploração, definição e quantificação dos Figura 19 – Georreferenciamento da área. Figura 20 – Macroplanejamento da área de manejo florestal. Relatório – Estágio Supervisionado III 30 equipamentos e recursos humanos necessários e por ultimo deve-se elaborar o cronograma de atividades anuais. 6.4. MICROPLANEJAMENTO O microplanejamento é a etapa operacional executada na unidade de produção anual e na unidade de trabalho, de forma a viabilizar o planejamento anual das atividades mencionadas abaixo: Pré-exploratórias: delimitação das unidades de trabalho; realização do inventário florestal 100%; tratos silviculturais; implantação e medição das parcelas permanentes; processamento dos dados do inventário; confecção dos mapas e infraestrutura. Exploratórias: seleção e marcação de árvores; corte de árvores; arraste; operações de pátio (romaneio, empilhamento e carregamento); e transporte. Pós-exploratórias: manutenção de infraestrutura; avaliação de anos e desperdícios; medição das parcelas permanentes; tratamentos silviculturais (desbastes, enriquecimento de clareiras) e medidas de proteção da floresta (medidas de prevenção e contenção de fogo, placas de proibição de caça e pesca, medidas contra invasões). 6.5. ATIVIDADES PRÉ-EXPLORATÓRIAS A fase pré-exploratória é realizada um ano antes da exploração. Nessa fase se define os talhões de trabalho a serem explorados, ou seja, as unidades de trabalho ou unidades de produção anual (UPA) para exploração. A abertura das trilhas é feita para uma equipe fazer o censo da área, onde todas as informações botânicas e topográficas relevantes são sistematicamente coletadas (Cariello, 2008). 6.5.1. Delimitação da UPA A delimitação da Unidade de Produção Anual (UPA) é realizada a partir da abertura de trilhas estabelecendo os seus limites (cabeceira ou linha base e as laterais), conforme previsto no macrozoneamento. Para a delimitação da UPA utiliza-se de uma equipe de 4 pessoas: 1 orientador (responsável pelo alinhamento da demarcação), 1 balizador (orientação da abertura da trilha e fixação de balizas ao longo do perímetro da Relatório – Estágio Supervisionado III 31 UPA) e 2 ajudantes (auxiliaram na abertura das picadas). Na linha base (cabeceira ou eixo “X”) são alocadas balizas, sendo a primeira estabelecida no marco zero e as demais de 50 em 50 metros, até um limite de 1000 metros. As distâncias ao longo da linha base são indicadas nas extremidades superiores de cada baliza com lápis de cera especial para madeira. São fixados 4 marcos referenciais nos vértices da UPA e coletadas as suas coordenadas geográficas. É recomendado fazer amarrações em intervalos de 200 e 300 metros para corrigir possíveis erros. Depois de demarcados os limites da UPA e definida a quantidade de Unidades de Trabalhos (UTs), procede-se a delimitação interna da UPA através da abertura de trilhas ou “picadas” de orientação (largura aproximada de 0,5 metros), estabelecidas no sentido perpendicular a linha base. Para a abertura das trilhas de orientação utiliza-se de uma equipe de 3 pessoas (orientador, balizador e ajudante). Nas trilhas de orientação (eixo “Y”) são alocadas balizas, sendo a primeira estabelecida no marco zero e as demais de 25 em 25 metros, até um limite de 1000 metros. Ao final de cada trilha a equipe se desloca lateralmente 50 metros até a próxima baliza, de onde inicia-se a abertura de uma nova trilha no sentido inverso à anterior e com indicação decrescente das distâncias, quando se parte na direção da linha base. A delimitação da UPA e as orientações das trilhas são tomadas com auxílio de bússola. Com a abertura de todas as trilhas de orientação poder- se-á materializar as faixas do censo florestal. 6.5.2. Inventário Florestal 100 % Figura 21 – Utilização da bússola para abertura da trilha de orientação. Figura 22 – Demarcação da UPA. Relatório – Estágio Supervisionado III 32 Após a delimitação e demarcação permanente da UPA, assim como a abertura das faixas de orientações, procede-se a execução do censo florestal. O censo consistirá no levantamento de todas as árvores com diâmetro a 1,30 m do solo maior ou igual a 40 cm (DAP ≥ 40 cm). Para a realização do inventário florestal, utiliza-se de uma equipe de 4 pessoas: 2 ajudantes (laterais), 1 identificador botânico (mateiro) e 1 anotador. Segundo Cariello (2008), nesta fase também é realizado o levantamento das condições de relevo e localização dos cursos d água, possibilitando o planejamento da implantação da infraestrutura de estradas que viabilizará as operações de colheita e transporte da produção. Segundo Péllico Netto e Brena (1997), inventário florestal é uma atividade que visa obter informações qualitativas e quantitativas dos recursos florestais existentes em uma área pré-especificada, com o objetivo de bem administrá-los, através da sua utilização racional, ou mesmo, com fins de gerar informações para recuperação ambiental e formulação de políticas públicas. Para a realização do levantamento florístico utiliza-se os seguintes materiais: Prancheta, ficha de campo, lápis, fita diamétrica ou métrica, trenas de 30 e 50 metros, GPS, bússola, facão, plaquetas de alumínio para a identificação das árvores, punção numérico e de letras, pregos, martelo, além, é claro dos equipamentos de proteção individual (EPI), como capacete, bota com bico de aço, colete sinalizador e perneira, sendo necessário também levar à campo pelo menos um kit de primeiros socorros. Muitos autores afirmam que o inventário florestal é a base para o planejamento florestal de longo prazo da produção florestal, tanto em florestas naturais quanto em florestas plantadas. Pois, fornece informações fundamentais para a determinação dos níveis de produção, dando indicações da capacidade de suporte da floresta contida no plano de manejo. Antes de realizar qualquer outra atividade, deve-se realizar um inventário diagnóstico da área, visto que é indispensável conhecer as espécies existentes na área, a abundância, volume e características de fuste das mesmas. É com base no resultado desse inventário que se decidirá sobre a realização ou não do plano de manejo florestal sustentável, ou seja, se é vantajoso investir no manejo da floresta, visto que é a única forma de acessar o recurso florestal da reserva legal de uma propriedade. Para realização do inventário, geralmente, utilizar-se uma equipe com 4 (quatro) pessoas, composta por um identificador botânico, um anotador e os outros dois se posicionam nas linhas laterais. As duas pessoas que se posicionam nas laterais Relatório – Estágio Supervisionado III 33 percorrem as trilhas, auxiliando o identificador e o anotador no mapeamento das árvores, sendo cada um responsável por uma faixa de 25 metros, enquanto o identificador botânico e o anotador se deslocam no meio da faixa. A equipe mapea todas as arvores até o final da faixa, voltando na faixa seguinte em sentido contrário, assim como mostra as imagens a seguir: Antes de iniciar o levantamento de campo, é necessário definir as variáveis que serão levantadas como: identificação das espécies, qualidade do fuste. Também são levantadas as coordenadas cartesianas X e Y das árvores selecionadas para auxiliar na elaboração dos mapas. Todas as árvores com DAP ≥ 40 cm são identificadaspelo nome comum e recebem plaquetas de alumínio com numeração sequencial de seis dígitos (nº da UT, nº da faixa; nº da árvore). As plaquetas são fixadas a uma altura média de 1,50 metros do solo, na casca da árvore com pregos comuns pequenos, com a face voltada sempre para a linha base. As plaquetas fixadas nas árvores inventariadas servirão de base para o controle de origem da madeira dentro da AMF, e facilitarão a identificação dos indivíduos a serem explorados durante a atividade de derruba. O IFT afirma que para a realização do inventário florestal é possível atingir uma produtividade de 5 faixas de 1.000 metros/dia. 6.5.3. Corte de cipós A realização da atividade de corte de cipós possui como objetivo facilitar a operação de derruba das árvores comerciais selecionadas para exploração, de forma que Figura 23 – Esquema de materialização das faixas, e sentido do levantamento de campo. Figura 24 – Coleta de dados durante o Inventário Florestal. Relatório – Estágio Supervisionado III 34 não comprometa a queda direcional. Dessa forma, diminuindo os danos causados às árvores remanescentes (passíveis de exploração – colheita futura) e quaisquer outros riscos de acidentes durante realização da exploração florestal, aumentando a segurança dos funcionários responsáveis por essa atividade. Essa atividade deverá ser realizada um ano antes da exploração florestal, e deverá ser realizado o corte dos cipós sempre em dois locais, na base e a cerca de 2 metros de altura para evitar a recuperação dos mesmos. Deve ser realizado o corte de cipós entrelaçados nas árvores inventariadas, bem como os que se encontram nas árvores vizinhas, visto que pode provocar a queda não prevista de árvores vizinhas na direção do operador e/ou à queda de galhos da árvore que está sendo derrubada ou mesmo das árvores vizinhas. É imprescindível a realização do corte de cipós um ano antes da exploração, para assegurar-se de que os cipós mais resistentes e com diâmetro elevado apodreçam e se desprendam das árvores. Essa atividade pode ser realizada tanto na fase pré- exploratória, juntamente com o inventário florestal, bem como na fase pós-exploratória. O corte de cipós quando é realizado na fase pós-exploratório é utilizado como tratamento silvicultural, que tem por finalidade facilitar a regeneração natural e acelerar o crescimento das espécies. Segundo Pinho et al. (2004), o corte de cipós é uma técnica do manejo florestal que vem sendo empregada, não só como tratamento silvicultural, mas também como ferramenta de redução dos impactos causados pela colheita florestal. Embora seja considerado o tratamento silvicultural mais utilizado atualmente na Amazônia brasileira, na verdade, o corte de cipós é, primariamente, aplicado como ação mitigadora para reduzir o impacto da abertura do dossel, liberar as árvores para abate facilitando a derruba, para diminuir danos às árvores remanescentes e os riscos de acidentes na operação de derruba. Como consequência de sua aplicação, é considerado um tratamento silvicultural para promover a abertura do dossel, a liberação da competição por umidade, nutrientes e luz. Contudo, a sua utilização é muito discutida no meio científico, em consequência da importante função ecológica dos cipós no ecossistema. Quando esta atividade é realizada juntamente com o inventário florestal a produtividade é a mesma da equipe de inventário, porém ser for realizada separadamente a produtividade aumenta significativamente. Relatório – Estágio Supervisionado III 35 6.5.4. Microzoneamento O microzoneamento pode ser feito durante a realização do inventário florestal 100 % ou paralelo a este, onde serão levantados todos os dados da área, como áreas de preservação permanente, afloramentos rochosos, áreas com vegetações distintas, tipo de solo, relevo, áreas declivosas e alagáveis, entre outros. Durante essa atividade utiliza- se de folha de papel quadriculado ou milimetrado, onde desenha-se os limites da UT, bem como suas faixas. Adota-se uma escala de 1:5000 (cada 1 cm representa 50 metros). Para auxiliar no planejamento das infraestruturas do manejo florestal. Para realização da atividade de microzoneamento pode-se utilizar uma equipe de 4 (quatro) pessoas, sendo 1 (um) coordenador e 3 (três) ajudantes. Obtendo uma produtividade diária de 2.000 metros. 6.5.5. Processamento de Dados (Arc View) Após a realização do inventário florestal 100%, ou censo, no qual constará em fichas de campo a localização, identificação e avaliação qualitativa de árvores de valor comercial, acima de um DAP (Diâmetro a Altura do Peito) 30 cm; bem como a coleta de variáveis variáveis como: nome vulgar, CAP (Circunferência a Altura do Peito), altura comercial (sendo estimada, representando a altura do fuste até a primeira bifurcação), qualidade do fuste (tipo 1- fuste reto, tipo 2 – fuste tortuoso e tipo 3 – fuste com oco), coordenadas X e Y; observações relevantes, tais como presença de podridão ou ninhos de aves; árvores com potencial para corte futuro; e também árvores matrizes ou portas- semente (importantes para a regeneração da floresta). Essas fichas serão encaminhadas Figura 25 – (A) e (B) Microzoneamento da área. A B Relatório – Estágio Supervisionado III 36 para o escritório, e a partir de então, iniciara-se o processamento dos dados relevantes à realização do manejo florestal. Neste momento, todos os dados constantes nas fichas de campo serão digitalizados e realizados todos os cálculos de volumetria, quantificação do número de indivíduos por espécie, classe de DAP, categoria, etc; possibilitando todo suporte para confecção de mapas e auxiliando no planejamento das infraestruturas. Para elaboração dos mapas, análise geográficas e gerenciamento de dados geográficos são utilizados softwares como o ArcView que está dividido entre ArcMap e ArcCatalog. O ArcView é um software GIS rico em funcionalidades para visualização, gerenciamento, elaboração e análises de dados geográficos. Com este software é possível entender o contexto geográfico dos dados, bem como relacionamentos e identificar padrões de distribuição espacial. Na Engenharia Florestal sua aplicação é muito útil na elaboração de mapas de localização espacial das espécies inventariadas, bem como, auxilia na elaboração das infraestruturas florestais, croqui da AMF, além de facilitar na manipulação das informações obtidas, pois permite gerenciar todos os arquivos e fontes de dados a partir de uma única aplicação. 6.5.6. Instalação de Parcela Permanente As Parcelas Permanentes serão implantas no intuito de analisar o comportamento da floresta manejada (dinâmica florestal) considerando a sua composição, crescimento, ingresso de novas plantas e mortalidade (Silva et al., 2005). As parcelas podem ser lançadas em campo de forma aleatória e devem ser estabelecidas em áreas onde não seja executada nenhuma intervenção silvicultural, para o acompanhamento do desenvolvimento da floresta natural, como também em áreas produtivas da floresta, evitando áreas não produtivas como áreas cipoálicas, estradas, pátios e áreas de preservação permanente definidas pela legislação vigente. Para a demarcação na floresta, as picadas de orientação do inventário florestal a 100% são aproveitadas. No qual são colocados e balizados seis piquetes, a cada 10 metros, para demarcar um dos lados da parcela. Em seguida, partindo do sexto piquete, no sentido perpendicular, colocar-se-á outros cinco piquetes a cada 10 metros, para Relatório – Estágio Supervisionado III 37 demarcar o outro lado da parcela. Para isso é necessário utilizar uma bússola, para que os dois lados formem um ângulo de 90°. Após a colocação dos piquetes dos dois lados do quadrado, que devem formar um “L”, estará preparada a base para a subdivisão da parcela. Para o piqueteamento internoda parcela não se faz necessário abrir picadas. Cortam-se apenas cipós e pequenos ramos que dificultem o balizamento. Partindo do segundo piquete da linha perpendicular, colocam-se piquetes a cada 10 metros, formando uma linha paralela à linha que foi estabelecida no pico de orientação do inventário e faz-se a checagem das distâncias entre as duas linhas, a qual deve ser sempre igual a 10 metros. A demarcação deverá formar subparcelas de 100m². Repete- se este procedimento nas outras linhas até que se conclua o estabelecimento da parcela. A demarcação de todas as demais linhas de subdivisão deve sempre começar da linha perpendicular (eixo y), conforme figura 26. Fonte: Diretrizes para instalação e medição de parcelas permanentes em florestas naturais da Amazônia Brasileira. (SILVA et al., 2005). As parcelas permanentes deverão representar 0,5 há da área da UPA e serão subdivididas em unidades menores, de modo a facilitar a localização e o controle de cada indivíduo monitorado, de acordo com sua classe de tamanho. A subdivisão resultará em 25 subparcelas de 10 x 10 m que serão numeradas de 1 a 25, iniciando, de preferência, pelo canto sudoeste. Nessas subparcelas serão medidas as árvores de diâmetro >10 cm). E dentre essas 25 subparcelas, 5 serão sorteadas para realizar o levantamento das arvoretas (5 cm < diâmetro < 10 cm). E dentro de cada uma Figura 26 – Modelo esquemático de demarcação de parcelas permanentes. Relatório – Estágio Supervisionado III 38 dessas 5subparcelas onde serão medidas as arvoretas, será sorteado um canto com dimensões de 5 x 5 m, para medição das varas (2,5 cm < diâmetro < 5 cm); e dentro desse canto será sorteada uma faixa de 5 m x 1 m para realizar o levantamento das mudas (altura > 30 cm e diâmetro < 2,5 cm), conforme a figura abaixo. As PP devem ser devidamente identificadas em campo nos seus quatro vértices, com placas de PVC, medindo 10 cm x 10 cm, que terão escritas as palavras “parcela permanente” e o número da parcela. As extremidades superiores dos piquetes deverão ser pintados com cores bem contrastantes com a vegetação, preferencialmente com tinta resistente à água (tinta óleo) na cor vermelha, para facilitar sua localização. 6.5.7. Construção de Infraestrutura 6.5.7.1. Acampamento A construção do acampamento deve obedecer a Normas Regulamentadoras em vigor. Deverá ser instalado em um local de vegetação mais rala e mais fina evitando assim a derrubada desnecessária de árvores para a instalação mesmo. Deve-se ainda respeitar as áreas de preservação permanente (margens de Rios ou Igarapés). Deverá ter uma infraestrutura composta por alojamento, cozinha, banheiros, oficina, almoxarifado, escritório, poço, fossa séptica com sumidouro etc., tudo de acordo com a Figura 27 - Esquema de uma parcela permanente de monitoramento. Fonte: Adaptado de Silva et al. (2005). Relatório – Estágio Supervisionado III 39 NR-31, NR-10 e demais normas regulamentadoras e o Programa de Prevenção e Riscos Ambientais – PPRA. TABELA 03 – Infraestruturas a serem implantadas no Acampamento. DISCRIMINAÇÃO OBSERVAÇÕES REFEITÓRIO O REFEITÓRIO DEVE TER: Boas condições de higiene e conforto; Capacidade para atender a todos os trabalhadores; Protegidas da ação de insetos; Água limpa para higienização; Mesas com tampos lisos e laváveis Assentos em número suficiente; Água potável, em condições higiênicas; Depósitos de lixo, com tampas. Em caso de alimentação na frente de trabalho, os alimentos deverão ser transportados em recipientes adequados (caixas térmicas ou similares). COZINHA Os locais para preparo de refeições devem ser dotados de lavatórios, sistema de coleta de lixo e instalações sanitárias exclusivas para o pessoal que manipula alimentos; DISPENSA PARA ARMAZENAR ALIMENTOS E MATERIAL DE LIMPEZA Deve ser limpa e arejada e os alimentos protegidos da ação de insetos, roedores e similares; SALA DE RECREAÇÃO Deve ser espaçosa, ventilada e protegida da ação de insetos; SANITÁRIOS Vaso sanitário na proporção de uma unidade para cada grupo de vinte trabalhadores ou fração; Ser separados por sexo; Dispor de água limpa e papel higiênico; Estar ligadas a sistema de esgoto, fossa séptica ou sistema equivalente; Possuir recipiente para coleta de lixo; Relatório – Estágio Supervisionado III 40 Ser distanciado da área de alimentação; Ser distanciado de pelo menos 20,0 metros da rede de captação de água (poço). CHUVEIROS Chuveiro na proporção de uma unidade para cada grupo de dez trabalhadores ou fração; Ser separados por sexo; Estar ligadas a sistema de esgoto, fossa séptica ou sistema equivalente; Dispor de água limpa; LAVATÓRIO Lavatório na proporção de uma unidade para cada grupo de vinte trabalhadores ou fração; Dispor de água limpa; Estar ligados a sistema de esgoto, fossa séptica ou sistema equivalente; LAVANDERIA As lavanderias devem ser instaladas em local coberto, ventilado e adequado para que os trabalhadores alojados possam cuidar das roupas de uso pessoal; As lavanderias devem ser dotadas de tanques individuais ou coletivos e água limpa; DORMITÓRIOS OS DORMITÓRIOS DEVEM TER: Ter ganchos para redes ou camas com colchão, separadas por no mínimo um metro, sendo permitido o uso de beliches, limitados a duas camas na mesma vertical, com espaço livre mínimo de cento e dez centímetros acima do colchão; Ter armários individuais para guarda de objetos pessoais; Ter portas e janelas capazes de oferecer boas condições de vedação e segurança; Ter recipientes para coleta de lixo; Ser separados por sexo. ESCRITÓRIO Local arejado; Dispor de materiais e equipamentos necessários para o desempenho das atividades neste ambiente. Relatório – Estágio Supervisionado III 41 POÇO Ser construído a uma distancia mínima de 20,0 metros da fossa séptica; FOSSA SÉPTICA Deve ser construída a uma distancia mínima de 20 metros do poço; 6.5.7.1. Planejamento Viário O planejamento viário tem como objetivo determinar como as vias de acesso serão dispostas nas UT a serem manejadas. Devem minimizar os impactos negativos e diminuir os custos de extração. Para tal, o macrozoneamento (áreas protegidas, grotas, topografia do terreno, APP, hidrografia e etc.), deverá ser levado em consideração no planejamento da rede viária da UMF. Dentro das UPA o planejamento das redes viárias, deverá ser planejado com base no mapa do microzoneamento, sobreposto ao mapa de exploração. No qual deverá evitar que a rede viária corte igarapés, derrube ou danifique árvores remanescentes de valor comercial e protegidas por lei, adotando-se uma distância mínima de 3,0 metros a fim de não danificar o sistema radicular destas e que não passe por áreas com grandes densidades de árvores, desta forma, e conveniente que as estradas permanentes e secundárias, passem por caminhos mais planos e com curvas pouco acentuadas. Figura 28 – (A) e (B) Estradas Florestais. A B Relatório – Estágio Supervisionado III 42 6.5.7.2. Estradas Permanentes ou Primárias As estradas primárias são definidas como as mais importantes vias de acesso às áreas de manejo, tendo caráter de utilização permanente. Devem ser construídas no sentido Leste-Oeste, de modo a possibilitar a penetração dos raios solares durante todo o ano. Deverá ser aberta uma faixa de aproximadamente 10,0 metros de largura e seu leito carroçável não deverá ultrapassar os 6,0 metros de largura e devem estar mais alta que o terreno lateral. Para serem usadas durante a estação de chuvas deverão ser revestidas com piçarra ou cascalho. 6.5.7.3. Estradas Secundárias São infraestruturas permanentes dentro das limitações da área a ser manejada (UT),
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