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Marcelo de Sales Pessoa Ferramental Matemático Equações Diferenciais Introdução Def.: Equação diferencial: equação que contém derivadas de uma função. Def.: Equação Diferencial Ordinária (EDO): equação diferencial com funções de apenas uma variável. Def.: Ordem de uma EDO: ordem da maior derivada. Def.: EDO autônoma: EDO sem coe cientes variáveis. Def.: EDO não-linear: EDO com alguma função não-linear de y ou de suas derivadas: Def.: EDO homogênea: EDO na qual x (t) = 0: Solução No caso de uma equação diferencial, encontrar uma solução signi ca encon- trar a dinâmica de y (t), ou seja, como y (:) evolui com o tempo. Precisamos conhecer a dinâmica, os estados estacionários e a estabilidade. Def. Estado Estacionário: Estado em que y (t) não muda com o tempo: y� tal que _y (t) = 0 no ponto y�: Def. Estado Estacionário Estável: um estado estacionário, y�; tal que, se y (0) 6= y�; y (t) ! t!1 y �: Resultado: Se @ _y@y jy� > 0; então, y é instável localmente (ou seja, na vizinhança do estado estacionário); Se @ _y@y jy� < 0; então, y é estável localmente; Solução Analítica EDO linear com coe cientes constantes: _y (t) + ay (t) + x (t) = 0 onde a é uma constante e x (t) é uma função previamente conhecida do tempo. Solução : y (t) = �e�atINT (t) + e�atb essa equação é a solução geral. 1 Def.: Solução Geral x Solução Particular (ou exata): A solução dada é dita geral, pois traz uma constante de integração arbitrária b. Nesse caso, há in nitos caminhos possíveis obtidos com diferentes valores de b: Para termos uma solução particular, devemos especi car b: Essa especi cação é feita por meio das condições de fronteira: condições iniciais e/ou nais. Sistemas de EDOs lineares Seja o sistema de equações diferenciais lineares: _y1 (t) = a11y1 (t) + :::+ a1nyn (t) + x1 (t) ::: _yn (t) = an1y1 (t) + :::+ annyn (t) + xn (t) Em notação matricial: _y (t) = Ay (t) + x (t) onde _y (t) = 24 _y1 (t)::: _yn (t) 35 A = 264 a11 ::: a1n... . . . ... an1 ::: ann 375 y (t) = 24 y1 (t)::: yn (t) 35 x (t) = 24 x1 (t)::: xn (t) 35 Obs.: Quando o vetor x (t) é igual a zero, dizemos que o sistema é homogêneo. Solução Grá ca: diagrama de Fases Para construir o diagrama de fases (no plano y2 � y1), os passos são os seguintes: 1o Faça o grá co dos pontos em que _y1 = 0: 2o Analise a dinâmica de y1 (t) nas duas regiões divididas pelo grá co _y1 = 0; apontando, por meio de setas, a direção da variação de y (t) no tempo. 3o Faça o mesmo para y2: 2 4o Una as duas dinâmicas numa única gura. obs.: já é possível localizar o estado estacionário e observar o tipo de esta- bilidade do sistema: estável, instável ou caminho-sela. Def.: Estado Estacionário: aquele no qual as variáveis não se movem com o tempo, o ponto em que _y1 = 0 e _y2 = 0: 5o Use condições de fronteira para encontrar a solução exata. Resultado: Se a matriz associada ao sistema de EDO for diagonal, as propriedades de estabilidade dependem dos sinais dos coe cientes: 1. Se os dois forem positivos, o sistema é instável; 2. Se os dois forem negativos, o sistema é estável; 3. Se um for positivo e o outro for negativo, o sistema tem estabilidade do tipo caminho-sela. Resultado Forma geral de encontrar o tipo de estabilidade: observe em quantas regiões do grá co as trajetórias conduzem ao estado estacionário. Se houver: Duas: o sistema tem estabilidade do tipo caminho-sela. Há um braço estável passando por essas duas regiões e cruzando o estado estacionário e há um braço instável passando pelas outras duas regiões e cruzando o estado estacionário. Quatro: o sistema é estável. Zero: o sistema é instável. Álgebra Matricial Inversa Def. Matriz Invertível: uma matriz quadrada A é dita invertível se existir uma matriz B tal que: AB = BA = I onde I é a matriz identidade (1 na diagonal principal, 0 nas demais casas). Def. Inversa: nesse caso, dizemos que B = A�1 é a inversa de A: Def. Matriz Singular: matriz não invertível. Def.: Determinante das matrizes A (2x2) e B (3x3): A = � a b c d � det (A) = ad� cb B = 24 a b cd e f g h i 35 det (B) = aei+ bfg + chd� ceg � bdi� ahf 3 Cálculo da Inversa A�1 = 1 det (A) � CT � onde Cij = (�1)i+j Mij , onde Mij é o Menor do elemento Aij ; obtido como o determinante da matriz que resta ao eliminarmos a linha i e a coluna j de A: Para A = � a b c d � temos A�1 = 1 det (A) � CT � = 1 ad� cb � d �c �b a �T = 1 ad� cb � d �b �c a � = � d ad�cb �b ad�cb�c ad�cb a ad�cb � Para B = 24 a b cd e f g h i 35 temos: B�1 = 1 det (B) � CT � = 1 det (B) 24 A B CD E F G H I 35T = 1 det (B) 24 A D GB E H C F I 35 4 onde det (B) = aei+ bfg + chd� ceg � bdi� ahf A = (�1)1+1 (ei� fh) = ei� fh B = (�1)1+2 (di� fg) = fg � di C = (�1)1+3 (dh� eg) = dh� eg D = (�1)2+1 (bi� ch) = ch� bi E = (�1)2+2 (ai� cg) = ai� cg F = (�1)2+3 (ah� bg) = bg � ah G = (�1)3+1 (bf � ce) = bf � ce H = (�1)3+2 (af � cd) = cd� af I = (�1)3+3 (ae� bd) = ae� bd Resultado: Uma matriz será singular se e somente se seu determinante for igual a zero. Autovalor, Autovetor e Diagonalização de Matrizes Def.: Equação Característica: equação polinomial de ordem n no � gerada pela equação: det (A� �I) = 0 (1) Def.: Raízes Características ou Autovalores: soluções da equação caracterís- tica. Def.: Vetor Característico ou Autovetor: vetor vi associado ao autovalor �i via equação: (A� �I) v = 0 Diagonalização de matrizes Uma vez encontrados os autovalores e os autovetores, podemos escrever: AV = V D onde V = [v1; :::vi; :::vn] é uma matriz com os autovetores como colunas e D é uma matriz diagonal com os autovalores na diagonal principal. Então, V �1AV = D Assim, a matriz D é a matriz diagonal correspondente à matriz A por meio da transformação usando V: 5 Resultado Se os autovalores de A forem distintos, os autovetores em V serão linear- mente independentes. Nesse caso, det (V ) 6= 0; então, V �1 existe e podemos diagonalizar A: Solução Analítica de Sistemas Homogêneos Lineares Seja o seguinte sistema de EDO lineares e homogêneas: _y1 (t) = a11y1 (t) + :::+ a1nyn (t) ::: _yn (t) = an1y1 (t) + :::+ annyn (t) Então, _y (t) = Ay (t) onde _y (t) = 24 _y1 (t)::: _yn (t) 35 A = 264 a11 ::: a1n... . . . ... an1 ::: ann 375 y (t) = 24 y1 (t)::: yn (t) 35 Solução do Sistema: 1o: Encontre os autovalores da matriz A : �1; �2; :::; �n e veri que se são distintos (caso contrário, não é possível diagonalizar A); 2o: Encontre os autovetores v1; v2; :::; vn associados a esses autovalores e construa a matriz V tendo esses autovetores como colunas; 3o: Usando os valores encontrados nos passos 1 e 2, teremos a solução: y = V Eb onde: y = 2664 y1 (t) y2 (t) ::: yn (t) 3775 6 V = 266664 v11 v12 ::: v1n v21 v22 . . . v2n ... ... . . . ... vn1 ::: ::: vnn 377775 E = 266664 e�1t 0 ::: 0 0 e�2t ::: ... ... ::: . . . 0 0 ::: 0 e�nt 377775 b = 26664 b1 b2 ... bn 37775 Então, para cada i = 1; :::; n; temos: yi (t) = vi1e �1tb1 + vi2e �2tb2 + :::+ vine �ntbn 4o: Use as condições de fronteira para determinar as constantes de integração em b: Estabilidade Temos: �1 > 0 e �2 > 0 ) sistema instável �1 < 0 e �2 < 0 ) sistema estável �1 < 0 e �2 > 0) estabilidade tipo sela obs.: no caso de estabilidade tipo sela, o braço estável (instável) corresponde ao autovetor associado ao autovalor negativo (positivo). Autovalores idênticos Nesse caso, os autovetores são linearmente dependentes. Então, detV = 0 e não podemos inverter V e resolver o sistema dessa forma. Seja o autovalor único � :Se � < 0; o sistema é estável. Se � > 0; o sistema é instável. Solução Analítica de Sistemas Lineares não Homogêneos Seja o sistema não homogêneo: _y (t) = Ay (t) + x (t) 7 onde x (t) é um vetor coluna de funções conhecidas de t; podendo ser con- stantes: x (t) = 2664 x1 (t) x2 (t) ::: xn (t) 3775 De na: z � V �1y Nesse caso, teremos o sistema: _zi (t) = �izi (t) + V �1 i x (t) onde V �1i é a linha i de V �1 para i = 1; :::; n: A metodologia de solução de cada uma dessas equações é semelhante à an- terior: zi (t) = e �it Z e��i�V �1i x (�) d� + e �itbi 8i = 1; ::; n: Como vale para todo i; essa expressão para o z pode ser escrita de forma matricial: z = EX^ + Eb onde X^ é um vetor coluna com integrais do tipo: R e��i�V �1i x (�) d�: Agora, como: z � V �1y temos: y = V z = V EX^ + V Eb Linearização de Sistemas Não-Lineares Teorema de Taylor Seja a função f (x) : Podemos obter uma aproximação para essa função em torno do ponto x� usando um polinômio da seguinte forma: f (x) = f (x�)+f 0 (x�) (x� x�)+1 2 f 00 (x�) (x� x�)2+:::+ 1 n! fn (x�) (x� x�)n+Rn+1 onde Rn+1 é um resto da ordem n+ 1: Sem o resto Rn+1; trata-se de uma expansão de Taylor de ordem n da função f (x) em torno do ponto x�: 8 Quanto maior o valor de n; melhor a aproximação. Def.: Linearização: Linearizamos uma função quando fazemos uma aproxi- mação de Taylor em torno de x� usando um polinômio de ordem 1. Expansão de Taylor para funções de mais de uma variável Da mesma forma, temos a expansão de Taylor para funções de mais de uma variável: f (x1; x2) = f (x � 1; x � 2) + fx1 (x � 1; x � 2) (x1 � x�1) + fx1 (x�1; x�2) (x2 � x�2) +R2 onde fxi é a derivada parcial da função em relação a xi: Linearização de Sistema de EDO Seja o sistema: _y1 (t) = f 1 (y1 (t) ; :::; yn (t)) ::: _yn (t) = f n (y1 (t) ; :::; yn (t)) onde as funções f1; :::; fn não são lineares. Fazendo uma expansão de Taylor dessas funções em torno do estado esta- cionário, temos: _y1 (t) = f 1 (:) + f1y1 (:) (y1 � y�1) + :::+ f1yn (:) (yn � y�n) +R1 ::: _yn (t) = f n (:) + fny1 (:) (y1 � y�1) + :::+ fnyn (:) (yn � y�n) +R1 onde f i (:) é o valor da função i no estado estacionário; f iyj é o valor da derivada parcial da função i em relação a yj no estado estacionário e Ri são os resíduos de Taylor. Se o sistema estiver próximo do estado estacionário, a aproximação é boa, então os resíduos podem ser ignorados. Por de nição, o valor de cada função no estado estacionário é 0, então, os primeiros termos podem ser ignorados. Assim, camos com: _y1 (t) = f 1 y1 (:) (y1 � y�1) + :::+ f1yn (:) (yn � y�n) (2) ::: _yn (t) = f n y1 (:) (y1 � y�1) + :::+ fnyn (:) (yn � y�n) Esse sistema pode ser escrito sob a forma matricial e resolvido como resolve- mos os sistemas lineares anteriores: 9 _y = A (y � y�) onde _y = 24 _y1 (t)::: _yn (t) 35 A = 264 f 1 y1 (:) ::: f 1 yn (:) ... . . . ... fny1 (:) ::: f n yn (:) 375 y � y� = 24 y1 � y�::: yn � y� 35 obs.: A contém constantes avaliadas no estado estacionário. EDO com coe ciente variável Solução analítica para a seguinte EDO: _y (t) + a (t) y (t) + x (t) = 0 onde a (t) é uma função do tempo conhecida. y (t) = e� R t 0 a(�)d� � � � Z e R t 0 a(�)d�x (t) d (t) � + be� R t 0 a(�)d� 10
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