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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLOGICAS – CCAAB/UFRB CAMPUS – CRUZ DAS ALMAS MORFOLOGIA E ANATOMIA DE ANGIOSPERMAS PROFESSORA: GIRLENE SANTOS DE SOUZA MORFOLOGIA DA RAIZ Na maioria das plantas a raiz é um órgão subterrâneo e, portanto, não facilmente visível, crescendo em sentido oposto ao do caule. Possui, geralmente, geotropismo positivo e fototropismo negativo, ou seja, cresce em sentido do solo, contrário à luz. A raiz tem a função de fixar o vegetal ao solo, absorver e conduzir a água e os sais minerais. Ela também é muito importante, pois pode armazenar substâncias, sendo usada como alimento, como a cenoura, batata-doce, beterraba entre outras. Muitas raízes são usadas como medicinais, não só pela população, como também na medicina. A raiz apresenta, também, uma série de características como ausência de folhas e gemas, sem segmentos de nós e entre-nós; em geral são aclorofiladas (excetos as aéreas como as orquídeas). Apresenta coifa e pêlos radiculares, além de um crescimento subterminal, ou seja, as células meristemáticas, que promovem o crescimento longitudinal da raiz, estão envolvidas por mais uma camada de células, chamada coifa, que protegem contra a transpiração excessiva e o atrito com o solo. Morfologia Observem no esquema abaixo as partes de uma raiz: Podemos observar que, morfologicamente, a raiz tem 4 partes. A zona suberosa, também chamada de zona de ramificação, onde ocorrem as ramificações da raiz primária; a zona pilífera ou de absorção tem a função de absorver água e sais e apresenta inúmeros pêlos absorventes, daí o seu nome; a zona lisa ou de alongamento, como o nome já diz, tem a função de promover o crescimento da raiz, que é subterminal; é onde encontramos as células meristemáticas; e a coifa, também chamada de caliptra, tem a forma de um dedal e protege contra o atrito e transpiração excessiva, sobretudo a região meristemática na zona lisa. A região que fica entre a raiz e o caule é conhecida como colo ou coleto. A raiz primária da planta tem origem no embrião da semente, mas há raízes que se originam, posteriormente, de diversas partes do caule, sendo chamadas de adventícias. Classificação A maioria das raízes é subterrânea (se desenvolvem sob a terra), mas existem as aéreas e as aquáticas. Assim, podemos classificar a raiz quanto ao habitat, ou seja, o ambiente em que elas se encontram, em aéreas, aquáticas e subterrâneas. Raízes Aéreas 1. Grampiformes: são raízes adventícias, que fixam a planta em substratos como muros, paredes ou mesmo outras plantas, como ocorre com a espécie Hedera helix (hera), família Araliaceae. 2. Estranguladora ou cintura: conhecidas como matapau, essas raízes adventícias se desenvolvem ao redor de outra planta, que lhe serve como suporte ou substrato inicial, sufocando-a e matando-a. 3. Respiratórias ou pneumatóforos: são raízes adventícias, que crescem em sentido contrário, ou seja, apresentam geotropismo negativo; elas apresentam pequenos orifícios chamados pneumatódios (lenticelas), com a função de fornecer oxigênio às partes submersas, geralmente em plantas de mangues. 4. Haustórios ou sugadoras: são adventícias, apresentam órgãos de contato chamado apressórios, dentro dos quais encontramos os haustórios, que são raízes finas que penetram em outro vegetal para parasitá-lo. 5. Suportes ou escoras: são adventícias partindo de diversos pontos do caule e se fixam no solo, auxiliando na sustentação do vegetal como o milho. 6.Tabulares: atingem um desenvolvimento espetacular, tomando o aspecto de enormes tábuas ou pranchas perpendiculares ao solo, com a função de aumentar a estabilidade do vegetal, já que são, em geral, árvores gigantescas como as figueiras. Raízes Aquáticas São aquelas que se desenvolvem no ambiente aquático, como o aguapé. Raízes Subterrâneas As raízes subterrâneas são a maioria que conhecemos e, obviamente, seu habitat é sob o solo. Existem alguns tipos de raízes subterrâneas e podemos começar com a raiz axial ou pivotante; este tipo de raiz é típica de dicotiledôneas, como a maioria das árvores, e, devido ao seu porte, precisam de um suporte maior do que as gramíneas, por exemplo. Assim sendo, suas raízes são, em geral, axiais, apresentando uma raiz principal bem desenvolvida, cheia de ramificações secundárias. Também podemos citar as raízes fasciculadas, típicas de monocotiledôneas, como o “capim pé-de-galinha” ou a “grama” de um modo geral, que apresentam um feixe de raízes sem a principal (que se atrofiou) com um aspecto de “cabeleira”. Raiz Tuberosa A raiz tuberosa é uma adaptação para reservas nutritivas como a cenoura, beterraba, rabanete, entre muitos outros; ela é dilatada pelo acúmulo de reservas nutritivas. Síntese A raiz é um órgão geralmente subterrâneo, que fixa a planta ao solo, absorve água e sais minerais, além de reservar alimentos. Apresenta, em geral, geotropismo positivo e fototropismo negativo, aclorofiladas e crescimento subterminal. Morfologicamente, observam-se quatro zonas: coifa, zona de crescimento ou lisa, zona pilífera, e zona suberosa ou de ramificação. Também encontramos uma região de transição entre a raiz e o caule, chamada colo ou coleto. Quanto à origem, podemos dizer que as normais são as originárias da radícula do embrião da semente e as adventícias as formadas por partes aéreas ou caules subterrâneos. Quanto ao habitat, podemos classificá-las em: aéreas, aquáticas ou subterrâneas. Podemos classificar as aéreas em: estranguladoras, grampiformes, respiratórias, sugadoras, suportes e tabulares. Podemos classificar as subterrâneas em: axial, fasciculada, ramificada e tuberosa. As dicotiledôneas apresentam raízes axiais e as monocotiledôneas fasciculadas. MORFOLOGIA DO CAULE É um eixo que cresce em direção contrária ao solo, apresentando geotropismo negativo e fototropismo positivo, ou seja, crescendo em direção à luz, e que se ramifica. Tem a importante função de sustentar folhas, flores, frutos e sementes, além de conduzir substâncias alimentares, crescimento e propagação vegetativa; mais raramente fazem a fotossíntese e reservam alimentos. Também é importante para o homem, porque é utilizado no alimento, na indústria, comercialmente e até medicina, como o gengibre. O caule apresenta como características mais importantes: o corpo dividido em nós e entre-nós; em geral, presença de folhas e botões vegetativos geralmente aclorofilados (exceto os herbáceos) e aéreos (excetos bulbos, rizomas etc.). O meristema apical do sistema caulinar é uma estrutura dinâmica que, além de adicionar células ao corpo primário da planta, produz repetitivamente primórdios foliares e primórdios de gemas. O caule tem origem na gêmula do caulículo no embrião da semente e exógena, nas gemas caulinares. Morfologia Externa Nó - região geralmente dilatada onde saem as folhas. Entrenó - região entre dois nós. Gema terminal - no ápice, com escamas, ponto vegetativo e primórdios foliares. Pode produzir ramo folioso ou flor e promove crescimento. Há gemas nuas. Gema lateral - semelhante à anterior produz ramo folioso ou flor nas axilas das folhas. Muitas vezes, permanece dormente. Classificações: Podemos classificar os caules sob alguns aspectos como o habitat, desenvolvimento e ramificação. Quanto ao Habitat, podemos classificá-los em Aéreos, Subterrâneos e Aquáticos. Caules Aéreos São os que se desenvolvem acima do solo, podendo ser eretos quando se desenvolvem perpendiculares ao solo, ou seja, em sentido vertical (ereto); rastejantes que se desenvolvem paralelos ao solo e sobre ele; e os trepadores, quecrescem sobre outro suporte. ERETOS - Crescem verticalmente. 1.Tronco- de grande dimensão, lenhoso, resistente, ramificado. Ex: árvores e arbustos. 2. Haste - Herbáceo, verde, pouco lenhoso e desenvolvido, às vezes com entrenós muito curtos. Ex.: ervas e subarbustos. 3. Estipe - Lenhoso, resistente, sem ramificação, com capitel de folhas no ápice. Ex.: palmeiras, mamão. 4. Colmo - Silicoso, com nós e entrenós bem marcados, com folhas invaginantes. Podem ser cheios como na cana-de-açúcar, ocos ou fistuloso, como na espécie de bambu. 5. Escapo - O que sai do rizoma ou bulbo, afilo, não ramificado e sustenta flores na extremidade. Ex.: Margarida. Podemos classificar os caules sob alguns aspectos como o habitat, desenvolvimento e ramificação. Subterrâneos De um modo geral, os caules são aéreos, mas há os que se desenvolvem de forma diferente, como os subterrâneos, que se desenvolvem sob o solo e apresentam alguns tipos bem distintos: 1. Rizoma - Caule horizontal, emitindo brotos aéreos de pontos em pontos, com nós e entrenós, gemas e escamas como na espada-de-são-jorge e na bananeira. Nesta última planta o “caule aéreo” é um pseudocaule, formado pelas bainhas das folhas que se originam do rizoma. 2. Tubérculo - com reservas nutritivas, tem aspecto hipertrofiado, formato arredondado ou ovóide. Pode apresentar folhas reduzidas escamiformes e gemas laterais. Verifica-se na batata-inglesa. 3. Bulbo – é um eixo cônico que constitui o caule, chamado também de prato, do qual se originam folhas também subterrâneas. Ex cebola, alho, açafrão. Aquáticos São os que se desenvolvem na água. Exemplo: plantas aquáticas. De acordo com a ramificação que apresentam, existem os INDIVISOS (sem ramificação) e os RAMIFICADOS (que são os que se ramificam). Existem 2 tipos de ramificações: Adaptações do Caule São modificações dos caules normais, como conseqüência das funções que exercem ou pela influência do meio. Podemos observar alguns tipos: 1. Cladódio ou filocládio - caule carnoso, verde, achatado, lembrando folhas que estão ausentes ou rudimentares. Ex: cactos, Homalocladium. 2. Gavinhas - ramos filamentosos, axilares, aptos a trepar, enrolando-se em hélice em suportes. Ex: maracujá. 3. Espinhos caulinares - órgãos endurecidos e pontiagudos. Ex: limão. Para reforçar as diferenças entre as raízes e caules observe o quadro a seguir: Síntese • O caule é geralmente aéreo, que conduz a seiva, sustenta as folhas, flores, frutos e sementes. • Apresenta geotropismo negativo e fototropismo positivo. • O caule tem nó, entrenó, gema lateral e terminal. • Tem origem na gêmula do caulículo do embrião da semente e exógena nas gemas. MORFOLOGIA DA FOLHA É uma expansão laminar lateral do caule, com simetria bilateral e crescimento limitado, constituindo-se num órgão vegetativo, com gemas axilares, com funções metabólicas importantes. A folha também é importante para a purificação do ar, na alimentação, como medicinal, industrial, na adubação etc. Mas a função mais importante da folha é a fotossíntese, além da respiração e transpiração, da condução e distribuição da seiva. A folha tem origem na gêmula ou plúmula do embrião da semente e também pode ser exógena, com expansões laterais dos caules. Morfologia da Folha Completa Limbo - parte laminar e bilateral. Pecíolo - haste sustentadora do limbo. Bainha ou estípulas - bainha é a base alargada da folha que abraça o caule (tinhorão - Araceae) são 2 apêndices laminares em cada lado. Folhas incompletas: quando falta uma das partes constituintes. O Limbo se classifica quanto ao número em: folha simples (limbo inteiro) ou folha composta (limbo dividido em folíolos). Foliolo são partes individuais de um limbo de folha composta. Nomenclatura Foliar De acordo com a presença ou ausência de estruturas, podemos observar: Folha peciolada - com pecíolo. Folha séssil - sem pecíolo. Folha amplexicaule - base do limbo abraça o caule, “serralha”. Folhas invaginantes - bainha envolve o caule em grande extensão como Gramínea. Filódio - pecíolo dilatado e achatado semelhante a um limbo, em geral ausente. Acacia sp. Pecíolo alado - com expansões aliformes laterais, como a “laranjeira”. Heterofilia - é o polimorfismo de folhas normais, ou seja, no mesmo indivíduo encontramos folhas de diversas formas, como cabomba, eucalipto e macaé. Peciólulo - é o pecíolo dos folíolos das folhas compostas, como espatódea e carrapicho. Pseudocaule - falso caule, formado pelas bainhas foliares superpostas. Ex.: bananeira. Folhas Reduzidas São as que têm um grau menor de organização se comparadas com as normais. 1. CATÁFILOS - folhas reduzidas nas partes inferiores, aclorofiladas, escamiformes. 2. COTILÉDONES - primeira(s) folha(s) do embrião, também chamada de folha primordial. 4. HIPSÓFILO - folhas reduzidas entre folhas e flores na parte superior do vegetal, especialmente brácteas e bractéolas (três-marias). 5- ESTÍPULAS -são apêndices que se formam de cada lado da base foliar. 6. ESTIPÉLULAS - são estípulas dos folíolos. 7. LÍGULA- apêndice membranoso situado entre limbo e bainha (graminea). 8. ÓCREA - conjunto de 2 estípulas concrescentes, circundando o caule com uma bainha (erva-de-bicho). Folhas Modificadas 1. INSETÍVORAS - Folhas que aprisionam e digerem pequenos animais, com pêlos glandulares (Drosera). 2. ESPINHOS - folhas ou partes foliares modificadas como a raque e as estípulas. Têm formato pontiagudo e consistência rígida. Ocorrem, por exemplo, nas espécies da família Cactaceae. 3. GAVINHAS - órgão de fixação que a planta utiliza para trepar em algum suporte. Podem ser observadas no chuchu e no cipó-de-são-joão. 4. HETEROFILIA - polimorfismo das folhas normais (eucalipto, cabomba). São modificações das folhas em conseqüência das suas funções ou influência do meio físico. São as que têm um grau menor de organização se comparadas com as normais. Classificações Quanto à nervação: Uninérvea - com única nervura (sagu-de-jardim). Paralelinérvea - com nervuras secundárias paralelas a principal (graminea). Peninérveas - com nervuras secundárias ao longo da principal (vinca). Palminérvea ou digitinérvea - nervuras saem do mesmo ponto e divergem em várias direções (mamoeiro, brinco-de-princesa). Curvinérveas - nervuras secundárias curvas (língua-de-vaca). Quanto à filotaxia Alterna - parte uma folha de cada nó foliar, alternadamente. Opostas - partem duas folhas opostas do mesmo nó, uma em frente à outra. Verticilada - de um nó surgem várias folhas que se cruzam, formando um verticilo foliar. Quanto à margem: Inteira Serrada Dentada Crenada Quanto à forma básica: Orbiculares - arredondadas. Ovadas - a base é mais larga que o ápice. Obovadas - o ápice é mais largo que a base. Oblongas - ápice e base são iguais. Lanceoladas - o meio do limbo é mais largo. Assimétricas - um lado é diferente do outro. Em relação à superfície foliar: folha glabra, aquela que não apresenta tricomas na superfície foliar, e folha pilosa quando apresentar tricomas. Síntese • A folha é uma expansão lateral do caule, com função de fotossíntese, respiração, transpiração, condução e distribuição da seiva. • Tem origem na plúmula do embrião da semente ou exógena, nas gemas caulinares. • A folha apresenta limbo, pecíolo, bainha ou estípulas, podendo faltar qualquer uma das partes.
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