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DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL _______________________________________________________________________________________________ 1 IV – ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 1. Pagamento. 2. Consignação em pagamento. 3. Pagamento com sub-rogação. 4. Imputação do pagamento. 5. Dação em pagamento. 6. Novação. 7. Compensação. 8. Confusão. 9. Remissão de dívida. 1. PAGAMENTO - a obrigação já nasce com a finalidade de acabar, de se extinguir, é efêmera. - a obrigação extingue-se pelo cumprimento voluntário da prestação, chamado solução da obrigação (solutio) ou pagamento, havendo a consequente liberação do devedor. - elementos do pagamento vínculo obrigacional: causa, fundamento do pagamento sujeito ativo: o devedor (solvens) – sujeito passivo da obrigação sujeito passivo: o credor (accipiens) – sujeito ativo da obrigação 1.1 Sujeitos do pagamento Quem deve pagar - CC, arts. 304 a 307 * O Código Civil de 1916 tratava do adimplemento e inadimplemento das obrigações em um só Título: Dos Efeitos das Obrigações. O novo Código Civil separou em Título II – Do adimplemento e extinção das obrigações e no Título IV – Inadimplemento das obrigações. - CC, art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. Parágrafo Único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste. Assim, o solvens = quem deve pagar, poderá ser: o devedor – sujeito passivo da obrigação (para ele, o pagamento não é apenas uma obrigação, mas sim um direito; afinal, se a dívida se prolongar, acarretará encargos) - CC, art. 304 o terceiro interessado na dívida: indivíduo que não integra o polo passivo da obrigação original, mas está vinculado ao pagamento da dívida (fiador, avalista, sublocatário) - CC, art. 304, caput o terceiro não interessado na dívida: indivíduo sem relação com a obrigação-base, não vinculado ao pagamento, mas que o realiza por solidariedade familiar ou social (mera filantropia; ex: pai, amigo) – CC, arts. 304 e 305 * nas obrigações personalíssimas não se admite terceiro como pagador, devido à pessoalidade do devedor. DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL _______________________________________________________________________________________________ 2 * oposição do credor quanto ao adimplemento por terceiro (CC, art. 306) > havendo desconhecimento ou oposição do devedor ao pagamento por terceiro, e se o pagamento ainda assim ocorrer, o terceiro não terá direito de reaver os valores pagos, desde que o devedor tenha meios para cumprir a obrigação. - CC, art. 307 > pagamento que importa em transmissão de domínio: ninguém pode transferir mais direitos do que possui; portanto, somente o titular do objeto pode transferir a sua propriedade, como forma de pagamento – alienação a non domino. * exceção: pagamento por entrega de coisa fungível > não se pode reclamar a coisa entregue ao credor de boa-fé que a consumiu; o verdadeiro proprietário do bem deverá exigir perdas e danos não do credor de boa-fé, mas do devedor que efetuou o pagamento através da alienação a non domino. A quem se deve pagar - CC, arts. 308 a 312 - CC, art. 308 (regra geral): o pagamento deve ser feito ao credor ou, ainda, a quem o represente, desde que ratificado ou provado que reverteu em seu benefício. Casos Específicos: - CC, art. 309: Credor putativo é o credor que tem apenas aparência de credor, não o sendo na realidade. (Ex. Em um assalto a banco, o assaltante se põe no lugar da caixa e você paga a ele), assim a lei dá eficácia ao pagamento feito ao “falso” accipiens (a quem se deve pagar) se o pagador estiver de boa-fé, o verdadeiro credor deve haver o pagamento do “falso”. - CC, art. 310: credor incapaz de quitar > se ao pagar o devedor tem ciência de que está pagando a um incapaz - total ou relativamente, o pagamento é inválido; mas, se o pagador nada sabia quanto à incapacidade, valerá o pagamento. - CC, art. 311: apenas autorização para receber o caracteriza como representante a receber, como quando estiver com a quitação em mãos. - CC, art. 312: se o crédito estiver em situação de penhora ou impugnação, o devedor deverá pagar em juízo; se pagar ao credor, corre o risco de pagar novamente. 1.2 Objeto do Pagamento - CC, arts. 313 a 126 - CC, art. 313: “o credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa” > portanto, o objeto é o que foi acordado, nem mais, nem menos e a forma do pagamento deve ser a convencionada. - o objeto do pagamento nada mais é que a prestação DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL _______________________________________________________________________________________________ 3 - perecimento e deterioração do objeto: dependerá da espécie de obrigação (dar, restituir, fazer, não fazer) - perdas e danos: quando o devedor estiver inadimplente de forma culposa - formas de pagamento: conforme os dispositivos legais 1.3 Lugar do pagamento - CC, arts. 327 a 330 - CC, art. 327. Efetuam-se os pagamentos no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias. Parágrafo Único: Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles. - a regra geral é o artigo acima, mas nada impede que as partes escolham outro local querable: domicílio do devedor obrigação portable: domicílio do credor - importância da fixação do lugar > quem paga em lugar errado, paga mal; e quem paga mal, paga duas vezes - CC, art. 328: a natureza da prestação determina o local do pagamento - CC, art. 329: impossibilidade, no caso fortuito ou na força maior: não caberá indenização - CC, art. 330: examinam-se a boa-fé e os costumes 1.4 Tempo do pagamento - CC, arts. 331 a 333 - CC, art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada a época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente. - o princípio acima pode variar, na conformidade da natureza da obrigação ou da vontade das partes (empréstimo; locação; depósito) - o maior interesse em se saber o tempo do pagamento é que este não pode ser exigido antes de seu vencimento, salvo em casos em que a lei determina o pagamento antecipado puras: a lei, ou as partes não estipulam prazo para o pagamento, pode ser exigida a qualquer momento. obrigações a termo: com prazo fixado. Se o prazo existir, o credor só poderá exigir a prestação após o vencimento do prazo. DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL _______________________________________________________________________________________________ 4 - horário: há de se entender a possibilidade de se efetuar o pagamento até o fim das 24 horas do dia, mas se a atividade depende de horário comercial, bancário ou forense, findado o expediente, a possibilidade do pagamento é frustrada. 1.5 Prova do pagamento - CC, arts. 319 a 325 - o pagamento não se presume, prova-se pela quitação emitida pelo credor. - requisitos: conforme o artigo 320, o valor e a espécie da dívida quitada, nome do devedor, ou mesmo quem pagou pela dívida, o tempo e o lugar em que o pagamento foi efetuado,além da assinatura do credor ou seu representante. Por escrito público ou particular. - presunções que dispensam a quitação: título de crédito em posse do devedor pagamento feito por quotas sucessivas, exibindo a quitação da última delas quitação do capital, onde os juros presumem-se pagos 2. PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO - pagamento: modo de extinção das obrigações pagamento propriamente dito pagamentos especiais pagamento em consignação (modo indireto de pagamento) pagamento com sub-rogação imputação do pagamento dação em pagamento - meio indireto de pagamento (CC, 304 “in fine”) - conceito: “O pagamento em consignação consiste no depósito, pelo devedor, da coisa devida, com o objetivo de liberar-se da obrigação”. – Carlos Roberto Gonçalves - CC, art. 334 - depósito judicial (ação de consignação em pagamento) ou extrajudicial (banco oficial) do objeto devido (bens móveis e imóveis ou dinheiro) * Objetivo: não sofrer os efeitos da mora = liberar o devedor ** Natureza jurídica: extinção da obrigação. - CPC, arts. 890 a 900 > regulamenta o procedimento da consignação (procedimento especial de jurisdição contenciosa) - cabimento: mora accipiendi – recusa do recebimento, pelo credor alegação da exceptio non adimpleti contractus, pelo devedor - objeto da consignação: dinheiro e bens móveis ou imóveis - possível em relação às obrigações de dar (entregar ou restituir) coisa certa ou incerta DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL _______________________________________________________________________________________________ 5 “somente as obrigações de dar podem ser objeto de consignação, sendo mesmo absurdo imaginar o depósito de uma obrigação de fazer ou de não fazer”. – Silvio Rodrigues - hipóteses que autorizam a consignação: CC, art. 335 > rol exemplificativo I – recusa injusta de recebimento (não puder/não quiser) ou de quitação, por parte do credor * dívida portável = devedor deve ter feito a oferta real, efetiva do objeto II – credor nega-se a receber ou a mandar receber dívida quesível, no tempo, lugar e modo devidos III – credor incapaz, desconhecido, ausente ou residente em lugar incerto, perigoso ou difícil * ex.: morte ou transferência do título (cessão de crédito), declaração de ausência IV – dúvida sobre o legítimo credor * consignação com a citação de todos os interessados em receber V – pendência quanto ao objeto do pagamento * litígio entre o credor e terceiro pelo objeto > o devedor deve consigná-lo - requisitos de validade da consignação (CC, art. 336 e arts. 341 a 343): legitimidade ativa – devedor, terceiro interessado e terceiro não interessado (todos capazes) legitimidade passiva – credor capaz ou quem o alegue ser, além de seu representante credor desconhecido > citação por edital, com curador especial objeto – integralidade do depósito + correção monetária + juros de mora entrega de coisa > depósito dos acessórios (frutos ou produtos) débito líquido e certo modo – deverá ser observado o convencionado tempo – fixado no contrato impossibilidade de pagamento antecipado, se não foi acordado lugar – dívida quesível ou portável - levantamento do depósito: possibilidade que tem o devedor de levantar (resgatar) o depósito efetuado, antes de realizada a declaração de aceitação pelo credor – CC, art. 338 - havendo aceitação do depósito pelo credor > extinção da obrigação 3. PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO - meio indireto ou especial de pagamento (CC, art. 346) - conceito: “É a transferência dos direitos do credor para aquele que solveu a obrigação, ou emprestou o necessário para solvê-la. A obrigação pelo pagamento extingue-se; mas, em virtude da sub-rogação, a dívida, extinta para o credor originário, subsiste para o devedor, que passa a ter por credor, investido nas mesmas garantias, aquele que lhe pagou ou lhe permitiu pagar a dívida.” - Clóvis Beviláqua, Código Civil Comentado - caracteriza-se como uma exceção à regra de que o pagamento extingue a obrigação, pois a obrigação mostra-se extinta apenas para o credor, o qual tem seu interesse satisfeito; já, para o devedor, a obrigação subsiste, devendo ele cumpri-la junto à pessoa do sub-rogado > alteração da obrigação, mudando-se o credor (alteração subjetiva). DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL _______________________________________________________________________________________________ 6 - espécies: pessoal – uma pessoa se substitui por outra pessoa (avalista, fiador, sublocatário, co-devedor da coisa indivisível) real – uma coisa se substitui por outra coisa (imóvel com cláusula de inalienabilidade em testamento poderá ser substituído por outro; bens adquiridos na constância do casamento sob o regime de comunhão parcial de bens, com recursos advindos de bem exclusivo legal – decorrente da lei, independentemente de vontade do credor ou devedor > satisfação por terceiro interessado, como o co-devedor, fiador ou avalista (CC, art. 346) convencional – deriva da vontade expressa das partes, podendo ocorrer entre credor e sub- rogado ou entre sub-rogado e devedor (CC, art 347) - hipóteses de ocorrência da sub-rogação legal (CC, art. 346) – rol taxativo I – em favor do credor que pagou dívida do devedor comum mais de um credor utilidade: se outro credor executar o devedor ele poderá ficar sem bens para pagar o restante da dívida. O credor que pagou sub-roga-se nos direitos do primitivo credor e aguarda a melhor oportunidade para a cobrança de seu crédito II – em favor do adquirente de imóvel hipotecado, que paga o credor hipotecário, para evitar a excussão (execução) do bem, bem como em favor do terceiro que efetiva o pagamento para não se ver privado de direito sobre imóvel (ex: vencedor de pleito indenizatório obteve direito à constrição do imóvel hipotecado (execução da sentença) III – em favor do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte * terceiro interessado: aquele que pode ter seu patrimônio afetado, caso a dívida não seja paga: avalista, fiador, co-obrigado solidário, co-devedor de obrigação indivisível - hipóteses de ocorrência da sub-rogação convencional (CC, art. 347) I – quando o credor recebe o pagamento de terceiro e, expressamente, lhe transfere todos os seus direitos (terceiro não interessado) necessidade de transferência expressa dos direitos do credor a transferência deve ser efetuada até o momento em que recebe a prestação não se faz necessária a autorização ou concordância do devedor II – quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito negócio causal = a causa deve constar do instrumento não se faz necessário o consentimento do credor exemplo: financiamentos para aquisição da casa própria DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL _______________________________________________________________________________________________ 7 - efeitos da sub-rogação: - efeito liberatório > exonera o devedor ante o credor originário - efeito translativo > a sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores (CC, art. 349) - sub-rogação parcial: - CC, art. 351 > o credor originário,só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida remanescente, se os bens do devedor não forem suficientes para saldar inteiramente ambos os débitos 4. IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO - conceito: imputação ao pagamento caracteriza-se como a indicação da obrigação a ser extinta, quando o mesmo devedor possui várias dívidas junto ao mesmo credor e o pagamento não é suficiente para saldar todas elas. “A imputação do pagamento consiste, pois, na indicação ou determinação da dívida a ser quitada, quando uma pessoa se encontra obrigada, por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, e efetua o pagamento não suficiente para saldar todas elas”. – Carlos Roberto Gonçalves - requisitos (CC, arts. 352 e 353): pluralidade de débitos: requisito essencial; somente é possível a imputação do pagamento, havendo uma única dívida, quando esta se desdobra em débito principal e acessórios (juros) identidade de partes: todas as obrigações devem ter o mesmo devedor e o mesmo credor, lembrando-se que no mesmo pólo obrigacional pode haver pluralidade de pessoas igual natureza das dívidas: dívidas de mesma natureza, tendo por objeto coisas fungíveis de idêntica espécie e qualidade; débitos homogêneos, fungíveis entre si (dinheiro/dinheiro, café/café, milho/milho); as dívidas devem ser líquidas (determinada quanto ao objeto) e vencidas (exigíveis pelo advento do termo) * as dívidas ilíquidas ou vincendas poderão ser saldadas mediante concordância do credor possibilidade de o pagamento resgatar mais de um débito: o pagamento deve ser suficiente para saldar mais de uma dívida e não todas elas; se o pagamento efetuado é suficiente para pagar a dívida menor, não será permitido que este mesmo pagamento seja imputado em outro débito maior, porque o credor não é obrigado a receber parcialmente - espécies de imputação: por indicação do devedor: CC, art. 352 > o próprio devedor tem o direito de escolher qual o débito a ser pago. Porém, existem algumas restrições a este direito: - o devedor só poderá pagar dívida não vencida com concordância do credor - o devedor não poderá escolher dívida com valor superior ao do pagamento, já que o credor não é obrigado a receber de forma parcelada - quando a dívida for composta de capital e juros, estes devem ser os primeiros a serem pagos DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL _______________________________________________________________________________________________ 8 * realizada a imputação, respeitando-se todos os requisitos legais, o credor não pode recusar o pagamento, podendo caracterizar a mora accipiendi, o que permitirá a utilização da ação de consignação em pagamento, pelo devedor. por vontade do credor:CC, art. 353 > ocorre quando o devedor não indica a dívida a ser paga; então, o próprio credor, na quitação, indica qual dos débitos está sendo saldado em virtude de lei: CC, art. 355 > ocorre quando o devedor não indica a dívida a ser paga e o credor também não o faz, na quitação. Neste caso, devem ser observados os seguintes critérios: - havendo capital e juros, o pagamento corresponderá aos juros vencidos (CC, art. 354) - se houver dívidas vencidas e não vencidas, serão pagas as primeiras - havendo dívidas líquidas e ilíquidas, serão saldadas as primeiras, segundo a ordem de seu vencimento - se todos os débitos forem líquidos e vencidos, o pagamento será imputado ao mais oneroso (existência de juros, hipoteca, cláusula penal) - se todos os débitos forem líquidos, vencidos e igualmente onerosos, considerar-se-á feito o pagamento proporcional de todos eles 5. DAÇÃO EM PAGAMENTO - conceito: acordo entre credor e devedor, através do qual o primeiro concorda em receber como pagamento, prestação diferente daquela devida. Caracteriza-se como uma exceção à regra de que o credor não é obrigado a receber uma coisa por outra (aliud pro alio, invito creditore, solvi non potest – uma coisa por outra, contra a vontade do credor, não pode ser solvida) – CC, art. 356 - a obrigação extingue-se através da execução de uma prestação distinta da devida, caracterizando- se como forma de pagamento indireto; é negócio bilateral, de alienação, liberatório - espécies de dação em pagamento (datio in solutum): substituição de dinheiro por bem móvel ou imóvel (rem pro pecunia) substituição de uma coisa por outra (rem pro re) substituição de uma coisa pela prestação de um fato (rem pro facto) - requisitos para a dação em pagamento: jus disponendi da coisa, por parte do devedor > deve ser o proprietário do bem a ser dado em pagamento o credor deve ter capacidade para efetuar o consentimento se qualquer uma das partes agir representada, o procurador deve ter poderes especiais para realizar a dação, ou para concordar com ela - elementos constitutivos da dação em pagamento: existência de uma dívida: sem dívida, não há que se falar em pagamento concordância do credor, verbal ou escrita, expressa ou tácita: o acordo de vontades é elemento intrínseco DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL _______________________________________________________________________________________________ 9 diversidade da prestação oferecida, em relação à dívida originária: possibilidade de quitação parcial, explicitando-se o débito remanescente; o pagamento poderá ser feito parte em dinheiro e parte em espécie * não se exige coincidência entre o valor da coisa recebida e o valor da dívida - CC, art. 357 > se se fixa o preço da coisa a ser entregue, cuja posse e propriedade se transmitem ao credor, em substituição ao dinheiro, o negócio será regido pelos princípios do contrato de compra e venda; por outro lado, se não se fixou o preço da coisa que substitui a prestação, não se aplicarão os dispositivos referentes à compra e venda - CC, art. 358 > se a coisa dada em pagamento for título de crédito, caracterizar-se-á uma cessão de crédito, ficando o devedor responsável pela existência do crédito transmitido CC, art. 359 > o alienante da coisa dada em pagamento responsabiliza-se pela evicção (perda da coisa em virtude de sentença judicial que a atribui a outra pessoa, em virtude de contrato anterior) > o bem retorna ao legítimo dono e a quitação perde o seu efeito, restabelecendo-se a obrigação 6. NOVAÇÃO - conceito: criação de obrigação nova, para extinguir uma anterior; substituição de uma dívida por outra, extinguindo-se a primeira; sua intenção é criar obrigação nova para extinguir uma anterior - possui conteúdo extintivo, em relação à obrigação antiga e conteúdo gerador, relativo à nova obrigação - é modo extintivo não satisfatório da obrigação, de natureza contratual - requisitos da novação: existência de obrigação anterior (obligatio novanda) constituição de nova obrigação (aliquid novi) intenção de novar (animus novandi) - espécies de novação: objetiva ou real: quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior – CC, art. 360, I; mudança no objeto principal, em sua natureza ou em sua causa jurídica subjetiva ou pessoal: substituição dos sujeitos da relação jurídica, credor (novação ativa) ou devedor (novação passiva: expromissão ou delegação) – CC, art. 360, II e III mista: ocorre, ao mesmo tempo, mudança de objeto da prestação e de um dos sujeitos da relação obrigacional - efeitos da novação: extinção da obrigação primitiva a insolvência do novo devedor é de responsabilidade do credor, que o aceitou, nãolhe cabendo ação regressiva contra o devedor primitivo o credor somente terá ação regressiva contra o devedor primitivo, se este agiu de má-fé exoneração dos devedores solidariamente responsáveis pela extinta obrigação anterior, salvo se participarem da novação DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL _______________________________________________________________________________________________ 10 a fiança somente permanecerá na nova relação obrigacional se o fiador, de forma expressa, consentir na nova situação 7. COMPENSAÇÃO - conceito: modo indireto de extinção de obrigações entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credora e devedora uma da outra, eliminando circulação inútil da moeda, evitando duplo pagamento “extinção de obrigações recíprocas, que se pagam uma por outra, até a concorrência de seus respectivos valores, entre pessoas que são devedoras uma da outra” – Clóvis Beviláqua - espécies: total:quando as duas obrigações apresentam mesmo valor parcial: quando os valores das obrigações forem desiguais compensação legal: decorrente da lei, independentemente da vontade das partes, podendo ocorrer, até mesmo, contra a vontade de uma delas. Quando se constitui o segundo crédito, as dívidas se extinguem. Em havendo necessidade, o juiz pode declarar a compensação das dívidas. - requisitos: reciprocidade dos créditos – CC, arts. 368; 371, segunda parte (fiador) e 376 liquidez das dívidas – CC, art. 369 exigibilidade das prestações > dívidas vencidas – CC, art. 369 fungibilidade dos débitos (homogeneidade das prestações) – CC, art. 370 compensação convencional: resulta do acordo de vontades das partes envolvidas, podendo ser dispensados alguns requisitos da compensação legal, como a liquidez da dívida ou a fungibilidade das prestações. - limites: ordem pública e função social do contrato, boa-fé e bons costumes compensação judicial: determinada pelo juiz, estando presentes os requisitos legais; aplicável nas hipóteses em que a ação e a reconvenção são procedentes. - dívidas não compensáveis: existem hipóteses em que a compensação não será possível: exclusão convencional bilateral CC, art. 375 unilateral exclusão legal esbulho, furto ou roubo comodato, depósito ou alimentos CC, art. 373 coisa não suscetível de penhora dívidas fiscais – CC, art. 374 revogado pela MP n. 104, de 01/01/03 em prejuízo de terceiro – CC, art. 380 DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL _______________________________________________________________________________________________ 11 8. CONFUSÃO - conceito: extinção da obrigação por se confundirem, numa única pessoa, as figuras de credor e devedor – CC, art. 381 - opera-se pela própria lei, independentemente de manifestação de vontade - hipóteses mais freqüentes: cessão de crédito, herança, casamento com comunhão universal de bens, sociedade - espécies (CC, art. 382): total ou própria: referente à totalidade da dívida parcial ou imprópria: as prestações extinguem-se até onde se compensarem - efeitos: extinção da obrigação principal extinção dos acessórios (fiança, penhor) a obrigação permanece se a confusão ocorrer entre credor e fiador ou entre fiador e devedor - fim da confusão: - CC, art. 384 - abertura de sucessão provisória com posterior aparecimento do ausente - renúncia da herança - anulação de testamento 9. REMISSÃO DE DÍVIDA - conceito: extinção da obrigação por liberalidade do credor, que exonera (libera, perdoa) o devedor do cumprimento da obrigação – CC, art. 385 - caracteriza-se como renúncia ao direito subjetivo de crédito - requisitos: vontade manifestada do credor capacidade do credor (remitente) para alienar capacidade do devedor (remitido) de adquirir aceitação expressa ou tácita do devedor (possibilidade de recusa) dívidas patrimoniais de caráter privado - espécies: total: abrange a totalidade da dívida parcial: atinge parcialmente a prestação expressa: declaração em instrumento público ou particular tácita: comportamento do credor, incompatível com sua qualidade (aceitação de pagamento inferior, destruição do título) presumida: presunção legal – CC, arts. 386 e 387 sob condição: remissão a partir do implemento da condição suspensiva a termo: remissão a termo inicial DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL _______________________________________________________________________________________________ 12 - CC, art. 388 > remissão de dívida em hipótese de solidariedade passiva > extingue-se a dívida do co-devedor remitido; a cobrança feita aos demais co-devedores deverá excluir a parcela remitida. BIBLIOGRAFIA COELHO, Fabio Ulhoa. Curso de direito civil: obrigações e responsabilidade civil. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 2. DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral das obrigações. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 2. GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: obrigações. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 2. GOMES, Orlando. Obrigações. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: teoria geral das obrigações. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 2. LÔBO, Paulo. Direito civil: obrigações. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das obrigações, 1ª parte. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v. 4. NADER, Paulo. Curso de direito civil: obrigações. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. v. 2. PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: teoria geral de obrigações. 20. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. v. 2. RODRIGUES, Silvio. Direito civil: parte geral das obrigações. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. v. 2. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2011. WALD, Arnoldo. Curso de direito civil brasileiro: obrigações e contratos. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
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