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MUSEU HERING

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21
MUSEU HERING
O Fio que Tece a História[1: Subtítulo do artigo da Prof.ª Sueli Maria Vanzuita Petry (2014, p. 50).]
Geovani Richartz
Maria de Fátima Venutti
Professor-tutor Externo: Jorge Luiz Buerger
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
			Licenciatura em História (HID 0352) – Seminário da Prática IV
10/06/2015
RESUMO
Museu Hering: o fio que tece a história, foi escrito a partir de proposta de Seminário da Prática IV do curso de Licenciatura de História da UNIASSELVI – NEAD. O texto é fruto de estudos e visitas realizados pelos autores com objetivo de conhecer o Museu Hering, em Blumenau/ SC, um dos mais novos no Estado de Santa Catarina, procurando compreender as mudanças atravessadas pelo campo museal, desde o movimento pós II Guerra Mundial que criou o Conselho Internacional de Museus (ICOM), até os dias atuais, considerando a necessidade da prática de visita à museus e o conhecimento histórico regional, bem como a evolução e preocupação com que a gestão museológica utiliza-se de ferramentas tecnológicas e de variados meios didáticos para atrair a sociedade civil e acadêmica para o conhecimento histórico dos fatos. Além das visitas “in loco”, o artigo foi norteado por fontes específicas sobre museologia, conceitos de patrimônio e narrativas que elucidam o ideal de criação do Museu e seu desenvolvimento conceitual para abrigar e dispor publicamente um acervo diferenciado. Desta forma e, na análise patrimonial, chama-se a atenção para a relevância da constituição e manutenção da memória social e empresarial e das possibilidades de aplicabilidade em sala de aula destes conceitos. O texto propicia conhecer como o museu está organizado e o que oferece ao visitante e ao acadêmico que o frequenta.
Palavras-Chave: Museu Hering. Indústria Têxtil. Patrimônio Histórico.
1 INTRODUÇÃO
O vocábulo “museu”, de origem grega (mouseion), significa “templo das musas”, local de oferendas às filhas de Zeus com Mnemósine, deusa da memória. É um misto de templo com instituição de pesquisa, voltado ao saber filosófico, abrigava obras de arte e objetos preciosos oferecidos às divindades, em sinal de agradecimento. (GUIA DE MUSEUS DE SANTA CATARINA, 2014, p. 9). Nesse sentido, propomos uma reflexão acerca da importância do Patrimônio Histórico para uma sociedade, nesse caso, a cidade de Blumenau/SC, considerado como bem cultural e social.
Para compreender essa proposta, o Museu Hering, em Blumenau, foi escolhido para estudo e análise. Apesar de ser um museu novo (um dos mais novos do Estado), sua escolha não foi por acaso, haja vista, no decorrer de toda a pesquisa e processo analítico, pode-se constatar sua relevância e diferencial em acervo, propostas inovadoras e tecnológicas, aspectos patrimoniais do entorno e ainda, como a interdisciplinaridade é tangente em todo o seu aspecto museal.
Utilizando a metodologia de pesquisa de material publicado e visitas “in loco” (foram 3 no processo), constatou-se o compromisso da gestão do Museu para com o registro, preservação e o resgate da memória da Cia. Hering, através de publicações próprias e disponibilizadas gratuitamente ao público visitante do Museu, enfatizando seu compromisso com a educação, a historiografia, a pesquisa e o desenvolvimento de projetos ligados às ações socioculturais.
Inicialmente, como base da proposta, optamos por trazer breves conceitos sobre Museu e Museologia a fim de que perguntas como Por quê? Pra quê? Quando? E Onde? possam ser melhor respondidas em nossa jornada de futuros historiadores, pois não há como conhecer o Museu Hering sem que haja um diálogo com estes conceitos.
Em seguida, trazemos a família Hering com um breve relato sobre sua trajetória familiar, a fundação da empresa e seu desenvolvimento, ressaltando sua importância enquanto patrimônio histórico empresarial para a cidade. Na sequência, respondemos porque o Museu Hering foi criado, a partir de que ideal, com que acervo foi instituído, como esse acervo é trabalhado e tratado para exposição pública e que valores patrimoniais estão alicerçados em toda a prática. Sobre Patrimônio Histórico, trazemos o tombamento de todo o Complexo Industrial da Cia Hering, no bairro do Bom Retiro, afirmando o seu valor constitucional como bem relevante para a historiografia estadual.
Apresentamos, a seguir, o Arquivo Histórico do Museu Hering, sua organização de acervo, salvaguarda e constituição profissional como ponto de suma importância na criação, desenvolvimento e manutenção do Museu e, não menos importante, como aspecto diferenciado comparado aos outros museus da cidade. Local este que somente com autorização expressa da diretoria do Museu foi-nos permitido adentrar e conhecer, por ser um departamento, além de separado do Museu, com um acervo ainda a ser catalogado e inserido nos registros museais.
Na continuidade, adentramos no Museu. Iniciamos com a restauração ocorrida na casa (também tombada pelo Patrimônio Público) que hoje abriga o Museu e, na sequência, apresentamos as salas que abrigam as várias exposições existentes e seus diferenciais. Finalizando, os projetos educacionais e culturais proporcionados pelo Museu à comunidade e alguns diferenciais, como por exemplo, a criação de uma identidade visual utilizada em todo o material de divulgação e publicação do Museu.
2 CONCEITO DE MUSEU
	
Um museu pode representar um espaço de ensino-aprendizagem não escolar, configurando-se em uma opção de saída da tradicional sala de aula e possibilitando proporcionar momentos de aprendizado de maneira mais agradável e significativo para professores e principalmente alunos. Assim, para aprofundar a pesquisa, torna-se importante a compreensão do conceito de Museu.
Consideram-se museus, para os efeitos desta Lei, as instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento (BRASIL, 2015a).
Esta lei instituiu o Estatuto dos Museus e demonstra um conceito amplo. É importante destacar a relação que se estabelece entre o museu e a sociedade: seu funcionamento está intimamente ligado à participação do público, que de diferentes formas – visitas e pesquisas, como por exemplo - pode explorar os significados que representam as coleções de determinado museu.
Um museu também pode ser entendido como um espaço com coleção de objetos de arte, cultura, ciências naturais, etnologia, história, técnica, entre outros, sendo um lugar destinado ao estudo e à reunião desses objetos. De acordo com a lei destacada anteriormente, um Museu é uma instituição que, entre outros, tem um fim educativo. Assim, esse artigo abordará, mais adiante, como o Museu Hering trabalha o aspecto educativo e pedagógico na região.
2.1 SOBRE MUSEOLOGIA
O conceito de Museologia abrange vários aspectos e sentidos. Santana (2015) nos explica de forma simples que museologia “é o campo que investiga a instituição conhecida como Museu, sua interação com a realidade humana, dando origem a esta compreensão ao abordar a relação entre o ser humano, os aspectos culturais e a natureza, no interior das mais variadas formas de conceber o real.”. Tudo o que se relaciona à exploração do espaço Museu, está a cargo da Museologia. Inclusive “preparando os profissionais para geri-lo, preservá-lo, produzir mostras e eventos diversos.” (idem).
Outro aspecto importante da Museologia é o de como ela interage constantemente com outras ciências e áreas, como as Ciências Humanas, a Filosofia, a História da Arte, as Ciências Naturais, os Conhecimentos Biológicos e até com a área de Exatas, numa interdisciplinaridade natural. Santana (2015) ainda ressalta um importante aspecto sobre a instituição Museu:
Os museus só passam a existir quando o Homem conquista a consciência de seu Patrimônio natural– concretizado nos objetos materiais – e cultural – baseado em aquisições imateriais, como, por exemplo, o folclore, a mitologia, entre outros -, que constitui o chamado Patrimônio Integral. Assim que este processo tem início, começa a se definir a identidade do indivíduo, em todos os tempos e lugares. É a partir daí que a Humanidade passa a construir estes espaços, visando preservar seu legado histórico-cultural.
Partindo do conhecimento destes conceitos, o artigo procurará enfocar aspectos muito relevantes e diferenciais com relação ao Museu Hering.
3 FAMÍLIA HERING
Antes mesmo de abordarmos as questões que concernem ao Museu Hering, se faz necessário um resgate histórico que relate o início do processo que veio a culminar na vinda da família Hering para o Brasil, consequentemente a fundação da Cia. Hering, até chegar à criação do Museu, um dos objetos de estudos deste artigo. Deste modo, se voltará ao tempo para conhecer o necessário sobre a família Hering.
Geralmente quando alguém profere a palavra Hering, não é incomum para os moradores de Blumenau, pensarem de imediato na tradicional figura dos dois peixes (Hering, do alemão, quer dizer “arenque”, um peixe similar à sardinha), que simbolizam a marca da Companhia Hering. E para os que têm um mínimo de conhecimento sobre a empresa, é possível estabelecer a relação desses dois peixes com seus grandes fundadores: Friedrich Hermann Hering e Bruno Hering.
Foi no século XIX, ainda na Alemanha (cidade de Hartha), que Hermann Hering deu seus primeiros passos no ramo têxtil ao criar sua primeira empresa. Aliás, todos os antecedentes de Hermann de que se têm registro, foram tecelões ou mestres de tecelagem e malharia. Ainda em Hartha, Bruno Hering juntou-se a seu irmão Hermann, na Gebrueder Hering (Irmãos Hering). O estabelecimento mudou-se algumas vezes de local e os irmãos enfrentavam dificuldades para mantê-lo ativo (FIGUEIRA, 1980).
Ao mesmo tempo em que uma crise se estabelecia, notícias maravilhosas a respeito do Novo Mundo (América) chegavam a Europa. Assim, em busca de melhores condições de vida, Hermann Hering desembarca no Brasil em setembro de 1878 (FIGUEIRA, 1980). Dois anos mais tarde chegam também Bruno Hering, a esposa e os filhos de Hermann (PETRY, 2014).
3.1 O COMEÇO DA INDÚSTRIA
Agora com os dois irmãos no Brasil, as atividades iniciaram na Rua XV de Novembro e, conforme Petry (2014, p. 54): “ao fazer uso da força de trabalho familiar para desenvolver o empreendimento, surgia oficialmente, ainda em 1880, a incipiente indústria de malhas ‘Gebrueder Hering’”.
Na década de 1890, a fábrica muda de endereço ao se fixar no Vale do Bom Retiro (PETRY, 2014). A partir daí, o empreendimento dos irmãos Hermann e Bruno Hering não parou de crescer, expandindo-se por todo o Brasil e o Mundo.
4 A CRIAÇÃO DO MUSEU HERING	
A Cia. Hering se sentiria particularmente feliz se pudéssemos juntos reconstruir com a maior riqueza possível de documentos, objetos e máquinas, a memória da empresa. [...] Todo documento, fotografia ou objeto considerado de valor para a memória da empresa receberá, se necessário, o devido trabalho de restauração e fará parte do acervo em constituição do futuro Museu Hering. (HERING, 1980 apud NUNES; SARTORI, 2012, p. 49).[2: Excerto da Carta aos Amigos da Hering, escrita por Ingo Hering (1907-1992), neto de Hermann Hering, em 25/06/1980, em que manifesta seu ideal de criação do Museu Hering. O documento na íntegra se encontra em MALHEIROS, Amélia. Um museu, um catálogo. In: KLOCK, Kátia. Tempo ao tempo: nasce um museu. Blumenau: Contraponto, 2011, p. 11.]
A Cia. Hering é uma empresa centenária, consolidada no mercado nacional e carrega consigo uma vasta e rica história. E foi precisamente em seu centésimo aniversário, em 1980, que 
surgiu a ideia de se criar o Museu	da empresa, como conta Cury (2012, p. 17):
Durante os festejos do centenário da empresa, Ingo Hering, neto de Hermann, assinou o documento intitulado em letras maiúsculas grafadas: CONSTITUIÇÃO DO ACERVO DO FUTURO MUSEU DA CIA. HERING. Nesse documento, Ingo se refere à reunião (documentos, correspondências, objetos e máquinas), ao acervo (o todo), ao valor histórico (patrimônio), à reconstrução da memória (finalidade) e à restauração (de objetos museológicos).
A previsão de Ingo Hering era de que o Museu já iniciasse suas atividades naquele ano. Porém, a inauguração tornou-se realidade após 30 anos, em 2010, com o início das atividades (CURY, 2012).
Em 2015 o espaço completa 5 (cinco) anos e cabe questionar: qual ou quais os objetivos do Museu Hering? Segundo Silva (2012): “o Museu Hering, com uma exposição contemporânea, tecnológica e interativa, visa refletir sobre a trajetória da Cia. Hering, valorizando o patrimônio industrial da cidade, por meio de uma trajetória de empreendedorismo”. Ou seja, sua proposta é centrada em valorizar, guardar, resgatar e perpetuar a história da empresa, que colaborou no desenvolvimento de Blumenau em seus mais de 130 anos de história. Ao mesmo tempo, é possível verificar no Museu uma parte da história da família Hering, pois não há como separar a trajetória da indústria e a familiar, estando ligadas de maneira sólida.
Por fim, é importante ressaltar outra meta do Museu, ligada a educação formal, que por meio das escolas é possível atingir um grande número de estudantes e consequentemente a sociedade em geral.
O Museu Hering está comprometido com a educação e com o ensino formal. Posto isso, o compromisso se expressa na consolidação de um trabalho voltado à sociedade, pois acreditamos no papel do Museu para um envolvimento mais amplo e dinâmico com as escolas, partindo da premissa que os museus são instâncias próprias para o aprendizado cultural e somente atuando em sintonia com as escolas podem, ambas, atingir seus objetivos educacionais, sociais e culturais (SILVA, 2012).
4.1 DOCUMENTANDO A MEMÓRIA INSTITUCIONAL
Segundo o Guia de Museus de Santa Catarina (2014, p. 111-118), Blumenau possui catalogado 12 (doze) Museus, o que a coloca em segundo lugar no Estado, perdendo somente para a capital, Florianópolis. Do total, 4 (quatro) são administrados privadamente e, dentre eles, o Museu Hering. A história de Blumenau não seria a mesma sem a existência da Companhia Hering. O desenvolvimento econômico, político e social da cidade foi alicerçado pela imigração, inicialmente alemã, e a história da Companhia Hering corrobora muito com esse fato.
De que forma preservar, analisar, conhecer e entender a história senão através de um Museu? Porém, há um diferencial na constituição do Museu Hering que o difere dos demais da cidade: o seu acervo. Mesmo sendo um museu jovem (um dos mais jovens do Brasil), segundo Gustavo Nascimento Paes (2015), museólogo do Museu Hering, “trabalhar com o patrimônio industrial é um diferencial em relação à tipologia das demais instituições museológicas”. [3: Gustavo Nascimento Paes é museólogo, formado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)/ MG e trabalha no Museu Hering em Blumenau/ SC. Entrevista concedida aos autores deste artigo em 24 de abril de 2015.]
Segundo Lima (2014, p. 57), “uma das funções da memória Empresarial, quando bem documentada e organizada, é garantir a perpetuação da história para as próximas gerações e torná-la mais um instrumento que agregue valor à empresa”. 
Cada vez mais a Memória Empresarial tem sido trabalhada, com o intuito de preservar e valorizar sua história, além de utilizá-la como ferramenta de aprendizado para futuras gerações. Lima (2014, p. 57) constata que muitas empresas já possuem reservado um espaço para expor sua história, através da mostra de seu acervo. Para ela “a história é o registro da memória, ou seja, quando um grupo social desaparece, a memória é a única forma de salvar suas lembranças.” (HALBWACHS, 2004 apud LIMA, 2014, p. 60).
Nesse contexto, o Museu Hering veio legitimar a importância de sua história presenteando-nos através de dois grupos de acervos: o Familiar e o Empresarial(Cia. Hering). O primeiro representa a guarda de acervos da família Hering e seu cotidiano. O segundo constitui documentação e informações de caráter institucional, produtivo e vários assuntos relacionados à Cia. Hering (PAES, 2014, p. 247). Em 2014, a equipe de trabalho do Museu iniciou o trabalho de quantificação e, concomitantemente, a verificação do estado de conservação do acervo do grupo Família, já que este era o piloto de todo o processo de catalogação:
 QUADRO 1 – GRUPO FAMÍLIA – LEVANTAMENTO EFETUADO EM JULHO DE 2014
	QUANTIDADE
	ACERVO
	3.147
	Fotografias
	10
	Álbuns Fotográficos
	43
	Negativos
	740
	Postais
	1.453
	Documentos em Papel
	742
	Iconográfico
	138
	Produção Artística
	260
	Livros
	05
	Plantas Arquitetônicas
	44
	Objetos
	31
	Quadros
	08
	Audiovisual
	5.876
	TOTAL DO ACERVO
	 FONTE: PAES (2014, p. 247)
Paes (2014, p. 249) afirma que “outros resultados já começaram a ser esboçados e estudados no que diz respeito ao Grupo Cia. Hering, como camisetas, quadros da empresa e acervo audiovisual”. Klock (2011, p. 73) ainda ressalta:
Quanto ao acervo da Cia. Hering temos documentação sobre: História da Empresa, os Fundadores, as Diretorias, Organogramas, Atas, Manuais de Planejamento, Regulamento Interno, Plano Diretor, Estatuto, Planos de Expansão, Prospectos Técnicos, Assembleias, Correspondências, Relatórios, Agendas; Áreas de Controle, Finanças, Industrial, Operação, Logística e Marketing, etc. Ainda, Indumentária, catálogos, amostras maquinaria composta por teares e máquinas de costura, principalmente. Ao todo, trata-se de um conjunto significativo com naturezas de “objetos” distintas, como textos, fotografias, medalhas, troféus, mostruários, etc. (KLOCK, 2011, p. 73).
Como parte do acervo, segundo Cury (2012, p. 18) também foi considerado o conjunto arquitetônico industrial da matriz da Cia. Hering e de suas unidades satélites (11 unidades produtivas, sendo 5 em Santa Catarina, 5 em Goiás e 1 no Rio Grande do Norte), tanto as edificações históricas, quanto as que foram projetadas por Hans Bross e construídas nos 90 anos da empresa, em 1970. E continua:[4: Hans Broos, arquiteto, grande expoente da arquitetura nacional. Nascido em Gross-Lomnitz, hoje território eslovaco, em 1921, mudou-se para o Brasil em 1953, passando a executar obras em vários estados, inclusive em parceria com o paisagista Roberto Burle Marx. No Brasil, Broos se envolve em uma vasta produção arquitetônica, incluindo obras religiosas, industriais, edifícios públicos, projetos urbanísticos e residenciais. Em Blumenau, sua principal obra é a sede da Companhia Hering (1968-1972). (BOBSIN, 2011). Disponível em: http://wp.clicrbs.com.br/missaocasa/2011/08/23/arquitetura-perde-hans-bross/?topo=52,2,18,,196,77. Acesso em: 22 mai. 2015. ]
Outro “objeto” museológico é o Vale do Bom Retiro, onde está a matriz, o qual foi o lugar escolhido, em 1886, para a instalação da Gebrüder Hering, devido às águas do mesmo nome e à possibilidade de força motriz para a movimentação os teares. Desmatado pelo antigo proprietário, o vale foi todo reflorestado por iniciativa de Bruno Hering (CURY, 2012, p. 18).
 FIGURA 1 – HERING MATRIZ - BLUMENAU
 FONTE: Hans Broos [Arquivo do arquiteto] (DAUFENBACH, 2015). 
Em 21 de novembro de 2002, o Decreto nº 5.913, considerou, através do processo P.T. 131/2000, em âmbito estadual o tombamento do Conjunto Arquitetônico que integra o Complexo Fabril das Indústrias Hering, Rua Hermann Hering, 1790, em Blumenau, formado por cinco edificações (BRASIL, 2015b). Dentre as edificações, o prédio ocupado pelo Museu Hering, casa em estilo enxaimel construída no séc. XIX, que foi totalmente restaurada para abrigar o Museu.
Observa-se, então, que o acervo do Museu Hering tem todo um diferencial na natureza de seus objetos e com partes em diferentes localidades, ampliando o sentido de preservar e caracterizando a instituição como um museu de território (KLOCK, 2011, apud CURY, 2012, p. 18). Esse acervo constituído deve-se, principalmente, ao hábito familiar de preservar a documentação e objetos, assim como da consciência empresarial dos fundadores e seus descendentes para com a memória da Cia Hering. Além do material já catalogado pelos profissionais do museu, muito ainda há que ser avaliado e documentado. Conforme Gustavo Nascimento Paes(2015) esclarece em sua entrevista “(...) na atual conjuntura não temos com precisar quantitativamente falando, em contrapartida, estratégias de ações estão sendo iniciada para mapear esse acervo”. 
Ainda sobre o processo de catalogação do acervo, Gustavo Nascimento Paes(2015), em entrevista, informa que:
O Museu Hering não possui até o momento uma Politica de Aquisição institucionalizada, assim todo o processo de aquisição de acervo ocorre por meio de documentos de ‘proposta de doação’, para que conjuntamente os diretores possam aprovar ou não a doação dentro das premissas institucionais. O processo de doação ocorre tanto para o público interno quanto externo. (PAES, 2015)
4.2 ARQUIVO HISTÓRICO
Outro diferencial do Museu Hering é a existência do Arquivo Histórico da Companhia Hering – objeto de atenção do Museu Hering e base constitutiva de seu acervo que presta todo e qualquer suporte em termos de acervo museológico. Em 2012, esse Arquivo foi transferido para uma das casas históricas, próxima ao Museu, aproximando a exposição e a equipe do acervo. Cury (2012, p. 19) justifica essa ação:
Dessa forma, a equipe vislumbrou outras possibilidades de trabalho com as coleções, além de entender melhor o que é o trabalho de “enfrentamento” do objeto museológico. Essa iniciativa, acreditamos, teve desdobramentos significativos. Primeiramente, o acervo está mais bem acomodado e, consequentemente, melhor conservado. Depois, está mais acessível à equipe.
Em visita autorizada por Gustavo Nascimento Paes, museólogo, ao Arquivo Histórico da Companhia Hering, já que o acesso a esse departamento é restrito, pudemos constatar a quantidade do acervo dos dois grupos (familiar e empresarial). O trabalho é árduo, pois muito material ainda necessita ser separado, qualificado e catalogado, porém, a preocupação com as condições climáticas do espaço para salvaguardar o acervo constitui fator essencial para o grupo de trabalho do Arquivo Histórico. Sobre esse assunto, em sua entrevista, Gustavo Nascimento Paes(2015) comenta:
O Museu Hering trabalha com o conceito de conservação preventiva, aborda atividades direcionadas para a preservação e para a manutenção de acervos. Utiliza-se de procedimentos de prevenção incluindo a segurança, e de controle, os quais são focados nos edifícios e em seus entornos, e principalmente, na utilização criteriosa dos acervos. Esses procedimentos podem ser aplicados ao acervo acondicionado em reserva técnica, em exposição, e também, para obras em trânsito. Assim, o foco do trabalho concentra-se como ora mencionado na conservação preventiva, uma vez que estamos conhecendo e quantificando o acervo sobre a guarda do museu. 
Porém, o departamento será transferido para o antigo prédio da Divisão de Costura da empresa, erguido na década de 1920 e que está sendo restaurado desde 2014. A fachada e o interior dos quatro andares manterão as características originais. Hoje, o prédio pertence à Fundação Hermann Hering e vai abrigar todo o acervo cultural da empresa e da família fundadora. A projeção é de que funcione também uma biblioteca, laboratórios e um mini auditório (FRESARD, 2015).
5 ESPAÇO PRESERVADO PARA A MEMÓRIA
Um casarão enxaimel tombado pelo Patrimônio Público Estadual com 453 metros quadrados, localizado na entrada da unidade matriz da Companhia Hering, no bairro Bom Retiro, foi escolhido para abrigar passado, presente e futuro dos mais de 130 anos daempresa. Construído no final do século XIX, o imóvel sofreu uma restauração no ano 2000, porém, para que abrigasse o projeto de Museu, adaptações foram necessárias, como a correção de problemas como trincas nas paredes, feito o isolamento térmico no telhado, o piso frontal e um redimensionamento das instalações elétricas e hidráulicas. (RUDNIK, 2015).[5: O Enxaimel é uma antiga técnica construtiva, na qual uma estrutura de madeiras encaixadas tem seus vãos preenchidos com tijolos ou taipa. Conjunto de caibros e estacas que sustentam as divisões da estrutura da casa. É marca registrada dos estilos normando ou germânico, onde fica aparente e compõe um detalhe interessante na fachada. (PADILHA, 2015). Disponível em: http://www.eniopadilha.com.br/artigo/2704/dicionario-de-termos-da-construcao-civil. Acesso em 19 abr. 2015. ]
Como não há uma data precisa da construção do imóvel (provavelmente a partir de 1893), Rudnik (2015) informa um dado muito interessante: segundo o arquiteto Paulo Zutter, que foi também o responsável pela restauração em 2000, é que a casa tenha sido desmontada de outro endereço e transportada junto à empresa. Ainda segundo ele, no início, o imóvel era utilizado como “Kosthaus” (casa de refeição e biblioteca de funcionários); em 1960, passou a abrigar a Associação Recreativa e posteriormente uma agência bancária.
Rudnik (2015) explica que “todos os ambientes estão climatizados e preparados para o acesso de pessoas com necessidades especiais, com rampas, elevador hidráulico, sanitários especiais e aberturas mais largas” o que proporciona ao visitante um diferencial de conforto e tecnologias para comunicação. Um trabalho integrado entre arquitetos, engenheiros e museólogos, pensando no circuito do Museu. Ainda ressalta:
História, empreendedorismo, pioneirismo, coragem, competência para crescer, responsabilidade social, preocupação com o meio ambiente e outros aspectos estarão evidenciados na linha do tempo do Museu, que passará a integrar o circuito turístico de Blumenau. Além de um centro de memória, o projeto contempla uma exposição permanente de equipamentos e instrumentos têxteis e um espaço cultural que será utilizado com o objetivo de democratizar a educação e o lazer a todas as pessoas. (RUDNIK, 2015).
FIGURA 2 – CASA-MUSEU ANTES DA RESTAURAÇÃO
 FONTE: Arquivo Histórico Cia Hering (ARANTES, 2011, p. 30).
O espaço foi inaugurado em 26 de novembro de 2010, iniciando as atividades de comunicação e educação para dar vida à instituição com a exposição de longa duração “Tempo ao Tempo” (CURY, 2012, p.15).
 FIGURA 3 – O MUSEU HERING: FACHADA PRINCIPAL DEPOIS DA RESTAURAÇÃO
 FONTE: Charles Steuck (2015). Arquivo pessoal.
FIGURA 4 – MUSEU HERING: VISÃO GERAL DO PRÉDIO
 FONTE: Charles Steuck (2015). Arquivo pessoal. 
5.1 VISITANDO O MUSEU	
Dar tempo ao tempo era um conselho que o fundador, Hermann Hering, costumava dar (e seguir quando uma adversidade surgia no caminho da empresa criada por ele e seu irmão, Bruno Hering). Assim, respeitando o “tempo”, a Hering resistiu ao “tempo”. Construiu uma história de mais de 130 anos e se manteve sempre atual e moderna, uma referência no universo da moda. (KLOCK, 2011)
Visitar o Museu Hering é muito mais do que fazer uma viagem ao passado. É um resgate primoroso, ao mesmo tempo em que uma conexão histórica nos leva a compreender a história de Blumenau e seu desenvolvimento econômico, arquitetônico, cultural e social. A comunicação do Museu faz parte de todo um projeto estudado minuciosamente com a preocupação do enfrentamento ao diferente, pois “a diferença é que torna o museu o fórum (lugar de debate) em contraposição ao templo (lugar de sacralização)” (CURY, 2014, p. 40). 
Nessa linguagem, pudemos constatar, em nossa visita ao Museu, vários aspectos de conectividade entre o passado e o presente. Cury (2014, p. 42) ressalta a importância do trabalho da equipe que se organiza interdisciplinarmente quando uma disciplina não dá conta da exposição e, quando os temas são transversais, o trabalho torna-se transdisciplinar. E continua: “A exposição é a ação museal de maior visibilidade, por isso recai sobre ela muita polêmica”.
Há uma preocupação com a qualificação dos monitores que acompanham o público, desde a recepção até o final da visita, estando sempre a postos para esclarecer dúvidas ou ainda complementar o que é visto com informações curiosas sobre o material exposto. O atendimento pode ser feito em outras línguas, como o alemão, o espanhol ou o inglês e ainda disponibiliza dois tipos de visita, a livre e a mediada. Na visita livre, mediadores estarão à disposição do visitante dentro do circuito expositivo para esclarecimento de qualquer dúvida e/ou curiosidade. Na visita mediada, os visitantes serão apresentados à exposição por meio de uma conversa entre o mediador e o visitante. O Museu possui 4 (quatro) salas de percurso, distribuídas em: 
5.1.1 Sala 1: História e Trajetória da Cia Hering
Através de painéis expositivos, fotografias e objetos é possível conhecer o contexto da origem das primeiras indústrias e a trajetória da Cia Hering até a década de 1920. Um painel sonoro possibilita ouvir trechos de cartas trocadas pelos fundadores com seus familiares na Alemanha. Pode-se, ainda, manusear um tear circular fabricado em 1889, que foi restaurado e funciona perfeitamente.
FIGURA 5 – SALA 1
FONTE: Charles Steuck (2015). Arquivo pessoal.
5.1.2 Sala 2: Contribuição dos Funcionários e Preservação do Patrimônio Cultural
Um painel com “touchscreen” (toque na tela) possibilita ouvir os depoimentos de funcionários e ex-funcionários, protagonistas da história. Também nessa sala, o patrimônio cultural está preservado: máquinas de costura, amostras de malhas, cartelas de cores e fotolitos de estamparia, as edificações históricas e o Vale do Bom Retiro, cujo cenário ambiental é preservado.
FIGURA 6 – SALA 2
FONTE: Charles Steuck (2015). Arquivo pessoal.
5.1.3 Sala 3: Moda no Tempo
Recursos multimídia (um dos diferenciais deste museu) levam o visitante a conhecer a evolução no modo de vestir, as coleções, tendências e costumes (fotografias de catálogos a partir da década de 1970). A criatividade na criação de estampas em diferentes épocas e como funciona a cadeia produtiva da moda, da fiação até a comercialização. No painel “Intimidade”, pode-se apreciar as imagens de coleções de moda íntima, apresentadas de forma criativa (mais um destaque pontuado na exposição).
FIGURA 7 – SALA 3
FONTE: Charles Steuck (2015). Arquivo pessoal.
5.1.4 Sala 4: Criatividade na Educação
 
Trata-se de um espaço lúdico, onde crianças, jovens e adultos podem exercitar sua criatividade com a moda, participando de jogos interativos e customizando sua própria camiseta (é preciso trazer a camiseta branca, 100% algodão) – um presente do museu para o visitante. Também nesta sala, é apresentada a cultura das campanhas publicitárias veiculadas em TV a partir da década de 1970.
FIGURA 8 – SALA 4
FONTE: Charles Steuck (2015). Arquivo pessoal.
6 MUSEU HERING E SUA RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO
É de vital importância para a sobrevivência de qualquer museu haver interação com a comunidade que o cerca. Este tipo de instituição busca transmitir mensagens por meio de exposições e para isso é preciso convidar o público para receber/extrair as informações de dado espaço museológico. Uma das maneiras mais inteligentes para se atingir um grande número de pessoas e efetivamente obter êxito na transmissão de suas mensagens é trazendo as escolas para dentro dos museus. E isto é possível observar no Museu Hering, que se configura num espaço que têm um fim educativo.
O Museu Hering, desde 2010, teve como base inicial a necessidade de uma forte ligação com o campo educacional. Trazer os professores para conhecer o museu antes de sua turma, fazer com queos alunos conheçam além da exposição de longa duração, dando ênfase a assuntos que permeiam a história de Blumenau, Santa Catarina e do Brasil, são objetivos que o Museu Hering busca alcançar diariamente com o Programa Museu Escola (SILVA, 2014, p.264). 
	
Desde a abertura do Museu vários programas/projetos foram desenvolvidos e aqui serão citados apenas os que se relacionam com a educação formal, ou seja, as escolas, especificamente as de ensino básico. O programa “Museu e Escola” é um dos destaques, integrando três projetos: A escola visita o Museu, O museu vai à escola e Professor no Museu.
Sobre o projeto A escola visita o Museu, Silva (2014, p. 265) aponta que: “escolas municipais, estaduais e particulares tem a possibilidade de conhecer a Exposição Tempo ao Tempo por meio de visitas mediadas, agendadas de acordo com os objetivos estipulados pelo professor.” O museu disponibiliza um mediador para a realização da visita que juntamente com o professor pode colaborar para um aprendizado abrangente e concreto para os alunos. Também integram este projeto o Teatro de Fantoches, Atendimentos Noturnos e um grande diferencial do Museu, o Transporte Programado, que “[...] é uma ação desenvolvida pelo Museu Hering que oferece transporte gratuito para escolas municipais e estaduais de Blumenau que queiram realizar uma visita ao Museu Hering" (SILVA, 2014, p. 266, grifo nosso).
Quanto ao O Museu vai à escola, “este projeto tem como objetivo principal levar a Exposição Tempo ao Tempo, por meio de vídeos e jogos educativos às escolas que não podem conhecer o Museu Hering” (SILVA, 2014, p. 266). Portanto, se houver algo que impeça alguma escola de ir até o museu, o caminho contrário pode ser feito, com a Instituição levando seu aspecto pedagógico até as unidades escolares.
Já o projeto Professor no Museu é outro grande ponto positivo e ímpar, que ajuda na qualificação profissional dos docentes além de prepará-los antes mesmo da visita de seus alunos. Configura-se no “encontro com professores [...] para contribuir no processo de formação de professores no que se refere às diversas temáticas e linguagens presentes na exposição e no acervo do Museu Hering”. (SILVA, 2014, p. 266).
Esse programa Museu e Escola e seus projetos se relacionam cotidianamente com a educação básica, seja com o ensino fundamental ou médio. Porém é válido dizer que existem outros programas/projetos que o Museu desenvolve, voltados à comunidade e também a Instituições de Ensino Superior. 
Sobre os projetos pedagógicos do Museu, Gustavo Nascimento Paes(2015), em entrevista, revela:
Todos os projetos ofertados pelo Setor Educativo do Museu Hering serão mantidos para 2015, sendo que alguns sofrem ajustes de viabilidade. Para esse ano alguns projetos ganharam mais projeção devido às avaliações do ano de 2014, tais como o “Engatinhando no Museu” e o piloto “Caminhada Cultural” em estudo de viabilização para esse ano. Esse último tem, por objetivo, apresentar o patrimônio arquitetônico da Rua Hermann Hering em diálogo com o patrimônio industrial da Cia. Hering.
De modo geral, o Museu Hering é uma ótima oportunidade para um professor levar seus alunos a fim de vivenciar um aprendizado significativo em um espaço não escolar. Além disso, o Museu facilita o encontro com as escolas, oferecendo transporte ou até mesmo indo até as mesmas, sendo assim uma boa oportunidade de sair do espaço tradicional e às vezes rotineiro que abrangem uma unidade escolar.
7 DIFERENCIAIS DO MUSEU
Por ser espaço novo, o Museu Hering se destaca ainda mais com alguns diferenciais em sua composição. Em 2012, houve uma preocupação com a identidade visual do Museu e, a partir disso, foi criada uma tipologia específica para ser utilizada em todo material de divulgação: a fonte Enxaimel Type. Inspirada na arquitetura das fachadas enxaimel, a tipologia provoca o diálogo entre o passado, a tradição e a contemporaneidade (MALHEIROS, 2014, p. 30). A fonte, caracterizada por ser somente em caixa alta (letras maiúsculas), ainda pode ser baixada, instalada e utilizada por diversas mídias através do link http://museuhering.com.br/imprensa.
FIGURA 9 – FONTE ENXAIMEL TYPE
Fonte: Site Museu Hering (2015)
Outra vocação institucional é a possibilidade de publicações, através da Fundação Hermann Hering, gestora do Museu Hering. Entre 2010 e 2013, segundo Malheiros (2014, p. 30), foram organizadas três obras: Tempo ao tempo – Nasce um Museu; Museu Hering – Conquistas e Possibilidades Criativas e Temáticas Educativas. Além destes, em 2014, com o advento do Seminário Interdisciplinar em Museologia, ocorrido em Blumenau, foi publicado o Anais Fronteiras Regionais e Perspectivas Nacionais. Verifica-se assim, a preocupação da equipe do Museu em possibilitar material didático, educativo e de pesquisa acerca do trabalho museológico.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma sociedade é construída e desenvolvida através de fatos, sejam eles políticos, econômicos, culturais ou comportamentais. E manter e cultivar a memória destes acontecimentos é fundamental para a sua identidade. O que a Cia. Hering representa para Blumenau está diretamente ligado ao conceito de desenvolvimento sociocultural, pois a família, através do hábito de guardar objetos, fotos, quadros, mobiliário e tantos outros documentos, além dos bens prediais, não imaginava que mais de um século depois de sua chegada ao Brasil, todo esse acervo pudesse fazer parte da constituição de um museu. Mais do que isso, fazer parte da historiografia regional e do Patrimônio Estadual.
Justamente por ser um museu novo, as visitações e todo o estudo através das fontes encontradas, surpreende pela forma com que o museu foi idealizado, desenvolvido e ainda é projetado, ano a ano. A tecnologia utilizada para levar a memória ao visitante é um diferencial, comparado aos demais museus da região. A preocupação da gestão do museu na manutenção de profissionais capacitados e compromissados com o trabalho museal chamou atenção nesta pesquisa.
A interdisciplinaridade das várias ciências que estão inseridas em toda a proposta de trabalho, principalmente o pedagógico é outro destaque do Museu, pois este não é somente um museu que expõe objetos guardados pelos familiares e pela empresa. É um museu consciente de seu compromisso sociocultural e educacional e que confirma a tese de que o velho (enquanto objeto histórico) pode perfeitamente se manter e integrar o novo (as tecnologias e propostas educacionais). 
O conhecimento, através do contato e a valorização das diversas formas de Patrimônio que foram encontradas, instigam-nos, enquanto futuros historiadores, a disseminar a necessidade de uma consciência profissional docente comprometida com a replicação desse conhecimento aos alunos, enfatizando sua relevância para a construção de uma educação mais voltada ao contato com o meio em que vivemos e com os objetos de estudo.
Apesar da preocupação na construção do museu em se adequar e possibilitar o atendimento a deficientes cadeirantes, verificamos a falta de profissional intérprete de Libras para suprir uma demanda de deficientes auditivos, sejam da comunidade escolar ou da visitação espontânea. 
Por fim, pudemos concluir que, de fato, a consciência da importância do Patrimônio, seja ele empresarial, histórico, cultural, predial ou ambiental está diretamente ligada e corrobora à construção de uma filosofia educacional muito mais voltada ao contato físico com o objeto de estudo, através da visitação e da disseminação de sua relevância histórica. Sem esse trabalho, o profissional docente continuará inerte, tomado por seus vícios e acomodações acadêmicas.
	 
REFERÊNCIAS
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BOBSIN, Simone. Arquitetura perde Hans Bross. 2011. Disponível em: http://wp.clicrbs.com.br/missaocasa/2011/08/23/arquitetura-perde-han-bross/?topo=52,2,18,,196,77. Acesso em: 22 mai. 2015.
BRASIL. Brasília.Lei n. 11.904, de 14 de janeiro de 2009. Institui o Estatuto de Museus e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11904.htm. Acesso em: 08 jun. 2015a.
______, Santa Catarina. Decreto n. 5.913, de 21 de novembro de 2002. Homologa Tombamento de Móveis. Disponível em: http://www.leisestaduais.com.br/sc/decreto-n-5913-2002-santa-catarina-homologa-tombamento-de-imoveis. Acesso em: 20 mai. 2015b.
CURY, Marília Xavier (Coord.). Museu Hering: Conquistas e Possibilidades Criativas. Blumenau: Fundação Hermann Hering, 2012.
DAUFENBACH, Karine. Hans Broos, singularidades do pensamento e da obra de um mestre. 2012. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.141/4237. Acesso em 22 mai. 2015. 
FIGUEIRA, Archibaldo. A Hering de Blumenau: um século - 1880-1980. Blumenau: Laborgraf, 1980.
FRESARD, Francisco. Começa restauro de prédio histórico da Cia. Hering. 2014. Disponível em: http://wp.clicrbs.com.br/pancho/2014/02/04/comeca-restauro-de-predio-historico-da-cia-hering/?topo=52,2,18,,159,e159. Acesso em: 25 abr. 2015.
GUIA DE MUSEUS DE SANTA CATARINA/Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte. Fundação Catarinense de Cultura. Florianópolis: FCC, 2014.
KLOCK, Kátia (Coord.). Tempo ao Tempo: nasce um museu. Blumenau: Contraponto, 2011.
LIMA, Tânia. Documentando a memória institucional. In: CURY, Marília Xavier (Coord.). Fronteiras regionais e perspectivas nacionais. Blumenau: Museu Hering, 2014, p. 57-99.
MALHEIROS, Amélia. Um museu, um catálogo. In: KLOCK, Kátia (Coord.). Tempo ao Tempo: nasce um museu. Blumenau: Contraponto, 2011
___________, Amélia. Museu Hering: Trinta e quatro anos depois. In: CURY, Marília Xavier (Coord.). Fronteiras regionais e perspectivas nacionais. Blumenau: Museu Hering, 2014, p. 26-34.
MUSEU HERING. A Fonte Enxaimel Type. Disponível em: http://www.museuhering.com.br/curiosidades. Acesso em: 21 mai. 2015.
NUNES, Paulo de Tarso; SARTORI, Sérgio Gregório. O Museu Hering: um caso de sucesso da Política Nacional de Museus. In: CURY, Marília Xavier (Coord.). Museu Hering: Conquistas e Possibilidades Criativas. Blumenau: Fundação Hermann Hering, 2012, p. 49.
PAES, Gustavo Nascimento. O Museu Hering, a gestão documental de um processo híbrido. In: CURY, Marília Xavier (Coord.). Fronteiras regionais e perspectivas nacionais. Blumenau: Museu Hering, 2014. p. 231-253.
____________, Gustavo Nascimento. Entrevista concedida pelo museólogo do Museu Hering. Blumenau, 24 abr. 2015.
PADILHA, Ênio. Glossário da Construção Civil. 2012. Disponível em: http://www.eniopadilha.com.br/artigo/2704/dicionario-de-termos-da-construcao-civil. Acesso em 19 abr. 2015. 
PETRY, Sueli Maria Vanzuita. Na tessitura das malhas, o fio tece a história. In: CURY, Marília Xavier (Coord.). Fronteiras regionais e perspectivas nacionais. Blumenau: Museu Hering, 2014. p. 50-56.
RUDNIK, Marli. Concluída a reforma que vai abrigar o Museu da Hering. 2010. Disponível em: http://newagecom.com.br/blog/2010/08/26/concluida-reforma-da-casa-que-vai-abrigar-o-museu-da-hering/comment-page-1/#comment-32916. Acesso em: 24 abr. 2015.
SANTANA, Ana Lúcia. Museologia. Disponível em: http://www.infoescola.com/ciencias/museologia/. Acesso em: 07 jun. 2015
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STEUCK, Charles. Arquivo Pessoal de fotos. Disponível em: https://www.flickr.com/search/?q=museu%20hering. Acesso em 22 abr. 2015.
APÊNDICE - QUESTIONÁRIO[6: Gustavo Nascimento Paes é museólogo, formado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)/ MG e trabalha no Museu Hering em Blumenau/ SC. Entrevista concedida aos autores deste artigo em 24 de abril de 2015.]
NOME: Gustavo Nascimento Paes
FORMAÇÃO PROFISSIONAL: Museólogo
LOCAL DE TRABALHO E FUNÇÃO: Museu Hering / Museólogo
DATA: 24/04/2015
1) Como é feito o trabalho de seleção e catalogação do acervo do Museu?
O Museu Hering não possui até o momento uma Politica de Aquisição institucionalizada, assim todo o processo de aquisição de acervo ocorre por meio de documentos de ‘proposta de doação’, para que conjuntamente os diretores possam aprovar ou não a doação dentro das premissas institucionais. O processo de doação ocorre tanto para o público interno quanto externo.
2) Diante do desafio que é a criação e consolidação de um Museu, principalmente em Blumenau, qual o diferencial, em termos de acervo, que você verifica no Museu Hering, comparado a outros museus?
O Museu Hering trabalha com o patrimônio industrial o que é um diferencial em relação à tipologia das demais instituições museológicas.
3) O museu possui uma quantidade considerável de acervo ainda não catalogado, tanto da família, quanto da indústria. Poderia descrever quantitativamente e qual a perspectiva atual de incorporação final deste acervo?
Em relação ao acervo não catalogado na atual conjuntura não temos com precisar quantitativamente falando. Em contrapartida, estratégias de ações estão sendo iniciadas para mapear esse acervo.
4) Segundo o Guia de Museus de Santa Catarina (edição 2014), publicado pelo Sistema Estadual de Museus, das cidades catalogadas, Blumenau ocupa a segunda colocação (depois da capital) em quantidade de Museus com doze, segundo esse registro. Como você vê essa quantidade e o desconhecimento, além da falta de visitação por parte da população da cidade?
A representatividade das instituições museológicas em Blumenau pode ser considerada latente tendo em vista a importância patrimonial atribuída ao seu contexto histórico e social efetivando assim a atuação mais incisiva para a cidade. Vale salientar que temos outros fatores que fazem com que Florianópolis ganhe notoriedade, uma vez que a ênfase turística é mais presente e também ao grande atrativo social e cultural ofertado. Quanto ao item “desconhecimento”, não o vejo por esse ângulo, até mesmo pela falta de estudos empírico referente à cidade de Blumenau, no que diz respeito à pesquisa de público para museus. As instituições museológicas tentam de diferentes formas realizarem a comunicação museológica pelos diferentes meios comunicacionais (impresso, digital, etc.), porém esse assunto é mais amplo, uma vez que os museus são fontes de extensão para diferentes atividades da cidade conforme demanda diretiva e/ ou cultural.
5) O Museu possui os projetos “A Escola visita o Museu”, “O Museu vai à Escola” e “Professor no Museu”, desenvolvidos para que a comunidade educacional tenha acesso a essa cultura. Diante dos dados de participação da sociedade em 2014, esses projetos serão mantidos? Há novos projetos a serem implantados em 2015? Em caso positivo, poderia citar?
Todos os projetos ofertados pelo Setor Educativo do Museu Hering serão mantidos para 2015, sendo que alguns sofrem ajustes de viabilidade. Para esse ano alguns projetos ganharam mais projeção devido às avaliações do ano de 2014, tais como o “Engatinhando no Museu” e o piloto “Caminhada Cultural” em estudo de viabilização para esse ano. Esse último tem por objetivo apresentar o patrimônio arquitetônico da Rua Hermann Hering em diálogo com o patrimônio industrial da Cia. Hering.
6) De que maneira você acredita que um Museu pode contribuir com a educação formal, seja no ensino fundamental e médio ou ensino superior?
As instituições museológicas são fontes de estudo e pesquisa tendo como foco principal o acervo sobre a tua guarda. Cabe a essas instituições ofertarem temáticas transversais a da sua exposição para ofertar o ensino e aprendizagem. Ou seja, os museus são extensões do ensino formal, pelo qual o visitante tema oportunidade de transitar pela narrativa apresentada de forma crítica e participativa. Ou ainda, servirem de apoio/ projeto para ações especificas sobre o seu acervo em diálogo com o contexto que o insere.
7) Como são conservados os objetos do Museu? Há algum tratamento especial?
O Museu Hering trabalha com o conceito de conservação preventiva, aborda atividades direcionadas para a preservação e para a manutenção de acervos. Utiliza-se de procedimentos de prevenção incluindo a segurança, e de controle, os quais são focados nos edifícios e em seus entornos, e principalmente, na utilização criteriosa dos acervos. Esses procedimentos podem ser aplicados ao acervo acondicionado em reserva técnica, em exposição, e também, para obras em trânsito. Assim, o foco do trabalho concentra-se como ora mencionado na conservação preventiva, uma vez que estamos conhecendo e quantificando o acervo sobre a guarda do museu.
8) Em nível de Brasil, você considera que os Museus são valorizados pela sociedade e pelo poder público ou verifica que essas classes vêm à instituição Museu somente enquanto ponto turístico de uma cidade?
Analisando o panorâmico histórico dos Museus podemos perceber as mudanças no cenário cultural, perpassando pelo ISPHAN, IPHAN, DEMU, IBRAM, etc. E até mesmo pela criação do primeiro curso de museologia na década de 1930. Todas essas ações envolvem diferentes perfis, desde os acadêmicos, técnicos e até a comunidade civil que possuem e reconhecem o valor do patrimônio e buscam a proteção e/ou reafirmação enquanto histórica de seu meio. Não podemos negar que o turismo possui um papel importante para fomentar os bens culturais que ganham potencial para que outros possam conhecer e para tanto reafirma o valor histórico, social e cultural das cidades por diferente enfoque e/ou narrativas comunicacionais. Essa conjuntura de atores é de fundamental importância para que possamos estabelecer estratégias de ações em prol dos museus.
9) O Museu Hering, em sua constituição organizacional e manutenção de acervo, é exemplo para os demais museus da cidade? Por quê?
O cenário museológico na cidade de Blumenau reflete os dilemas comuns no que diz respeito à conservação, documentação de seu acervo institucional, etc. Todas as instituições dentro de suas limitações são dignas de exemplo, uma vez que operam com diferentes tipologias de acervo e tem como premissa sua conservação. A iniciativa do Grupo de Estudos Museológicos (GEPEVI) demonstra a potencialidade das iniciativas para os museus da cidade.

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