Buscar

Poligrafo completo de Direito Penal IV.doc

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 66 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 66 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 66 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

� PAGE \* MERGEFORMAT �16�
CRIMES CONTRA A PESSOA
Titulo I – crimes contra a pessoa
CAPITULO I - CRIMES CONTRA A VIDA – objeto é proteção a pessoa humana.
homicídio (121)
Vida extra-uterina: 	partic. Em suicídio (122)
				Infanticidio (123)
Vida intra uterina		aborto
Tutela autônoma protege a vida extra uterina, que é hipótese em que a vida não depende de outro.
Vida intra uterina é aquela dependente de outra.
Hoje a natureza (ou caráter) da proteção é de indisponibilidade (art. 5º da CF). a vida é bem indisponível. Nenhuma conseqüência terá consentimento do ofendido em relação a sua morte.
Crimes em espécie:
HOMICÍDIO – 121 
conceito: é tirar a vida de alguém
	
ação física: matar: crime de forma livre e capacidade delitiva indeterminada.
 Homicídio pode ser praticado das mais variadas formas (omissiva, comissiva, por meios físicos, meios psicológicos... pode ainda matar alguém direta ou indiretamente (ex. manda cego caminhar para penhasco).
Homicídio é crime comum pois pode ser realizado por qualquer pessoa. Qualquer um pode matar.
É crime monosubjetivo porque basta um único agente para a realização da conduta.
sujeitos do crime
Sujeito ativo é quem pratica o crime.
Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa desde que se trate de ser humano com vida. Aqui não se fala em viabilidade de vida mas sim em vida, ainda que inviável.
Homicídio se distingue da conduta de abortamento porque no caso do homicídio o ato deverá acontecer com inicio, pelo menos, do processo do parto. Se ação ocorrer antes do inicio do parto o crime é de abortamento.
Lembrar que o momento do crime é o momento da ação, logo, se praticar ato de abortamento e o bebê vier a nascer com vida e morrer após em função desta conduta o crime será de aborto em relação ao bebê. Se a mãe morrer será homicídio em relação a mãe e aborto em relação ao bebê.
Em principio o sujeito do crime é qualquer pessoa mas existem condições que podem levar a aumento da pena como idade, etc.
consumação: o crime de homicídio se consuma com a morte
Morte é a cessação dos fenômenos vitais de uma pessoa que são atividade respiratória, circulatória e cerebral.
Mais recentemente, em função do art. 3º da Lei 9534/97 tem se considerado morte como morte encefálica (morte de todas funções do encéfalo).
Homicídio é crime que deixa vestígios, logo é usual o exame de corpo de delito direto (auto de necropsia) onde peritos descrevem causa da morte examinando o corpo.
No Brasil é ainda admissível reconhecer materialidade do homicídio mesmo sem exame de corpo de delito direto (exame de corpo de delito indireto). Por exemplo, uma gravação audiovisual, prova testemunhal... isso somente em caso de desaparecer o corpo.
Logo, se não existir cadáver ou se este for destruído é possível exame de corpo de delito indireto e admite-se materialidade se prova for forte.
É crime instantâneo de efeitos permanentes (morte é irreversível).
Tentativa:
Como o homicídio só se consuma com a morte é possível a tentativa que ocorre quando iniciada a execução do crime a morte não ocorre por circunstâncias alheias a vontade do agente.
Tentativa branca ou incruenta: é aquela em que a vitima não sofre ferimentos em razão do ato praticado pelo agente. Ex. errou o tiro.
Tentativa vermelha ou cruenta: ocorre quando sujeito não consegue matar a vitima mas produz ferimentos nela.
A distinção entre tentativa de homicídio e lesões corporais é que neste caso a intenção é matar (ou assumir o risco) e nas lesões corporais é ferir a vitima e não matá-la.
Tentativa perfeita: crime falho. Sujeito realiza todo processo executório por ele imaginado. Delito só não se consumou em função de circunstância especial. Ex. dar 14 tiros na vitima e esta não morre.
Tentativa imperfeita: propriamente dita. Nesta o sujeito não consegue por em prática ou exaurir todo o processo de execução do crime.
Dolo direto e dolo eventual:
Dolo direto: sujeito quis o resultado morte.
Dolo indireto: sujeito não quis resultado mas assumiu risco, assentiu com resultado. É o caso típico dos raxas praticados em vias públicas ou movimentadas.
Homicídio privilegiado (pode ser reconhecido em tentativa): 121, par. 1º.
São causas especiais de redução de pena
 Estas causas não se estendem e não se comunicam ao co-participante pois são pessoais ou subjetivas, pois dizem respeito a motivação do crime. São motivos (antecedentes psicológicos da ação).
Relevante valor moral 
Relevante valor social 
Violenta emoção logo após Injusta provocação
Em função destas causas a pena será abrandada de 1/6 a 1/3.
Detalhe é que a ação da vitima não precisa ter sido dirigida ao homicida. Ex. jovens judiando de um cego e policial chega e mata. O mesmo se fosse uma criança, um animal...
Ou seja, é possível reconhecer a privilegiadora mesmo se a agressão for a um terceiro, ainda que desconhecido do agente. 
Relevante valor moral são situações favoráveis no campo ético de cunho pessoal, particular ou individual. Ex. eutanásia que é homicídio praticado por piedade, compaixão. (Salienta-se que o Conselho Federal de Medicina (CFM), em novembro de 2006, aprovou resolução que permitia aos médicos limitar ou suspender tratamentos e procedimentos empregados para prolongar a vida de pacientes terminais, na prática, regulamentando a ortotanásia.
Entretanto, o Ministério Público Federal do Distrito Federal, em maio de 2007, ajuizou ação civil pública, postulando a revogação imediata da referida resolução, com pedido liminar, inclusive.). Em 2009, houve a edição do novo Código de Ética Médica (Resolução CFM 1.931/2009), vigente desde abril de 2010, cujo texto, de forma mais velada, também tratou da ortotanásia. Segundo seu art. 41, parágrafo único, “nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal.” Em 2010 o Ministério Público Federal mudou de entendimento e a liminar suspensiva foi derrubada. 
Hoje no BR eutanásia comissiva ou ortotanásia (eutanásia por omissão) são causas de homicídio praticado por relevante valor moral.
Outra hipótese de homicídio praticado por relevante valor moral é o caso do estuprador que é assassinado pelo pai da vitima estuprada. A sociedade não justifica mas considera eticamente aceitável esta conduta.
Relevante valor social são preceitos éticos considerados como de apreço, de valor para um determinado grupo social, uma coletividade (não tem cunho individual). É o exemplo de que integrantes de uma favela mataram uma gangue que atemorizava inclusive os moradores do local (é fato real no Rio).
O que não pode é desvirtuar o relevante valor social em crimes praticados por justiceiros ou em chacinas. O reconhecimento desta causa de redução de pena deve ser cercado de cautelas e em hipóteses muito pontuais.
Violenta emoção logo após injusta provocação da vitima. É crime emocional. Emoção é estado súbito e transitório de instabilidade psíquica.
Veja-se que pelo art. 28� do CP a emoção ou a paixão não excluem a imputabilidade penal 
O agressor reage a ato de provocação.
A idéia é resguardar o sujeito que está transtornado, profundamente abalado. É um estado de “ira”. Mas tem que ser emoção intensa (não é qualquer emoção) e provocada injustamente pela vítima.
Não precisa ser necessariamente ato de agressão podendo se caracterizar mesmo quando não exista agressão. Ex. são reações impensadas após ouvir apelidos vexatórios, agressões verbais.
A provocação tem que ser injusta, ou seja, não autorizada pelo direito. Ex. dar tiro em oficial de justiça quando este vai cumprir mandado de despejo não é injusto pois o oficial de justiça está agindo conforme o direito.
A reação tem que ser imediata, não pode ser tardia, se tardia atenção ao art. 65, III, “c”:
	Art.65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
	(...)
        III - ter o agente:
      (...)
 c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
Embora o código fale em “pode” no art. 121 par. 1, o juiz está obrigado (“deve”) a diminuição da pena se reconhecido o privilégio; a faculdade diz respeito apenas ao quantum da diminuição.
Qualificadoras: parágrafo 2º
Art. 121 (...)
	 Homicídio qualificado 
        § 2° Se o homicídio é cometido: 
        I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
        II - por motivo futil; 
        III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
        IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; 
        V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
		        Feminicídio       (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
			VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
			VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:     (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - violência doméstica e familiar;      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Dizem respeito aos motivos, aos meios a ao modo de execução e a conexão.
Atenção pois a premetidação não é qualificadora podendo no máximo ser circunstância de aumento da pena.
Homicídio mercenário é aquele cometido por paga ou promessa de recompensa ou outro motivo torpe. Neste caso o que qualifica é o motivo torpe do qual é exemplo a paga ou promessa de recompensa.
Motivo torpe é o imoral, abjeto, repugnante, tem por característica o egoísmo, a ambição.
Aqui o sujeito age para receber recompensa geralmente de cunho econômico mas pode ser por outros motivos. Ex. matar para ficar com emprego do outro (ocorreu em São Paulo, caso da estagiária ou matar para ficar com a mulher do outro...).
Pergunta: Mas quem responde pela qualificadora? Somente o executor ou o mandante também? Resposta depende dos motivos do mandante.
Na verdade vai depender dos motivos do mandante pois se estes forem de relevante valor moral vai responder por homicídio privilegiado. Ex. pai que, por não ter coragem, paga alguém para matar estuprador da filha.
Neste caso mandante responde por hom privilegiado e o executor por hom, qualificado.
Pergunta: É possível falar em motivo torpe com dolo eventual? A resposta é sim. Ocorreu um caso no Rio de uma mulher que matou cachorro raivoso que tinha mordido ela e um outro menino. Antes da pericia (que nada constatou) a mulher matou o cão (e escondeu) e substituiu por outro e seguiu fazendo tratamento e o menino morreu. Neste caso a mulher assumiu o risco de produzir a morte do menino por motivo torpe ($$ e evitar processo).
Logo, pode haver “homicídio qualificado com dolo eventual.”
Além disso “é possível tentativa de homicídio com dolo eventual.”
Por este raciocínio, dolo direto e dolo eventual comportam tentativa.
Motivo Fútil é o desproporcional. Ex. jovem morta de madrugada por ter recusado convite para dançar (caso que ocorreu em Porto Alegre). São situações em que não existe qualquer proporcionalidade na ação do agente como matar mulher porque queimou feijão, porque amassou roupa, etc...
A futilidade está no motivo que jamais levariam alguém a matar outrem.
Atenção, ciúme na grande maioria das vezes não tem sido considerado como fútil nem torpe.
Em situações pontuais o ciúme pode caracterizar a futilidade como no caso da Eloá e Nayara em SP.
Embriaguez, de regra, é compatível com futilidade. Todavia, se houver embriaguez completa deve ser excluída a futilidade pois o sujeito não consegue distinguir o que é certo ou errado. É o bêbado sem noção do que está acontecendo, salvo se actio libera in causa.
É incompatível reconhecer homicídio por motivo fútil e torpe ao mesmo tempo pois somente é possível reconhecer uma destas qualificadoras.
Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
Diz com meios de realização do crime.
Insidioso = (que prepara ciladas; enganador, traiçoeiro, pérfido) ex. veneno
Cruel = asfixia e tortura
Resultar perigo comum = fogo e explosivo
Pelo meio “insidioso” do qual é exemplo o veneno – toda substância de origem animal, vegetal, mineral ou sintético/químico que possa lesionar a saúde do ser humano. Veneno é meio insidioso pois é oculto. Ex. uso de raticida na comida.
Existem ainda substâncias que são nocivas a determinadas pessoas (ex. alergias, diabéticos) mas que podem matá-las. Se o agente conhece desta situação ou alergia da vitima e mesmo assim age vai responder pela qualificadora de meio insidioso – meio oculto.
Outro exemplo é sabotar freios do automóvel sabendo que vitima vai viajar para a serra.
O uso de veneno pode vir a caracterizar meio cruel dependendo das circunstâncias do uso, como por exemplo venenos que fazem a pessoa sofrer muito antes de morrer.
O fogo é qualificado como o explosivo pois geralmente coloca em risco um numero indeterminado de pessoas (resulta perigo comum) mas também pode ser caracterizado como meio cruel dependendo das circunstâncias.
Resultar perigo comum é exemplo atirar a esmo na rua (balas perdidas) bem como fogo ou explosivo e, local habitado. É o crime que expõe número indeterminado ou indeterminável de pessoas a risco.
Perigo comum: a partir do art. 250 do CP.(ex. incêndio, uso de gás tóxico...). a característica destes crimes é colocar em risco nº indeterminado de pessoas.
Ex. atear fogo em uma casa de uma vila... 
Não é exemplo de crime de perigo comum entrar numa sala atirando pois as pessoas são determinadas (são as pessoas que estão na sala). Por outro lado, se sair atirando a esmo na rua será crime de perigo comum pois as pessoas são indeterminadas.
Atenção: não é o emprego do fogo que qualifica o homicídio mas sim o perigo comum. Veja-se que se eu amarrar uma pessoa em terreno baldio e a incendiar não vai resultar perigo comum. Todavia, neste caso, pode qualificar o homicídio por meio cruel mas não por perigo comum.
Outra questão: se causar a morte pelo uso de explosivo ou de fogo, vai haver concurso material entre homicídio + fogo ou explosivo? 
A maioria da doutrina diz que o sujeito responde pelos dos delitos em concurso formal mas seria um bis in iden.
Meio cruel é aquele que produz sofrimento/agonia intenso na vitima querido pelo agente. O agente quer que a vítima sofra, agonize antes de morrer.
Embora a crueldade venha relacionada a crimes violentos a violência do delito ou a reiteração de golpes por si só não caracterizam a crueldade. É possível descaracterizar a crueldade se a pessoa morrer no primeiro golpe.
Por outro lado por ser caracterizada crueldade em crime aparentemente simples, como dar um único tiro na coluna o que vai deixar a pessoa tetraplégica e após tranca a pessoa que vai sangrar até morrer.
Na verdade crueldade = sofrimento da vitima que é querido pelo agente. 
Distanásia = é o homicídio qualificado pela crueldade
Exemplos típicos de crueldade são a asfixia e a tortura. Asfixia envolve supressãode oxigênio o que causa grande agonia (leva pelo menos 5 min) e envolve grande sofrimento. 
Asfixias podem ser mecânicas ou tóxicas (ex. veículos).
Asfixias mecânicas podem ser com constrição do pescoço (por enforcamento, esganadura ou estrangulamento). Podem ainda ser sem constrição mecânica como o confinamento (enterra viva), sufocação direta (colocar travesseiro) ou indireta. Pode ainda ser por afogamento ou soterramento.
Em todas estas hipóteses ocorre processo lento e agonizante de supressão do oxigênio e por isso é exemplo de meio cruel por natureza.
Atenção: para qualificar o homicídio por tortura (meio) esta tem que ser justamente o meio para chegar ao homicídio. Se o objetivo da tortura não for a morte ou se a pessoa não vier a morrer em função da tortura não se aplica a qualificadora. Houve caso no Rio de Janeiro em que policiais torturam criminoso para obter confissão. Após conseguir a confissão os policiais resolveram matar o criminoso. Neste caso, o homicídio não foi qualificado pela tortura mas os policiais responderam por tortura + homicídio em concurso material. Veja-se que a tortura é causa independente do homicídio.
Pode ainda haver dolo na tortura e culpa na morte. É crime preterdoloso... neste caso agente não quer a morte, apenas a tortura. A doutrina chama de homicídio preterintencional. Neste caso a conseqüência é a tipificação do fato somente na lei especial de tortura (lei 9455/97) com pena entre 8 e 16 anos.
	Lei 9455/97 
	Art. 1º Constitui crime de tortura:
       (...)
        II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
(...)
        § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
 À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; 
É um modo de realização do crime.
São recursos que dificultam ou tornam impossível a defesa da vitima.
A doutrina distingue traição moral ou psicológica de traição física ou material. Para estes, atirar pelas costas é sempre a traição (traição material). De qualquer forma, atirar pelas costas é sempre homicídio qualificado à traição.
Traição material – não existe relação entre agente e vitima e agente pega vitima desprevenida (surpresa).
Traição moral é aquela em que existe vinculação entre agente e vitima e a vitima não espera ser atingida pelo agente.
“A surpresa por si só não qualifica o homicídio”. É verdadeiro. Surpresa só qualifica homicídio se dificultar ou tornar impossível a defesa da vitima.
Emboscada = tocaia. 
Dissimulação pode ser material ou moral.
Dissimulação material – sujeito se utiliza de disfarces (se veste de policial, de agente publico) para chegar mais perto da vitima e pegá-la desprevenida.
Dissimulação moral – sujeito encobre propósito homicida no campo psicológico (ex. chega na vítima, pede cigarro, horas e se aproveita da distração da vitima para matá-la).
Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Aqui se tratam dos fins específicos do crime (finalidade) que é assegurar alguma vantagem ou a impunidade.
Aqui existe conexão teleológica e conexão conseqüencial.
Aqui o homicídio está vinculado a outro crime.
Existe conexão teleológica se o crime a que se vincula o homicídio ainda não foi realizado (objetivo é executar o futuro crime). Ex. matar chefe de segurança de empresário para poder seqüestrá-lo no futuro. Neste caso, o homicídio do segurança será qualificado pelo inciso V mesmo que jamais venha a ocorrer o seqüestro futuro.
Se os sujeitos ainda levassem adiante o seqüestro haveria concurso material entre o homicídio e o seqüestro (tentado ou consumado).
Existe conexão conseqüencial se o crime a que se vincula o homicídio já foi realizado. Sujeito age para assegurar a impunidade, a ocultação, a vantagem de crime que já ocorreu. Ex. estuprador que estupra jovem e a ameaça que se contar a alguém vai matá-la. Esta jovem fica grávida e, para evitar que seja divulgado o estupro acaba por matar a jovem.
Pode acontecer inclusive do autor ou autores do crime anterior não ser o próprio agente que vai responder pela qualificadora.
Se tomar parte nas duas condutas vai responder pelas duas em concurso material.
A vantagem a que a lei refere é a vantagem além do crime realizado. Ex. matar o comparsa para ficar com todo produto do roubo.
Ainda que delito anterior esteja prescrito ou que a pessoa que realizou crime anterior seja inimputável vai haver a qualificadora pois esta diz respeito a finalidade do homicídio.
Atenção: se matar para ocultar contravenção (ex. jogo do bicho) não vai qualificar pelo inciso V, pode até ocorrer de qualificar por torpeza. O mesmo ocorre se matar para ocultar delito imaginário ou impossível.
Atenção: por força do art. 1º da lei 8.072/90 (crimes hediondos) todas estas hipóteses de homicídio qualificado são hediondos. 
Por força desta lei, em tese, é possível ocorrer um homicídio doloso simples que seja hediondo se praticado em atividade de grupo de extermínio. (art. 1º. Inciso I, primeira parte da lei 8.072/90).
Considerações relevantes:
I 
II	motivos (subjetivos)
V 
III
IV	 meios e modos (objetivos)
Todas as condições do § 2º, tendo ingressado na esfera de conhecimento do agente, este responde por ela. 
Logo, “se comunicam ao co-participante todas as elementares se ele tem conhecimento das mesmas. São condições elementares do homicídio qualificado.”
“é possível a co-existência de figura hibrida de homicídio ser ao mesmo tempo qualificado e privilegiado”. Para que isto ocorra a qualificadora deve ser objetiva, ou seja, dos incisos III e IV. Isto porque se for qualificadora subjetiva existe incompatibilidade lógica (não pode ser motivo torpe e relevante valor moral) mas pode ser por emboscada e relevante valor moral.
Homicídio qualificado é hediondo. E homicídio privilegiado pode ser hediondo? A resposta é não. Este não pode ser qualificado mesmo que incida qualificadora mas não vai ser tido como homicídio qualificado.
Seria contra senso dizer que homicídio é hediondo quando praticado por relevante valor social ou moral.
Causas de Aumento de pena - § 4º, 6º, 7º e perdão judicial
	Aumenta a pena de 1/3 se vítima for maior de 60 ou menor de 14 anos. Aplica-se a 
todas hipóteses de homicídio doloso (mesmo nas qualificadoras).
Tempo do crime é momento da ação ainda que outro seja o resultado, logo, se atirar em jovem de 13 anos e 11 meses e esta fica 2 meses no hospital antes de morrer vai ser aplicada a qualificadora.
Aumento de pena
§ 6º  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.       (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
Essa lei 12720/12 ainda introduziu alterações no art. 129 e 288 do CP. Há no parágrafo alusão a duas situações distintas, quais sejam, crimes praticados por milícia privada ou por grupo de extermínio.
Milícia, no dias atuais, é a designação dada a formação de gurpos armados paramilitares que possuem em seu quadro agentes e ex-agentes do poder público de maneira ilegal. Praticam habitualmente extorsão contra a comunidade carente que necessita de proteção, porquanto o Estado é ausente. É necessário que a milícia tenha praticado o homicídio com o pretexto de oferecer segurança às comunidades.
Já o grupo de extermínio é uma espécie de milícia voltada para realização de crimes de homicídio, não se exige que tenha sido praticado com pretexto de serviços de segurança. Aplicam-se essas majorantes a qualquer espécie de homicídio doloso.
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime forpraticado:      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
PARTICIPAÇÃO EM SUICIDIO – 122 (tem que ser doloso)
É um crime de ação múltipla ou de conteúdo variado. Isto porque pode ser praticado o delito por mais de um modo ou maneira. Qualquer uma destas condutas pode caracterizar o crime e mesmo que o sujeito pratique as três condutas o crime é único.
Relembre-se que suicídio não é crime mas instigar alguém ao suicídio é crime. Os verbos são induzir, instigar ou auxiliar.
A participação pode ser moral ou psicológica que é o induzir ou instigar (reforçar propósito já existente).
Pode ainda ser material ou física que é o auxiliar (empresta faca, arma) a concretizar o suicídio.
Não se admite a forma culposa a titulo de instigação ou induzimento. Todavia, alguns doutrinadores admitem que seja possível prestar auxilio de forma culposa se o agente tem o dever de impedir o resultado.
 Atenção: a participação em suicídio tem que ser sobre vitima determinada. Logo, escrever livro sobre 1001 maneiras de se matar não caracteriza o delito.
Pela internet é possível se for sobre vitima determinada e se houver mais de um instigador podem haver vários co-autores e inclusive participes.
“é possível haver participação em participação em suicídio bem como co-autoria em participação em suicídio”
Outra questão relevante é se existe a possibilidade de tentativa em crime de suicídio? Veja-se que a participação em suicídio é crime material pois exige resultado morte ou lesão corporal grave. Logo, é possível haver tentativa de participação em suicídio, tanto é que podem haver dois resultados (morte o LCG).
Interpretando em conjunto com o art. 14 parágrafo único� temos que existe no art. 122 justamente a disposição legal em contrário, ou seja, uma expressa previsão legal permite a punição se ocorrer lesão grave (que seria justamente decorrente da tentativa frustrada de suicídio).
Resposta para concurso: “não é possível tentativa de participação em suicídio. Além disso, se não ocorrer morte ou lesão corporal grave o fato é atípico.”
Pela internet também é possível se for sobre vitima determinada e se houver mais de um instigador podem haver vários co-autores e inclusive participes.
Aqui os atos tem que ser praticados pelo suicida salvo se este não tem noção do que está fazendo (ex. dar roupa do superman para criança e dizer que pode voar pela janela).
causas de aumento de pena:
	art. 122(...)
	Aumento de pena
        I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
 II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Somente se houver motivo egoístico ou se vítima for menor de idade ou tiver reduzida a sua condição de resistência.
A questão é se a vítima é menor ou tem reduzida a capacidade de resistência. 
Veja-se que vai haver homicídio se a vítima não tiver nenhuma capacidade de resistência, de compreensão ou de auto-determinação o que pode acontecer com crianças, por exemplo.
 
INFANTICIDIO – 123 (CRIME PRÓPRIO)
Na verdade é um homicídio especial que somente pode ser praticado pela mãe.
É praticado durante o parto ou logo após e a mãe tem que estar sob a influência do estado puerperal. Tem que haver relação de causa e efeito no tocante a esta condição.
Estado puerperal é verificado por critério biopsicológico.
Tem que comprovar relação de causa/efeito entre estado puerperal e homicídio. A mãe não pode matar o filho por gravidez indesejada mas sim por perturbação da mãe.
Segundo médicos o estado puerperal pode durar horas, dias ou até mese
s.
Só existe infanticídio quando já se iniciou o processo de parto (inicio com contrações no colo do útero e termina com expulsão da criança do útero). 
A pericia não é essencial mas é muito importante.
Concurso de agentes: o instigador do infanticídio responde como participe de infanticídio.
Co-autoria: tanto na participação quanto na co-autoria o terceiro vai ser responsável pelo infanticídio. Isto porque o estado puerperal é elementar do crime logo vai se comunicar ao co-participante ou ao co-agente. Outra corrente entende que a condição de mãe é de natureza personalíssima não se comunicando respondendo o co-autor ou partícipe por homicídio. Uma terceira posição entende que se praticado ato executório por co-autor o mesmo responderá por homicídio e se conduta acessória por infanticídio.
ABORTO – 124/128
Conceito: é a interrupção da gravidez com a conseqüente morte do feto.
Classificação:
- natural – interrupção espontânea da gravidez.
- acidental – conseqüência de traumatismo, queda, acidente em geral (não constitui crime).
- criminoso – previsto nos arts. 124 a 127.
- legal ou permitido – previsto no art. 128.
- os métodos mais usuais são ingestão de medicamentos abortivos, introdução de objetos pontiagudos no útero, raspagem ou curetagem e sucção; é ainda possível a utilização de agentes elétricos ou contundentes para causar o abortamento.
- se o feto já estiver morto (absoluta impropriedade do objeto) ou o meio utilizado pelo agente não pode provocar o aborto (absoluta ineficácia do meio), é crime impossível.
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (auto-aborto))
Pena - detenção, de 1 a 3 anos.
- a gestante que consente, incide nesse artigo, enquanto o terceiro que executa o aborto, com concordância da gestante, responde pelo art. 126.
- é crime próprio, já que nelas o sujeito ativo é a gestante; é crime de mão própria, uma vez que não admitem co-autoria, mas apenas participação.
No tocante à tentativa, se interrompida a gravidez pela empreitada abortiva, sendo expulso com vida o fruto da concepção, logrando sobreviver no meio exterior em face da maturidade fetal e da viabilidade de vida extra-uterina já alcançada, haverá a tentativa (conatus). Se, contudo, interrompida a gravidez e expulso com vida o produto da gravidez, não tiver ele maturidade suficiente para sobreviver no meio exterior, sendo sua morte conseqüência inarredável, uma vez consumado o fato extra uterum, ainda assim haverá aborto, porquanto o que importa é o momento da ação (artigo 4º do CP). Ocorrendo, porém, do nascituro, após a prática abortiva, ser expulso com vida e reunir maturidade suficiente para sobreviver fora do útero materno, realizando o agente nova e imediata ação destruindo a vida do ser nascente, havendo efetiva vida extra-uterina, o delito de tentativa de aborto evoluiu para um homicídio consumado, o qual, por força da consunção, prevalecerá sobre o delito inicialmente tentado. Se, contudo, houver um razoável espaço temporal entre a ação abortiva e homicida haverá concurso material entre os dois crimes. 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 3 a 10 anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos.
§ único - Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 14 anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Aborto qualificado
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores (arts. 125 e 126) são aumentadas de 1/3, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Aborto legal ou permitido
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
I (aborto necessário) - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
II (aborto sentimental)- se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
DAS LESÕES CORPORAIS:
LESÃO CORPORAL
Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano.
- ofensa à integridade física – abrange qualquer alteração anatômica prejudicial ao corpo humano - ex.: fraturas, cortes, escoriações, luxações, queimaduras, equimose, hematomas etc.; eritemas e a simples dor não constituem lesões.
- ofensa à saúde – abrange a provocação de perturbações fisiológicas (vômitos, paralisia corporal momentânea, transmissão intencional de doença etc.) ou psicológicas.
- a prova da materialidade deve ser feita através de exame de corpo de delito, mas, para o oferecimento da denúncia, basta qualquer boletim médico ou prova equivalente (art. 77, § 1°, L. 9.099/95).
- a ação penal é publica condicionada à representação (art. 88, L. 9.099/95).
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º - Se resulta:
I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de 1 a 5 anos.
- a ação penal é pública incondicionada.
Atenção: Pena aumenta de 1/3 (§ 10º) se crime cometido contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.
Lesão corporal de natureza gravissíma (doutrina)
§ 2º - Se resulta:
I - incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V – aborto (é crime preterdoloso):
Pena - reclusão, de 2 a 8 anos.
- a ação penal é pública incondicionada.
Lesão corporal seguida de morte 
§ 3º - Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de 4 a 12 anos.
- é “crime preterdoloso”, o agente quer apenas lesionar a vítima e acaba provocando sua morte de forma não intencional, mas culposa.
- a ação penal é pública incondicionada.
Atenção: Pena aumenta de 1/3 (§ 10º) se crime cometido contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.
Diminuição de pena (forma privilegiada)
§ 4º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3.
Substituição da pena
§ 5º - O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do § 4° (agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção; logo em seguida a injusta provocaçào da vítima);
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6º - Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de 2 meses a 1 ano.
- a ação penal é publica condicionada à representação (art. 88, L. 9.099/95).
Causas de aumento de pena
§ 7º  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012). As mesmas considerações do item anterior.
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121 (o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária).
Alterações da lei Maria da Penha (parágrafos 9º e 10º )
Agressão fisica com lesão leve aplica o § 9º – 
	art. 129 do CP (...)
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
        § 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
        § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.  (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Lesão corporal leve, grave, gravissima ou seguida de morte decorrente de violência doméstica A PENA É AGRAVADA POR UMA MAJORANTE (1/3)
E se da violência doméstica não resultar lesão corporal? Pode ter contravenção penal (art 21) de vias de fato ou crime de ameaça do CP.
Em ambos os casos o processo não tramita pelo JECRIM pois não se aplica a lei 9.099 por força da lei Maria da Penha.
Também não se aplica institutos do JEcrim (suspensão condicional, etc) e a vitima pode se retratar da representação em juízo, logo, em lesão corporal leve a ação é publica condicionada a representação.
Atenção: os crimes da Lei Maria da Penha (lei 10.886) aplicam-se a todos os moradores da casa mas as medidas protetivas desta lei (afastamento do lar, etc) somente se aplicam a mulher.
Atenção: se o crime praticado for de ameaça o crime vai par o JEC mesmo que a Lei Maria da Penha diga que não vai para o JEC.
CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES CORPORAIS SEGUNDO A QUANTIDADE DO DANO:
- LEVES – são as lesões corporais que não determinam as conseqüências previstas nos §§ 1°, 2° e 3°, do art. 129 do CP; são representadas freqüentemente por danos superficiais comprometendo a pele, a hipoderme, os vasos arteriais e venosos capilares ou pouco calibrosos - ex.: o desnudamento da pele ou escoriação, o hematoma, a equimose, ferida contusa, luxação, edema, torcicolo traumático; choque nervoso, convulsões ou outras alterações patológicas congêneres obtidas à custa de reiteradas ameaças.
- GRAVES – são os danos corporais resultantes das conseqüências previstas pelo § 1°:
- incapacidade para as ocupações habituais por + de 30 dias – é quando o ofendido não pode retornar a todas as suas comuns atividades corporais antes de transcorridos 30 dias, contados da data da lesão; a incapacidade não precisa ser absoluta, basta que a lesão caracterize perigo ou imprudência no exercício das ocupações habituais por mais de 30 dias.
- exame complementar – é um segundo exame pericial que se faz logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime e não da respectiva lavratura do corpo de delito, para avaliar o tempo de duração da incapacidade; quando procedido antes do trintídio é suposto imprestável, pois aberra do texto legal; se realizado muito tempo depois de expirado o prazo de 30 dias ele será imprestável, impondo-se, por isso, a desclassificação para o dano corporal mais leve (exceção: quando os peritos puderem verificar permanência da incapacidade da vítima para as suas ocupações habituais - ex.: detecção radiológica de calo de fratura assestado em osso longo, posto que essa modalidade de lesão traumática sempre demanda mais 30 dias para consolidar); existe outras formas de exame complementar que não a que se faz para verificar a permanência da inabilitaçãopor mais de 30 dias, como a investigação levada a efeito a qualquer tempo, para corrigir ou complementar laudo anterior, ou logo após um ano da data da lesão, objetivando pesquisar permanência da mesma.
- perigo de vida – é a probabilidade concreta e objetiva de morte (não pode nunca ser suposto, nem presumido, mas real, clínica e obrigatoriamente diagnosticado); é a situação clínica em que resultará a morte do ofendido se não for socorrido adequadamente, em tempo hábil; ele se apresenta como um relâmpago, num átimo, ou no curso evolutivo do dano, desde que seja antes do trintídio - ex.: hemorragia por seção de vaso calibroso, prontamente coibida; traumatismo cranioencefálico, feridas penetrantes do abdome, lesão de lobo hepático, comoção medular, queimaduras em áreas extensas corporais, colapso total de um pulmão etc.
- debilidade permanente de membro, sentido (são as funções perceptivas que permitem ao indivíduo contatar os objetos do mundo exterior) ou função (é o modo de ação de um órgão, aparelho ou sistema do corpo) – é a lesão conseqüente à fraqueza, à debilitação, ao enfraquecimento duradouro, mas não perpétuo ou impossível de tratamento ortopédico, do uso da energia de membro, sentido ou função, sem comprometimento do bem-estar do organismo, de origem traumática; por permanente entende-se a fixação definitiva da incapacidade parcial, após tratamento rotineiro que não logra o resultado almejado, resultando, portanto, verdadeira enfermidade; a ablação ou inutilização de um órgão duplo, mantido o outro íntegro e não abolida a função, constitui lesão grave (debilidade permanente); a ablação ou inutilização de um órgão duplo e debilitação da forma do órgão remanescente, trata-se de lesão gravíssima (perda de membro, sentido ou função); a eliminação ou inutilização total de um órgão ímpar que tenhas suas funções compensadas por outros órgãos, bem como a diminuição da função genésica peniana conseqüente a um traumatismo, tratam-se de lesão grave (debilidade permanente); a perda de dente, em princípio, não é considerada lesão grave, nem gravíssima, compete aos peritos odontólogos apurar e afirmar, de forma inconteste, a debilidade da função mastigadora; a perda de dente poderá eventualmente integrar a qualificadora deformidade permanente se complexar o ofendido a ponto de interferir negativamente em seu relacionamento econômico e social. 
- aceleração de parto – consiste na antecipação quanto à data ou ocasião do parto, mas necessariamente depois do tempo mínimo para a possibilidade de vida extra-uterina e desencadeada por traumatismos físicos ou psíquicos; na aceleração do parto, o concepto deve nascer vivo e continuar com vida, dado o seu grau de maturação; no aborto, o concepto é expulso morto, ou sem viabilidade, se sobreviver.
- GRAVÍSSIMAS - são os danos corporais resultantes das conseqüências previstas pelo § 2°:
- incapacidade permanente para o trabalho – é caracterizada pela inabilitação ou invalidez de duração incalculável, mas não perpétua, para todo e qualquer trabalho.
- enfermidade incurável – é a ausência ou o exercício imperfeito ou irregular de determinadas funções em indivíduo que goza de aparente saúde.
- perda (é a amputação ou mutilação do membro ou órgão) ou inutilização (é a falta de habilitação do membro ou órgão à sua função específica) de membro, sentido ou função – é caracterizada pela perda, parcial ou total, de membro, sentido, ou função, conseqüente à amputação, à mutilação ou à inutilização.
- deformidade permanente – é o dano estético irreparável pelos meios comuns, ou por si mesmo, capaz de provocar sensação de repulsa no observador, sem contudo atingir o aspecto de coisa horripilante, mas que causa complexo ou interfira negativamente na vida social ou econômica do ofendido; se o portador de deformidade permanente se submeta, de bom grado, à cirurgia plástica corretora, a atuação do réu, amiúde, será considerada gravíssima, todavia, será desclassificada para lesão corporal menos grave, se ainda não foi prolatada a sentença.
- aborto – é a interrupção da gravidez, normal e não patológica, em qualquer fase do processo gestatório, haja ou não a expulsão do concepto morto, ou, se vivo, que morra logo após pela inaptidão para a vida extra-uterina; se resultante de ofensa corporal ou violência psíquica, constitui lesão gravíssima; no aborto, o produto da concepção é expulso morto ou sem viabilidade; na aceleração do parto, a criança nasce antes da data prevista, porém viva e em condições de sobreviver.
DOR: quando desacompanhada do respectivo dano anatômico ou funcional não é tida como lesão corporal; aliás, sendo de caráter inteiramente subjetivo, não compete aos peritos aferir.
CRISE NERVOSA: sem comprometimento do equilíbrio da saúde física ou mental, não caracteriza o delito de lesão corporal.
DESMAIO: não caracteriza o delito de lesão corporal.
A QUEM COMPETE RECONHECER UMA LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE: ao julgador e não ao perito; a este compete tão somente a descrição parcial da sede, número, direção, profundidade das lesões etc.
NÃO SÃO CONSIDERADAS LESÃO CORPORAL: a rubefação (simples e fugaz afluxo de sangue na pele, não comprometendo a normalidade corporal, quer do ponto de vista anatômico, quer funcional ou mental); o eritema simples ou queimadura de 1° grau (vermelhidão da pele que desaparece em poucas horas, ou dias, mantendo a epiderme íntegra, sem comprometimento da normalidade anatômica, fisiológica ou funcional); a dor desacompanhada do respectivo dano anatômico ou funcional; a simples crise nervosa sem comprometimento do equilíbrio da saúde física ou mental; o puro desmaio.
 Da PERICLITAÇÃO DA VIDA E SAUDE:
	- é crime de perigo (caracterizam pela mera possibilidade de dano, ou seja, basta que o bem jurídico seja exposto a uma situação de risco) e não de dano; já em relação ao dolo, basta que o agente tenha a intenção de expor a vítima a tal situação de perigo; o perigo deste capítulo é o individual (atingem indivíduos determinados); o outro tipo de perigo é o coletivo ou comum (atingem um número indeterminado de pessoas, estes estão tipificados nos arts. 250 e s.); os crimes de perigo subdividem-se ainda em: perigo concreto (a caracterização depende de prova efetiva de que uma certa pessoa sofreu a situação de perigo) e perigo presumido ou abstrato (a lei descreve uma conduta e presume a existência do perigo, independentemente da comprovação de que uma certa pessoa tenha sofrido risco, não admitindo, ainda, que se faça prova em sentido contrário).
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado (crime de perigo):
Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia (crime de perigo com dolo de dano; se a vítima sofrer lesões leves, o agente responderá por este crime, pelo fato da pena deste ser maior; se sofrer lesões graves, o agente responderá apenas pelo crime de “lesões corporais graves”):
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
§ 2º - Somente se procede mediante representação.
- agente acometido de doença venérea comete um “estupro”, nesse caso, responderá pelo crime do artigo 130, “caput” (ou § 1°, caso tiver intenção de transmitir a doença) em concurso formal com o artigo 213 (“estupro”).
- se o agente procura evitar eventual transmissão com ou uso, por exemplo, de preservativo, afasta-se a configuração do delito.
PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio (crime de perigo com dolo de dano):
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
- as moléstias venéreas, sendo elas graves, podem tipificar este crime, desde que o perigo de contágio não ocorra através de ato sexual, já que, nesse caso, aplica-se o artigo 130 (“perigo de contágio venéreo”).
- havendoa transmissão da doença que implica em lesão leve, ficarão estas absorvidas, mas se implicarem lesões graves ou morte, o agente será responsabilizado apenas por crime de “lesões corporais graves” ou “homicídio”.
PERIGO PARA A SAÚDE OU VIDA DE OUTREM
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, se o fato não constitui crime mais grave.
�§ único - A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. 
- ex.: “fechar” veículo, abalroar o veículo da vítima, desferir golpe com instrumento contundente próximo à vítima etc. 
- o agente somente responderá por este crime se o fato não constituir crime mais grave.
ABANDONO DE INCAPAZ
Art. 133 – Abandonar (deixar sem assistência, afastar-se do incapaz) pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos.
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 1 a 5 anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de 4 a 12 anos.
- tratam-se de qualificadoras preterdolosas; se havendo a intenção de provocar o resultado mais grave, ou, caso o agente tenha assumido o risco de produzi-lo, responderá por “lesões corporais graves” ou por “homicídio”; sendo as lesões leves subsiste este crime, que absorve as lesões por ser mais graves.
Causas de aumento de pena
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de 1/3:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.
- o crime pode ser praticado por ação (ex.: levar a vítima em um certo local e ali deixá-la) ou por omissão (ex.: deixar de prestar a assistência que a vítima necessita ao se afastar da residência em que moram), desde que, da conduta, resulte perigo concreto, efetivo, para a vítima.
- a lei não se refere apenas às pessoas menores de idade, mas também aos adultos que não possam se defender por si próprios, abrangendo, ainda, a incapacidade temporária (doentes físicos ou mentais, paralíticos, cegos, idosos, pessoa embriagada etc.).
- não havendo a relação de assistência entre as partes, o crime poderá eventualmente ser o do artigo 135 (“omissão de socorro”).
- se a intenção do agente for a de ocultar desonra própria e a vítima for um recém-nascido o crime será o previsto no artigo 134 (“exposição ou abandono de recém-nascido”).
EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO
Art. 134 - Expor (remover a vítima para local diverso daquele em que lhe é prestada a assistência) ou abandonar (deixar sem assistência) recém-nascido, para ocultar desonra própria (a honra que o agente deve visar preservar é a de natureza sexual, a boa fama, a reputação etc.; se a causa do abandono for miséria, excesso de filhos ou outros ou se o agente não é pai ou mãe da vítima, o crime será o de “abandono de incapaz”):
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - detenção, de 1 a 3 anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - detenção, de 2 a 6 anos.
- é crime próprio que somente pode ser cometido pela mãe para esconder a gravidez fora do casamento, ou pelo pai, na mesma hipótese, ou em razão de filho adulterino ou incestuoso.
OMISSÃO DE SOCORRO
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de 1 a 6 meses, ou multa.
§ único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
OMISSÃO DE SOCORRO NO TRÂNSITO
Art. 303, CTB (“Lesão corporal culposa na direção de veículo automotor”) - Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:
Penas - detenção, de 6 meses a 2 anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ único - Aumenta-se a pena de 1/3 à 1/2, se ocorrer qualquer das hipóteses do § único do artigo anterior (não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros).
Art. 304, CTB (“Omissão de socorro de trânsito”) - Deixar o condutor do veículo (que agem sem culpa, agindo com culpa aplica-se o artigo 303), na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas - detenção, de 6 meses a 1 ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.
§ único - Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.
- o art. 304 do CTB não poderá ser aplicado ao condutor do veículo que, agindo de forma culposa, tenha lesionado alguém, pois tal condutor responderá pelo crime especial do artigo 303 do CTB e se havendo omissão de socorro terá a pena agravada (§ único, III).
- quem agiu culposamente na condução do veículo de forma a causar lesões e não socorreu a vítima, responderá pelo crime do artigo 303, § único, III, do CTB.
- quem não agiu culposamente na condução do veículo envolvido em acidente e não prestou auxílio à vítima, responderá pelo crime do artigo 304 do CTB (“omissão de socorro de trânsito”).
- qualquer outra pessoa que não preste socorro, responderá pelo crime do artigo 135 (“omissão de socorro”).
Art. 135-A.  Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:  (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Parágrafo único.  A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
É crime comum, de perigo concreto, instantâneo, formal, comissivo ou omissivo impróprio. É crime de pequeno potencial ofensivo que se consuma no instante em que se faz a exigência.
Se o paciente é atendido e internado e a exigência é feita em momento posterior para proceder a alta pode caracterizar-se o crime do art. 159.
MAUS-TRATOS
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de 2 meses a 1 ano, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de 4 a 12 anos.
§ 3º - Aumenta-se a pena de 1/3, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 anos.
RIXA:
Art. 137 - Participar (material ou moral) de rixa (é uma luta desordenada, um tumulto, envolvendo troca de agressões entre 3 ou + pessoas, em que os lutadores visam todos os outros indistintamente, de forma a que não se possa definir dois grupos autônomos), salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de 15 dias a 2 meses, ou multa.
§ único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave,aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de 6 meses a 2 anos.
- todos os envolvidos na “rixa” sofrerão uma maior punição, independentemente de serem eles ou não os responsáveis pela lesão grave ou morte; se for descoberto o autor do resultado agravador, ele responderá pela “rixa qualificada” em concurso material com o crime de “lesões corporais graves” ou “homicídio” (doloso ou culposo, dependendo do caso), enquanto todos os demais continuarão respondendo pela “rixa qualificada”.
- se o agente tomou parte na “rixa” e saiu antes da morte da vítima, responde pela forma qualificada, mas se ele entra na “rixa” após a morte, responde por “rixa simples”.
CRIMES CONTRA A HONRA
		Honra é o sentimento de cada um a respeito de seus atributos físicos, morais, intelectuais e demais qualidades inerentes a pessoa humana.
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe (atribuindo) falsamente fato definido como crime: (fato deve ser dirigido a pessoa determinada, não constituindo calúnia a imputação aos comunistas, petistas...).
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. (as vítimas não são os mortos, mas o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão). Não cabe injuria e difamação, mas somente calúnia.
O objeto jurídico na calúnia é a honra objetiva. Segundo Nucci “caluniar é fazer uma acusação falsa, tirando a credibilidade de uma pessoa no seio social”. Na difamação o fato é ofensivo à reputação do ofendido, independente de ser verdadeiro ou não. No entanto, se o fato imputado constitui crime estaremos diante de calúnia. Na calunia exige-se o elemento normativo da falsidade da imputação.
Doutrina filiado ao entendimento de que culpabilidade é pressuposto de pena, refere que doentes mentais, bem como os menores não podem ser caluniados, porquanto a norma fala em “fato definido como crime” e a culpabilidade integra o conceito de crime, sendo ambos inculpáveis não praticam crime. Esta posição se aplica também a injuria e difamação. Pessoa jurídica não pode ser caluniada relativamente a crimes comuns, mas nada impede o sejam relativamente aos crimes ambientais (não admite injuria e difamação, somente contra seus representantes). 
Relativamente aos desonrados entende-se que não há ninguém completamente desprovido de honra, podendo ser vítima de calúnia, injuria ou difamação.
Os meios de execução podem ser: escritos, palavras, gestos ou meios simbólicos.
Exceção da verdade (questão secundária que se reflete no processo principal, devendo ser decidido antes da causa principal. É forma de defesa indireta através do qual o autor da calúnia terá chance de provar a veracidade das alegações, porquanto se falou a verdade, não haverá adequação típica)
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível (visa resguardar o bom nome da pessoa).
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141 (presidente o chefe de governo estrangeiro);
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
O objeto jurídico é a honra objetiva, a reputação ou imagem da pessoa perante terceiros (absorve a injúria). É desacreditar publicamente uma pessoa, maculando-lhe a reputação. É fato ofensivo à reputação, afastando os fatos definidos como crime, pois estes se constituem em calúnia. O fato deve ser determinado, embora não precise ser pormenorizado.
Exemplos: prática de sadismo contra animais, dizer que a vítima relaciona-se sexualmente com vários homens, dizer que a pessoa trabalha embriagada...
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. (como a norma não exige que o fato seja falso é inexigível a exceção da verdade, excepcionalmente se admitindo neste caso. É necessário que ao tempo da prova da verdade o funcionário esteja no exercício das funções).
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: (ofender ou insultar, vulgarmente, xingar, ofendendo a dignidade - respeitabilidade ou o amor-próprio- ou o decoro – correção moral ou compostura de alguém. É insulto que macula a honra subjetiva, maculando o conceito que a vítima faz de si mesma).
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Exemplos: chamar alguém de megalômano, leviano, narcisista, ladrão, vagabundo, incompetente, safado, imbecil...
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. (se consistir em difamação o agente responde pelo art. 139).
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: (injúria real).
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (injúria qualificada).
Pena - reclusão de um a três anos e multa. 
Disposições comuns
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (no caso da injúria já há qualificadora específica, portanto esta hipótese somente é aplicável na calúnia e difamação).
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
Exclusão do crime
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: 
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; (a ofensa deve relacionar-se com a causa e somente pode ser feita em juízo, portanto deve haver uma relação processual instaurada). Imunidade judiciária.
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; (em verdade se trata de uma hipótese de atipicidade, porquanto ou o agente tem intenção de injuriar ou difamar e daí configura-se o tipo, ou não estão presentes estes elementos subjetivos e estaremos diante hipótese de atipicidade). Imunidade literária.
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. (estrito cumprimento do dever legal, ainda que presente intenção inequívoca de ofender estará o funcionário agindo de forma lícita, desde, é claro, que no exercício da função, porquanto o interesse da administração se sobrepõe ao do particular). Imunidade funcional.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
Retratação
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. 
Em verdade não é causa de isenção de pena, que se situa na culpabilidade, mas sim de extinção da punibilidade, art. 107, VI, porquanto a expressão querelado refere-se ao titular da ação penal nos casos de ação penal privada. Se o querelado desdizer-se, desmentir-se, antes da sentença – não pode ter transitado em julgado - restará extinta a punibilidade. Não se admitena hipótese de injúria, uma vez que esta não atribui fato, que pode ser desmentido, mas sim de ofensa que atingi honra subjetiva do agente, inerente ao amor-próprio. Na calúnia e difamação em se desmentindo o querelado poderá restaurar a imagem da vítima perante a sociedade. Na injuria como se trata de impressão subjetiva não há como se retratar.
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. (não é cabível quando a ofensa está acobertada por causa de exclusão da ilicitude ou decaiu...)
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. (injuria real. Nesta hipótese é pública incondicionada).
Parágrafo único - Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do n.º I do art. 141 ( Presidente da República), e mediante representação do ofendido, no caso do n.º II do mesmo artigo (funcionário público).
	CALÚNIA
	DIFAMAÇAO
	INJÚRIA
	Honra objetiva
	Honra objetiva
	Honra Subjetiva
	Fato Falso e Criminoso
	Fato (se criminoso, calunia)
	Ofensa
	Admite exceção da verdade
	Admite exceção da verdade só Func. Pub. No exerc. Do cargo
	Não admite exceção verdade
	Admite retratação
	Admite retratação
	Não admite retratação 
	Queixa
	Queixa
	Queixa (salvo injúria real- incondicionada)
	Contra Presidente representação M.J. Contra Func. Pub. representação deste.
	Contra Presidente representação M.J. Contra Func. Pub. representação deste.
	Contra Presidente representação M.J. Contra Func. Pub. representação deste.
	
	Imunidade Judiciária, Literária e Funcional.
	Imunidade Judiciária, Literária e Funcional.
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
CONSTRANGIMENTO ILEGAL
Art. 146 - Constranger (obrigar, coagir) alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência (através da hipnose, bebida, drogas), a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa.
- ex.: forçar uma pessoa a fazer ou não fazer uma viagem, a escrever uma carta, a dirigir um veículo, a tomar uma bebida; a pagar dívida de jogo ou com meretriz. 
- se o agente for funcionário público no exercício de suas funções estará cometendo crime de “abuso de autoridade” (Lei n° 4.898/65).
- é necessário que a vítima tenha capacidade de decidir sobre seus atos, estando, assim, excluídos os menores de pouca idade, os que estejam completamente embriagados, os loucos etc. 
- trata-se de crime subsidiário, ou seja, a existência de delito mais grave (ex.: roubo, estupro, seqüestro) afasta sua incidência.
- nos casos em que a violência ou a grave ameaça são exercidas para que a vítima seja obrigada a cometer algum crime, de acordo com a doutrina, há concurso material entre o “constrangimento ilegal” e o crime efetivamente praticado pela vítima; autoria mediata.
Causas de aumento de pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de 3 pessoas, ou há emprego de armas.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.
Excludentes de ilicitude (ou antijuridicidade)
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
AMEAÇA
Art. 147 - Ameaçar (ato de intimidar) alguém (pessoa determinada e capaz de entender o caráter intimidatório da ameaça proferida), por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto (não acobertado pela lei) e grave (de morte, de lesões corporais, de colocar fogo na casa da vítima etc.).
Pena - detenção, de 1 a 6 meses, ou multa.
§ único - Somente se procede mediante representação.
- a doutrina exige que o mal além de injusto e grave, também seja iminente, pois a promessa de mal futuro não caracteriza o delito, e verossímil (provável), já que não constitui infração penal, por ex., a promessa de fazer cair o sol.
- trata-se de crime doloso, cuja caracterização pressupõe que o agente, ao proferir a ameaça, não esteja tomado de cólera ou raiva profunda, vez que nesses casos, a jurisprudência tem afastado o delito; boa parte da doutrina tem entendido de que a ameaça proferida por quem esteja em avançado estado de embriaguez não caracteriza o crime por ser incompatível com o seu elemento subjetivo, mas a entendimento diverso, fundado no artigo 28, II, que estabelece que a embriaguez não exclui o crime.
SEQÜESTRO E CÁRCERE PRIVADO
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro (local aberto) ou cárcere privado (local fechado, sem possibilidade de deambulação):: (Vide Lei nº 10.446, de 2002) - se o agente for funcionário público no exercício de suas funções estará cometendo crime de “abuso de autoridade” (Lei n° 4.898/65).
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; (pode ser cometido por médico ou por qualquer outra pessoa);
III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias. (entre a ação e a libertação da vítima).
IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)
V - se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: (ex.: vítima ficar detida em local frio, quando exposta à falta de alimentação, quando fica mantida em local ermo ou privado de luz solar; for espancada pelos seqüestradores resultando lesões corporais leves, se lesões graves ou morte, aplica-se as penas dos crimes autônomos de lesões corporais graves ou homicídio e a do seqüestro simples):
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
- haverá crime de “tortura” (Lei n° 9.455/97) se o fato for provocado com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa, para provocar conduta de natureza criminosa ou em razão de discriminação racial ou religiosa.
REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO
Art. 149 - Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:
Pena - reclusão, de 2 a 8 anos.
- os meios mais comuns de execução são o emprego de violência, ameaça, retenção de salário etc.; no Brasil, os casos mais conhecidos são referentes a pessoas que, nos rincões mais afastados, obrigam trabalhadores rurais a laborar em suas terras, sem pagamento de salário e com proibição de deixarem as dependências da fazenda.
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO
VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de 1 a 3 meses, ou multa.
- em edifícios, cada morador tem direito de vetar a entrada ou permanência de alguém em sua unidade, bem como nas áreas comuns (desde que, nesse caso, não atinja o direito de outros condôminos).
- no caso de habitações coletivas, prevalece o entendimento de que, havendo oposiçãode um dos moradores, persistirá a proibição.
- havendo divergência entre pais e filhos, prevalecerá a intenção dos pais, exceto se a residência for de propriedade de filho maior de idade.
- os empregados têm direito de impedir a entrada de pessoas estranhas em seus aposentos, direito que não atinge o proprietário da casa.
Formas qualificadas
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite (ausência de luz solar), ou em lugar ermo (local desabitado, onde não há circulação de pessoas), ou com o emprego de violência (contra pessoas ou coisas) ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, além da pena correspondente à violência.
Causas de aumento de pena
§ 2º - Aumenta-se a pena de 1/3, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.
Excludentes de ilicitude (ou antijuridicidade)
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências:
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
Artigo 5°, XI, CF - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
A expressão “casa”
§ 4º - A expressão "casa" compreende:
I - qualquer compartimento habitado (ex.: casas, apartamentos, barracos de favela etc.);
II - aposento ocupado de habitação coletiva (ex.: quarto de hotel, cortiço etc.);
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade (ex.: consultório, escritório, parte interna de uma oficina; não há crime no ingresso às partes abertas desses locais, como recepção, salas de espera etc.).
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do § anterior (aposento ocupado de habitação coletiva);
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
Crimes contra o Patrimônio: Resumo dos principais tópicos abordados em aula.
Marcelo Liscio Pedrotti e Aline Bitencourt Teixeira 
I – Furto: art. 155 do CP.
Bem Jurídico tutelado: modernamente, entende-se que o dispositivo protege diretamente a posse e a propriedade de coisa móvel e até mesmo a detenção, na medida em que usar, portar ou reter o objeto já representa um bem para o possuidor ou detentor da coisa.
Sujeitos do delito. Sujeito Ativo poderá ser qualquer pessoa, menos o proprietário ou o possuidor da coisa. Sujeito Passivo, por sua vez, será o proprietário, o possuidor e, por vezes, até mesmo o detentor da coisa se houver sofrido prejuízo material.
Objeto material: coisa móvel – qualquer substância corpórea, material, ainda que não tangível, suscetível de apreensão e transporte – em resumo: tudo aquilo que possa ser destacado ou removido. As coisas de “uso comum”, como a luz, o mar, a água dos rios, etc., em princípio, não podem ser objeto material de furto, salvo se houver a possibilidade de seu destacamento e uso por parte de alguém (ex.: água encanada para uso de alguém). O ser humano, por não ser “coisa” não pode ser objeto de furto, podendo ocorrer o crime de subtração de incapazes, seqüestro, extorsão mediante seqüestro, etc. Destaca-se que o recente e comentado caso da remoção dos olhos de uma pessoa, ocorrido em solo gaúcho, caracterizará o tipo especial previsto no art. 14 da Lei n.º 9.434/97, que dispôs sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante. Ainda, relativamente ao cadáver humano ou parte dele, é possível que haja o crime previsto no art. 211 do CP, que trata do respeito aos mortos. Já os animais e os semoventes podem ser objeto de furto. 
Ainda a condição básica é de que a “res” signifique algum desses valores para o patrimônio de alguém, mesmo que nada signifique para o ladrão, por exemplo, o furto de talonário de cheques, ainda que em branco, constitui delito. Igualmente, o furto de documentos de um veículo, também caracterizará o crime, em razão não propriamente do valor econômico (até porque não possuem), mas, em razão da utilidade que representam ao seu titular.
Valor de utilidade. Coisa ilícita não pode ser objeto material de furto, no entanto o Tribunal de Justiça do RS, já admitiu a possibilidade, conforme se vê:
“Para a ocorrência do delito patrimonial desimporta se a coisa móvel, em poder da vítima, é de posse lícita ou ilícita, pois a lei penal não estabeleceu tal descrimine”. Apelação Criminal n.º 699176251, 8ª Câmara Criminal, Rel. Des. Tupinambá Pinto de Azevedo, j. em 18 de agosto de 1999;
“Posse de Entorpecente e roubo. Não importa se a coisa subtraída é um entorpecente (...)” Apelação Crime n.º 686002528 – 2ª Câmara Criminal, Revista de Jurisprudência do TJRGS, 115/164;
“Furto qualificado – é irrelevante que a coisa esteja fora do comércio ou até mesmo que seja ilícita” – RT 756/Outubro 1998, p. 595;
Com relação a alegação do princípio da insignificância deve ser analisado caso a caso. STF já afastou essa alegação no caso de furto de barras de chocolate no valor de pouco mais de R$ 30,00, porquanto o autor os furtou para trocar por drogas...
 Consumação: O assunto não encontra entendimento pacífico na doutrina e jurisprudência, diversos autores têm entendimento de que se consuma com a retirada do bem da esfera de disponibilidade de seu proprietário, possuidor ou detentor e estando o autor ainda que por breve instante na posse mansa e pacífica do bem. No entanto os Tribunais Superiores entendimento de que não há mais necessidade de posso mansa e pacífica, nem mesmo de que o bem seja retirado da esfera de disponibilidade do seu proprietário, possuidor ou detentor, conforme se vê:
STJ - HABEAS CORPUS HC 178018 SP 2010/0121772-8 (STJ)
Data de publicação: 01/10/2013
Ementa: HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. IMPOSSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. MOMENTO CONSUMATIVO. DESNECESSIDADE DA POSSE TRANQUILA DA RES FURTIVA. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONFORMIDADE COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. 1. À luz do disposto no art. 105 , I , II e III , da Constituição Federal , esta Corte de Justiça e o Supremo Tribunal Federal não vêm mais admitindo a utilização do habeas corpus como substituto de recurso ordinário, tampouco de recurso especial, nem como sucedâneo da revisão criminal, sob pena de se frustrar a celeridade e desvirtuar a essência desse instrumento constitucional. 2. Entretanto, esse entendimento deve ser mitigado, em situações excepcionais, nas hipóteses em que se detectar flagrante ilegalidade, nulidade absoluta ou teratologia a ser eliminada, situação inocorrente na espécie. 3. De acordo com a jurisprudência firmada pelo Superior Tribunal de Justiça, considera-se consumado o crime de roubo, assim como o de furto, no momento em que o agente se torna possuidor da coisa alheia móvel, ainda que não obtenha a posse tranquila, sendo prescindível que o objeto subtraído saia da esfera de vigilância da vítima para a caracterização do ilícito.4. Habeas corpus não conhecido
No que concerne a vigilância permanente só se entende como crime impossível quando a mesma é absolutamente hábil à evitar a consumação do crime, tornando o meio absolutamente eficaz, nesse sentido é o entendimento do STJ:
	STJ - HABEAS CORPUS HC 215628 SP 2011/0190328-2 (STJ)
Data de publicação: 04/12/2013
Ementa: HABEAS CORPUS. PENAL. CRIME DE FURTO TENTADO. EXISTÊNCIA DE VIGILÂNCIA ELETRÔNICA NO ESTABELECIMENTO COMERCIAL. NÃOOCORRÊNCIA DE CRIME IMPOSSÍVEL. PEDIDO DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. MATÉRIA NÃO ANALISADA PELA CORTE DE ORIGEM. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. PRECEDENTES. DOSIMETRIA DA PENA. PENA-BASE

Outros materiais