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UNIDADE III (Servicos Publicos e Estrutura da Administracao)_20130824164428

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UNIDADE III
ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS 
3.1 SERVIÇO PÚBLICO
3.1.1 Definição
“Serviço público é todo aquele desenvolvido pela Administração ou por quem lhe faça as vezes, mediante regras de direito público previamente estabelecidas por ela, visando à preservação do interesse público” (SPTIZCOVSKY, Celso, “Direito Administrativo”, 10ª ed., São Paulo: Editora Método, 2008, p. 148).
Para o Desembargador WELLINGTON PACHECO BARROS, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, “serviço público é a atividade exercida pelo Poder Público, direta ou indiretamente, no desempenho de suas atividades institucionais, políticas e administrativas, visando atender às necessidades básicas da coletividade” (“Manual de Direito Administrativo”, Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2008, p. 257).
São exemplos de serviços públicos: 
- transporte coletivo;
- telefonia;
- fornecimento de água;
- captação e tratamento de esgoto e lixo; 
- ensino básico, médio e superior (educação);
- polícia judiciária e polícia ostensiva;
- defesa nacional;
- fornecimento de energia elétrica;
- assistência médica e hospitalar (saúde);
- distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
- compensação bancária;
- controle de tráfego aéreo.
Nota: Distinção entre SERVIÇO PÚBLICO e SERVIÇO ADMINISTRATIVO
Segundo CRETELLA JÚNIOR, “Todo serviço administrativo é um serviço público, se bem que a recíproca não é verdadeira. (...) Somente se pode falar de serviço administrativo quando a atividade exigida para levá-lo a termo seja atividade administrativa”
Como exemplo de serviço administrativo, recordo o desempenhado pela Imprensa Oficial.
3.1.2 Formas de prestação de serviços públicos
Há três FORMAS/MODOS DE PRESTAÇÃO dos serviços públicos: 
1) prestados diretamente pelo Poder Público, em seu próprio nome e sob sua exclusiva responsabilidade = SERVIÇOS CENTRALIZADOS;
 2) prestados pelo Poder Público, por seus órgãos, mantendo para si a responsabilidade na execução = SERVIÇOS DESCONCENTRADOS; e 
3) prestados por terceiros, para os quais o Poder Público transferiu a titularidade ou a possibilidade de execução, seja por outorga (por lei – a pessoas jurídicas criadas pelo Estado), seja por delegação (por contrato- concessão ou ato unilateral – permissão e autorização) = SERVIÇOS DESCENTRALIZADOS.
Atenção!!!
 Distinção entre MODO/FORMA DE PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS e MODO/FORMA DE EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
Não há confundir modo de prestação dos serviços com FORMA DE EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS, esta pode ser: EXECUÇÃO DIRETA – quando do Poder Público emprega meios próprios para a sua prestação, ainda que seja por intermédio de pessoas jurídicas de direito público ou de direito privado para tal fim instituídas; ou EXECUÇÃO INDIRETA – quando do Poder Público concede a pessoas jurídicas ou pessoas físicas estranhas à Entidade Estatal a possibilidade de virem a executar os serviços, como ocorre com as concessões, permissões e autorizações.
Retomando o raciocínio, a atividade administrativa – vale dizer, a prestação de serviços públicos - pode ser, como acima referido, exercida de forma CENTRALIZADA ou DESCENTRALIZADA.
Todavia, - na centralização - há sempre a possibilidade de a entidade estatal DESCONCENTRAR o exercício da atividade.
A desconcentração ocorre sempre que a competência para exercício da atividade é repartida, dividida ou espalhada por diversos órgãos da entidade estatal (v.g., ministérios, secretarias e outros órgãos despersonalizados).
A descentralização ocorre quando a atividade administrativa é deferida a outras entidades dotadas de personalidade jurídica, seja por outorga (lei), seja por delegação (contrato).
Não há confundir desconcentração com descentralização da atividade administrativa, a primeira está ligada ao princípio da hierarquia, ao passo que, a segunda, ao princípio da especialização.
Em resumo: Da desconcentração resulta a criação dos órgãos públicos, proveniente da aplicação obrigatória do poder (ou princípio) da hierarquia. A função atribuída para a entidade estatal é repartida internamente, estabelecendo-se subordinação interna. Da descentralização resulta a atribuição da função para outras entidades ou pessoas jurídicas ou físicas, sendo informada pelo princípio da especialização quando tange à formação da Administração Indireta.
A distinção entre descentralização e desconcentração vem muito bem pontuada por CELSO SPITZCOVSKY no seu “Direito Administrativo”, 10ª ed., São Paulo: Editora Método, 2008, p.p. 150-153, merecendo transcrição:
“... o fenômeno da descentralização, que tem lugar sempre que a execução de um serviço público for retirada das mãos da Administração direta, sendo transferida para terceiros que com ela não se confundem, como dito.
Dessa forma, não se pode confundir a figura da descentralização com desconcentração, que significa a transferência de competências de um órgão para outro, mas dentro da Administração direta mediante diversos critérios, como o territorial, o geográfico, o hierárquico, por matéria, como se verifica, a título de exemplo, com a criação de administrações regionais e subprefeituras.
Com efeito, embora nas situações mencionadas haja uma transferência de competências para outros órgãos, situar-se-ão estes dentro da estrutura da Administração direta, não se podendo, portanto, cogitar de descentralização, mas, sim, de desconcentração.
De mencionar-se que essa transferência de competências, característica da desconcentração, pode verificar-se também dentro de um mesmo órgão, desde que não extrapole os limites da Administração direta.
(...)
Por seu turno a transferência da execução de serviços públicos pode ocorrer para terceiros que estejam dentro ou fora da estrutura da Administração Pública.
Nesse sentido, quando realizada para terceiros – que estão dentro da Administração, mas não se confundem com a Administração direta -, surgem as figuras das autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista e, mais recentemente, as agências reguladoras e executivas.
Frisa o referido autor a existência de duas modalidades de descentralização, como segue: 
“Oportuno registrar que essa descentralização na prestação de serviços públicos pode ser feita sob duas modalidades: por outorga ou por delegação.
Quando for feita por outorga implicará transferência da titularidade e da execução dos serviços, o que só poderá ocorrer para pessoas integrantes da Administração indireta que tenham personalidade de Direito Público, a exemplo do que se verifica com as autarquias e fundações públicas, e por meio de lei.
Por seu turno, quando for realizada por delegação importará transferência tão-somente da execução dos serviços para pessoas jurídicas de Direito Privado integrantes da Administração indireta e para particulares, sendo suficiente um simples contrato para viabilizá-la.
De outra parte, quando a transferência ocorre para terceiros que estejam fora da estrutura da Administração, vale dizer, para particulares, surgem as figuras dos permissionários, concessionários e autorizatários.”
* Nota sobre outorga e delegação: 
É imprescindível distinguir OUTORGA de serviço público de DELEGAÇÃO de serviço público.
Os serviços públicos são de titularidade do Poder Público (por suas entidades estatais – ou seja: União, DF, Estados-Membros e Municípios).
Na outorga há transferência pelo ente estatal da titularidade do serviço público – e, por isto, só pode ser feito por lei -; já, na delegação o que ocorre é a mera transferência da execução do serviço público – e, por isto, pode ser feita por contrato (concessão) ou ato negocial (permissão e autorizacão). 
Memorizar as seguintes assertivas:
- Há outorga quando a titularidade do serviço é transferida por lei pelo Estado e só por lei pode ser retirada ou modificada, e há delegação quando a execuçãodo serviço é transferida a terceiro, por ato administrativo.
- As entidades que realizam serviços por delegação do Poder Público (ou seja, concessionárias, permissionárias ou autorizatárias) têm as mesmas obrigações de prestação regular aos usuários, e, consequentemente, os mesmos encargos indenizatórios que teria o Estado se os prestasse diretamente, inclusive a responsabilidade objetiva por danos causados a terceiros.
- Só é possível outorga a pessoas jurídicas, ao passo que a delegação pode ser feito à pessoa jurídica ou à pessoa física.
3.1.3 Competência legiferante
A competência legiferante sobre serviços públicos é ordinariamente objeto de questionamento nas provas de concursos públicos.
Não há – em matéria de serviços públicos – competência legislativa concorrente entre União, Estados e DF (vide art. 24).
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
        I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
        II - orçamento; 
        III - juntas comerciais;
        IV - custas dos serviços forenses;
        V - produção e consumo;
        VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
        VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
        VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
        IX - educação, cultura, ensino e desporto;
        X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;
        XI - procedimentos em matéria processual;
        XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
        XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
        XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
        XV - proteção à infância e à juventude;
        XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
        § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
        § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
        § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
        § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
A competência para legislar é da União e das demais entidades estatais. Todavia, nos termos do art. 22, XXVII, à União compete legislar sobre NORMAS GERAIS e aos Estados, DF e Municípios o dever de adequarem-se a estas normas gerais, bem assim legislarem disciplinando a matéria.
  Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
        I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
        II - desapropriação;
        III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;
        IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
        V - serviço postal;
        VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;
        VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
        VIII - comércio exterior e interestadual;
        IX - diretrizes da política nacional de transportes;
        X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
        XI - trânsito e transporte;
        XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
        XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; 
        XIV - populações indígenas; 
        XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros; 
        XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;
        XVII - organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios, bem como organização administrativa destes; 
        XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
        XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular; 
        XX - sistemas de consórcios e sorteios; 
        XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares; 
        XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais; 
        XXIII - seguridade social; 
        XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
        XXV - registros públicos; 
        XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
      XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
        XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;
        XXIX - propaganda comercial. 
        Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
3.1.4 Classificação dos serviços públicos
Relevante a classificação dos serviços públicos preconizada por HELY LOPES MEIRELLES.
Quanto à essencialidade:
a) SERVIÇOS PÚBLICOS PROPRIAMENTE DITOS (OU ESSENCIAIS) – não admitem delegação ou outorga (v.g., polícia, saúde, defesa nacional, etc). São chamados de PRÓ-COMUNIDADE. São serviços INDELEGÁVEIS.
b) SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA – não são essenciais, logo, podem ser prestados diretamente pelo Estado, ou por terceiro, mediante remuneração paga pelos usuários e sob constante fiscalização (v.g., transporte coletivo, telefonia, fornecimento de energia elétrica e de água encanada, etc.) São denominados PRÓ-CIDADÃO.
Quanto à adequação:
c) SERVIÇOS PRÓPRIOS DO ESTADO – são aqueles que só podem ser adequadamente prestados por órgãos ou entidades públicas (sem delegação à particulares), pois relacionam-se intimamente com as atribuições do Poder Público (v.g., segurança, polícia, higiene e saúde públicas, defesa nacional, polícia judiciária, etc.). Quase sempre, para sua execução, a Administração usa da sua supremacia sobre os administrados.
d) SERVIÇOS IMPRÓPRIOS DO ESTADO – pode ser adequadamente prestados pela administração direta ou indireta, ou delegado concessionários, permissionários ou autorizatários, pois não são essenciais à comunidade, mas, apenas, satisfazem interesses comuns de seus membros.
Quanto à finalidade:
e) SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS – são os que a Administração executa para atender a suas necessidades ou preparar outros serviços que serão prestados ao público, tais como os de imprensa oficial, das estações experimentais e outros dessa natureza.
f) SERVIÇOS INDUSTRIAIS ou COMERCIAIS – produzem renda para quem os presta (tarifa ou preço público).
* Os serviços industriais são IMPRÓPRIOS DO ESTADO, por consubstanciarem atividade econômica que só poderá ser explorada diretamente pelo Poder Público quando “necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei” (CF, art. 173).
g) SERVIÇOS SOCIAIS – são serviços essenciais, mas convivem com a iniciativa privada, como exemplo, os serviços de educação e de saúde – que podem ser prestados tanto pelo Poder Público como por particulares -.
Quanto aos destinatários dos serviços:
h) SERVIÇOS GERAIS, ou de fruição geral (UTI UNIVERSI) – são os que não possuem usuários ou destinatários específicos e são remuneradospor tributos (v.g., calçamento público, iluminação pública, defesa do território, etc.).
*Serviços uti universi são aqueles que a Administração presta sem ter usuários determinados, para atender à coletividade no seu todo.”
i) SERVIÇOS INDIVIDUAIS, ou de fruição individualizável (UTI SINGULI) – são os que possuem de antemão usuários conhecidos e predeterminados, como os serviços de telefonia, de iluminação domiciliar, fornecimento de água, serviços notariais e registrais, etc. São remunerados por taxa ou tarifa (preço público). 
*Serviços uti singuli são aqueles prestados com o propósito de satisfazer as necessidades das pessoas e da comunidade de forma individual e direta.”
Atenção!!!
SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA: 
O serviço de iluminação domiciliar é uti singuli e, por isso, é remunerado por tarifa de energia elétrica. 
Todavia, o serviço de iluminação pública – porque não é um serviço específico e divisível prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição (ou seja, porque não é um serviço uti singuli, mais sim, uti universi), não pode ser remunerado por taxa ou tarifa (preço público).
Aliás, este é o enunciado da Súmula 670 do STF:
SÚMULANº 670
 O SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA NÃO PODE SER REMUNERADO MEDIANTE TAXA.
Devido este entendimento do Pretório Excelso, foi emendada a CF (EC nº 39/2002) para autorizar os Municípios e o DF a instituir a COSIP - contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública -, como segue: 
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002)
        Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002)
A COSIP, segundo recentíssimo julgado do STF, é um tributo sui generis, que não pode ser considerado nem imposto, nem taxa.
Confira-se a ementa do julgamento de mérito da repercussão geral no RE nº 573675/SC: 
RE 573675 / SC - SANTA CATARINA 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Relator(a):  Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento:  25/03/2009           Órgão Julgador:  Tribunal Pleno
Publicação 
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO
DJe-094 DIVULG 21-05-2009 PUBLIC 22-05-2009
EMENT VOL-02361-07 PP-01404
RDDT n. 167, 2009, p. 144-157
Parte(s) 
RECTE.(S): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA
RECDO.(A/S): MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ
ADV.(A/S): WILLIAM RAMOS MOREIRA
INTDO.(A/S): MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE
ADV.(A/S): CAROLINA CARDOSO GUIMARÃES LISBOA
Ementa 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RE INTERPOSTO CONTRA DECISÃO PROFERIDA EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL. CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA - COSIP. ART. 149-A DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEI COMPLEMENTAR 7/2002, DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ, SANTA CATARINA. COBRANÇA REALIZADA NA FATURA DE ENERGIA ELÉTRICA. UNIVERSO DE CONTRIBUINTES QUE NÃO COINCIDE COM O DE BENEFICIÁRIOS DO SERVIÇO. BASE DE CÁLCULO QUE LEVA EM CONSIDERAÇÃO O CUSTO DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA E O CONSUMO DE ENERGIA. PROGRESSIVIDADE DA ALÍQUOTA QUE EXPRESSA O RATEIO DAS DESPESAS INCORRIDAS PELO MUNICÍPIO. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. INOCORRÊNCIA. EXAÇÃO QUE RESPEITA OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. RECURSO EXTRAORDINÁRIO IMPROVIDO. I - Lei que restringe os contribuintes da COSIP aos consumidores de energia elétrica do município não ofende o princípio da isonomia, ante a impossibilidade de se identificar e tributar todos os beneficiários do serviço de iluminação pública. II - A progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da iluminação pública entre os consumidores de energia elétrica, não afronta o princípio da capacidade contributiva. III - Tributo de caráter sui generis, que não se confunde com um imposto, porque sua receita se destina a finalidade específica, nem com uma taxa, por não exigir a contraprestação individualizada de um serviço ao contribuinte. IV - Exação que, ademais, se amolda aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. V - Recurso extraordinário conhecido e improvido.
Decisão 
 O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator,
 conheceu e desproveu o recurso extraordinário, vencido o Senhor
 Ministro Marco Aurélio, que conhecia e o provia, declarando
 incidentalmente a inconstitucionalidade da norma. Votou o
 Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, o
 Senhor Ministro Joaquim Barbosa e, neste julgamento, a Senhora
 Ministra Ellen Gracie. Falou pelo interessado o Dr. Eduardo
 Augusto Vieira de Carvalho, Procurador do Município. Plenário,
 25.03.2009.
Indexação 
- VIDE EMENTA E INDEXAÇÃO PARCIAL: APURAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO PARA O
CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA (COSIP), RATEIO, CONSUMIDOR,
TOTALIDADE, DESPESA, MUNICÍPIO, ILUMINAÇÃO PÚBLICA. BASE DE CÁLCULO,
AUSÊNCIA, IDENTIDADE, IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS (ICMS),
FATO, AUSÊNCIA, INCIDÊNCIA, CONSUMO, ENERGIA ELÉTRICA.
- VOTO VENCIDO, MINISTRO MARCO AURÉLIO: INCONSTITUCIONALIDADE,
INOVAÇÃO, EMENDA CONSTITUCIONAL, OFENSA, CLÁUSULA PÉTREA,
COMPETÊNCIA EXCLUSIVA, UNIÃO, REGULAMENTAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO SOCIAL,
CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO (CIDE).
Quanto à liberdade do usuário: 
j) SERVIÇOS COMPULSÓRIOS - são os que não podem ser recusados pelo destinatário, como os serviços de esgoto ou coleta de lixo. Ficam à disposição do usuário e são remunerados por taxas.
l) SERVIÇOS FACULTATIVOS – o usuário pode aceitar ou não usá-lo (ex: serviço de transporte público; fornecimento de energia elétrica; fornecimento de água encanada, etc.).
CUIDADO!!! 
SERVIÇO LOCAL DE GÁS CANALIZADO
Malgrado os serviços locais de gás canalizado constituam serviços de “interesse local” – e, portanto, devessem ser explorados pelos Municípios (CF, art. 30, V) -, houve um lobby fortíssimo dos Estados quando da elaboração da CF/88 e restou garantida a estes (Estados-membros) a exploração privativa do serviço público de gás canalizado (ART. 25, §2º, CF: “Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação”).
3.1.5 Princípios relacionados à prestação de serviços públicos
A CF, em seu art. 175 (TÍTULO VII – DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA), assim preconiza:
“Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, DIRETAMENTE ou SOB REGIME DE CONCESSÃO OU PERMISSAO, sempre através de licitação, a prestação de SERVICOS PÚBLICOS.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II – os direitos dos usuários;
III – política tarifária;
IV – a obrigação de manter serviço adequado.” 
Por sua vez, colhe-se do art. 6º, § 1º, da Lei nº 8.987/95 (Lei de Concessões e Permissões), que regulamenta o art. 175 da CF:
DO SERVIÇO ADEQUADO
        Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.
        § 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
        § 2o A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.
        § 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso,quando:
        I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
        II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.
Do dispositivo legal retiram-se os seguintes princípios:
1) PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO – a execução de serviços públicos, como regra, não pode ser interrompida, o que implica: 
a) a impossibilidade de deflagração de movimentos grevistas que impliquem a paralisação integral da atividade, em maior proporção, ainda, se se tratar de “serviços essenciais” elencados no art. 10 da Lei 7.783/89 (v.g.: transporte coletivo, telecomunicações, assistência médico-hospitalar, etc).
A Lei 7.783/89 regulamenta o direito de greve no setor privado: 
Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais:
        I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis;
        II - assistência médica e hospitalar;
        III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
        IV - funerários;
        V - transporte coletivo;
        VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;
        VII - telecomunicações;
        VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares;
        IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais;
        X - controle de tráfego aéreo;
        XI compensação bancária.
        Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
        Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população.
        Art. 12. No caso de inobservância do disposto no artigo anterior, o Poder Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis.
Ressalte-se que o direito de greve do servidor público, malgrado previsto expressamente nos incs. VI e VII do art. 37 da CF/1988, não é norma constitucional auto-aplicável e, até hoje, ainda não foi regulamentado pelo Poder Legislativo.
Face à esta contingência, o Supremo Tribunal Federal – quando do julgamento do MANDADO DE INJUNÇÃO N. 708/DF, em 19.09.2007, adotando a posição concretista geral, supriu a lacuna legislativa e regulamentou o direito de greve dos servidores públicos, determinando a aplicação da legislação existente para o setor privado (Lei n. 7.783/89).
Eis a ementa do v. acórdão: 
MI 708 / DF - DISTRITO FEDERAL 
MANDADO DE INJUNÇÃO
Relator(a):  Min. GILMAR MENDES
Julgamento:  25/10/2007           Órgão Julgador:  Tribunal Pleno
Publicação 
DJe-206 DIVULG 30-10-2008 PUBLIC 31-10-2008
EMENT VOL-02339-02 PP-00207
Parte(s) 
IMPTE.(S): SINTEM - SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO
 MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA
ADV.(A/S): JALDEMIRO RODRIGUES DE ATAÍDE JÚNIOR E OUTRO(A/S)
IMPDO.(A/S): CONGRESSO NACIONAL
Ementa 
EMENTA: MANDADO DE INJUNÇÃO. GARANTIA FUNDAMENTAL (CF, ART. 5º, INCISO LXXI). DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS (CF, ART. 37, INCISO VII). EVOLUÇÃO DO TEMA NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL PARA APRECIAÇÃO NO ÂMBITO DA JUSTIÇA FEDERAL E DA JUSTIÇA ESTADUAL ATÉ A EDIÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PERTINENTE, NOS TERMOS DO ART. 37, VII, DA CF. EM OBSERVÂNCIA AOS DITAMES DA SEGURANÇA JURÍDICA E À EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL NA INTERPRETAÇÃO DA OMISSÃO LEGISLATIVA SOBRE O DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS, FIXAÇÃO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS PARA QUE O CONGRESSO NACIONAL LEGISLE SOBRE A MATÉRIA. MANDADO DE INJUNÇÃO DEFERIDO PARA DETERMINAR A APLICAÇÃO DAS LEIS Nos 7.701/1988 E 7.783/1989. 1. SINAIS DE EVOLUÇÃO DA GARANTIA FUNDAMENTAL DO MANDADO DE INJUNÇÃO NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). 1.1. No julgamento do MI no 107/DF, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 21.9.1990, o Plenário do STF consolidou entendimento que conferiu ao mandado de injunção os seguintes elementos operacionais: i) os direitos constitucionalmente garantidos por meio de mandado de injunção apresentam-se como direitos à expedição de um ato normativo, os quais, via de regra, não poderiam ser diretamente satisfeitos por meio de provimento jurisdicional do STF; ii) a decisão judicial que declara a existência de uma omissão inconstitucional constata, igualmente, a mora do órgão ou poder legiferante, insta-o a editar a norma requerida; iii) a omissão inconstitucional tanto pode referir-se a uma omissão total do legislador quanto a uma omissão parcial; iv) a decisão proferida em sede do controle abstrato de normas acerca da existência, ou não, de omissão é dotada de eficácia erga omnes, e não apresenta diferença sig nificativa em relação a atos decisórios proferidos no contexto de mandado de injunção; iv) o STF possui competência constitucional para, na ação de mandado de injunção, determinar a suspensão de processos administrativos ou judiciais, com o intuito de assegurar ao interessado a possibilidade de ser contemplado por norma mais benéfica, ou que lhe assegure o direito constitucional invocado; v) por fim, esse plexo de poderes institucionais legitima que o STF determine a edição de outras medidas que garantam a posição do impetrante até a oportuna expedição de normas pelo legislador. 1.2. Apesar dos avanços proporcionados por essa construção jurisprudencial inicial, o STF flexibilizou a interpretação constitucional primeiramente fixada para conferir uma compreensão mais abrangente à garantia fundamental do mandado de injunção. A partir de uma série de precedentes, o Tribunal passou a admitir soluções "normativas" para a decisão judicial como alternativa legítima de tornar a proteção judicial efetiva (CF, art. 5o, XXXV). Precedentes: MI no 283, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 14.11.1991; MI no 232/RJ, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 27.3.1992; MI nº 284, Rel. Min. Marco Aurélio, Red. para o acórdão Min. Celso de Mello, DJ 26.6.1992; MI no 543/DF, Rel. Min. Octavio Gallotti, DJ 24.5.2002; MI no 679/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 17.12.2002; e MI no 562/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.6.2003. 2. O MANDADO DE INJUNÇÃO E O DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS NA JURISPRUDÊNCIA DO STF. 2.1. O tema da existência, ou não, de omissão legislativa quanto à definição das possibilidades, condições e limites para o exercício do direito de greve por servidores públicos civis já foi, por diversas vezes, apreciado pelo STF. Em todas as oportunidades, esta Corte firmou o entendimento de que o objeto do mandado de injunção cingir-se-ia à declaração da existência, ou não, de mora legislativa para a edição de norma regulamentadora específica. Precedentes: MI no 20/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 22.11.1996; MI no 585/TO, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 2.8.2002; e MI no 485/MT, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 23.8.2002. 2.2. Em alguns precedentes(em especial, no voto do Min. Carlos Velloso, proferido no julgamento do MI no 631/MS, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 2.8.2002), aventou-se a possibilidade de aplicação aos servidores públicos civis da lei que disciplina os movimentos grevistas no âmbito do setor privado (Lei no 7.783/1989). 3. DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS. HIPÓTESE DE OMISSÃO LEGISLATIVA INCONSTITUCIONAL. MORA JUDICIAL, POR DIVERSAS VEZES, DECLARADA PELO PLENÁRIO DO STF. RISCOS DE CONSOLIDAÇÃO DE TÍPICA OMISSÃO JUDICIAL QUANTO À MATÉRIA. A EXPERIÊNCIA DO DIREITO COMPARADO. LEGITIMIDADE DE ADOÇÃO DE ALTERNATIVAS NORMATIVAS E INSTITUCIONAIS DE SUPERAÇÃO DA SITUAÇÃO DE OMISSÃO. 3.1. A permanência da situação de não-regulamentação do direito de greve dos servidores públicos civis contribui para a ampliação da regularidade das instituições de um Estado democrático de Direito (CF, art. 1o). Além de o tema envolver uma série de questões estratégicas e orçamentáriasdiretamente relacionadas aos serviços públicos, a ausência de parâmetros jurídicos de controle dos abusos cometidos na deflagração desse tipo específico de movimento grevista tem favorecido que o legítimo exercício de direitos constitucionais seja afastado por uma verdadeira "lei da selva". 3.2. Apesar das modificações implementadas pela Emenda Constitucional no 19/1998 quanto à modificação da reserva legal de lei complementar para a de lei ordinária específica (CF, art. 37, VII), observa-se que o di reito de greve dos servidores públicos civis continua sem receber tratamento legislativo minimamente satisfatório para garantir o exercício dessa prerrogativa em consonância com imperativos constitucionais. 3.3. Tendo em vista as imperiosas balizas jurídico-políticas que demandam a concretização do direito de greve a todos os trabalhadores, o STF não pode se abster de reconhecer que, assim como o controle judicial deve incidir sobre a atividade do legislador, é possível que a Corte Constitucional atue também nos casos de inatividade ou omissão do Legislativo. 3.4. A mora legislativa em questão já foi, por diversas vezes, declarada na ordem constitucional brasileira. Por esse motivo, a permanência dessa situação de ausência de regulamentação do direito de greve dos servidores públicos civis passa a invocar, para si, os riscos de consolidação de uma típica omissão judicial. 3.5. Na experiência do direito comparado (em especial, na Alemanha e na Itália), admite-se que o Poder Judiciário adote medidas normativas como alternativa legítima de superação de omissões inconstitucionais, sem que a proteção judicial efetiva a direitos fundamentais se configure como ofensa ao modelo de separação de poderes (CF, art. 2o). 4. DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS. REGULAMENTAÇÃO DA LEI DE GREVE DOS TRABALHADORES EM GERAL (LEI No 7.783/1989). FIXAÇÃO DE PARÂMETROS DE CONTROLE JUDICIAL DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE PELO LEGISLADOR INFRACONSTITUCIONAL. 4.1. A disciplina do direito de greve para os trabalhadores em geral, quanto às "atividades essenciais", é especificamente delineada nos arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989. Na hipótese de aplicação dessa legislação geral ao caso específico do direito de greve dos servidores públicos, antes de tudo, afigura-se inegável o conflito existente e ntre as necessidades mínimas de legislação para o exercício do direito de greve dos servidores públicos civis (CF, art. 9o, caput, c/c art. 37, VII), de um lado, e o direito a serviços públicos adequados e prestados de forma contínua a todos os cidadãos (CF, art. 9o, §1o), de outro. Evidentemente, não se outorgaria ao legislador qualquer poder discricionário quanto à edição, ou não, da lei disciplinadora do direito de greve. O legislador poderia adotar um modelo mais ou menos rígido, mais ou menos restritivo do direito de greve no âmbito do serviço público, mas não poderia deixar de reconhecer direito previamente definido pelo texto da Constituição. Considerada a evolução jurisprudencial do tema perante o STF, em sede do mandado de injunção, não se pode atribuir amplamente ao legislador a última palavra acerca da concessão, ou não, do direito de greve dos servidores públicos civis, sob pena de se esvaziar direito fundamental positivado. Tal premissa, contudo, não impede que, futuramente, o legislador infraconstitucional confira novos contornos acerca da adequada configuração da disciplina desse direito constitucional. 4.2 Considerada a omissão legislativa alegada na espécie, seria o caso de se acolher a pretensão, tão-somente no sentido de que se aplique a Lei no 7.783/1989 enquanto a omissão não for devidamente regulamentada por lei específica para os servidores públicos civis (CF, art. 37, VII). 4.3 Em razão dos imperativos da continuidade dos serviços públicos, contudo, não se pode afastar que, de acordo com as peculiaridades de cada caso concreto e mediante solicitação de entidade ou órgão legítimo, seja facultado ao tribunal competente impor a observância a regime de greve mais severo em razão de tratar-se de "serviços ou atividades essenciais", nos termos do regime fixado pelo s arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989. Isso ocorre porque não se pode deixar de cogitar dos riscos decorrentes das possibilidades de que a regulação dos serviços públicos que tenham características afins a esses "serviços ou atividades essenciais" seja menos severa que a disciplina dispensada aos serviços privados ditos "essenciais". 4.4. O sistema de judicialização do direito de greve dos servidores públicos civis está aberto para que outras atividades sejam submetidas a idêntico regime. Pela complexidade e variedade dos serviços públicos e atividades estratégicas típicas do Estado, há outros serviços públicos, cuja essencialidade não está contemplada pelo rol dos arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989. Para os fins desta decisão, a enunciação do regime fixado pelos arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989 é apenas exemplificativa (numerus apertus). 5. O PROCESSAMENTO E O JULGAMENTO DE EVENTUAIS DISSÍDIOS DE GREVE QUE ENVOLVAM SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DEVEM OBEDECER AO MODELO DE COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES APLICÁVEL AOS TRABALHADORES EM GERAL (CELETISTAS), NOS TERMOS DA REGULAMENTAÇÃO DA LEI No 7.783/1989. A APLICAÇÃO COMPLEMENTAR DA LEI No 7.701/1988 VISA À JUDICIALIZAÇÃO DOS CONFLITOS QUE ENVOLVAM OS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS NO CONTEXTO DO ATENDIMENTO DE ATIVIDADES RELACIONADAS A NECESSIDADES INADIÁVEIS DA COMUNIDADE QUE, SE NÃO ATENDIDAS, COLOQUEM "EM PERIGO IMINENTE A SOBREVIVÊNCIA, A SAÚDE OU A SEGURANÇA DA POPULAÇÃO" (LEI No 7.783/1989, PARÁGRAFO ÚNICO, ART. 11). 5.1. Pendência do julgamento de mérito da ADI no 3.395/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, na qual se discute a competência constitucional para a apreciação das "ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Feder al e dos Municípios" (CF, art. 114, I, na redação conferida pela EC no 45/2004). 5.2. Diante da singularidade do debate constitucional do direito de greve dos servidores públicos civis, sob pena de injustificada e inadmissível negativa de prestação jurisdicional nos âmbitos federal, estadual e municipal, devem-se fixar também os parâmetros institucionais e constitucionais de definição de competência, provisória e ampliativa, para a apreciação de dissídios de greve instaurados entre o Poder Público e os servidores públicos civis. 5.3. No plano procedimental, afigura-se recomendável aplicar ao caso concreto a disciplina da Lei no 7.701/1988 (que versa sobre especialização das turmas dos Tribunais do Trabalho em processos coletivos), no que tange à competência para apreciar e julgar eventuais conflitos judiciais referentes à greve de servidores públicos que sejam suscitados até o momento de colmatação legislativa específica da lacuna ora declarada, nos termos do inciso VII do art. 37 da CF. 5.4. A adequação e a necessidade da definição dessas questões de organização e procedimento dizem respeito a elementos de fixação de competência constitucional de modo a assegurar, a um só tempo, a possibilidade e, sobretudo, os limites ao exercício do direito constitucional de greve dos servidores públicos, e a continuidade na prestação dos serviços públicos. Ao adotar essa medida, este Tribunal passa a assegurar o direito de greve constitucionalmente garantido no art. 37, VII, da Constituição Federal, sem desconsiderar a garantia da continuidade de prestação de serviços públicos - um elemento fundamental para a preservação do interesse público em áreas que são extremamente demandadas pela sociedade. 6. DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL PARA APRECIAÇÃO DO TEMA NO ÂMBITO DA JUST IÇA FEDERAL E DA JUSTIÇA ESTADUAL ATÉ A EDIÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PERTINENTE, NOS TERMOS DO ART. 37, VII, DA CF. FIXAÇÃO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS PARA QUE O CONGRESSO NACIONAL LEGISLE SOBRE A MATÉRIA. MANDADO DE INJUNÇÃO DEFERIDO PARA DETERMINAR A APLICAÇÃO DAS LEIS Nos 7.701/1988E 7.783/1989. 6.1. Aplicabilidade aos servidores públicos civis da Lei no 7.783/1989, sem prejuízo de que, diante do caso concreto e mediante solicitação de entidade ou órgão legítimo, seja facultado ao juízo competente a fixação de regime de greve mais severo, em razão de tratarem de "serviços ou atividades essenciais" (Lei no 7.783/1989, arts. 9o a 11). 6.2. Nessa extensão do deferimento do mandado de injunção, aplicação da Lei no 7.701/1988, no que tange à competência para apreciar e julgar eventuais conflitos judiciais referentes à greve de servidores públicos que sejam suscitados até o momento de colmatação legislativa específica da lacuna ora declarada, nos termos do inciso VII do art. 37 da CF. 6.3. Até a devida disciplina legislativa, devem-se definir as situações provisórias de competência constitucional para a apreciação desses dissídios no contexto nacional, regional, estadual e municipal. Assim, nas condições acima especificadas, se a paralisação for de âmbito nacional, ou abranger mais de uma região da justiça federal, ou ainda, compreender mais de uma unidade da federação, a competência para o dissídio de greve será do Superior Tribunal de Justiça (por aplicação analógica do art. 2o, I, "a", da Lei no 7.701/1988). Ainda no âmbito federal, se a controvérsia estiver adstrita a uma única região da justiça federal, a competência será dos Tribunais Regionais Federais (aplicação analógica do art. 6o da Lei no 7.701/1988). Para o caso da jurisdição no contexto estadual ou municipal, se a controvérsia estiver adstrita a uma unidade da federação, a competência será do respectivo Tribunal de Justiça (também por aplicação analógica do art. 6o da Lei no 7.701/1988). As greves de âmbito local ou municipal serão dirimidas pelo Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal com jurisdição sobre o local da paralisação, conforme se trate de greve de servidores municipais, estaduais ou federais. 6.4. Considerados os parâmetros acima delineados, a par da competência para o dissídio de greve em si, no qual se discuta a abusividade, ou não, da greve, os referidos tribunais, nos âmbitos de sua jurisdição, serão competentes para decidir acerca do mérito do pagamento, ou não, dos dias de paralisação em consonância com a excepcionalidade de que esse juízo se reveste. Nesse contexto, nos termos do art. 7o da Lei no 7.783/1989, a deflagração da greve, em princípio, corresponde à suspensão do contrato de trabalho. Como regra geral, portanto, os salários dos dias de paralisação não deverão ser pagos, salvo no caso em que a greve tenha sido provocada justamente por atraso no pagamento aos servidores públicos civis, ou por outras situações excepcionais que justifiquem o afastamento da premissa da suspensão do contrato de trabalho (art. 7o da Lei no 7.783/1989, in fine). 6.5. Os tribunais mencionados também serão competentes para apreciar e julgar medidas cautelares eventualmente incidentes relacionadas ao exercício do direito de greve dos servidores públicos civis, tais como: i) aquelas nas quais se postule a preservação do objeto da querela judicial, qual seja, o percentual mínimo de servidores públicos que deve continuar trabalhando durante o movimento paredista, ou mesmo a proibição de qualquer tipo de paralisação; ii) os interditos possessórios para a desocupação de dependências do s órgãos públicos eventualmente tomados por grevistas; e iii) as demais medidas cautelares que apresentem conexão direta com o dissídio coletivo de greve. 6.6. Em razão da evolução jurisprudencial sobre o tema da interpretação da omissão legislativa do direito de greve dos servidores públicos civis e em respeito aos ditames de segurança jurídica, fixa-se o prazo de 60 (sessenta) dias para que o Congresso Nacional legisle sobre a matéria. 6.7. Mandado de injunção conhecido e, no mérito, deferido para, nos termos acima especificados, determinar a aplicação das Leis nos 7.701/1988 e 7.783/1989 aos conflitos e às ações judiciais que envolvam a interpretação do direito de greve dos servidores públicos civis.
Decisão 
 Após o voto do Senhor Ministro Gilmar Mendes (Relator),
 conhecendo do mandado de injunção e determinando a aplicação da
 Lei nº 7.783/89, pediu vista dos autos o Senhor Ministro Ricardo
 Lewandowski. Ausentes, justificadamente, os Senhores Ministros
 Sepúlveda Pertence e Celso de Mello. Presidência da Senhora
 Ministra Ellen Gracie. Plenário, 24.05.2007.
Decisão: Após o
 voto-vista do Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, concedendo o
 mandado de injunção para aplicar a solução que preconiza
 tão-somente à categoria representada pelo Sindicato requerente, e
 dos votos dos Senhores Ministros Direito Menezes, Cármen Lúcia,
 Celso de Mello e Carlos Britto, acompanhando o Relator, que
 também deferia o mandado de injunção, nos termos de seu voto,
 pediu vista dos autos o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Ausente,
 justificadamente, o Senhor Ministro Eros Grau. Presidência da
 Senhora Ministra Ellen Gracie. Plenário, 19.09.2007.
Decisão:
 O Tribunal, por maioria, nos termos do voto do Relator, conheceu
 do mandado de injunção e propôs a solução para a omissão
 legislativa com a aplicação da Lei nº 7.783, de 28 de junho de
 1989, no que couber, vencidos, parcialmente, os Senhores
 Ministros Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa e Marco Aurélio,
 que limitavam a decisão à categoria representada pelo sindicato e
 estabeleciam condições específicas para o exercício das
 paralisações. Votou a Presidente, Ministra Ellen Gracie. Ausente,
 justificadamente, a Senhora Ministra Cármen Lúcia, com voto
 proferido em assentada anterior. Plenário, 25.10.2007.
 
Consigna-se, ainda, que os MEMBROS DAS FORÇAS ARMADAS e os SERVIDORES MILITARES DOS ESTADOS E DO DF não têm direito à greve (CF, art. 42, § 1º, e 142, § 3º, IV).
b) que a noção de serviço adequado inclui a continuidade, nos termos do art. 6º, § 1º, da Lei nº 8.987/95 – já citado – e, também, do art. 22 do Código de Defesa do Consumidor.
Neste contexto legislativo, pergunta-se: 
É LEGAL A SUSPENSÃO/INTERRUPÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO PELO NÃO PAGAMENTO DO MESMO PELO USUÁRIO? 
O tema é controvertido nos tribunais pátrios.
Todavia, tem se entendido que – se o serviço for FACULTATIVO ( e, por isto, geralmente remunerado por tarifa/preço público), o Pode Público pode suspender-lhe a prestação no caso de não pagamento, nos termos do art. 6º, § 3º, II, da Lei nº 8.987/95.
Neste sentido, há precedente do STJ versando hipótese de interrupção de serviço de fornecimento de energia elétrica a usuário inadimplente: 
	REsp 510478 / PB
RECURSO ESPECIAL
2003/0044280-1 
	Relator(a)
	Ministro FRANCIULLI NETTO (1117) 
	Órgão Julgador
	T2 - SEGUNDA TURMA
	Data do Julgamento
	10/06/2003
	Data da Publicação/Fonte
	DJ 08/09/2003 p. 312 
	Ementa 
	RECURSO ESPECIAL – ALÍNEA “C” – ADMINISTRATIVO – ENERGIA ELÉTRICA –
CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO – ATRASO NO PAGAMENTO – SUSPENSÃO DO
SERVIÇO – POSSIBILIDADE – ARTS. 6º, § 3º, DA LEI N. 8.987/95 E 17 DA
LEI N. 9.427/96.
Há expressa previsão normativa no sentido da possibilidade de
suspensão do fornecimento de energia elétrica ao usuário que deixa
de efetuar a contraprestação ajustada, mesmo quando se tratar de
consumidor que preste serviço público.
Na hipótese vertente, verifica-se que se trata de usuário do serviço
público concedido que, nos termos do r. voto condutor do acórdão
objurgado, “deliberadamente vem se mantendo na inadimplência”, razão
bastante para a suspensão do fornecimento do bem.
Ao editar a Resolução n. 456, de 29 de novembro de 2000, a própria
ANEEL, responsável pela regulamentação do setor de energético no
país, contemplou a possibilidade de suspensão do fornecimento do
serviço em inúmeras hipóteses, dentre as quais o atraso no pagamento
de encargos e serviços vinculados ao fornecimento de energia
elétricaprestados mediante autorização do consumidor, ou pela
prestação do serviço público de energia elétrica (art. 91, incisos I
e II).
Recebe o usuário, se admitida a impossibilidade de suspensão do
serviço, reprovável estímulo à inadimplência. Não será o Judiciário,
entretanto, insensível relativamente às situações peculiares em que
o usuário deixar de honrar seus compromissos financeiros em razão de
sua hipossuficiência, circunstância que não se amolda ao caso em
exame.
Recurso especial conhecido pela letra “c”, porém não provido.
	AgRg no REsp 1069215 / RS
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL
2008/0140704-7 
	Relator(a)
	Ministro FRANCISCO FALCÃO (1116) 
	Órgão Julgador
	T1 - PRIMEIRA TURMA
	Data do Julgamento
	16/09/2008
	Data da Publicação/Fonte
	DJe 01/10/2008 
	Ementa 
	CORTE NO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. INADIMPLÊNCIA. DÉBITOS
PRETÉRITOS. POSSIBILIDADE.
I - A despeito de se tratar de débitos pretéritos, não se pode
referendar tal atitude do consumidor de energia elétrica, que se
furta a pagar a contraprestação devida pelo fornecimento deste bem
tão essencial à sociedade, expediente que, acaso mantido, deve
estimular outros consumidores mal intencionados, em detrimento à
maioria dos demais, que indiretamente acaba por ser penalizada, em
virtude do reflexo do alijamento de valores devidos à concessionária
de energia.
II - Remanesce então íntegra a pacífica jurisprudência desta Corte
no sentido de permitir a suspensão do fornecimento de energia
elétrica quando do seu não-pagamento pelo consumidor. Precedentes:
AgRg no REsp 969.928/RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, DJ de
12/11/2007; REsp nº 363.943/MG, Rel. Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS,
DJ de 01/03/2004; REsp nº 628.833/RS, Rel. p/ ac. Min. FRANCISCO
FALCÃO, DJ de 03/11/2004 e REsp n.º 302.620/SP, Relator p/ ac. Min.
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ de 16/02/2004.
III - Agravo regimental improvido.
	AgRg no REsp 979834 / PE
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL
2007/0193365-1 
	Relator(a)
	Ministro FRANCISCO FALCÃO (1116) 
	Órgão Julgador
	T1 - PRIMEIRA TURMA
	Data do Julgamento
	15/04/2008
	Data da Publicação/Fonte
	DJe 07/05/2008 
	Ementa 
	SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. DÉBITO DISCUTIDO
JUDICIALMENTE. INADIMPLÊNCIA. PREVISÃO LEGAL. CONTRATO
SINALAGMÁTICO. PREVALÊNCIA DOS INTERESSES DA COLETIVIDADE.
I - O contrato estabelecido entre o fornecedor de energia elétrica e
o usuário é sinalagmático, concluindo-se que o contratante só pode
exigir a continuidade da prestação a cargo do contratado quando
estiver cumprindo regularmente a sua obrigação.
II - A despeito de estar sendo discutido o débito através de ação
própria, a concessionária pode realizar a suspensão do fornecimento
de energia elétrica quando o usuário se nega a realizar os
pagamentos devidos. Tal convicção encontra assento no artigo 91 da
Resolução nº 456/2000 da Agência Nacional de Energia Elétrica.
III - O corte no fornecimento de energia do mau pagador vai ao
encontro dos interesses da coletividade, uma vez que o reflexo do
inadimplemento pode atingir o funcionamento do sistema, prejudicando
seus usuários.
IV - Precedentes: REsp nº 686.395/RS, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJ
de 14/03/2005 e REsp n.º 302.620/SP, Relator p/ Acórdão Ministro
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ de 16/02/2004.
V - Agravo regimental provido, para dar provimento ao recurso
especial.
De outro lado, se OBRIGATÓRIO o serviço (como, v.g., a captação e fornecimento de esgoto e água), entende-se que o serviço não pode ser suspenso. Pois o Estado teria outros meios – inscrição em dívida ativa e execução fiscal – para buscar a satisfação dos débitos, sem comprometimento da prestação do serviço.
Neste sentido: 
	REsp 782270 / MS
RECURSO ESPECIAL
2005/0154895-0 
	Relator(a)
	Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI (1124) 
	Órgão Julgador
	T1 - PRIMEIRA TURMA
	Data do Julgamento
	18/10/2005
	Data da Publicação/Fonte
	DJ 07/11/2005 p. 163
RDDT vol. 124 p. 240 
	Ementa 
	TRIBUTÁRIO. SERVIÇO DE ESGOTO. NATUREZA JURÍDICA DA REMUNERAÇÃO.
TAXA. COMPULSORIEDADE DE SUA UTILIZAÇÃO. SUJEIÇÃO AO REGIME
TRIBUTÁRIO. ORIENTAÇÃO DOMINANTE NO STJ. RECURSO ESPECIAL
DESPROVIDO.
1. A jurisprudência dominante no âmbito desta Corte considera que o
valor exigido como contraprestação pelo serviço de água e esgoto
possui natureza jurídica de taxa — submetendo-se, portanto, ao
regime jurídico tributário, especialmente no que diz com a
observância do princípio da legalidade — sempre que seja de
utilização compulsória, independentemente de ser executado
diretamente pelo Poder Público ou por empresa concessionária.
2. Recurso especial a que se nega provimento.
Colhe-se do voto condutor: 
“(...)
É nesse sentido, ainda, a doutrina de Hugo de Brito Machado:
'O que caracteriza a remuneração de um serviço público como taxa ou como preço
público é a compulsoriedade, para a taxa, e a facultatividade, para o preço,
conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal. Importante, porém, é a
compreensão adequada, que se há de ter, do que sejam essa compulsoriedade e
essa facultatividade.
A título de exemplo, imaginemos a necessidade que se tem de energia elétrica.
Se o ordenamento jurídico nos permite atender a essa necessidade com a
instalação de um grupo gerador em nossa residência, ou estabelecimento
industrial ou comercial, então a remuneração que o Estado nos cobra pelo
fornecimento de energia é um preço público, pois não somos juridicamente
obrigados a utilizar o serviço público para a satisfação de nossa necessidade.
Embora nos seja mais conveniente a utilização do serviço público, do ponto de
vista econômico ou por outra razão qualquer, do ponto de vista rigorosamente
jurídico nada nos impede de, por outro meio, atender à necessidade de energia
elétrica. A remuneração que pagamos pelo serviço de fornecimento de energia
elétrica, portanto, não é compulsória. Por outro lado, se há norma jurídica
proibindo a instalação de grupo gerador ou unidade de captação de energia solar
em residências ou estabelecimentos comerciais ou industriais, de sorte que o
atendimento da necessidade de energia elétrica por qualquer outro meio que não
seja o serviço público torna-se impossível sem violação da ordem jurídica , tem-se
que a utilização do serviço e, por isto mesmo, o pagamento da remuneração
correspondente, é compulsória. Neste caso, essa remuneração correspondente é
taxa.
O mesmo pode ser dito do serviço de água e esgoto. Se há uma norma proibindo
o atendimento da necessidade de água e esgoto por outro meio que não seja o
serviço público, a remuneração correspondente é taxa. Se a ordem jurídica não
proíbe o fornecimento de água em pipas, nem o uso de fossas, nem o transporte de
dejetos em veículos de empresas especializadas, nem o depósito destes em locais
para esse fim destinados pelo Poder Público, ou adequadamente construídos pela
iniciativa privada, então a remuneração cobrada pelo serviço público de
fornecimento de água e esgoto é preço público. Se, pelo contrário, existem tais
proibições, de sorte a tornar o serviço público o único meio de que se dispõe para
o atendimento da necessidade de água e esgoto, então a remuneração respectiva
será taxa.
(...)
É importante compreender o fundamento dessa idéia.
Se a ordem jurídica obriga a utilização de determinado serviço, não permitindo o
atendimento da respectiva necessidade por outro meio, então é justo que a
remuneração correspondente, cobrada pelo Poder Público, sofra as limitações
próprias dos tributos. O contribuinte estará seguro de que o valor dessa
remuneração há de ser fixado por critérios definidos em lei. Terá, em síntese, as
garantias estabelecidas na Constituição.
Poroutro lado, se a ordem jurídica não obriga à utilização do serviço público,
posto que não proíbe o atendimento da correspondente necessidade por outro
meio, então a cobrança da remuneração correspondente não ficará sujeita às
restrições do sistema tributário. Pode ser fixada livremente pelo Poder Público,
pois o seu pagamento resulta de simples conveniência do usuário do serviço."
(Curso de Direito Tributário , 24ª edição, São Paulo: Malheiros, 2004, pp.
411-412).'"
3. No caso concreto, o acórdão afirmou que "o fornecimento de serviços de água e esgoto,
quando tiver caráter compulsório, como é o caso de Campo Grande, é remunerado mediante
taxa" (fl. 17), razão pela qual é aplicável o entendimento adotado nos julgados mencionados.
4. Diante do exposto, nego provimento ao recurso especial. É o voto.”
Todavia, a posição acima perdeu espaço frente ao julgamento dos ERESP 690.609, onde a 1ª Seção do STJ definiu que a contraprestação cobrada por concessionária ou permissionária de água e esgoto detém natureza jurídica de tarifa/preço público e, por conseguinte, admite interrupção no fornecimento em caso de não pagamento pelo usuário.
	EREsp 690609 / RS
EMBARGOS DE DIVERGENCIA NO RECURSO ESPECIAL
2006/0044431-6 
	Relator(a)
	Ministra ELIANA CALMON (1114) 
	Órgão Julgador
	S1 - PRIMEIRA SEÇÃO
	Data do Julgamento
	26/03/2008
	Data da Publicação/Fonte
	DJe 07/04/2008 
	Ementa 
	TRIBUTÁRIO – EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA – CONTRAPRESTAÇÃO COBRADA PELO
SERVIÇO PÚBLICO DE ÁGUA E ESGOTO – NATUREZA JURÍDICA DE TARIFA –
PRECEDENTES DO STJ E DO STF.
1. Este Tribunal Superior, encampando entendimento sedimentado no
Pretório Excelso, firmou posição no sentido de que a contraprestação
cobrada por concessionárias de serviço público de água e esgoto
detém natureza jurídica de tarifa ou preço público.
2. Definida a natureza jurídica da contraprestação, também
definiu-se pela aplicação das normas do Código Civil.
3. A prescrição é vintenária, porque regida pelas normas do Direito
Civil.
4.. Embargos de divergência providos.
Há hipótese que, segundo o STJ, afastam o direito da concessionário ou permissionária à interrupção do serviço público por inadimplemento do usuário, a saber: 
- SE O CORTE NO FORNECIMENTO OCORREU SEM PRÉVIA NOTIFICAÇÃO DO USUÁRIO PARA EFETUAR O PAGAMENTO DO DÉBITO
	REsp 783575 / RS
RECURSO ESPECIAL
2005/0156921-9 
	Relator(a)
	Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141) 
	Órgão Julgador
	T2 - SEGUNDA TURMA
	Data do Julgamento
	09/09/2008
	Data da Publicação/Fonte
	DJe 13/10/2008 
	Ementa 
	PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. ENERGIA
ELÉTRICA. CORTE NO FORNECIMENTO. CONSUMIDOR INADIMPLENTE. AUSÊNCIA
DE COMUNICAÇÃO PRÉVIA. IMPOSSIBILIDADE.
1. A Jurisprudência assente deste Tribunal entende pela
possibilidade de corte no fornecimento de energia elétrica desde
que, após aviso prévio, o consumidor permaneça em situação de
inadimplência com relação ao respectivo débito, nos termos do
estatuído no art. 6º, § 3º, da Lei 8.987/95. Precedentes: Recursos
especiais n. 363.943/MG e 963.990/SC.
2. No particular, diante da situação fática existente, observa-se
que a decisão do Tribunal de origem não destoa do entendimento desta
Corte, pois o corte no fornecimento de energia elétrica foi
realizado sem comunicação prévia do consumidor, condição necessária
à validação da interrupção do serviço.
3. Recurso especial não-provido.
- SE O CORTE NO FORNECIMENTO OCASIONARÁ DANOS À COMUNIDADE E, PORTANTO, AFRONTARÁ O INTERESSE PÚBLICO
	AgRg no REsp 1003667 / RS
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL
2007/0260394-7 
	Relator(a)
	Ministro HUMBERTO MARTINS (1130) 
	Órgão Julgador
	T2 - SEGUNDA TURMA
	Data do Julgamento
	19/05/2009
	Data da Publicação/Fonte
	DJe 01/06/2009 
	Ementa 
	ADMINISTRATIVO – CORTE DO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA –
FUNGIBILIDADE ENTRE AS MEDIDAS DE URGÊNCIA – POSSIBILIDADE –
INTERRUPÇÃO DO FORNECIMENTO – IMINÊNCIA DE PREJUÍZO A CIDADÃOS –
IMPOSSIBILIDADE DE INTERRUPÇÃO.
1. Não há, no acórdão recorrido, qualquer omissão, contradição ou
obscuridade, razão pela qual não foram malferidos os artigos 515 e
535 do Estatuto Processual Civil.
2. Esta Corte Superior já se manifestou no sentido da admissão da
fungibilidade entre os institutos da medida cautelar e da tutela
antecipada, desde que presentes os pressupostos da medida que vier a
ser concedida. Precedentes.
3. O Tribunal de origem reconheceu explicitamente o perigo de danos
irreparáveis à população dos Municípios Novo Hamburgo, Portão e
Estância Velha, em caso de interrupção do fornecimento de energia
elétrica.
4. O Superior Tribunal de Justiça, pela sua Corte Especial, tem
posição firmada em vários precedentes, no sentido de que sejam
preservadas, em caso de corte de energia, as unidades e serviços
públicos cuja paralisação é inadmissível, como no caso em questão.
5. Embora inadimplente, a Comusa é responsável pelo abastecimento de
água aos Municípios de Novo Hamburgo, Portão e Estância Velha, cuja
população não pode ser prejudicada em razão da referida
inadimplência.
Agravo regimental improvido.
- SE O CORTE FUNDA-SE EM DÉBITOS PRETÉRITOS
	AgRg no Ag 1043499 / RS
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO
2008/0092032-0 
	Relator(a)
	Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) 
	Órgão Julgador
	T2 - SEGUNDA TURMA
	Data do Julgamento
	05/03/2009
	Data da Publicação/Fonte
	DJe 24/03/2009 
	Ementa 
	PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO
CONFIGURADA. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. INTERRUPÇÃO. DÉBITOS
CONSOLIDADOS PELO TEMPO.
1. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente,
não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC.
2. É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos
essenciais quando a inadimplência do consumidor decorrer de débitos
consolidados pelo tempo.
3. Agravo Regimental não provido.
	AgRg no REsp 1027844 / RJ
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL
2008/0025160-4 
	Relator(a)
	Ministro JOSÉ DELGADO (1105) 
	Órgão Julgador
	T1 - PRIMEIRA TURMA
	Data do Julgamento
	27/05/2008
	Data da Publicação/Fonte
	DJe 23/06/2008 
	Ementa 
	ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CORTE NO
FORNECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTO. ART. 6º, § 3º, II, DA LEI N.
8.987/95. IMPOSSIBILIDADE DE SUSPENSÃO DO ABASTECIMENTO NA HIPÓTESE
DE EXIGÊNCIA DE DÉBITO PRETÉRITO. CARACTERIZAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO
E AMEAÇA AO CONSUMIDOR. ART. 42 DO CDC. PRECEDENTES.
1. Agravo regimental contra decisão que deu provimento a recurso
especial, com base na jurisprudência desta Corte, entendendo pela
impossibilidade do corte no fornecimento do serviço por se tratar de
hipótese que versa sobre débito pretérito. Nas razões do agravo
regimental, defende-se ser de direito a suspensão do abastecimento
em razão de inadimplência do usuário.
2. O art. 6º, § 3º, II, da Lei n. 8.987/95 dispõe que “não se
caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em
situação de emergência ou após prévio aviso, quando for por
inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade”.
Portanto, se há o fornecimento do serviço pela concessionária, seja
de água ou de energia elétrica, a obrigação do consumidor será a de
realizar o pagamento, sendo que, o não-cumprimento dessa
contraprestação poderá ensejar, verificando-se caso a caso, a
suspensão do serviço.
3. Hipótese dos autos que se caracteriza pela exigência de débito
pretérito, não devendo, com isso, ser suspenso o fornecimento, visto
que o corte do serviço pressupõe o inadimplemento de conta regular,
relativa ao mês do consumo, sendo inviável, pois, a suspensão do
abastecimento em razão de débitos antigos, devendoa companhia
utilizar-se dos meios ordinários de cobrança, não se admitindo
nenhuma espécie de constrangimento ou ameaça ao consumidor, nos
termos do art. 42 do CDC.
4. Precedentes: REsp 975.314/RS, Rel. Min. Castro Meira, Segunda
Turma, DJ de 04/10/2007; AgRg no REsp 854.002/RS, Rel. Min. Luiz
Fux, Primeira Turma, DJ 11/06/2007; REsp 875.993/RS, Rel. Min. Teori
Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 01/03/2007; REsp 845.695/RS,
Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ 11/12/2006; AgRg no
REsp 820.665/RS, de minha relatoria, Primeira Turma, DJ 08/06/2006.
5. Agravo regimental não-provido.
Toda esta problemática encontra-se bem resumida no seguinte julgado do STJ: 
	REsp 943850 / SP
RECURSO ESPECIAL
2007/0088451-6 
	Relator(a)
	Ministro JOSÉ DELGADO (1105) 
	Órgão Julgador
	T1 - PRIMEIRA TURMA
	Data do Julgamento
	28/08/2007
	Data da Publicação/Fonte
	DJ 13/09/2007 p. 177 
	Ementa 
	ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AUSÊNCIA DE
PAGAMENTO DE TARIFA DE ÁGUA. INTERRUPÇÃO DO FORNECIMENTO. CORTE.
IMPOSSIBILIDADE. ARTS. 22 E 42 DA LEI Nº 8.078/90 (CÓDIGO DE
PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR). HOSPITAL. SERVIÇO ESSENCIAL À
POPULAÇÃO. PRECEDENTES.
1. Recurso especial interposto contra acórdão que considerou legal o
corte no fornecimento de água em virtude de falta de pagamento de
contas atrasadas.
2. Não resulta em se reconhecer como legítimo o ato administrativo
praticado pela empresa concessionária fornecedora de água e
consistente na interrupção de seus serviços, em face de ausência de
pagamento de fatura vencida. A água é, na atualidade, um bem
essencial à população, constituindo-se serviço público
indispensável, subordinado ao princípio da continuidade de sua
prestação, pelo que se torna impossível a sua interrupção.
3. O art. 22 do Código de Proteção e Defesa do Consumidor assevera
que “os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias,
permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e,
quanto aos essenciais, contínuos”. O seu parágrafo único expõe que,
“nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações
referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a
cumpri-las e a reparar os danos causados na forma prevista neste
código”. Já o art. 42 do mesmo diploma legal não permite, na
cobrança de débitos, que o devedor seja exposto ao ridículo, nem que
seja submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Tais
dispositivos aplicam-se às empresas concessionárias de serviço
público.
4. Não há de se prestigiar atuação da Justiça privada no Brasil,
especialmente, quando exercida por credor econômica e
financeiramente mais forte, em largas proporções, do que o devedor.
Afrontaria, se fosse admitido, os princípios constitucionais da
inocência presumida e da ampla defesa. O direito de o cidadão se
utilizar dos serviços públicos essenciais para a sua vida em
sociedade deve ser interpretado com vistas a beneficiar a quem deles
se utiliza.
5. Esse o entendimento deste Relator.
6. Posição assumida pela ampla maioria da 1ª Seção deste Sodalício
no sentido de que “é lícito à concessionária interromper o
fornecimento de energia elétrica, se, após aviso prévio, o
consumidor de energia elétrica permanecer inadimplente no pagamento
da respectiva conta (L. 8.987/95, Art. 6º, § 3º, II) ”(REsp nº
363943/MG, 1ª Seção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ de
01/03/2004). No mesmo sentido: EREsp nº 337965/MG, 1ª Seção, Rel.
Min. Luiz Fux, DJ de 08/11/2004; REsp nº 123444/SP, 2ª T., Rel. Min
João Otávio de Noronha, DJ de 14/02/2005; REsp nº 600937/RS, 1ª T.,
Rel. p/ Acórdão, Min. Francisco Falcão, DJ de 08/11/2004; REsp nº
623322/PR, 1ª T., Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 30/09/2004.
7. No entanto, a jurisprudência predominante vem decidindo que:
- “o corte não pode ocorrer de maneira indiscriminada, de forma a
afetar áreas cuja falta de energia colocaria em demasiado perigo a
população, como ruas, hospitais e escolas públicas” (REsp nº
594095/MG, 2ª Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ de
19.03.2007);
- “no caso dos autos, pretende a recorrente o corte no fornecimento
de energia elétrica do único hospital público da região, o que se
mostra inadmissível em face da essencialidade do serviço prestado
pela ora recorrida. Nesse caso, o corte da energia elétrica não
traria apenas desconforto ao usuário inadimplente, mas verdadeiro
risco à vida de dependentes dos serviços médicos e hospitalares
daquele hospital público. O art. 6º, § 3º, inciso II, da Lei n.
8.987/95 estabelece que é possível o corte do fornecimento de
energia desde que considerado o interesse da coletividade. Logo, não
há que se proceder ao corte de utilidades básicas de um hospital,
como requer o recorrente, quando existem outros meios jurídicos
legais para buscar a tutela jurisdicional” (REsp nº 876723/PR, 2ª
Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJ de 05.02.2007);
- “a interrupção do fornecimento de energia, caso efetivada,
implicaria sobrepor, na cadeia de valores tutelados pelo ordenamento
jurídico, o contrato de concessão à vida humana e à integridade
física dos pacientes. O interesse coletivo que autoriza a solução de
continuidade do serviço deve ser relativizado em favor do interesse
público maior: a proteção da vida” (REsp nº 621435/SP, 1ª Turma,
Relª Minª Denise Arruda, DJ de 19.10.2006);
- “tratando-se de pessoa jurídica de direito público, prevalece
nesta Corte a tese de que o corte de energia é possível (Lei
9.427/96, art. 17, parágrafo único), desde que não aconteça
indiscriminadamente, preservando-se as unidades públicas essenciais,
como hospitais, pronto-socorros, escolas e creches” (REsp nº
654818/RJ, 1ª Turma, Relª Minª Denise Arruda, DJ de 19.10.2006);
- “é lícito à concessionária interromper o fornecimento de energia
elétrica se, após aviso prévio, o Município devedor não solve dívida
oriunda de contas geradas pelo consumo de energia. Entretanto, para
que não seja considerado ilegítimo, o corte não pode ocorrer de
maneira indiscriminada, de forma a afetar áreas cuja falta de
energia colocaria em demasiado perigo a população, como as, ruas,
hospitais e escolas públicas” (REsp nº 682378/RS, 2ª Turma, Rel.
Min. João Otávio de Noronha, DJ de 06.06.2006)
8. Recurso especial provido.
c) inaplicabilidade da cláusula “exceptio non adimpleti contractus” contra a Administração Pública. Logo, a paralisação do serviço público a pedido do particular só poderá ocorrer por decisão judicial.
2) PRINCÍPIO DA MUTABILIDADE – este princípio justifica a presença das chamadas “cláusulas exorbitantes” nos contratos administrativos. Poderão ser implementadas variações na FORMA DE EXECUÇÃO de um serviço público, muitas vezes de maneira unilateral pela Administração, em vista da necessidade de preservação dos interesses da coletividade, assegurado ao contratado o equilíbrio da equação econômico-financeira.
3) PRINCÍPIO DA MODICIDADE DAS TARIFAS – se as tarifas não forem módicas o serviço passará a não ser acessível ao usuário em geral, desnaturando o próprio serviço (que é público e dirigido ao público).
MODICIDADE = ACESSIBILIDADE DO USUÁRIO AO SERVIÇO PÚBLICO
Logo, a imodicidade das tarifas é INCONSTITUCIONAL, podendo, inclusive, ser apreciada pelo Poder Judiciário.
 Neste sentido: 
	TIPO DE PROCESSO:
Apelação Cível
	NÚMERO:
 70017579061 
	 � 
Inteiro Teor� 
	RELATOR: Marco Aurélio Heinz
	EMENTA:  APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA. SERVIÇO FUNERÁRIO. SISTEMA DE RODÍZIO DAS PERMISSIONÁRIAS JUNTO AOS ESTABELECIMENTOS HOSPITALARES. LEGALIDADE. O serviço funerário é da competência do Município por dizer respeito a assunto de interesse local (art. 30, I,da CF). A delegação do serviço a particular autoriza a fiscalização e controle pela Administração, visando o bom atendimento do público e a modicidade da tarifa. Sendo assim, resta evidente que o sistema de rodízio dos permissionários junto aos estabelecimentos hospitalares não apresenta qualquer ilegalidade. Improcedência da demanda. Apelação provida. (Apelação Cível Nº 70017579061, Vigésima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Aurélio Heinz, Julgado em 04/04/2007) 
4) PRINCÍPIO DA GENERALIDADE – é reflexo do PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE. Todos têm acesso aos serviços públicos.
3.1.6 Da INSTITUIÇÃO, REGULAMENTAÇÃO, EXECUÇÃO e CONTROLE dos Serviços Públicos
a) DA INSTITUIÇÃO
O serviço público é sempre instituído por lei.
É a lei que diz o que é serviço público. Ato administrativo não diz o que é serviço público.
Diante disso, a CF/1988, no art. 21, institui os serviços públicos de competência privativa da União e, no art. 23, os que lhe são comuns. Já, quanto à competência do Estado-membro, estes ficaram com o resíduo, ou seja, todos os que não atribuídos à União nem aos Municípios. Quanto a competência dos Municípios, esta se encontra disposta no art. 30 da Magna Carta – e são todos aqueles serviços que se enquadrem na atividade social reconhecida ao Município, segundo o critério de predominância de seu interesse em relação à outras entidades estatais. Por fim, no que toca a competência do DF, são atribuídas, nos termos do art. 32, § 1º, da CF, as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
Atenção!!!!
COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO: 
O Município não tem competência para legislar sobre HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. Pois tal matéria compete privativamente à União.
A matéria já se encontra pacificada nos Tribunais Pátrios: Súmula 19 do STJ – “A fixação de horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União”.
Mas cuidado!!! Tratando-se de regulamentação do horário de funcionamento de outros estabelecimentos comerciais, segundo entendimento sumulado pelo STF, a competência é do município (Súmula 645 do STF: “É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial”).
Verifiquem-se os seguintes julgados: 
AI 124793 AgR / MA - MARANHAO 
AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO
Relator(a):  Min. CARLOS MADEIRA
Julgamento:  20/05/1988           Órgão Julgador:  SEGUNDA TURMA
Publicação 
DJ 17-06-1988 PP-15261 EMENT VOL-01506-05 PP-01137
Ementa 
AGRAVO REGIMENTAL. INTEMPESTIVIDADE. E INTEMPESTIVO O AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROTOCOLIZADO NO PRAZO DO ARTIGO 317, C/C A REGRA ESTABELECIDA NO PARAGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 110, AMBOS DO RISTF. MESMO AFASTADA ESSA INTEMPESTIVIDADE, O AGRAVO REGIMENTAL NÃO LOGRARIA EXITO, PORQUE A COMPETÊNCIA PARA FIXAÇÃO DO HORARIO DE FUNCIONAMENTO DOS ESTABELECIMENTOS BANCARIOS E DA UNIÃO, E NÃO DAS PREFEITURAS, CONFORME JURISPRUDÊNCIA PACIFICA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.
AI 565882 AgR / RS - RIO GRANDE DO SUL 
AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO
Relator(a):  Min. SEPÚLVEDA PERTENCE
Julgamento:  03/08/2007           Órgão Julgador:  Primeira Turma
Publicação 
DJe-092 DIVULG 30-08-2007 PUBLIC 31-08-2007
DJ 31-08-2007 PP-00030
EMENT VOL-02287-06 PP-01358
Parte(s) 
AGTE.(S) : FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS E DE SERVIÇOS
 DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
ADV.(A/S) : ANTÔNIO JOB BARRETO E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO
 SUL
INTDO.(A/S) : CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES DE LAJEADO/RS
ADV.(A/S) : EVANDRO MULITERNO DE QUADROS E OUTRO(A/S)
INTDO.(A/S) : EXMO SR DR PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO
 GRANDE DO SUL
INTDO.(A/S) : MUNICÍPIO DE LAJEADO
INTDO.(A/S) : ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
ADV.(A/S) : PGE-RS - KARINA DA SILVA BRUM E OUTRO(A/S)
Ementa 
EMENTA: Município: competência para a fixação de horário de funcionamento de estabelecimento comercial: incidência da Súmula 645.
Porque são questões que também tratam de interesses locais, o STF afirma que o Município tem competência para regulamentar/legislar sobre: 
- EXIGÊNCIAS DE EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA EM IMÓVEIS ONDE HÁ ATENDIMENTO AO PÚBLICO (ex: portas eletrônicas de segurança nos bancos situados no território do municípios; câmaras filmadoras de vigilância; etc.)
- TEMPO DE ATENDIMENTO AO PÚBLICO (vale tanto para bancos como para outros serviços, como os serviços de cartórios). 
AI 491420 AgR / SP - SÃO PAULO 
AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO
Relator(a):  Min. CEZAR PELUSO
Julgamento:  21/02/2006           Órgão Julgador:  Primeira Turma
Publicação 
DJ 24-03-2006 PP-00026
EMENT VOL-02226-06 PP-01097
RTJ VOL-00203-01 PP-00409
Parte(s) 
AGTE.(S) : FEBRABAN - FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS
 ASSOCIAÇÕES DE BANCOS
ADV.(A/S) : ATALI SILVIA MARTINS
AGDO.(A/S) : JOSÉ LAVELLI DE LIMA
ADV.(A/S) : SILVIO DE CARVALHO PINTO NETO
Ementa 
EMENTAS: 1. RECURSO. Agravo de instrumento. Inadmissibilidade. Peça obrigatória. Procuração outorgada ao advogada da parte agravada. Ausência. Não configuração. Conhecimento do agravo. Deve conhecido agravo, quando lhe não falte peça à instrução, sem que isso implique consistência do recurso extraordinário. 2. RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade. Competência legislativa. Município. Edificações. Bancos. Equipamentos de segurança. Portas eletrônicas. Agravo desprovido. Inteligência do art. 30, I, e 192, I, da CF. Precedentes. Os Municípios são competentes para legislar sobre questões que respeite a edificações ou construções realizadas no seu território, assim como sobre assuntos relacionados à exigência de equipamentos de segurança, em imóveis destinados a atendimento ao público.
RE 240406 / RS - RIO GRANDE DO SUL 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Relator(a):  Min. CARLOS VELLOSO
Julgamento:  25/11/2003           Órgão Julgador:  Segunda Turma
Publicação 
DJ 27-02-2004 PP-00038 EMENT VOL-02141-05 PP-01006
Parte(s) 
RECTE.(S) : FEBRABAN - FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES
 DE BANCOS
ADVDO.(A/S) : LUIZ ALBERTO BETTIOL E OUTROS
RECDO.(A/S) : MUNICÍPIO DE IGREJINHA
ADVDO.(A/S) : HARRY STREPPEL
Ementa 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. BANCOS: PORTAS ELETRÔNICAS: COMPETÊNCIA MUNICIPAL. C.F., art. 30, I, art. 192. I. - Competência municipal para legislar sobre questões que digam respeito a edificações ou construções realizadas no município: exigência, em tais edificações, de certos componentes. Numa outra perspectiva, exigência de equipamentos de segurança, em imóveis destinados ao atendimento do público, para segurança das pessoas. C.F., art. 30, I. II. - R.E. conhecido, em parte, mas improvido.
AI 747245 AgR / SC - SANTA CATARINA 
AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO
Relator(a):  Min. EROS GRAU
Julgamento:  23/06/2009           Órgão Julgador:  Segunda Turma
Publicação 
DJe-148 DIVULG 06-08-2009 PUBLIC 07-08-2009
EMENT VOL-02368-23 PP-04904
Parte(s) 
AGTE.(S): FEBRABAN - FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE BANCOS
ADV.(A/S): RAUL QUEIROZ NEVES E OUTRO(A/S)
ADV.(A/S): LUIS ROBERTO DAL PONT LODETTI
ADV.(A/S): JORGE ANDRÉ RITZMANN DE OLIVEIRA
AGDO.(A/S): MUNICÍPIO DE JARAGUÁ DO SUL
ADV.(A/S): ANDRÉA ROSANA SARDÁ MAIOCHI
Ementa 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMETO. AGÊNCIAS BANCÁRIAS. TEMPO DE ATENDIMENTO AO PÚBLICO. COMPETÊNCIA. MUNICÍPIO. ART. 30, I, CB/88. FUNCIONAMENTO DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. ARTS. 192 E 48, XIII, DA CB/88. 1. O Município, ao legislar sobre o tempo de atendimento ao público nas agências bancárias estabelecidas em seu território, exerce competência a ele atribuída pelo artigo 30, I, da CB/88. 2. A matéria não diz respeito ao funcionamento do Sistema Financeiro Nacional [arts. 192 e 48, XIII, da CB/88].

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