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Biologia Geral 11 PHYLUM PORIFERA (do latim porus = poro; ferre = portador) Os poríferos ou esponjas foram, durante muito tempo, considerados plantas uma vez que não se locomovem. Posteriormente os biólogos descobriram que as suas células eram muito parecidas com as de alguns protozoários. A partir dessa descoberta foram incluídos no reino animal. São animais aquáticos e, quando adultos, são sésseis. Vivem fixos a um substrato normalmente duro. Vulgarmente são conhecidos como esponjas e são os mais simples dentre os animais multicelulares, com registro paleontológico no período Cambriano (500 milhões de anos atrás) ou, segundo alguns autores, desde o pré- cambriano. São desprovidos de cavidade digestiva e de sistema nervoso que ofereça coordenação e integração entre suas diversas partes. Por não possuírem um sistema digestório são denominados de parazoários. Todos os demais animais, providos de sistema digestório (completo ou não), são denominados enterozoários. Sem órgãos ou tecidos verdadeiros suas células apresentam um considerável grau de interdependência. Há mais de 5.000 espécies descritas de esponjas, e a maioria habita ambientes marinhos (águas tropicais). Sua alimentação é realizada através da filtração de microorganismos aquáticos presentes na água, que fluem por um sistema de canais, englobado pelo plano corporal, até uma cavidade central denominada átrio ou espongiocele. A água filtrada é expelida para o meio externo através de uma abertura denominada ósculo. O revestimento externo da parede corporal das esponjas é formado por células epitelióides, os pinacócitos. O conjunto de pinacócitos constitui a Euplectella aspergillum Esponja orelha de elefante laranja (Agelas clathrodes). Biologia Geral 22 pinacoderma. Os pinacócitos basais secretam uma substância que fixa a esponja ao substrato. O revestimento interno é formado por uma camada de células denominadas de coanócitos. Os coanócitos apresentam um flagelo circundado por um colarinho contrátil. São responsáveis pelo movimento da água através da esponja e pela captura do alimento. A camada intermediária, entre o revestimento externo de pinacócitos e o interno de coanócitos, é denominada de mesênquima. Esta camada é formada por uma matriz protéica gelatinosa onde estão incluídas células livres amebóides, responsáveis pelas atividades vitais e secreção do esqueleto. ESQUELETO O esqueleto localiza-se primariamente no mesênquima e pode ser formado por material orgânico ou inorgânico, conforme seja constituído de fibras de espongina, de espículas silicosas ou calcáreas, ou mesmo de uma combinação de ambos os materiais. Existem espículas em vários formatos, sendo estas importantes para a identificação e classificação de uma espécie. FISIOLOGIA A corrente de água que flui através do corpo das esponjas traz oxigênio e alimento e remove os detritos. Mesmo espermatozóides e óvulos se movem para dentro ou para fora devido a estas correntes. As esponjas alimentam-se de material particulado extremamente fino. A digestão é intracelular, ocorrendo no interior de um vacúolo digestivo. Trocas gasosas ocorrem por simples difusão entre a água circulante e as células. Não existe um sistema nervoso nas esponjas e as reações são principalmente locais. Espículas. Parede corporal de uma esponja tipo áscon. Biologia Geral 33 MORFOLOGIA Três tipos morfológicos, com diferentes complexidades, são encontrados no plano arquitetônico das esponjas. O tipo áscon é o mais simples. Tem forma tubular e são pequenas, não ultrapassando os 10 cm de altura. O tipo sycon exibe os primeiros estágios de dobramento da parede do corpo. No tipo lêucon ocorre o mais alto grau de dobramento da parede do corpo. Constitui 98% dos tipos morfológicos. Áscon Sycon Lêucon Tipos morfológicos de Porifera. 1, Espongiocele ou átrio; 2, ósculo; 3, canal radial revestido por coanócitos; 4, câmara revestida por coanócitos; 5, poros inalantes; 6, canais inalantes. Esquema de alimentação das esponjas. 1: a água carregada de partículas penetra pelos poros; 2: as partículas grandes são fagocitadas pelos arqueócitos (amebócitos com função de receber e digerir o alimento); 3: as partículas orgânicas são digeridas intracelularmente pelos arqueócitos; 4: as partículas inorgânicas (como grãos de areia) são expulsas pelo canal exalante; 5: as partículas pequenas penetram na câmara e são fagocitadas pelos coanócitos, que as transferem aos arqueócitos; 6: as partículas são digeridas intracelularmente pelos arqueócitos. a: poro inalante; b: partículas orgânicas; c: partícula inorgânica; d: arqueócitos; e: coanócito; f: arqueócito; g: vacúolo digestivo; h: câmara revestida por coanócitos. Biologia Geral 44 REPRODUÇÃO NOS PORÍFEROS A reprodução nos poríferos pode ser: assexuada e sexuada. A reprodução assexuada pode ocorrer por brotamento, por gemulação ou por regeneração. Quando por brotamento, da parede do corpo da esponja, brota um novo indivíduo. A gemulação é comum nas espécies de água doce. Em meios desfavoráveis as gêmulas atuam como formas de resistência. No processo de regeneração indivíduos inteiros são originados de minúsculos fragmentos. Reprodução sexuada ocorre nas espécies hermafroditas (caso da maioria das esponjas), com gametas masculino e feminino; sendo que a formação de gametas é influenciada pela temperatura da água e fotoperíodo. Nas esponjas dióicas ocorre produção de ovócitos ou espermatozóides. Os gametas são originados de amebócitos (arqueócitos), que sofrem meiose. A fecundação é interna, e ocorre na mesogléia, onde o zigoto sofre as primeiras clivagens. ASPECTOS ECOLÓGICOS Os poríferos são importantes organismos bioconstrutores, e uma das principais fontes de sílica biogênica. No ambiente marinho, geralmente, estão associados com recifes de corais que são prejudicados por suas ações bioerosivas. Servem de alimento para muitos organismos como peixes, tartarugas e equinodermos. Podem hospedar vários animais e, também, exibir relações de comensalismo com certos caranguejos. Vários pesquisadores têm utilizado as esponjas para o monitoramento ambiental. Algumas são de grande valor comercial, pois o seu esqueleto pode ser usado para o banho (classe Demospongeae), após a decomposição das células vivas. As perfurações da pele pelas espículas das esponjas podem acarretar dermatites pela conseqüente inoculação de toxinas. Xestospongia testudinaria Biologia Geral 55 Fontes das imagens: http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Venus_Flower_Basket.jpg http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Elephant-ear-sponge.jpg http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Ascon_anatomia.jpg http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:MicroscopicSpiculesfromPachastrellidSponge.jpg http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Spons.jpg http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Esponjas_alimentacion.jpg http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Porifera_Types-fr.svg http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Vaaspons.jpg www.phillipmartin.info/clipart/science_biology.htm
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