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A_Contribuicao_da_Psicanalise_a_Educaca1

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A Contribuição da Psicanálise à Educação 
De acordo com Carrara, 2003 
1 – O que é psicanálise? 
A Psicanálise é Psicologia? Um psicólogo pode ser psicanalista? O que faz um 
analista? O termo psicanálise costuma suscitar confusões e vale a pena fazer um 
esclarecimento inicial a respeito dele. 
A expressão Psicanálise designa uma ciência, uma área de conhecimento, uma 
escola psicológica que busca penetrar na dimensão profunda do psiquismo humano, 
para conhecê-lo. Enquanto ciência possui um método, um conjunto de procedimentos 
para o estudo dos fenômenos humanos. 
Assim, com o termo Psicanálise, podemos nos referir também ao método que lhe 
é peculiar, neste caso, o método de associação livre, que é um método interpretativo. 
Podemos ainda nos referir à forma do próprio tratamento psicológico, utilizando as 
expressões Psicoterapia, Terapia Analítica ou Psicanalítica ou simplesmente 
Psicanálise. 
2 – Como Surgiu A Psicanálise? 
Em meados do século XIX, na Alemanha, a Psicologia surgiu como ciência 
independente, cujo objeto de estudo consistia na análise da consciência. Esta era 
concebida como se fosse composta de elementos estruturais em estreita ligação com 
os órgãos dos sentidos. Por exemplo: a sensação visual da cor era correlacionada com 
mudanças fotoquímicas na retina do olho. 
Várias críticas com argumentos diferentes foram dirigidas a essa concepção e as 
grandes polêmicas da época diziam respeito aos elementos básicos da consciência e 
sua forma de composição. Sigmund Freud, um dos críticos dessa visão tradicional, 
alegava que a análise da consciência era limitada e inadequada, pois a compreensão 
dos motivos fundamentais do comportamento humano requeria um outro elemento: o 
inconsciente. Ele comparou a mente a uma montanha de gelo flutuante, cuja parte 
visível da superfície representava a consciência e a submersa, a parte maior, 
representava o inconsciente. Nessa vasta região do inconsciente encontram-se os 
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impulsos, as idéias e os sentimentos reprimidos, enfim, as forças vitais e invisíveis que 
exercem controle sobre os pensamentos e ações conscientes do homem. Assim, coube 
a ele o mérito da descoberta do nível inconsciente da personalidade, o que 
revolucionou e ampliou o horizonte do estudo do homem. Por essa razão, sua teoria é 
chamada Psicologia Profunda. 
Sigmund Freud nasceu em 06 de maio de 1856, na Moravia, e morreu em 23 de 
setembro de 1939, em Londres. Viveu a maior parte de sua vida em Viena, deixando a 
cidade apenas durante a ocupação nazista. 
Em 1873, matriculou-se na Escola de Medicina da Universidade de Viena, 
graduando-se oito anos depois. Embora nunca tivesse pensado em clinicar, as 
oportunidades acadêmicas, escassas para um judeu, forçaram-no a exercer a 
profissão. Seu interesse pela Neurologia levou-o a especializar-se no tratamento de 
doenças nervosas. Seus pressupostos básicos surgiram não só dos estudos de 
Neurologia como também de sua preocupação terapêutica com os doentes mentais, o 
que levou a focalizar o aspecto anormal da personalidade. 
Foram mais de 40 anos de um longo caminho de descobertas até chegar ao 
vasto acervo que constitui, hoje, a teoria psicanalítica. Para isso, foram importantes e 
decisivas algumas parcerias das quais Freud pôde extrair pontos que, paulatinamente, 
foram moldando seu pensamento. 
Podemos citar, dentro dessa perspectiva, o seu estudo, em Paris, com Jean 
Charcot, famoso psiquiatra francês que utilizava hipnose no tratamento de histeria, 
cujos sintomas variam desde vômitos persistentes até alucinações visuais contínuas, 
passando por contrações, paralisias faciais, perturbações da visão, ataques nervosos e 
convulsões. Durante a hipnose, Charcot provocava o aparecimento e o 
desaparecimento desses sintomas histéricos. Isso mostrou para Freud que não havia 
comprometimento físico ou neurológico dos pacientes, como se acreditava naquela 
época. A partir dessa experiência, Freud concebeu o primeiro postulado de sua teoria, 
qual seja, a natureza psíquica da histeria. 
Outro fato relevante foi observar os pacientes após a hipnose, pois eles 
adotavam as condutas que lhes eram sugeridas durante o sono hipnótico. Freud 
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concluiu que não apenas os conteúdos conscientes influenciavam o comportamento 
humano, mas também os inconscientes. 
Essas descobertas quanto à natureza psíquica das neuroses e à possibilidade de 
o inconsciente influenciar a conduta foram cruciais e constituíram ponto de partida para 
o desenvolvimento da teoria freudiana sobre o psiquismo do homem. 
Outra experiência decisiva foi seu trabalho com Breuer, um médico vienense que 
utilizava um método pelo qual o paciente ficava curado de seus sintomas pelo processo 
de falar sobre si próprio. Freud encontrou nesse método catártico (cura pela fala – a 
palavra catarse vem do grego e significa purificação) um caminho para alcançar os 
conteúdos inconscientes que havia postulado. No tratamento de pacientes histéricos, 
Freud observou que, durante o sono hipnótico, quando os pacientes respondiam a 
perguntas, algumas palavras lhe pareciam mais significativas, carregadas de conteúdo 
emocional. Pediu, então, que os pacientes contassem tudo o que lhes viesse à mente 
ao serem mencionados novamente essas palavras. Os pacientes relatavam histórias 
cujos conteúdos apresentavam ligação estreita com os fatos ocorridos na vida deles. 
Surpreendentemente, após essas sessões, Freud e Breuer observaram uma melhora 
significativa nos pacientes, como se eles tivessem se purificado dessas lembranças. 
Dessas experiências, Freud concluiu que os fatos ou acontecimentos que 
ficavam aparentemente esquecidos eram cruciais na determinação do atual 
comportamento manifesto do indivíduo. Além disso, mediante o uso do método catártico 
de Breuer, Freud desenvolver seu método de associação livre. Neste método, solicita-
se ao paciente que relate tudo o que lhe venha à mente, sem restrições e sem 
preocupação com a lógica e significação. A utilização desse método possibilitou a 
Freud enfatizar a importância das ocorrências da primeira infância sobre a formação da 
personalidade do indivíduo e sua posterior evolução e descobrir a associação de cada 
ocorrência com outras, formando uma cadeia. 
Freud e Breuer trabalharam juntos no estudo de alguns casos de histeria; no 
entanto se separaram por causa de divergências quanto à origem da doença. O 
argumento de Freud era que conflitos sexuais causavam a histeria, mas Breuer 
mantinha uma visão tradicional, o que os levou ao distanciamento. 
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Cura do paciente através da fala. Sessões hipnóticas onde os pacientes relatavam história emocionais e depois de acordados apresentavam melhoras. 
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Assim, Freud passou a trabalhar sozinho, desenvolvendo suas idéias, o que 
resultou na publicação de sua primeira grande obra A Interpretação dos Sonhos, em 
1900. Outras obras se seguiram, chamando a atenção dos médicos e cientistas de 
várias partes do mundo. Dentre elas, Psicopatologia da Vida Cotidiana (1904), Instintos 
e Suas Vicissitudes (1915), Introdução Geral à Psicanálise (1917), Novas Lições 
Introdutórias Sobre a Psicanálise (1933) e, sua última obra, Esboço de Psicanálise 
(1940). As obras completas de Freud foram publicadas postumamente e constam de 24 
volumes na edição inglesa de 1953. 
É importante lembrar a relevância dos estudos de Freud com pacientes histéricas 
para a elaboração da teoria psicanalítica. Nesses estudos há, segundo o autor, uma 
supervalorização dahistória de sedução relatada pelas pacientes. No entanto, por meio 
deles descobriu-se a importância das fantasias na vida mental dos pacientes. Por trás 
dessas fantasias, desvelou-se o material que permitiu a Freud traçar o desenvolvimento 
da função sexual. Dessa descoberta resultou o trabalho intitulado A Sexualidade 
Infantil, que chocou a sociedade da época e serviu de pretexto às resistências contra a 
Psicanálise. A conseqüência mais importante da obra foi colocar por terra um dos 
pilares da teoria da sexualidade, ou seja, a constituição da sexualidade como própria do 
período da puberdade. Mas, como veremos adiante, o conceito de sexualidade 
empregado por Freud é um pouco diferente daquele que marca o senso comum em 
torno do assunto. 
Freud teve vários seguidores, destacando-se entre tantos Ernest Jones, da 
Inglaterra, que redigiu, mais tarde, uma biografia de três volumes de seu mestre; Carl 
Gustav Jung, de Zurique; Karl Abraham, de Brelim; Alfred Adler, de Viena etc. Jung e 
Adler separaram-se posteriormente do grupo e desenvolveram pontos de vista 
particulares. 
Freud criticou as práticas educacionais de sua época. No entanto, não há em sua 
obra tratado sobre educação. Esse assunto foi englobado em outro, mais geral, o das 
relações entre o indivíduo e o que ele chamou de “civilização”. Enquanto seus 
contemporâneos atribuíram o aumento do número de doenças mentais aos danos 
produzidos pela civilização industrial moderna, Freud dirigiu suas críticas à moral sexual 
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civilizada. Para ele, a atitude moral diante da sexualidade era responsável pelas 
neuroses. A educação, enquanto veículo dessa moral, era seu agente propagador; 
portanto, sua forma constituiria uma via mais curta para a transformação da moral 
sexual. Caberia aos educadores, munidos de conhecimento sobre a Psicanálise, a 
tarefa de prevenir as neuroses. Mais tarde, porém, Freud abandonou essa esperança 
depositada em tal função profilática da educação. 
Relataremos, em seguida, as idéias de Freud acerca da teoria da personalidade, 
mais especificamente, os conceitos básicos de sua teoria, o desenvolvimento do 
indivíduo e sua contribuição à educação. 
 
3 – A Estrutura da Personalidade 
A Psicanálise, ao estudar o aparelho psíquico do indivíduo, divide-o em regiões e 
instâncias: o id, o ego e o superego. A personalidade é composta desses três sistemas 
e o comportamento é resultante da interação entre eles. Embora cada um desses 
sistemas tenha suas próprias funções, princípios operantes, dinamismos e 
mecanismos, os três atuam de uma forma tão estreita que é difícil determinar os seus 
efeitos separadamente 
 3.1 – O Id 
O id é a instância original da psique, é a matriz dentro da qual o ego e o 
superego se diferenciam. É um substrato contendo tudo o que é psicologicamente 
herdado, de onde provêm os impulsos ou pulsões (tradução mais comum em 
português). Seus conteúdos são as representações psíquicas dos instintos, ou seja, 
representações do mundo interno da experiência subjetiva, a verdadeira realidade 
psíquica como Freud o chamou. Está intimamente relacionado com os processos 
corporais, dos quais retira sua própria energia; portanto, é o reservatório da energia 
física que põe em funcionamento os outros sistemas. Podemos dizer que é o 
componente biológico da personalidade. 
 Quando ocorre uma estimulação externa ou uma excitação interna, o nível de 
tensão do organismo se eleva e o id funciona de tal maneira visando a descarregar 
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imediatamente essa tensão, pois não tolera energias muito intensas. Procura fazer com 
que o organismo retorne e permaneça num nível de conforto e baixa tensão. Esse 
princípio de redução da tensão é denominado princípio do prazer. 
 Para realizar esse objetivo, o id dispõe de dois processos: a ação reflexa e o 
processo primário. O organismo é equipado por ações reflexas, que são reações 
automáticas e inatas, como tossir, espirrar, picar etc., que reduzem imediatamente as 
tensões. Já no processo primário a redução da tensão se dá pela formação da imagem 
mental do objeto desejado. Por exemplo, quando uma pessoa está faminta, ela forma a 
imagem mental da comida como uma maneira de satisfazer seu desejo. Para Freud, um 
outro exemplo ilustrativo do processo primário é o sonho, que representa sempre a 
satisfação ou a tentativa de satisfação de desejos. 
 Ocorre que a imagem mental da comida para uma pessoa faminta não reduz sua 
tensão ou sua fome. Ela precisa procurar, encontrar e consumir alimento para 
satisfazer, de fato, sua fome. Dessa forma, entra em ação a segunda estrutura do 
sistema: o ego. Este, opera no nível da consciência, fazendo o indivíduo partir em 
busca da realização concreta do seu desejo. 
 Podemos dizer que, ao nascer, o indivíduo é puro id e é puro inconsciente. 
Mediante o contato com a pressão da realidade, a massa indiferenciada vai se 
estruturando e formando o ego. 
 
De acordo com Rapapport, 1981 
3.1.2 – Características do Id 
1ª - É o responsável pelo processo primário. Diante da manifestação do desejo, forma, 
no plano imaginário, o objeto que permitirá sua satisfação. Um exemplo ilustrativo é o 
sonho, os desejos vão tentando uma satisfação alucinatória ao nível das imagens 
geradas. Já vimos que um desejo corresponde a uma carência que, ao ser satisfeita, 
gerará prazer. Os desejos não podem satisfazer-se com objetos apenas alucinatórios, 
mas é necessário que uma imagem, ou seja, um objeto alucinatório seja gerado, para 
que o ego, responsável pelas relações de realidade, possa satisfazê-lo na prática. 
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2ª – Funciona pelo princípio do prazer. Busca a satisfação imediata das necessidades. 
Não questiona qualquer aspecto da adaptação do desejo à realidade física, social ou 
moral. As interdições virão do ego e do superego. O id sempre manterá o modelo de 
querer, e de querer a qualquer preço. 
 
3ª – Inexiste o princípio da não-contradição. Como não é dimensionado pela realidade, 
podem estar presentes desejos ou fantasias mutuamente excludentes dentro da lógica. 
Voltemos aos sonhos, que são a melhor maneira de exemplificarmos os processos do 
id. Neles podemos estar mortos e vivos ao mesmo tempo. Podemos entrar no fogo, e o 
fogo ser frio. À medida que o princípio da não-contradição inexiste, todas as coisas são 
possíveis ao nível do id. 
 
4ª – É atemporal. A única dimensão da vivência é o presente. Não há passado ou 
futuro, mas existe a elaboração de uma dimensão única, vivida como presente. Reviver 
(recordar) é o mesmo que viver. Nos sonhos, a recapitulação de um acidente é vivida 
como o próprio acidente. Nos sonhos, um projeto de realização futura é vivido como 
realização presente, Nos próprios devaneios que temos, ou seja, quando sonhamos 
acordados, transformamos em realizações presentes os desejos com perspectivas de 
realizações futuras. Fantasiamo-nos dentro do carro que gostaríamos de comprar. 
Quando compramos um bilhete de loteria, surpreendemos-nos, fazendo planos para a 
utilização do dinheiro, como se já o tivéssemos ganhado. 
 
5ª – Não é verbal. Funciona pela produção de imagens. Temos utilizado os sonhos para 
exemplificar o id. Mas quando nos recordamos de um sonho, já efetuamos uma 
elaboração secundária sobre ele, ou seja, já o reduzimos ao domínio da linguagem. Em 
sua forma original, os sonhos são basicamente plásticos. As imagens são criadas, 
fragmentadas, deslocadas, combinadas, de forma a se adequarem à satisfação do 
desejo. 
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6ª – Funciona basicamente pelos processos de condensação e deslocamento, que são 
os processos básicos do inconsciente.Na condensação, agrupamos, dentro de uma 
imagem, características pertencentes a vários processos inconscientes. No 
deslocamento, as características de uma imagem são transferidas para outra, com a 
qual o sujeito estabelece relações como se fosse a primeira. 
 
Prosseguindo com Carrara, 2003. 
3.2 – O Ego 
É o responsável pelo contato com o ambiente, com a realidade externa, e 
constitui a sede de quase todas as funções mentais. Podemos dizer que é o 
componente psicológico da personalidade. Enquanto o id conhece apenas a realidade 
subjetiva da mente, o ego é capaz de diferenciar entre ela e a realidade do mundo 
externo. No exemplo da pessoa faminta, o ego é capaz de diferenciar a imagem mental 
da comida (realidade subjetiva) e a percepção real dela como existe no mundo externo 
(realidade externa). 
Para o id interessa saber se uma experiência é agradável ou desagradável 
(princípio do prazer). Já o ego quer se certificar se uma experiência é falsa ou real, se 
tem existência externa ou não. Enquanto isso, retém a descarga imediata da tensão até 
que seja encontrado o objeto apropriado para a satisfação da necessidade, 
suspendendo, temporariamente, o princípio do prazer. Por essa razão, dizemos que o 
ego é regido pelo princípio da realidade e opera, em função disso, por meio do 
processo secundário. 
O ego, por meio desse processo secundário, elabora um plano para satisfazer a 
necessidade e depois o testa a fim de verificar a funcionalidade da sua ação. Cabe a 
ele controlar as direções da ação, bem como selecionar a quais aspectos do meio 
deverá reagir e quais instintos devem ser satisfeitos. O ego, por ser a parte organizada 
do id e por possuir a função de realizar os objetivos dessa instância primária, 
desempenha, assim, a difícil tarefa de integrar as exigências, muitas vezes 
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antagônicas, do id, do meio ambiente e do superego. É o intermediário entre as 
exigências instintivas do organismo a e as condições do ambiente. 
 
Prosseguindo com Rapapport, 1981 
3.2.1 – Características do Ego 
1ª – Dá o juízo de realidade, funcionando pelo processo secundário. O id dá o nível do 
desejo, o nível do querer, independentemente das possibilidades reais de o desejo ser 
satisfeito ou não. O ego partirá do desejo, da imagem formada pelo processo primário, 
para tentar construir na realidade caminhos que possibilitem a satisfação do desejo. 
2ª – Intermediário entre os processos internos (id-superego), e a relação deles com a 
realidade. Diante da satisfação do desejo, duas proibições podem opor-se: as 
proibições morais, oriundas do superego, e as interdições da realidade objetiva. Por 
exemplo, é um sonho humano voar, quantas vezes nos nossos sonhos, magicamente 
alçamos vôo sem que tenhamos asas. O desejo não conhece proibições. É necessário 
que o ego, instância da realidade, nos estabeleça limites, ou possibilite-nos a aquisição 
de instrumentos para o vôo. Se estivermos apenas no nível do desejo, repetiremos o 
sonho trágico de Ícaro, pois as asas da imaginação não vencem a gravidade. As 
proibições com as quais o ego lida não são apenas da ordem do real. Temos 
internalizado uma instância censora, o superego. Cabe exatamente ao ego efetuar a 
conciliação entre os desejos e proibições internas e os desejos e as proibições da 
realidade objetiva, de forma a possibilitar a atuação conciliatória mais produtiva para o 
sujeito. 
3ª – Setor mais organizado e atual da personalidade. Cabe ao ego organizar uma 
síntese atual, tornando o indivíduo único e original e permitindo-lhe uma adaptação 
ativa ao mundo presente em que vive. 
4ª – Domina a capacidade de síntese. Aqui englobamos todas as funções lógicas do 
funcionamento mental, que para a psicanálise são atributos do ego. A memória e o 
desenvolvimento do pensamento lógico e operatório estão aqui contidos. 
 
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5ª – Domínio da motilidade. O domínio do esquema corporal instrumental é uma função 
do ego. A nossa atuação corporal é o nosso instrumento prático de realização do 
processo secundário. E é exatamente por estar o domínio da motilidade situado no ego, 
que quando este se vê enfraquecido por distúrbios afetivos, a atuação corporal fica 
prejudicada, rígida, estereotipada. 
6ª – Organiza a simbolização. O processo secundário, ao organizar a linguagem, 
organiza o domínio sobre as fantasias e fornece um instrumento de reter, elaborar e 
atuar sobre a realidade física e psíquica. 
7ª – Sede da angústia. Como instância adaptativa, o ego é o responsável pela detecção 
dos perigos reais e psicológicos que ameacem a integridade do indivíduo. 
 
Prosseguindo com Carrara, 2003 
3.1 - O Superego 
Último sistema a se desenvolver, o superego nada mais é do que uma parte 
bastante diferenciada do ego, a tal ponto que podem se contrapor frontalmente. É o 
censor das funções do ego e decide se algo é certo ou errado, de modo a garantir que 
uma pessoa haja em harmonia com os padrões sociais vigentes. É o árbitro moral 
internalizado, ou seja, o representante interno dos valores e ideais da sociedade 
transmitidos e reforçados pelo sistema de punições e recompensas impostas à criança 
pelos pais. Portanto, representa mais o ideal do que o real, tende mais à perfeição do 
que ao prazer e, podemos dizer, é o componente social da personalidade. Dessa forma, 
bloqueia os impulsos do id, principalmente os de natureza sexual e agressiva, pois são 
os impulsos mais condenados pela sociedade quando exteriorizados. 
 
Prosseguindo com Rapapport, 1981 
O superego se divide em duas partes complementares. A primeira é chamada de 
Ego Ideal e corresponde à internalização dos ideais valorizados dentro do grupo 
cultural, os quais o indivíduo deve ativamente perseguir. Valorizamos a honestidade, a 
coragem, o desenvolvimento intelectual, a caridade etc. O superego, através do Ego 
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Ideal, tende a impulsionar o indivíduo na obtenção destes valores, punindo-o ou 
criticando-o quando falha na perseguição desses objetivos. 
 A outra face do superego é a Consciência Moral. Ela corresponde à 
internalização das proibições. Vemos que é uma face complementar e paralela ao Ego 
Ideal. Se a honestidade é valorizada, a sua transgressão acarretará a punição pelos 
sentimentos acusatórios oriundos da Consciência Moral. O superego é uma estrutura 
necessária para o desenvolvimento do grupo social. Sem ele, seríamos todos 
delinqüentes, respeitando apenas as restrições da força externa. Dizemos que alguém 
que não desenvolve seu superego é um psicopata, ou seja, alguém que, por não ter 
valores internos, será propenso à delinqüência e só se conterá diante de uma restrição 
externa punitiva, por exemplo, o temos de ser preso. Mas, se o superego é uma 
instância necessária ao grupo, quando exacerbado tende a imobilizar ou a neurotizar o 
indivíduo. Se os valores que o Ego Ideal estrutura são tão altos que o indivíduo jamais 
poderá alcançá-los, o indivíduo permanecerá impotente e imobilizar-se-á. Se as 
proibições forem muito severas, qualquer atitude que fuja aos valores parentais será 
considerada um grande crime. 
 
Prosseguindo com Carrara, 2003 
4 – Processos Mentais: o Inconsciente, o Consciente e o Pré-Consciente 
Segundo Freud, o conteúdo da mente pode ser: inconsciente, consciente ou pré-
consciente. No modelo freudiano, o inconsciente é o lugar teórico dos impulsos 
instintivos ou pulsões e das representações reprimidas ou daquelas que nunca 
puderam chegar à consciência. 
No inconsciente há energia instintiva livre e representações que podem ser 
carregadas com essa energia e influir no funcionamento da consciência. Há uma série 
de forças impulsionando a vida mental. Essas forças ou impulsos instintivos 
representam asnecessidades do organismo humano e de seu psiquismo, como a fome, 
o sexo, a curiosidade etc. Há, porém, necessidades ou impulsos instintivos 
antagônicos, frontalmente contrários às normas da socialização, como certos desejos 
sexuais e agressivos, cujo acesso à consciência é proibido pela censura interna, não 
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permitindo que cheguem a ser representados conscientemente. Esse mecanismo de 
proibição denomina-se repressão ou recalque. O inconsciente determina as ações do 
sujeito sem que ele perceba. O id, modelo estrutural da psique desenvolvido por Freud, 
é puro inconsciente. 
 
4.1 – O consciente 
 Tudo o que conhecemos é consciência: a percepção do mundo objetivo, as 
lembranças, os sentimentos, o pensamento e a percepção do mundo subjetivo, ou seja 
como concebemos as lembranças, os sentimentos, os sonhos, os devaneios. Um 
conteúdo mental para ter acesso à consciência precisa ser um acontecimento 
perceptível. 
 
4.2 – O pré-consciente 
 É o sistema psíquico que serve de intermediário entre o inconsciente e a 
consciência. Nele estão as representações que podem se tornar conscientes, desde 
que o sujeito se interesse por elas, e as representações de fatos esquecidos, 
incômodos, mas não censurados no âmbito do inconsciente, em que se verifica uma 
proibição que dificulta sua evocação, uma força para afasta-los da consciência. Esse 
mecanismo denomina-se supressão. A pré-consciência tem a função de selecionar aos 
atos motores e as vias de pensamento para a consciência. Vimos que a consciência 
exige que o conteúdo mental seja perceptível. No entanto, a maioria dos 
acontecimentos mentais não possui essa qualidade, mas pode ser representada na 
consciência por estar ligada a lembranças verbais ou sensoriais que têm essa 
qualidade necessária. Essas representações verbais ou sensoriais, por pertencerem ao 
sistema pré-consciente, são facilmente acessíveis à consciência. 
 O pré-consciente está separado do sistema inconsciente pela censura, que não 
permite a passagem de seus conteúdos para o pré-consciente sem sofrerem 
transformações. 
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 O ego, uma das estruturas da personalidade, liga-se estreitamente ao sistema 
pré-consciente/consciente, mas há também funções inconscientes do ego, os 
mecanismos de defesa. 
 
5 – Mecanismos de defesa do ego 
 O mundo contemporâneo leva as pessoas a viverem situações com altas doses 
de ansiedade. Mas a função da ansiedade é alertar o ego ou o “eu” para situações de 
perigo, controlando ou inibindo os desejos que vão ao encontro dessas situações. É, 
portanto, uma função necessária ao desenvolvimento psíquico. O que se questiona hoje 
é o excesso de situações que provocam ansiedades a que estamos expostos. Sabe-se, 
no entanto, que o ego pode empregar e emprega realmente a qualquer momento todos 
os processos de sua formação e função para sua defesa. 
 O objetivo do presente item é apresentar algumas atividades específicas de 
defesa do ego. São processos que se referem principalmente às defesas do ego contra 
o id. É importante assinalar que esses mecanismos de defesa são inconscientes. 
Repressão – é um mecanismo de defesa básico pelo qual os sentimentos, as 
lembranças e os impulsos proibidos são expulsos da consciência. Exemplo: o 
funcionário embriagado demonstra hostilidade em relação ao chefe a quem sempre 
trata amistosamente quando sóbrio. 
Negação – trata-se de um mecanismo primitivo que consiste em negar um fato 
evidente. É geralmente uma defesa contra a angústia, negando a realidade. Exemplo: 
um fumante insiste em dizer não haver evidência empírica convincente de que fumar 
faz mal à saúde. 
Formação reativa – neste mecanismo expressam-se sentimentos opostos ao 
sentimento que produz ansiedade. Uma maneira de determinar a natureza da formação 
reativa é responder às questões: de que ameaça o psiquismo, ou o ego, está se 
defendendo? Quais são ameaçadores para o ego? Se a ameaça for o ódio, este 
aparecerá sob o disfarce do amor; se o sentimento temido é o amor, este estará 
disfarçado em ódio. Assim, o amor pode aparecer substituindo o ódio, a gentileza pode 
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substituir a crueldade, a ordem e a limpeza podem substituir o prazer da sujeira etc. Na 
formação reativa, a conduta expressa o conflito entre o censo moral e um 
comportamento inaceitável. Um aluno pode abandonar atitudes que não são 
socialmente aceitas pelos professores, como também apresentar atitudes inversas. 
Assim, um adolescente pode mostrar-se hostil a uma colega, objeto de amor não-
correspondido. 
Projeção – mecanismo de defesa que consiste em atribuir inconscientemente ao outro, 
e de forma mais geral, em perceber no mundo exterior, suas próprias pulsões e 
conflitos interiores. Na projeção, é possível liberar afetos intoleráveis. Um marido 
extremamente ciumento pode não ter consciência de seus impulsos de infidelidade. Um 
professor, crítico ácido da incompetência dos alunos, pode, inconscientemente, 
esconder o medo de sua própria incompetência. Na projeção, quando se diz”ele me 
ama”, o significado é “eu o amo”, quando se diz “ela me ofendeu”, pode-se entender “ 
eu a ofendi”. 
A projeção é um mecanismo que desempenha um papel importante nos primeiros 
estágios a infância. Assim, uma criança, quando acusada de ter quebrado algum objeto, 
pode atribuir a outra criança o seu ato. Um indivíduo preconceituoso também pode 
justificar suas ações com base em experiências negativas anteriores. 
Na patologia mental, a projeção adquire uma importância particular. Ocorrem, muitas 
vezes, acusações graves do tipo “fulano me violentou”. No caso, esse comportamento 
pode ser denominado como paranóico. 
Racionalização – justificação de um comportamento cujas razões verdadeiras são 
ignoradas, ou melhor, apresentação de explicações que justifiquem certas ações. Em 
geral, essas explicações não são convincentes, mas o indivíduo acredita nelas. 
Exemplo: um escritor magoado por ter sido preterido pela namorada fica sabendo que 
ela se casara e partira com a o marido em viagem de núpcias, num navio. Escreve, 
então, a história do naufrágio de um navio em que um jovem casal, em viagem de 
núpcias, morre. Dessa forma, leva a cabo seu sentimento de vingança, de revanche, 
por meio de uma ação racional. Usa racionalmente a lógica da emoção. Na 
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racionalização, usam-se explicações racionais para uma razão de ordem emocional. 
Assim, um político que perdeu a eleição explica aos eleitores que houve fraude. 
Fixação – é a permanência num estágio primitivo de desenvolvimento. Como veremos 
adiante, o desenvolvimento da sexualidade passa por três fases bem definidas até se 
alcançar a maturidade. Essas passagens, no entanto, não são indolores. A ocorrência 
de frustrações e ansiedades pode acarretar uma parada temporária ou permanente do 
desenvolvimento. A pessoa pode, enfim, fixar-se em um dos estágios da sexualidade. 
Um exemplo clássico desse mecanismo é o prazer voyeur, ou seja,o prazer provocado 
pela visão de órgãos ou atos sexuais. No caso em questão, a fixação remonta à fase 
fálica do desenvolvimento, à curiosidade infantil de ver os órgãos genitais alheios. 
Regressão – o mecanismo da regressão consiste em retornar a um estágio de 
desenvolvimento. A fixação, às vezes, e a regressão, em particular, constituem 
mecanismos de defesa que ocorre, em condições relativas, pois raramente acontecem 
de uma forma completa. Isso significa que ambas surgem em determinadas situações e 
desaparecem com a resolução do conflito que a originou. Exemplos clássicos de 
regressão denotam certos traços infantis de conduta. É o caso da criança que em seu 
primeiro dia escolar pode voltar a chupar o dedo, urinar etc, ou da aluna de 5ª série em 
busca da “tia” única. 
Deslocamento – mecanismopsíquico inconsciente pelo qual uma descarga afetiva 
(emoção, impulso) é transferida de seu objetivo verdadeiro para um elemento 
substituto. Desloca-se a ação ou sentimento para um outro objeto, diferente do original. 
Exemplos: meninos inconformados por terem perdido o jogo de futebol chutam 
furiosamente as traves do campo; humilhado pelo patrão, o marido bate na esposa. 
Sublimação – é, possivelmente, o mecanismo de defesa do ego mais importante para 
os nossos propósitos, ou seja, para a relação entre a psicanálise e a 
educação.Introduzido por Freud, esse termo designa o mecanismo de defesa pelo qual 
certos impulsos inconscientes são desviados de seus objetos primitivos para fins 
socialmente úteis. O exemplo clássico é a canalização da agressividade para 
determinadas atividades profissionais socialmente valorizadas, como no caso dos 
cirurgiões. 
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Prosseguindo com Rapapport, 1981 
Divisão ou Cisão – um objeto ou imagem com o qual nos relacionamos pode ter 
simultaneamente características que despertam nosso amor e o nosso ódio ou temor. 
Dividimos então este objeto em dois. Um será o objeto bom, ou seja, portador das 
características de amor, e com o qual preservaremos nosso bom relacionamento. O 
outro será o objeto mau, que negaremos ou podermos atacar sem vivenciar culpas, 
uma vez que seus aspectos positivos já forma isolados no objeto bom. Para Melanie 
Klein, este é um mecanismo normal das primeiras etapas da vida, constituindo-se 
patológica a sua manutenção. 
Identificação – diante de sentimentos de inadequação, o sujeito internaliza 
características de alguém valorizado, passando a sentir-se como ele. A identificação é 
um processo necessário no início da vida, quando a criança está assimilando o mundo. 
Mas permanecer em identificações impede a aquisição de uma identidade própria. Os 
movimentos fanáticos também se estruturam sobre a identificação: as pessoas que se 
sentiam vazias passam a sentir-se valorizadas por se identificarem com o líder, ou com 
as propostas do movimento. Exemplo típico disto é a juventude hitlerista. 
Isolamento – consiste em isolarmos um pensamento, atitude ou comportamento, das 
conexões que teria com o resto da elaboração mental. O comportamento assim isolado 
passa a não ameaçar, porque está separado e não mais conectado aos desejos iniciais. 
As condutas rituais dos neuróticos obsessivos são um exemplo típico do isolamento. 
Não só o afeto original fica isolado, como o ritual não é associado aos desejos iniciais. 
 
Prosseguindo com Carrara, 2003 
6 – Fases do Desenvolvimento da Sexualidade 
 No trabalho citado anteriormente, A sexualidade infantil, Freud postula a 
existência na sexualidade humana de impulsos presentes desde a infância, os 
chamados impulsos ou pulsões parciais, que desempenham, importante papel na 
educação. 
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 Esses impulsos ou pulsões parciais seriam aspectos perversos da sexualidade 
infantil. Perversos por serem desvios do impulso sexual em relação ao seu objeto e ao 
seu fim. Freud percebeu que existe na vida sexual infantil uma organização entre esses 
impulsos ou pulsões sexuais. Agrupou-os então em fases de desenvolvimento da libido. 
Libido, é importante lembrar, é o nome usado na Psicanálise para designar a energia 
sexual. As fases ou estágios do desenvolvimento são: fase oral, fase anal, fase fálica, 
período de latência e fase genital. 
 
7 – Fase Oral 
Nesta fase, que dura aproximadamente o primeiro ano da vida da criança ou um 
ano e meio, a zona oral desempenha o papel principal - o prazer advém da sucção. A 
boca e sua extensão, como os lábios e a língua, constituem a zona erógena (zona de 
prazer). Os objetos escolhidos são os seios ou seus substitutos, como os dedos, a 
chupeta, alimentos etc. As crianças, no estágio oral, levam qualquer objeto à boca, 
mordendo-o ou sugando-o. O mundo, nessa fase, tem características de boca. Assim, o 
"gostar" ou "não gostar" da criança poderia ser expresso como "quero colocar na boca" ou 
"quero tirar da boca". Daí advêm expressões usuais como "uma leitura gostosa", "quero 
morder o bebê" etc. O prazer de fumar, beber, beijar, declamar poesia, fazer discursos e, 
de forma mais agressiva, morder prova que a fase oral não desaparece totalmente. 
À medida que o desenvolvimento da criança prossegue, impõe-se a necessidade 
de desmame, surgem as tentativas de uso da linguagem e a percepção de outras 
pessoas. Esses fatos precipitam a perda da primazia da boca e a criança passa para a 
segunda fase do desenvolvimento da libido, a fase anal. 
 
8 – Fase Anal 
A duração da fase anal pode ser estimada em aproximadamente um ano e meio. 
Nessa fase, o ânus constitui a zona privilegiada das tensões e gratificações sexuais. A 
sensação de prazer ou desprazer está associada à expulsão (defecação) ou à retenção 
das fezes. O prazer advém também da manipulação das mesmas. Nesse estágio aparece 
 
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a oposição, presente na vida sexual, entre o ativo e o passivo, mas ainda não 
caracterizada, segundo Freud, pelo masculino e feminino. Na passagem da fase oral para a 
fase anal, a educação esfincteriana, ou seja, o controle da evacuação, tem papel relevante. 
Ao conseguir controlar seus esfíncteres a criança tem a sensação de poder controlar 
também seus impulsos. Os resquícios da fase anal podem ser percebidos na idade adulta 
na forma como os indivíduos administram sua vida econômica, tornando-se perdulários ou 
generosos (a expulsão), parcimoniosos ou mesmo avarentos (retenção), ávidos em dominar 
ou que se satisfazem retendo. Esses resquícios aparecem também no desejo passivo de 
sempre receber do mundo (retenção) ou na intolerância as frustrações e limites, no desejo 
de expulsá-los. 
Na repressão aos impulsos anais, o indivíduo poderá tornar-se obcecado por 
limpeza. São considerados substitutos prazerosos para as fezes a massa de modelar, o 
barro, a massa de pão, entre outros. A fixação ou permanência do impulso sexual nessa 
fase pode ser encontrada de forma sublimada nos escultores, pintores etc. 
Observa-se, portanto, que os selos ou marcas características de cada estágio 
permanecem, não desaparecendo totalmente. 
Após as colocações acima, é possível imaginar como as descobertas de Freud 
devem ter sido chocantes em sua época, já que ainda hoje elas nos perturbam, deixando-nos 
momentaneamente incrédulos! 
 
Prosseguindo com Rapapport, 1981 
8.1 – O valor simbólico dos produtos anais 
 Dentre os produtos que a criança elabora, as fezes assumem um lugar central na 
fantasia infantil. São objetos que vêm de dentro do próprio corpo, que são, de certa forma, 
partes da própria criança. São objetos que geram prazer ao serem produzidos. Durante o treino 
de esfíncteres, as fezes são dadas aos pais como prendas ou recompensas. Se o ambiente é 
hostil, são recusadas. A nós, adultos, pode parecer ingênuo enfatizar tanto o valor psicológico 
das fezes. Pois bem, observemos uma mãe ensinando a criança a utilizar o “troninho” ela elogia 
o esforço da criança, incentiva, torce para que ela consigo e, quando o produto finalmente vem, 
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é recebido com honrarias; canta-se “Parabéns” e “Pique-pique” para o cocô. Todo este 
processo é vivido por nós como absolutamente normal. Mas imaginem um personagem 
emocionalmente frio, como o famoso Dr. Spock de “Jornada nas Estrelas”, assistindo o 
processo. No mínimo o definiria como uma loucura a dois. Tomem outros exemplos normais 
adultos, como ritual de contem as fezes antes da descarga, ou o procedimento de transformar o 
banheiro num salão de estar, com música, revistas e cigarros. Tomem ainda o exemplo 
antropológico de várias tribos que defecam em cima do túmulo do ente querido, em sinal de 
respeito. Ou ainda o fato de que o odor das próprias fezes é sentido como agradável pela maior 
parte das pessoas, enquanto causa náuseas às outras. Os exemplos poderiam ser ampliadose 
analisados em profundidade, tarefa que reservamos para a análise específica desta fase, num 
volume seguinte. 
 Quando o desenvolvimento é normal, ou seja, quando a criança ama e sente que é 
amada pelos pais, cada elemento que a criança produz é sentido como bom e valorizado. O 
sentimento básico que fica estabelecido a levará em todas as etapas posteriores da vida a 
sentir que ela é adequada e que seus produtos são bons; portanto, estará sempre livre e 
estimulada a produzir. Temos vistos vários livros correlacionando fase anal com capacidades 
artísticas. Isto é só uma parte do processo. O sentimento de que o que produzimos é bom, é 
necessário para todas as relações produtivas que estabelecemos com o mundo. Produzimos 
no trabalho, e temos de sentir que nosso produto é bom. Produzimos filhos, e temos de sentir 
que nosso produto é bom. Só poderemos criar se houver um sentimento interior de que nossos 
produtos são bons. O sentimento de autonomia que Erik Erikson descreve como 
correspondente a esta fase, talvez pudesse ser melhor definido como um sentimento geral de 
adequação. 
 
Prosseguindo com Carrara, 2003 
9 – Fase Fálica 
No entanto, a terceira fase do desenvolvimento da libido, a fase fálica, deve ter 
provocado um escândalo maior ainda! O estágio fálico ocorre por volta dos três ou quatro 
anos de idade e as zonas erógenas localizam-se nos órgãos genitais. Denomina-se fase 
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fálica porque o pênis (= falo) é o principal objeto de interesse da criança de ambos os 
sexos. Na menina, o clitóris é o correspondente feminino do pênis. 
O desejo de ver os órgãos genitais de colegas e de exibir os próprios são 
manifestações características da fase fálica, assim como o desejo de manipulação dos 
órgãos genitais. O voyeur seria o adulto fixado na primitiva curiosidade infantil de 
contemplar o outro. A visão seria sua única via de obter prazer, sendo refém desse 
sentido. Também o exibicionista em sua ânsia de mostrar seus órgãos genitais e ser visto 
estaria fixado no estágio fálico. 
É importante observar que as fases de desenvolvimento sexual não são, como já foi 
dito, realmente abandonadas. A passagem de uma fase à outra significa integração, mas não 
o desaparecimento total da anterior. Portanto, em várias situações pontuais da vida ou até 
mesmo de maneira mais persistente, as pessoas podem apresentar as marcas de uma 
determinada fase. As fases configuram práticas perversas, isto é, desvios da sexualidade que 
acontecem tanto no indivíduo normal como no chamado neurótico durante o 
desenvolvimento da sexualidade. Apesar das marcas ou selos, elas estão, no entanto, 
submetidas ao domínio da genitalidade. 
 
Complexo de Édipo 
É na fase fálica, também denominada estágio edipiano, que Freud localiza o 
aparecimento de uma relação triangular singular entre pai, mãe e filho, que configura o 
complexo de Édipo. 
Trata-se de uma relação de amor que tem como objeto o progenitor do sexo oposto 
- mãe, no caso do menino; pai, no caso da menina - e impulsos de rivalidade e ciúme do 
progenitor do mesmo sexo. O nome complexo de Édipo origina-se na tragédia grega Édipo 
- rei, escrita por Sófocles. 
A história de Édipo, o rei mítico de Tebas que mata seu pai e se casa com a mãe, 
aparece assim resumida por Freud em seu livro A interpretação dos sonhos (parte I, p. 
277): 
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Édipo, filho de Laio, Rei de Tebas, e de Jocasta, foi enjeitado quando criança 
porque um oráculo advertira Laio que a criança que ainda não nascera seria o assassino 
de seu pai. A criança foi salva e cresceu como príncipe numa corte estrangeira, até que, 
em dúvida quanto à sua origem, ele também interrogou o oráculo e foi advertido que 
evitasse o seu lar, visto que estava destinado a assassinar seu pai e receber a mãe em 
casamento. Na estrada que o levava para longe do local que ele acreditava ser seu lar, 
encontrou-se com o Rei Laio e o matou numa súbita rixa. Em seguida, dirigiu-se a Tebas 
e resolveu o enigma apresentado pela Esfinge que lhe barrava o caminho. Por gratidão, 
os tebanos fizeram-no rei e lhe deram a mão de Jocasta em casamento. Ele reinou por 
muito tempo com paz e honra, e ela que, sem que ele soubesse, era sua mãe, lhe deu 
dois filhos e duas filhas. Foi quando, então, irrompeu uma peste e os tebanos 
interrogaram mais uma vez o oráculo. É neste ponto que tem início a tragédia de 
Sófocles. Os mensageiros trazem de volta a resposta de que a peste cessará quando o 
assassino de Laio tiver sido expulso do país. Mas ele, onde está ele? Como encontrar 
agora os vestígios desse crime tão antigo? A ação da peça consiste em nada mais do 
que o processo de revelar, com pausas engenhosas e sensação sempre crescente - um 
processo que pode ser comparado ao trabalho de uma psicanálise - que o próprio Édipo é 
o assassino de Laio, mais ainda, que ele é o filho do homem assassinado e de Jocasta. 
Apavorado com a abominação que ele inadvertidamente perpetrara, Édipo cega-se a si 
próprio e abandona seu lar. A predição do oráculo foi cumprida. 
Explica Freud que o destino de Édipo nos comove porque poderia ser o nosso. É 
como se o oráculo tivesse lançado sobre nossa cabeça igual maldição antes de 
nascermos: 
É o destino de todos nós, talvez, dirigir nosso primeiro impulso sexual no sentido de 
nossa mãe e nosso primeiro ódio e nosso primeiro desejo assassino contra nosso pai. O 
Rei Édipo, que assassinou seu pai Laio e casou com sua mãe Jocasta, simplesmente 
nos mostra a realização de nossos primeiros desejos de infância. 
Assim, o amor infantil dirigido ao progenitor do sexo oposto carrega também impulsos 
de ciúme e rivalidade dirigidos ao progenitor do mesmo sexo, representando a situação 
edipiana. Essa situação suscita sentimentos ambivalentes, ou seja, sentimentos de amor e 
 22 
ódio. Simultaneamente, a criança teme ser punida por seus desejos proibidos, o que gera 
nela sentimento de culpa. Enfim, vencida pelo sentimento de culpa e medo diante de um 
rival superior e poderoso (pai e mãe), a criança aceita renunciar ao seu objeto de amor. 
Transforma a rivalidade em identificação, isto é, em desejo de ser como o pai ou a mãe, 
antigos rivais. Mãe e pai transformam-se, dessa forma, em modelos constitutivos: a mãe 
para a filha, o pai para o filho. Essa situação edipiana constitui um ensaio geral dos 
amores futuros da criança. 
O estágio de vida que abrange o complexo de Édipo, a fase fálica, é de importância 
crucial para o psiquismo. 
Para o antropólogo Lévi-Strauss, a passagem da natureza para a cultura ocorre 
com a proibição do incesto. Segundo ele, a passagem pela fase edipiana enquadraria a. 
criança à lei do incesto, integrando-a à ordem humana universal da cultura. 
Foi no inconsciente de seus pacientes que Freud descobriu as fantasias de 
incesto com o genitor de sexo oposto, associadas a ciúmes e rancores homicidas em 
relação ao genitor do mesmo sexo. No entanto, é importante assinalar que o complexo 
de Édipo encontra-se presente na vida mental tanto dos chamados neuróticos como 
das pessoas normais. A apresentação extremamente esquemática desse complexo 
constitui apenas um contato inicial com o assunto. 
 
Complexo de Castração 
No desenvolvimento do complexo de Édipo, o desejo sexual do menino pela 
mãe e sua rivalidade com o pai geram ressentimentos em relação à figura paterna. 
Dessa situação, origina-se no garoto o temor de que, enciumado, o pai possa puni-lo, 
castrando-o. Renuncia então aos seus desejos eróticos pela mãe, identificando-se com 
o pai, antigo rival. A esse choque afetivo, o temor à castração, denomina-se complexo 
de castração. Trata-se, na realidade, de um sistema inconsciente de emoções 
relacionadas ao valor simbólico do falo. 
A menina descobre no decorrer de seu desenvolvimento que o menino possui 
pênis, o qual não lhe foi dado pela mãe. A inveja do pênis corresponde, na menina, aoVitor
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complexo de castração no menino. Enquanto o menino teme perder um objeto de valor, 
o pênis, a menina sente-se prejudicada por não possuí-lo, buscando compensar essa 
falta no desejo pelo pênis paterno. Observa-se a angústia da castração em várias 
situações de perda e de separação do objeto, como no desmame e na defecação. 
Os complexos de Édipo e de castração fundamentam psicologicamente as 
diferenças sexuais. 
 
Narcisismo 
Uma das concepções de Freud bastante utilizadas na atualidade é o conceito de 
narcisismo. Em virtude de sua complexidade, o presente texto restringir-se-á à 
apresentação de algumas noções básicas sobre o tema. 
O narcisismo é caracterizado desde a Grécia antiga como o amor do indivíduo por si 
próprio. O poeta latino Ovídio imortalizou em seu livro Metamorfoses a lenda de Narciso, 
cuja síntese apresentamos a seguir: 
Filho de Deus Céfiso, protetor de rio de mesmo nome, e da Ninfa Liriope, Narciso 
era de uma beleza ímpar. Atraiu o desejo de mais de uma Ninfa, dentre elas Eco, a quem 
repeliu. Desesperada, esta adoeceu e implorou à Deusa Nêmesis que a vingasse. 
Durante uma caçada, o rapaz fez uma pausa junto a uma fonte de águas claras: 
fascinado por seu reflexo, supôs estar vendo um outro ser e, paralisado, não mais 
conseguiu desviar os olhos daquele rosto que era o seu. Apaixonado por si mesmo, 
Narciso mergulhou os braços na água para abraçar aquela imagem que não parava de 
se esquivar. Torturado por esse desejo impossível, chorou e acabou por perceber que ele 
mesmo era o objeto de seu amor. Quis então se separar de sua própria pessoa e se feriu 
até sangrar, antes de se despedir do espelho fatal e expirar. Em sinal de luto, suas irmãs, 
as Náiades e as Díades, cortaram os cabelos. Quando quiseram instalar o corpo de 
Narciso numa pira, constataram que havia se transformado numa flor. 
O termo narcisismo, segundo Freud, encontra-se na descrição feita por Paul 
Näcke (1899) para denotar a atitude de uma pessoa que trata seu próprio corpo como 
trata o corpo de um objeto sexual: contemplando-o, afagando-o. Freud remonta a 
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compreensão do narcisismo à primeira infância, ao chamado narcisismo primário. 
Inicialmente, a libido do bebê não se relaciona com o mundo externo. O bebê não dis-
tingue o "eu" e o "não-eu". Sua única realidade é seu próprio corpo, com suas 
sensações físicas de frio, calor, sede, sono. A criança é para si mesma o objeto de 
amor. Gradativamente, porém, ela se percebe separada da mãe, do mundo externo. Ao 
perceber o mundo externo com suas normas e regras, transforma o seu narcisismo 
original em amor objetal. Segundo Freud, o indivíduo evolui do narcisismo absoluto para 
a capacidade de raciocínio e amor objetal. A pessoa normal, comum, amadurecida, é 
aquela cujo narcisismo atingiu um grau socialmente aceitável. Todo indivíduo conserva, 
no entanto, um certo grau de narcisismo. 
Nas alucinações e nos delírios paranóicos a situação é semelhante à do bebê. A 
diferença é que nelas o mundo exterior deixa de ser real, ao passo que para o bebê o 
mundo exterior não existe. Na alucinação, a percepção não registra os fatos do mundo 
externo, apenas as experiências subjetivas. Foi por intermédio desses mecanismos de 
ruptura com a realidade exterior que Freud pôde desvendar a natureza do narcisismo. 
Neste não se percebe a realidade de outra pessoa como diferente de sua realidade 
interna. Ocorre, assim, uma ausência de interesse genuíno pelo mundo externo. 
 
10 – Período de Latência 
O período fálico é de muita tensão e dificuldade para a criança, pois ela vive 
sentimentos edipianos. É quando ocorre também o desenvolvimento do superego. Após 
essa fase, a criança passa por um período mais calmo, denominado período de latência. 
Corresponde ao primeiro período de escolarização do ensino fundamental (Ia a 4a série) 
que antecede a adolescência. Segundo Freud, trata-se de um período de relativa 
estabilidade, mas fundamental para a aquisição de habilidades, valores e papéis 
culturalmente aceitos. 
O superego torna-se mais organizado, pois a convivência com outras pessoas, 
além dos pais, contribui não só para a formação do sistema de valores, mas também 
para confrontar diferentes sistemas, o que torna a criança mais flexível e tolerante. 
 25 
Embora o termo latência traga a idéia de calmaria, não significa que nesse período 
não haja dificuldades, mas apenas que nele não surgem novos problemas básicos de 
relações próximas. Essa fase é a mera conseqüência lógica da situação edipiana vivida 
anteriormente como desenvolvimento dos papéis sexuais e resultante da identificação da 
criança com o pai ou com a mãe e da acentuação do seu papei sexual, seja masculino ou 
feminino. 
Alguns autores afirmam que a teoria freudiana não capta o que ocorre nesse 
período com a mesma riqueza e profundidade que o faz em relação ao período pré-
escolar ou aos problemas da adolescência. 
 
11 – Fase Genital 
Segundo a teoria freudiana, a estrutura básica da personalidade forma-se no fim da 
fase fálica. A adolescência seria a fase de reativação dos impulsos sexuais adormecidos 
durante o período de latência. Os períodos pré-genitais que antecedem essa fase são 
caracterizados pelo narcisismo ou amor a si mesmo, isto é, o indivíduo tem satisfação ao 
estimular e manipular o próprio corpo. Na fase genital, esse narcisismo é canalizado para 
escolhas objetais genuínas. O adolescente estabelece uma relação de amor mais altruísta, 
um amor que tem como objetivo a felicidade do objeto amado e, simultaneamente, a sua 
própria, numa relação mútua satisfatória. 
Sob certos aspectos, o adolescente revive o período edipiano 
quando se sente atraído por uma pessoa do sexo oposto, deixando 
apenas de ser incestuoso o objeto do amor. Os impulsos libidinosos 
que antes se voltavam para figuras parentais podem ser dirigidos para 
pessoas que apresentam certas semelhanças com elas. Por exemplo, 
um rapaz pode sentir-se atraído por uma moça explicitamente semelhante à mãe ou, 
ainda, pode haver semelhanças entre o pai da moça 
e seu namorado. 
Além da atração sexual, a socialização, as atividades grupais, a escolha 
profissional, a preparação para constituir uma família caracterizam essa fase do 
desenvolvimento, na qual o indivíduo, da criança narcisista em busca de prazer, torna-se 
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um adulto socializado e orientado para a realidade. Não significa, no entanto, que os 
impulsos das fases anteriores (oral, anal e fálica) sejam substituídos pelos da genital, mas 
eles se fundem e se sintetizam nos impulsos genitais. A reproducão é a principal função 
biológica dessa fase e os aspectos psicológicos ajudam na realização desse objetivo. 
Quanto ao desenvolvimento da personalidade, Freud o vincula a quatro fontes 
principais de tensão: processo de crescimento fisiológico, frustrações, conflitos e perigos. O 
indivíduo é obrigado a desenvolver formas de reduzir tensões que emanam dessas fontes, 
o que o leva ao crescimento, à evolução. 
 
12 – Contribuição da Psicanálise à Educação 
12.1 – A Revolucionária Teoria De Freud Contribuiu De Alguma Forma Para A 
Educação? 
Freud nutria esperança de que a Psicanálise, uma teoria explicativa da natureza, 
do funcionamento e da forma de desenvolvimento do psiquismo, pudesse 
contribuir para reformar os métodos vos educacionais, exercendo, 
assim, uma ação profilática. 
Autoras como Catherine Millot, em Freud Antipedagogo, e Maria Cristina Kupfer, em 
Freud e a Educação - o mestre do impossível, mostram que a Pedagogia e a Psicanálise 
caminham em sentidos opostos. Enquanto a primeira tem como meta a estabilidade e a 
previsibilidade, a segunda trabalha com um ferramental altamente imprevisível. 
Millot é mais categórica em sua posição, afirmando que a descoberta do 
inconsciente invalida qualquer tentativa de construir uma ciência pedagógica queevite 
recalques e neuroses. Embora a Psicanálise tenha esclarecido os mecanismos psíquicos 
em que se funda o processo educacional, tal esclarecimento não aumentou o domínio sobre 
esse processo. Para Kupfer, se como psicanalista Freud foi um antipedagogo, no sentido 
de não conseguir fundar sobre as descobertas da Psicanálise uma Pedagogia que 
prevenisse as neuroses, foi também um mestre da teoria psicanalítica ao difundir suas 
idéias alterando o panorama da cultura e da ciência de seu tempo até a contemporaneidade. 
Ele fundou o movimento psicanalítico, proferiu inúmeras conferências, provocando 
 
 
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debates e polêmicas acirradas, e formou um círculo de discípulos envolvidos intelectual e 
emocionalmente em torno dele. Foi, portanto, um mestre. 
 
12.2 – A Educação e o Conceito de Transferência 
Por meio de suas análises, Freud elaborou o conceito de transferência, fenômeno 
presente em toda situação em que duas pessoas se relacionam frente a frente. Esse 
fenômeno foi observado inicialmente no tratamento analítico: formava-se entre o paciente e 
o médico uma relação emocional especial muito além dos limites racionais. 
Sabe-se hoje que essa relação pode variar entre a devoção e a admiração mais 
afetuosas até a inimizade e a hostilidade mais acirradas. Deriva das relações afetivo-
sexuais anteriores e inconscientes do paciente. A transferência tanto positiva quanto negativa 
pode se transformar em poderoso instrumento terapêutico desempenhando um papel 
relevante no processo de cura. 
A transferência encontra-se também presente na relação professor-aluno e nos 
permite refletir sobre o que possibilita ao aluno acreditar no professor e chegar a aprender. 
É, portanto, um poderoso instrumento no processo de aprendizagem. Constitui-se, assim, 
numa contribuição essencial da Psicanálise à educação. 
 
12.3 – A Educação e o Processo de Sublimação 
É importante lembrar, para compreensão do assunto em pauta, que o conceito de 
sexualidade para a Psicanálise é bastante amplo. Em seu livro Dois verbetes de 
enciclopédia (p. 297), Freud escreve o seguinte: 
Tornou-se necessário ampliar o conceito rio que era sexual, 
até abranger mais que o impulso no sentido da união dos dois 
sexos no ato sexual ou da provocação de sensações agradáveis 
específicas nos órgãos genitais. Essa ampliação foi, porém, re 
compensada pela nova possibilidade de apreender a vida sexual 
infantil, normal e perversa, como um todo único. 
 28 
Podemos dizer, enfim, que a sexualidade se refere a tudo aquilo que pode provocar 
prazer e que se encontra em toda atividade humana. Mesmo a amamentação é uma 
experiência prazerosa, tanto para o bebê que suga o seio como para a mãe que o 
amamenta. 
Observa-se com isso a visão ampliada da sexualidade, caracterizando sua 
plasticidade e flexibilidade. 
Assim, apesar de o desenvolvimento da sexualidade pressupor, na idade adulta, 
práticas genitais, isso nem sempre ocorre. Na perversão adulta, por exemplo, o impulso 
parcial recusa a submeter-se ao domínio genital. Há fixação numa fase infantil, como no 
exemplo clássico do voyeur, que só encontra prazer pela visão das práticas ou dos órgãos 
sexuais alheios. Do mesmo modo como acontece na criança, o impulso sexual não está 
associado a um objeto definido, podendo ser atingido por diversas vias. 
Dessa forma, observam-se novamente aspectos flexíveis na sexualidade humana, 
como a possibilidade de se passar do domínio genital para os estágios anteriores de 
desenvolvimento. Observa-se, sobretudo, que o impulso sexual não possui uma fixação, 
como ocorre com o instinto. O objeto pelo qual se satisfaz lhe é indiferente, podendo ser 
tanto uma mulher como uma parte de seu corpo, os pés, por exemplo. Ele é desviante, 
intercambiável e pode ser direcionado para fins não propriamente sexuais, como na 
sublimação. 
A sublimação implica no desvio de uma pulsão do desejo diretamente sexual para 
um fim socialmente útil. Por intermédio do mecanismo da sublimação os indivíduos 
podem dedicar-se a atividades "espiritualmente elevadas" como as relacionadas com a 
arte, a ciência, a promoção de valores humanos e de melhores condições de vida. Por 
serem impulsionadas pela energia sexual, embora sua finalidade não seja diretamente o 
sexo, é possível perceber a presença da libido nessas atividades. O prazer na realização 
de uma tarefa, mesmo de natureza tênue, traz a marca de sua origem sexual no 
empenho e na paixão com que alguns indivíduos dedicam-se a ela. 
 
 
 29 
12.4 – A Educação e a Sexualidade 
Inicialmente Freud associou a doença nervosa a uma educação moral repressora. 
As noções de pecado, pudor, vergonha inibiriam os impulsos sexuais limitando seu 
desenvolvimento. A doença nervosa poderia ser, então, resultado das restrições morais 
excessivas. No entanto, Freud chegou à conclusão de que existiria no interior da 
sexualidade um componente de desprazer que reforçaria a moralidade. Além disso, percebeu 
que uma satisfação plena dos impulsos é impossível e até mortal. A preservação da vida 
tanto do indivíduo como do grupo implica no recalque - repressão sexual profunda e 
inconsciente - da sexualidade. 
A Psicanálise, enfim, pode contribuir com a educação delimitando uma de suas 
tarefas: conseguir o equilíbrio usando sua autoridade na correção educativa necessária, 
mas não de forma excessiva. 
O presente espaço é evidentemente exíguo para um debate mais aprofundado 
dessa questão. Aliás, uma questão que pela sua complexidade e importância mereceria um 
olhar mais atento dos estudiosos, seja da Psicanálise, seja da Educação. 
 
12.5 – A Educação e os Impulsos Parciais 
Uma vez que a possibilidade de suprimir os impulsos parciais, além de inútil, pode 
levar à neurose, é importante que o educador saiba utilizar a energia desses impulsos. 
No caso do olhar do voyeur, é preciso conduzi-lo para que possa contemplar o mundo e os 
objetos a sua volta, compreendê-los e estabelecer um novo saber que permita transformar 
sua curiosidade em desejo de conhecimento, em curiosidade intelectual. 
Em relação à pulsão da sucção, é fundamental que-o 
professor não recrimine a criança por levar à boca qualquer objeto, 
mas que lhe forneça "alimentação" por meio de bons objetos, como 
conhecimento, e de atividades lúdicas e artísticas, a fim de nutri-la 
intelectualmente. Ao mostrar a existência de uma sexualidade infantil 
constituída por aspectos perversos, a Psicanálise aponta também para a existência de um 
 30 
mal inato no ser humano. Todavia, em vez de exorcizá-lo, a Psicanálise propõe o desvio 
desse "mal" para fins úteis à sociedade mediante a sublimação. 
Esta parece ser a proposta da Psicanálise para a educação: que o. educador possa 
buscar com o educando o justo equilíbrio entre o prazer individual e as necessidades 
coletivas. 
Também o professor colombiano Américo Calero expressa em seu texto "Notas 
sobre a concepção de Educação de Freud" sua preocupação com as relações entre a 
Psicanálise e a educação. Diz o autor que na extensa obra de Freud não se encontra uma 
teoria sistemática e integrada sobre educação e assinala uma evolução nas concepções 
de Freud sobre o papel do educador. 
Nos seus primeiros trabalhos, quando abordava a repressão sobre a criança para 
que ela se adaptasse à vida social, Freud considerava secundário o papel do educador. 
Em 1918, colocou que a dissimulação dos adultos no trato com a sexualidade levava as 
crianças à neurose ou à perversão. Defendeu a educação sexual da criança, ressaltando que 
se deveria responder a todas as suas perguntas, e assinalou que um dos erros mais 
prejudiciais, pelo perigo de levar à neurose, é ocultar da criança a realidade sobre a 
sexualidade e amedrontá-la com argumentos religiosos. 
Embora tenha privilegiado a educação em função da sexualidade, segundo Calero 
em 1911 Freud começa a insistir em uma "educação para a realidade". Ou seja, a 
Educaçãodeveria ser considerada um estímulo para a submissão do princípio do prazer 
ao princípio da realidade. Uma educação para a realidade teria como objetivo impedir o 
homem de permanecer na infância levando-o a enfrentar a vida, a dura "vida inimiga". 
Outra tarefa do educador seria conseguir um equilíbrio justo entre a permissão e a 
proibição, isto é, sacrificar o mínimo de prazer sem entrar em choque com as exigências 
da sociedade. 
 
12.6 - Psicopedagogia e Psicanálise 
O termo Psicopedagogia é usado, comumente, em português, francês e espanhol 
para referir-se à psicologia dos processos ligados à aprendizagem e ao ensino. Não há um 
 31 
termo correspondente em inglês, apenas designações como Psicologia Educacional, 
Psicologia do Ensino, Psicologia da Aprendizagem etc. 
Segundo a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), esta é entendida como 
a área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e suas dificuldades. 
A Psicopedagogia tem sua origem, no Brasil, na fragmentação da educação — a 
Pedagogia de um lado e a Psicologia do outro - em decorrência da própria extensão do 
processo educacional, o que levou ao surgimento de diferentes ciências aplicadas à 
educação, como Sociologia da Educação, Psicologia da Educação etc. 
Seu objeto de estudo é a pessoa a ser educada, seus processos de aprendizagem e 
as alterações de tais processos, visando a resolver problemas de aprendizagem mediante o 
atendimento individual e terapêutico, tendo o profissional uma atuação remediativa. Ampliou-
se, porém, seu objeto de estudo para uma realidade .institucional, como a escolar, a hospitalar 
e a da comunidade, atingindo diferentes faixas etárias e de escolarização, tanto em 
atuação remediativa quanto preventiva. 
Em seu campo teórico, há inúmeras abordagens acerca das dificuldades de 
aprendizagem. Nesse contexto, visualizamos a contribuição da Psicanálise em algumas 
delas. Citaremos dois autores, representantes da abordagem afetivo-cognitiva, talvez os 
mais difundidos e discutidos, que buscam na Psicanálise subsídios para a compreensão 
dos problemas de aprendizagem: Jorge Visca e Sara Pain. 
Jorge Visca elaborou a abordagem teórico-técnica denominada Epistemologia 
Convergente, uma integração das teorias de Piaget, da Psicanálise e da Psicologia Social 
de Enrique Pichon-Rivière, para conceituar aprendizagem e suas dificuldades. Por meio 
dela procura compreender a participação dos aspectos afetivos, cognitivos e do meio que 
convergem no processo de aprendizagem do ser humano. Ou seja, articula as dimensões 
afetiva e cognitiva como constituintes de um sistema único, no qual há constante interjogo 
entre essas duas dimensões e no contato com o meio ocorre a evolução de cada uma e do 
sistema estabelecido. Para ele, a análise do interjogo construído pelas duas dimensões é 
fundamental, pois fornece subsídios para a compreensão da singularidade dos processos de 
aprendizagem de cada indivíduo. 
 32 
Sara Pain, por sua vez, apresenta uma proposta de trabalho sobre problemas de 
aprendizagem fundamentada e articulada sobre três teorias: a Psicanálise, a teoria 
piagetiana e o materialismo dialético. Considera a participação do inconsciente na 
construção do conhecimento. Essa participação constitui nada mais que a articulação do 
desejo e do conhecimento, um mecanismo afetivo que o indivíduo põe em funcionamento. 
A dificuldade de aprendizagem é vista como sintoma e, dessa forma, cumpre uma função 
positiva e integrativa dentro da estrutura total da situação pessoal. O não-aprender, 
portanto, não se configura como o oposto do aprender. Para lidar com a dificuldade de 
aprendizagem, sua proposta é inter-relacionar os aspectos orgânicos, intelectuais e o 
desejo do sujeito, este visto como um ser histórico. Busca nos esquemas propostos pela 
teoria psicogenética de Piaget auxílio para estudar as operações lógicas e na Psicanálise, 
subsídios da ordem de significação. 
As descobertas psicanalíticas como o inconsciente e a pulsão de morte são 
incompatíveis com a Pedagogia. Na medida em que o inconsciente implica o imprevisível, 
o imponderável e a falta de controle, impede a criação de uma metodologia pedagógico-
psicanalítica, a qual requer ordem, estabilidade e previsibilidade. A noção de 
inconsciente nos mostra que, embora o educador possa organizar seu conhecimento, ele 
não tem controle sobre o efeito que produz sobre seus alunos, mais especificamente, não 
tem acesso às repercussões inconscientes de tudo que ensina. 
Contudo, podemos dizer que a Psicanálise abre um novo olhar sobre o aluno, um 
ser que tem subjetividade e desejo, um ser cujas manifestações, muitas vezes de difícil 
aceitação, têm seus significados, da mesma forma que seus sintomas de não-aprender. 
Além disso, a Psicanálise possibilita compreender certas dificuldades do aluno, na medida 
em que dá a conhecer o processo de desenvolvimento de sua personalidade. 
 
 
 
 
 
 33 
GLOSSÁRIO 
Agressividade - em sentido restrito designa o comportamento hostil, destrutivo. Para a 
Psicanálise é a manifestação do instinto de morte. 
Consciente - é uma qualidade mental e envolve todos os conteúdos que são 
perceptíveis. É tudo aquilo que é conhecido. 
Deslocamento - consiste em deslocar o sentimento ou a ação para outro objeto diferente do 
original. Exemplo: a hostilidade em relação ao chefe pode ser deslocada para um 
funcionário subalterno. 
Ego - é uma das estruturas da personalidade que se origina do id mediante o contato 
com o meio externo. É o segundo sistema a se desenvolver na personalidade da pessoa e 
age como intermediário entre o id e as exigências do superego e do ambiente. 
Fase anal - segunda fase da organização da libido, na qual a primazia do prazer se 
encontra no ânus. 
Fase fálica - terceira fase da organização da libido, na qual o pênis é o objeto de interesse 
das crianças de ambos os sexos. Fálico origina-se de falo, que significa pênis. 
 Fase oral - primeira fase da organização da libido, na qual a zona oral (boca, lábios, 
língua) desempenha o papel principal. 
Fim sexual - ato a que o impulso conduz. 
Fixação - permanência de uma pessoa em um estágio de desenvolvimento primitivo pelo 
fato de o estágio seguinte estar carregado de ansiedade. 
Formação reativa - mecanismo de defesa pelo qual um impulso ou sentimento que 
produz ansiedade é substituído pelo seu oposto. 
Id - é o pólo instintivo ou pulsional da personalidade, dentro do qual se diferenciam o ego e o 
superego. Seu conteúdo é inconsciente, podendo ser hereditário ou recalcado. 
Identificação - processo de tornar-se semelhante a alguém ou a algo em relação a 
aspectos de comportamento ou pensamento. 
 34 
Inconsciente - é o local das representações reprimidas ou das pulsões ou impulsos 
instintivos. 
Instinto (impulso instintivo ou pulsão) - é a representação mental, no id, de uma fonte 
somatória de excitação. Os instintos compõem a soma total de energia psíquica e 
impulsionam o comportamento, determinando a direção que ele deve tomar. 
Instintos de morte (pulsões de morte) - são pulsões que se contrapõem às pulsões de 
vida e tendem a reconduzir o ser vivo ao estado inorgânico. Quando voltadas para o 
interior tendem à autodestruição e quando dirigidas para o exterior manifestam-se sob a 
forma de agressividade e hostilidade. 
Instintos de vida (pulsões de vida) - são os instintos que servem para a 
autoconservacão e perpetuação da espécie e que se contrapõem às pulsões de morte. 
Libido - é a designação de energia sexual, ou seja, é a energia que constitui o substrato 
das transformações dos impulsos sexuais. 
Mecanismo de defesa - consiste nas maneiras de o psiquismo se proteger de ameaças. 
São os mecanismos psicológicos utilizados para diminuir a angústia originada por conflitos 
interiores. 
Narcisismo - consiste no amor excessivo a si mesmo. Para a Psicanálise é quando toda 
a energia da libido é investidasobre o "eu". 
Negação - mecanismo de defesa contra a angústia que consiste em negar a evidência. 
Por esse mecanismo o indivíduo se recusa a - reconhecer fatos reais penosos ou que 
provocam ansiedades, transformando-os em fatos imaginários. 
Objeto - termo utilizado para nomear pessoas ou coisas do ambiente externo, animadas 
ou não, que são psicologicamente significativas para a vida psíquica do indivíduo. 
Objeto sexual — pessoa ou coisa que exerce atração sexual. 
Perversão - desvios em relação ao fim ou ao objeto sexual. 
Pré-consciente — é o intermediário entre o inconsciente e o consciente. Contém 
representações que podem se tornar conscientes se a atenção se voltar para elas. 
 35 
Princípio da realidade - é o princípio pelo qual o ego opera, suspendendo 
temporariamente a descarga de tensão (princípio do prazer) até que seja encontrado um 
objeto apropriado para a satisfação da necessidade. 
 Princípio do prazer - é o princípio pelo qual o ego opera, reduzindo a tensão. 
Processo primário - é o processo pelo qual o id realiza seu objetivo de evitar a dor e 
obter prazer (princípio do prazer), formando a representação mental de um objeto que 
removerá a tensão. É o processo que caracteriza o sistema inconsciente. 
Processo secundário - é o processo pelo qual o ego opera, orientado pela realidade. E o 
pensamento realista. É o processo que caracteriza o sistema pré-consciente/consciente. 
Projeção - mecanismo de defesa que consiste em atribuir inconscientemente a outros e 
perceber no mundo externo suas próprias pulsões e seus conflitos interiores. 
 Racionalização — explicações racionais para justificar ações de origem emocional. 
Regressão - retorno às atitudes e condutas características de um estágio anterior de 
desenvolvimento. 
 Relações de objeto — refere-se à atitude ou conduta do indivíduo em relação aos 
objetos. 
Repressão (recalque) — é o mecanismo pelo qual o indivíduo procura reter no 
inconsciente representações ligadas a um instinto ou pulsão. 
Sexualidade — conjunto de fenômenos da vida sexual. Os psicanalistas distinguem a 
genitalidade, conjunto de características ligadas aos órgãos de cópula, da sexualidade, 
estendida ao amor em geral. 
Sublimação - desvio de um impulso de seus objetivos diretamente sexuais para fins 
socialmente úteis. 
Superego - é o terceiro sistema estrutural da personalidade. Representa as restrições 
sociais internalizadas e exerce a tarefa de censor das funções do ego, que bloqueia os 
impulsos ou pulsões do id. 
Supressão - é o mecanismo pelo qual os conteúdos da pré-consciência são afastados da 
consciência. 
 36 
Transferência - processo psicológico que consiste em transferir para pessoas ou 
objetos aparentemente neutros emoções e atitudes que existem no indivíduo desde a 
infância. Na terapia psicanalítica, a transferência é essencial para a cura. Trata-se de 
uma relação afetiva particular que o paciente estabelece com o terapeuta para reviver 
suas experiências passadas. 
 
Referências 
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LEITURAS RECOMENDADAS 
 
BRENNER, C. NOÇÕES BÁSICAS DE PSICANÁLISE . RIO DE JANEIRO: IMAGO, 1969. 
FREUD, S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Lisboa: Livros do Brasil, s.d. 
————— Dois verberes de enciclopédia. Rio de Janeiro: Imago, 1969. 
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