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ARTIGO Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento Gestão de avaliação de investimento e financiamento Sobre o autor Jean Gleyson Farias Martins graduado em Administração pela Universidade Potiguar - UnP, em 2006. Especialista em Administração Financeira pela Faculdade Natalense para o Desenvolvimento – FARN, em 2009. Atualmente é Consultor Financeiro e Professor da Universidade Potiguar – UnP do Rio Grande do Norte e leciona, desde 2009, as disciplinas de Finanças Aplicadas, Administração Financeira, Mercado Financeiro e de Capitais, Finanças Empresariais, Introdução à Gestão Financeira, Gestão Financeira I e II na graduação e Gestão de Riscos e Finanças Corporativas na Pós-Graduação. <http://lattes.cnpq.br/6240918896914838> jeangleysonfm@hotmail.com Revisor de conteúdo: Daniel Pinto Negreiros Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 157 Gestão de avaliação de investimento e financiamento 1 Introdução Atualmente, de todo colaborador, seja da área de marketing, finanças, recursos humanos ou produção, são exigidas as competências multidisciplinares, em particular do gestor financeiro que tem a enorme responsabilidade de realizar investimentos e financiamentos. As possíveis necessidades de investimento e financiamento podem ser originadas de diversas situações, como por exemplo: compra de uma máquina, utensílios, aumento ou não do volume de compra de estoques, ampliação da empresa, modernização de equipamentos, abertura de uma filial, todos os elementos necessários à produção de bens e serviços. O resultado desse investimento é julgado pelo aumento do valor da empresa, refletido em ganho para os acionistas. A boa decisão de investimento concretiza-se na compra de um ativo real que vale mais do que seu custo. É preciso identificar se a oportunidade proporciona um valor superior ao seu custo e se o encargo da dívida adicional pode ser suportado com segurança. O sucesso de qualquer companhia é a maximização do retorno para os detentores do capital, ou seja, acionistas, empresários e investidores. Diante do cenário bastante competitivo, o gestor financeiro possui um papel importantíssimo na gestão empresarial e, portanto, deve ser capaz de captar os melhores recursos financeiros e alocar os recursos obtidos de forma que os ativos investidos possam gerar riqueza. A incessante busca pela hegemonia do mercado é um desafio de todos que compõem a organização: a diretoria, gerentes, supervisores, assistentes e auxiliares. A função do profissional de finanças é tomar decisões financeiras, as quais envolvem os processos de: a) planejamento financeiro - a necessidade de ampliação, rentabilidade e lucratividade sobre os investimentos realizados; b) controle financeiro - o mecanismo de interpretar e corrigir as variações entre previsto e realizado; c) administração de ativos - o administrador terá a tarefa de melhorar a estrutura de investimentos em terno risco e retorno; d) administração de passivos - o gestor vai gerenciar a composição de financiamento (ASSAF NETO, 2010). Temas em Gestão Financeira de Empresas 158 As decisões de investimento abarcam a maneira ou a forma como o gestor vai aplicar os recursos, ou seja, o processo de identificação, avaliação e seleção das melhores alternativas de aplicações na expectativa de fluxo de caixas futuros. As decisões de financiamento descrevem quais recursos serão captados de terceiros, os próprios ou de ambos. O propósito das decisões de investimento e financiamento é a maximização da riqueza e, consequentemente, o bem estar do proprietário de capital. O financista de uma empresa tem a grande responsabilidade de tomar decisão de investimento, para a qual ele necessita utilizar uma taxa como ponto de referência. Essa taxa é denominada taxa de corte ou taxa mínima aceitável, isto é, custo de capital. O custo de capital da empresa vai refletir a renumeração mínima exigida pelos proprietários do dinheiro. Portanto, toda atividade organizacional ou empresarial apresenta variáveis internas e externas que poderão afetar diretamente e indiretamente o desempenho operacional da companhia. Esse ambiente turbulento envolve uma gama de complexidade no mundo dos negócios, tornando o papel do gestor importantíssimo nas atividades inerentes a decisões de investimento e financiamento na produção de bens e serviços, a fim de minimizar os riscos financeiros e econômicos. Os modelos que auxiliam os gestores na decisão de análise de investimentos são: Valor Presente Líquido - VPL, Taxa Interna de Retorno - TIR, Taxa Interna de Retorno Modificada TIRM, Índice de Lucratividade – IL, Payback Simples - PBS e Payback Descontado - PBD; e na análise de financiamento: CAPM e WACC. Estes modelos visam encontrar a melhor decisão, que maximize a riqueza do acionista, entretanto, na prática empresarial, pouco se estuda sobre a eficiência do montante a ser investido por uma companhia. 2 Desenvolvimento 2.1 Decisão de investimento Em toda e qualquer empresa de poucos recursos financeiros, os gestores têm a responsabilidade de aderir a projetos que tragam maior agregação de valor para a empresa, a fim de alcançar um objetivo fundamental: a maximização de riqueza do acionista. Segundo Groppelli e Nikbakht (2002, p. 121), “orçamento de capital é um sólido conjunto de procedimentos para avaliar, comparar e selecionar projetos”. Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 159 O orçamento de capital é um vasto demonstrativo de recursos para a obtenção de ativos de longo prazo, sendo uma importante ferramenta gerencial para a organização. Conforme Laponni (2007, p. 9), “de forma geral, numa empresa em funcionamento, as operações são os trabalhos repetitivos do dia-dia, e o projeto é um esforço com início e fim definidos empreendidos para criar um produto ou serviço único para a empresa”. Dentre as decisões mais importantes de competência dos diretores financeiros está a elaboração do orçamento de capital e a estimativa de custo de capital. Neste processo, é fundamental utilizar métodos acurados de análise para maximizar a riqueza do acionista (RYAN, 2002). Payback simples (PBS) Uma das preocupações do gestor após sua decisão de financiamento e, posteriormente, a de investimento é saber quando a empresa vai recuperar o investimento, isto é, em quanto tempo o investimento vai ser recuperado. A técnica utilizada para encontrar o período de recuperação do investimento é denominada payback. O período de recuperação é alcançado calculando-se o número de anos que serão necessários para que os benefícios futuros acumulados igualem o montante do investimento inicial. Segundo Assaf Neto (2010, p. 321), o período de payback, de aplicação bastante generalizada na prática, consiste na determinação do tempo necessário para que o dispêndio de capital (valor do investimento) seja recuperado por meio dos benefícios incrementais líquidos de caixa (fluxo de caixa) promovidos pelo investimento. O tempo máximo de recuperação do investimento é determinado pelo gestor da organização. Se o prazo determinado pelo investidor for menor do que o período máximo aceitável de recuperação, o investimento deverá ser aceito. Contudo, se o prazo for maior do que o tempo máximo aceitável de recuperação, o investimento deverá ser rejeitado. O Payback é uma técnica usualmente utilizada por empresas de grande porte para avaliar pequenos investimentos e por pequenas empresas de pequeno e médio porte para avaliar a maioria de seus projetos. Há dois tipos de recuperação: Payback Simples (PBS) e Payback Descontado (PBD) (BRUNI, 2008). Temas em Gestão Financeira de Empresas 160 A utilização do payback na prática corporativa é bastante utilizada como ferramenta de análise de novos projetos e demonstra o número de períodos necessários parase recuperar o dinheiro investido, sendo um método simples e direto, pois envolve as estimativas de benefícios futuros esperados que são necessários para pagar o investimento. Segundo Damodaran (2010, p. 256), “o payback de um projeto é uma medida da rapidez com que os fluxos de caixa gerados por esse projeto cobrem o investimento inicial”. Conforme Bruni (2008, p. 229), o método do payback simples é uma forma simples, fácil e direta, que estima o prazo necessário para se recuperar o investimento realizado. Quando o custo de capital do investimento não é considerado, denomina-se o método do Payback Simples. O investidor pode utilizar-se do payback como ferramenta para simples seleção de riscos de projetos. Dois projetos, A e B, possuem o mesmo valor inicial de investimento e no projeto “A” tem-se um período de recuperação de quatro anos, enquanto a alternativa “B” possui dez anos. Então, a alternativa “A” possui um risco menor, pois o período de recuperação do investimento é mais rápido, o que significa que o projeto “A” está em risco por um período mais curto (TITMAN; MARTIN, 2010). O gestor precisa ter certa precaução quando for utilizar o payback simples como ferramenta de análise, pois ele não leva em consideração o valor do dinheiro no tempo e nem os fluxos de caixa que ocorrem após o período de payback. Conforme Groppelli e Nikbakht (2008, p. 136), o método do período de recuperação do investimento é largamente utilizado para calcular quanto tempo demora até que um capital original, ou investimento inicial, seja recuperado. Esse método não é recomendado por duas razões: do mesmo modo que a taxa média de retorno não leva em conta o valor do dinheiro no tempo, nem serve como uma medida de lucratividade (já que os fluxos de caixa após o período de amortização (payback) são ignorados). Para Bruni (2008, p. 231), “O método payback simples só pode ser aplicado quando o fluxo de caixa é do tipo simples (isto é, os fluxos de caixa apresentam apenas uma mudança de sinal, como investimento com sinal negativo e n recebimentos com sinal positivo”. se o payback simples for menor que o prazo máximo de recuperação do capital investido, o projeto deve ser aceito; Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 161 se o payback simples for igual ao prazo máximo de recuperação do capital investido, é indiferente aceitar ou não o projeto; se o payback simples for maior que o prazo máximo de recuperação do capital investido, o projeto não deve ser aceito. Exemplo: A empresa ABC Ltda. estuda a viabilidade de adquirir um novo equipamento e o investimento inicial para este projeto corresponde a R$ 50.000,00. O valor residual do investimento é considerado zero. Pede-se para calcular o payback simples sabendo que o prazo máximo tolerável pela empresa é de 4 anos. O diagrama de fluxo de caixa abaixo demonstra um período de quatro anos para um investimento inicial de R$ 50.000,00, que proporcionou fluxos de caixas anuais de R$ 10.000,00 no ano 1; R$ 20.000,00 no ano 2; R$ 25.000,00 no ano 3; R$ 30.000,00 no ano 4. Figura 1 - Diagrama de fluxo de caixa da empresa ABC Ltda. 0 R$ 10.000 R$ 20.000 R$ 25.000 R$ 30.000 R$ -50.000 1 2 3 4 Fonte: Bruni, 2008 Sendo o valor a ser investido de R$ 50.000,00, a empresa recupera R$ 10.000,00 no primeiro ano e R$ 20.000,00 no segundo. Você pode ver por essa informação que após dois anos a companhia terá recuperado R$ 30.000,00 dos R$ 50.000,00 investidos. Então, calculemos a proporção do terceiro ano, que a empresa precisará para recuperar os R$ 20.000,00 restantes do seu investimento inicial. Para fazer isso, simplesmente divide-se os R$ 20.000,00 pela entrada de caixa no terceiro ano. Temas em Gestão Financeira de Empresas 162 PBs R R R PBs R R = − + = − = − + $ . $ . $ . $ . 50 000 10 000 40 000 40 000 $$ . $ . $ . $ . , 20 000 20 000 20 000 25 000 0 80 = − = − = R PBs R R PBs == 2 8, anos Portanto, o período de recuperação da empresa ABC Ltda. corresponde a 2,8 anos. Se o gestor desta empresa determinar o período de recuperação como no máximo 3 anos, a empresa deve investir nesse projeto. 2.1.2 Payback descontado (PBD) O Payback descontado, mais comumente utilizado pelas empresas, leva em consideração o valor do dinheiro no tempo. Para poder calcular o período de recuperação do investimento no payback descontado é preciso antes descontar os fluxos de caixas futuros e, para isso, torna-se necessário conhecer a taxa mínima de atratividade do investimento ou taxa de corte. Neste sentido, Correia Neto (2009, p. 157) explica: O PPB descontado diferencia-se do simples por considerar o efeito do tempo sobre o dinheiro. A forma de implementação de ambos é similar, apenas usando diferentes fluxos de caixa. No período de payback descontado, não serão utilizados os valores nominais dos fluxos, tal qual no simples, e sim os valores descontados para o presente, através de uma taxa de juros. Essa taxa de juros deve ser ajustada ao risco e compatível com o tipo de fluxo de caixa. Ela é a taxa mínima de atratividade (TMA), explicada no estudo de financiamento. Conforme Laponni (2007, p. 236), “o payback é o tempo necessário para recuperar o custo inicial remunerado, na decisão com o método do PBD, este é comparado como tempo máximo tolerado, TMT, definido pela empresa”. O payback descontado considera o efeito do dinheiro no tempo diferentemente do payback simples que não leva isso em consideração. O payback descontado é assim denominado porque em todos os fluxos de caixa esperados pelo investimento vão ser descontadas a taxa mínima aceitável ou taxa mínima de atrativade no projeto (CORREIA NETO, 2009). Denomina-se payback descontado quando o gestor, em sua análise, considera o valor do dinheiro no tempo, isto é, em todos os fluxos de caixa futuros é descontada a taxa de desconto (BRUNI, 2008). Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 163 Para atualizar o fluxo de caixa é necessário utilizar a fórmula dos juros compostos: um valor futuro (FV), trazendo-o a valor presente (VP), em que (n) é o período e (i) a taxa de desconto. Basta aplicar a seguinte fórmula: Figura 2 - Fórmula de juros compostos e suas derivações Valor Presente Prazo Taxa de Juros Fonte: Puccini (2000) Neste sentido, Correia Neto (2008, p. 233) esclarece: Quando o valor do dinheiro no tempo é considerado na análise, o método do payback passa a ser denominado payback descontado. Os procedimentos de caçulo são similares aos empregados no payback simples, bastando trazer os fluxos de caixa no valor presente, usando o regime de juros compostos. Este método foi criado para corrigir uma das principais falhas do payback simples, que não leva em consideração o valor do dinheiro no tempo. O payback descontado é o tempo necessário para se recuperar um determinado investimento, ou seja, qual é o período imprescindível para que os fluxos de caixa futuros, atualizado a uma taxa de corte, recuperem o capital investido (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010). se o payback descontado for menor que o prazo máximo de recuperação do capital investido, o projeto deve ser aceito; se o payback descontado for igual ao prazo máximo de recuperação do capital investido, é indiferente aceitar ou não o projeto; Temas em Gestão Financeira de Empresas 164 se o payback descontado for maior que o prazo máximo de recuperação do capital investido, o projeto não deve ser aceito. Exemplo: A empresa CBC Ltda. estuda a viabilidade de adquirir um novo equipamento e o investimento inicial para este projeto corresponde a R$ 50.000,00, que proporcionou fluxos de caixa anuais de R$ 10.000,00 no ano 1; R$ 20.000,00 no ano 2; R$ 25.000,00 no ano 3; R$ 30.000,00 no ano 4. O valor residualdo investimento é considerado zero. Pede-se para calcular o payback descontado sabendo que a taxa de desconto corresponde a 3% a.a. e o prazo máximo tolerável pela empresa é de 3 anos. O primeiro passo é atualizar cada fluxo de caixa para data zero. PV FV i n = +( )1 PV PV 1 1 2 2 10 000 1 0 03 9 708 74 20 000 1 0 03 = + = = + . ( , ) . , . ( , ) == 18 851 92. , PV PV 3 3 4 25 000 1 0 03 22 878 54 30 000 1 0 03 = + = = + . ( , ) . , . ( , )44 26 654 61= . , Sendo o valor a ser investido de R$ 50.000,00, a empresa recupera R$ 9.708,74 no primeiro ano e R$ 18.851,92 no segundo. Você pode ver, por essa informação, que após dois anos a companhia terá recuperado R$ 28.560,66 dos R$ 50.000,00 investidos. Então, calculemos a proporção do terceiro ano que a empresa precisará para recuperar os R$ 21.439,34 restantes do seu investimento inicial. Para fazer isso, simplesmente divide-se os R$ 21.439,34 pela entrada de caixa no terceiro ano. Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 165 PBD PBD = − + = − = − + 50 000 9 708 74 40 291 26 40 291 26 1 . . , . , . , 88 851 92 21 439 34 21 439 34 22 878 54 0 94 . , . , . , . , , = − = =PBD 22 9, ANOS Portanto, o período de recuperação da empresa CBC Ltda. corresponde a 2,9 anos. Se o gestor desta empresa determinar o período de recuperação como no máximo 3 anos, a empresa deve investir nesse projeto. 2.1.3 Valor presente líquido (VPL) O objetivo maior da decisão de investimento é a maximização da riqueza da empresa. Esta decisão inerente aos gestores parte, inicialmente, de uma decisão de financiamento para depois alocar os recursos de forma que gerem riqueza para os proprietários, investidores ou acionistas, o que é fundamental para o sucesso da companhia. A regra do valor presente líquido (VPL) satisfaz muitas das condições apresentadas para criar uma ótima regra que auxilie o administrador ou gestor financeiro a tomar melhor as suas decisões sobre os investimentos realizados pela empresa. O método permite que os analistas de projetos avaliem melhor a taxa de desconto e os fluxos de caixa futuros esperados, ao levar em consideração um valor final que capta as expectativas além do horizonte no tempo da análise de viabilidade (DAMODARAM, 2010). Nesse sentido, Damodaran (2010, p. 257) afirma que “o valor presente líquido (VPL) de um projeto é a soma dos valores presentes de cada um dos fluxos de caixa – tanto positivos como negativos – que ocorrem ao longo da vida do projeto”. O objetivo maior de um investimento é maximizar o valor da organização. A forma como o gestor pretende alocar todos os recursos captados para os projetos de investimentos é imprescindível para o sucesso do empreendimento, até mesmo porque existe uma enorme sinergia de tempo, dinheiro e gerenciamento (LAPONNI, 2007). A regra do valor presente líquido (VPL) satisfaz muitas das condições apresentadas para criar uma ótima regra que auxilie o administrador ou gestor financeiro a tomar melhor as suas decisões sobre os investimentos realizados pela empresa. Temas em Gestão Financeira de Empresas 166 Segundo Correia Neto (2009, p. 160), “o VPL é igual ao valor atual das entradas de caixa menos o valor atual das saídas”. Após a realização do desembolso para constituir o projeto, no qual se espera receber fluxos de caixa futuros, a empresa necessita saber se este investimento vai gerar valor ou não. A técnica de valores líquidos descontados é a mais utilizada na análise de viabilidade econômico-financeira. Segundo Assaf Neto (2010, p. 335), a medida do valor presente líquido é obtida pela diferença entre o valor presente dos benefícios líquidos de caixa, previstos para cada período do horizonte de duração do projeto, e o valor presente do investimento (desembolso de caixa). Sendo um dos métodos que considera o fluxo de caixa líquido da companhia, após a realização do investimento, o gestor espera obter fluxos de caixa futuros positivos, nos quais serão descontados a uma taxa de corte, e, por fim, diminuídos do investimento inicial. Na prática, como anota Laponni (2007, p. 133), “o valor presente líquido é obtido a partir do desconto de todos os fluxos de caixa para momento inicial, o instante 0, quando ocorre o primeiro desembolso”. O cálculo do valor presente líquido é bastante simples de entender: é preciso atualizar cada fluxo de caixa para a data do investimento inicial, ou seja, ano zero, e, depois de atualizado, deve-se somar todos os fluxos positivos e depois diminuir do desembolso inicial. Segundo Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 176), “valor presente líquido é o valor presente do fluxo de caixa operacional do projeto, descontado ao custo de capital da empresa.” Conforme Correia Neto (2009, p. 160), “o valor presente líquido (VPL) consiste em trazer todos os fluxos financeiros do projeto, tanto positivos como negativos, para um único período (o atual) e somá-los”. De acordo com Puccini (2000, p. 125), “denomina-se o valor presente de um fluxo de caixa o valor monetário (PV) do ponto zero da escala de tempo, que é equivalente à soma de suas parcelas futuras, descontadas para o ponto zero, com uma determinada taxa de juros”. O valor presente é um dos métodos mais utilizados e pode ser representado pela seguinte fórmula: Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 167 Figura 3 - Valor presente líquido VPL FC FC k FC k FC k FC k = + + + + + + + + ( ) ( ) ( ) ( ) ( )0 1 2 2 3 3 4 1 1 1 1 44 1 + + + ... ( ) FC k n n Fonte: Lemes Júnior; Rigo; Cherobim (2010) Para Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 177), “regra do valor presente líquido – um projeto deve ser aceito se o VPL for positivo e rejeitado se ele for negativo.” se VPL > 0 aceita-se o projeto; se VPL = 0 aceita-se o projeto; se VPL < 0 rejeita-se o projeto. Exemplo: A empresa J.M estuda a viabilidade de adquirir um novo equipamento e o investimento inicial para este projeto corresponde a R$ 600,00, sendo que os fluxos de caixa projetados são respectivamente R$ 120,00; R$ 135,00; R$ 150,00; R$ 180,00; R$ 225,00; R$ 250,00. O valor residual do investimento é considerado zero. A taxa mínima aceitável do projeto 15% a.a. Pede-se para calcular o Valor Presente Líquido. Tabela 1- Fluxo de caixa da empresa J.M Ano Fluxo de caixa 0 (600,00) 1 120,00 2 135,00 3 150,00 4 180,00 5 225,00 6 250,00 VPL = − + + + + + + 600 1 0 15 120 1 0 15 135 1 0 15 150 0 1 2( , ) ( , ) ( , ) (( , ) ( , ) ( , ) ( ,1 0 15 180 1 0 15 225 1 0 15 250 1 0 153 4 5+ + + + + + + ))6 VPL = − + + + + + +600 104 35 102 08 98 63 102 92 111 86 108, , , , , ,008 VPL = − + =600 627 92 27 92, , VPL = 27 92, Temas em Gestão Financeira de Empresas 168 A interpretação desse resultado revela que, ao aceitar o projeto e implementá-lo, como o VPL é positivo, a J.M estará aumentando a riqueza de seus acionistas ou proprietários em R$ 27,92, além de pagar o custo do capital. Portanto, a empresa deve realizar o investimento. 2.1.4 Taxa interna de retorno (TIR) A taxa interna de retorno é a taxa de corte que iguala o valor atual líquido dos benefícios futuros de um investimento a zero. Em outras palavras, é a taxa que, com o valor atual das entradas, seja igual ao valor atual dos desembolsos. Para se tomar uma decisão, a taxa deve ser confrontada com a taxa que representa o custo do capital do investidor ou da companhia. Para Assaf Neto (2010, p. 325), “o método da taxa interna de retorno (IRR) representa [...] a taxa de desconto que iguala, em determinado momento (geralmente usa-se a data deinício do investimento – momento zero) as entradas com saídas previstas de caixa.” A taxa interna de retorno é o valor em percentual do retorno do investimento; técnica bastante utilizada na análise de viabilidade de projetos e torna o valor presente líquido igual a zero. Segundo Correa Neto (2009, p. 163), “em termos operacionais, a TIR é a taxa de desconto que faz com que o somatório dos valores presente das entradas de caixa se iguale ao somatório dos valores presentes das saídas de caixa, resultando em um VPL nulo.” Taxa Interna de Retorno é um dos principais métodos de análise de projetos econômico- financeiros, seja para diagnosticar a viabilidade de projetos, seja para acompanhar e comparar a rentabilidade de investimentos. Ela representa para os investidores o percentual adquirido pelos investimentos realizados no ativo. Segundo Damodaran (2008, p. 261), a taxa interna de retorno (TIR) é a taxa de desconto que torna o valor presente líquido zero. Ela é a medida do retorno que você está obtendo sobre um investimento, considerando tanto quanto serão os fluxos de caixa sobre o investimento, quanto quando eles serão recebidos. Trata-se do fluxo de caixa descontado análogo às taxas de retorno contábeis. A taxa interna de retorno é a taxa de corte que iguala o valor atual líquido dos benefícios futuros de um investimento a zero. Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 169 Para Bruni (2008, p. 299), “a taxa interna de retorno é a taxa de juros recebida para um investimento que consiste em pagamentos (valores negativos) e receitas (valores positivos) que ocorrem em períodos regulares.” A taxa interna é um indicador de rentabilidade do projeto e deve ser avaliada com a taxa mínima aceitável da empresa. Esta taxa mínima é a taxa que corresponde à melhor remuneração que poderia ser adquirida com o emprego do capital em um investimento. Segundo Titman e Martin (2010, p. 86), a TIR é definida simplesmente como a taxa de retorno anual composta obtida em um investimento. Nas análises introdutórias de projetos de investimento, geralmente consideramos que os fluxos de caixa negativos associados a um projeto, como os custos de desenvolvimento, ocorrem no início da vida do projeto, e os fluxos de caixa positivos ocorrem depois. Figura 4 - Taxa interna de retorno ( ) ( ) ( ) ( ) (FC FC TIR FC TIR FC TIR FC 0 1 2 2 3 3 4 1 1 1 1 + + + + + + + + TTIR FC TIR n n) ... ( )4 1 0+ + + = Fonte: Lemes Júnior; Rigo; Cherobim (2010) Para Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 180), “regra da TIR – um projeto de investimento é aceitável se sua TIR for igual ou superior ao custo de capital. Caso contrário, deve ser rejeitado”. se TIR > ke aceita-se o projeto; se TIR = ke aceita-se o projeto; se TIR < ke rejeita-se o projeto. Exemplo: A empresa M.J Ltda. estuda a viabilidade de adquirir um novo equipamento e o investimento inicial para este projeto corresponde a R$ 600,00, sendo que os fluxos de caixa projetados são respectivamente R$ 120,00; R$ 135,00; R$ 150,00; R$ 180,00; R$ 225,00; R$ 250,00. O valor residual do investimento é considerado zero. A taxa mínima aceitável do projeto 15% a.a. Pede-se para calcular a taxa interna de retorno. ( ) ( ) ( ) ( ) (600 120 1 135 1 150 1 180 12 3 + + + + + + + +TIR TIR TIR TTIR TIR TIR) ( ) ( )4 5 6 225 1 250 1 0+ + + + = TIR = 16 49, % Temas em Gestão Financeira de Empresas 170 Como o custo de capital utilizado pela empresa foi de 15% a.a. para seus projetos, a interpretação desse resultado é que, ao aceitar o projeto, a companhia estará aumentando a riqueza de seus acionistas, pois a TIR é maior que a taxa de desconto. 2.1.5 Taxa interna de retorno modificada (TIRM) Normalmente, adota-se a TIRM para confrontá-la com a TIR. De acordo com Assaf Neto (2010, p. 334), o método da Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM) “[...]leva em consideração em seu cálculo as taxas de investimento para reaplicação dos fluxos de caixa intermediários mais compatíveis com o mercado”. Para chegar à TIRM, os fluxos de caixa intermediários negativos são trazidos a valor presente com uma taxa de financiamento, enquanto os fluxos intermediários positivos são levados a valor futuro, no último período do fluxo de caixa, a partir de uma taxa de reinvestimentos. Com os valores do fluxo de caixa no instante zero e no período final, o cálculo da taxa interna de retorno poderá ser aplicado direto na fórmula de juros compostos. De acordo com Kassai et al (2000, p. 778), “o método da TIRM resgata a vantagem da facilidade de interpretação dos resultados na forma de taxa; possibilita a comparação entre as diversas taxas de mercado; e obtém uma taxa de retorno do investimento mais realista.” Figura 5 - Taxa interna de retorno modificada TIRM FC K FC K PT n t t n NT t t n = + + − = − = ∑ ∑ .( ) .( ) 1 1 1 0 2 0 − 1 1 t Fonte: Bruni (2008) Onde: taxa que remunera aplicações de recursos taxa de captação de recursos fluxo de caixa positivo no ano t fluxo de caixa negativo no ano t Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 171 A TIRM leva em conta uma taxa reinvestimentos mais realista que a TIR, na qual considera em um investimento as possibilidades de ser lucrativo, indiferente ou insatisfatório, baseando-se pelos resultados maiores, iguais ou menores que a taxa do custo de capital ou da taxa de rendimento em outro investimento. Exemplo: A empresa YZW Ltda. quer analisar a taxa interna de retorno modificada decorrente do investimento realizado. O investimento inicial foi na ordem de R$ 400.000,00 , inteiramente desembolsados no ano inicial. Os benefícios gerados pela operação em um horizonte de 10 anos foram de R$ 120.000,00. Contudo, a empresa estima a necessidade de um novo investimento no valor de R$ 200.000,00 no final do quinto ano, o que causará uma redução do fluxo de caixa que, neste caso, será negativo no valor de R$ 80.000,00. No último ano analisado, a empresa estima que conseguirá realizar o valor residual dos equipamentos pela importância de R$ 40.000,00 que deverá ser somada aos fluxos previstos. As taxas de captação são iguais a 25% ao ano, enquanto as taxas de aplicação são próximas a 18% ao ano. Tabela 2 - Fluxo de caixa da empresa YZW Ltda. Ano Fluxo de caixa anual Valor positivo capitalizado para a data terminal Valor negativo capitalizado para a data zero 0 R$ (400.000,00) R$ (400.000,00) 1 R$ 120.000,00 R$ 532.254,46 2 R$ 120.000,00 R$ 451.063,10 3 R$ 120.000,00 R$ 382.256,87 4 R$ 120.000,00 R$ 323.946,50 5 R$ (80.000,00) R$ (26.214,40) 6 R$ 120.000,00 R$ 232.653,33 7 R$ 120.000,00 R$ 197.163,84 8 R$ 120.000,00 R$ 167.088,00 9 R$ 120.000,00 R$ 141.600,00 10 R$ 160.000,00 R$ 160.000,00 Soma R$ 2.588.026,11 R$ (426.214,40) Fonte: Bruni (2008) Temas em Gestão Financeira de Empresas 172 = + ) $ ) $ ) $ VF vp i VF R VF n = + = + = .( ) . .( , . , 1 120 000 1 0 18 532 254 469 == + = = + 120 000 1 0 18 451 063 10 120 000 1 0 8 . .( , ) $ . , . .( R VF ,, ) $ . , . .( , ) $ . 18 382 256 87 120 000 1 0 18 323 9 7 6 = = + = R VF R 446 50 120 000 1 0 18 232 653 33 120 0 4 , . .( , ) $ . , . VF R VF = + = = 000 1 0 18 197 163 84 120 000 1 0 18 3 2 .( , ) $ . , . .( , ) + = = + = R VF R VF R V $ . , . .( , . , 167 088 00 120 000 1 0 18 141 600 001= + = F VF R = = 160 000 1 0 18 160 000 00 2 588 026 0 . .( , . , $ . . ,,11 F R VP FV i VP R R n = + = − + = − ( ) $ . ( ,) $ . , 1 400 000 1 0 25 400 000 000 VVP R R VP R = − + = − = − $ . ( , ) $ . , $ . 80 000 1 0 25 26 214 40 426 21 5 44 40, TIRM TIRM = − = 2 588 026 11 426 214 40 1 6 07 1 10 . . , . , , 22122634 1 1 1976614 1 0 197614 19 1 10( ) − = − = = TIRM TIRM , , ,, %77 2.1.6 Índice de lucratividade (IL) O índice de lucratividade (IL) é definido como a divisão da soma dos valores presentes do projeto descontando a taxa mínima de atratividade, ou seja, a taxa de corte do investimento, pelo valor do investimento (LAPPONI, 2007). O índice de lucratividade consiste em outra técnica para avaliação de investimentos, pois ela diz, de modo geral, quanto será obtido a valor presente através dos fluxos de caixa esperados (BRUNI, 2007). Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 173 Na prática, como anota Damodaran (2010, p. 310), o índice de lucratividade é o método mais simples de incluir o racionamento de capital na análise de investimentos. É particularmente útil para empresas que têm restrições somente no atual período e relativamente poucos projetos. O índice de lucratividade mede o retorno por cada unidade de valor investida no projeto. Esse método consiste em estabelecer a divisão entre os valores presentes líquidos de caixa e o desembolso inicial de caixa. Segundo Assaf Neto (2010, p. 338), “o índice de lucratividade (IL), ou índice de valor presente, é uma variante do método do NPV; é determinado por meio da divisão do valor presente dos benefícios líquidos de caixa pelo valor presente dos dispêndios (desembolso de capital)”. Um determinado investimento realizado pelo gestor obteve um índice de lucratividade de R$ 2,50. A interpretação do índice será que para cada R$ 1,00 investido será possível agregar R$ 2,50 a valor presente através dos benefícios futuros. Na prática, como anota Correia Neto (2009, p. 159), “o índice de lucratividade (IL) mede o retorno por unidade monetária investida em termos presentes, indicando quantas unidades monetárias são geradas por unidade monetária desembolsada”. O critério do índice de lucratividade pode ser representado pela seguinte fórmula: Figura 6 - Índice de lucratividade IL FC k Inv j j j n = + = ∑ ( )11 Fonte: Bruni (2008) O índice de lucratividade mede o retorno por cada unidade de valor investida no projeto. Esse método consiste em estabelecer a divisão entre os valores presentes líquidos de caixa e o desembolso inicial de caixa. Temas em Gestão Financeira de Empresas 174 Onde: fluxo de caixa no período j custo de capital ou TMA período analisado número de períodos analisados investimento inicial, que corresponde ao fluxo de caixa na data zero, Exemplo: Utilizando o mesmo exemplo anterior, a empresa JM estuda a viabilidade de adquirir um novo equipamento, sendo o investimento inicial para este projeto correspondente a R$ 600,00 e os fluxos de caixa projetados são respectivamente R$ 120,00; R$ 135,00; R$ 150,00; R$180,00; R$ 225,00; R$ 250,00. O valor residual do investimento é considerado zero. A taxa mínima aceitável do projeto é 15% a.a. Pede- se para calcular o índice de lucratividade. Tabela 3 - Fluxo de caixa da empresa JM Ltda. Ano Fluxo de caixa Valor presente do fluxo de caixa 0 (600,00) (600,00) 1 120,00 104,35 2 135,00 102,08 3 150,00 98,63 4 180,00 102,92 5 225,00 111,86 6 250,00 108,08 Veja bem, o índice de R$ 1,05 indica que para cada R$ 1,00 investido no projeto, ele retorna R$ 1,05 em termos atuais. 2.2 Decisão de financiamento Para tomar decisões financeiras a longo prazo é preciso considerar o custo de capital da companhia, isto é, a soma de todo o caixa investido nos ativos da empresa, não importando a forma de financiamento (capital de terceiro ou próprio). O custo de capital, por sua vez, é o mínimo retorno sobre o investimento aceitável, sendo a linha divisória entre a boa e a má performance corporativa; é a taxa de retorno esperada exigida pelo mercado para financiar determinado investimento. Assim, o custo do Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 175 dinheiro reflete as expectativas dos detentores de capital, as quais estão relacionadas a condições gerais da economia, do mercado e decisões operacionais e financeiras da empresa (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010). O estudo de financiamentos de recursos tem o propósito de determinar como os investimentos e reinvestimentos necessários ao projeto serão financiados. Existem várias formas de você captar recursos para financiar o seu investimento, podendo ser de capital de terceiro, próprio ou os dois. 2.2.1 Custo de capital Segundo Assaf Neto (2010, p. 392), “o custo de capital de uma empresa reflete, em essência, a remuneração mínima exigida pelos proprietários de suas fontes de recursos (credores e acionista)”. O custo de capital da companhia pode ser visto ainda como um custo de oportunidade, que iguala o retorno total que os investidores desta companhia esperam ganhar investindo o mesmo montante em um portfólio de ações e títulos de risco semelhante, ou seja, o custo de capital deriva da relação entre risco e retorno de certo investimento. Nesse sentido, Bruni (2008, p. 157) afirma que todas as decisões de financiamento de uma empresa são refletidas pelo custo de oportunidade dos recursos nela investidos. Da ponderação dos custos das diferentes fontes por suas participações na estrutura de financiamento da entidade surge a definição de custo médio ponderado de capital ou, simplesmente custo de capital. 2.2.2 Custo de capital de terceiro Segundo Assaf Neto (2010, p. 393), “o custo de capital de terceiro é definido de acordo com os passivos onerosos identificados nos empréstimos e financiamentos mantidos pela empresa.” Groppelli e Nikbakht (2008, p. 169) complementam: o custo da dívida é menor que o custo de capital próprio. O aumento do custo da divida está diretamente relacionado às mudanças nas taxas de Temas em Gestão Financeira de Empresas 176 juros do mercado. Quando novos títulos são emitidos, a empresa incorre em custos de colocação, que elevam o custo da dívida. Entretanto, os custos da dívida são reduzidos porque os juros pagos são dedutíveis do imposto de renda. Dívidas em excesso podem aumentar o risco de insolvência para a empresa; elas forçarão o aumento do custo da dívida a ponto de inviabilizar negócios com novos títulos. As duas fórmulas para calcular o custo da dívida são: o método da taxa de retorno aproximada e o método do valor presente, que calcula a taxa interna de retorno desconhecida. Lembre-se de que o custo da dívida deve ser ajustado ao efeito do imposto de renda ou K Kd tdt = −( ).1 Para se estimar o custo do capital de terceiro é necessário, inicialmente, identificar o grau de endividamento da companhia junto a fontes de financiamento. O capital de terceiro define o custo da dívida, que representa as taxas de juros do mercado para um financiamento com o mesmo nível de risco demostrando pela organização (ASSAF NETO, 2010). Há uma grande preocupação do gestor financeiro em determinar a taxa mínima aceitável ou de atratividade do projeto, pois ela é utilizada para descontar os fluxos de caixa futuros, isto é, o retorno exigido pelos investidores. Ao buscar uma fonte de financiamento de terceiro, a taxa de desconto do projeto vai ser determinada pelo custo da dívida aparente. Nesse sentido, Damodaran (2010, p. 215) salienta que “o custo das dívidas mede o custo para empresa dos empréstimos assumidos para o financiamento de projetos.” O custo do capital de terceiros representa a remuneração que a entidade paga para a instituição financeira nos empréstimos obtidos pelaempresa, isto é, a remuneração mínima dos financiamentos de logo prazo após a dedução do imposto de renda (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010). O custo de capital de terceiro pode ser representado pela seguinte fórmula: Figura 7 - Custo de capital de terceiro Kd Ka IR= −.( %)1 Fonte: Bruni (2008) Onde: Kd = custo da dívida Ka = custo aparente da dívida Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 177 IR = alíquota do imposto de renda Exemplo: A empresa CMV Ltda. apresentou os seguintes demonstrativos contábeis: Figura 8 - Resolução do custo de capital da empresa CVM Ltda. DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO RECEITAS R$ 3.000,00 (-) CMV R$ 1.000,00 (-) DESPESAS PRÓPRIAS R$ 500,00 (-) JUROS R$ 100,00 RESULTADO ANTES DO IR R$ 1.400,00 IMPOSTO DE RENDA R$ 280,00 RESULTADO LÍQUIDO R$ 1.120,00 BALANÇO PATRIMONIAL ATIVOS PASSIVOS E PL CIRCULANTE R$ 200,00 CIRCULANTE R$ - REALIZAVÉL R$ 700,00 EXIGÍVEL R$ 700,00 PERMANENTE R$ 1.300,00 PL R$ 1.500,00 TOTAL R$ 2.200,00 TOTAL R$ 2.200,00 IR% . %= =280 1 400 20 Ka = = 100 700 14 29, % Re : .( %) , %.( %) % solução K K IR K K d a d d = − = − = 1 14 29 1 20 11 Por meio dos demonstrativos financeiros, pode-se determinar o custo de capital de terceiro da Empresa CMV Ltda. Ela apresenta um custo efetivo de capital de terceiro igual a 11% ao ano. 2.2.3 Custo de capital próprio Os investidores aplicam recursos no ativo a fim de adquirir retornos de duas maneiras: a primeira com a distribuição de dividendos e a segunda forma de renumeração do capital próprio com a valorização da empresa. São fontes de financiamento a longo prazo. Os recursos originários dos sócios podem ser divididos em duas categorias: retenção de benefícios, quando a inversão na empresa é tão atrativa quanto a melhor Temas em Gestão Financeira de Empresas 178 alternativa de investimento do mercado e ampliação do capital social mediante novas emissões (CORREIA NETO, 2009). Segundo Bruni (2008, p. 164), o custo do capital próprio representa o custo das fontes de financiamento fornecidas pelos sócios por meio do patrimônio líquido. Existem, basicamente, dois procedimentos distintos para a obtenção do custo do capital próprio: o modelo de crescimento constante de dividendos e o modelo de precificação de ativos financeiros, CAPM (iniciais de capital asset pricing model). Uma forma simples de calcular o custo de capital próprio da empresa é utilizando a geração de lucros, metodologia proposta por Gordon e Shapiro em que o custo de capital das ações ordinárias pode ser apurado por meio do fluxo de dividendos que seus titulares esperam receber. Este método é expresso pela fórmula: Figura 9 - Custo de capital próprio K D P gs o = +1 Fonte: Bruni (2008) Onde: Ks = custo do capital próprio Po = preço da ação no ano zero D1 = dividendos distribuídos pela ação no ano 1 g = taxa de crescimento dos dividendos Exemplo: A companhia ABC Paulista S/A está cotada neste momento a R$ 5,50 (Po). Sabendo que está previsto para o próximo dividendo anual (D1), a ser distribuído pela empresa, ser igual a R$ 0,70 e que os dividendos têm crescido a uma média anual igual a 2%, calcular o custo do capital próprio da empresa, mediante o emprego do modelo apresentado por Gordon e Shapiro. Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 179 K D P g K K s o s s = + = + = 1 0 70 5 50 0 02 15 , , , % O custo de capital próprio da empresa ABC Paulista S/A é igual a 15% a.a. Para Damodaran (2010, p. 188) o custo de capital próprio é a taxa de retorno que os investidores exigem para realizar um investimento nas ações de uma empresa. Os modelos de risco descritos [...] necessitam de uma a taxa livre de risco e de um prêmio pelo risco (no CAPM) ou prêmios (no APM e nos modelos multifuncionais), que foram estimados, [...]. Também necessitam de medidas da exposição da empresa ao risco de mercado, na forma de betas. Esses dados são usados para chegar a um retorno esperado sobre um investimento em ações: Re tornoesperado = + ). O método do CAPM (Capital Asset Pricing Model ou Modelo de Precificação de Ativos de Capital) é um modelo que associa o prêmio pelo risco e o prêmio pelo tempo para determinado ativo e pode ser calculado através da seguinte equação: E R R E R RI f m f( ) [ ( ) ]= + −β Onde: E Ri( ) = retorno esperado do ativo I. Rf = taxa livre de risco β = beta, nível de risco sistemático E Rm( ) = retorno esperado do mercado O modelo do CAPM requer a determinação de três variáveis, descritas no quadro abaixo: Temas em Gestão Financeira de Empresas 180 Quadro 1 - Variáveis do CAPM Variável Descrição Rf Denominada taxa livre de risco, do inglês riskfreee rate, correspodende à taxa de risco zero da economia, geralmente representada pela taxa de rentabilidade de títulos públicos de curto prazo. No mercado dos E.U.A., a melhor aproximação da taxa livre de risco consiste na rentabilidade do Tbilis, ou Treasury Bills, títulos públicos de curto prazo. No Brasil, a melhor representação da taxa livre de risco é a taxa média ofertada do Sistema Especial de Liquidação e custódia (Selic) que registra a taxa média ofertada por títulos públicos brasileiros. E Rm( ) - Rf Denominado prêmio pelo risco do mercado (market risk premium), prêmio acima do título livre de risco, função da diferença entre o retorno do mercado e da taxa livre de risco, função da diferença entre o retorno do mercado é a taxa livtre de risco. β Ou beta, Corresponde ao nível de risco sistemático da empresa, representado pelo coeficiente angular da reta de regressão entre os excessos de retornos do mercado e a taxa livre de risco. Fonte: Bruni (2008) O modelo de precificação do CAPM possui duas variáveis principais, sendo: dinheiro e tempo. Para simplificar os usos e aplicações das técnicas financeiras, as duas variáveis costumam ser analisadas sob a forma de dinheiro no tempo, que representa a taxa de corte ou de juros de uma operação. Nesse sentido, Damodaran (2010, p. 189) complementa: A inclinação da regressão corresponde ao beta da ação, e mede o seu grau de risco. O ponto de interseção da regressão fornece uma medida simples de desempenho do investimento durante o período de regressão, quando os retornos estão sendo medidos contra os retornos operadores a partir do CAPM. Segundo Groppelli e Nikbakht (2008, p. 173), “o CAPM é uma outra maneira de determinar a taxa de desconto para as ações ordinárias que é igual ao custo de emissão da ação ordinária”. De acordo com Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 204), “o custo de capital próprio é a renumeração mínima que os acionistas exigem por financiarem permanentemente a empresa”. O beta é uma das mais importantes variáveis do modelo de precificação de ativos, representado pelo coeficiente angular de uma regressão dos retornos sobre o Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 181 investimento em comparação com os retornos sobre o índice de mercado. O beta demonstrar o risco sistemático do investimento analisado. A empresa WD S/A possui ações negociadas em bolsa, com beta igual a 1,05. Sabe- se que a taxa livre de risco do país onde as ações são negociadas é igual a 9% a.a. O retorno esperado é igual 15% a.a. Obtenha o custo do capital próprio. E R R E R R E R E R I f m f I I ( ) .[ ( ) ] ( ) % , .[ % %] ( = + − = + − β 9 1 05 15 9 )) % , .[ %] ( ) % , % ( ) , % = + = + = 9 1 05 6 9 6 30 15 30 E R E R I I A taxa a ser utilizada para descontar os fluxos de caixa líquido do projeto a valor presente deve ser aquela que melhor reflitao custo de oportunidade e os riscos inerentes ao negócio. Essa taxa de desconto deve ser utilizada pelos gestores financeiros para converter os fluxos de caixa livre esperados para calcular o valor da companhia. 2.2.4 Custo médio ponderado de capital (CMPC) Nesse sentido Titman e Martin (2010, p. 149) afirmam que “o WACC da empresa pode ser visto como o seu custo de oportunidade do capital, que é a taxa de retorno esperada que seus investidores teriam em outras oportunidades de investimentos com risco equivalente.” O WACC da empresa fornece a taxa mínima aceitável ou a taxa de desconto apropriada para avaliação de toda a empresa, isto é, o custo de capital médio ponderado (Weighted Average Cost of Capital ou WACC, em inglês) é uma taxa que quantifica a remuneração requerida sobre o capital investido. Segundo Assaf Neto (2010, p. 406), “o custo de capital representa a taxa de atratividade da empresa, que indica a remuneração mínima que deve ser exigida na alocação de capital, de forma a maximizar seu valor de mercado.” Temas em Gestão Financeira de Empresas 182 O custo médio ponderado de capital representa a média ponderada do custo da dívida e do custo de capital próprio. Ele vai representar o preço que a companhia paga pelos recursos obtidos junto a suas fontes de financiamento (capital de terceiros e capital próprio). Consiste em um modelo para auxiliar na tomada de decisões de investimento, à medida que, aplicando recursos no ativo, espera-se obter fluxos de caixa esperados futuros, nos quais serão descontados os custos das fontes de financiamentos e o objetivo é gerar um retorno maior que o custo do capital (BRUNI, 2008). Nesse sentido, Titman e Martin (2010, p.150) enfatizam que o custo médio ponderado de capital (WACC) é uma medida ponderada dos custos, após os impostos, das várias fontes de capital arrecadado pela empresa para financiar suas operações e investimentos. Definimos o capital investido da empresa como o capital arrecadado através da emissão de dívida sujeita a juros e da emissão de capital (preferencial e ordinário). O custo médio ponderado de capital representa os custos de todas as fontes de capital utilizadas para financiar os recursos aplicados. Esse custo representa a taxa de corte do investimento realizado pelo gestor financeiro e é fundamental para empresa, pois representa o quanto os financiadores da organização exigem, em média, após impostos. Segundo Correia Neto (2007, p. 186), “o custo de capital de uma empresa é a composição dos custos de suas fontes de financiamentos (próprio e de terceiro) ponderados pela participação relativa de cada uma.” A taxa mínima de atratividade de um investimento escolhida pelos gestores é geralmente o custo médio ponderado de capital (CMPC), pois, além de agrupar os riscos inerentes ao negócio, reflete com propriedade os custos de oportunidade dos detentores do dinheiro que financiam as atividades operacionais da empresa (capital próprio: acionistas, sócios, proprietários e capital de terceiros: credores externos), assim como os benefícios fiscais decorrentes das decisões estratégicas de estrutura de capital. Segundo Lapponi (2007, p. 471), “o custo de capital da empresa é o resultado da soma dos custos ponderados das fontes de capital a valor de mercado.” A administração financeira busca maximizar a riqueza dos acionistas. O custo médio ponderado de capital pode ser obtido pela ponderação do custo de cada fonte de financiamento pela proporção na participação no capital global da empresa refletindo a política da estrutura de capital da companhia. Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 183 Conforme Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 211), “o custo médio ponderado de capital é o custo de capital calculado pela ponderação da participação das fontes específicas de capital de longo prazo, pelos seus respectivos custos de capital, e que é tomado como padrão financeiro na avaliação de projetos.” Damodaran (2010, p. 226) complementa: Desde que a empresa pode levantar dinheiro a partir de três fontes – capital próprio, capital de terceiros, e ações preferenciais – o custo do capital é definido como a média ponderada de cada um desses custos. O custo de capital próprio (Ke) reflete o risco do investimento em capital próprio da empresa, o custo de capital de terceiro após impostos (Kd) é uma função do risco de inadimplência da empresa, e o custo de ação preferencial (Kps) é uma função de sua posição intermediária, em termos, de risco, entre o capital de terceiros e o capital próprio. Os pesos de cada um desses componentes devem refletir suas proporções em valor de mercado, visto que essas proporções medem melhor como a empresa está sendo financiada. O custo médio ponderado de capital é encontrado obtendo-se a participação em percentual na estrutura de capital do financiamento do passivo oneroso e do percentual do capital próprio e, depois, multiplicando-se pelo seu respectivo custo de capital e, então, do imposto de renda e somando os resultados. O custo de capital da empresa pode ser assim traduzido: Figura 11 - Custo médio ponderado de capital WACC K IR w k w k wd d p p e e= − + +( ).1 Fonte: Titman e Martin (2010) Titman e Martin (2010, p. 151) afirmam que o WACC como a média das taxas de retorno requeridas pela dívida onerosa da empresa (Kd ), pelas ações preferenciais (Kp )e pelas ações ordinárias (Ke ). Os pesos usados para cada fonte de recursos são iguais às proporções que elas representam do total de recursos captados. Isto é, (wd )é o peso associado à dívida, (wp )é o peso associado à ação preferencial, (we ) é o peso associado ao capital próprio. Temas em Gestão Financeira de Empresas 184 Exemplo: A empresa HD Ltda. financia-se exclusivamente com fundos de longo prazo. O balanço patrimonial está apresentado a seguir. O percentual do imposto de renda da organização é igual a 35%, seu risco sistemático é igual 1,25, a taxa livre de risco é igual 9% a.a. e o retorno do mercado esperado é estimado em 26% a.a. A operação financeira contratada com o banco ABC apresenta uma taxa igual a 30%. Determine o custo médio ponderado de capital da empresa HD. Tabela 4 - Balanço patrimonial da empresa HD Ltda. ATIVOS PASSIVOS E PL CIRCULANTE R$ 20.000,00 CIRCULANTE R$ - REALIZAVÉL R$ 32.000,00 EXIGÍVEL R$ 40.000,00 PERMANENTE R$ 48.000,00 PL R$ 60.000,00 TOTAL R$ 100.000,00 TOTAL R$ 100.000,00 Cust ap Terceiro K K IR K K i d i i .( ) %.( %) = − = − = 1 30 1 35 119 50, % Cust ap óprio Ke R R R K f m f i Pr . .( ) % , .( = + − = + β 9 1 25 26%% %) , % − = 9 30 25Ki Participação Ca erceiro PCT . . , .= = 40 000 100 000 0 40 1100 40= % Participação Cap óprio PCT : . Pr . . , .= = 60 000 100 000 0 60 1000 60= % WACC WACC = + = + ( %. , %) ( , %. %) , % , % 40 19 50 30 25 60 7 80 18 15 WWACC = 25 95, % Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 185 3 Conclusão A gestão da avaliação de investimento e financiamento é algo extremamente complexo, embora existam vários critérios que auxiliam o gestor a tomar a melhor decisão na captação de recursos e aplicação desses recursos de forma eficiente e eficaz, fazendo com que a empresa maximize a sua riqueza. A principal técnica recomendada na avaliação de investimentos é o método do valor presente líquido (VPL), pois contempla todos os fluxos de caixa esperados futuros, juntamente com o custo de capital empregado indicando se há aumento na geração da riqueza da empresa, além de poder ser utilizado em cenários com ou sem riscos. O período de recuperação de um investimento é outra técnica utilizada, para a qual o método apresentado foi o payback simples (PBS) e o descontado (PBD).Essa técnica nos permite identificar o tempo necessário para que um investidor recupere o seu capital inicial. A rentabilidade do investimento é encontrada através do método da taxa interna de retorno (TIR), lembrando que o investidor deve analisar o custo de oportunidade. Para os caixas esperados do projeto pode e deve ser aplicada a técnica da taxa interna de retorno modificada (TIRM). O índice de lucratividade (IL) representa quanto de retorno o gestor financeiro está tendo em seu investimento por cada real aplicado no projeto. Com o advento da globalização e o desenvolvimento tecnológico, aumentou a capacidade de manipulação de grande quantidade de informações com rapidez, fornecendo o ferramental necessário para acompanhamento do ambiente externo e interno do comportamento da organização e do caixa gerado, favorecendo a adoção de uma postura proativa. Contudo, não basta simplesmente elaborar o fluxo de caixa e adotar um bom critério para decidir sobre novos investimentos. É preciso captar as melhores fontes de financiamentos, isto é, captar os recursos com menor custo possível, pois elas vão compor o custo médio ponderado de capital, isto é, a taxa mínima aceitável do investimento. A gestão de avaliação de investimento e financiamento em uma economia dinâmica torna cada vez mais imperiosa a necessidade do gestor em buscar melhores decisões e práticas de análise de investimento e de custo de capital. Em um ambiente bastante volátil, uma companhia precisa ser bem financiada e bem investida para criar maior riqueza para os acionistas, mantendo-se competitiva no mercado. Temas em Gestão Financeira de Empresas 186 4 Síntese Realizar planejamento que envolva as decisões de investimentos e financiamentos é tarefa difícil, que requer do administrador tempo e dedicação para decidir entre as melhores alternativas de captação (financiamento) e alocação de recursos (investimento). Quando os acionistas ou proprietário investem em um projeto, o que eles esperam é o retorno do capital inicial investido, isto é, a riqueza gerada. Essa depende de um bom planejamento financeiro. Não basta só utilizar as técnicas de análise de viabilidade econômico-financeiras, também é preciso identificar o custo médio ponderado de capital, assim como interpretar a atual conjuntura econômica. A gestão financeira por meio do planejamento financeiro permite identificar, obter recursos e mostra como aplicá-los. A obtenção dos recursos diz respeito às decisões de financiamento, ou seja, como conseguir dinheiro para melhorar e investir nas atividades da empresa. Já a utilização desses recursos representa as decisões de investimento. Há uma imposição para contínuas alterações nas empresas, seja no processo produtivo, seja na necessidade de renovação tecnológica, para atingir uma melhor competitividade e inserção ou manutenção neste mercado globalizado. O sucesso do gestor financeiro é avaliado pela maximização da riqueza dos proprietários das empresas, sendo imperiosa a atenção às sinalizações da economia e adoção de ferramentas cada vez mais eficientes para análise e controle de risco associado a estes novos projetos. Portanto, os principais métodos de avaliação de novos investimentos e financiamentos, em contextos com e sem risco, foram abordados por meio das técnicas de análise de viabilidade e o orçamento de custo do capital empregado e são critérios que auxiliam o gestor financeiro na tomada de decisão. 5 Questões para reflexão 1) A Confecções Martins Ltda. planeja realizar o investimento na abertura de uma loja nova. Projeta um investimento inicial em equipamentos e instalações no valor de R$ 150.000,00. Os recursos necessários serão integralmente colocados pelos sócios. As receitas são previstas como sendo iguais a R$ 200.000,00 no primeiro ano, com aumentos anuais iguais a R$ 35.000,00. Os gastos fixos são Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 187 projetados como sendo iguais a R$ 30.000,00 (exceto depreciação) e gastos variáveis são projetados como sendo iguais a 40% das receitas. Sabe-se que a vida útil dos equipamentos e das instalações é igual a cinco anos. A abertura do negócio igualmente prevê um investimento em capital de giro igual a R$ 20.000,00. A alíquota de IR da empresa é igual a 30%. Projete os lucros para os cinco anos de operação da empresa e calcule a viabilidade da empresa. 2) Uma transportadora pensa em investir R$ 400.000,00 em um novo equipamento de transportes. A empresa pensa em utilizá-Io por cinco anos vendendo-o por R$ 100.000,00 líquido ao final do quinto ano (no último dia do ano para ser exato). Os fluxos de caixa operacionais e incrementais do negócio são projetados como sendo R$ 60.000,00 distribuídos no ano 1, com acréscimos de R$ 20.000,00 por ano. Calcule o Payback Simples e Descontado da operação. 3) Calcule o Payback Descontado de um projeto com fluxos de caixa distribuídos no ano, sendo o investimento inicial de R$ 300.000,00, FCLs anuais iniciando em R$ 70.000,00 no ano 1, com acréscimos de R$ 25.000,00 por ano, vida útil de sete anos e TMA de 8% a.a. 4) A Prosopopéia S/A possui três empréstimos com taxas extracontratuais iguais a 10% a.a., 20% a.a. e 20% a.a. Qual o custo efetivo dessas operações para a empresa? A alíquota de IR é igual a 35%. 5) A Brinquedos S/A está tentando determinar seu custo de capital de terceiros. A empresa emitiu debêntures que vencerão daqui a oito anos, a um custo aparente de 8% a.a. Qual é o custo de capital de terceiro antes do imposto? Sendo a alíquota de imposto de 40%, qual é o custo de capital de terceiros após o imposto? Temas em Gestão Financeira de Empresas 188 Referências ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 4. ed. 2. Reimpressão. São Paulo: Atlas, 2010. BRUNI, A. L. 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