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Aula4_Civil FATO JURIDICO

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Direito Civil
Prof. Luciano Favaro
Fatos jurídicos
(Fatos ilícitos; Fatos lícitos: fato jurídico stricto sensu; ato jurídico lato sensu – ato jurídico stricto sensu e Negócios jurídicos)
Prof. Luciano Favaro
Fato jurídico
Após estudarmos as pessoas (naturais e jurídicas) e os bens, resta-nos estudarmos o Livro III do Código Civil que trata dos FATOS JURÍDICOS.
Todo evento, seja qual for a natureza ou origem, que repercutir na esfera jurídica é considerado um fato jurídico.
Fato jurídico
ATENÇÃO: o fato jurídico diferencia-se do fato material (ajurídico). Neste, o fato não gerará a produção de efeitos jurídicos.
Nem todo acontecimento constitui fato jurídico. Alguns são simplesmente fatos, irrelevantes para o direito. Somente o acontecimento da vida relevante para o direito, mesmo que seja fato ilícito, pode ser considerado fato jurídico.
Fato jurídico
Exemplo citado por Rosenlvad: O raio (relâmpago) que atinge uma casa. Esse acontecimento pode ser um fato jurídico (se a residência estava acobertada com uma apólice de seguro) ou um simples fato material (se não estava assegurada a residência conta o evento). 
PORTANTO: para diferenciar o fato jurídico do fato ajurídico (material) NÃO importa a origem, mas a produção ou não de efeitos na órbita jurídica.
Fato jurídico
Pergunta: Mas o que vem a ser fato jurídico?
Resposta: fato jurídico é todo evento natural ou humano capaz de repercutir na ordem jurídica, produzindo diferentes consequências: criação, modificação, conservação ou extinção de direitos e obrigações. 
STOLZE, Pablo Gagliano. Novo Curso de Direito Civil. V. I. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 296.
Classificação dos Fatos jurídicos
Primeira classificação: há fatos que se concretizam em conformidade com a ordem jurídica (FATOS LÍCITOS), e há fatos que ao se concretizarem, violam as normas jurídicas (FATOS ILÍCITOS).
Classificação dos Fatos jurídicos
Ocorre que os fatos lícitos subdividem-se. Isso porque o evento resultante no fato jurídico pode ser advir de meios NATURAIS ou da vontade humana (VOLITIVOS).	
O acontecimento NATURAL que produz efeitos jurídicos é denominado de FATO JURÍDICO STRICTO SENSU.
Já o acontecimento VOLITIVO que resulta em efeitos jurídicos é denominado de ATO JURÍDICO LATO SENSU.
Classificação dos Fatos jurídicos
Fatos ilícitos
Prof. Luciano Favaro
Fatos ilícitos
Os fatos ilícitos podem ser tanto civil, quanto penal. Assim, a pessoa que cometer homicídio pratica um ilícito penal.
Por outro lado, cometerá um ilícito civil a pessoa que por intermédio de uma ação ou omissão voluntária, negligente ou imprudente causar dano a outro, ainda que exclusivamente moral (art. 186 CC).
Fatos ilícitos
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
IMPORTANTE!
Também cometerá ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, exceder manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Exemplo: um credor que ao exercer o seu direito de cobrança do devedor utiliza de meios indevidos, como, por exemplo, anuncia a uma terceira pessoa que fulano não pagou a dívida. Não significa que ele não possa exercer os seus direitos, mas ao exercê-lo deverá atentar para os limites da cobrança, sob pena de cometer ato ilícito.
ATENÇÃO 1
Os atos práticos em legitima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido NÃO constituem atos ilícitos.
ATENÇÃO 2
Também não pratica ato ilícito a deterioração ou destruição de coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. 
Esse ato, no entanto, só será legítimo quando as circunstâncias tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
Fatos lícitos naturais
(fato jurídico stricto sensu)
Prof. Luciano Favaro
Fato jurídico stricto sensu
Tenha em mente que se se trata de um FATO, e não um ato. 
Ato é aquele praticado pelo homem. 
Fato jurídico em sentido estrito é o acontecimento NATURAL, mas que tem influência na ordem jurídica.
Fato jurídico stricto sensu
Esses fatos jurídicos pode ser classificado:
Ordinários: são fatos comuns, do cotidiano, de ocorrência costumeira: o nascimento, a morte, o decurso do prazo.
Extraordinários: são os fatos inesperados ou imprevisíveis: desastres naturais, enchente, caso fortuito, força maior.
Fatos lícitos volitivos
(ato jurídico lato sensu)
Prof. Luciano Favaro
Ato jurídico lato sensu
Agora já estamos diante de um ATO volitivo, aquele ato praticado, pela pessoa, que tem repercussão na ordem jurídica.
Conceito: ato jurídico lato sensu são os atos que “derivando da exteriorização da vontade do agente, se dirigem à obtenção de um resultado jurídico concreto (não vedado por lei)”. (ROSENVALD, Nelson. op. cit., p. 506).
Ato jurídico lato sensu
MAS ATENÇÃO: o ato jurídico lato sensu também apresenta uma subdivisão:
Ato jurídico stricto sensu
Negócio Jurídico 
Em ambos (ato jurídico stricto sensu e negócio jurídico) há uma exteriorização da vontade da pessoa. 
Ato jurídico stricto sensu
Ocorre que no ATO JURÍDICO STRICTO SENSU, conquanto a vontade da pessoa, os efeitos do ato praticado já estão pré-determinados na lei (é como se fosse um ato vinculado).
Entenda: as pessoas não têm, na prática deste ato, a liberalidade para negociar.
Ato jurídico stricto sensu
Exemplo 1: adoção de uma criança. Manifestado a vontade, a lei determina quais as consequências jurídicas. Terá a criança, portanto, o direito ao nome do adotante, direito a alimentos, direito à sucessão, entre ouros. Assim, ao exteriorizar a vontade, a lei determina quais os efeitos. NÃO há escolha. Qualquer pessoa que resolva adotar as consequências jurídicas serão as mesmas.
Fatos lícitos volitivos (ato jurídico lato sensu)
Exemplo 2: Emancipação. Quando o pai resolve emancipar o filho a consequência jurídica é a antecipação da capacidade plena. Qualquer pessoa que resolver emancipar produzirá as mesmas consequências. Não dá para mudar. Não dá para inovar. 
Exemplo 3: reconhecimento da paternidade. Exteriorizada a vontade de assumir a paternidade, não se podem criar efeitos distintos do previsto na norma. Não seria possível, por exemplo, reconhecer um filho e impedi-lo de cobrar alimentos ou de ser herdeiro necessário.
Negócio jurídico
Já no NEGÓCIO JURÍDICO, além da vontade da pessoa em praticar o negócio, ela poderá autorregular os seus efeitos (negociá-los). 
É o que denominamos de autonomia privada. (É como se fosse um ato discricionário). 
Exemplos: contratos em geral, como, por exemplo, no contrato de compra e venda, doação, etc.
Resumindo
Ato jurídico stricto sensu
Prof. Luciano Favaro
Ato jurídico stricto sensu
Como mencionamos, trata-se de um ato derivado da exteriorização da vontade do agente, mas cujos efeitos já estão pré-determinados na lei. 
No Código Civil, um único artigo trata desses atos (art. 185 CC).
Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior.
Ato jurídico stricto sensu
Veja que nesse artigo remete às disposições do Título anterior. 
O título anterior é o que trata justamente do negócio jurídico. 
PORTANTO, fique atento(a), as regras que aprenderemos a seguir serão aplicadas, no que couber, aos atos jurídicos stricto sensu.
Negócio jurídico
Prof. Luciano Favaro
Negócio jurídico
A) Interpretação;
B) Classificação;
C) Elementos de validade do negócio jurídico.
Negócio jurídico
(Interpretação)
Prof. Luciano Favaro
Negócio jurídico
Como mencionamos, trata-se de um ato derivado da exteriorização da vontade do agente, mas cujos efeitos são autorregulados pelas partes. 
Ocorre que esses efeitos não podem violar a ordem jurídica. Devem, portanto, ser sempre com ela compatível.
Assim, a autonomia privada que as pessoas possuem ao realizar um negócio jurídico não pode ultrapassar
ou ferir os ditames constitucionais.
Negócio jurídico
Disso decorre que todo negócio jurídico deve ser interpretado conforme a boa-fé objetiva e os usos do lugar de sua celebração (art. 113 CC).
Art. 113 CC. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
Boa-fé objetiva
Resposta: A boa-fé objetiva é a busca pelo equilíbrio na relação jurídica negocial. 
Exemplo de boa-fé objetiva – S. 370 STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.
Teoria da confiança
Outra regra de interpretação do negócio jurídico é a constante no artigo 112 CC, segundo o qual “nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem”. 
Perceba que o importante, em um negócio jurídico, é a vontade real das partes e não, necessariamente, o sentido literal (vontade declarada). 
Negócios jurídicos benéficos e a renúncia
Pergunta: como se dá a interpretação dos negócios jurídicos benéficos e a renúncia?
Resposta: eles devem ser interpretados de modo restritivo (estritamente) e não extensivamente.
Art. 114 CC. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
Negócios jurídicos benéficos e a renúncia
NEGÓCIOS JURÍDICOS BENÉFICOS: são aqueles negócios jurídicos que concedem benefícios a outra parte e oneração a si mesmo. Exemplo: doação pura, testamento, entre outros.
RENÚNCIA: é quando uma pessoa abre mão, voluntariamente, de um direito que possui. LEMBRE-SE de que os direitos da personalidade não admitem renúncia.
Negócio jurídico
(Classificação)
Prof. Luciano Favaro
Classificação do negócio jurídico
I) Quanto ao número de partes:
Unilateral: se caracteriza por uma única manifestação de vontade. Exemplo: testamento; renúncia à herança.
Bilateral: se caracteriza por duas manifestações de vontade. Exemplo: contratos em geral; casamento.
Plurilateral: se caracteriza por duas ou mais manifestações de vontade direcionadas para a mesma finalidade. Exemplo: contrato para a constituição de uma sociedade.
Classificação do negócio jurídico
II) Quanto à vantagem patrimonial:
Gratuito: apenas uma das partes aufere vantagens ou benefícios. Exemplo: contrato de doação sem encargo.
Oneroso: ambos os contratantes auferem vantagens, às quais, porém, correspondem a uma contraprestação. Exemplo: contrato de compra e venda; contrato de locação.
Bifronte: pode ser tanto gratuito como oneroso. Depende da vontade das partes. Exemplo: contrato de mandato; contrato de depósito.
Classificação do negócio jurídico
III) Quanto ao momento da produção dos efeitos:
Causa mortis: negócios destinados a produzir efeitos após a morte do agente. Exemplo: testamento.
Inter vivos: seus efeitos são produzidos desde logo, com as partes ainda em vida. Exemplo: contrato de compra e venda; contrato de mandato.
Classificação do negócio jurídico
IV) Quanto à existência:
Principais: negócios jurídicos que têm existência própria e não dependem da existência de qualquer outro. Exemplo: locação; compra e venda, entre outros.
Acessórios: são negócios que para terem existência necessitam de um negócio principal. Exemplo: fiança, penhor, hipoteca. Assim, extinta a obrigação principal, extingue-se também a acessória, mas o contrário não é verdadeiro.
Classificação do negócio jurídico
V) Quanto à forma:
Solene/formal: trata-se do negócio jurídico que tem forma exigida por lei. Exemplo: casamento; compra e venda de um imóvel.
Não solene: não tem forma exigida por lei. Sua forma é livre e pode ser da maneira que dispuserem as partes. É A REGRA EM NOSSO ORDENAMENTO JURÍDICO. Exemplo: compra e venda de bens móveis; contrato de empréstimo.
Classificação do negócio jurídico
VI) Quanto à duração:
Instantâneo: os efeitos do negócio exaurem-se em momento único. Exemplo: compra e venda à vista.
Execução continuada / Trato sucessivo: os efeitos do negócio exaurem-se em momentos diferentes. Exemplo: compra e venda em prestações.
Negócio jurídico
(Elementos de validade do negócio jurídico)
Prof. Luciano Favaro
Classificação do negócio jurídico
O negócio jurídico deve ser analisado sobre três diferentes planos: 
plano da existência; 
plano da validade; e 
plano da eficácia. 
Trata-se da teoria da Tricotomia do Negócio Jurídico. 
Classificação do negócio jurídico
ENTENDA, portanto, que primeiro será necessário verificarmos se o negócio jurídico existe. 
Se existir, analisaremos se ele tem validade.
Se existir e tiver validade, analisaremos a partir de qual momento terá eficácia. 
ASSIM: somente obterá a plena realização um negócio jurídico existente, válido e eficaz.
c.1) Plano da existência
Prof. Luciano Favaro
Plano da existência
Um negócio jurídico só surge quando atendido a determinados requisitos. Entenda: aqui não se discute se o negócio jurídico é válido ou não. Discute-se se ele chegou a existir ou não. 
EXEMPLO: O casamento realizado perante quem não tenha autoridade para casar, um delegado de polícia, por exemplo, não configura fato jurídico, e, simplesmente, não existe. Não há se discutir, assim, se é nulo ou ineficaz, nem se precisa de ser desconstituído judicialmente. (MELLO apud STOLZE, Pablo, op. cit., p. 321).
Plano da existência
Para que o negócio jurídico tenha existência, necessário o preenchimento de elementos mínimos para produção dos efeitos. 
Pergunta: e quais são os elementos (pressupostos) para a existência do negócio jurídico?
Resposta: são 4 elementos: agente praticante do ato (pessoa natural ou jurídica); manifestação de vontade consciente do agente; objeto; e forma.
Fique atento(a)
A manifestação de vontade consciente deve se dar de alguma forma. Essa manifestação pode ser:
Expressa: escrito, falado ou gestos;
Tácita: aquela que resulta de um comportamento do agente que leva a prática do negócio jurídico. Exemplo: o silêncio (art. 111 CC).
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
c.2) Plano da validade
Prof. Luciano Favaro
Plano de validade
Agora não se discute mais se o ato existe ou não, mas sim se ele é válido ou inválido. 
Para que o negócio jurídico seja considerado válido é imprescindível observar os requisitos do artigo 104 CC:
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei.
I) Agente capaz
O agente praticante do ato seja CAPAZ. 
II) Manifestação da vontade
A manifestação de vontade consciente do agente seja LIVRE E DE BOA-FÉ, sob pena do surgimento de um vício no negócio;
CUIDADO: a manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento (art. 110 CC).
Artigo 110 CC – Exemplo
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
Exemplo: um estrangeiro que se casa com determinada brasileira com a finalidade única (reserva mental) de não ser expulso do Brasil. Sendo consciente, livre e de boa-fé a reserva mental dele pouco importa para o Direito e, portanto, terá o casamento plena validade.
III) Objeto
O objeto deve ser lícito, possível, determinado ou determinável;
IMPORTANTE: a impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado (art. 116 CC).
IV) Forma
A forma deve estar prescrita ou não defesa em lei.
ATENÇÃO! a regra no Direito brasileiro é que o negócio jurídico não necessita de forma especial, senão se lei expressamente exigir. 
Art. 107 CC. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
Forma Especial
Exemplos de obrigatoriedade de forma especial
exigidas em lei: artigos 108 CC; 1.535 CC.
Art. 108 CC. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Forma Especial
Art. 1.535 CC. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos: "De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."
c.3) Plano da eficácia
Prof. Luciano Favaro
Plano da eficácia
Conquanto exista e tenha validade, necessário que produza eficácia. 
Em regra, os negócios jurídicos, sem prazo, são exequíveis assim que celebrados. Exceção: se tiver sido realizado em lugar diverso ou depender de tempo para a realização, como, por exemplo, construção de uma casa (art. 134 CC).
Plano da eficácia
Ocorre que as partes podem estabelecer que o negócio jurídico somente terá eficácia após determinado acontecimento. 
Assim, em que pese o negócio ter existência e validade, enquanto não ocorrer o acontecimento, ele será ineficaz. 
Plano da eficácia
O negócio que não tiver eficácia imediata ficará subordinado aos chamados elementos acidentais que são: 
a condição;
o termo;
e o encargo. 
c.3.1) Condição
Prof. Luciano Favaro
Condição
É a cláusula que deriva exclusivamente da vontade das partes e subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto (art. 121 CC).
Exemplo de negócio jurídico condicional: doarei esse carro a você se o Brasil for, no futebol, campeão nos Jogos Olímpicos de 2016. 
Classificação da condição
Prof. Luciano Favaro
Quanto à licitude
Lícitas: são licitas todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; 
Ilícitas: São ilícitas as condições que forem contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes.
Quanto à licitude
Perplexas (incompreensíveis ou contraditórias): são as que privam de todo efeito o negócio jurídico. Exemplo: “empresto esse imóvel com a condição de que você não more nele, tampouco o alugue”. 
IMPORTANTÍSSIMO: as condições ilícitas e as perplexas INVALIDAM o negócio jurídico a que estão subordinadas (art. 123, II e III CC).
Quanto à possibilidade
Possíveis: possíveis de serem realizadas.
Impossíveis: são as que não têm possibilidade de se concretizar, seja por empecilho da natureza (fisicamente impossíveis), seja por obstáculo de ordem legal (juridicamente impossíveis). Art. 123, I CC.
Fisicamente impossível: exemplo: “dar-te-ei esse carro se tocares o céu com o dedo”.
Juridicamente impossível: exemplo: “dar-te-ei R$ 1000,00 se emancipares teu filho antes dos 16 anos de idade”.
Quanto aos efeitos
Suspensiva: são suspensivas quando as partes protelam temporariamente a eficácia do negócio jurídico até a realização do acontecimento futuro e incerto (art. 125 CC)
Exemplo: “O pai que promete dar um carro ao filho SE ele passar em medicina”. Assim, enquanto estiver pendente a condição suspensiva (enquanto o garoto não passar em medicina), o interessado não tem direito adquirido. O negócio é, portanto, ineficaz.
Quanto aos efeitos
IMPORTANTÍSSIMO: as condições impossíveis (física ou juridicamente), quando suspensiva, também INVALIDAM o negócio jurídico a que estão subordinadas (art. 123, I CC). 
Assim, não posso prometer doar um carro, se você trouxer a lua, pois, obviamente, NÃO haverá o implemento da condição suspensiva.
Quanto aos efeitos
Resolutiva: São resolutivas as condições que tenham por fim extinguir, depois do acontecimento futuro e incerto, o direito criado pelo negócio jurídico. Assim, o negócio jurídico gerará efeitos válidos imediatos e quando ocorrer o evento que é futuro e incerto previsto na cláusula, o direito será extinto (art. 127 CC). 
Exemplo: “O pai doa uma casa a filha com a condição de que ela não se separe do marido. Se ela divorciar, o imóvel voltará à propriedade do pai”.
Quanto aos efeitos
IMPORTANTÍSSIMO: as condições impossíveis (física ou juridicamente), quando resolutivas, são consideradas como não-escritas (art. 124 CC). 
Quanto aos efeitos
Observação final: tanto nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido que o titular do direito eventual pratique atos destinados a conservá-lo.
c.3.2) Termo
Prof. Luciano Favaro
Termo
É a cláusula que deriva exclusivamente da vontade das partes e subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e certo.
Exemplo de negócio jurídico a termo: o curso iniciará no dia 15 de novembro de 2015. 
Classificação do termo
Prof. Luciano Favaro
Quanto à data da verificação
Determinado: é o que se reporta a uma data do calendário; ou quando fixado tendo por base o decurso de certo lapso de tempo, exemplo: de hoje a um ano. 
Indeterminado: é aquele que se reporta a um acontecimento futuro, mas que com certeza se verificará em data indeterminada, exemplo: morte de uma pessoa.
Quanto aos efeitos
Inicial: impede o titular de exercer o direito, mas desde o momento em que celebrou o negócio, o titular já adquiriu o direito (art. 131 CC).
Exemplo: o curso iniciará no dia 15 de novembro de 2015. O termo inicial é, portanto, o dia 15. ENTENDA: a pessoa não terá como exercer o seu direito (isso só ocorrerá no dia 15), mas desde o momento em que assinou o contrato já adquiriu direitos.
Quanto aos efeitos
Final: é o que faz cessar os efeitos criados pelo negócio jurídico com o seu advento.
Exemplo: o curso se encerrará no dia 15 de março de 2016. O termo final aqui é o dia 15. ENTENDA: no dia 15, cessarão os efeitos do negócio jurídico.
CUIDADO! Termo ≠ Prazo
Prazo é o lapso de tempo entre a manifestação da vontade e o termo (inicial ou final).
Exemplo: o curso será ministrado do dia 15 de novembro de 2015 (termo inicial) a 15 de fevereiro de 2016 (termo final). Veja que o prazo (lapso de tempo entre os dois termos), nesse caso, será de 3 meses. 
Regras importantes!
O prazo é contado excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do vencimento (art. 132 CC). 
Se o vencimento cair em feriado/domingo, considera-se prorrogado o prazo até o seguinte dia útil. 
Regras importantes!
Meado do mês é sempre o seu 15º dia, independente da quantidade de dias.
Prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência.
Prazo em hora conta-se minuto a minuto.
c.3.3) Encargo
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Encargo
É a cláusula que deriva exclusivamente da vontade das partes e que impõem um ônus ou uma obrigação à pessoa beneficiária. 
Exemplo de negócio com encargo: doarei esse imóvel a você, contanto que nele você monte um hospital. Assim, se o adquirente quiser o bem doado, deverá cumprir o encargo, sob pena de ser desfeito o negócio jurídico.
Encargo
ENTENDA: o negócio jurídico começa a gerar efeitos desde o momento em que celebrado, sendo que a inexecução do encargo não gerará invalidade do negócio, mas sim o seu desfazimento.
Atenção!
ATENÇÃO: em regra o encargo ilícito ou impossível é considerado como não escrito. Assim, o negócio jurídico terá os efeitos pretendidos, excluindo-se, unicamente, o encargo ilícito ou impossível (art. 137 CC). 
Exceção: o negócio jurídico será invalidado se o encargo ilícito ou impossível constituir o motivo determinante da liberalidade.

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