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Camille Buger – T8 Problema 4 – Chamem o Médico! Hipertensão Crônica, Hipertensão Gestacional, Pré-Eclâmpsia, Eclâmpsia Hipertensão crônica (HC): hipertensão arterial persistente anterior à gravidez ou anterior a 20 semanas e que se mantém após o puerpério. PA ≥ 140X90 mmHg. Esta condição não está associada a edema e proteinúria (salvo se já houver dano renal antes da gravidez) e persiste decorridas 12 semanas de pós-parto. Podendo ser dividida em PRIMÁRIA (essencial) e SECUNDÁRIA (lesão em órgão alvo, secundária a outros distúrbios como doença renal), em LEVE e GRAVE (PA ≥ 180/110 mmHg), as graves já são consideradas de ALTO RISCO. Hipertensão arterial crônica com pré- eclâmpsia superajuntada: Pacientes com HC que evoluem para pré eclampsia sobreposta. HC há mais de 4 anos ou história de pré- eclâmpsia em outras gestações apresentam um risco maior de ter essa doença sobreposta. A doença superposta tende a ser mais grave e, com frequência, é acompanhada por restrição do crescimento fetal. Tem proteinúria! Hipertensão Gestacional (HG): ocorre quando a mulher apresenta pela primeira vez na vida, níveis pressóricos alterados após metade da gestação (Depois de 20 semanas), sem presença de proteinúria. A pressão arterial volta ao normal em torno de 12 semanas após o parto. Pré-Eclâmpsia: aparecimento de hipertensão e proteinúria após 20 semanas de gestação em gestante previamente normotensa. A pré- eclâmpsia é uma desordem multissistêmica, idiopática, específica da gravidez humana e do puerpério. • Hipertensão: PA ≥ 140X90 mmHg. • Proteinúria: presença de 300 mg ou mais de proteína em urina de 24h. O American College of Obstetricians and Gynecologists, em 2013, publicou uma nova diretriz para diagnóstico de pré-eclâmpsia que inclui pacientes com novo quadro hipertensivo, mas sem proteinúria, desde que seja encontrado um dos seguintes achados: ⎯ Trombocitopenia ( 1,1 mg/dl ou duplicação do valor normal, na ausência de outras doenças renais); ⎯ Edema agudo de pulmão; ⎯ Sintomas visuais ou cerebrais Eclâmpsia: É a ocorrência de crises convulsivas, seguidas ou não de coma, em uma paciente com pré-eclâmpsia, descartando-se outras causas. São geralmente convulsões do tipo tônico- clônicas generalizadas e podem aparecer antes, durante ou após o parto, sendo mais raras após 48h de puerpério, embora possam ocorrer até o 10º dia. Camille Buger – T8 Algumas pacientes evoluem para o coma sem apresentar antes convulsão (“eclâmpsia branca” ou “eclampsia sine eclampsia”). Pode ter como causas o vasoespasmo cerebral com isquemia local, encefalopatia hipertensiva, edema vasogênico e dano endotelial. Geralmente, as convulsões são autolimitadas, durando de dois a três minutos, e são precedidas de sinais como cefaleia, alterações visuais, epigastralgia e dor no quadrante superior direito do abdome. Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG) A doença hipertensiva específica da gestação (DHEG) é uma das complicações mais frequentes da gravidez. A DHEG compreende o conjunto das alterações pressóricas observadas na gestação, incluindo a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia. Ela é caracterizada pela presença de hipertensão arterial, edema e/ou proteinúria a partir de 20 semanas de gestação (após a segunda metade da gestação → oriundas de alterações decorrentes da invasão trofoblástica), em pacientes previamente normotensas. Eclâmpsia é a ocorrência de convulsões tônico-clônicas generalizadas em gestante com pré-eclâmpsia. Essas doenças apresentam alta taxa de morbidade e mortalidade maternas, formando junto com a hemorragia e infecção materna, a chamada “tríade mortal” da gestação. Epidemiologia: De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a hipertensão é responsável por 4% dos óbitos maternos no mundo, variando de 12,9% das mortes maternas nos países desenvolvidos a até 22,9% na América Latina. Estima-se que cerca de 5 a 10% de todas as gestantes apresentam um distúrbio hipertensivo, sendo que 70% são provenientes de pré-eclâmpsia e 30% são decorrentes de hipertensão crônica. Além disso, a DHEG também eleva a morbimortalidade perinatal, visto que pode ser a gênese de diversas complicações como prematuridade, restrição do crescimento fetal, sofrimento fetal e morte perinatal. Fatores de Risco: A gestante de risco para DHEG pode ser identificada pela presença de fatores epidemiológicos e clínicos. A maioria dos casos (75%) ocorre em mulheres nulíparas e nos extremos da vida reprodutiva. Entre outros fatores de risco para o desenvolvimento de DHEG e de suas complicações, destacam-se nível socioeconômico desfavorável, idade materna avançada, história familiar de DHEG, obesidade, gestação múltipla, doença trofoblástica gestacional, DHEG em gestação pregressa, diabetes mellitus, doença renal, doenças do colágeno e trombofilias (em especial a SAF – síndrome dos anticorpos antifosfolípides). Camille Buger – T8 Etiologia: A etiologia não é totalmente esclarecida. O mais aceito é que essas teorias atuem em conjunto, e a DHEG seja resultado de uma invasão trofoblástica inadequada, mediada por fatores imunogenéticos. Como consequência disso, ocorre aumento da resistência vascular, da permeabilidade capilar e a ativação do sistema de coagulação, o que promoverá as alterações multissistêmicas, associadas a menor perfusão generalizada que ocorre nos órgãos, que são frequentemente encontradas nessa patologia. Fisiopatologia: Tem como base a implantação anormal da placenta no leito uterino devido à ausência da segunda onda de invasão trofoblástica, que ocorre no segundo trimestre (em torno da 16ª - 20ª semana). Teoria da Placentação Anormal: A placenta desenvolve-se primariamente de células chamadas trofoblastos, que se diferenciam inicialmente em dois tipos: ⎯ Citotrofoblasto, que é o precursor de todos os trofoblastos, ⎯ Sinciciotrofoblasto, que é o responsável pela invasão da decídua e das artérias espiraladas. A invasão destas artérias pelo sincício leva a um alargamento do diâmetro do vaso de quatro a seis vezes; o resultado é um aumento do fluxo sanguíneo, que desenvolverá feto e placenta. É função do trofoblasto fazer a destruição da musculatura vascular e membrana elástica do vaso, ou seja, estas células substituem os revestimentos muscular e endotelial vascular, aumentando o diâmetro do vaso. Isso ocorre inicialmente no primeiro trimestre, quando o trofoblasto intersticial promove a desorganização do músculo liso vascular. Ou seja, ocorre a 1ª onda: Entre 6ª – 12ª semanas, ocorre a destruição da capa musculoelástica das artérias espiraladas no seu segmento decidual. Tem aumento do lúmen da artéria espiralada no endométrio. Depois disso, ocorre a chegada do trofoblasto endovascular, considerada a 2ª onda de migração trofoblástica, onde ocorre a invasão da camada muscular média das artérias espiraladas do miométrio pelo sinciciotrofoblasto, diminuindo a resistência vascular e aumentando o fluxo sanguíneo placentário. Esse processo ocorre 4 semanas após o primeiro (Entre a 16ª e 20ª semana). Após esses processos, a placenta torna-se órgão extremamente vascularizado que permite as trocas materno-fetais. Acredita-se que em grávidas com pré-eclâmpsia (por mecanismos imunológicos e genéticos), a segunda onda de migração trofoblástica não ocorra. Na DHEG, pouquíssimas artérias espiraladas fazem a transformação completa no seu segmento miometrial, ou seja, a remodelação das artérias espiraladas está ausente ou incompleta, na segunda onda de migração trofoblástica. Sendo assim, as artérias espiraladas não perdem o revestimento endotelial e muscular, mantendo o diâmetroem metade do que os vasos nas placentas normais. Camille Buger – T8 Os vasos permanecem estreitos e desenvolve- se isquemia placentária. A hipoperfusão placentária se torna mais pronunciada com a progressão da gestação, uma vez que a vascularização uterina anormal é incapaz de acomodar o crescimento do fluxo sanguíneo para o feto e placenta que ocorre com o progredir da gestação. Este evento isquêmico acaba levando à injúria do endotélio vascular por mecanismos ainda pouco compreendidos (radicais livres e outras toxinas têm sido implicados). A síndrome clínica então aparece, resultante de alterações generalizadas na função da célula endotelial. O endotélio lesado, em decorrência de isquemia, promove a coagulação e aumenta sua sensibilidade aos agentes vasopressores. A produção de Prostaciclina (PGI) esta reduzida e a de tramboxano A2 (TXA2) esta aumentada. Este aumento do TXA2 em relação a PGI2 promove vasoconstrição e agregação plaquetária e sensibiliza os vasos à ação da angiotensina II e da noradrenalina. Como consequência de todo o processo temos o espasmo arteriolar placentário e sistêmico. Sabe-se que o vasospasmo é responsável pela hipertensão e aumento da permeabilidade capilar que pode levar à proteinúria, edema, hemoconcentração e ativação da coagulação, responsável pela plaquetopenia. As convulsões que ocorrem na Eclâmpsia são resultado de dois fatores. Primeiro, em resposta à hipertensão grave, ocorreria vasoespasmo com redução do fluxo sanguíneo cerebral, resultando em isquemia, edema citotóxico e eventual infarto tecidual. O segundo fator é a elevação brusca da pressão arterial que causaria perda da capacidade de autorregulação vascular cerebral. Resumo: Com a gravidez ocorre um remodelamento da arquitetura vascular da região. A artéria espiralada precisa então aumentar seu lumen para diminuir a resistência vascular e o fluxo placentário. Isso ocorre no 1º trimestre com o trofoblasto fazendo a destruição e substituição dos revestimento musculares e endotelial. 1ª onda: 6-12 s, lúmen no endométrio 2ª onda: 16-20s, lúmen no miométrio Nas pacientes com de DHGE e não acontece a 2ª onda. Os vasos permanecem estreitos e desenvolve: isquemia placentária → lesão endotélio vascular → coagulação, prostaciclina e tramboxano A2 → vasoconstrição e agregação plaquetária. O vasosespamo fica então responsável pela hipertensão, proteinúria e ativação da coagulação. Camille Buger – T8 Teoria do Estresse Oxidativo Cita a hipoxemia placentária como a responsável pela geração de radicais livres derivados do oxigênio; estes últimos ganham a circulação e levam a danos endoteliais. Teoria da suscetibilidade Genética: Estudos apontam um envolvimento genético na DHEG. Vários polimorfismos gênicos, como do fator de necrose tumoral (TNF), linfotoxina-alfa, interleucina-1 beta, já foram associados, assim como uma variante do gene do angiotensinogênio. Teoria imunológica: Acredita-se que na DHEG ocorra uma resposta inflamatória exacerbada que impede a placentação adequada. Isso pode ser resultado do excesso de carga antigênica fetal, ausência de anticorpos bloqueadores que teriam um efeito protetor contra a imunidade celular materna, a ativação de polimorfonudeares e do complemento, além da liberação de citocinas citotóxicas e interleucinas. A produção exagerada de citocinas pode ser resultado do desequilíbrio entre a quantidade dos dois tipos de linfócitos T, com predomínio dos linfócitos T helper 2 (Th2) em relação aos linfócitos T helper 1 (Th1). Desse mesmo modo, acredita-se que a exposição prévia a um mesmo antígeno paterno tenha efeito protetor e um antígeno diferente apresente efeito contrário. Isso reforça a hipótese de que a troca de parceiros pode ter relação com o surgimento da DHEG. Camille Buger – T8 Repercussões Sistêmicas: Formas Clínicas e Diagnóstico: Hipertensão Gestacional: O diagnóstico de HG é feito quando surge pela primeira vez a hipertensão durante a gravidez. Porém, nesses casos, deve ter ausência de proteinúria. Além disso, o diagnóstico de certeza é dado somente após o parto, quando a pressão retorna ao normal antes de 12 semanas pós-parto. Além disso, devem ser solicitados a cada 15 dias exames laboratoriais como hemograma, função hepática, renal, bilirrubinas, proteinúria, DHL e Ácido úrico. A cardiotocografia deve ser feita uma vez por semana, a partir de 30 semanas e a USG com Doppler de Artéria Umbilical, a cada 15 dias, a partir de 28 semanas. Pré-Eclâmpsia: O diagnóstico de pré-eclâmpsia tem como base o aparecimento de hipertensão e proteinúria. O edema e aumento de peso não são mais considerados critérios diagnósticos. - Hipertensão: a pressão arterial maior ou igual a 140 x 90 mmHg. A pressão deve ser medida com a paciente em repouso por pelo menos dez minutos, sentada, no braço direito, que deve ser mantido no mesmo nível do coração. Deve ser confirmada em duas medidas espaçadas por, pelo menos, quatro horas, não devendo ser espaçadas por mais de sete dias. - Proteinúria: pode ser pesquisada através dos seguintes exames: Camille Buger – T8 Proteinúria de 24 horas: presença de 300 mg ou mais de proteína em urina de 24h. Exame mais acurado para quantificação da proteinúria. Inicia-se a coleta ao despertar da paciente. Nesse momento, a primeira micção é descartada e a hora exata anotada. A seguir, todas as micções são coletadas e a última micção deve ser realizada no mesmo horário da primeira micção descartada. Proteína em fita: 1+ ou 2+ em duas amostras quaisquer colhidas com um intervalo mínimo de quatro horas. Alguns autores refiram que 1+ seja compatível com valores maiores que 300mg em 24 horas, 2+ com valores maiores que 2 g. Nesses casos, devem-se colher duas amostras, visando confirmar proteinúria persistente, visto que a proteinúria pode ser flutuante ao longo do dia. Dosagem em amostra isolada: 30 mg/dl ou mais em amostra urinária isolada se associa a níveis superiores a 300 mg/24 horas. Entretanto, esta informação não é valorizada por todos os autores. Só deve ser utilizada se não houver condições de se coletar urina de 24h e deve ser confirmada pela repetição da dosagem. Relação proteína/creatinina urinária: pode ser utilizada numa amostra isolada de urina, minimizando erros de coleta e laboratoriais e economiza tempo para os resultados. Valores maiores ou iguais a 0,3 se associam significativamente com proteinúria > 300 mg/24 horas. - Edema: O edema (mãos, face e abdome) não é mais considerado como integrante das manifestações clínicas. As publicações contrárias à inclusão do edema se baseiam na elevada frequência desse sinal em gestações normais (1/3 das mulheres com 38 semanas de gestação), podendo inclusive ser encontrado em mãos e face de gestantes sem a patologia. Dessa forma, por ser um achado tão comum na gravidez, o edema não deve validar o diagnóstico de pré-eclâmpsia, assim como a sua ausência não descarta completamente a presença desta condição. CLASSIFICAÇÃO: Pré Eclâmpsia leve: Um aumento súbito e exagerado do peso costuma ser o primeiro sinal do desenvolvimento da pré-eclâmpsia. O aumento de peso é causado pela retenção hídrica e precede o desenvolvimento do edema. Geralmente a hipertensão arterial é o próximo sinal identificado, sendo a proteinúria o sinal mais tardio. Pré-Eclâmpsia Grave: A presença de qualquer um dos sinais presentes na Tabela indica gravidade do processo toxêmico. É importante ressaltar que a pré-eclâmpsia grave pode se instalar mesmo na ausência de níveis tensionais muito elevados. O diagnóstico de pré-eclâmpsia é feito na presença de hipertensão arterial e proteinúria > 300 mg/24 h ou > 1 + em fita. Camille Buger – T8 Iminênciade Eclâmpsia: Alguns sinais são incomuns nos casos leves e aumentam a sua frequência à medida que o quadro se agrava. São indicativos de iminência da primeira convulsão eclâmptica: − Distúrbios cerebrais, como cefaleia (frontoccipital e pouco responsiva a analgésicos), torpor e obnubilação; − Distúrbios visuais como turvação da visão, escotomas, diplopia e amaurose; − Dor epigástrica (dor em barra de chaussier) ou no quadrante superior direito, causada por isquemia hepática ou distensão da cápsula do órgão devido a edema ou hemorragia; e − Reflexos tendinosos profundos exaltados. Síndrome HELLP Hemólise, Aumento de Transaminases e Trombocitopenia. Hemólise ELevação das enzimas hepáticas LP (low platelets) baixa contagem de plaquetas. Provavelmente representa uma forma grave de préeclâmpsia, porém ainda não há consenso a respeito desta relação, uma vez que cerca de 15 a 20% das pacientes não apresentam antecedentes de hipertensão ou proteinúria A hemólise é definida pela presença de anemia hemolítica microangiopática, sendo a alteração mais importante da tríade. O diagnóstico pode ser fornecido por um esfregaço anormal de sangue periférico, que identifica esquizócitos (ou helmet cells), equinócitos e burn cells. Outros dados laboratoriais incluem aumento da bilirrubina indireta, haptoglobina diminuída ( 600 U/L ou Bilirrubina Total ≥ 1,2 mg/dl; − TGO ≥ 70 U/L; − Plaquetas 115 mmHg; Descompensada: choque, coma, hemorragia cerebral ou necessidade de assistência ventilatória. O diagnóstico de eclâmpsia na presença de uma ou mais crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas e/ou coma, na ausência de outras causas quer expliquem o quadro em mulher com pré-eclâmpsia ou hiper- tensão gestacional. As crises convulsivas podem ocorrer na gestação, parto ou puerpério (48 a 72h do pós-parto). Sinais como cefaleia occipital ou frontal per- sistentes, visão borrada, fotofobia; dor abdominal em epigástrio ou quadrante superior direito e estado mental alterado, são considerados como de iminência de eclâmpsia. Propedêutica no diagnóstico da DHEG Quadro clínico: A maioria dos casos de DHEG é assintomática ou apresenta sintomas geralmente no final da gestação. Por isso, devemos realizar uma propedêutica rigorosa durante todas as consultas de pré-natal, visando o diagnóstico mais precoce possível para evitar a evolução para formas mais graves da doença. Por isso, devemos sempre questionar na anamnese a presença de fatores de risco, como comorbidades prévias a gestação e passado obstétrico. Sendo assim, em todas as consultas de pré-natal, durante o exame físico, as gestantes devem ser submetidas a monitorização do ganho de peso e pressão arterial. Lembre-se que o primeiro passo para o diagnóstico de qualquer espectro da DHEG é presença de hipertensão. Ela é diagnosticada, quando aferida corretamente, na presença da medida maior ou igual a 140 mmHg de pressão sistólica ou 90 mmHg da diastólica. Exames laboratoriais: Vários exames laboratoriais servem para fornecer o diagnóstico diferencial e acompanhamento de complicações das síndromes hipertensivas na gravidez. Camille Buger – T8 - Proteinúria: nos alerta para possibilidade de DHEG. - Ácido Úrico: dosagem é importante pois sua elevação ocorre precocemente na DHEG e pode estar relacionada à queda da fiItração glomerular ou a alterações de reabsorção e excreção tubular. Além disso, os níveis de hiperuricemia correlacionam-se com o grau de hemoconcentração, gravidade da endoteliose glomerular e gravidade da doença hipertensiva. O nível sérico superior a 6 mg/dL, em gestante com valores anteriormente normais e sem uso de diuréticos, altamente sugestiva da presença de DHEG. - Hemograma com contagem de plaquetas: A plaquetopenia é mais frequente em pacientes com quadro clínico mais grave de DHEG. - Pesquisa de esquizócitos: Em formas mais graves de DHEG pode ocorrer anemia microangiopática devido a alterações nos pequenos vasos sanguíneos, e consequentemente, reticulocitose, hemoglobinemia e hemoglobinúria. Nesses casos, além da queda do nível de hemoglobina, surgem alterações morfológicas das hemácias, chamadas de esquizócitose. Esquizócitos são eritrócitos fragmentados, irregularmente contraídos. - Bilirrubinas e enzimas hepáticas: Devido à hemólise que pode ocorrer em na DHEG grave, pode ocorrer icterícia e/ou o aumento de bilirrubinas associada ao aumento de DHL e das enzimas hepáticas. - Ureia e creatinina: Durante a gestação normal, em função do aumento do ritmo de filtração glomerular, ocorre queda dos níveis séricos de ureia e creatinina. No entanto, devido às alterações fisiopatológicas da DHEG grave, pode ocorrer diminuição da filtração glomerular, levando à elevação da ureia e creatinina. Manejo da DHGE O manejo da DHEG visa inicialmente prevenir o surgimento de formas graves da doença e tratar a elevação da pressão arterial. PREVENÇÃO: As intervenções recomendadas e que podem resultar em redução dos riscos de desenvolver pré-eclâmpsia são: o uso de ácido acetilsalicílico (AAS) e a suplementação de cálcio. AAS: 100-150 mg/dia a noite. Iniciar na 12ª semana e parar na 36ª → permite a renovação das plaquetas com plena capacidade funcional para as demandas do parto. Cálcio: 1-2 g dia. Condutas na Pré-Eclâmpsia e Hipertensão Gestacional Princípios Gerais: orientação sobre os sinais de comprometimento da doença, encaminhamento e assistência em serviços terciários com assistência neonatal, bom controle pressórico, prevenção de eclampsia e a sua recorrência e na identificação precoce de alterações laboratoriais. Avaliação do bem estar fetal. Não Farmacológico: Dieta: dieta normal, sem restrição de sal. Repouso hospitalar ou domiciliar: redução da atividade física contribui para melhora no fluxo de sangue uteroplacentário e previne exacerbação da hipertensão. Acompanhamento laboratorial: para identificar precocemente comprometimento de órgão alvo e diagnóstico de síndrome HELLP em estágio inicial.Camille Buger – T8 Hemograma (Hematócrito, hemoglobina e contagem de plaquetas), DHL, bilirrubina total ou haptoglobina, creatinina e AST. Tratamento Farmacológico: Anti-Hipertensivos: Ao se considerar a necessidade de tratamento medicamentoso, recomenda-se, inicialmente, a classificação da PA durante a gestação em: • Hipertensão arterial Leve: PA ≥140x90 mmHg; • Hipertensão Arterial Moderada: PA ≥ 150x100 mmHg; • Hipertensão Arterial Grave: PA ≥ 160x110 mmHg. Hipertensão Arterial Leve e Moderada Todos os anti hipertensivos atravessam a barreira placentária, porém, o Metildopa, Anlodipino (Bloqueador do canal de Cálcio), Metaprolol (BetaBloqueador) apresentam perfil de segurança aceitável. O anti-hipertensivo mais utilizado é a Metildopa! Devem ser usados comprimidos de 250 mg, VO, 3 vezes ao dia! *ATENÇÃO: São contraindicados na gestação inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA), os bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA II) e os inibidores diretos da renina → se associam a anormalidades no desenvolvimento dos rins fetais quando utilizados a partir do segundo trimestre de gestação. Pacientes que já estavam em uso desses medicamentos devem suspender e/ou substituir a medicação no 1º Trimestre de gestação ao diagnóstico da gravidez. Essas drogas não são teratogênicas e sim fetotóxicas, não havendo rico de mal formação. Hipertensão Arterial Grave Também referido como crise hipertensiva, as pacientes devem ser internadas ou levadas para centros de referencia → investigar lesão em órgão-alvo e condições fetais. Hidralazina: 1 ampola é 1ml, dissolvo em 19 ml de agua destilada ou soro glicosado → Administro 5 ml, IV, a cada 20 minutos, até no máximo 6 doses se necessário. 2ª opção é Nifedipino, 5 mg, VO, a cada 30 minutos até a PAS estiver 90-100 mmHg. *Não dar sublingual → hipotensão arterial grave!! Camille Buger – T8 Hidralazina: um vasodilatador periférico, é amplamente utilizada na pré-eclâmpsia para o tratamento agudo da hipertensão grave. A ação máx ocorre em 20 minutos. O monitoramento da PA deve ser rigoroso, há riscos de hipotensão, que deve ser prontamente corrigida com a elevação dos membros inferiores e remoção de medicações. Nifedipino: bloqueador de canais de cálcio, ação máxima ocorre entre 30 e 40 minutos. Salienta- se que os comprimidos não devem ser mastigados. Tratamento da Eclâmpsia O sulfato de magnésio passou a ser a droga de escolha para o tratamento da iminência de eclâmpsia e da eclâmpsia. Ademais, recentemente a exposição fetal à terapia com sulfato de magnésio se mostrou como importante arma na redução dos casos de paralisia cerebral e disfunção motora grave em recém-nascidos prematuros (sutura através da observação simultânea do sangramento. Inclui também a execução de histerotomia segmentar transversa para retirada dos coágulos e facilitação da aplicação da sutura. O princípio da sutura de B-Lynch é o mesmo da massagem uterina, pois promove o dobramento das paredes uterinas em direção ao segmento uterino, sem atravessá-las no sentido anteroposterior. Placenta Prévia Placenta prévia é toda placenta inserida no segmento inferior do útero após 28 semanas de gestação. A placenta prévia parece originar-se de uma anormalidade da implantação. Com o avanço da paridade, por exemplo, o endométrio pode estar danificado (deciduação deficiente) e o embrião, como consequência, buscará outros locais para sua nutrição, implantando-se no segmento inferior do útero.