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DPC SEMESTRAL 
Direito Penal – Parte Especial 
Denis Pigozzi 
Data: 19/03/2013 
Aula 7 
DPC SEMESTRAL – 2013 
Anotador(a): Tiago Ferreira 
Complexo Educacional Damásio de Jesus 
RESUMO 
SUMÁRIO 
 
1) Dos crimes contra a pessoa...continuação; 
 
 
TÍTULO I - DOS CRIMES CONTRA A PESSOA 
 
Capítulo I 
Dos Crimes Contra a Vida - Artigos 121 / 128 do CP 
 
INFANTICÍDIO (Art. 123 do CP): 
 
“Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após.” 
Pena: Detenção de 02 a 06 anos. 
 
Em primeiro lugar, trata-se de um crime autônomo e não modalidade de homicídio privilegiado. 
 
Estado Puerperal: 
 
É o conjunto de alterações que ocorre no organismo da mulher, em razão do fenômeno do parto e que pode 
levar a um estado de rejeição em relação ao filho, e caso ela o mate responderá por tal crime. 
 
O estado puerperal deve ser comprovado por perícia médico-psiquiátrica. 
 
Cuidado: Caso sobrevenha, excepcionalmente, laudo inconclusivo, deve-se presumir que a mulher matou em 
razão de estado puerperal (ela responderá pelo crime menos grave - Art. 123 - in dúbio pro reo). 
 
Logicamente, se o laudo for negativo o crime é o de homicídio. 
 
Por que esse crime só pode ser praticado em determinado momento, isto é, durante o parto ou logo após o 
parto? Resp: Porque a expressão “logo após” que consta desse crime somente se aperfeiçoará enquanto durar 
o estado puerperal de cada mulher em cada caso concreto (geralmente dura alguns dias). 
 
Elemento subjetivo: 
 
É o dolo da mãe de matar em estado puerperal. 
 
NÃO EXISTE MODALIDADE CULPOSA DE INFANTICÍDIO. 
 
E se a mãe sob estado puerperal, por imprudência, provocar a morte do próprio filho? Resp: A maioria dos 
autores diz que essa mãe comete crime de homicídio culposo, sem dar maiores explicações. Para outros 
doutrinadores, liderados pelo festejado autor Damásio de Jesus, entendem que o fato é atípico porque há 
incompatibilidade entre o estado puerperal e a conduta culposa. Além disso, não se pode punir tal mulher por 
homicídio culposo porque ela nunca será efetivamente punida em razão do perdão judicial. 
 
 
 
2 de 4 
Sujeito Ativo: 
 
Trata-se de um crime próprio, pois a lei exige um requisito especial para a sua prática, no caso a autora é 
sempre a mãe que está sob estado puerperal. 
 
O INFANTICÍDIO ADMITE PARTICIPAÇÃO E COAUTORIA? Resp: SIM, admite ambos, conforme Art. 30 do CP 
(Lembrar que o coautor é aquele que pratica atos executórios, ao tempo que o partícipe auxilia moral ou 
materialmente o agente, não praticando atos executórios). 
 
Sendo assim, o infanticídio é um crime próprio, MAS NÃO É DE MÃO PRÓPRIA porque admite coautoria 
(Vale lembrar que crime de mão própria é aquele que somente pode ser cometido pelo autor em pessoa. Ex: 
falso testemunho e o crime do Art. 124 do CP - autoaborto ou consentir para que outrem o provoque). 
 
***O crime de mão própria NUNCA admite coautoria, mas apenas participação. 
 
Sujeito Passivo: 
 
É apenas o filho que está nascendo (filho nascente) ou que acabou de nascer (recém-nascido). 
 
Caso a mãe sob estado puerperal mate seu outro filho de 05 anos, o qual se encontra ao lado do berçário, 
comete homicídio (ou seja, o estado puerperal não necessariamente acarreta em infanticídio). 
 
Caso a mãe sob estado puerperal, imaginando matar seu próprio filho recém-nascido, acaba matando outro, 
filho de outra pessoa, responde por infanticídio putativo. Temos nesse caso o chamado erro sobre a pessoa, 
que faz parte do chamado erro de tipo acidental (aquele que sempre prejudica o réu), conforme Art. 20, §3º 
do CP. No erro sobre a pessoa o agente confundiu a vítima que queria atingir com uma outra pessoa (erro de 
interpretação), e tem como consequência a plena responsabilidade do agente pela prática do crime, levando-
se em consideração exclusivamente as qualidades da vítima virtual e não daquela efetivamente atingida. 
 
Aproveitando a oportunidade, não confundir erro sobre a pessoa com o chamado erro na execução, aberratio 
ictus, do Art. 73 do CP, pois neste houve apenas má pontaria do agente que queria matar uma pessoa, mas 
errou o alvo e acabou matando outra pessoa. EMBORA EXISTA TAL DIFERENÇA, A CONSEQUÊNCIA DOS DOIS 
INSTITUTOS É A MESMA NA HIPÓTESE EM QUE O RESULTADO FOR ÚNICO NA ABERRATIO ICTUS. 
Isso porque, na aberratio ictus, caso o resultado for duplo, temos o concurso formal de crimes. 
 
 
 
ABORTO (Arts. 124 /128 do CP): 
 
Conceito: É a interrupção da gravidez, com a consequente morte do feto. 
 
OBS: Nem todo tipo de aborto é considerado criminoso, pois temos o aborto natural (espontâneo); aborto 
acidental (decorrente de uma queda). 
 
Temos também as duas hipóteses legais de aborto legal ou permitido: 
 
1 - Aborto necessário ou terapêutico (Art. 128, inciso I do CP); 
2 - Aborto sentimental ou humanitário (Art. 128, inciso II do CP). 
 
 
 
 
3 de 4 
 
Características Gerais a TODAS as espécies de aborto criminoso (Arts. 124 / 126 do CP): 
 
1ª) Objetividade Jurídica: 
 
É tirar a vida do feto. No caso do aborto não ser consentido pela gestante, protege-se também a incolumidade 
física e psíquica desta mulher, além do seu direito à vida. 
 
2ª) Consumação: 
 
Ocorre com a morte do feto, sendo por isso classificado como crime material em todas as suas espécies. 
 
3ª) Tentativa (crime manco ou conatus): 
 
É possível em todas as hipóteses de aborto criminoso. 
 
4ª) Elemento Subjetivo*** 
 
É o dolo direto ou eventual, este último demonstrado principalmente quando a própria gestante perde seu 
feto ao praticar esportes radicais. 
 
Não existe aborto culposo como crime autônomo, não se esquecendo que o aborto culposo É UMA FIGURA 
EXCLUSIVAMENTE PRETERDOLOSA DA LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA, conforme Art. 129, §2º, inciso V do CP. 
 
 
1) ABORTO CRIMINOSO DO ART. 124 DO CP: 
 
Temos dois crimes diferentes aqui. 
 
O primeiro deles é chamado de autoaborto, onde a própria gestante é que executa a manobra abortiva. O 
sujeito ativo é apenas a gestante, ao passo que o sujeito passivo é o feto. 
 
O segundo crime ocorre quando a própria gestante consente para que terceiro provoque o aborto. 
Vale lembrar que, conforme dito há pouco, mesmo nessa hipótese o aborto apenas se consuma com a morte 
do feto. 
Nessa hipótese, só falamos no início da execução do crime, e consequentemente na tentativa, com o início das 
manobras abortivas. 
 
O sujeito ativo é apenas a gestante, ao passo que a vítima é o feto. 
 
Cuidado: Nesses dois crimes do Art. 124 do CP, podemos falar que são crimes próprios E também de mão 
própria. 
 
Com base neste último dado conclui-se que tal crime não admite coautoria, mas apenas participação, como 
por exemplo, quando a mãe ou o namorado incentivam a prática do aborto. 
 
 
 
 
 
 
 
4 de 4 
2) PROVOCAR ABORTO COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE - ART. 126 DO CP: 
 
O sujeito passivo desse crime é apenas o feto. Por sua vez, o sujeito ativo desse crime é apenas o terceiro ou 
terceiras pessoas que praticam o aborto (não se trata de crime de mão própria) após o consentimento da 
gestante. 
 
Trata-se de uma verdadeira EXCEÇÃO PLURALISTA À TEORIA MONISTA, pois a lei pune pessoas, mesmo 
estando naquele evento delituoso, pela prática de crimes diferentes. 
 
É lógico também que o crime do artigo 126 admite participação, como por exemplo, a recepcionista da clínica 
clandestina. 
 
 
3) PROVOCAR ABORTO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE - ART. 125 DO CP: 
 
O sujeito ativo é apenas o terceiro que pratica a manobra abortiva, ao passo que o sujeito passivo é duplo, no 
caso a gestante e o feto, sendo classificado como crime de dupla subjetividade passiva. 
 
Casos Práticos: 
 
a) Se alguém mata uma mulher grávida responde pelo crime de homicídio doloso e também por aborto no 
mínimo com dolo eventual, desde que saiba do estado da gravidez,porque o Código Penal adotou a 
responsabilidade penal subjetiva. 
 
b) Na gravidez de gêmeos haverá concurso formal impróprio (o agente age com desígnios autônomos e as 
penas devem ser somadas, desde que o agente saiba dessa circunstância, pois caso contrário responderá por 
crime único). 
 
Por fim, o crime do Art. 125 pode ser cometido por dois modos: 
 
I - Sem o consentimento da gestante; 
II - Nas hipóteses do parágrafo único do Art. 126 do CP.

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