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DIREITO DO TRABALHO 
 
MÓDULO: ASPECTO EMPRESARIAL DAS 
RELAÇÕES DE TRABALHO - INDENIZAÇÕES 
 
 
TEMA: TERCEIRIZAÇÃO 
A terceirização, é denominado como um recurso fora da empresa, sendo, 
portanto, a transferência feita pela contratante (tomadora) da execução de quaisquer 
de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de direito 
privado prestadora de serviços que possua capacidade econômica compatível com a 
sua execução. Assim como explica o art. 4°-A da Lei n° 6.019/74: 
Art. 4o-A. Considera-se prestação de serviços a terceiros a 
transferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas 
atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de 
direito privado prestadora de serviços que possua capacidade 
econômica compatível com a sua execução. 
§ 1o A empresa prestadora de serviços contrata, remunera e dirige o 
trabalho realizado por seus trabalhadores, ou subcontrata outras 
empresas para realização desses serviços. 
§ 2o Não se configura vínculo empregatício entre os trabalhadores, ou 
sócios das empresas prestadoras de serviços, qualquer que seja o seu 
ramo, e a empresa contratante. 
O jurista Victor Habib Lantyer de Mello (2022), escreveu artigo no Migalhas 
sobre a temática: 
A Terceirização ocorre quando uma empresa, tomador, contrata outra 
para prestar determinado serviço, intermediando a mão de obra. Por 
exemplo, é muito comum bancos e outras empresas terceirizarem o 
serviço de limpeza do estabelecimento, contratando outra empresa 
para prestar este serviço. 
Do ponto de vista do gestor, a lógica por trás desta prática é dar mais 
opções e eficiência a diversos setores da empresa, e conforme já 
mencionado, reduzir os custos envolvidos, já que não haverá 
contratação direta de empregados para desempenho daquela 
atividade. 
A tomadora quando terceiriza uma atividade de limpeza ou de 
segurança, só terá a chamada responsabilidade subsidiaria, 
possuindo assim o benefício de ordem, respondendo judicialmente na 
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hipótese do não pagamento das verbas trabalhista pela empresa 
terceirizada. (MELLO, 2022)1 
A fins de aprofundarmos sobre o assunto, a Lei n° 6.019/74 prevê sobre os 
requisitos para o funcionamento da empresa de prestação de serviços a terceiros, 
vejamos: 
1. Prova de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) 
2. Registro na Junta Comercial 
3. Capital social compatível com o número de empregados, observando-se os 
seguintes parâmetros: 
a) empresas com até dez empregados - capital mínimo de R$ 10.000,00 (dez mil 
reais); 
b) empresas com mais de dez e até vinte empregados - capital mínimo de R$ 
25.000,00 (vinte e cinco mil reais); 
c) empresas com mais de vinte e até cinquenta empregados - capital mínimo de R$ 
45.000,00 (quarenta e cinco mil reais); 
d) empresas com mais de cinquenta e até cem empregados - capital mínimo de R$ 
100.000,00 (cem mil reais); e 
e) empresas com mais de cem empregados - capital mínimo de R$ 250.000,00 
(duzentos e cinquenta mil reais). 
 
Ademais, admite-se a terceirização de forma ampla, ou seja, de quaisquer das 
atividades da contratante (tomadora), inclusive de sua atividade principal. Logo, fica 
superada a distinção entre atividades-fim e atividades-meio, anteriormente adotada 
pela jurisprudência, como se observa na Súmula 331, do TST: 
 
1 MELLO, Victor Habib Lantyer.Terceirização no direito brasileiro. Revista Migalhas. 2022. Disponível 
em: Acesso em: 
14.ago.22 
 
 
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CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova 
redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 
174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 
I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, 
formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo 
no caso de trabalho temporário. 
II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa 
interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da 
Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da 
CF/1988). 
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de 
serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação 
e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-
meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a 
subordinação direta. 
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do 
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos 
serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da 
relação processual e conste também do título executivo judicial. 
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta 
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso 
evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações 
da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do 
cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de 
serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre 
de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela 
empresa regularmente contratada. 
VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange 
todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da 
prestação laboral. 
 
 A respectiva súmula orienta sobre diversos aspectos da terceirização. 
Podemos destacar inciso III, onde consta que não haverá vínculo empregatício com o 
tomador (“empregador”) a contratação de serviços de limpeza, bem como aqueles 
serviços especializados ligados à atividade do tomador, desde que não haja 
pessoalidade e subordinação. 
É interessante observarmos sobre esses aspectos pois, a terceirização possui 
características distintas da empresa, ou seja, a terceirização não seguirá os mesmos 
requisitos. 
Desta forma relembraremos os elementos identificadores da relação de 
emprego: 
 
Requisitos para a caracterização da relação empregatícia 
Pessoa física “A prestação de serviços que o Direito 
do Trabalho toma em consideração é 
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aquela pactuada por uma pessoa física. 
Os bens jurídicos tutelados pelo Direito 
do Trabalho importam à pessoa física, 
não podendo ser usufruídos por 
pessoas jurídicas. Assim, a figura do 
trabalhador há de ser, sempre, uma 
pessoa natural”; 
(DELGADO, Maurício Godinho. Curso 
de Direito do Trabalho, 8ª Edição, Ltr, 
São Paulo: 2009, pág. 270) 
Subordinação O empregador direcionará o empregado 
para os exercícios da profissão. 
Não-eventualidade O trabalho deverá ser exercido de forma 
permanente. 
Onerosidade A onerosidade é a pagamento pelo 
serviço prestado. 
Pessoalidade Aquele trabalhador é o único que poderá 
exercer aquela função. 
 
Requisitos para caracterização da terceirização 
Transferência de atividade 
Relação triangular ou trilateral 
Não há vínculo empregatício com a empresa a qual presta serviço 
 
Portanto, é importante ressaltarmos que, na terceirização, estamos diante de 
uma contratação diferenciada ao qual não possui vínculo empregatício, mas, somente 
uma prestação de serviços. Porém, a empresa terceirizada deve garantir a esse 
empregador todos os seus direitos previstos na lei, assim como explica o Portal da 
Industria: 
 
A empresa terceirizada deve garantir todos os direitos já previstos na 
legislação trabalhista, tais como salários, horas extras, 13º salário, 
férias, além daqueles estabelecidos em acordos e convenções 
coletivas negociados pelos sindicatos das suas respectivas categorias 
profissionais. 
A empresa contratante fiscalizar o cumprimento das obrigações 
trabalhistas e previdenciárias. Ou seja, o trabalhador terceirizado não 
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perde nenhum direito e nem recebe menor remuneração por ser 
terceirizado. 
A terceirização de serviçostambém não afeta os concursos públicos, 
pois não é uma modalidade de contratação e nem pode ser usada para 
preenchimento de cargos públicos. (Portal da indústria)2 
 
O STF no dia 30 de agosto de 2018 decidiu sobre a terceirização de atividade 
meio - afirmando que é lícita a terceirização em todas as etapas do processo 
produtivo, seja meio ou fim. Ao julgar a Arguição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental (ADPF) 324 e o Recurso Extraordinário (RE) 958252, com repercussão 
geral reconhecida, sete ministros votaram a favor da terceirização de atividade-fim e 
quatro contra. A tese de repercussão geral aprovada no RE foi a seguinte: “É lícita a 
terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas 
distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a 
responsabilidade subsidiária da empresa contratante”. Na sessão desta quinta-feira 
votaram o ministro Celso de Mello e a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia. Para 
o decano, os eventuais abusos cometidos na terceirização devem ser reprimidos 
pontualmente, “sendo inadmissível a criação de obstáculos genéricos a partir da 
interpretação inadequada da legislação constitucional e infraconstitucional em vigor, 
que resulte na obrigatoriedade de empresas estabelecidas assumirem a 
responsabilidade por todas as atividades que façam parte de sua estrutura 
empresarial”. O ministro Celso de Mello apontou que o movimento na Justiça 
Trabalhista, sobretudo com a proliferação de demandas coletivas para discutir a 
legalidade da terceirização, implica redução das condições de competitividade das 
empresas. “O custo da estruturação de sua atividade empresarial aumenta e, por 
consequência, o preço praticado no mercado de consumo também é majorado, disso 
resultando prejuízo para sociedade como um todo, inclusive do ponto de vista da 
qualidade dos produtos e serviços disponibilizados”, ponderou. 
O decano citou ainda dados estatísticos que comprovam o aumento de 
vagas no mercado formal em decorrência do aumento da terceirização em empresas 
dos mais diversos segmentos econômicos. “O impedimento absoluto da terceirização 
trará prejuízos ao trabalhador, pois certamente implicará a redução dos postos de 
trabalho formal criados em decorrência da ampliação da terceirização nos últimos 
anos”, destacou. 
 
2 Portal da indústria. Terceirização de serviços e atividades é estratégica para a indústria no Brasil. 
Disponível em: 
Acesso: 14.ago.22 
 
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A revista jurídica Migalhas apresentou artigo científico sobre a terceirização, 
relatando sobre algumas modificações da reforma trabalhista. Uma delas foi a 
contratação de empregados fim. Ou seja, antes da reforma trabalhista, as empresas 
não poderiam contratar empregados terceirizados para o exercício fim, somente o 
exercício meio. Observaremos: 
Antes da reforma trabalhista, lei 13.467, de 13/7/17, só era permitida 
a terceirização de atividade meio, isto é, a empresa só poderia 
terceirizar serviços que não tivessem relação com sua atividade 
econômica principal, mas que colaboram com o alcance do objetivo 
final empresarial. Ou seja, um banco não poderia contratar uma 
empresa para prestar serviços de bancário, apenas de outros serviços 
como limpeza, segurança, transporte, dentre outros. 
Com a reforma trabalhista, foi permitida a terceirização também da 
atividade principal da empresa, podendo uma escola ou uma 
faculdade terceirizar os serviços de professor, por exemplo. 
A reforma trouxe ainda a garantia de que os empregados da 
prestadora de serviço, terceirizados, enquanto estiverem executando 
atividade nas dependências da tomadora, terão, de forma igualitária 
aos empregados diretos da empresa, mesma alimentação, 
atendimento médico ou ambulatorial, instalações adequadas à 
prestação de serviço, treinamento adequado, bem como condições 
sanitárias e de medidas de proteção à saúde e de segurança do 
trabalho. 
Outro ponto trazido pela lei 13.467/17 é que o empregado que for 
demitido não poderá prestar serviços para esta mesma empresa na 
qualidade de empregado de empresa prestadora de serviços antes do 
decurso de prazo de dezoito meses, contados a partir da demissão do 
empregado. 
Contudo, uma terceirização será considerada ilícita ou ilegal, quando 
na prática se constatar que existe pessoalidade e subordinação do 
empregado terceirizado, empregado da prestadora de serviço, com o 
tomador. 
Desta forma, caracterizada a terceirização ilícita e a identidade de 
funções, desempenho das mesmas funções, entre o empregado do 
tomador e do empregado da prestadora de serviço, deverá existir a 
isonomia, igualdade, salarial entre eles. (MELLO, 2022)3 
 
 
Destaca ainda sobre os direitos dos trabalhadores terceirizados de serem 
tratados da mesma forma que os demais trabalhadores celetistas. Porém, cabe 
ressaltar e reiterar que não terão os mesmos direitos trabalhistas (verbas trabalhistas), 
pois estes não configuram relação de emprego. O artigo quer nos dizer que terão as 
mesmas formas igualitárias: de alimentação, de saúde etc. 
 
3 MELLO, Victor Habib Lantyer.Terceirização no direito brasileiro. Revista Migalhas. 2022. 
Disponível em: Acesso em: 14.ago.22 
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Temos algumas críticas acerca da terceirização. Alguns doutrinadores e 
especialistas da área criticam este tipo de contratação. Alguns especialistas na área 
relatam ser uma “terceirização de pessoas”: 
A terceirização de serviços consistiria, como muitos defendem, em um 
grande avanço, pois, se justificaria em razão da prestação 
especializada, pontual, técnica e qualificada. Contudo, como muito do 
que acontece no Brasil, a terceirização de serviços acabou se 
tornando uma "terceirização de pessoas", com o objetivo único de 
"reduzir custos", e essa não deve - nunca - ser admitida e, como 
consequência, tem de ser duramente penalizada. 
 
A terceirização de pessoas é o que há de mais cruel visto que, por 
meio dela, se reduz o ser humano à coisificação extrema. 
 
Inadmissível que a pessoa do trabalhador seja tratada como 
mercadoria, e o ordenamento jurídico brasileiro determina que haja 
ponderação entre, de um lado, o valor social da atividade econômica 
e, do outro, princípio da dignidade da pessoa humana e valorização 
do trabalho humano (CRFB. Art. 1º, inciso IV1). 
 
A terceirização de pessoas também fere o princípio da isonomia 
porque se permite que pessoas que desempenhem idênticas 
atividades percebam remunerações diferentes, e, em geral, os 
chamados "terceirizados" trabalham em condições piores e com 
salários menores se comparados com os empregados da tomadora, o 
que fere a Convenção da Filadélfia quanto a afirmação preambular 
"para igual trabalho, mesmo salário" (BEZERRA, 2022)4 
 
Ademais, a Ministra Cármen Lúcia, a presidente do Supremo, destacou que a 
terceirização não é a causa da precarização do trabalho nem viola por si só a 
dignidade do trabalho. “Se isso acontecer, há o Poder Judiciário para impedir os 
abusos. Se não permitir a terceirização garantisse por si só o pleno emprego, não 
teríamos o quadro brasileiro que temos nos últimos anos, com esse número de 
desempregados”, salientou. 
Para a ministra Cármen Lúcia, a garantia dos postos de trabalho não está em 
jogo, mas sim uma nova forma de pensar em como resolver a situação de ter mais 
postos de trabalho com maior especialização, garantindo a igualdade entre aqueles 
que prestam o serviço sendo contratados diretamente e os contratados de forma 
terceirizada. “Com a proibição da terceirização, as empresas poderiam deixar de criar 
postos de trabalho”, afirmou. 
 
4 BEZERRA, Joice. A terceirização, o STF e o TST – O que será dos trabalhadores? 2022. Revista 
Migalhas. Disponível em:o-que-sera-dos-trabalhadores> Acesso em: 14.ago.22 
 
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Em sessões anteriores, os ministros Luís Roberto Barroso (relator da ADPF), 
Luiz Fux (relator do RE), Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e Gilmar Mendes já haviam 
votado nesse sentido, julgando procedente a ADPF e dando provimento ao RE. 
Divergiram desse entendimento os ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo 
Lewandowski e Marco Aurélio. No ano de 2018 foi suspenso o julgamento sobre 
terceirização de atividade-fim (ADPF 324 RE 958252) 
Desse modo, a terceirização deve envolver a prestação de serviços e não o 
fornecimento de trabalhadores por meio de empresa interposta. Portanto, defende-se 
o entendimento de que os referidos serviços, na terceirização, devem ter certa 
especialidade. Isso é confirmado pelo art. 5º-B da Lei 6.019/1974, incluído pela Lei 
13.429/2017, no sentido de que o contrato de prestação de serviços deve conter: 
qualificação das partes; especificação do serviço a ser prestado; prazo para realização 
do serviço, quando for o caso; valor. A empresa prestadora de serviços (contratada) 
é considerada a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços que possua 
capacidade econômica compatível com a sua execução, compatível com o contrato, 
tanto pode ser dinheiro, como bens. A empresa prestadora de serviços a terceiros, 
assim, não pode ser pessoa física, nem empresário individual, devendo ser 
necessariamente pessoa jurídica. 
A empresa prestadora de serviços contrata, remunera e dirige o trabalho 
realizado por seus trabalhadores, ou subcontrata outras empresas para realização 
desses serviços. Não se configura vínculo empregatício entre os trabalhadores, ou 
sócios das empresas prestadoras de serviços, qualquer que seja o seu ramo, e a 
empresa contratante (art. 4º-A, § 2º, da Lei 6.019/1974, acrescentado pela Lei 
13.429/2017). 
Os requisitos para o funcionamento da empresa de prestação de serviços a 
terceiros são previstos no art. 4º-B, incluído pela Lei 13.429/2017. 
Na terceirização, a contratante pode estender ao trabalhador da empresa de 
prestação de serviços o mesmo atendimento médico, ambulatorial e de refeição 
destinado aos seus empregados, existente nas dependências da contratante, ou local 
por ela designado (art. 5º-A, § 4º, da Lei 6.019/1974, acrescentado pela Lei 
13.429/2017). Essa previsão tem caráter meramente facultativo, diversamente da 
mencionada determinação cogente relativa ao trabalho temporário (art. 9º, § 2º, da Lei 
6.019/1974). 
Entretanto, de acordo com o art. 4º-C da Lei 6.019/1974, acrescentado pela 
Lei 13.467/2017, são asseguradas aos empregados da empresa prestadora de 
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serviços a que se refere o art. 4º-A, quando e enquanto os serviços, que podem ser 
de qualquer uma das atividades da contratante, forem executados nas dependências 
da tomadora, as mesmas condições: I – relativas a: alimentação garantida aos 
empregados da contratante, quando oferecida em refeitórios; direito de utilizar os 
serviços de transporte; atendimento médico ou ambulatorial existente nas 
dependências da contratante ou local por ela designado; treinamento adequado, 
fornecido pela contratada, quando a atividade o exigir; II – sanitárias, de medidas de 
proteção à saúde e de segurança no trabalho e de instalações adequadas à prestação 
do serviço. 
Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato com empresa 
de prestação de serviços relacionados a quaisquer de suas atividades, inclusive sua 
atividade principal (art. 5º-A da Lei 6.019/1974, com redação dada pela Lei 
13.467/2017). Portanto, reitera-se a previsão de que a contratante (tomadora) pode 
terceirizar quaisquer de suas atividades, inclusive a sua atividade principal, perdendo 
relevância a diferenciação entre atividades-fim e atividades-meio. 
Contratante e contratada podem estabelecer, se assim entenderem, que os 
empregados da contratada farão jus a salário equivalente ao pago aos empregados 
da contratante, além de outros direitos não previstos no art. 4º-C da Lei 6.019/1974. 
Trata se de mera faculdade no caso de terceirização, diversamente da previsão 
imperativa quanto ao trabalhador temporário (art. 12, a, da Lei 6.019/1974). 
Nos contratos que impliquem mobilização de empregados da contratada 
(prestadora) em número igual ou superior a 20% dos empregados da contratante 
(tomadora), esta pode disponibilizar aos empregados da contratada os serviços de 
alimentação e atendimento ambulatorial em outros locais apropriados e com igual 
padrão de atendimento, com vistas a manter o pleno funcionamento dos serviços 
existentes (art. 4º-C, § 2º, da Lei 6.019/1974, acrescentado pela Lei 13.467/2017). 
É vedada à contratante a utilização dos trabalhadores em atividades distintas 
daquelas que foram objeto do contrato com a empresa prestadora de serviços (art. 
5º-A, § 1º, acrescentado pela Lei 13.429/2017). 
Os serviços contratados podem ser executados nas instalações físicas da 
empresa contratante ou em outro local, de comum acordo entre as partes (art. 5º-A, § 
2º, incluído pela Lei 13.429/2017). 
É responsabilidade da contratante garantir as condições de segurança, 
higiene e salubridade dos trabalhadores, quando o trabalho for realizado em suas 
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dependências ou local previamente convencionado em contrato (art. 5º-A, § 3º, 
incluído pela Lei 13.429/2017). 
A empresa contratante (tomadora) é subsidiariamente responsável pelas 
obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços 
(como já se previa na Súmula 331, itens IV e VI, do TST), e o recolhimento das 
contribuições previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei 8.212/1991 (art. 
5º 
A, § 5º, incluído pela Lei 13.429/2017). 
Ainda quanto ao tema, o Supremo Tribunal Federal fixou a seguinte tese de 
repercussão geral: “O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do 
contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a 
responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos 
termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93” (Pleno, RE 760.931/DF, DJe 02.05.2017). 
Leitura obrigatória. Ação de Declaração de Constitucionalidade (ADC) 16, que veda 
a responsabilização automática da administração pública, só cabendo sua 
condenação se houver prova inequívoca de sua conduta omissiva ou comissiva na 
fiscalização dos contratos. Trabalhador terá que provar. 
Dica 
Advogado de reclamante pedir em sua inicial trabalhista para administração 
pública trazer aos autos o procedimento licitatório, solicitar os documentos de 
fiscalização ao longo do contrato, para demonstrar idoneidade, recolhimentos 
salários etc, nomear quem era o gestor de contrato. 
 
 
Não pode figurar como contratada (prestadora), a pessoa jurídica cujos 
titulares ou sócios tenham, nos últimos 18 meses, prestado serviços à contratante na 
qualidade de empregado ou trabalhador sem vínculo empregatício, exceto se os 
referidos titulares ou sócios forem aposentados (art. 5º-C da Lei 6.019/1974, 
acrescentado pela Lei 13.467/2017). 
Procura-se evitar a fraude por meio da chamada pejotização, ou seja, a 
contratação de empregados sob a forma de pessoa jurídica. Entretanto, após o 
referido prazo de 18 meses, é justamente isso o que pode acabar acontecendo, 
gerando fraude ao vínculo de emprego, o que é vedado pelo art. 9º da CLT. 
O art. 5º-D da Lei 6.019/1974, acrescentado pela Lei 13.467/2017, por sua 
vez, dispõe que o empregado que for demitido não poderá prestar serviços para esta 
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mesma empresa na qualidade de empregado de empresa prestadora de serviços 
antes do decurso de prazo de 18 meses, contados a partir da demissão do 
empregado. 
Trata-se, na realidade, da despedida do empregado por certa empresa, não 
se admitindo queele passe a prestar serviço para esta, no referido período, mas como 
empregado de empresa prestadora, ou seja, como terceirizado. Após o referido prazo, 
entretanto, essa substituição de empregados diretos por terceirizados pode acabar 
acontecendo na empresa, que deixa de ser empregadora e passa a ser apenas 
tomadora (contratante). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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BIBLIOGRAFIA 
 
BEZERRA, Joice. A terceirização, o STF e o TST – O que será dos trabalhadores? 
2022. Revista Migalhas. Disponível em: Acesso em: 14.ago.22 
MELLO, Victor Habib Lantyer.Terceirização no direito brasileiro. Revista Migalhas. 
2022. Disponível em: Acesso em: 14.ago.22 
Portal da indústria. Terceirização de serviços e atividades é estratégica para a 
indústria no Brasil. Disponível em: Acesso: 14.ago.22 
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