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SIMPLIFICADO- Direito das Obrigações: 5. Inadimplemento das obrigações - Prof. Viviane Hajel

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DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 
PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL 
________________________________________________________________________________________________ 
 1 
 
V - INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES 
 
 
1. Inadimplemento absoluto. 2. Mora. 3. Perdas e danos. 
4. Juros legais. 5. Cláusula penal. 6. Arras 
 
 
1. INADIMPLEMENTO ABSOLUTO (CC, arts. 389-393) 
 
- regra: adimplemento (pacta sunt servanda = o contrato faz lei entre as partes > os contratos devem 
ser cumpridos) 
 
- exceção: inadimplemento, descumprimento, inexecução 
 
- “Só há não-cumprimento quando, não tendo sido extinta a obrigação por outra causa, a prestação 
debitória não é efetuada, nem pelo devedor, nem por terceiro”. – Carlos Roberto Gonçalves 
 
- causas extintivas da obrigação: prescrição, remissão da dívida, sucessão 
 
 
 culposo (culpa ou dolo do devedor) - CC, art. 389 
 relativo: cumprimento imperfeito (mora) – CC, art. 394 
 absoluto: não foi, nem poderá ser cumprida a obrigação de forma útil 
 * consequência: cumprimento forçado ou dever de indenizar 
inadimplemento 
 fortuito (sem culpa do devedor) – CC, art. 393 
caso fortuito 
força maior 
 * consequência: sem dever de indenizar 
 
 
1.1 Inadimplemento culposo 
 
- CC, art. 389 - responsabilidade civil contratual: 
“Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização 
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.” 
* correção monetária calculada, a partir do evento 
* ver, também, CC, arts. 395 et seq 
 
- CC, art. 390: 
“Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato 
de que se devia abster.” 
 
- inadimplemento = não cumprir a obrigação: 
a) obrigação de dar – não entregou ou restituiu > cumprimento forçado ou perdas e danos 
b) obrigação de fazer – não fez (omissão) > cumprimento forçado ou perdas e danos 
c) obrigação de não fazer – devedor fez (realizou a ação) > CC, art. 251 – desfazimento + perdas e 
danos ou ação cominatória (várias obrigações de abstenção) 
 * consequência: reparação dos danos (indenização) 
 
DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 
PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL 
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- CC, art. 186 – responsabilidade civil extracontratual, delitual ou aquiliana: 
“Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o 
praticou.” 
* ver, também, CC, arts. 187 e 927 et seq 
 
- Súmula 54, STJ: “juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade 
extracontratual”. 
 
- CC, art. 391 - responsabilidade patrimonial do devedor: 
“Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.” 
* haverá indenização do prejuízo somente quando não se fizer possível o cumprimento em espécie 
da obrigação 
* havendo condenação em perdas e danos e não ocorrendo o pagamento, por parte do devedor, 
caberá a execução forçada, realizando-se a penhora de seus bens > responsabilidade patrimonial 
 
- CC, art. 392: “Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o 
contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada 
uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei”. 
* contratos benéficos ou gratuitos: apenas um dos contratantes possui benefícios, enquanto para o 
outro só há obrigação 
* contratos onerosos: ambos os contratantes obtêm proveito 
 
1.2 Inadimplemento fortuito (CC, art. 393) 
 
“O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se 
expressamente não se houver por eles responsabilizado. 
 Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não 
era possível evitar ou impedir.” 
 
- causas de impossibilidade da prestação, sem culpa do devedor: 
 provocadas por terceiro 
 provocadas pelo credor 
 provocadas pelo próprio devedor 
 provocadas por caso fortuito 
 provocadas por força maior 
 
- caso fortuito/força maior: fato necessário, sem culpa ou dolo do devedor, o qual deve ser provado 
pelo próprio devedor, a fim de não lhe obrigar pelas perdas e danos, levando ao fim da obrigação, 
salvo se o devedor assumiu, expressamente, a responsabilidade pelo fato ocorrido. 
 
a) força maior: fato inevitável, superveniente; obstáculo que terceira pessoa criou e o devedor não 
pôde vencê-lo; ex: guerra, atropelamento, congestionamento, embargo de autoridade pública, greve, 
motim, queda de viaduto. 
b) caso fortuito: fato irresistível, imprevisível, fora do alcance humano; forças naturais ou 
ininteligíveis; ex: terremoto, furacão, raio, tempestade. 
 
 
 
 
 
DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 
PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL 
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2. MORA 
 
2.1 Conceito 
 
- retardamento ou cumprimento imperfeito da obrigação, tanto por parte do devedor, quanto do 
credor. 
 
- CC, art. 394: Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não 
quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer. 
 
 - mora ≠ inadimplemento absoluto > critério da utilidade da prestação 
 
2.2 Espécies 
 
 mora solvendi (mora de pagar) mora ex re – em razão do fato ou da coisa (fato legal) 
 ou mora debitoris (mora do devedor) (CC, arts. 397, caput e 398) 
 mora ex persona – em razão da pessoa 
 (CC, art. 397, parágrafo único) 
 
 mora accipiendi (mora de receber) ou mora creditoris (mora do credor) 
 
2.3 Mora do devedor 
 
 exigibilidade da prestação (dívida líquida e certa) 
- requisitos inexecução culposa 
 constituição em mora (mora ex persona) 
 
 
- efeitos responsabilização pelos prejuízos causados ao credor – CC, art. 395 
 perpetuação da obrigação – CC, art. 399 
 
- CC, art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, 
atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e 
honorários de advogado. 
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e 
exigir a satisfação das perdas e danos. 
 
- CC, art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa 
impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; 
salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse 
oportunamente desempenhada. 
 
2.4 Mora do credor 
 
 vencimento da obrigação > prestação exigível 
- requisitos oferta da prestação (por parte do devedor) 
 recusa injustificada em receber – CC, art. 335, I 
 constituição em mora, mediante a consignação em pagamento 
 
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 isenção de responsabilidade do devedor pela conservação da coisa (sem dolo) 
 liberação do devedor dos juros e da pena convencional 
- efeitos responsabilização do credor pelas despesas com a conservação da coisa 
 direito de retenção do bem, pelo devedor, até o ressarcimento das despesas necessárias 
 responsabilização do credor por oscilação do preço: estimação mais favorávelao devedor 
 
2.5 Mora de ambos os contratantes 
 
- moras simultâneas > compensação > nenhum dos contratantes pode exigir perdas e danos 
 
- moras sucessivas > cada contratante é responsável pelos prejuízos ocorridos no período em que a 
mora foi sua > compensação 
 
2.6 Purgação e cessação da mora 
 
- saneamento, neutralização da mora, pelo cumprimento da obrigação e ressarcimento dos prejuízos 
* somente é possível, se ainda houver utilidade para o credor 
 
- purgação devedor – CC, art. 401, I: prestação + prejuízos + juros + cláusula penal + correção 
 credor – CC, art. 401, II: recebimento + desp. pela conservação + oscilação do preço 
 
 
- possibilidade de renúncia ≠ purgação da mora 
 
- purgação da mora por terceira pessoa 
 
- momento da purgação da mora: a qualquer tempo, contanto que não cause dano à outra parte 
 
- purgação de mora ≠ cessação de mora > decorre da extinção da obrigação = anistia 
 
 
 
3. PERDAS E DANOS 
 
- inadimplemento contratual > responsabilidade civil > ressarcimento dos danos 
 
- CC, art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao 
credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. 
 
- prejuízos causados ante o descumprimento obrigacional: 
 
* danos materiais 
 
danos emergentes: o que o credor perdeu (diminuição patrimonial) – dano atual, certo, 
necessitando prova efetiva 
lucros cessantes: o que o credor deixou de lucrar (privação do aumento) – critério da razoabilidade 
 
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- CC, art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os 
prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto 
na lei processual. 
 
* danos morais – plena reparabilidade 
 
- requisitos – CC, art. 403 
 ação ou omissão 
 relação de causalidade 
 danos diretos e imediatos 
 culpa ou dolo 
 
- CC, art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com 
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, 
custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional. 
Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena 
convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar. 
 
- princípio da operabilidade: ex - atualização monetária: não é um plus (evita enriquecimento ilícito 
do devedor); decorre da inflação e da mora. 
 
- Súmula 562 do STF. Na indenização de danos materiais decorrentes de ato ilícito cabe a 
atualização de seu valor, utilizando-se, para esse fim, dentre outros critérios, dos índices de 
correção monetária. 
 
- CC, art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial. 
 
 
4. JUROS LEGAIS 
 
4.1 Conceito e classificação 
- juros caracterizam-se como rendimentos do capital; frutos civis decorrentes da utilização do capital 
alheio; remuneram o credor pela privação de seu capital e, também, pagam-lhe o risco de não o 
receber de volta. 
 
 compensatórios (remuneratórios) – utilização consentida de capital alheio 
 moratórios – decorrentes do descumprimento (total ou parcial) da obrigação 
 
 convencionais – ajustados pelas partes 
- juros legais – impostos pela lei (determinados por sentença: principal + acessórios) 
 
 simples – calculados sobre o capital inicial 
 compostos – juros sobre juros (os computados integram o capital) – CC, art. 591 
 
 
- CC, art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa 
estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver 
em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional. 
 
 
DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 
PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL 
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- juros moratórios: 
 CPC, art. 293 
 Súmula 254, STF: “Incluem-se os juros moratórios na liquidação, embora omisso o pedido 
inicial ou a condenação”. 
 Súmula 163, STF: “salvo contra a Fazenda Pública, sendo a obrigação ilíquida, contam-se os 
juros moratórios desde a citação inicial para a ação”. > CC, art. 405 (para os casos de 
responsabilidade contratual; para as hipóteses de responsabilidade aquiliana, os juros são 
computados desde a data do fato > CC, art. 398 e Súmula 54, STF: “Os juros moratórios 
fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual”. 
 
4.2 Regulamentação 
- CC de 1916, art. 1.062: taxa de juros moratórios de 6% ao ano ou 0,5% ao mês 
 taxa de juros convencionais não superior a 1% ao mês 
 
- Lei de Usura (Dec. n. 22.626/33): taxa de juros de 1% ao mês 
 
- CF, art. 192, § 3º: taxa de juros de 1% ao mês 
 * proibição do anatocismo ou capitalização de juros (juros sobre juros) 
Súmula 121, STF: “É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente 
convencionada”. 
CC de 2002, art. 591: autoriza a capitalização anual dos juros 
 
- Lei n. 4.595/64, art. 4, IX: instituições financeiras podem praticar juros no limite estabelecido pelo 
Conselho Monetário Nacional > juros acima do permitido na lei 
 
>>> consequência: aplicação de duas taxas de juros: 1% ao mês, para os negócios entre particulares 
e taxa acima dessa porcentagem, aplicável ao mercado de capitais. 
 
- CC, art. 406: vincula a fixação da taxa de juros à taxa fixada para os impostos federais 
 
>>> consequência: aplicação de taxa variável: taxa SELIC – Sistema Especial de Liquidação e de 
Custódia, prevista na Lei n. 9.259/95, art. 39, 4º. Desvantagem: referida taxa traz embutida a 
correção monetária. 
 
 
5. CLAUSULA PENAL 
 
5.1 Conceito 
- a lei brasileira não define cláusula penal, mas a lei francesa, mais precisamente no artigo 1226 do 
Código Napoleônico assim o faz: “A cláusula penal é aquela pela qual uma pessoa, para assegurar a 
execução de uma convenção, se compromete a dar alguma coisa, em caso de inexecução”. 
 
- tem natureza acessória, onde se vincula o devedor a uma pena, inserindo-se uma multa, para a 
parte que deixar de cumprir ou atrasar o cumprimento da obrigação. 
 
5.2 Natureza jurídica 
- é uma obrigação acessória de um contrato principal (pacto secundário e acessório). Se o acessório 
segue o principal, a nulidade e/ou o fim da obrigação significam a nulidade e/ou o fim da cláusula 
penal (acessória). 
 
DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 
PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL 
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5.3 Finalidade 
- segundo Silvio Rodrigues são duas: 
1. (intimidação) reforço à obrigação principal: é obvio que se a obrigação principal é reforçada com 
uma multa ela assume caráter coercitivo, o que, de maneira teórica, é uma segurança a mais 
quanto ao adimplemento da obrigação. É uma coerção, um meio de intimidação para compelir o 
devedor a cumprir a obrigação. 
2. (ressarcimento) cálculo antecipado das perdas e danos: evitando, assim, um processo de cálculo 
de prejuízos, com a pré-fixação das perdas e danos devidos em decorrência do inadimplemento 
do contrato. 
 
- de maneira resumida, primeiramente, a cláusula penal serve para intimidar o devedor, estimulando-
o para que cumpra o contrato. Se, mesmo assim, ele não o fizer, é garantida ao credor uma 
indenização pelos eventuaisdanos que possa vir a sofrer, causados pelo inadimplemento do 
contrato. Não é facultado nem ao devedor e nem ao credor o direito de eximir-se ou de querer 
aumentar a cláusula penal: se está em um contrato, foi convencionada de comum acordo. Se o credor 
se sentir lesado, resta a ele pleitear as perdas e danos. 
 
5.4 Espécies 
1. compensatória: é quando a multa é imposta no caso do inadimplemento absoluto. Como o 
próprio nome diz, tem a finalidade de compensar a parte inocente pelo descumprimento da 
obrigação. Normalmente, é de valor elevado, igual ou quase igual ao da obrigação principal – 
CC, art. 410 
2. moratória: é um plus pelo retardamento do pagamento da obrigação, ou pelo descumprimento de 
alguma cláusula da mesma – CC, art. 411 
 
Efeitos de distinção das duas espécies: 
“Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta 
converter-se-á em alternativa para o benefício do credor” (CC, art. 410) 
- alternativa: pleitear pena compensatória (pré-fixação de prejuízos); postular ressarcimento de 
perdas e danos; ou exigir o cumprimento da obrigação. É alternativa porque não pode cumular, 
afinal, em qualquer das hipóteses, o credor terá total ressarcimento. 
- benefício do credor: compete esta escolha ao credor. 
“Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra 
cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente 
com o desempenho da obrigação principal.” 
 
- como o valor da pena geralmente é reduzido, pode o credor cobrá-lo juntamente a prestação 
insatisfeita. (multa contratual + prestação não paga). 
- portanto, a grande diferença consta no inadimplemento e na mora, ou seja, no não pagamento e no 
atraso do mesmo. 
 
5.5 Valor da cláusula penal 
- a redução da cláusula penal só ocorre em dois casos: 
1. quando ultrapassa o limite legal: o limite é o valor da obrigação principal (CC, art. 412), não é 
declarada a ineficácia, somente o excesso. 
Algumas outras leis podem regulamentar o teto a ser cominado na cláusula penal: 
 Decreto-lei n. 58/37 e Lei n. 6.766/79 (imóveis loteados): 10% da dívida ou da 
prestação 
 CDC, art. 52, § 1º (crédito ou financiamento a consumidor): 2% do valor da prestação 
DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 
PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL 
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 CC, art. 1.336, § 1º (condomínio): 2% sobre o valor do débito 
2. nas hipóteses do CC, art. 413: obrigação principal cumprida em parte ou montante da penalidade 
manifestamente excessivo. “O art. 413 do novo Código Civil não dispõe que a penalidade 
“poderá”, mas sim que “deve” ser reduzida pelo magistrado, nas hipóteses mencionadas, 
retirando o caráter facultativo da redução e acentuando a natureza pública e o caráter cogente da 
norma.” (Carlos Roberto Gonçalves). 
 
 
5.6 Cláusula Penal e pluralidade de devedores 
- a cláusula penal é indivisível, e se um só dos devedores vier a infringi-la, ela se torna exigível. 
- do culpado poderá ser exigida em sua integralidade, mas dos demais co-devedores, somente suas 
respectivas cotas. 
- se divisível, vide CC, art. 415. 
 
 
6. ARRAS 
 
6.1 Conceito 
- “quantia ou coisa entregue por um dos contraentes ao outro, como confirmação do acordo de 
vontades e princípio de pagamento” – Carlos Roberto Gonçalves. 
- também denominada de sinal, são muito confundidas com a cláusula penal, e Sílvio Venosa nos 
esclarece as diferenças: “Nas arras, existe um cunho real, há entrega efetiva de algo, enquanto que, 
para que a cláusula penal funcione, não há necessidade de prestação nenhuma”. 
- se pago uma multa, é porque violei um contrato ou atrasei seu cumprimento; se pago um sinal, 
cumpro uma obrigação. 
 
6.2 Natureza Jurídica 
- têm cabimento nos contratos bilaterais, translativos de domínio, dos quais constituem pacto 
acessório. Têm caráter real que decorre do fato de se aperfeiçoar pela entrega do bem (ou dinheiro). 
 
6.3 Espécies 
1. confirmatórias: confirmam o contrato, tornando-o obrigatório após sua entrega. Provam o acordo 
de vontades e tornam ilícita sua rescisão unilateral, gerando perdas e danos se assim acontecer – 
CC, arts. 418 e 419. 
2. penitenciais: se convencionado o direito de arrependimento, pena convencional vista como 
sanção à parte que se valer desta faculdade (CC, art. 420). O que se arrependeu responde por 
perdas e danos – perda do sinal dado ou restituição em dobro. A jurisprudência versa sobre 
devolução pura e simples: havendo acordo; culpa de ambos; razão do fortuito ou acontecimento 
estranho à vontade. 
 
6.4 Funções das Arras 
 confirmam o contrato; 
 tornam o contrato obrigatório; 
 servem de prefixação das perdas e danos, quando convencionado o direito de arrependimento 
 atuam, também, como começo de pagamento - art. 417 
 
 
 
 
 
DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 
PROFA. VIVIANE GREGO HAJEL 
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 9 
 
BIBLIOGRAFIA 
COELHO, Fabio Ulhoa. Curso de direito civil: obrigações e responsabilidade civil. 4. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2010. v. 2. 
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral das obrigações. 24. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2009. v. 2. 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: obrigações. 
12. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 2. 
GOMES, Orlando. Obrigações. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: teoria geral das obrigações. 9. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2012. v. 2. 
LÔBO, Paulo. Direito civil: obrigações. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das obrigações, 1ª parte. 32. ed. 
São Paulo: Saraiva, 2003. v. 4. 
NADER, Paulo. Curso de direito civil: obrigações. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. v. 2. 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: teoria geral de obrigações. 20. ed. Rio 
de Janeiro: Forense, 2003. v. 2. 
RODRIGUES, Silvio. Direito civil: parte geral das obrigações. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. v. 
2. 
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. 11. 
ed. São Paulo: Atlas, 2011. 
WALD, Arnoldo. Curso de direito civil brasileiro: obrigações e contratos. 18. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2009.

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