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Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 1 Enzimas, Coenzimas e Vitaminas Enzimas = Catalisadores Biológicos o São proteínas (existem excessões - RNA) o Velocidades reacionais 106 a 1012 vezes maior o Condições brandas de reação o Alta especificidade o Regulação do sistema catalítico Introdução à catálise enzimática Considere a seguinte reação: 2 H2O2 2 H2O + O2 Diagrama de Energia do Estado de Transição • A reação é termodinamicamente vavorável, mas ocorre muito lentamente. • A baixa velocidade é devida a alta energia de ativação para a reação. • Somente uma pequena parcela das moléculas tem energia suficiente para sobrepor a barreira de ativação. • Podemos aumentar a energia do sistema, mas essa não é uma opção para os sistemas biológicos. Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 2 Reações Enzimáticas • As enzimas agem criando vias mais fáceis para que uma reação aconteça; • Reagentes, produtos e equilíbrio químico não são alterados; • Aumentam a velocidade das reações diminuindo a barreira da energia de ativação; • Os catalisadores atuam reduzindo a energia livre do estado de transição da reação catalisada sem alterar o ΔG, o ΔH e a Keq da reação. Nomenclatura da Enzimas O nome comum das enzimas é baseado em: • Sobre qual substrato a enzima atua; • Qual o tipo de ação catalítica é promovida pela enzima; • Adição do sufixo ase. Exemplos: Lactase – enzima que atua sobre a lactose; Piruvato descarboxilase – enzima que remove grupo caboxila do piruvato. Cada enzima tem um nome sistemático terminado em ase e um número de quatro dígitos (EC) que a classifica considerando classe, subclasse, sub- subclasse e um número de série (http://www.expasy.ch/sprot/enzyme.html). Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 3 Classificação das enzimas de acordo com a reação catalisada Classificação Tipo de Reação Catalisada 1 – Oxidorredutases Reações de oxidação-redução 2 – Transferases Tranferência de grupos funcionais 3 – Hidrolases Reações de hidrólise 4 – Liases Eliminação de grupos para formas ligações duplas 5 – Isomerases Isomerização 6 - Ligases Formação de ligação, acoplada à hidrólise de ATP Exemplo de nomenclatura sistemática (oficial): peptidil-L-aminoácido- hidrolase EC 3.4.17.1 (carboxipeptidase A) Especificidade das Enzimas Especificidade absoluta Reconhecimento de um único substrato Especificidade de Grupo Trabalha com moléculas similares, com os mesmos grupos funcionais Especificidade de Ligação Reconhece tipos específicos de ligações Estereoespecificidade Reconhecimento das formas estereoisoméricas de seus substratos ou produtos. Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 4 Reconhecimento Enzima-Substrato Modelo Chave-Fechadura (1894) Modelo Encaixe Induzido (1958) Etapas da catálise enzimática Ao final de cada processo catalítico, com a liberação do(s) produto(s), as enzimas retornam a sua condição original e voltam a participar em outras reações. Sítio Ativo Sítio Ativo Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 5 k1 kp k-1 Equação de Michaelis-Menten O mecanismo para este tipo de reação foi originalmente formulado por Michaelis e Menten. No caso mais simples, um substrato (S) reconhecido por uma enzima (E) forma um complexo ativado (ES). Esse complexo pode levar à formação de um produto (P) ou tornar ao substrato (S) e a enzima livre (E). E + S ES P + E Três expressões de velocidade são usadas para descrever a reação enzimática: Velocidade de formação de ES = Vf = k1[E0-ES][S] Velocidade de decomposição de ES = Vd = (k-1 + kp)[ES] Velocidade de formação do produto = Vp = kp[ES] E0 = concentração inicial de enzima. Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 6 A equação de velocidade pode ser deduzida por dois caminhos: Modelo de equilíbrio rápido: as concentrações de E, S e ES alcançam o equilíbrio muito rapidamente, o que vale dizer que o passo limitante da reação é aquele onde ES se desdobra em E + P. Nessa condição a velocidade da reação depende da concentração de ES Æ v = kp[ES]. Se dividirmos a equação acima pela concentração total de enzima ([E0] ou [E] + [ES]) teremos a seguinte derivação: v/[Et] = kp[ES]/([E] + [ES]) (1) Expressando [ES] em termos de [S], [E] e KS, onde KS (k-1/k1) é a constante de dissociação do complexo ES, teremos: [ES] = [S][E]/KS Substituindo [ES] por [S][E]/KS na equação 1 teremos: v/[E0] = kp[S][E]/KS /([E] + [S][E]/KS) (2) Dividindo os braços da equação 2 por kp e cancelando [E], teremos: v/kp[E0] = ([S] /KS) / (1 + [S] /KS) (3) Se v = kp[ES], então kp[E0] = Vmáx, daí a equação 3 fica v/Vmáx = ([S] /KS) / (1 + [S] /KS) ≡ v/Vmáx = [S] / (KS + [S]) (Equação de Henri-Michaelis e Mentes) Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 7 Modelo do estado estacionário (Briggs e Haldane): considera que a velocidade de formação do produto é muito superior à velocidade de dissociação do complexo ES. Assim, quando [S]>>[E0] e S e E são misturados, estabelece-se um estado estacionário no qual [ES] permanece constante por um certo período de tempo. Se [ES] é constante, significa dizer que a velocidade de formação de [ES] é igual a velocidade de decomposição de [ES]: k1[E][S] = (k-1 + kp)[ES] Evidenciando [ES]: [ES] = k1[E][S] / (k-1 + kp) (k-1 + kp) / k1 Æ Km (constante de Michaelis) (Note que quando kp for muito menor que k-1, Km = KS) Assim, [ES] = [S][E] / Km Substituindo [ES] na equação de velocidade: v/[E0] = kp[ES]/([E] + [ES]) v/Vmáx = [S]/(Km + [S]) • O Km pode ser definido como a concentração de substrato onde se alcança a metade da velocidade máxima; • Ou, a concentração de substrato onde metade dos sítios catalíticos ativos das enzimas estão complexados com substrato. • Ainda podemos, através do valor do Km, inferir sobre a afininidade da enima pelo substrato. Quanto menor o Km, maior a afinidade da enzima pelo substrato. Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 8 Número de ciclos (turnover) (Kcat) enzimáticos É a medida de quão rapidamente uma enzima é capaz de converter seu substrato ao respectivo produto. Número de ciclos (Kcat) = Vmáx/[E0] Exemplo: Uma solução contendo 10-9 mol/L de catalase produz a quebra de 0,4 mol/L de H2O2 por segundo. Número de ciclos = 0,4/10-9 = 40.000.000 de moles de H2O2 por unidade de catalase por segungo. Tabela com exemplos de enzimas e seus Kcat. Gráfico de Lineweaver-Burk O uso da equação de Michaelis-Menten para a determinação do Km e da Vmáx trás, na prática, imprecisão em função da curvatura hiberbólica do gráfico. Lineweaver and Burk propuseram uma forma de linearizar a curva do gráfico através da inversão da equação de Michaelis e Menten: Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 9 Fatores que afetam a velocidade de catálise enzimática Efeito do pH sobre a atividade enzimática Inibição Enzimática Muitas substâncias podem inibir a atividade das enzimas: análogos de substratos, toxinas, drogas, complexos metálicos. O estudo da inibição pode trazer: • Informações sobre as vias metabólicas; • Informações sobre como drogas e toxinas exercem seus efeitos; • Melhorentendimento sobre o mecanismo de ação das enzimas. Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 10 Duas classes de inibidores foram identificados com base no tipo de inibição que promovem: inibidores reversíveis e inibidores irreversíveis. inibidores reversíveis: formam ligações não-covalentes e fracas e se dissociam rapidamente da enzima. A enzima só se mantém inativa quando o inibidor está presente junto à enzima. inibidores irreversíveis: formam ligações covalentes ou ligações não- covalentes muito fortes. Atuam geralmente sobre os aminoácidos nos centros de ancoragem do sítio ativo da enzima. Inibição Competitiva • O inibidor compete pelo sítio ativo da enzima. • Na inibição competitiva há uma alteração do Km, sem alteração da Vmáx. O Km aparente do sistema é aumentado na presença do inibidor. • Quanto maior a concentração do inibidor maior será a amplitude da inibição enzimática. Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 11 Inibição Acompetitiva (incompetitiva) • Na inibição acompetitiva, o inibidor se liga ao complexo ES, em uma região da enzima distinta do sítio ativo, não permitindo que o substrato seja convertido a produto. • No processo reversível, Km e Vmáx são alterados. O Km é diminuído na presença do inibidor e, a Vmáx é reduzida. Inibição Não-Competitiva Inibidor Substrato Natural Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 12 • Na inibição Não-Competitiva, o inibidor não interfere na ligação com o substrato, no entanto o complexo ESI é cataliticamente inativo. • Neste tipo de inibição o Km permanece inalterado, pois não há alteração na afinidade da enzima pelo seu substrato. No entanto, a Vmáx é reduzida com o aumento da concentração do inibidor. Inibição Mista • Na inibição Mista, o inibidor não interfere na ligação com o substrato, no entanto o complexo ESI é cataliticamente inativo. • Neste caso, o Km aparente da enzima é aumentado e a Vmáx é reduzida. Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 13 COENZIMAS E VITAMINAS COENZIMAS • Componente orgânico não protéico • Essencial para a atividade de muitas enzimas • Aceptores de átomos ou grupos funcionais ou doadores destes mesmos grupos ⇒ transportadores • Associada ao substrato no centro ativo da enzima • Coenzima não é modificada • Precede a ligação da enzima ao substrato • Grupo prostético ⇒ ligada covalentemente à enzima • Coenzima na forma “livre” • FAD ⇒ grupo prostético • NAD+ ⇒ forma “livre” • Coenzimas devem retornar ao seu estado original • Vitaminas • Não são sintetizadas por muitos organismos • Fatores de crescimento para microrganismos • Substâncias que curam doenças nutricionais. Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 15 Características das coenzimas mais comuns Coenzima Reação promovida Vitamina Adenosina trifosfato Fosforilação ----- Biotina Carboxilação Biotina Coenzima A Tranferência de grupos acila Ácido pantotênico Coenzimas da cobalamina Alquilação Cobalamina (B12) Coenzimas da flavina Óxido-redução Riboflavina (B2) Ácido lipóico Transferência de grupos acila ----- Coenzimas da nicotinamida Óxido-redução Nicotinamida Piridoxal fosfato Tranferência de grupos amino Piridoxina (B6) Tetraidrofolato Transferência de grupos de 1 carbono Ácido fólico Pirofosfato de tiamina Transferência de grupos aldeído Tiamina (B1) VITAMINAS • Necessidades variam de acordo com a espécie • Características gerais • Substâncias orgânicas heterogêneas • Constituintes normais dos alimentos • Eficientes em quantidades diminutas • Essenciais ao metabolismo normal dos tecidos • Não participam como unidades estruturais da célula • Não são desdobradas para fornecimento de energia • Simbiose no trato digestório ⇒ síntese de vitaminas • Podem ser sintetizadas nos tecidos corporais ⇒ ácido ascórbico • Precursores ou provitaminas • Podem ser consideradas hormônios ⇒ vitaminas lipossolúveis Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 16 Vitaminas sintetizadas nos tecidos animais Vitamina Precursor Órgão A (retinol) Betacaroteno Intestino e fígado D3 (coloecalciferol) 7-deidrocolesterol Pele D2 (ergocalciferol) Ergosterol Pele C (ác. Ascórbico) Glicose Fígado Niacina Triptofano Fígado Inositol Glicose Fígado Colina homocisteína Fígado Classificação das vitaminas Hidrossolúveis e lipossolúveis Diferenças entre vitaminas hidro e lipossolúveis Lipossolúveis Hidrossolúveis Estocagem Sim Não Excreção Lenta (bile) Rápida (urina) Controle Rígido Quase ausente Intoxicação Sim (A e D) Rara (riboflavina) Anafilaxia Não Sim (tiamina) Funções Não enzimáticas Hormonais Coenzimas Estabilidade Muito baixa Variável Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 17 Vitaminas Lipossolúveis Nome comum Nome recomendado Função Fonte Vitamina A1 Retinol Visão Manutenção de epitélios Reprodução ossificação Retinol ⇒ produtos de origem animal Carotenos ⇒ produtos vegetais Retinal Retinaldeído Vitamina A ácido Ácido retinóico Vit A2 ou 3-deidrorretinol Deidrorretinol Retineno-2 ou 3-deidrorretinal deidrorretinaldeído Vitamina D2 ou calciferol Ergocalciferol Metabolismo de cálcio Plantas e leveduras Tecidos animais Vitamina D3 Colecalciferol Vitamina E Vitamina E Anti-oxidante Fertilidade Gérmens de grãos Óleos vegetais, folhas Vitamina K1 ou filoquinona Filoquinona Coagulação sangüínea Transporte de elétrons (?) Quase todos os alimentos Síntese pela flora microbiana Séries de Vitamina K2 Menaquinonas Vitamina K3, menadiona ou naftoquinona Menadiona Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 18 Vitaminas hidrossolúveis Nome comum Nome recomendado Função Fonte Ácido fólico ou folacina Ácido pteroilglutâmico Tetraidrofolato Verduras, fígado Ácido nicotínico ou niacina Ácido nicotínico NAD e NADP Cereais Produtos de origem animal Amida do ác. Nicotínico Nicotinamida Nicotinamida Ácido pantotênico Ácido pantotênico Coenzima A Variadas Vitamina B1, aneurina ou tiamina Tiamina Coenzima TPP e LTPP Cereais integrais Sementes de leguminosas Vitamina B2 ou riboflavina Riboflavina FMN, FAD Microflora gastrintestinal Clara de ovo, leite e fígado Vitamina B6, adermina ou piridoxol Piridoxal Metabolismo de aminoácidos Produtos vegetais e animais Piridoxina Piridoxina Piridoxamina Piridoxamina Vitamina B12 ou cobalamina Cianocobalamina Coenzimas Produtos de origem animal Síntese no trato gastrintestinal Vitamina B12a, B12b ou hidroxicobalamina Hidroxicobalamina Vitamina B12c Nitritocobalamina Biotina biotina Transporte de CO2 Variadas Vitamina C ou ácido L-ascórbico Ácido ascórbico Síntese do colágeno Manutenção das células endoteliais Redução do íon ferro Anti-oxidante Frutas cítricas , caju, acerola, goiaba Ácido L-deidroascórbico Ácido deidroascórbico Professor Alexandre Soares dos Santos DCB / UFVJM 2007 19
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