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Farmacotécnica Especial Prof. Valéria Maria de Souza [setembro 2009] Operações Farmacêuticas Universidade Paulista Farmacotécnica Especial Prof. Valéria Maria de Souza [setembro 2009] OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS PESAGEM A pesagem é a operação mais executada na preparação de formas farmacêuticas. A balança de precisão destina-se à pesagem rigorosa de substâncias prescritas em pequenas quantidades e podem ser dos mais variados modelos e sensibilidades. Devem estar livres de influência de trepidação, correnteza de ar e sustentadas com parafusos que a mantenham em perfeito nível. Na receita médica, quando se indica a quantidade da substância em porcentagem, esta deve ser pesada, mesmo que o produto final seja em volume. Por exemplo: Extrato glicólico de hamamélis................... 2 % Xampu base qsp.......................................... 100 mL Deve-se pesar 2 g do extrato e completar para 100 mL do xampu. MOAGEM OU TRITURAÇÃO Trituração é a fricção contínua de um sólido em um gral com o auxílio do pistilo, para reduzir o tamanho da partícula até o grau desejável. O termo é também usado para descrever a trituração de duas ou mais substâncias em um gral para combiná-las até a obtenção de uma mistura homogênea. A trituração é realizada segurando-se firmemente o pistilo e exercendo uma pressão para baixo e, ao mesmo tempo, movendo em círculos concêntricos sucessivamente maiores, começando no centro do gral em direção aos lados e retornando novamente para o centro. Para assegurar a mistura adequada e a redução uniforme do tamanho das partículas, o pó compactado é constantemente removido dos lados do gral e do pistilo com o auxílio de uma espátula. A moagem leva por fragmentação mecânica uma redução das dimensões individuais de porções sólidas. O termo pulverização é utilizado quando a fragmentação resulta em um pó, isto é, partículas de dimensões reduzidas. Em todos os casos, a fragmentação dos sólidos, que se traduz pelo surgimento de superfícies livres novas, necessita de uma fonte de energia. A matéria prima, com fragmentos sólidos acima de uma determinada dimensão, deve ser triturada, tamisada e homogeneizada. O gral ou almofariz é o objeto mais utilizado na trituração ou pulverização na farmácia de manipulação. Deve-se revestir o gral com o excipiente que for utilizar na formulação a fim de prevenir a perda de princípio ativo que for triturado, pois o almofariz é poroso e se não observar esta técnica, poderemos perder parte do ativo. Existem algumas matérias-primas que devem ser trituradas antes de incorporá-las aos veículos que serão utilizados, como a uréia, o peróxido de benzoíla e algumas matérias- primas que estiverem em grânulos ou agregadas. No caso do omeprazol e alguns antifúngicos (itraconazol) que são apresentados em grânulos (pellets), não devemos triturá-los. Farmacotécnica Especial Prof. Valéria Maria de Souza [setembro 2009] TAMISAÇÃO A tamisação é a operação destinada a separar, mecanicamente, através das malhas de um tecido apropriado, partículas sólidas com diferentes dimensões. Os tecidos utilizados na tamisação atuam como verdadeira rede, apenas deixando passar aquelas partículas cujas dimensões sejam, pelo menos, ligeiramente inferiores à abertura das respectivas malhas e retendo, por outro lado, as de tamanho superior. Deste modo, é a largura das malhas que condiciona a dimensão das partículas que atravessam o tecido e, assim, conhecida esta largura, poder-se-á estabelecer o tamanho dos grânulos que passarem através dele. Tamis (ou peneira) é um instrumento cilíndrico, de inox, com uma malha que o seu diâmetro varia de 4,750mm (malha n°. 4) até 0,020mm (malha nº. 635). Normalmente na Farmácia de Manipulação utilizam-se as malhas nºs. 35 a 42, ou peneiras de plástico adquiridas em supermercados com malhas finas e uniformes. No ato da tamisação não se deve fazer movimentos bruscos ou golpes violentos. Não se deve forçar a passagem do pó, assegurando que passe somente os grânulos cujo diâmetro é ligeiramente inferior à da abertura da malha. Os grânulos que ficarem retidos no tamis deverão ser triturados e tamisados novamente. MISTURA OU HOMOGENEIZAÇÃO A mistura é uma operação fundamental que consiste em tornar o mais homogêneo possível uma associação de vários produtos sólidos, pastosos, líquidos ou gasosos. O resultado desta operação é uma preparação homogênea. Isto é, cada fração ou dose coletada ao acaso deve conter todos os componentes nas mesmas proporções que a totalidade da preparação. No caso de misturas de pós de cores diferentes, um simples exame visual dá idéia da homogeneidade. Para não tender a uma separação, o ideal seria apenas misturar pós com propriedades semelhantes. Entre os fatores que favorecem a separação, existem as diferenças de tamanho, forma e densidade. A tenuidade dos componentes é o fator mais importante para a obtenção de um pó homogêneo. É mais interessante misturar partículas de mesmas dimensões, motivo pelo qual é necessário moer convenientemente as matérias primas e até tamisá-las antes de realizar a mistura. A densidade de cada componente influi sobre a estabilidade da mistura. As partículas mais pesadas têm tendência a se precipitarem no fundo dos recipientes, ao passo que as mais leves sobem até a superfície. Em misturas complexas com vários componentes de concentrações diferentes, é preciso começar por misturar entre si os princípios que estão em quantidade menores e depois adicionar progressivamente os demais componentes. Farmacotécnica Especial Prof. Valéria Maria de Souza [setembro 2009] Na prática, utilizamos sacos plásticos para a homogeneização. Espatulação, trituração, tamisação e mistura em tambores giratórios - são geralmente descritos em livros de farmácia como métodos de mistura na manipulação de medicamentos. Podemos também podem usar outras tecnologias, como os agitadores elétricos e homogeneizadores. A espatulação é a mistura de pós em uma pedra de pomada com auxílio de uma espátula. Nesse método, não há redução do tamanho da partícula, então, os pós a serem misturados devem ser finos e apresentar tamanho uniforme. Uma vez que não é utilizada pressão, o pó resultante é geralmente fluido e não-compactado. A trituração é o método preferível em diferentes circunstâncias, pois resulta na obtenção de uma mistura de pós mais homogênea do que quando são utilizados os outros métodos. Sempre deve ser usado na preparação de misturas de pequenas quantidades de fármacos potentes. Uma vez que a trituração contempla dois processos ao mesmo tempo - a redução de tamanho de partícula e a mistura -, esse método economiza tempo quando pós de diferentes tamanhos de partículas são combinados. Misturas de pós de quantidades moderadas ou grandes podem ser eficientemente alcançadas com o uso de misturadores. Embora seja importante a inspeção visual do pó resultante, não é fácil determinar se a mistura foi bem-sucedida. Uma vez que muitos fármacos são pós brancos, a determinação visual da uniformidade é quase impossível. Alguns farmacêuticos adicionam uma pequena quantidade (aproximadamente, 0,1 %) de um corante para permitir a visualização da homogeneidade da mistura. Entretanto, pode ser imprudente adicionar outros componentes na preparação. É preferível utilizar técnicas apropriadas e misturar os pós durante um dado período de tempo, determinado experimentalmente, que garanta a homogeneidade da preparação. Uma técnica útil em misturas de pós é a diluição geométrica. A diluição geométrica é usada quando são misturados dois ou mais pós de diferentes quantidades. É um método empregado para auxiliar e garantir que pequenas quantidades de componentes, em geral fármacos potentes, estejam homogeneamente distribuídas por toda a mistura.A trituração com a diluição geométrica é o método mais usual, pois conduz à obtenção de misturas de pós mais homogêneas com relação aos outros métodos. Os passos na diluição geométrica são os seguintes: (1) Pese separadamente todos os componentes da formulação. (2) Coloque o componente presente em menor quantidade no gral. (3) Selecione um componente presente em maior quantidade e coloque no gral uma quantidade aproximadamente igual ao volume de pó do primeiro componente. (4) Triture bem os pós até obter uma mistura uniforme. (5) Adicione um volume de pó do segundo componente igual ao volume de pó da mistura presente no gral e triture bem. (6) Continue adicionando pó no gral dessa forma até que todos os componentes sejam adicionados. Farmacotécnica Especial Prof. Valéria Maria de Souza [setembro 2009] FILTRAÇÃO A filtração é uma operação que tem por objetivo separar duas fases pela passagem através de uma parede porosa que se deixa atravessar, sob ação de uma diferença de pressão, por uma das fases, retendo com eficácia variável a outra fase. Todos os líquidos preparados na farmácia por dissolução devem ser filtrados, retendo as impurezas em suspensão ou alguma substância que não foi totalmente dissolvida. Deve-se usar papel de filtro qualitativo ou gaze, quando necessário. MEDIDAS DE VOLUME A medição de volumes dos líquidos é outra das operações praticadas na farmácia. Faz- se utilizando instrumentos de vidro ou plástico (pipetas, provetas, cálices graduados, copos graduados), onde a escala cuja unidade fundamental é o “mL”. • Conta-gotas: Alguns médicos prescrevem medicamentos para serem administrados na forma de gotas. É certo que podemos utilizar frascos conta-gotas ou pipetas com bulbos de borracha, mas qualquer destes processos não origina gotas com peso ou volume uniforme. A uniformidade depende de vários fatores como a densidade do líquido, a temperatura que o utilizaremos e a capilaridade. Podemos padronizar um conta-gotas, onde a uma temperatura de 25ºC, 20 gotas de água destilada correspondem a l g. Um medicamento líquido para uso interno, como um xarope, raramente é prescrito para ser administrado de uma só vez. Em regra destina-se a ser ingerido em doses fracionadas. É de se esperar que a farmácia forneça os copos ou colheres medidas para o paciente administrar o medicamento em casa. Mas, na prescrição médica podem estar indicado alguns utensílios domésticos. Assim relacionaremos alguns utensílios e suas medidas: • Colher de café = 2,5 mL de água • Colher de chá = 5 mL de água • Colher de sobremesa = 10 mL de água • Colher de sopa = 15 a 20 mL de água CONVERSÃO DE CÁLCULOS Uma das maiores causas de erro no aviamento de prescrições magistrais relaciona-se à “matemática farmacêutica” ou aos cálculos em farmácia. Apesar da maioria dos processos serem relativamente simples, um ponto decimal mal colocado ou um valor estimado erroneamente pode ter conseqüências sérias, levando inclusive à morte. Um profissional que não esteja preparado para executar esses cálculos não deve envolver-se com a manipulação magistral. É extremamente importante que o farmacêutico possua um excelente embasamento no que se refere à metodologia dos cálculos e nenhum erro pode ser tolerado nessa etapa vital do processo de manipulação. Farmacotécnica Especial Prof. Valéria Maria de Souza [setembro 2009] Para pós: Um bom exercício de conversão de cálculos é a seguinte fórmula: Zinco 40mg Cobre 2mg Vitamina C 60mg Vitamina E 30mg Betacaroteno 5.000UI Selênio 40mcg Manipule 30 cápsulas. Analisando cada matéria prima teremos: Se o ZINCO for fornecido diluído a 20%, devemos fazer o seguinte cálculo: 40 mg X 30 (cps) = 1.200 mg ou 1,2 g 1,2 g - 20 % X - 100 % Portanto 1,2 X 100 = 6 g. 20 Assim teremos que pesar 6 gramas de zinco. Alguns programas de computador necessitam de um fator de correção para o cálculo das fórmulas. Podemos achar um fator e aplicá-lo: 100 % = 5, se multiplicarmos o 1,2 g por 5 encontraremos o peso que devemos obter. 20 Se o COBRE for obtido em uma diluição de 13,66 %, aplicamos a regra de três ou calculamos o fator: _100_ = 7,32 13,66 Assim, 2 mg X 30 (cps) = 60 mg. 60 mg X 7,32 = 439,20 mg (total do sal que devemos pesar) A VITAMINA C é pura, portanto faz-se o cálculo diretamente: 60 mg X 30 (cps) = 1.800 mg ou 1,8 g. A VITAMINA E compramos geralmente a 50%: Farmacotécnica Especial Prof. Valéria Maria de Souza [setembro 2009] 30 mg X 30 (cps) = 900 mg. Como é a 50 %, multiplica-se por 2. Pesaremos 1.800 mg ou 1,8 g. • BETACAROTENO: pode vir dos distribuidores assim: 1.670 UI/mg, a 10 %. 5.000 UI X 30 (cps) = 150.000 UI Assim temos: 1 mg = 1.670 UI X = 150.000 Resultado: 89,82 mg. Mas, o produto é a 10%, então devemos converter se a prescrição não mencionar a diluição: pesaremos 898,20 mg do betacaroteno. • SELÊNIO é geralmente adquirido a 0,2%. 40mcg = 0,04mg X 30 (cps) = 1,2mg x 500 = 600mg. Existem alguns princípios ativos que não devemos converter, pois utilizamos já na forma como os adquirimos: é o caso do Ginkgo biloba extrato seco a 24%, ácido lático a 50%, etc. Outro cálculo que nos deparamos é com líquidos e suas doses fracionadas: Exemplo: Ciproheptadina ......................3 mg Xarope simples qsp................5 mL Manipule 200 mL Para cada 5 mL de xarope simples, 3 mg de ciproheptadina. Portanto, é só sabermos quantas frações de 5 mL existe em 200 mL do total. 200 = 40 40 X 3 = 120 mg ou 5 3 mg (ciproheptadine) 5 mL (xarope) x 200 mL (xarope) Aplicando-se a regra de 3, teremos: x = 200 x 3 = 120 mg. 5 Outros cálculos na Farmácia Magistral: Um farmacêutico necessita preparar um lote de um descongestionante oftálmico. Cada frasco deverá conter 15 mL. O conservante a ser utilizado é o cloreto de benzalcônio a 0,01 %. O farmacêutico dispõe de uma solução-estoque contento cloreto de benzalcônio a 17 %. Qual o volume da solução estoque para preparar os três frascos? 15 x 3 = 45 45 x 0,0001 = 0,0045 g Farmacotécnica Especial Prof. Valéria Maria de Souza [setembro 2009] 0,0045 17 ----------- = ---------- x = 0,026 mL x 100 Uma solução anticolinérgica foi prescrita para um bebê, em uma dose de 0,25 mL. O conta-gotas que acompanha o medicamento libera 2 mL de líquido a cada 56 gotas. O farmacêutico deve instruir os pais para ministrarem quantas gotas para o bebê? 56 ÷ 2 = 28 gotas / mL 1 28 X = 7 gotas ------ = ------- 0,25 X Formas anidras e formas hidratadas: Qual a quantidade de MgSO4. 7 H2O deve ser tomada para obter-se 5 g de MgSO4? Mg = 24 S = 32 O = 16 O peso molecular do MgSO4 é: Mg 1 x 24 = 24 S 1 x 32 = 32 O 4 x 16 = 64 120 o peso molecular do MgSO4. 7 H2O é: MgSO4 1 x 120 = 120 H 14 x 1 = 14 O 7 x 16 = 112 246 A quantidade de MgSO4. 7 H2O necessária será de: 120 5 -------- = --------- X = 10,25 g 246 X Assim, 10,25 g de MgSO4. 7 H2O conterão 5 g de MgSO4. DILUIÇÕES E PRÉ-DILUIÇÕES Existem algumas matérias-primas que devemos deixar pré-diluídas, devido às suas baixas concentrações ou por termos que pesar quantidades mínimas prescritas em microgramas. Alguns exemplos clássicos são o T3 e o T4, a capsaicina, o ácido retinóico, vitamina D2 e D3, Vitamina B12, etc. O T3 e o T4 podemos fazer uma diluição de 1:1000. Por exemplo, 1g do T3 (ou T4) para 999g de talco (esterilizado previamente em recipiente de inox, ao fogo, por 10 minutos e deixá-lo esfriar). Tamisar e homogeneizar. Farmacotécnica EspecialProf. Valéria Maria de Souza [setembro 2009] A capsaicina poderá ser diluída no propilenoglicol 1:100 e conservar em geladeira. Ou seja, 1g de capsaicina para 99g de propilenoglicol. É sempre utilizada a técnica da diluição geométrica e o fator de correção (FC) corresponde à diluição que você preparou. Se a diluição foi de 1:100, o FC é 100. Assim, se precisa pesar 0,0075 g de ácido retinóico, você pesará 0,75 g do diluído. O ácido retinóico pode ser diluído em dipropilenoglicol e conservado em geladeira, também. No caso das cápsulas, os diluentes ou excipientes desempenham um papel de preenchimento, quando a quantidade do princípio ativo não é suficiente para preencher uma cápsula. São pós inertes ou coadjuvantes que podem ser escolhidos em função das suas propriedades. Podemos citar açúcares e poliálcoois (lactose, manitol, etc.), pós de celulose, amidos e sílicas. DISSOLUÇÃO A dissolução é o ato de dissolver uma substância ou mistura, sem alterá-la. Em sistemas biológicos, a dissolução da droga em um meio aquoso é condição importante para a sua absorção sistêmica. A dissolução é química quando há combinação transformando seus componentes em outro produto (geralmente produz calor). É física quando desaparece no dissolvente, transforma-se apenas, misturando-se (geralmente absorve o calor). É importante conhecer a natureza físico-química de um fármaco e seu comportamento em um meio, como pKa e o perfil de pH, tamanho da partícula, polimorfismo, coeficiente de partição, interação com excipientes, pH de estabilidade e o estado de ionização da molécula, onde veremos em Biofarmacotécnica. Expressões do tipo “partes por” 1 g/mL 100% 1 ppl (uma parte por l) 1 mg/mL 0,1% 1 ppt (uma parte por 1.000) 1 µg/mL 0,0001% 1 ppm (uma parte por 1.000.000) também expressa como sendo 1 g em 1.000.000 mL de solução) 1 ng 0,0000001% 1 ppb (uma parte por 1.000.000.000) As Farmacopéias indicam a solubilidade das matérias primas através dos seguintes termos: Termos Quantidade relativa de solvente para 1 parte de soluto Muito solúvel Menos de 1 parte Facilmente solúvel De 1 a 10 partes Solúvel De 10 a 30 partes Pouco solúvel De 30 a 100 partes Ligeiramente solúvel De 100 a 1.000 partes Muito pouco solúvel De 1.000 a 10.000 partes Praticamente insolúvel Mais de 10.000 partes Farmacotécnica Especial Prof. Valéria Maria de Souza [setembro 2009] Qualquer concentração de uma solução deve representar-se em porcentagem referindo o peso da substância dissolvida em 100 mL de solvente ou por 100 g de solução. Quando a solução é aplicada na pele, o corpo fornece calor suficiente para evaporar a água ou outro solvente, e as substâncias que exercem alguma ação terapêutica reter-se- ão à superfície cutânea, diluindo-se, em seguida, na água estrutural da pele. 1. MATÉRIAS-PRIMAS QUE NECESSITAM DE CORREÇÃO A não correção ou correção indevida do teor de um princípio ativo em uma forma farmacêutica implicará em uma dose errada e conseqüentemente uma não conformidade passível de sanções legais. Quando devemos fazer a correção? Quando a substância é comercializada na forma diluída. Quando a substância é diluída na farmácia, por razões farmacotécnicas e de segurança. Quando a substância é comercializada na forma de sal e a dose é administrada em relação a sua molécula base. Quando a substância é comercializada na forma de sal ou base hidratada, e o produto de referência é dosificado em relação à base ou sal anidro. Sais minerais ou minerais aminoácidos quelados em prescrições em que se deseja o teor elementar. Correção do teor, quando o doseamento indicar valores menores do que o mínimo especificado na literatura. Cálculo do fator de correção: Fc = Peso molecular do sal Peso molecular da base Exemplo: Se tivermos que manipular uma receita contendo 60 cápsulas de ranitidina 150mg: Neste caso, as literaturas indicam o cloridrato de ranitidina para administração oral e o cálculo deverá ser feito em relação a sua base. Assim teremos: Peso molecular da ranitidina, cloridrato = 350.9 Peso molecular da ranitidina base = 314.4 Fc = 350.9 = 1,116 (1,12) 314.4 60 (cápsulas) X 150 mg X 1,12 = 10.080 mg Assim, teremos que utilizar 10,080 g de cloridrato de ranitidina para obtermos 150 mg Farmacotécnica Especial Prof. Valéria Maria de Souza [setembro 2009] de ranitidina base para cada cápsula. Para moléculas hidratadas: Fc = Peso molecular da molécula hidratada Peso molecular da molécula anidra Exemplo: Se tivermos que manipular uma receita contendo 30 cápsulas de amoxicilina 500 mg: Neste caso as literaturas indicam que a molécula de referência é anidra. Assim teremos: Peso molecular da amoxicilina trihidratada = 419.5 Peso molecular da amoxicilina anidra = 365.4 Fc = 419.5 = 1.148 (1,15) 365.4 30 (cápsulas) X 500 mg X 1,15 = 17.250 mg Assim, teremos que pesar 17,250 g para obtermos 500 mg de amoxicilina base para cada cápsula.
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