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direito penal; principio da insignificancia; crimes de furto

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PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM CRIMES DE FURTO
DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA
	O acordão em tela trata de habeas corpus julgado no Supremo Tribunal Federal, número 115.707 do Mato Grosso do Sul, em que há o debate sobre a aplicação do princípio da insignificância. Trata-se de furto de uma bicicleta, avaliada em R$ 459,89, marca Monark, e o autor já havia sido condenado, em 2010, à pena de um ano de reclusão. Assim, o autor desejava a aplicação do princípio da insignifiância pela coisa furtada ser de baixo valor sem ser atingido de maneira ofensiva ou concretamente perigosa o bem jurídico.
	Com base nisso, a Relatora Ministra Carmén Lúcia afirma que a tipicidade penal não pode ser analisada como o exercício de mera adequação do fato concreto à norma abstrata. Ademais, relata: 
"Além da correspondência formal, a configuração da tipicidade demandaria uma análise materialmente valorativa das circunstâncias do caso concreto, para verificar a ocorrência de alguma lesão grave, contundente e penalmente relevante do bem jurídico tutelado."
	Não obstante isso, é preciso verificar que a bicicleta era de considerável importância da vítima, vez que a vítima execer a profissão de campeiro e precisa da bicicleta para a sua locomoção. Além disso, há precedentes no Superior Tribunal de Justiça afirmando que a aplicação desse princípio da insignifância só ocorrerá em duas hipóteses: na insignificância da conduta, em que há uma aceitação social, e na insignificância do resultado, a qual a lesão do bem jurídico é irrelevante.
	Por óbvio que nesse caso a lesão jurídica é significante para a vítima de parcos recursos financeiros. Afinal, além de auferir pouca renda, a vítima, quando tomou conhecimento do crime, já realizou as medidas necessárias para que fosse procedido a sua elucidação. Assim, entendeu-se que a bicicleta não era indiferente para o patrimônio da vítima. 
	Insta salientar, também, que o autor é reincidente. E, como entendido nos Habeas Corpuas nº 107.138, a aplicação do princípio da insignificância poderia significar um verdadeiro estímulo para a prática destes delitos. Assim, a Relatora desse julgado afirma que o criminoso que prática esses pequenos delitos, não pode ser tratado pelo Direito Penal como se tivesse praticado condutas irrelevantes por seus crimes serem considerados ínfemenos isolodamente, visto que ao analisar tais crimes em conjunto seriam tranformados em verdadeira forma de vida do agente.
	Com isso a Relatora sintetiza denegando a ordem:
"O princípio da insignificância não foi estruturado para resguardar e legitimar constantes condutas desvirtuadas, mas para impedir que desvios de conduta ínfimos, isolados, sejam sancionados pelo direito penal, fazendo-se justiça no caso concreto. Comportamentos contrários à lei penal, mesmo que insignificantes, quando constantes,devido à sua reprovabilidade, perdem a característica da bagatela e devem se submeter ao direito penal."
	
	No mesmo sentido, Cezar Roberto Bitencourt em seu livro "Tratado de Direito Penal" relata que a insignificância da conduta do agente tem de ser analisada, não tão-somente em relação à importância do bem jurídico atingido, mas também e, principalmente, em relação à extensão da lesão produzida. Com isso o doutrinador conclui:
"(...), é imperativa uma efetiva proporcionalidade entre a gravidade da conduta que se pretende punir e a drasticidade da intervenção estatal. Amiúde, condutas que se amoldam a determinado tipo penal, sob o ponto de vista formal, não apresentam nenhuma relevância material. Nessas circunstâncias, pode-se afastar liminarmente a tipicidade penal porque em verdade o bem jurídico não chegou a ser lesado".
	Outrossim, Rogério Greco apresenta posicionamento no mesmo sentido ao afirmar que o legislador, ao redigir tipos penais, somente se preocupa com o impacto que a violação do tipo penal ocasiona no âmbito da ordem jurídica e social. Ocorre que o legislador, nas palavras de Greco, não dispõe de maiôs para que também sejam alcançados os casos leves. Com isso, Greco aborda de maneira bastante eloquente sobre o princípio:
"O princípio da insignificância surge justamente para evitar situações dessa espécie, atuando como instrumento de interretação restritiva do tipo penal, com o significado sistemático político-criminal da expressão da regra constitucional do nullum crimen sine lege, que nada mais faz do que revelar a natureza subsidiária e fragmentária do direito penal".

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