Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 1 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 2 Objetivo Específico da Disciplina Situar a área de produção no contexto integrado da empresa, no sentido de tornar claro aos participantes como a administração da produção e operações (industriais ou de serviços) pode contribuir estrategicamente para tornar as empresas mais competitivas. Apresentar as principais ferramentas e técnicas para a otimização de sistemas de produção. Apresentar a estrutura de relações entre as várias sub-funções na área de produção, bem como a contribuição das mesmas para o desempenho total da empresa. A Administração da Produção ou Administração de operações é a função administrativa responsável pelo estudo e pelo desenvolvimento de técnicas de gestão da produção de bens e serviços. Segundo Slack (1996, p.34) a produção é a função central das organizações já que é aquela que vai se incumbir de alcançar o objetivo principal da empresa, ou seja, sua razão de existir. A função produção se preocupa principalmente com os seguintes assuntos: Estratégia de produção: as diversas formas de organizar a produção para atender a demanda e ser competitivo. Projeto de produtos e serviços: criação e melhora de produtos e serviços. Sistemas de produção: arranjo físico e fluxos produtivos. Arranjos produtivos: produção artesanal, produção em massa e produção enxuta. Ergonomia Estudo de tempos e movimentos Planejamento da produção: planejamento de capacidade, agregado, plano mestre de produção e sequenciamento. Planejamento e controle de projetos Objetivo Específico Dar uma visão geral da estrutura do curso, uma introdução do que é Administração da Produção, além de seus principais marcos e nomes na história da Administração. Apresentação do Curso Caro aluno: ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 3 Olá. Meu nome é José Correia, sou , administrador de empresas, pós- graduado MBA em Gestão de Operações e Logística.Sou professor no ensino superior desde 2008. Será um prazer preparar a disciplina Administração da Produção e Operações . Espero que aproveite bem. Estrutura do curso de Administração da Produção O curso foi dividido em 36 aulas, cujos títulos listamos abaixo e, resumidamente, abordaremos, em cada uma delas, o seguinte: Apresentação da estrutura do curso Introdução, marcos e principais nomes da Administração da Produção (AP). Relações entre custo, volume e lucro Primeiras noções de quanto se deve produzir a partir de custos estimados de produção (fixos e variáveis). “Ponto de Equilíbrio” da empresa. Alavancagem operacional e sua aplicação em análises de mercado. O aluno terá uma visão macro dos níveis de produção e suas conseqüências no resultado financeiro da empresa. Introdução à Previsão de Demanda Previsão das demandas é o ponto onde tudo começa. Demandas de curto e médio prazos, no nível operacional, e de longo prazo no nível estratégico. Quais as informações necessárias para uma estimativa consistente de demandas. Modelagem matemática para Previsão de Demanda Modelagem matemática aplicada para se conseguir prever as demandas futuras de curto, médio e longo prazos, estimadas a partir de uma base técnica. Desenvolvimento de Processos de Produção Análise da seqüência de operações, que podem ser realizadas em várias formas de layout. Nesta aula, serão estudados os “desenhos” de layout possíveis, com base no produto, no processo e na demanda prevista estudada na aula 3, e sua importância no resultado financeiro operacional estudado na aula 2. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 4 Manufaturar ou não Será estudada a viabilidade, ou não, da terceirização, com apoio da ferramenta da “árvore de decisões”. Localização de Instalações Esta aula propõe uma análise dos fatores que influenciam na definição da localização das instalações de uma empresa. A localização correta de uma instalação pode ser um fator do fracasso ou sucesso de um empreendimento. Planejamento Agregado da Produção O Planejamento Agregado da Produção representa uma das mais importantes decisões de médio prazo das empresas, elo entre o Planejamento da Capacidade e a Programação e Controle da Produção e Operações. Programação e Controle da Produção Programar e controlar a produção são atividades operacionais que encerram o ciclo do planejamento. Nesta aula, será analisado o conflito de se produzir com qualidade, nos níveis desejados de produtividade, com o menor estoque possível e mantendo o melhor atendimento ao cliente. Sistema MRP Nesta aula, veremos o que é essa ferramenta tecnológica de gestão da produção chamada MRP. Planejamento e Controle Just in Time Será estudado o just in time, como filosofia, e como um método para planejamento e controle de operações. Produtividade Um fator de sucesso de longo prazo das empresas é a produtividade. Estudaremos seus principais fatores e uma metodologia para avaliá-los quantitativamente. Administração da Qualidade Total ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 5 TQM (Total Quality Management) é uma das mais significativas idéias do cenário da Administração da Produção nos últimos anos. Estudaremos a melhoria de todos os aspectos de desempenho da produção e como essa melhoria deve ser administrada. Introdução à Gestão de Projetos Os projetos são ferramentas de controle e de previsão de utilização de recursos (humanos, materiais, financeiros etc.) importantíssimos. Nesta e na próxima aula, estudaremos o que são projetos. Planejamento e Controle PERT-CPM Montagem de um Cronograma Físico e Financeiro de Controle das atividades de um projeto e o que é a Rede PERT-CPM. Agora, vamos ao curso propriamente dito. O que é Administração da Produção? Administração da Produção é o gerenciamento das atividades envolvidas na fabricação dos bens de um empresa, no curto, médio e longo prazos, de forma a facilitar as operações do Marketing, da Logística, preservando a qualidade do produto e reduzindo os seus custos. Considere, ainda, que essas atividades devem ser realizadas, obedecendo às leis vigentes, preservando meio ambiente, os trabalhadores e a comunidade local. Além disso, a AP desenvolve projetos de produtos, seu processo de fabricação, controles qualitativos e quantitativos dos resultados e a manutenção dos equipamentos envolvidos nesse processo. Alguns autores entendem a AP como um sistema com entradas, processamento, saídas e dispositivos de controle. Principais marcos históricos e nomes da Administração da Produção. Revolução Industrial ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 6 Inglaterra por volta de 1700. Substituição de parte da força humana e da água, pela mecanização, quando James Watt desenvolve a máquina a vapor - o que permitiu que sistemas fabris pudessem ser instalados longe dos rios. Em 1776, Adam Smith (A Riqueza das Nações) estuda os benefícios da divisão do trabalho com a especialização da mão-de-obra. Período pós-guerra civil nos EEUU No começo do século XX, acontece uma grande expansão da capacidade de produção,causada pela abolição dos escravos, êxodo de trabalhadores do campo para as cidades e a maciça imigração. Surgem os primeiros impérios industriais, dividindo capital e trabalho, e as primeiras acumulações de capital (J. P. Morgan, Jay Gould, Cornelius Vanderbilt), gerando enorme capacidade de produção. Linhas férreas são construídas para a colonização do oeste americano. Acontece a Primeira Guerra Mundial, criando uma demanda potencial. Administração Científica Surge da necessidade de produção dos empreendedores, engenheiros, administradores, consultores, executivos etc. Frederick Winslow Taylor,1856-1915, conhecido pai da administração científica, estuda os sistemas fabris, como objetivo de minimizar desperdício de tempo, esforço e recursos. Frank B. Gilbreth, 1868-1934 (estudos de movimentos, métodos, consultoria), Lillian M. Gilbreth, 1878-1973 (fadiga, ergonomia, seleção e treinamento), Henry L. Gantt, 1861-1919 (Gráfico de Gantt, sistemas de remuneração e humanização dos processos), Carl G. Barth, 1860-1939 (modelagem matemática, crono-análise, consultoria), Harrington Emerson, 1885-1931 (estudos de eficiência e métodos de controle), Morris L. Cooke, 1872-1960, (administração científica aplicada a outras formas de organização), Henry Ford, 1863-1947, (linha de produção em série com o Ford Modelo T). Relações Humanas e Behaviorismo Surge, entre as duas grandes guerras, contrapondo-se ao rígido regime de trabalho imposto pela administração científica. Seu principal nome foi Elton Mayo. São iniciados estudos sobre o ambiente de trabalho, iluminação, dispositivos e ferramental projetados, adequadamente, às dimensões e capacidade física do homem, que facilitavam a produção. Estímulo e motivação passam a ser enxergados como fatores de produtividade. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 7 Pesquisa Operacional A Segunda Guerra Mundial exige a gestão de grande quantidade de variáveis (suprimento, aviões, navios, homens, recursos etc.) combinadas. Daí, surge a necessidade da abordagem de sistemas totais, ações interdisciplinares, logística e técnicas matemáticas suportadas pelo advento dos computadores. Em Harvard, começa o estudo de Logística. Revolução dos Serviços Hoje, mais de dois terços da força de trabalho americana está empregada em serviços e, também, dois terços do seu PIB são por eles gerados. O PIB americano representa um terço do PIB do planeta. A evolução dos computadores (software e hardware), a terceirização, a tecnologia da informação e fatores ligados ao comportamento humano e suas necessidades criaram também o home office. Atividade Imagine a linha de produção da Volkswagem. Tenha em conta só os 4 modelos: Gol, Fox, Polo e Golf, todos com 2 ou 4 portas, com 3 opções de motores (1.0, 1.6 e 1.8 litros, por exemplo), cada um com 6 cores, com 2 acabamentos de interior, e assim por diante, com outros opcionais. Como se conseguem produzir em série tantos veículos diferentes? Estude opções e dê asas à imaginação. Relações entre Custo, Volume e Lucro Produzir além da demanda do mercado gera estoque e, conseqüentemente, custo. A minimização dos custos de produção faz-se com quantidades planejadas, programadas e predefinidas, de forma a se obter melhor controle e maior qualidade. Sabe-se que as demandas dos produtos e serviços apresentam efeitos sazonais e imprecisões na sua previsão de médio e longo prazos. Nesta aula, iremos trabalhar com os principais números da produção, sempre no âmbito operacional da empresa, isto é, nas atividades envolvidas na compra de matérias-primas, seu processo de produção ou transformação em produtos acabados, agregando valor e criando bens a serem vendidos com lucro. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 8 O material de apoio é fundamental para a melhor compreensão dos temas aqui abordados. Como manusear custos e receitas operacionais da empresa? Quais são os principais itens que compõem os custos e receitas operacionais da empresa? Como eles se relacionam? As empresas, como regra, possuem custos e receitas operacionais. Vamos estudar um pouco de cada um deles. Existem, basicamente, três tipos de custos operacionais. CUSTOS VARIÁVEIS São custos de se produzir um bem e variam, proporcionalmente, à quantidade produzida. Um custo variável típico é a matéria-prima. Suponhamos que, para fabricarmos uma mesa, consumimos 4 pés e 5 m2 de madeira. Para 2 mesas, consumiremos 8 pés e 10 m2 e assim sucessivamente.Se terceirizarmos os pés das mesas, essa proporcionalidade se manterá, pois o novo fabricante deverá cobrar um determinado valor para cada pé de mesa fornecido. A mão-de-obra direta também é um importante custo variável. Para montar nossa mesa, 2 homens consomem 2 horas de trabalho e, fatalmente, para 2 mesas consumirão 4 horas. Se considerarmos números de produções contínuas e maiores, teremos uma visão melhor. Se precisamos de 4 homens, trabalhando 1 dia para montar 10 mesas, vamos precisar de 8 homens trabalhando 1 dia para montar 20 mesas, ou ainda 4 homens trabalhando 2 dias para montarem as 20 mesas. Existe uma relação diretamente proporcional entre os recursos utilizados e os resultados obtidos. Outros custos variáveis além da mão-de-obra direta e da matéria-prima: -Energia elétrica, água, combustíveis etc. consumidos na produção; -Mão-obra-obra de manutenção e itens de reposição e sobressalentes; -Royalties e impostos variáveis. CUSTOS FIXOS São chamados fixos porque não variam à medida que se varia a produção dos bens. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 9 Vejamos o caso evidente de custo fixo: o aluguel. Se uma empresa paga uma certa quantia de aluguel para usar um prédio para produzir algum bem, essa quantia permanecerá fixa por um contrato, independente de a empresa produzir mais ou menos bens, ou até se ela der férias coletivas aos seus funcionários e não produzir nada em certo período. O aluguel é, portanto, um custo fixo. São outros custos fixos: Depreciação de equipamento; Juros sobre investimentos; Seguros e impostos que incidem sobre equipamentos; Amortização de patentes ou licenças de fabricação e de uso de tecnologia. CUSTOS SEMI-FIXOS OU SEMI-VARIÁVEIS Todos os custos envolvidos na produção devem ser monitorados. Alguns se caracterizam bem como fixos ou como variáveis. Vamos analisar alguns custos que, por vezes, são fixos e outras vezes, variáveis. Mão-de-obra indireta (ou pessoal administrativo). Se uma empresa detecta, de um mês para outro, uma queda de 10 % nas suas vendas, ela não demite, imediatamente, 10 % de seu pessoal indireto. Uma gestão sensata avaliará o cenário de curto prazo, acompanhará suas vendas nos meses subseqüentes e aí tomará ações, como propor férias aos funcionários, relocar pessoal, revisar terceirização etc. E só depois, mantida a queda das vendas, sem perspectivas de retorno ao volume anterior no curto e médio prazo, começaria a reduzir pessoal. Isso significa entender a mão-de-obra indireta de curtíssimo prazo como um custo fixo e de longo prazo como um custo variável. Essas interpretações variam de empresa para empresa. Economia por escala. Outro custo que as vezes se considera fixo e outras vezes variável. Podemos dizer que, algumas vezes, quanto maior a quantidade comprada, menor o custo unitário do item adquirido. As empresas também lidam com essaforma de precificação. É custoso para as empresas ficarem trocando, constantemente, os modelos de produção e os set up de máquinas (veremos ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 10 com detalhes o que é set up mais adiante). Por isso, as organizações estão dispostas a concederem maiores descontos para maiores lotes de produção e de compra. Insumos indiretos de produção. São custos referentes àquela parte da mão-de-obra que, por vezes, é entendida como custo fixo e, por vezes, como variável. Exemplos: Energia elétrica, água, matériais de escritório, refeições e serviços auxiliares da mão-de-obra indireta ou administração. Analisando, graficamente, os custos das empresas Para nos auxiliar na compreensão, podemos montar um gráfico da seguinte forma: -No eixo X, a quantidade produzida -No eixo Y, os custos expressos em R$ por exemplo -O Custo Fixo (CF) -O Custo Variável (CV) -E, finalmente, o Custo TotaL (CT), que é a soma de CF e CV. O Custo Fixo (CF) é constante e não varia quando aumenta ou diminui a produção. O Custo Variável (CV) é diretamente proporcional à quantidade que se produz. Se entendermos cvu como custo variável unitário, ou custo variável para fabricação de uma peça, podemos entender o Custo Variável (ou ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 11 Custo Variável Total) como o produto de cvu pela quantidade produzida (CV = cvu x Q). RECEITAS OPERACIONAIS. Da mesma forma como trabalhamos com os custos operacionais da empresa, consideraremos somente as receitas operacionais, diretamente ligadas à produção. A expressão da Receita Total de uma empresa em um certo período (para um único item produzido) é: RT = P x Q, onde: RT = Receita total; P = Preço de venda desse único produto; Q = Quantidade produzida. Analisando, graficamente, Receitas e Custos, temos: O ponto de intersecção de RT (Receita Total) com CT (Custo Total) define uma quantidade produzida Qe, que é chamada de Ponto de Equilíbrio, em que as receitas são iguais à soma do Custo fixo e do Custo variável da empresa. Sabemos que: L = RT – CT, onde: L = Lucro; RT = Receita total;e, CT = Custo total. No ponto onde a receita total é igual ao custo total, teremos L = 0. EXERCÍCIO RESOLVIDO Uma empresa produz um bem cujo custo unitário variável é R$ 120,00. Seu Custo Fixo mensal é R$ 100.000,00 e o preço de venda do produto é R$ ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 12 200,00. a) Qual é o Ponto de Equilíbrio da empresa? b) Quanto tem que produzir para lucrar mensalmente R$ 50.000,00? a No ponto de equilíbrio, o lucro é zero. L = RT – CT, então 0 = RT- CT e RT = CT. Sabemos que: RT = P x Q e também CT = CF + cvu x Q. Substituindo os valores de RT e CT, teremos; P x Q = CF + cvu x Q, daí 200 Q = 100.000 + 120 Q. Resolvendo, teremos: Q = 1.250 peças por mês. b) L = RT – CT e o exercício propõe que o lucro L seja R$ 50.000,00. Resolvendo: 50.000 = RT – CT 50.000 = P x Q – {CF + (cvu x Q)} 50.000 = 200 Q – (100.000 + 120 Q} 150.000 = 80 Q Q = 1.875 peças por mês. ATIVIDADE Com base nos dados iniciais desse exercício, proponha novos problemas: Por exemplo: - Qual o nível de produção (quantidade a ser produzida) para um prejuízo mensal de R$ 50.000,00? Quanto tem que reduzir seu Custo Fixo para lucrar R$ 20.000,00 por mês, mantendo P = 200,00, cvu = R$ 120,00 e Q = 1.250 peças? ALAVANCAGEM OPERACIONAL: utiliza o conceito da elasticidade para estabelecer uma dimensão quantitativa para a produção. Exemplo. A indústria do cimento e aço no Brasil tem o crescimento do mercado desses itens atrelado à elasticidade de 2,5 em relação ao PIB do Brasil. Se o PIB do Brasil cresce 4 %, a demanda de aço e cimento irá crescer 10 %. Ocorre, também, o inverso, se o PIB cair 4 %, a demanda de aço e cimento cairá 10 %. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 13 Vejamos o exemplo da nossa empresa no slide anterior. Supondo as duas situações abaixo: Analisando os números para chegaremos à Alavancagem Operacional. Um aumento de 300 peças na produção (de 2.000 para 2.300) significa aumento percentual de 15 % (300 peças em 2.000). Esse aumento de produção resulta em aumentar o lucro operacional em R$ 24.000,00 por mês, passando de R$ 60.000,00 para R$ 84.000,00 - o que, percentualmente, significa 40 %. Confira esses cálculos como forma de exercício. A produção cresce 15% e o lucro, 40 %. O cálculo do GAO (Grau de Alavancagem Operacional) é feito assim: 40% ÷ 15 % = 2,67. A cada aumento unitário percentual, iremos aumentar 2,67 % o lucro operacional da empresa. O GAO mede a variação percentual do Lucro em relação à variação percentual da produção ou da quantidade produzida. Quanto maior o GAO de uma empresa, maior será o risco dela, isto é, pequenas variações na quantidade produzida refletem mais significativamente no lucro operacional, tanto para cima quanto para baixo, quanto maior for o GAO da empresa. Empresas que têm toda produção terceirizada (Custo Fixo operacional próximo de zero) possuem um GAO muito baixo. São empresas que possuem pouco risco e também pouca possibilidade de oferecerem resultados operacionais surpreendentemente altos. O preço de mercado de um item é feito pelo mercado. As empresas, hoje, administram seus custos fixos e variáveis e os volumes de produção. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 14 O ponto de partida da Administração da Produção é a previsão das demandas de curto e médio prazos, no nível operacional, e de longo prazo no nível estratégico. Introdução à Produção de Demanda – “Produzir além da demanda do mercado gera estoque e, consequentemente, custo. A minimização dos custos de produção faz- se com quantidades planejadas, programadas e predefinidas, de forma a se obter melhor controle e maior qualidade”. Você tem alguma experiência ou utiliza esse estudo de demandas? Caso conheça, apresente suas sugestões. Caso não, aproveite ao máximo! Quanto devemos produzir para atender a demanda do mercado e não gerarmos custos desnecessários de estoque? Teremos duas aulas para estudar, trocar idéias e experiências com seus colegas e tutor. As previsões de demandas dependem de alguns fatores: 1 - Disponibilidade de dados, tempo e recursos. Métodos sofisticados envolvem modelos matemáticos 2- Horizonte de previsão. Alguns métodos são mais eficientes para previsões de longo prazo (demandas anuais), enquanto outros são aplicados para períodos mais curtos, meses, semanas ou dias. Devemos ter em conta, sempre, que os métodos não conduzem a resultados exatos e a chance de erro aumenta à medida que nos distanciamos da previsão futura. Alguns estudiosos dizem, jocosamente, que “as previsões são excelentes para se prever o passado e nos enganar acerca do futuro”. Ironia à parte, as previsões de demanda são feitas desde que se projeta uma indústria ou empresa de serviços e, depois, com ela operando, nas correções dos efeitos sazonais do mercado. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 15 Os mercados são dinâmicos e continuadamente nos oferecem uma gama enorme de fatores aleatóriosque nenhuma previsão consegue captar. MÉTODOS DE PREVISÃO Qualitativos São baseados na sensibilidade de pessoas que tenham condições de opinar sobre as demandas futuras: vendedores, gerentes, clientes, fornecedores etc. Não se apóiam em nenhum modelo matemático, embora possam ser conduzidos de maneira sistemática. São muito úteis quando da ausência de dados e, também, no início de um projeto ou de uma empresa. Quantitativos (utilizam modelos matemáticos) Métodos causais A demanda de um item (ou itens) pode estar relacionada com variáveis externas à empresa. Crescimento da população (ou de uma classe específica dela), como número de alvarás expedidos para construção, consumo de certos produtos etc. são fatores indutores da demanda de produtos afins. Séries Temporais A análise de séries temporais exige somente o conhecimento de valores passados da demanda e será o modelo a ser visto na nossa próxima aula. Mantenha a tranqüilidade, afinal temos duas aulas para conversar sobre esse assunto. Hoje, podemos desenvolver a previsão da demanda de curto prazo, utilizando 3 métodos. Veja como é simples: 1 - Método da média móvel aritmética. É o mais simples de todos. Uma fábrica de bicicletas listou suas vendas mensais. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 16 A previsão da demanda de bicicletas de maio, se calculada pelo método da média móvel aritmética, poderá ser estimada de várias formas. Se ela se basear nas duas demandas anteriores (esse método se baseia sempre nas demandas imediatamente anteriores), será calculada como a média das duas demandas anteriores: D maio = (D abril + D março) ÷2, ou (278+282) ÷ 2 = 280 Se utilizarmos o método com base nos três meses anteriores, teremos: D maio = (D abril + D março + D fevereiro) ÷3, (262+282+278) ÷3 = 274 Poderíamos, ainda, usar, para o cálculo, a previsão de 4 ou 5 meses anteriores, mas à medida que nos afastamos do período a ser previsto, mais expostos a fatores aleatórios estaremos. Algumas considerações importantes: Passado o mês de maio, o administrador deverá ter em mãos a demanda real do período, comparar com as previsões de 274 e 280) e verificar qual se mostra mais próxima à realidade, para que seja adotado um critério (se 2 ou 3 meses anterior como base). Devem ser considerados os fatores de descontinuidade (sazonalidade) dos períodos estudados. Em julho nas férias escolares poderemos ter um aumento das vendas de bicicletas. Verificamos o que aconteceu no ano anterior. Se a demanda aumentou de junho para julho no ano passado e se corrigirmos a nossa previsão. Em outubro temos o dia das crianças e em dezembro o Natal. Devemos corrigir as previsões com base nos anos anteriores 2. Método da média móvel geométrica. É bastante simples também. Seja o exemplo anterior, vendas mensais da fábrica de bicicletas. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 17 A demanda de bicicletas de maio, pelo método da média móvel geométrica, poderá ser estimada, também, de várias formas. Se ela se basear nas duas demandas imediatamente anteriores, será calculada como a média geométrica das duas demandas anteriores: Se utilizarmos o mesmo método com base nos três meses anteriores, teremos: Todas as considerações do método da média móvel aritmética, quanto às correções de descontinuidade (férias escolares, Dia da criança e Natal, lembra-se?) também devem se consideradas nesse método. 3. Método da média móvel ponderada. É montada da mesma forma que o cálculo baseado na média móvel aritmética e, somente aos meses anteriores considerados, são atribuídos pesos. Vamos aos números da fábrica de bicicletas. Vamos calcular a previsão de demanda de maio, com base nos três meses anteriores, considerando que abril, pela proximidade no tempo, terá um ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 18 peso maior que março e este, por sua vez, maior que fevereiro. Atribuiremos peso 3 para abril, peso 2 para março e peso 1 para fevereiro. A soma dos pesos será, portanto, 6. Os pesos são critérios que variam em cada atividade. O resultado será: Atividades propostas 1 - Da aula passada: Um lava car cobra de cada carro lavado R$ 25,00 e estima que seus custos variáveis (sabão, água etc.) sejam R$ 5,00 por carro. Seus custos fixos mensais (salários, energia elétrica, aluguel, telefone etc.) são R$ 4.200,00. Calcule: O Ponto de Equilíbrio da empresa? Em um certo mês, lavou 150 carros. Teve lucro ou prejuízo e de quanto? Quantos carros tem que lavar para lucrar R$ 2.000,00 por mês? Quantos carros tem que lavar para lucrar 20 % do seu custo total mensal? Modelagem Matemática para Previsão de Demanda – A proposta desta aula é definir uma metodologia para se estimar as demandas (ou vendas) mensais para o ano 200x, com base nas demandas efetivas do ano 200y(ano anterior). Isso pode ser feito com base científica. Os estudiosos do assunto detectaram três tipos de ciclicidades do mercado. 1. Efeitos de Longo Prazo Literalmente, exercem pouca influência nos mercados, no curto prazo, e dependem do crescimento populacional e da qualidade de vida do mercado. Crescimento populacional: As demandas tendem a crescer na mesma taxa de crescimento populacional da região onde atuam. Devemos considerar, também, que o crescimento de uma população varia para cada faixa etária. Vários países europeus têm sua população de jovens com taxas negativas e a de idosos com taxas positivas de crescimento. Melhoria da qualidade de vida: É natural que, nas sociedades onde se percebe uma melhoria da qualidade vida da população, cada vez mais ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 19 pessoas tenham acesso a mais produtos e a bens e serviços, resultando em um aumento da demanda desses bens. 2. Efeitos de Médio Prazo São os efeitos mais difíceis de serem identificados. Basicamente, referem-se à acomodação das sociedades, empresas, instituições e países, quando atingem determinada posição em relação aos seus pares. A IBM foi, durante bom tempo, o ícone do sucesso no meio empresarial. A Argentina, na década de 40, foi a sétima economia do planeta. A Rússia era uma das duas superpotências do século passado. O Paraguai viveu anos de desenvolvimento até 1864, ano em que foi derrotado por não menos que três países (Brasil, Argentina e Uruguai). Nosso modelo não prevê a existência desses efeitos pelo caráter de extrema aleatoriedade. 3. Efeitos de Curto Prazo São efeitos causados pela sazonalidade. As empresas possuem atividades cíclicas cuja freqüência pode ser diária, semanal, mensal e anual. Podemos entender a freqüência anual como múltiplo comum das outras três anteriores, ou seja, anualmente, temos, em média, 365 ciclos diários, 52 ciclos semanais e 12 ciclos mensais. Depois desses, iniciamos novo ciclo anual e assim sucessivamente. Além disso, o exercício econômico e contábil das empresas também é anual e não são incomuns comparações de resultados mensais de um mês de um certo ano em relação ao mesmo mês do ano anterior. Essa comparação atenua o efeito da sazonalidade. Não podemos comparar, por exemplo, o volume de vendas da semana que antecedeu o Natal de 2005 com a terceira semana de janeiro do ano subseqüente. Podemos comparar o volume de vendas dasemana que antecedeu o Natal de 2005 com igual período do Natal de 2004 ou de 2003 e assim sucessivamente. A Modelagem Matemática Um conjunto de símbolos e relações matemáticas que traduz ,de alguma forma, um fenômeno em questão ou um problema de situação real, é denominado de Modelo Matemático. (BIEMBENGUT, 1997, p. 89). Uma proposta de previsão de demanda apóia-se no modelo matemático dos “Mínimos Quadrados” e, a partir das demandas mensais ocorridas em um determinado ano (ano base), torna-se possível estabelecer, tecnicamente, a previsão das demandas do ano subseqüente. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 20 Para isso, devemos considerar: 1 - O ano de referência (ano base) não poderá ter “acidentes econômicos” significativos ou fatos anormais que alteraram as demandas, pois, como veremos mais à frente, esses acidentes são transferidos para as previsões do ano seguinte. 2 - O ano para o qual se calculam as previsões de demandas deverá também, transcorrer sem acidentes que causem impacto positivo ou negativo nas atividades econômicas do mercado. O modelo dos “mínimos quadrados” propõe uma função linear (y = a + bx) que melhor representa um conjunto de n pontos {x;y}, com base na resolução do sistema: } Método dos Mínimos Quadrados em que n = número de pontos {x;y} a e b são as variáveis da equação Calcular a equação linear que melhor representa o conjunto dos 5 pontos {x; y}: A={0;2}, B={2;10}, C={1;6}, D={-2; -6} e E={3;1}. Para definirmos a equação y = a + b x, precisamos encontrar os valores das constantes a e b. Para tanto, montamos a tabela abaixo, onde aparecem, em negrito, as colunas calculadas. Montando as equações, teremos: ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 21 Resolvendo esse sistema de duas equações e duas incógnitas, encontramos: a = 2, e b = 4, resultando a equação final em y = 2+ 4 x, que é a equação que gerou os pontos da tabela. Faça a verificação, substitua x na equação e confirme os valores de y. Um exemplo prático Uma empresa teve, em 2006, o volume de vendas em peças registrado na tabela abaixo. O que podemos prever para 2007, utilizando o “Método dos Mínimos Quadrados”? Com base nos dados de 2006, montamos a tabela de forma a encontrar a equação que melhor se ajusta ao conjunto de pontos, pelo método dos mínimos quadrados, como segue: Vamos calcular a previsão de demanda de maio, com base nos três meses anteriores, considerando que abril, pela proximidade no tempo, terá um ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 22 peso maior que março e este, por sua vez, maior que fevereiro. Atribuiremos peso 3 para abril, peso 2 para março e peso 1 para fevereiro. A soma dos pesos será, portanto, 6. Os pesos são critérios que variam em cada atividade. O resultado será: Montando as equações, teremos: Resolvendo o sistema, encontramos a equação que melhor representa as vendas de 2006: y = 429,06 + 21,50 b, ou, de outra forma: Vendas = 429,06 + 21,50 . mês de referência. A tabela seguinte será montada com: - as vendas efetivas de 2006; - os valores de cada mês, encontrados pela substituição do mês na equação (jan =1, fev =2, etc. até dez = 12); - os 12 coeficientes de correlação entre as vendas efetivas e o valor da reta, que se encontra dividindo as vendas reais pelo valor da reta, para cada mês. Vamos visualizar a tabela e o gráfico dos pontos encontrados. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 23 Analisando o gráfico acima, percebe-se que a reta da equação se ajusta aos pontos das vendas realizadas no ano de 2006. Os coeficientes de cada um dos doze meses é a correlação entre as vendas reais efetivadas em 2006 e os valores encontrados na equação. Vamos, agora, estender a reta de tendência de 2006 para 2007 e aplicar o mesmo coeficiente de correlação de janeiro de 2006 em janeiro de 2007, entendendo que, em 2007,dar-se-á o mesmo efeito relativo da sazonalidade ocorrido em 2006. Esse processo deverá ser repetido para os todos os meses do ano de 2006. Dessa forma, a nova tabela, contendo as vendas efetivas ocorridas em 2006 e a previsão para 2007, fica assim: ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 24 Passos a serem dados: 1. Janeiro de 2007 passa a ser 13 fevereiro, 14 e assim por diante. 2. Os coeficientes são repassados de um para outro ano. 3. Os valores da reta de 2007 são encontrados, substituindo 13, 14, 15, na equação da reta. Ex: Janeiro de 2007 x = 13. Substitui 13 na equação Vendas = 429,06 + 21,50 x. 4. As vendas de 2007 serão o produto de pelos valores da reta. Ex: Previsão de vendas de maio de 2007 794,56 x 0,950 = 510 Veja, abaixo, como ficam os números em um gráfico com o ano de 2006 e as previsões de demandas para 2007. Note que os picos e vales dos dois anos se mantêm, transportando os efeitos mensais da sazonalidade, de 2006 para 2007. Considerações finais ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 25 Para a aplicação prática desse modelo, devemos considerar que, tanto a ano base (no caso 2006), como o ano que se queira prever (2006), sejam anos típicos, nos quais não se tenham fatores anormais, nem na economia do país (eleições, planos econômicos etc.), nem no setor no qual a empresa atua (incentivos, redução de impostos etc.). Além disso, podemos fazer ajustes nos valores previstos, como aumento de 10 % nas vendas estabelecido como meta pelo Departamento Comercial, ou valores progressivos, mês a mês, que poderão ser feitos corrigindo-se a equação da reta de tendência, ou ainda corrigindo meses ou períodos identificados como de maior potencial de atividade devido a promoções, ou outros fatores do segmento. Em razão das previsões de demanda, as empresas poderão ajustar o fluxo de caixa e seus prazos de recebimento e de pagamento (Ciclo de Caixa), podendo prever o caixa operacional ou giro operacional. Períodos em que as atividades são menores podem servir para manutenção, troca de equipamentos, expansão etc. Períodos de aumento de atividade terão um custo maior, tanto de mão-de-obra, como de insumos utilizados na produção. Atividade Agora, é a sua vez. Pegue dados mensais de uma empresa em determinado ano e estenda-os para o ano subseqüente, utilizando o “Método dos Mínimos Quadrados”. Você pode pegar dados anuais de 5 anos passados (de vendas em peças, em R$) de uma empresa, encontrar a reta e estendê-la por 5, 6 ou mais anos, para prever suas demandas futuras. Procure apoio de planilhas eletrônicas (Excel) e tire dúvidas com seus colegas e tutores. Arranjo Físico (layout) – Na Administração de Projetos que você já viu, a atividade de projeto é, em si mesma, um processo de transformação que começa com um conceito (ou idéia) e termina em uma especificação de algo a ser produzido. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 26 Os projetos criam produtos e/ou serviços e também servem para definir os processos pelos quais esses produtos e/ou serviços serão elaborados (construídos, montados, implantados, vendidos etc.).Os projetos de produtos (ou serviços) e de processos pelos quais eles são produzidos estão intimamente relacionados, ainda que, por vezes, sejam tratados separadamente. Seria incoerente definir o projeto de um produto ou serviço sem qualquer consideração sobre o modo como deva ser produzido. Ao contrário, o processo rígido pode restringir a diversificação dos produtos fabricados na empresa. Em nossa aula de hoje, vamos nos limitar a estudar os projetos de processos utilizados para se produzirem bens e serviços e adequá-los às diversificações dos produtos. Os projetos de processos são elaborados a partir de layout, ou, em bom português, arranjo físico. Os arranjos físicos referem-se à localização física dos recursos que transformam matérias-primas em produtos acabados. Os recursos utilizados são: máquinas, matérias do processo, matérias-primas e o homem. Nos arranjos físicos, temos, também, que prever a circulação de todos esses recursos, das máquinas de movimentação de materiais e, muitas vezes, dos clientes, inspecionando o andamento da montagem de produto adquirido. Você se lembra do exemplo da fábrica de alfinetes? Hoje, vamos entender por que ela passou a produzir mais quando se alterou o processo de produção. As decisões sobre o tipo de arranjo físico são importantes em todos os processos de produção: É uma atividade difícil e de longa duração, devido às dimensões físicas dos recursos de transformação envolvidos (máquinas, equipamentos, prateleiras para estoque etc.). O re-arranjo físico de um processo é caro, consome tempo e impõe paradas na produção. Arranjos físicos errados levam a fluxos mais longos ou confusos, estoque de materiais em processo, filas de espera (até de clientes), tempos de processamento mais longos, inflexibilidade de operações e, como conseqüência, custos mais altos de produção. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 27 Não se pode errar quando se decide por um processo de produção. O custo desse erro pode ser decisivo para o futuro da empresa. A maioria dos arranjos físicos existentes deriva, na prática, de apenas 4 tipos básicos: 1- Arranjo físico posicional 2- Arranjo físico por processo 3- Arranjo físico por produto 4- Arranjo físico celular Arranjo físico posicional Conhecido, também, como arranjo físico por posição fixa. Construção de um navio em um estaleiro ou de um avião de grande porte. Construção de uma ferrovia, rodovia ou ponte. Construção de um edifício. O bem produzido nada ou pouco se movimenta. Muitas vezes, permanece estático durante todo o processo de fabricação. Os recursos já se movimentam e se ajustam ao andamento do processo. Note que, em todos os exemplos citados, o termo construção se ajusta bem ao que, efetivamente, é produzido. Os homens com máquinas, ferramentas e materiais deslocam-se ao longo dos pontos onde se trabalha, ao longo de todo o processo produtivo. Arranjo físico por processo Neste tipo de arranjo, os processos similares estão localizados próximos uns dos outros. As máquinas com a mesma função são agrupadas em um único local. A seqüência das operações da fabricação irá definir o fluxo do material. Características: - Flexibilidade, permitindo fabricar produtos de vários tipos e tamanhos. - Investimento alto e, por vezes, algumas máquinas ficam ociosas. - Único supervisor por função. - Ocupa grande espaço. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 28 - Não é o ideal para fabricação contínua de um mesmo produto. Biblioteca é um bom exemplo. Arranjo físico por produto Um exemplo típico de aplicação desse arranjo. É o modelo de layout mais indicado para fabricação de produtos em série ou em linha. A seqüência das operações define a posição de cada máquina do processo de transformação. Vejamos o exemplo abaixo de uma fábrica de goiabada ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 29 Arranjo Físico por produto - Fábrica de Goiabada Características desse tipo de arranjo: - É o de melhor produtividade para grandes produções contínuas. - Apresenta dificuldades para modificações significativas ou troca de produtos. - Tem grande capacidade de produção, porém sua expansão também fica difícil. O projeto inicial da linha já deve prever essas expansões. Neste processo, máquinas e equipamentos são dispostos em linha até o setor de embalagem, que monta os produtos acabados (lata, tabletes de ½ ou de 1 kg). A goiaba entra no processo, passa por uma seleção, vai para a lavagem e limpeza, é cozida, depois são adicionados o açúcar, conservantes, condimento. É resfriada até o ponto de ser enviada para os três setores de embalagem. Outros exemplos: - Montadoras de automóveis. - Produtos de grande demanda em geral. Arranjo físico celular Arranjo físico celular – Nova Fábrica de móveis ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 30 É aquele em que os recursos a serem transformados (matérias-primas), quando entram na operação, são pré-selecionados e desviados para células de produção de determinado item a ser fabricado. Cada célula em si pode ser arranjada segundo o layout por processo ou por produto. No exemplo esquematizado, vamos supor que o nosso fabricante de móveis para escritório criou duas células de produção em série, uma para carteiras escolares e outra para mesas de computador devido à grande demanda desses itens. A sua fábrica continua trabalhando como uma célula por processo para atender os clientes atuais. Toda a matéria-prima continuará estocada no mesmo ponto. Quando ela entrar na operação, será dirigida para sua célula de manufatura. Note, no layout do exemplo, que a entrada de matéria-prima e demais recursos acontecem em um só ponto. Depois de checada, ela vai para a célula de produção correta. Podem existir células dentro de outras células. Se tivermos dois modelos de carteiras escolares, um com apoio do caderno fixo e outro móvel, poderíamos ter dentro da célula principal duas micro- células, uma para cada produto. A maioria das empresas possui arranjos físicos mistos (híbridos), que combinam elementos convenientes de cada um dos modelos. A decisão sobre qual arranjo físico é melhor deve ter em conta aspectos qualitativos e quantitativos. Para avaliar os aspectos quantitativos, recomenda-se calcular os custos de produção (fixos e variáveis, como aprendemos na aula 2) para cada tipo de arranjo, considerando que o custo total varia à medida que aumenta a quantidade produzida. Feito isso, poderá ser definido o método para todas as quantidades a serem produzidas. Graficamente: ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 31 Fica evidente que, se a empresa pensa em produzir entre 0 e a quantidade Q1, deverá optar pelo arranjo Posicional que apresenta o menor custo total. Entre Q1 e Q2, o arranjo de menor custo total é por Processo. Acima da quantidade Q2, o arranjo por Produto mostra-se com menor custo total. Já o arranjo Celular não será indicado em qualquer nível de produção. Atividade 1. Pense em um serviço ou em um bem. Imagine como ele pode ser produzido ou elaborado. Que tipo de arranjo físico você sugere? Pense em vários produtos. Exercite esse raciocínio. 2. Relacione o tipo de restaurantecom o modelo de arranjo físico que melhor representa. 1. { } Um restaurante industrial do tipo “bandejão” 2. { } Um restaurante fino “a la carte” 3. { } Um restaurante de comida por quilo, self-service. 4. { } Um “fast-food” Mc Donald’s 5. { } Um restaurante de rodízio de carnes (F) Posicional (C) Celular (P) Por produto (S) Por processo A Terceirização Há alguns anos, surgiu, no mundo dos negócios, a terceirização, que consistia, basicamente, em passar atividades fora do foco principal da empresa para outros fornecedores. A princípio, atividades como segurança, refeições dos funcionários, transporte, contratações de novos colaboradores etc. foram sendo passadas para outras empresas, os terceiros. Em seguida, algumas empresas passaram, também, a terceirizar parte dos itens que compunham seu produto principal, como hoje se verifica, de forma acentuada, nas montadoras de automóveis. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 32 Outras empresas seguiam na direção contrária dessa teoria, isto é, verticalizavam suas atividades. Verticalizar pode ser entendido como estender as atividades de uma empresa o mais próximo possível do fornecimento de todas as matérias-primas que compõem um produto, até o último serviço de entrega desse produto ao cliente, incluindo frete, assistência pós-vendas etc. vamos entender como isso funciona. Nesta aula, vamos utilizar a teoria das probabilidades, estudada em Estatística. Relembrando: Se tivermos, dentro de uma urna, 4 bolas numeradas de 1 a 4, a probabilidade de se tirar a bola escolhida é 25 % ou, em decimal, 0,25. Se somarmos todas as probabilidades, teremos sempre 100 % ou, em decimal, 1. Se tirarmos a nossa bola escolhida, teremos sucesso 25 %; se não tirarmos, consideramos fracasso com 75 % de probabilidade. Quando se produz uma peça em uma máquina, ela pode sair com defeitos ou não. Supondo que a probabilidade de uma peça sair com defeito em uma máquina seja de 5 %, a probabilidade de ela sair perfeita será de 95 %. Vamos estabelecer isso como regra. Seja a linha de produção acima, em um layout por produto, visto em aulas passadas como o arranjo em que a disposição das máquinas é feita dependendo da seqüência das operações; seja a seqüência de três operações abaixo: ABC. A peça bruta entra na máquina A, vai para a B e, finalmente, fica pronta depois que sai da C. Ela poderá ter defeito nas 3 operações. Ela poderá sair perfeita, ter 1 defeito (causado em A, B ou C); poderá ter 2 defeitos, causados em {A e B}, {A e C} ou {B e C} e poderá ter 3 defeitos causados em A, B e C. Vamos exemplificar numericamente. A probabilidade de A ter defeito é de 2 %; de B é 3 % e de C é 5 %. Para ter um único defeito em A, calcula-se desta forma: Defeito em A = 0,02. Acerto em B = 1 – 0,03 = 0,97 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 33 Acerto em C = 1 – 0,05 = 0,95 Agora, calculando um único defeito em B, teríamos: Calcule, como atividade, a probabilidade de termos um único defeito em C. Probabilidade de um único defeito em C , em PORCENTAGEM: A soma de todas as probabilidades de termos um único defeito é: 1 defeito em A = 1,843 1 defeito em B = 2,793 1 defeito em C = 4,753 TOTAL = 9,389% Agora, a probabilidade de termos 2 defeitos. Primeiro, considerando defeito em A e C e acerto em B 2 defeitos, considerando defeito em B e C e acerto em A Calcule, agora, para dois defeitos (em A e B), teríamos uma probabilidade. A soma de todas as probabilidades de termos um único defeito é: 2 defeitos (A e C) = 0,097 % 2 defeitos (B e C) = 0,147 % 2 defeitos (A e B) = 0,057 % TOTAL = 0,301 % Probabilidade de 3 defeitos. Agora, mais rapidamente, pois você já entendeu o processo, correto? 0,02 x 0,03 x 0,05 = 0,00003 ou 0,003 %. Probabilidade de sair perfeita ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 34 0,98 x 0,97 x 0,95 = 090307 ou 90,307%. A soma das probabilidades, logicamente, tem que resultar em 100 % ou igual a 1, pois essa quantidade de falhas cobre todas as possibilidades do evento. Conferindo, então: Probabilidade de 1 defeito = 9,389 Probabilidade de 2 defeitos = 0,301 Probabilidade de 3 defeitos = 0,003 Probabilidade de sair perfeita = 90,307 TOTAL 100 % Dessa forma, conclui-se que, de cada 100.000 peças que entram nessa linha de produção, 90.307 saem perfeitas, 9.389 saem com 1 defeito, 301 saem com 2 defeitos e 3 saem com 3 defeitos. Outra possibilidade de termos máquinas em processo e em paralelo. No esquema exemplificado abaixo, todas as peças entram em A (100 % delas). Depois de processadas em A, 60 % vão para B e 40 % para C. Supondo as probabilidades de defeitos (A = 2 %), (B = 3 %) e (C = 5 %). Nesse caso, nunca teremos peças com 3 defeitos. Teremos com 1 defeito (em A, B ou C), teremos peças com 2 defeitos (em A e B ou em A e C) e peças perfeitas. Vamos ao cálculo para 1 único defeito. Peças com 1 defeito: Defeito só em A: [0,02 x (0,6 x 0,97)] + [0,02 x (0,4 x 0,95)] = 0,01924 ou 1,924 % Continuando o cálculo para um só defeito Defeito só em B: 0,98 x (0,6 x 0,03) = 0,01764 ou 1,764 % Defeito só em C: 0,98 x (0,4 x 0,05) = 0,0196 ou 1,96 % Total de peças com 2 defeitos: 1,924 + 1,764 + 1,96 = 5,648 % ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 35 Peças com 2 defeitos: Defeito em A e B: 0,02 x (0,6 x 0,03) = 0,00036 ou 0,036 % Defeito em A e C: 0,02 x (0,4 x 0,05) = 0,0004 ou 0,04 % Total de peças com 2 defeitos: 0,036 + 0,04 = 0,076 % Peças sem defeitos: (0,98 x 0,6 x 0,97) + (0,98 x 0,4 x 0,95) = 0,94276 ou 94,276 % Conferindo todas as possibilidades 5,648+ 0,076 + 94,276 = 100 % Vimos, até agora, uma ferramenta usada para se quantificar a probabilidade de defeitos em linhas de produção e inseri-los nos custos operacionais. Ainda que as empresas na busca da Qualidade Total procurem trabalhar com defeito zero, existem falhas mecânicas e humanas nos processos, falhas essas que devem ser reduzidas ao máximo, porém não podem ser desconsideradas. Por vezes, as empresas têm que decidir entre dois ou mais métodos de produção. Elas montam esses métodos em um único gráfico chamado “árvore de decisões” com tantos “galhos” quantos métodos possíveis. Uma empresa produz um bem que não pode ter defeito. Quando produz 1.000 peças em média, observa que 950 são perfeitas e 50 são descartes. Cada peça tem um custo unitário de R$ 50,00. Isso representa um custo total de R$ 50.000,00 para 950 peças perfeitas (R$ 52,631 por peça). Se um fornecedor terceirizado lhe garantir um menor custo unitário por peça perfeita, ele deve terceirizar o produto. TERCEIRIZAÇÃO: Se uma empresa terceiriza parte de sua produção, está repassando a um fornecedor uma parte do seu lucro. Fazem isso para não verticalizar demais suas operações. Os fabricantes de cigarros não teriam condições operacionais de produtividade para plantarem o fumo, colher, processar (produzir o cigarro) e distribuir. Eles se concentram nas atividades mais lucrativas dessa cadeia que agregam mais valor, que é produzir e distribuir, deixando as atividades de menor valor agregado para seus fornecedores. Um automóvel possui próximo de 10.000. Nenhuma empresa produziria todos esses itens com eficiência. As montadoras concentram-se em produzir os componentesprincipais, que fazem o diferencial do automóvel, como câmbio, motor, chassi, e desenvolvem fornecedores certificados para os demais itens. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 36 A Alemanha é o maior produtor mundial de café solúvel. Entretanto, possivelmente não tenha mais de uns poucos pés de café plantados. As terras lá são destinadas a culturas mais caras. Os alemães compram café e agregam tecnologia e valor para torná-lo solúvel. Essa, talvez, seja a parte mais lucrativa da cadeia do café solúvel. A decisão de se terceirizar, ou não, pode ser tomada em empresas que sofrem oscilações grandes nos volumes demandados de forma moderada. No Brasil, produtos, como biquínis, chocolate, roupas de inverno, brinquedos etc. têm demanda muito variada. Uma solução seria calcular com base na previsão da demanda. Como já vimos em aulas passadas, resume-se em definir um nível constante de produção (nível ótimo da capacidade) e terceirizar o que estiver acima dessa produção. A diferença “A” entre o que é produzido e o que é vendido pode ser repassada a terceiros. Caso o mercado registre uma queda na demanda real, o fabricante pode cancelar a produção terceirizada, garantindo a colocação dos produtos fabricados por ele no mercado. A diferença “B” pode ser usada para criar um estoque estratégico antes de um período de forte demanda, garantindo a disponibilidade dos produtos aos clientes. Uma saída para fabricantes de biquíni, por exemplo, seria exportar e aproveitar o verão de outros países, meses defasados do nosso verão. VERTICALIZAÇÃO ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 37 Como o próprio termo propõe, significa crescer suas atividades nos segmentos anterior e posterior da cadeia de produção. Algumas atividades dependem tanto do fornecimento de suas matérias- primas que se obrigam a verticalizar pelo menos parte de seus insumos. Uma indústria de papel que consome hectares de árvores por dia não pode depender de fornecedores. É estratégico possuir seu próprio reflorestamento, tendo em conta que o período de corte das árvores é relativamente grande e cortar árvores jovens é muito improdutivo. Além disso, a verticalização impõe o sucesso de toda cadeia (de todas as empresas da cadeia) ao sucesso do segmento do mercado no qual atua(m) a(s) empresa(s). Novas tecnologias podem deixar todo um império de empresas totalmente vulnerável. A Coca-cola, além de produzir o refrigerante, possui, também, o sistema de distribuição de seus produtos. A logística de distribuição e o marketing devem ser os componentes estratégicos principais de seus produtos. Terceirizar é segurança. Nosso fabricante de móveis para escritório assumiu as vendas da empresa e, em um primeiro momento, terceirizou a estrutura metálica dos móveis para um ex-funcionário que alugou suas instalações. Ele passou a comprar estruturas somente quando tinha certa sua venda. Em um segundo momento, terceirizou para outro funcionário a fabricação dos assentos e encostos das cadeiras e mesas e também só as comprava quando vendia. Chegou a um certo ponto em que ele só comprava componentes de seus móveis quando já tinha feito as vendas. Seu risco era zero. Tecnicamente, ele passou a não ter custos fixos operacionais. Somente tinha os custos variáveis, que praticamente era o móvel pronto. Restava ao nosso empreendedor colocar a margem de lucro que o mercado pudesse pagar. Seu Grau de Alavancagem operacional passou a tender a zero. Atividade 1. Para as empresas abaixo, coloque, nos parênteses, F, se for fácil verticalizar, e D, se for difícil. ( ) Um restaurante de rodízio de carnes. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 38 ( ) Um fabricante de pneus. ( ) Um fornecedor de microcomputadores. ( ) Um hospital. ( ) O nosso fabricante de móveis. 2. Para as empresas abaixo, coloque, nos parênteses, F, se for fácil terceirizar, e D, se for difícil. ( ) Uma montadora de automóveis. ( ) Um restaurante industrial. ( ) Um fabricante de cimento a granel. ( ) Um fabricante de brinquedos. ( ) Um fabricante de vinhos. A Localização Quanto custa a localização errada de uma empresa e quais fatores são determinantes na escolha de sua localização. Para localizar estrategicamente uma empresa, precisamos decidir, em linhas gerais, sobre: qual país, qual estado, qual cidade, qual bairro e, finalmente, qual rua e localização. Vamos apresentar, com base nos fatores estudados, a seleção regional até chegarmos à cidade. Neste ponto, apresentaremos dois modelos de decisão de escolha. “Localizar significa determinar o local do centro de operações, onde serão prestados os serviços e/ou fabricados os produtos que geram as receitas da empresa e onde se fará a administração do empreendimento.” Definir uma localização para se instalar um empreendimento é uma decisão estratégica e faz pare do planejamento global do negócio. Desse modo, dois aspectos são os mais importantes: 1 - A localização de uma empresa deve ter em conta minimizar os custos totais de produção. Deve-se considerar custo de transportes (matérias- ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 39 primas e produtos acabados), estoques, mão-de-obra, visibilidade, outros insumos (água, energia elétrica, combustíveis etc.) nessa ponderação. 2 - A re-localização do centro de uma unidade produtiva da empresa gera um custo alto demais, tornando-se, muitas vezes, inviável. Algumas empresas precisam ficar próximas de seus clientes (supermercados, farmácia, padaria etc.). Outras são atraídas pela proximidade das matérias-primas (indústria cerâmica, fábrica de cimento etc.). Algumas necessitam de mão-de-obra especializada e se limitam a regiões que possam oferecê-la. Existem, também, os polos de tecnologia onde empresas de tecnologia de ponta se instalam. Cada empresa e cada produto fabricado possuem suas particularidades (porte, logística, recursos necessários, nível de mão-de-obra etc.), fazendo com que os problemas referentes à sua localização sejam específicos de cada situação. Às vezes, o crescimento da demanda não pode ser atendido somente com a mera expansão da capacidade, tornando necessária a busca de um novo local para as operações. Sempre que tratamos do assunto de escolher um local para uma instalação, estamos nos referindo a uma nova instalação. Escassez de matérias-primas e aspectos de legislação ambiental ou urbana também forçam as empresas a se mudarem para outras regiões. Quando uma empresa já está operando, existem três opções para se localizar uma unidade. 1) Expandir a unidade existente. Dependerá de espaço e do tamanho dessa expansão. 2) Instalar uma nova unidade ao lado dessa existente. Também dependerá do espaço e do tamanho dessa unidade. 3) Fechar uma unidade e abri-la em outro local. Vários autores classificam os bens de produção, quanto à sua disponibilidade ao cliente. Para serviços e alguns produtos, a análise dessa classificação é muito importante para a localização das empresas: ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 40 Bens de conveniência. São aqueles em que a disponibilidade imediata do produto é um fator importante da venda. Nesse caso, o estoque é fator de sucesso do negócio. O cliente passa em frentea uma loja, vê uma calça na vitrine, entra e compra. Aqueles produtos que ficam em frente ao caixa dos supermercados são bons exemplos de bens de conveniência. Bens de comparação. São aqueles produtos que se comparam antes de comprar. Um carro modelo “A” custa R$ 40.000,00, mas a entrega é daqui a 30 dias. O modelo “B” custa R$ 42.000,00 e a entrega é imediata, na cor que o comprador quer, já vem com seguro etc. O comprador compara os produtos e sua relação custo/benefício e decide. Bens de consumo especiais. Neste grupo, estão produtos cujos compradores aguardam o prazo normal de fabricação para adquiri-los. Carros especiais, obras de arte, apartamentos em construção, algumas jóias e objetos de grande valor fazem parte desse grupo. Nesse caso, a disponibilidade imediata não é tão importante. FATORES DETERMINANTES NA LOCALIZAÇÃO. Consideradas as opiniões de vários autores, existem fatores importantes para serem analisados na escolha da localização de uma unidade produtiva. Esses autores separam em seis blocos de fatores. Fatores de avaliação quantitativa: dizem respeito aos volumes dos recursos necessários ao bem a ser produzido, que podem ser encontrados em uma determinada região. Os mais importantes são: 1) Disponibilidade e transporte de matéria-prima e semi-acabados. 2) Energia e combustíveis. 3) Água e esgoto (escoamento de resíduos e efluentes tratados). 4) Transportes em geral. 5) Facilidades governamentais e atrativos diversos. Fatores de avaliação qualitativa: tratam da qualidade dos recursos necessários, disponibilizados na região: 1) Mão-de-obra da região, ambiente sindical e social. 2) Perspectivas do mercado local. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 41 3) Alternativas para o transporte local de qualidade ou saturação de seus meios. 4) Acidentes, fatores geográficos, clima e segurança. 5) Sistemas de comunicação existentes. Macro-fatores: fatores do nível estratégico da empresa 1) Fatores ecológicos. 2) Necessidade da criação de núcleos sociais, cooperativas, vila operária etc. 3) Definição de meio rural, urbano ou grandes centros. 4) O processo de fabricação e suas necessidades de energia, matéria-prima, mão-de-obra e sua integração com outras empresas locais. 5) Análise de previsão futura das demandas e dos recursos disponíveis. Micro-fatores: fatores que irão impactar com a comunidade local e a região específica 1) Conseqüência para a comunidade (ruído, trânsito, efluentes etc.). 2) Posição com relação aos transportes (aeroportos, portos, rodovias e ferrovias). 3) Segurança local contra acidentes (inundações, incêndios, roubos etc.) 4) Acesso dos funcionários à empresa. Fatores da seleção regional: fatores que dizem respeito à macro região. Matéria-prima e meios de transporte e relação peso/volume entre matéria- prima e produto acabado. Mão-de-obra. Custos logísticos (armazenagem, movimentação, transportes etc.) Condições climáticas, intemperismo, umidade e aspectos voltados ao produto e ao processo. Leis, cultura e costumes regionais. Incentivos e subsídios locais. Fatores para a escolha da região específica: fatores para escolha entre cidades próximas. Região urbana, rural ou periferia. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 42 Transporte, zoneamento, serviços e impostos municipais e sindicalização locais. Clima. Facilidade de aquisição e qualidade de terrenos. Incentivos municipais. AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS DE LOCALIZAÇÃO Existem dois modelos principais de avaliação de localização. 1º) Ponderação qualitativa. Seja uma empresa fabricante de refrigerante e cerveja, que estuda uma localização para montar uma unidade produtiva. Ela ponderou entre os 6 fatores já estudados e está para optar entre as cidades “A” e “B”. O primeiro passo para essa decisão é listar os principais fatores necessários ao processo produtivo e sua colocação no mercado. A empresa chegou a 6 fatores, seu grau de importância, e monta a tabela a seguir. Passos da montagem. 1º) Definição dos fatores mais determinantes e seu pesos conforme importância. 2º) Atribuir nota a cada cidade quanto à competência em atender a cada um dos recursos necessários. 3º) Multiplicar os pesos de cada fator pela nota de cada cidade para chegar ao total de pontos obtidos por cada uma das cidades. 4º) Somar todos os pontos obtidos por cada cidade e concluir qual é a que apresenta melhores condições de oferecer recursos à empresa. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 43 2º Comparação entre custos fixos e variáveis é outra forma de avaliar a localização, calculando os custos fixos e variáveis (vistos na 2ª aula) para cada localização. A nossa fábrica de refrigerantes e cervejas calculou os custos de fabricação para as duas cidades, “A” e “B”, e chegou à seguinte conclusão: Custo total na cidade “A” é: CTA = 450.000 + 320 Q, onde Q = volume em m3 produzido no mês. Analogamente CTB = 500.000 + 280 Q. No ponto de intersecção entre as duas retas CTA = CTB, substituindo os termos em cada equação, teremos: 450.000 + 320 Q = 500.000 + 280 Q, e resolvendo a equação resulta que Q = 1.250 peças (QE). CONCLUSÃO Se a empresa produzir entre 0 (zero) e Qe, o custo total da cidade “A” é menor (a reta azul fica abaixo da vermelha) e, acima de QE, o custo total da cidade “B” é menor Empresas com várias filiais, vários centros de distribuição e clientes espalhados por todo o país, decidem a localização de suas instalações utilizando modelagens matemáticas complexas e pesquisa operacional e se ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 44 apóiam na rede dos modais de transportes utilizados para receberem suas matérias-primas e distribuírem seus produtos. Grandes transportadoras, que, em um único trajeto de caminhão, carregam e descarregam, várias vezes, cargas de pesos e tamanhos diferentes, necessitam de sistemas informatizados para estabelecerem os trajetos e, também, a localização ideal de suas filiais e a melhor rodovia para acessá- las. ATIVIDADES PROPOSTAS 1ª) Uma empresa estuda montar uma nova unidade e tem, como opções, duas cidades, com seus custos fixos e variáveis, como segue. Calcule a quantidade produzida em que os custos totais sejam iguais e determine em qual cidade é melhor se instalar para a) produções maiores e b) produções menores que essa quantidade. 2ª) Simule uma situação de duas opções de cidades para instalar uma unidade produtiva. Defina os recursos mais importantes para a empresa. Estabeleça critérios (graus) de importância para cada recurso. Atribua, para cada cidade, uma nota da capacidade de oferecer cada um dos recursos e decida por uma delas (utilizando o modelo da avaliação qualitativa visto nesta aula). Sugestões de empresas: Refinaria de petróleo; Um estaleiro; Fábrica de aviões; Uma fábrica de móveis; Churrascaria; Um posto de gasolina; Fábrica de biquínis; ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 45 Uma confecção de roupas de inverno; Uma vinícola; Uma fábrica de geléia de frutas. Planejamento Agregado da Produção O planejamento agregado é recurso utilizado de projeção de um processo de balanceamento da produção a ser efetivada com a demandaprevista estudada na 3ª aula, elaborada para médios prazos, em geral 6 meses, 1 ou 2 anos. Empresas que atuam em mercados relativamente estáveis aplicam esse método para períodos maiores, e ano a ano, fazem os ajustes necessários para corrigir eventuais acidentes de demanda. É um método utilizado por empresas que têm poucos produtos na sua linha de fabricação ou que ainda produzam outros bens vendidos de forma casada com esses, que são os mais importantes. Vamos utilizar, ao longo de toda aula de hoje, uma empresa fictícia, que produz uma peça especial para um tipo de máquina. Ela possui 16 funcionários na produção e cada um produz 1.000 peças por mês ou 2.000 por bimestre. No nosso exemplo, vamos trabalhar com os bimestres do ano, para podermos nos concentrar no método, e não trabalhar com tabelas longas, para facilitar o manuseio dos dados. Depois de entendido o método, extrapolá-lo para 12 meses por ano ficará simples. Usaremos como ferramenta a planilha eletrônica Excel e ao longo do exercício iremos supondo valores de custos para os recursos utilizados. Seja então, a previsão de vendas bimestrais para 2007 da tabela abaixo. A produção de 192.000 peças ao ano resultaria em uma produção média bimestral de 32.000 peças. Visualizando graficamente nossa situação, temos: ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 46 No primeiro bimestre, produziríamos 32.000 peças e a demanda seria de 24.000, resultando em um estoque de 8.000 peças. No segundo bimestre, teríamos mais estoque se acumulando. Qual é a melhor forma de administrar essa situação? Produzir e estocar, ou produzir só a quantidade demandada, reduzindo o quadro de funcionários? Fazer horas extras nos períodos de maior demanda? É o que veremos hoje. As empresas devem contabilizar todos os seus custos, fixos e variáveis, e distribuí-los na produção. Para o nosso exemplo, vamos admitir que a empresa tenha os seguintes custos: Custo médio de contratação de 1 funcionário R$ 1.000,00. Custo médio de demissão de 1 funcionário R$ 3.000,00. Custo médio de estocagem R$ 1,00 por (peça x bimestre). Custo total médio de produção normal R$ 2,00 por peça. Custo total médio de produção na hora extra R$ 2,80 por peça. Os custos fixos fazem com que o custo total unitário varie conforme a quantidade produzida. A empresa deve ter em seu histórico o custo médio para poder utilizar esse método. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 47 Existem várias formas de atuação para se balancear a produção e ajustá-la à demanda. Algumas decisões são estratégicas, por exemplo, se a empresa deseja trabalhar com um bom estoque, ou então se irá dar férias coletivas, retirar um produto de fabricação (ou substituí-lo). Para tanto, são tomadas decisões de forma a otimizar os custos. A primeira estratégia e mais simples de ação é chamada de Manutenção da Força de Trabalho. Como no início do período (três primeiros bimestres), a produção é maior que a demanda, produzimos a mais e estocamos para compensar o período no qual essa situação se inverter. Essa situação será representada na tabela abaixo. A previsão de demanda anual, 192.000 peças, equivale a 32.000 peças cada período. Dessa forma, não são necessárias horas extras, nem demissões, nem contratações. O inconveniente dessa estratégia é o custo do estoque, que calculamos da seguinte forma: Total de peças estocadas (8000 + 14000 + 16000 + 12000 + 2000) = 52 000. Custo de estocagem por bimestre = 1,00 R$ por peça Custo de estocagem = R$ 52.000,00. (Além dos custos normais de produção) 1 Previsão de demanda - Demanda prevista calculada pela empresa. 2 Estoque inicial - Peças estocadas no início do período ou no final do período anterior. 3 Quantidade inicial de funcionários - Funcionários que iniciaram trabalhando no período. 4 Contratações - Funcionários contratados para trabalhar no período. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 48 5 Demissões - Funcionários a serem demitidos,que não vão trabalhar no período. 6 Quantidade total de funcionários - Funcionários que iniciaram trabalhando mais contratações e menos as demissões. 8 Produção regular - É o produto do número de funcionários (linha 6) vezes 2.000 peças produzidas por cada um. 9 Horas extras - Peças a serem produzidas em horas extras para atingir os objetivos da estratégia. 10 Subcontratação - Peças produzidas com contratações de terceiros, quando houver. 11 Produção Total - É a quantidade total de peças produzidas na produção regular somadas com produção nas horas extras e com as peças produzidas pela eventual subcontratação. 12 Produção – previsão de demanda. Total de peças produzidas menos previsão de demanda, estoque no período. 13 Estoque final - Estoque acumulado no período mais estoque anterior. Segunda estratégia: Contratar e demitir sempre que necessário. Pressupõe que a produção seja diretamente proporcional à quantidade de funcionários. Numericamente, ela é importante de ser conhecida, pois, em períodos de recessão, em parte ela poderá ser adotada. Empresas que desativam linhas de produção ou encerram atividades em uma unidade podem utilizar essa estratégia para avaliar seus custos. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 49 Fazendo esses ajustes em todos os bimestres, teríamos um total de 9 contratações e 8 demissões, cujos custos seriam. Demissões R$ 3.000,00 x 8 = R$ 24.000,00 Contratações R$ 1.000,00 x 9 = R$ 9.000,00 Custo total da estratégia R$ 33.000,00 Esta estratégia não prevê estoques e o número de funcionários é ajustado período a período, de forma a se produzir, exatamente, a quantidade da demanda prevista. Terceira estratégia: Estratégia de Nivelamento por horas extras. Propõe a manutenção da força de trabalho, produzindo o necessário para atender a demanda prevista e, quando a produção regular não atende a demanda, produzir com horas extras. Vamos à tabela. O custo da implantação dessa estratégia é calculado da seguinte forma: 16.000 peças produzidas com 0,8 centavos além do custo normal (2,80 – 2,00), ou 16.000 x 0,80 = R$ 12.800,00. Das três estratégias propostas, essa é a melhor. Nesta situação, não temos estoques, nem demissões, nem contratações. Teria que ser produzido, em horas extras, um total de 16.000 peças. Numericamente, a melhor das três estratégias é a terceira, entretanto nossa hipótese não prevê um número limite de horas extras por período e por funcionário, legislado conforme a categoria sindical. Observações importantes: Nestes exemplos, não foi considerada a questão financeira. Não consideramos o custo de capital dos desembolsos antecipados que ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO PROF. JOSÉ CORREIA Página 50 poderiam ser postergados. Uma análise mais detalhada deverá considerar o valor presente de todos esses desembolsos. A idéia de zerar os estoques também deveria ser mais bem analisada. Um estoque de segurança para cobrir eventuais aumentos de demanda ou imprevistos na produção é sempre oportuno. Os custos de demissão foram estimados para efeitos de cálculo. Eles podem ser relativamente próximos, se levantados no Depto. de RH. ATIVIDADES PROPOSTAS Com base na empresa utilizada nos exemplos, monte a estratégia de
Compartilhar