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FONÉTICA E FONOLOGIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 1 Introdução A Lingüística pode ser definida como o estudo científico da estrutura da língua. Ela reúne estudos em diversos campos, dentre eles, a Sintaxe, a Morfologia, a Semântica, que se preocupam como as unidades maiores da língua (frase, palavra, morfema, etc.), e a Fonologia, que se volta para as unidades menores. Ao lado da Fonologia, que visa ao estudo da estrutura sonora, temos a Fonética, que se volta para a produção, propagação e percepção dos sons. Os estudos fonéticos e fonológicos têm sua origem em momentos distintos. Os estudos fonéticos foram preocupação dos estudiosos da língua muito antes do século XX; já a Fonologia tem sua origem com os estudos do Círculo de Praga, no início do século XX. Embora tenham objetos de estudo diferenciados, estes dois campos de estudo são interdependentes. Isso é o que veremos ao explicitar um e outro. FONÉTICA O Domínio da Fonética A Fonética é o estudo sistemático dos sons da fala, isto é, trabalha com os sons propriamente ditos, levando em consideração o modo como eles são produzidos, percebidos e quais aspectos físicos estão envolvidos na sua produção. Uma classificação básica para a Fonética situa-a em três domínios: 1. Fonética Articulatória estuda os sons do ponto de vista fisiológico, descrevendo e classificando-os. Assim, ao descrevermos a realização de um som, por exemplo [p], podemos afirmar que na sua articulação quase não houve vibração das cordas vocais, por isso ele é não-vozeado, que o fluxo do ar seguiu o caminho do trato vocal, não das fossas nasais, caracterizando-o como oral, e que houve obstrução pelos dois lábios, por isso ele é oclusivo e bilabial. Este é o papel da Fonética Articulatória. 2. Fonética Acústica leva em conta as propriedades físicas do som, como os sons da fala chegam ao aparelho auditivo. Quando realizamos qualquer som, a sua propagação se dá através de ondas sonoras até chegar ao ouvido do outro interlocutor. A análise desse som e sua propagação, realizada com o auxílio de programas computacionais específicos, permite avaliar sua altura, sua intensidade etc. 3. Fonética Auditiva centraliza seus estudos na percepção do aparelho auditivo. Muitas vezes, nem sempre percebemos o mesmo som de forma idêntica. Só uma análise mais acurada permitirá identificá-lo. Este tipo de estudo cabe à Fonética Auditiva, campo de pesquisa muito pouco explorado, principalmente no Brasil. Esses três campos de estudos nem sempre são implementados concomitantemente. E um dos motivos para que isso não ocorra é a falta de especialização, principalmente no que concerne aos estudos acústicos e auditivos. Por isso, sempre nos detemos na parte articulatória, considerando ser esta a parte mais fácil de ser verificada, já que diz respeito à produção dos sons. Vale salientar, entretanto, que, para fazermos um estudo mais detalhado da produção de alguns sons, temos necessidade de recorrer a estudos acústicos. Tais estudos, no passado, necessitavam de aparelhos bem sofisticados, e, muitas vezes, de difícil acesso. Hoje, com um computador bem equipado, e com “softwares” específicos, podemos realizar excelentes análises acústicas. Considerando as dificuldades apontadas, aqui nos deteremos na parte articulatória dos sons, ou seja, na Fonética Articulatória, aquela que, como afirmamos anteriormente, está voltada para a produção dos sons, levando em conta seu modo de articulação, seu ponto de articulação, seu caráter vozeado ou não e ainda sua configuração nasal ou oral.
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