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FMU Direito Público

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Prof. Dr. Maurício Fucsek
Prof. Dr. Miguel Augusto Machado de Oliveira
Prof. Dr. Wallace Ricardo Magri
 
 
Coordenador de EAD: 
Prof. Dr. Wallace Ricardo Magri
Assistentes de Diretoria: 
Daniela Espiñeira Gois 
Débora Guedes Cavalari
Fundamentos do 
Direito Público
5
FMU
 tema I 
Regulação jurídica do poder público
1) O poder:
Para entendermos o que significa poder, necessário tecer alguns comentários preliminares.
Desde o início das civilizações, os seres humanos se organizam em pequenos grupos 
para aumentar a sua capacidade de sobreviver. 
Sem dúvida, os seres humanos não vivem sós. A própria vida em sociedade impõe a 
formação de grupos sociais. 
 A Vida humana é uma experiência compartilhada, em que cada ser humano interage 
com o grupo ao qual ela faz parte. Esses grupos sociais são formados naturalmente, em todas 
as ordens, desde sociais até familiares.
Todavia, a convivência dos indivíduos em grupo depende de um fator essencial: existência 
de regras estabelecendo como devem ser as relações entre todos que ali convivem.
 - Conclusão: a convivência depende de organização.
 - Grupo social: reunião de pessoas que se submetem a determinadas regras.
Importante: como essas regras existem e porque as pessoas as respeitam?
Pela força, que produz e faz permanecer as regras. Essa força é chamada de poder.
Assim, vamos analisar o que entendemos por poder:
2) Conceito de poder:
 - Poder é a possibilidade de contar com a obediência a ordens específicas por parte 
de um determinado grupo de pessoas. Todo poder carece do aparelho administrativo para 
a execução das suas determinações. O que legitima o poder não é tanto, ou não é só, uma 
motivação afetiva ou racional relativa ao valor: a esta se junta a crença na sua legitimidade. O 
poder do Estado de direito é racional quando, escreve Weber, “se apóia na crença da legalidade 
dos ordenamentos estatuídos e do direito daqueles que foram chamados a exercer o poder” 
(Bobbio, 2000, p. 402).
Em outras palavras, poder é a submissão de alguns em detrimento de outro; através 
dele se obtêm um comportamento humano, pois as pessoas acham que é aquele modo de 
proceder é certo, ou mesmo legítimo. Se o poder não existisse, cada uma agiria de acordo 
6
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO
com o que julga certo, ou mesmo com base em convicções e crenças puramente individuais.
3) O poder político:
É certo que a formação de todo grupo pressupõe o exercício de um poder. 
Portanto cada grupo exerce diferentes formas de manifestação do poder, como por 
exemplo, a família, o trabalho, o clube, a academia etc.
Importante: 
O Brasil, por se caracterizar como um grupo, indiscutivelmente sujeita seus habitantes a 
um poder, que nós chamamos de poder político. 
Mas, quais são as características de poder, vamos a elas:
4) Características do poder político:
1ª) uso da força física (para aqueles que não seguem as regras)
Obs. importante: o Estado reserva para si o uso exclusivo dessa força, portanto a segunda 
característica é:
2ª) não reconhecimento a ninguém de poder semelhante ao seu – estado. O estado usa 
exclusivamente a força física.
Uma vez reduzido o conceito de Estado ao de política e o conceito de política ao de poder, 
o problema a ser resolvido torna-se o de diferenciar o poder político de todas as outras formas 
que pode assumir a relação de poder.
“O poder político vai-se assim identificando com o exercício da força e passa a ser definido 
como aquele poder que, para obter os efeitos desejados (retomando a definição hobbesiana) 
tem o direito de se servir da força, embora em última instância, como extrema ratio. (...). Se o 
uso da força é a condição necessária do poder político, apenas o uso exclusivo deste poder lhe 
é também a condição suficiente.” (Noberto Bobbio, Estado, poder e sociedade, p. 78-80 e 81)
3ª) soberania: não reconhece nenhum poder interno ou externo superior ao seu (se 
impõe perante eles).
Portanto, o poder político é o poder ou expressão da manifestação do Estado, tendo como 
característica primordial manter-se com o uso da força de forma exclusiva e soberana.
5) Estado-poder e estado-sociedade:
No Estado quem é o detentor do poder e quem é o seu destinatário?
• Detentor do poder político é chamado de Estado-poder
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FMU
• Destinatário é chamado de Estado-sociedade 
Vamos analisá-los:
Estado-Poder - integrado por aqueles que definem as regras de convivência e aplicam 
o uso da força se necessário (ex: Presidente da República, Ministros, Deputados, Senadores, 
Governadores, Prefeitos, Vereadores, Juízes, servidores públicos). É uma pessoa jurídica 
comumente chamada de Estado – nação política e juridicamente organizada. O Estado é 
um ente criado – não tem existência física. As pessoas que ali estão (chamadas de agentes 
públicos), não agem em nome próprio, mas em nome do Estado, a pessoa jurídica que eles 
representam!
Estado-sociedade - é formado por todos os habitantes do país. 
6) O estado-poder e a norma jurídica:
Estado poder é aquele que cria ou faz cumprir as regras e rege as relações entre as pessoas; 
caso as regras não sejam cumpridas espontaneamente, o Estado socorre-se do uso da força 
para obter a obediência. 
Portanto, essas regras criadas e impostas são chamadas de normas jurídicas.
Normas jurídicas são regras de conduta, impostas à sociedade.
Mas o que diferencia uma norma de uma norma jurídica (ex.: não cortar fila)?
A jurídica, caso descumprida, permite a sua imposição através do uso da força.
Mas como é a convivência entre o Estado e a sociedade? Existem regras disciplinando 
essa convivência?
SIM. As chamadas normas jurídicas existem para reger as relações entre as pessoas e 
entre as pessoas e o Estado.
7) Distinção entre poder público e privado:
O Direito privado é o ramo do direito que disciplina as relações entre os particulares 
– indivíduos, dentro do Estado-sociedade.
Já o direito público é o ramo do direito que disciplina as relações entre o Estado e os 
indivíduos, organiza a distribuição do poder político dentro da pessoa jurídica - Estado (agentes 
e órgãos) e regula as relações entre os vários Estados (entre detentores de poder político).
O estudo da matéria tangencia a análise das normas jurídicas do poder político.
Mas, porque existe um sistema em que são fabricadas as normas jurídicas para que todos 
se submetam a elas?
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO
Para que haja convivência harmônica e buscar o bem comum dos indivíduos 
coletivamente considerados.
Questões: 
I. O que é poder?
II. Como se define o poder político? 
III. Quais são as características do poder político?
IV. Diferencie estado-poder e estado-sociedade.V. O que distingue o direito público do direito privado?
Referência bibliográfica:
• SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª ed., 
2010.
• MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007.
• SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São Paulo: 
Malheiros, 2007.
• Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br
tema II
 Evolução histórica da regulação do 
poder político
Considerações iniciais:
Importância: contextualização do direito no aspecto histórico, político e ideológico. 
O estudo do direito público deve ser feito a partir das normas vigentes no país, mas para 
entendê-las melhor, é preciso situá-las na história, já que o direito é fruto de produção cultural.
É preciso entender que a partir das Revoluções americanas e francesas as relações entre 
os indivíduos e o Estado ganharam uma nova concepção. Por isso faz-se necessário o estudo 
dessa evolução histórica.
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FMU
Fases evolutivas:
1) Pré-história:
O uso da força manifestava o poder. Aqui não se fala em poder político, já que não havia 
reserva do uso da força a uma pessoa em especial. O que ocorreria era que qualquer um 
disputava suas posições nos grupos por meio da força.
Só há um início de poder político quando as pessoas começam a se fixar nas terras, com 
fixação de regras e um líder no comando.
Aqui não há Estado ou sociedade como conhecemos hoje. As regras existentes são 
estabelecidas por eles próprios; mas existem regras relacionadas com o exercício do poder, 
como a sucessão de um chefe por outro e divisão de atribuições.
2) Antiguidade:
Gregos e Grécia – a lei que regulava a vida nas cidades – explicitado através do poder 
divino dos soberanos.
Lei para eles era sagrada e imutável, advinda de um poder divino, que integrava o conceito 
à religião.
O julgamento é realizado por autoridades públicas – mas as normas que disciplinavam 
esse julgamento (hj chamado de processo civil) não tinham nenhuma autonomia. 
Só havia julgamento de casos envolvendo indivíduos, e não entre esses e o Estado 
– Poder Público.
Importante: não há como questionar, perante um órgão julgador, o desrespeito pelos 
detentores do poder político das normas que regulavam seu exercício. 
Portanto só tenho proteção e as regras entre os cidadãos – entre si! O estado encontra-se 
acima dos tribunais.
Até havia o julgamento de autoridades e questões relativas ao próprio Estado, mas esse 
não era feito por um órgão judicial, mas sim por funcionários que tinham um grande poder 
coercitivo, que não se submetem à fiscalização judicial ou intervenção de juízes.
Nesse momento desconhecia a noção de divisão de tarefas – PL e PE, não existindo um 
direito administrativo, que regula essas atividades.
Não existem direitos individuais; em especial no que tange ao direito à liberdade individual 
em face da autoridade. O homem nesse contexto histórico não se acha titular de direitos em 
face da cidade e dos deuses – caráter sagrado e religioso.
Conclusão: não houve nesse período a distinção entre direito público e direito privado, já 
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO
que não era possível estudar-se a fundo a regulação jurídica do poder político.
3ª) Idade média:
Marcada pela dispersão da autoridade entre inúmeros centros de poder – igreja, senhores 
feudais, corporações de oficio etc. 
Com a autoridade central enfraquecida, todos (principalmente os religiosos e senhores 
feudais) disputam o poder e o estabelecimento das regras de natureza judicial, legislativa e 
executiva.
Como não há uma definição de autoridade central única, havendo estabelecimento 
de regras por várias autoridades menores (igreja, senhores feudais, corporações de oficio, 
imperador) faz com que se aumente a importância para o surgimento de ordem e autoridade, 
que seria o embrião do Estado moderno.
4ª) Absolutismo:
Idade Moderna. Tem como característica a centralização do poder no soberano – clara 
relação de submissão. Aqui tem-se a origem do Estado moderno: poder soberano dentro de 
um território, que sujeita os demais – normas ligadas ao poder político. Todavia, o poder 
soberano não encontra limitações nem interna nem externamente.
Princípio que rege o período: ninguém poderia ser obrigado a obedecer a si próprio. 
Normas que explicitam o poder político:
1) O Estado é criador da norma jurídica, mas não se submete à ela.
2) O Estado, e portanto o soberano, não pode ser questionado via julgamento. Parecia 
ilógico o estado julgar a si próprio.
3) O Estado era irresponsável juridicamente.
4) Estado polícia (poder de polícia): impunha restrições e limitações às atividades 
particulares. Não existiam limitações do indivíduo frente ao Estado, somente entre os 
indivíduos.
5) Todos os poderes são centrados na mão do soberano.
Portanto, esse período é marcado pelas idéias: poder deve ser acatado e ilimitado. Não 
podemos falar ainda em desenvolvimento do estudo do direito público.
5ª) Idade contemporânea:
Fase de regulação do poder político. Aqui surge a ciência do direito público. Tem como 
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FMU
marcos as Revoluções francesas e americanas.
Os sujeitos que exercem o poder político deixarão de simplesmente impor regras, mas 
também se submetendo a ela – dever de obediência – há possibilidade do controle do poder 
pelos destinatários.
1º marco: Magna Carta de 1215, do Rei João sem terra.
Surge aqui o conceito de Estado de Direito, ou seja, estado que realiza suas atividades sob 
o manto da ordem jurídica (contraposição ao Estado-polícia).
Questões: 
I) Identifique quais são as fases históricas da evolução do poder político. 
II) Qual das fases estudadas corresponde a atual situação do ordenamento jurídico brasileiro?
III) Os poderes do Estado conhecem algum limite no absolutismo?
IV) Qual a diferença entre o poder na antiguidade e o poder na idade contemporânea? 
Referência bibliográfica
• SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª ed., 
2010.
• MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007.
• SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São Paulo: 
Malheiros, 2007.
• Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br
tema III
O estado de direito
Para começarmos, é necessário entender que o conceito de Estado de Direito está incluído 
em todas as demais classificações de Estado (liberal, social e democrático), uma vez que o 
Estado de Direito nada mais é do que a submissão do titular do poder político às regras que 
são impostas à sociedade. Essa é a diferença entre Estado de Direito e Estado de Polícia, que 
como visto na aula anterior, nada mais é do que o Estado que estabelece regras, mas que não 
se submete a elas (chamada de fase de irresponsabilidade do Estado).
Assim, a partir do momento que o Estado tem responsabilidade frente à sua sociedade, 
tem-se o chamado Estado de Direito, repisa-se característica presente no Estado liberal, Estado 
social e Estado democrático de Direito.
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO
O Estado de Direito é aquele que se caracteriza por ter Separação dos Poderes em diversas 
autoridades e uma norma máxima a ser respeita por todos, que chamamos de Constituição.
A partir dessa informação, extraímos o conceito de Estado de Direito, como sendo aquele 
“criado e regulado por uma Constituição, onde o exercício do Poder Político seja dividido em 
órgãos autônomos e harmônicos, que controlem uns aos outros, de modo que a lei produzida 
por um deles tenha de ser necessariamente observada pelos demais e que os cidadãos, sendo 
titulares de direitos, possam opô-los ao próprio Estado” (Carlos Ari Sundfeld, Fundamentos de 
Direito Público, p. 38-39)
Com base nessas breves considerações, as relações entre os indivíduos eo Estado tem 
como pontos de toque os seguintes temas:
1) Supremacia da Constituição
2) Separação dos Poderes
3) Superioridade da lei
4) Garantia dos Direitos Individuais.
Vamos analisá-los, com base no funcionamento e relacionamento entre eles:
1) Supremacia da Constituição:
A norma jurídica mais importante de um Estado é a Constituição Federal. Nela estão 
consagrados os mais fundamentais e estruturais direitos, organizando o Estado e o Poder, 
bem como garantindo direitos fundamentais a todas as pessoas.
Classicamente, o ordenamento jurídico é visto como uma pirâmide, estando no topo dela 
a Constituição Federal. Por estar acima de todas as demais normas, é ela que estabelece a 
forma de funcionamento do Estado, julgamento dos conflitos, bem como a forma de confecção 
das leis.
É por esta razão que as leis tiram seu fundamento de validade da própria Constituição. 
Se a lei foi confeccionada, seguindo todos os trâmites constitucionais, será obrigatória a todos 
os Poderes. Da mesma forma as sentenças judiciais e os atos administrativos.
Assim, a Constituição é suprema em relação a todas as demais normas jurídicas, só 
podendo ser alterada por processo mais dificultoso, chamado de emendas constitucionais, 
como manifestação do poder constituinte derivado.
2) Separação dos poderes:
O objetivo de Montesquieu ao idealizar os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, 
era preservar os privilégios da sua própria classe, a nobreza, ameaçada tanto pelo rei, que 
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FMU
almejava recuperar sua influência nacional, quanto pela burguesia, que dominando o poder 
econômico, intentava o poder político. Elaborou, então, sua teoria que repartia o poder entre 
a burguesia, nobreza e realeza, afastando, deste modo, a possibilidade da burguesia em 
crescimento ser a sua única detentora.
Mesmo tendo essa origem histórica, a separação dos poderes se mostra de extrema 
importância ao Estado de Direito, já que há divisão do poder, que originalmente emana do 
povo, bem como o controle mútuo entre os exercentes desse poder. 
A separação dos poderes está prevista no artigo 2º da Constituição Federal, com divisão 
do poder entre o Executivo, Legislativo e Judiciário.
Cada poder tem sua função típica ou precípua. Vamos analisá-los:
Legislativo: elabora as leis (desde a Emenda Constitucional até as leis ordinárias), bem 
como exerce o controle político do Poder Executivo e realizar a fiscalização orçamentária de 
todos os que lidam com verbas públicas. 
O Poder Legislativo Federal é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara 
dos Deputados e do Senado Federal (sistema bicameral). 
Executivo: exercido pelo Presidente da República em âmbito federal, tem a função de 
administrar e executar as leis feitas pelo legislativo, coordenando toda a função administrativa 
do Estado brasileiro.
Judiciário: sua atribuição é solucionar conflitos que surgidos na sociedade, julgando com 
base na Constituição Federal e nas demais normas vigentes no país. É exercido pelos juízes em 
primeira instância, e pelos desembargadores e ministros na segunda instância.
3) Superioridade da lei: 
A lei, instrumento que representa a vontade geral das pessoas, é imposta a todos e 
também ao próprio Estado, que a cria. A lei, portanto, condiciona todos os Poderes, devendo 
ser observada e respeitada. Essa submissão do Estado às leis é a principal característica do 
Estado de Direito.
4) Garantia de direitos individuais fundamentais: 
O Estado Liberal cria os chamados “direitos de primeira geração”, que decorrem da 
própria condição de indivíduo, de ser humano, situando-se, desta feita, no plano do ser, de 
conteúdo civil e político, que exigem do Estado uma postura negativa em face dos oprimidos, 
compreendendo, dentre outros, as liberdades clássicas, tais como, liberdade, propriedade, 
vida e segurança, denominados, também, de direitos subjetivos materiais ou substantivos. 
É preciso ressaltar que tais direitos exigiam do Estado uma conduta negativa, isto é, uma 
omissão estatal em não invadir a esfera individual do nacional, que deixou de ser considerado 
14
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO
mero súdito, elevando-se à condição de cidadão, detentor de direitos tutelados pelo Estado, 
inclusive contra os próprios agentes estatais.
Ao lado dos direitos subjetivos materiais, criaram-se as garantias fundamentais, também 
chamadas de direitos subjetivos processuais (ou adjetivos ou formais ou instrumentais), 
visando, efetivamente, assegurar os direitos substantivos, como, p.ex., o habeas corpus, que 
tem o escopo de assegurar o direito à liberdade.
Questões: 
I) Conceitue Estado de Direito.
II) Identifique cada uma das principais características do Estado de Direito, apontando a 
sua importância.
III) Qual a importância da Constituição no Estado Democrático de Direito?
IV) O que são “direitos individuais de primeira geração”? 
Referência bibliográfica:
• SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª ed., 
2010.
• MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007.
• SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São Paulo: 
Malheiros, 2007.
• Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br
Tema IV
 Atividades do estado – parte 1
1) o estado como pessoa jurídica:
O Estado por ser titular de deveres e de direitos perante o ordenamento jurídico é 
considerado uma pessoa jurídica. 
Temos por pessoa jurídica o centro, ou unidade, ou conjunto de direitos e deveres. 
Ao se reconhecer a certo ente a qualidade de centro de direitos e deveres, o ordenamento 
15
FMU
jurídico lhe outorga personalidade jurídica. 
Assim, o artigo 1º do Código Civil estabelece que toda a pessoa é titular de direitos e 
deveres na ordem civil. Por ser o Estado titular de tais direitos e deveres é que possui o status 
de pessoa.
O que distingue a pessoa física da pessoa jurídica é que a primeira é aquela que diante 
de uma norma jurídica é possível identificar qual é o ser humano cujo comportamento está 
sendo regulado; já a segunda é aquela que diante de norma jurídica que confere direitos 
e deveres apenas sabemos qual comportamento a ser realizado, mas não identificamos 
diretamente a pessoa obrigada a realizá-lo.
A pessoa jurídica, portanto, não passa de um conjunto de normas jurídicas: as normas 
que definem os seres humanos que realizarão os comportamentos impostos pelo Direito à 
pessoa jurídica. 
Reconhecer ao Estado a condição de pessoa jurídica significa concluir o seguinte: 
É pessoa, portanto, centro de direitos e deveres.
O Estado ao se envolver nas relações jurídicas só é possível identificar o ser humano cujo 
comportamento está sendo vinculado se consultarmos outras normas: as de organização e 
deveres.
2) personalidade jurídico-constitucional do 
estado:
A Constituição Federal através do Poder Constituinte cria o Estado e lhe dá a incumbência 
de produzir normas jurídicas. Decorre disso que a personalidade jurídica do Estado lhe é 
atribuída pela Constituição, logo é uma personalidade jurídico-constitucional.
O Direito divide-se em dois grandes ramos: o Direito Público e o Direito Privado. No Direito 
Privado vigora o Princípio da Autonomia da Vontade, pelo qual as partes da relação jurídica 
podem eleger livremente os fins que pretendem alcançar e os meios pelos quais atingirão 
tais fins, desde que, nem fins nem meios sejam proibidos pelo Direito (o que não é proibido 
é permitido – princípio da legalidade em sentido amplo). No Direito Público não vigora tal 
princípio. Vige a idéia de função, ou seja, de dever do atendimento do interesse público (O 
Estado só pode fazer aquilo que a lei determinar - princípio da legalidade em sentido estrito)
A Constituição Federal e as Leis Infraconstitucionais que determinam qual será o 
regimejurídico aplicado em determinada situação. Assim, por exemplo, a Exploração Direta 
de Atividade Econômica pelo Estado, nos termos do art. 173 da Constituição Federal, será 
submetida a Regime de Direito Privado, não obstante a submissão ao Direito Privado não ser 
integra, como no caso da regra de concursos públicos para a contratação de pessoal, que é 
regida pelo Direito Público. 
16
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO
Uma primeira conclusão que podemos extrair do exposto, é que se há dinheiro público, 
as regras que regerão a relação serão de Direito Público. Outra é que as “pessoas de Direito 
Público cuidam dos interesses públicos estabelecendo – através de atos unilaterais praticados 
no uso do poder extroverso - relações jurídicas verticais, em que comparece como autoridade, 
de modo a criar deveres para os particulares.” (Carlos Ari Sundfeld, Fundamentos de Direito 
Público, p. 70)
O Estado pode desenvolver por si próprio a função administrativa ou prestá-la por meio 
de outros sujeitos. No primeiro caso, fala-se em Administração Direta ou Centralizada (União, 
Estados-membros, Distrito Federal e Municípios). Assim, se a União, os Estados Membros, o 
Distrito Federal e os Municípios prestam a Função Administrativa por seus diversos órgãos, 
fala-se em Administração Direta, que é sinônimo de Administração Centralizada. A propósito, 
os entes da Federação ou entes Federativos (U, E, M, DF) são chamados de Pessoas Políticas 
porque possuem Capacidade Política ou Autonomia, que é a capacidade de editar as próprias 
leis conforme a competência definida diretamente na CF. Exemplo: a União e a Lei 8.112/90 
– Estatuto dos Servidores Públicos da União. Evidentemente, os Entes da Federação têm 
Personalidade Jurídica de Direito Público. No segundo caso, isto é, se a Função Administrativa 
for prestada por pessoas alheias ao Estado, fala-se em Administração Descentralizada. A 
Descentralização pode ocorrer pela Criação de uma Pessoa Jurídica por parte do Estado a 
quem serão transferidas a titularidade e a execução da Função Administrativa, exigindo-se Lei 
Específica para tanto (Também ocorre a Descentralização da Função Administrativa na hipótese 
de o Estado transferir apenas a execução dela a pessoa já existente, mediante, basicamente, 
os Contratos de Concessão e de Permissão de Serviços Públicos. Enquanto Administração 
Direta é sinônimo de Administração Centralizada, a legislação não estabelece equivalência 
entre as expressões Administração Descentralizada e Administração Indireta. Na legislação, 
Administração Indireta diz respeito apenas às pessoas criadas pelo Estado para o exercício 
de uma Função Administrativa. São entidades da Administração Indireta as Autarquias, as 
Fundações Instituídas e Mantidas pelo Poder Público, as Empresas Públicas e as Sociedades 
de Economia Mista. 
As Autarquias são Pessoas Jurídicas de Direito Público e, por isso, submetem-se a 
Regime Jurídico de Direito Público. Assim, seus atos são administrativos, seus contratos são 
administrativos, seus bens são públicos, sua responsabilidade é, de regra, objetiva etc. 
As Fundações Instituídas e Mantidas pelo Poder Público, segundo a corrente majoritária, 
podem ser criadas como Pessoas Jurídicas de Direito Privado ou de Direito Público. Caso sejam 
Pessoas Jurídicas de Direito Público, serão submetidas ao Regime da Autarquia e, portanto, 
chamadas de Fundações Autárquicas ou Autarquias Fundacionais. Exemplo: a maioria das 
universidades públicas. A Fundação, de toda sorte, é um patrimônio vinculado ao cumprimento 
de um fim de interesse social. 
As Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista são Pessoas Jurídicas de Direito 
Privado da Administração Pública Indireta, sendo que a Empresa Pública é formada com 
capital integralmente público e a Sociedade de Economia Mista é formada com capital público 
17
FMU
e privado. A Sociedade de Economia Mista é sempre S.A. (Sociedade Anônima), enquanto que 
a Empresa Pública pode assumir Qualquer Forma Societária admitida pelo direito (Ex: Caixa 
Econômica Federal). 
As Pessoas Jurídicas de Direito Privado da Administração Pública Indireta submetem-se 
a Regime Jurídico de Direito Privado, com derrogação por normas de Direito Público (exemplo: 
seus empregados submetem-se a concurso público, mas são regidos pela CLT). 
Questões: 
I) Qual o conceito de pessoa jurídica?
II) Qual a diferença entre Administração Pública Direta e Administração Pública Indireta?
III) A que regime jurídico se submetem as Pessoas Jurídicas de Direito Privado da 
Administração Pública Indireta?
Referência bibliográfica 
• SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª ed., 
2010.
• MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007.
• SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São Paulo: 
Malheiros, 2007.
• Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br
tema V
Atividades do estado – parte 2
1) Atividades dos particulares e do poder 
público:
As pessoas podem realizar todas as ações cuja exclusividade não tenha sido conferida ao 
Estado, com a consequente interdição da atuação privada. Assim, qualquer atividade que não 
seja atribuída ao Estado pelo ordenamento jurídico, pode ser exercida pelos particulares, com 
fundamento nos vários direitos previstos no artigo 5º da Constituição Federal.
O Estado, nos termos da Constituição Federal, pode exercer atividade econômica 
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO
residualmente. Isso implica dizer, que ao Estado é reservada toda atividade que não seja 
propriamente econômica. 
Os particulares, nas suas atividades, são regidos pelo regime jurídico de direito privado.
A administração pública pode submeter-se a regime jurídico de direito privado ou a 
regime jurídico de direito público. A opção é feita de acordo com os critérios estabelecidos na 
Constituição, a exemplo do art. 173, e nas leis infraconstitucionais. Por exemplo, o art. 173, 
diz que as empresas estatais exploradoras de atividade econômica se submetem ao regime 
jurídico das empresas privadas. 
Já o art. 175, permite que o Poder Público preste seus serviços diretamente ou sob o regime 
de concessão ou permissão. O que não pode é a Administração, sem autorização constitucional 
ou legal, optar, via ato administrativo, pelo regime que lhe parecer mais adequado. 
É importante mencionar, entretanto, que independentemente do regime adotado, nunca 
o serviço público será prestado em regime estritamente privado.
Nunca é demais lembrar a seguinte divisão, feita por Hely Lopes. Serviços Públicos 
próprios do Estado, que “são aqueles que se relacionam intimamente com as atribuições 
do Poder Público (segurança, polícia, higiene e saúde públicas etc) e para a execução dos 
quais a Administração usa sua supremacia sobre os administrados. Por esta razão, só devem 
ser prestados por órgãos ou entidades públicas, sem delegação a particulares” (Hely Lopes 
Meirelles - Direito Administrativo Brasileiro, Malheiros, p. 318). Serviços impróprios do Estado, 
que não afetam substancialmente as necessidades da comunidade, mas satisfazem interesses 
comuns de seus membros, e, por isso, a Administração os presta remuneradamente, por seus 
órgãos ou entidades descentralizadas, ou delega sua prestação.
2) conceito de serviço público:
“Toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, basicamente sob regime 
de direito público, com vistas à satisfação de necessidades essenciais e secundárias da 
coletividade” (Carvalho Filho). Esse conceito aponta as características do serviço público:
 - Sujeito Estatal (art. 175 da CF). Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente 
ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços 
públicos);
 - Interesse coletivo, pode ser essencial ou secundário;- Regime de Direito Público (nunca será regido integralmente pelas normas de direito 
privado)
OBS: Para Celso Antônio é serviço público apenas se a atividade de oferecimento de 
utilidade ou comodidade material for fruível diretamente pelos administrados.
- Acepções:
19
FMU
 • Material: Considera que determinadas atividades, por sua natureza, devem ser 
consideradas serviço público. Seria serviço público toda atividade que tem por objeto a 
satisfação de necessidades coletivas. Adotada pela escola essencialista.
 • Subjetiva: Considera público qualquer serviço prestado diretamente pelo Estado. Essa 
concepção entrou em declínio a partir do surgimento das formas de prestação indireta de 
serviços públicos mediante delegação a pessoas privadas.
 • Formal: Considera serviço público qualquer atividade de oferecimento de utilidade 
material à coletividade, desde que, por opção do ordenamento jurídico, essa atividade deva 
ser desenvolvida sob regime de direito público. Corresponde à corrente formalista, adotada 
pelo Brasil
 - No Brasil, a Constituição enumera, de forma não exaustiva, uma série de serviços que 
devem ser prestados como serviços públicos. 
- Quadro dos serviços públicos em nosso ordenamento jurídico:
 a) São públicos os serviços enumerados na Constituição;
 b) Não é serviço público nenhuma prestação material que se enquadre como “exploração 
de atividade econômica”, mesmo que feita diretamente pelo Estado, pois submete-se a regime 
de direito privado (CF, art. 173);
 c) Poderão ser serviços públicos, à opção do legislador, as demais atividades que, embora 
não expressamente arroladas na Constituição, não sejam enquadradas como “atividade 
econômica”. Nesse caso, a lei deve determinar que a atividade seja prestada sob regime de 
direito público.
3) Classificação:
1) Em sentido amplo e em sentido estrito
 - Em sentido amplíssimo, serviço público é “toda atividade que o Estado exerce para 
cumprir seus fins”. Abrange a atividade judiciária, legislativa e administrativa.
 - Em sentido amplo, serviço público é toda atividade da Administração voltada à 
satisfação de interesses essenciais ou secundários da coletividade. Abrange a prestação de 
serviços públicos em sentido estrito, a realização de obras públicas, o exercício do poder 
de polícia e os serviços comerciais ou industriais (atividades econômicas) prestados pelas 
Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas.
 - Em sentido estrito, serviços públicos são atividades não econômicas desenvolvidas 
pela Administração ou seus delegados para a satisfação direta de interesse público essencial 
ou secundário, excluídas as atividades judiciais, legislativas, as obras públicas e a atividade de 
polícia.
20
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO
2) Serviço próprios e impróprios (Hely) ou indelegáveis e delegáveis (Carvalho Filho)
 - Serviço indelegável é aquele que só pode ser prestado pelo Estado diretamente, ou seja, 
por seus órgãos e agentes. Ex: defesa nacional, fiscalização de atividades, segurança interna. 
Corresponde ao serviço próprio do Estado. Essenciais e necessários para a sobrevivência do 
próprio Estado.
 - Serviço delegável e aquele que pela sua natureza ou pelo fato de assim dispor 
o ordenamento jurídico, comportam ser executados pelo Estado ou por particulares 
colaboradores. Corresponde ao conceito de serviço público impróprio. Também chamado de 
serviço de utilidade pública, pois oferecem uma comodidade, convenientes.
Observação: Para Celso Antônio, Saúde e Educação não são serviços públicos quando 
prestados por particulares, uma vez que a Constituição não limitou sua prestação ao Estado 
ou quem lhe faça as vezes.
3) Serviço individual e serviço geral
 - Classificação sob a ótica da prestação. Interesse para o estabelecimento da forma de 
remuneração. 
 - Serviço geral (indivisível oi uti universi): prestado a um número indeterminado e 
indeterminável de indivíduos; não permite cobrança de taxa nem de preço público. Não é 
suscetível de ser exigido pela via cominatória, uma vez que é prestado de acordo com as 
opções e prioridades da Administração de conformidade com os recursos de que disponha.
 - Serviço individual (divisível ou uti singuli): prestado a um número determinado ou 
determinável de indivíduos e passível de utilização separada e mensurável (ou estimável); 
podem ser remunerados por taxa ou por tarifa. Geram direito subjetivo à sua prestação se o 
indivíduo se mostra em condições técnicas de recebê-los. Pode ser exigido diretamente do 
particular delegado.
Subdivide-se em:
- Serviço facultativo: o Poder Público pode suspender-lhe a prestação em caso de não 
pagamento. De regra é remunerado por tarifa.
- Serviço compulsório: não é permitida a suspensão, porque o Estado o impôs 
coercitivamente, como também porque, sendo remunerado por taxa, tem a Fazenda 
mecanismos privilegiados para a cobrança da dívida. ATENÇÃO: O STJ já decidiu que a utilização 
obrigatória dos serviços de água e esgoto não implica que a respectiva remuneração tenha a 
natureza de taxa.
21
FMU
4) Usuário de serviço público:
Direitos do usuário: 
 • A prestação adequada do serviço e a indenização no caso de ser mal prestado ou 
interrompida sua prestação, causando-lhe prejuízo, aplicando-se a disciplina do Código de 
Defesa do Consumidor (art. 6º do CDC);
 • O art. 37, §3º da CR88 prevê que a lei disciplinará as formas de participação do usuário 
na administração pública direta e indireta, regulando especialmente:
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a 
manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, 
da qualidade dos serviços; 
II - O acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de 
governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; 
III - A disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, 
emprego ou função na administração pública
 • O art. 175 parágrafo único II e IV prevê que a lei disporá sobre os direitos do usuário 
de serviço público e sobre a obrigação de manter serviço adequado.
OBS: Segundo a Lei nº 8.987/95, art. 6º, § 1º: “Serviço adequado é o que satisfaz as 
condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, 
cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas”
Deveres do usuário são de três ordens:
 • Administrativa: referentes aos dados a serem apresentados junto à Administração;
 • Técnica: relativas às condições técnicas para a prestação do serviço;
 • Pecuniária: pagamento dos serviços remunerados.
Questões: 
I) Diferencie “serviço público próprio de Estado” de “serviço impróprio do Estado”.
II) A exploração de atividade econômica pode ser considerada serviço público?
III) Sob a ótica da prestação como se classifica o serviço público?
IV) Quais são os direitos do usuário de serviço público?
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO
Referência bibliográfica: 
• SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª ed., 
2010.
• MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007.
• SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São Paulo: 
Malheiros, 2007.
• Celso Antônio Bandeira de Melo - Curso de Direito Administrativo, 14ª ed., Malheiros.
• Hely Lopes Meirelles - Direito Administrativo Brasileiro, 27ª ed., Malheiros.
• Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br
tema VI
Equilíbrio entre autoridade e liberdade
1) a sociedade como titular e destinatária do 
poder
O Estado, através de seus agentes, exerce o poder político que lhe é conferido pela 
Constituição. O exercício do poder faz nascerem relações jurídicas entre o Estado e os 
governados. Em tais relações, o Estado e os indivíduos assumem reciprocamentedireitos, 
poderes, deveres e faculdades.
Em um Estado Democrático de Direito, como o que vivemos, os particulares, tomados em 
conjunto, não são meros destinatários, isto é, sujeitos passivos em face do poder. Na verdade, 
são os titulares do poder político. Assim, o Estado só desfruta do poder como representante 
de seu legítimo titular, que é o povo.
As relações jurídicas mencionadas acima, que surgem no relacionamento entre Estado e 
indivíduos, são vínculos entre um sujeito que exerce o poder político, mas não é seu titular 
(agente público) e um sujeito que é o titular do poder, considerado em conjunto com os demais 
indivíduos, mas não o exerce. 
Cabe ao Direito Publico a difícil tarefa de regular, de um modo equilibrado, as relações 
entre o Estado (detentor do poder) e os particulares, que se sujeitam ao poder até o limite dos 
direitos que são titulares em face do ordenamento jurídico.
Não se pode esquecer que nas relações de direito público o Estado exerce poder de 
autoridade, com prerrogativas que não encontram equivalente no direito privado. Assim, o 
23
FMU
ente publico pode, por exemplo, impor deveres unilateralmente aos indivíduos e alterar as 
relações jurídicas já constituídas. Contudo, o poder de autoridade conhece limites. São dois, 
intimamente ligados, a saber:
1) A competência;
2) Os direitos dos particulares.
2) Competência 
Para o Direito, a competência representa o poder conferido pelo ordenamento jurídico, 
cujo exercício só é lícito se realizado: a) pelo sujeito apontado na lei; b) sobre o território de 
sua jurisdição; c) quanto às matérias indicadas na norma; d) no momento adequado; e) diante 
dos pressupostos fáticos previstos na norma; e f) para atingir o fim que levou a outorga do 
poder.
Difere do termo direito subjetivo, que representa a possibilidade de agir, conferida aos 
sujeitos de direito, para que eles realizem seus próprios interesses. Por isso, o direito subjetivo 
é um fim em si mesmo.
A competência é sempre conferida pela norma para que seja atendida finalidade 
determinada. É um meio para um fim, ou, melhor dizendo, um poder vinculado a certa 
finalidade.
Como as competências são conferidas aos agentes públicos para a o alcance de 
determinados objetivos, o não uso delas implicaria renúncia à sua realização. Assim, a 
competência, para o agente público, é de exercício obrigatório, não ficando ao livre arbítrio 
de seu titular.
3) Direitos dos particulares
O outro limite imposto aos poderes do Estado em suas relações com os particulares é os 
direitos que a ordem jurídica assegura aos próprios particulares. Tais direitos traduzem-se em 
liberdade, que para os cidadãos representa: 
a) A possibilidade de participar do exercício do poder nas formas previstas na Constituição 
(tais como as eleições, os plebiscitos e referendos); 
b) A garantia (pelo próprio Estado) de segurança nas fruições privadas (espaços de ação 
dos indivíduos, protegidos da ingerência do Estado – exemplos: direito de propriedade, de 
manifestação e expressão).
4) Conclusão
Diante de tudo o que foi exposto, resta claro, em síntese, que a relação jurídica de direito 
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO
público, entre Estado e particulares, é equilibrada por dois fatores: 
a) O fator autoridade, que confere prerrogativas especiais ao Estado; 
b) Os limites da autoridade, correspondentes a competência e o respeito aos direitos dos 
particulares. 
Questões: 
I) Em um Estado Democrático de Direito o poder de autoridade do Estado conhece limites? 
Quais?
II) O agente público pode deixar de exercer sua competência? Por que? 
III) O Estado é o titular do poder político?
Referência bibliográfica: 
• SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª ed., 
2010.
• MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007.
• SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São Paulo: 
Malheiros, 2007.
• Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br
tema VII
Da legalidade e da igualdade
1) dicotomia entre direito público e privado e 
princípios de direito – parte 1
O principal critério distintivo entre os dois institutos é quanto ao sujeito: o direito público 
trata das relações do Estado e o direito privado das relações entre os particulares (esse é o 
campo de incidência)
O segundo quando ao interesse: público - interesse público e privado - interesses 
particulares.
25
FMU
O melhor critério distintivo é saber qual o regime jurídico que incide sobre àquela questão. 
Para melhor entendermos o regime jurídico, necessário se faz o estudo dos princípios no 
direito.
Considerações iniciais 
A corrente jusfilosófica que predominou inicialmente no direito foi o jusnaturalismo, 
que tinha como características a universalidade, a eternidade, dentre outros. Além disso, 
o jusnaturalismo era tido como direito acima do direito positivo, servindo o seu propósito 
principalmente na época em que leis eram extremamente rígidos. Num segundo momento, 
o positivismo jurídico enfraqueceu o jusnaturalismo e até hoje o positivismo prevalece. O 
positivismo se preocupa mais com segurança jurídica, tendo como um dos principais expoentes 
HANS KELSEN na obra Teoria Pura do Direito, onde Kelsen procurou tratar o direito como 
ciência, que é conhecimento sistematizado de um objeto, mas o obstáculo de KELSEN é que 
direito era tido como algo sem objeto, aí KELSEN disse que o objeto do direito é o mesmo em 
qualquer sociedade, qual seja, a norma (Axioaspiração do Direito). O conteúdo do direito não 
é objeto do direito, só a norma.
Tanto o jusnaturalismo como o positivismo procuram diferenciar Princípio e Norma.
- Norma. É um comando obrigatório. É algo que necessariamente deve ser seguido.
- Princípio. É apenas uma diretriz, um conselho ao legislador, segundo o Positivismo e 
Jusnaturalismo.
2) Pós-positivismo ou neopositivismo
Esse novo alinhamento doutrinário tem como características principais:
1) Importância dada aos valores. Ao contrário de KELSEN, o pós-positivismo defende o 
fato de que o objeto do direito deve incluir o conteúdo valorativo da norma.
2) Elevação dos princípios à categoria de normas jurídicas. Princípios não são apenas 
diretrizes, são considerados normas jurídicas obrigatórias, de caráter vinculante. A Norma vai 
ser o gênero que tem duas espécies: os Princípios e as Regras.
Distinções entre Princípios e Regras.
Existem alguns critérios doutrinários distintivos de princípios e regras. Vamos analisá-los.
 1º) Abstratividade ou Generalidade. As cinco características de uma norma jurídica 
são: abstratividade (norma se refere à situação abstrata), generalidade (norma se dirige não 
a um individuo, mas a todos os indivíduos em situação semelhante, imperatividade (não é 
conselho, é imposta), bilateralidade (impõe deveres para uns e outros), coercibilidade (não 
precisa, a norma, necessariamente ter uma sanção, mas toda norma precisa ter conseqüência 
jurídica).
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO
Assim, os princípios são normas generalíssimas que é um termo utilizado no sentido de 
abstrativíssima, princípios prevêem situações mais abstratas que as regras. Assim, enquanto 
as Regras possuem pressuposto fático homogêneo, os Princípios prevêem hipóteses 
heterogêneas. Se princípios e regras são normas jurídicas, ambos são abstratos, só que 
princípios são ainda mais abstratos. Ex. Quando CF fala de aposentadoria compulsória é 
um regra, porque você consegue visualizar a situação, o homicídio do CP também é regra. 
Quando Constituição Federal fala que um dos fundamentos da república federativa do Brasil 
é a preservação da dignidade humana, é um princípio, porque você não consegue visualizar a 
priori todas as hipóteses em que a dignidade humana será avaliada. O princípio da moralidade, 
eficiência,razoabilidade, também são princípios, porque preciso de uma norma mais concreta 
para poder visualizar quais as hipóteses de violação desses princípios.
 2º) Dimensão. Robert alexy foi quem criou o segundo critério distintivo. No brasil 
citamos eros roberto grau, gilmar ferreria mendes e paulo bonavides como adeptos.
Robert alexy diz que enquanto Princípios e Regras possuem a dimensão da validade, 
apenas os Princípios possuem a dimensão da importância, peso ou valor. Segundo o autor no 
campo da validade podemos ter conflito de qualquer tipo de norma. Conflito de validade se dá 
quando duas normas entram em conflito e uma delas deve ser excluída do ordenamento. No 
campo da importância, não há conflito, há colisão porque as duas são válidas abstratamento, 
mas no caso concreto tenho que adotar apenas uma, em detrimento da outra (ponderação de 
interesse). Somente pode ponderar quando se trata de princípios.
3) Atuação prática ou aplicação
Como, quando aplico princípios e quando aplico regras.
As Regras impõem resultados, possuem aplicação automática devendo ser aplicadas na 
medida exata de suas prescrições.
RONALD DWORKIN. Segundo este autor as regras obedecem à lógica do tudo ou nada. 
Ocorreu a hipótese prevista na regra ou aplica ou não aplica. Se não aplicar é porque a regra 
foi abandonada.
Já o Princípio, toda vez em que estiver envolvido, não há necessidade de sua aplicação 
automática, em havendo uma situação em que o princípio é aplicado, pode não ser aplicado 
em razão de outros princípios. Principio tem que ser levado em consideração sempre, mas 
nem sempre aplicado.
Segundo ROBERT ALEXY princípios são mandamento de otimização, ou seja, normas que 
ordenam que algo seja cumprido na maior medida possível, de acordo com as possibilidades 
reais e jurídicas existentes. 
O que determina o âmbito de atuação do princípio será o caso concreto e a possibilidades 
jurídicas (conforme os outros princípios envolvidos e outras normas), porque princípio nunca 
27
FMU
está sozinho na ordem jurídica.
Questões: 
I) Com base no Positivismo, diferencie princípio e norma.
II) Para o Neopositivismo o que são princípios?
III) O que é colisão de normas?
Referência bibliográfica:
• SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª ed., 
2010.
• MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007.
• SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São Paulo: 
Malheiros, 2007.
• NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 5ª Ed. São Paulo: Método, 2011.
• Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br
tema VIII
 Princípios de direito - parte 2
1) Importância dos princípios no direito público
A norma fundamental funda, ou legitima, um Poder Constituinte Originário, que inaugura 
a ordem jurídica calcada numa Constituição. Se é uma ordem, não pode haver contradição, 
então, o ordenamento jurídico deve ser uníssono. Entretanto, verificamos no cotidiano que 
pode haver conflitos de Leis. É um paradoxo? Em termos. Aí, que entram em cena os princípios 
que compõem uma ordem jurídica. Tratam-se de normas superiores, e como tais, dispõem-
se de forma harmoniosa. Com relação às Leis conflituosas, podemos dizer que esta é uma 
situação de problemas de linguagem, de expressão equivocada do legislador.
Os princípios fazem parte do ordenamento jurídico. São por causa deles que a ordem 
jurídica é um sistema que possui um encadeamento lógico, harmonioso e racional. Não se 
tratam os princípios de meros enunciados científicos, mas de verdadeiras normas jurídicas, 
28
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO
sendo, pois, aplicáveis na solução de problemas jurídicos da vida real, explica Carlos Ari 
Sundfeld:
“O princípio jurídico é a norma de hierarquia superior à das regras, pois determina o sentido 
e o alcance destas, que não podem contrariá-lo, sob pena de pôr em risco a globalidade do 
ordenamento jurídico. Deve haver coerência entre os princípios e as regras, no sentido que vai 
daqueles para estas. (...) Por isso, conhecer os princípios do Direito é condição essencial para 
aplicá-lo corretamente. Aquele que só conhece as regras ignora a parcela mais importante 
do Direito – justamente a que faz delas um todo coerente lógico e ordenado. Logo, aplica o 
Direito pela metade. Em outras palavras: aplicar as regras desconsiderando os princípios é 
como não crer em Deus, mas preservar a fé em Nossa Senhora!” (Sunfdeld, 2000, p. 146-147)
 Para Sundfeld, no ordenamento jurídico do Direito Público brasileiro, os princípios são: 
“a-) autoridade pública; b-) submissão do Estado à ordem jurídica; c-) função; d-) igualdade 
dos particulares perante o Estado; e-) devido processo; f-) publicidade; g-) responsabilidade 
objetiva; igualdade de pessoas políticas” – como estudaremos nas próximas aulas.
2) Os princípios de direito público e a supremacia 
do interesse público
O Estado não é um fim em si mesmo, é um meio para a concretização dos interesses 
públicos. Porém, este mesmo Estado, titular dos interesses públicos, tem sua autoridade 
limitada, visando o controle do exercício do poder, protegendo as pessoas sob seu imperium. 
Pois de nada adianta a autoridade suprema se não há liberdade. Há de se conjugar, portanto, 
autoridade com liberdade. Notemos, entretanto, que os interesses públicos – aqueles que os 
indivíduos isolados não podem alcançar – possuem preferência sobre os interesses privados, 
quando se confrontam. Esse poder de autoridade do Estado, segundo Carlos Ari Sundfeld, 
pode manifestar-se de duas maneiras: “a-) impondo unilateralmente comportamentos aos 
particulares; b-) atribuindo direitos aos particulares, através do vínculo não-obrigacional.”
Carlos Ari Sundfeld entende que não há supremacia dos interesses públicos sobre os 
interesses privados, há somente prioridade do primeiro quanto ao segundo: “Supremacia é a 
qualidade do que está acima de tudo. O interesse público não está acima da ordem jurídica; ao 
contrário, é esta que o define e protege como tal. Ademais o interesse público não arras nem 
desconhece o privado, tanto que o Estado, necessitando de um imóvel particular para realizar 
o interesse público, não o confisca simplesmente, mas o desapropria, pagando indenização (o 
que significa haver proteção jurídica do interesse do proprietário, mesmo quando conflitante 
com o do Estado).” 
Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez, entende que a superioridade do 
interesse público sobre o privado é “pressuposto de uma ordem social estável”, tendo como 
conseqüências: “a-) posição privilegiada do órgão encarregado de zelar pelo interesse público 
e de exprimi-lo, nas relações com os particulares; b-) posição de supremacia do órgão nas 
mesmas condições.”
29
FMU
Verificamos, porém, que desta relação privilegiada podem ocorrer algumas distorções 
que podem prejudicar umas pessoas em detrimento de outras. Na teoria do Direito, tudo 
é perfeito, pois se trata de uma realidade formal, com um comprometimento formal com a 
realidade. É certo que, conforme exposto, o Estado é regido por normas de Direito Público 
que lhe limitam a atuação para que não cometa arbitrariedades contra os particulares e que 
os submetam, todos, a uma posição de igualdade perante sua autoridade. Sabemos, porém, 
que há possibilidade de se tomar o Estado e impor interesses outros, que não são públicos, 
mas impostos como se o fossem, de modo a controlar a sociedade, ou mesmo fustigar vozes 
discordantes, o que é uma verdadeira supressão das liberdades e direitos fundamentais do ser 
humano.
Destarte, tendo em vista que o Estado é regido pelo interesse público, se faz de extrema 
importância o estudo dos princípios, em especial, de direito público, para o ordenamento 
jurídico e de toda a sociedade.
3) Função dos princípios na interpretação das 
regras
De acordo comCarlos Ari Sundfeld (p. 148), são as seguintes:
1) É incorreta a interpretação da regra, quando dela derivar contradição, explícita ou 
velada, com os princípios.
2) Quando a regra admitir logicamente mais de uma interpretação, prevalece a que 
melhor se afina com os princípios.
3) Quando a regra tiver sido regida de modo tal que resulte mais extensa ou mais restrita, 
respectivamente, para calibrar o alcance da regra como o do princípio.
Por fim, os princípios gerais de direito são utilizado como de integração em caso de lacuna 
da lei, como preceitua o artigo 4º da Lei de Introdução às Normas (LICC).
Questões: 
I) No sistema jurídico os princípios ocupam posição inferior ou superior as regras? Por 
quê?
II) O que se entende por supremacia do interesse público?
III) Quais as funções dos princípios na interpretação das regras jurídicas?
Referência bibliográfica:
• SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª ed., 
30
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO
2010.
• MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007.
• SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São Paulo: 
Malheiros, 2007.
• Celso Antônio Bandeira de Melo - Curso de Direito Administrativo, 14ª ed., Malheiros.
• Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br 
tema IX
Princípios gerais de direito público – 
parte 1
1) autoridade pública
O exercício do poder político – há outorga ao Estado de poderes especiais frente aos 
particulares. Assim os demais princípios limitam a autoridade, controlam o exercício do poder 
político. Visam o equilíbrio entre autoridade e liberdade.
O Estado existe para atender aos interesses públicos ou coletivos, esses mais relevante 
que os interesses particulares. Há prevalência do interesse público sobre o privado. Contudo, 
o interesse público não é supremo, pois previsto no próprio ordenamento.
A autoridade pública conferida ao Estado pelas normas jurídicas é a conseqüência da 
previsão constitucional de ter certos interesses mais relevantes.
O interesse público surge quando as normas atribuem ao ente que dele cura poderes de 
autoridade.
“Supremacia é a qualidade do que está acima de tudo. O interesse público não está acima 
da ordem jurídica; ao contrário, é esta que o define e protege como tal. Ademais o interesse 
público não arras nem desconhece o privado, tanto que o Estado, necessitando de um imóvel 
particular para realizar o interesse público, não o confisca simplesmente, mas o desapropria, 
pagando indenização (o que significa haver proteção jurídica do interesse do proprietário, 
mesmo quando conflitante com o do Estado).” Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua 
vez, entende que a superioridade do interesse público sobre o privado é “pressuposto de 
uma ordem social estável”, tendo como conseqüências: “a-) posição privilegiada do órgão 
encarregado de zelar pelo interesse público e de exprimi-lo, nas relações com os particulares; 
b-) posição de supremacia do órgão nas mesmas condições.” 
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FMU
2) Submissão à ordem jurídica
O Estado é proibido de agir contra a ordem jurídica e todo poder por ele exercido tem sua 
fonte e fundamento na ordem jurídica.
O Estado está sob a ordem jurídica.
A atividade legislativa se desenvolve com base na Constituição Federal, e a lei editada 
baseia-se no princípio da necessária constitucionalidade das leis.
No âmbito da administração se submete à legalidade. A atividade desenvolvida deve se 
dar nos termos da lei.
O exercício da força pelo Estado é regido e aplicado segundo o Direito, mais especificamente 
sob permissão do princípio da legalidade, que “além de assentar-se na própria estrutura 
do Estado de Direito e, pois, do sistema constitucional como um todo, está radicado 
especificamente nos arts. 5.º, II, 37 e 84, IV da Constituição Federal”. Porém, os particulares 
podem agir, de acordo com o previsto no artigo 5.º, II da Constituição Federal: “II – ninguém 
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de Lei.”
A partir do exposto, podemos dizer que o Estado só pode fazer o que estiver autorizado por 
Lei, enquanto os particulares podem fazer o que a Lei não lhes proibir. Qual o significado disso? 
Há uma restrição à conduta dos particulares que, contudo, tece, por meio das Leis, o próprio 
Direito. O Estado regulado e estruturado por Leis é uma proteção contra a arbitrariedade e a 
violação dos direitos dos particulares.
Daí, podemos conferir que surge também uma nítida noção de que o poder deve ser 
exercido segundo limites e que o titular de todo o poder é o povo e não o soberano, ou 
qualquer déspota que o faça parte. Nada mais é o que foi consagrado na Constituição Federal 
de 1988, artigo 1.º, parágrafo único: “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio 
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Os ingleses 
singelamente diriam que há o império da Lei e não dos homens, ou seja:
“O princípio da legalidade contrapõe-se, portanto, e visceralmente, a quaisquer tendências 
de exacerbação personalista dos governantes. Opõe-se a todas as formas de poder autoritário, 
desde o absolutista, contra o qual irrompeu, até as manifestações caudilhescas ou messiânicas 
típicas dos países subdesenvolvidos. O princípio da legalidade é o antídoto natural do poder 
monocrático ou oligárquico, pois tem como raiz a idéia de soberania popular, de exaltação 
da cidadania. Nesta última se consagra a radical subversão do anterior esquema de poder 
assentado na relação soberano-súdito.
Instaura-se o princípio de que todo poder emana do povo, de tal sorte que os cidadãos 
é que são proclamados como os detentores do poder. Os governantes nada mais são, pois, 
que representantes da sociedade. (...) Além disto, é a representação popular, o Legislativo, 
que deve, impessoalmente, definir na Lei e na conformidade da Constituição os interesses 
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO
públicos e os meios e modos de persegui-los, cabendo ao Executivo, cumprindo ditas leis, dar-
lhes a concreção necessária.” (Celso Antonio Bandeira de Mello, p. 83-84)
3) Função
A função administrativa é uma das três funções do Estado, já que convive com as funções 
Legislativa e Jurisdicional. A função administrativa é exercida predominantemente, isto é, como 
função típica, pelo Poder Executivo. A propósito, a função administrativa também é chamada 
de função executiva. Não obstante, os Poderes Legislativo e Judiciário também exercem a 
função administrativa, mas, o fazem de modo secundário, e isso ocorre quando eles dispõem 
sobre seus serviços, seus bens e a vida funcional de seus servidores. Assim, a concessão de 
férias a servidor de qualquer um dos Três Poderes é ato administrativo.
3.1 Características da Função Administrativa – São elas:
1) É Concreta: porque se aplica a lei ao caso concreto, já que a função administrativa 
destina-se a traduzir a vontade da lei concretamente. Excepcionalmente, aplica-se a CF 
diretamente na prática do ato administrativo. Exemplo: artigo 84, inciso VI, alínea “b” da 
CF – “Artigo 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VI – dispor, mediante 
decreto, sobre: b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos”.
2) Não inova inicialmente a Ordem Jurídica porque é a lei quem cria direitos e obrigações, 
em face do Princípio da Legalidade contido no art. 5º, II da CF.
3) É Direta ou Parcial porque o Estado-Administração exerce a Função Administrativa 
como parte interessada. A Função Jurisdicional, diferentemente da Função Administrativa, é 
indireta e imparcial.
4) É Subordinada porque se sujeita a Controle Jurisdicional, uma vez que, conforme o 
art. 5º, XXXV da CF “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça 
a direito”. Vige no Brasil o Sistema da Jurisdição Únicaou Inglês em que os conflitos são 
decididos definitivamente no Poder Judiciário, ainda que a Administração Pública esteja 
envolvida. Não vigora o Sistema do Contencioso Administrativo ou Francês em que são 
Tribunais Administrativos, alheios ao Poder Judiciário, que decidem os conflitos envolvendo a 
Administração Pública.
5) É sujeita a um Regime Jurídico de Direito Público. O Regime Jurídico Administrativo é 
formado pelo binômio (Binômio = Polaridade) das Prerrogativas e Sujeições, pelo qual, de um 
lado, está a Administração Pública, que é dotada de certas Prerrogativas que lhe possibilitam 
agir com autoridade para o bom atendimento do Interesse Público, e, de outro lado, estão os 
Indivíduos, de modo que a Administração se submete a Restrições ou Sujeições para que eles 
não sejam indevidamente atingidos em sua liberdade.
6) A Função Administrativa é exercida de ofício, quer dizer, não depende de provocação 
do interessado. Diferentemente da Administração Pública, a Jurisdição é Inerte, só podendo 
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FMU
ser exercida por provocação.
Questões: 
I) Em se tratando da liberdade de agir, qual a diferença entre o Estado e os particulares? 
II) Os Poderes Legislativo e Judiciário exercem função administrativa/executiva? De que 
modo? 
III) A função administrativa se subordina ao controle judicial?
Referência bibliográfica:
• SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª ed., 
2010.
• MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007.
• SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São Paulo: 
Malheiros, 2007.
• Celso Antônio Bandeira de Melo - Curso de Direito Administrativo, 14ª ed., Malheiros.
• Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br 
tema X
Princípios gerais de direito público – 
parte 2
1) Igualdade Dos Particulares Perante O Estado
Prescreve o caput do art. 5º da nossa Constituição Federal de 1988: “Todos são iguais 
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à igualdade, a segurança 
e a propriedade, (...)”.
Veja-se, portanto que o princípio da igualdade tem sede explícita no texto constitucional, 
sendo também mencionada inclusive no Preâmbulo da Constituição. Destarte, é norma 
supraconstitucional; estamos diante de um princípio, direito e garantia, para o qual todas as 
demais normas devem obediência.
A igualdade de todos os seres humanos, proclamada na Constituição Federal, deve ser 
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO
encarada e compreendida, basicamente sob dois pontos de vista distintos, quais sejam: o da 
igualdade material e o da igualdade formal.
Entendimento da igualdade material, deve ser o de tratamento equânime e uniformizado 
de todos os seres humanos, bem como a sua equiparação no que diz respeito à possibilidades 
de concessão de oportunidades. Portanto, de acordo com o que se entende por igualdade 
material, as oportunidades, as chances devem ser oferecidas de forma igualitária para todos 
os cidadãos, na busca pela apropriação dos bens da cultura.
A igualdade material teria por finalidade a busca pela equiparação dos cidadãos sob todos 
os aspectos, inclusive o jurídico
A igualdade formal interessa imediatamente ao jurista. Essa igualdade seria a pura 
identidade de direitos e deveres concedidos aos membros da coletividade através dos textos 
legais.
2) Devido processo
O Princípio do Devido Processo Legal, só foi surgir expressamente no Brasil, na Constituição 
Federal de 1988, apesar de estar implícito nas Constituições anteriores. Ele está assim disposto 
no art. 5º, inciso LIV da nossa Carta Magna:
Art.5º “ Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes :
LIV _ ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.”
O Princípio do devido processo legal é uma das garantias constitucionais mais festejadas, 
pois dele decorrem todos os outros princípios e garantias constitucionais. Ele é a base legal 
para aplicação de todos os demais princípios, independente do ramo do direito processual, 
inclusive no âmbito do direito material ou administrativo. 
Assim, o devido processo legal garante inúmeros outros postulados como os princípios 
do contraditório, da ampla defesa e da motivação (apesar de autônomos e independentes 
entre si), integrando-se totalmente os incisos LIV e LV, ambos do artigo 5º da Carta Magna de 
1988. Tais princípios ajudam a garantir a tutela dos direitos e interesses individuais, coletivos 
e difusos.
O contraditório é o direito que tem as partes de serem ouvidas nos autos, ou seja, é o 
exercício da dialética processual, marcado pela bilateralidade da manifestação dos litigantes.
Já a ampla defesa possui fundamento legal no direito ao contraditório, segundo o qual 
ninguém pode ser condenado sem ser ouvido.
Do que se conclui que os Princípios do contraditório e da ampla defesa (apesar de serem 
autônomos) são necessários para assegurar o devido processo legal, pois é inegável que o 
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FMU
direito a defender-se amplamente implica conseqüentemente na observância de providência 
que assegure legalmente essa garantia.
3) Publicidade
É o princípio que estabelece a necessidade de CONHECIMENTO ou CIÊNCIA, que são 
conseqüências do princípio. O titular do poder administrativo é o POVO, o cidadão, assim, 
deve tomar conhecimento do que está sendo feito com o direito do qual é titular. Publicidade 
significa também o início de produção de efeitos, ou seja, condição para ser eficaz. 
Uadi Lamêgo Bulos (Constituição Federal Anotada. São Paulo: Saraiva, p. 563) ressalta 
que a atenção ao princípio da publicidade tem como escopo “manter a total transparência 
na prática dos atos da Administração Pública”, associando-o assim à garantia de acesso do 
cidadão aos registros públicos.
A Constituição dá a estrutura da Administração pública, de forma bastante minudenciada, 
no artigo 37 da Constituição Federal. E aqui se sente em casa o princípio da publicidade, 
como pilar indispensável para o controle dos atos públicos por parte dos administrados e 
cidadãos em geral. Os atos materiais de gerenciamento da coisa pública são possíveis devido 
ao aporte dos recursos que a nação disponibiliza, por meio de tributos e outras receitas. 
Sendo contribuinte, direto ou indireto, tem qualquer cidadão legitimidade para requerer do 
administrador a prestação de contas.
Esta prestação é obrigação de todas as funções da República – Judiciário, Legislativo 
e Executivo. Deste último, explicitamente o caput do art. 37 da Constituição Federal trata, 
alinhando outros princípios a que deve obediência o administrador. Do legislativo, espera-
se prestação de contas tanto do dinheiro público gasto no seu sustento como do mandato 
popular, legitimada pelo voto. 
Questões: 
I) Conceitue igualdade formal.
II) Somente o Poder Executivo deve respeitar o princípio da publicidade? 
III) Qual a importância do princípio do devido processo legal?
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO
Referência bibliográfica:
• SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª ed., 
2010.
• MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007.
• SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São Paulo: 
Malheiros, 2007.
• Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br 
tema XI
Princípios gerais de direito público – 
parte 3
1) Responsabilidade objetiva do estado
O Estado pode causar prejuízo aos particulares no desenvolvimento de suas atividades, 
seja por meiode atos comissivos, seja por atos omissivos. Assim, cabe ao Estado responder por 
tais prejuízos. Maria Sylvia Zanella Di Pietro assim leciona: “a responsabilidade extracontratual 
do Estado corresponde à obrigação de reparar danos causados a terceiros em decorrência de 
comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis 
aos agentes públicos”. (Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, p. 512.)
É a própria Di Pietro que nos traz uma breve exposição acerca da evolução histórica do 
trato da questão, a saber:
“O tema da responsabilidade civil do Estado tem recebido tratamento diverso no tempo 
e no espaço; inúmeras teorias têm sido elaboradas, inexistindo dentro de um mesmo direito 
uniformidade de regime jurídico que abranja todas as hipóteses. Em alguns sistemas, como 
o anglo-saxão, prevalecem os princípios de direito privado; em outros, como o europeu-
continental, adota-se o regime publicístico. A regra adotada, por muito tempo, foi a da 
irreponsabilidade; caminhou-se, depois, para a responsabilidade subjetiva, vinculada à 
culpa, ainda hoje aceita em várias hipóteses; evoluiu-se, posteriormente, para a teoria da 
responsabilidade objetiva, aplicável, no entanto, diante de requisitos variáveis de um sistema 
para outro, de acordo com normas impostas pelo direito positivo.”(Obra citada, 512.)
Em linhas gerais, pode-se dizer que a teoria da irresponsabilidade era adotada na época 
dos governos absolutistas. No século XIX, tal tese da irresponsabilidade restou superada, 
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FMU
quando então, passou-se à acolhida das teses civilistas, ou seja, admite-se a responsabilidade 
desde que demonstrada a culpa. Somente em meados do século XX é que se passou às teses 
publicistas, da responsabilidade objetiva.
Constata-se que a teoria da irresponsabilidade do Estado não foi acolhida pelo direito 
pátrio. As Constituições de 1824 e 1891 não continham disposições tratando do tema, havia 
disposições infraconstitucionais tratando do assunto e prevendo a responsabilidade do Estado, 
a exemplo do que ocorria com o art. 15, do antigo Código de 1916. A Constituição de 1937 
acolheu a tese da responsabilidade estatal com culpa. Foi na Constituição de 1946 que se 
introduziu a teoria da responsabilidade objetiva, que atualmente prevalece.
A responsabilidade civil do Estado, por atos comissivos ou omissivos de seus agentes, 
é de natureza objetiva, isto é, prescinde da comprovação de culpa. Neste particular, houve 
uma evolução da responsabilidade civilística, que não prescinde da culpa subjetiva do agente, 
para a responsabilidade pública, isto é, responsabilidade objetiva. Esta teoria é a única 
compatível com a posição do Poder Público ante os seus súditos, pois, o Estado dispõe de 
uma força infinitamente maior que o particular. Aquele, além de privilégios e prerrogativas 
que o cidadão não possui, dispõe de toda uma infra-estrutura material e pessoal para a 
movimentação da máquina judiciária e de órgãos que devam atuar na apuração da verdade 
processual. Se colocasse o cidadão em posição de igualdade com o Estado, em uma relação 
jurídica processual, evidentemente, haveria um desequilíbrio de tal ordem que comprometeria 
a correta distribuição da justiça.
O Estado responde objetivamente por dano causado por seu agente, em substituição 
à responsabilidade deste, sem indagação de culpa. E o ônus financeiro da assunção dessa 
responsabilidade objetiva é suportado por toda sociedade, que provê os cofres públicos através 
de tributos. Os tributos são pagos pelos cidadãos para propiciar ao Estado recursos financeiros 
necessários ao cumprimento de suas atribuições, inclusive para indenizar os danos por ele 
causados, a terceiros, no desempenho dessas atribuições. Daí a teoria do risco administrativo, 
que fundamenta toda a doutrina da responsabilidade objetiva do Estado.
O prejudicado pela ação estatal sempre terá o direito à indenização a ser pleiteada contra 
a Fazenda Pública ou contra a pessoa jurídica privada prestadora de serviço público a que 
pertencer o agente causador do dano. A ação nunca é dirigida contra o agente público ou de 
quem faz as suas vezes. Estes limitam-se a responder regressivamente em casos de dolo ou 
culpa.
2) Igualdade das pessoas políticas
A Constituição adotou como forma de Estado o federalismo, que se caracteriza como 
uma “aliança ou união de Estados”, baseada em uma Constituição, onde o Poder central é 
repartido entre os entes federativos que passam a possuir autonomia e participação política na 
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO
formação da vontade federativa, sendo necessárias rígidas regras constitucionais tendentes 
a manter a unidade federativa, se possível, até com previsão da via excepcionalíssima da 
intervenção de um ente federativo em outro.
O art. 19 da Constituição Federal de 1988 cuida de manter a igualdade entre os entes 
federados e seus cidadãos. 
A autonomia das entidades federativas pressupõe a repartição de competências 
(legislativas, administrativas e tributárias) contidas no texto constitucional, como forma de 
preservação da própria Federação. Esta distribuição de poderes é ponto nuclear da noção de 
Estado Federal. A Constituição estruturou um sistema que combina competências exclusivas, 
privativas e principiológicas, com competências comuns e concorrentes, buscando reconstruir 
o sistema federativo segundo critérios de equilíbrio ditados pela experiência histórica.
Questões: 
I) Conceitue “responsabilidade civil objetiva”. 
II) No Federalismo, o poder é concentrado em um único ente público? 
III) O prejudicado pela ação estatal necessita acionar o agente público que diretamente 
causou o dano? 
Referência bibliográfica 
• SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. São Paulo, Malheiros, 5ª ed., 
2010.
• MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007.
• SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª Ed. São Paulo: 
Malheiros, 2007.
• Sítio do Supremo Tribunal Federal www.stf.jus.br
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tema XII
Regime jurídico administrativo e os
Princípios constitucionais da 
administração pública
1) O Regime jurídico administrativo 
O Regime Jurídico Administrativo é o regime que se aplica ao Direito Público; existe a 
expressão Regime Jurídico da Administração Pública que engloba todo e qualquer regime a 
que a Administração está submetida, seja de direito público ou privada. 
A Constituição Federal e as leis infraconstitucionais determinam qual será o regime 
jurídico aplicado em determinada situação. 
O Regime Jurídico Administrativo é caracterizado pelo binômio: Prerrogativas e Sujeições. 
Vamos estudá-los:
1º) As prerrogativas conferem autoridade à Administração Pública, colocando-a em 
posição de Supremacia (superioridade) diante do Administrado. Tal afirmação decorre da 
supremacia do interesse público sobre o interesse do particular, de tal sorte que a prática de 
atos que são vedados aos particulares, são permitidos à entidade pública.
2º) As restrições a que se submete a Administração Pública não são comuns aos 
particulares, já que deve atender ao interesse público sem indevida ofensa à liberdade 
das pessoas. Assim, a Administração deve obediência a vários princípios, concentrados, 
principalmente, na Constituição Federal.
2) princípios do direito administrativo
A Os princípios são os alicerces sobre os quais as estruturas de determinada ciência 
são elaboradas. O Direito, como ciência que é, tem seus princípios próprios. O Direito 
Administrativo, como ramo do Direito Público, também tem seus princípios. Vamos analisá-
los:
Princípios do Direito Administrativo 
1º) Princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse particular: Também 
pode ser denominado de Princípio da Finalidade Pública. Trata-se de princípio constitucional 
implícito,

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