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- 
 
A Teoria do Declínio do Traço sugere que a informação 
armazenada na Memória de Curto Prazo (MCP) desaparece 
com o tempo, a menos que seja repetida. Esta teoria foi 
investigada pelos estudos de Brown (1958) e Peterson & 
Peterson (1959), que demonstraram como é que o 
esquecimento ocorre devido à passagem do tempo. 
Os estudos mostraram que a informação na Memória de Curto 
Prazo desaparece rapidamente se não for repetida, com um 
declínio significativo em apenas 18 segundos. Isto reforça a 
ideia de que o esquecimento na MCP ocorre devido à ação do 
tempo e não necessariamente pela interferência de novas 
informações. 
 
Para testar esta teoria, foi desenvolvido o paradigma Brown-
Peterson, que consistia no seguinte procedimento: 
• Apresentação de trigramas verbais: os participantes 
recebiam sequências de três letras ou três números 
(exemplo: "XRP" ou "728").; 
• Intervalo de Retenção: após a apresentação dos 
estímulos existia um intervalo de retenção, que podia 
demorar 3, 6, 9, 15, ou 18 segundos, durante o intervalo 
realizavam uma tarefa distrativa; 
• Tarefa distrativa: para impedir a repetição mental do 
trigrama, os participantes eram solicitados a contar 
de trás para frente em intervalos de três números 
(por exemplo, começando no 329: "326, 323, 320..."); 
• Evocação serial: após um determinado tempo, os 
participantes tentavam lembrar-se do trigrama 
original. 
Uma das instruções da experiência destacava o conforto dos 
participantes. 
 
 
~ 
 
Os dois estudos apresentaram algumas diferenças no modo 
como aplicaram os testes: 
• Brown: utilizou múltiplos ensaios por tarefa, ou seja, 
os participantes repetiam a tarefa várias vezes; 
• Peterson & Peterson: aplicaram um ensaio único, onde 
cada participante realizava apenas uma tentativa por 
trigrama. 
 
Ambos os estudos analisaram os mesmos fatores 
experimentais: 
• Intervalo de retenção: o tempo entre a apresentação 
do trigrama e o momento de evocação; 
• Tipo de tarefa distrativa: o método usado para impedir 
a repetição mental da informação; 
• Possibilidade de repetição: se os participantes tinham 
ou não a oportunidade de reforçar a memória antes 
da tarefa distrativa. 
 
Os dois estudos observaram um declínio progressivo na 
memória conforme o tempo de retenção aumentava: 
 
Tempo de Retenção (segundos) Taxa de Evocação (%) 
3 segundos 80% 
6 segundos 50% 
18 segundos 10% 
 
Isto demonstra que, quanto maior o tempo de espera, ou seja, 
o intervalo de retenção, menor era a capacidade dos 
participantes de relembrar os trigramas. 
 
Processos Psicológicos Básicos 
 
Os estudos concluíram que: 
• O esquecimento ocorre devido à passagem do tempo, 
quando não há repetição da informação (declínio do 
traço); 
• A duração da informação na MCP é de 
aproximadamente 18 segundos, se não for reforçada. 
• Há uma diferença clara entre a capacidade da MCP 
e da MLP, já que a MLP permite retenção por 
períodos muito mais longos. 
 
• Uso exclusivo de estímulos verbais: o estudo focou-se 
em letras, estímulos verbais sem significado e 
números, ignorando outros tipos de memória; contudo, 
ao usarmos palavras ou frases com sentido, a 
informação pode durar até 30 segundos, ao contrário 
de estímulos sem sentido, que se esquecem mais 
rápido; 
• Baixa validade ecológica: as condições da experiência 
eram muito artificiais, o que pode limitar sua 
aplicação ao dia a dia, onde as memórias são 
formadas em contextos mais complexos. 
 
A Teoria da Interferência Proativa (IP) sugere que o 
esquecimento na MCP ocorre não apenas devido à passagem 
do tempo, mas também por causa da intrusão de informações 
antigas, que interferem na retenção de novas informações. Este 
tipo de interferência é chamado de proatividade, pois 
informações previamente armazenadas dificultam a 
aprendizagem de novos conteúdos semelhantes. 
Essa teoria foi estudada por Keppel & Underwood (1962) e 
Wickens, Born & Allen (1963); Wickens (1973), que investigaram 
como a semelhança entre os itens influencia a interferência e 
o esquecimento na MCP. 
 
Para testar a interferência proativa, Wickens desenvolveu uma 
experiência baseado no paradigma Brown-Peterson, com 
algumas adaptações. O procedimento seguiu estes passos: 
1. Apresentação de estímulos: os participantes 
recebiam trigramas (sequências de três 
letras ou números) para memorizar; 
2. Intervalo de retenção: um curto período era 
inserido antes da evocação, com uma tarefa 
distrativa tinha uma duração de 20 
segundos; 
3. Evocação serial: os participantes tentavam 
relembrar os trigramas apresentados. 
4. Repetição do processo em 3 ensaios: 
durante três tentativas consecutivas, os 
itens pertenciam à mesma categoria 
semântica (ou seja, eram semelhantes entre 
si, por exemplo palavras que significavam 
frutos); 
5. Mudança na categoria semântica no 4º 
ensaio: no último ensaio, os participantes 
recebiam itens de uma categoria diferente, 
(por exemplo peças de vestuário ao invés 
dos frutos). 
Os pesquisadores identificaram dois principais efeitos: 
1. Interferência Proativa (IP) – Acúmulo de 
informações antigas: quando os três primeiros testes 
usavam itens da mesma categoria (por exemplo, 
todos animais), lembrar tornava-se cada vez mais 
difícil. Isto acontecia porque os itens anteriores 
atrapalhavam a lembrança dos novos, as memórias 
antigas interferiam nas novas. 
2. Libertação da Interferência Proativa – Alívio da 
interferência: no quarto teste, ao mudar para uma 
categoria diferente (por exemplo, de animais para 
 
profissões), a recordação melhorou bastante. Esta 
mudança de tema ajudou a reduzir o efeito das 
memórias anteriores, facilitando a lembrança dos 
novos itens. 
Os resultados confirmaram que: 
• O esquecimento na MCP não ocorre apenas pela 
passagem do tempo (como sugere a Teoria do 
Declínio do Traço), mas também pela acumulação da 
Interferência Proativa, onde as informações antigas 
prejudicam a retenção de novas informações 
semelhantes (intrusão); 
• Quanto mais semelhantes forem os itens 
memorizados, maior será a interferência e mais difícil 
será a recordação; 
• A mudança na categoria semântica dos itens reduz a 
interferência, melhorando a recuperação da memória 
(libertação da IP). 
 
A Interferência Proativa explica porque é que temos 
dificuldade em relembrar informações novas quando são muito 
parecidas com as que já conhecemos. Este efeito é 
particularmente relevante em situações como: 
• Aprendizagem de novas línguas (confusão entre 
palavras semelhantes); 
• Memorização de passwords ou números de telefone 
(troca entre sequências parecidas); 
• Estudos e aprendizagem (dificuldade em distinguir 
conceitos semelhantes). 
Esta teoria sugere que uma forma eficaz de melhorar a 
memória é variar os conteúdos estudados, reduzindo a 
interferência e controlando os efeitos da intrusão de 
informações passadas. 
 
 
A Teoria do Declínio do Traço explica o esquecimento na MCP 
pela ação do tempo, enquanto a Teoria da Interferência 
Proativa (IP) destaca o efeito da intrusão de informações 
antigas na retenção de novos conteúdos. Juntas, mostram que 
o esquecimento não ocorre apenas pela passagem do tempo, 
mas também pela interferência entre informações 
semelhantes, sendo ambas fundamentais para compreender os 
processos de memória. 
 
O efeito de posição serial refere-se à forma como as 
informações são lembradas dependendo de sua posição na 
sequência de apresentação. Este efeito está relacionado com 
o esquecimento e a recuperação de informações da memória 
de curto prazo (MCP) e da memória de longo prazo (MLP), 
mostrando como as posições iniciais e finais de uma lista 
influenciam a recordação. 
Enquadramento: 
• Esquecimento e Recuperação: a memória de curto 
prazo esquece rápido, enquanto a de longo prazo 
retém por mais tempo, influenciando a lembrança 
conforme a posiçãodos itens na sequência; 
• Controvérsia sobre Unicidade vs. Multiplicidade: existe 
um debate sobre se a memória de curto e longo prazo 
se são sistemas distintos ou se existem múltiplos 
sistemas de memória que interagem entre si. 
 
Casos como os de H.M., K.F. e Clive Wearing oferecem 
evidências de dissociação entre a memória de curto prazo e a 
memória de longo prazo: 
• H.M. e Clive Wearing tinham dificuldades com a 
memória de longo prazo, mas conseguiam recordar 
informações de curto prazo. Isso sugere que as 
 
 
memórias de curto e longo prazo podem ser 
processadas de maneira independente; 
• K.F. tinha a memória de curto prazo comprometida, 
mas ainda conseguia reter informações na memória 
de longo prazo. Este caso indica que os sistemas de 
memória podem ser dissociados e funcionarem de 
forma independente. 
 
Murdock (1962): investigou como a posição das palavras numa 
lista afetava a capacidade de recordação. Os participantes 
foram apresentados a uma lista de palavras e depois solicitados 
a recordá-las por ordem livre (evocação livre). A pesquisa 
revelou que os participantes se lembravam mais das palavras 
no início da lista (efeito de primazia) e no final da lista (efeito 
de recência). 
• Efeito de Primazia: as palavras no início da lista eram 
mais lembradas porque eram transferidas para a 
memória de longo prazo, onde são armazenadas de 
forma mais duradoura; 
• Efeito de Recência: as palavras no final da lista eram 
mais lembradas porque ainda estavam na memória 
de curto prazo, sendo mais acessíveis logo após a 
apresentação. 
O estudo demonstrou que as informações apresentadas no 
início e no final de uma sequência são mais fáceis de serem 
lembradas, sendo o efeito de primazia relacionado à memória 
de longo prazo e o efeito de recência à memória de curto 
prazo. 
 
Glanzer e Cunitz (1966): exploraram o efeito de recência, 
focando na memória de curto prazo. Os participantes 
realizaram uma evocação livre imediata e diferida, com um 
intervalo de 30 segundos durante uma tarefa distrativa (como 
contar para trás). O efeito de recência desapareceu após a 
tarefa, indicando que a memória de curto prazo, responsável 
 
pela retenção temporária, estava envolvida na recordação das 
últimas palavras. 
O estudo confirmou que, ao interromper a memória de curto 
prazo, o efeito de recência desapareceu, destacando o papel 
crucial dessa memória na recordação das palavras finais. 
 
Bjork & Whitten (1974): investigaram o efeito de recência em 
condições com intervalos de retenção diferentes (12 segundos 
e 12+30 segundos). Apresentaram uma lista de palavras, 
seguidas por intervalos de retenção variados, e pediram aos 
participantes que recordassem o máximo possível. O estudo 
concluiu que o efeito de recência não é exclusivo da memória 
de curto prazo, mas está relacionado à acessibilidade dos itens. 
As palavras mais recentes permanecem mais acessíveis, pois 
continuam ativas na mente, mesmo após o intervalo de 
retenção, facilitando sua recordação, desde que não haja uma 
tarefa distrativa. 
 
O efeito de posição serial mostra como a memória de curto e 
longo prazo trabalham de forma complementar, com a 
memória de curto prazo lembrando as informações mais 
recentes (efeito de recência) e a memória de longo prazo, as 
mais antigas (efeito de primazia). A interferência e 
acessibilidade são fundamentais, sendo a recência mais 
relacionada à ativação da informação do que a um tipo 
específico de memória. Estes estudos explicam como ambas 
as memórias facilitam a recordação, com a posição dos itens 
na sequência sendo um fator importante. 
 
O Modelo Multicomponencial de Memória de Trabalho foi 
proposto por Baddeley & Hitch em 1974 e evoluiu ao longo dos 
anos, sendo revisto por Baddeley em 2000. Este modelo é uma 
resposta ao Modelo Modal de Atkinson & Shiffrin (1968), que 
sugeria que a memória de curto prazo (MCP) funcionava como 
 
uma simples "caixa de armazenamento". O modelo de Baddeley 
e Hitch, por outro lado, vê a Memória de Trabalho como um 
sistema ativo e dinâmico, que não apenas armazena 
informações, mas também as processa. 
 
O Modelo Modal de Atkinson & Shiffrin (1968) foi o primeiro a 
descrever a memória de curto prazo como um sistema simples 
de armazenamento. No entanto, Baddeley & Hitch propuseram 
uma visão mais complexa, a memória de trabalho funciona 
como um sistema com vários componentes que não apenas 
armazenam, mas também processam informações. A pergunta 
central passou a ser: o que a memória de curto prazo 
realmente faz? Concluíram que ela não serve só para guardar 
dados temporariamente, mas também para manipular essas 
informações em tarefas cognitivas como pensar, compreender 
e aprender. 
 
O modelo multicomponencial propôs que a memória de 
trabalho fosse um sistema que não só retém informações, mas 
também as manipula temporariamente, para que possam ser 
usadas em tarefas cognitivas mais complexas. 
Os principais componentes do modelo incluem: 
• Executor Central: controla a atenção e coordena os 
outros sistemas; 
• Loop Fonológico: processa informações verbais e 
auditivas através da repetição; 
• Bloco de Notas Visuo-Espacial: processa informações 
visuais e espaciais (como formas e localizações); 
• Buffer Episódico (adicionado posteriormente): integra 
diferentes tipos de informação, ligando a memória de 
trabalho à memória de longo prazo. 
Este modelo é uma visão mais dinâmica e multifacetada da 
memória, ao contrário da abordagem mais simples de 
armazenamento apresentada pelo Modelo Modal. Descreve 
 
como a memória de trabalho não apenas armazena, mas 
também processa a informação, essencial para a realização de 
atividades cognitivas complexas. O modelo evoluiu para mostrar 
que a memória de trabalho tem vários componentes que 
trabalham juntos para controlar e usar ativamente as 
informações. 
 
É o “gestor” da memória de trabalho. Não guarda informações, 
mas controla a atenção, decide o que deve ser feito e para 
onde a informação deve ir. 
Principais funções: 
• Focar a atenção em tarefas relevantes; 
• Distribuir os recursos mentais de forma eficiente; 
• Encaminhar informações para os outros sistemas 
(como o loop fonológico ou o bloco visuo-espacial). 
É essencial para manter o sistema organizado enquanto 
lidamos com tarefas cognitivas complexas. 
 
Responsável por manter e processar informações verbais e 
auditivas, a informação é mantida por aproximadamente 2 
segundos sem repetição. Tem duas partes: 
• Armazenamento fonológico: guarda sons por cerca de 
2 segundos; 
• Processo articulatório: repete mentalmente a 
informação para mantê-la ativa. 
Principais evidências experimentais: 
• Semelhança acústica: dificulta a memorização (ex.: 
palavras parecidas como "pato" e "bato"); 
• Supressão articulatória (ex.: repetir "la-la-la") 
atrapalha a repetição interna; 
• Comprimento das palavras afeta a retenção, palavras 
curtas são mais fáceis de lembrar. 
É essencial para tarefas como lembrar números, ler em voz 
baixa ou manter frases na mente durante uma conversa. 
 
Responsável por armazenar e processar informações visuais (o 
que vemos) e espaciais (onde as coisas estão e como se 
movem). Funções: 
• Informação visual: armazena características como 
formas, cores e padrões; 
• Informação espacial: guarda a posição, orientação e 
movimento dos objetos. 
Principais evidências: 
• Interferência visual: tarefas visuais competem entre 
si (ex.: lembrar padrões enquanto observa outros); 
• Interferência espacial: tarefas espaciais também 
interferem entre si; 
• Sem interferência: não há interferência entre tarefas 
visuais e verbais. 
Características: 
• Duração: cerca de 30 segundos, a menos que seja 
repetida; 
• Exemplo de tarefa: Blocos de Corsi, onde é necessário 
lembrar e repetir padrões visuais. 
Aplicações: 
• Planejamento e coordenaçãode movimentos (como 
em desportos ou atividades motoras); 
• Navegação e orientação espacial (como usar mapas); 
• Aprendizagem de sequências e resolução de 
problemas visuais ou matemáticos. 
Este componente permite a execução de atividades como 
reconhecimento de padrões, navegação e coordenação motora. 
 
É um componente da memória de trabalho que integra 
diferentes tipos de informações (como visuais, auditivas e 
espaciais) para criar uma representação coerente. Funciona 
como uma "ponte" entre a memória de trabalho e a memória 
de longo prazo. 
Funções: 
 
• Interface com a Memória de Longo Prazo (MLP): 
conecta a memória de trabalho com a MLP, 
permitindo que informações passadas ajudem nas 
tarefas atuais; 
• Integração Multimodal (Binding): combina diferentes 
tipos de informações (som, imagem, espaço) para 
formar uma memória de eventos completos, como 
experiências envolvendo múltiplos sentidos. 
O Buffer Episódico permite que as informações de diferentes 
sentidos se conectem e sejam armazenadas de forma coesa 
na memória de longo prazo. 
 
Nas pesquisas mais recentes, Baddeley & Hitch ampliaram a 
ideia do modelo, propondo novas funções e possibilidades de 
como diferentes tipos de informações são processadas na 
memória de trabalho. 
Novas hipóteses: 
• Bloco de Notas Visuo-Espacial: agora também pode 
representar sensações táteis, como o toque ao 
manipular objetos, além das informações visuais e 
espaciais; 
• Loop Fonológico: além de processar informações 
verbais e auditivas, também pode lidar com qualquer 
informação verbalmente significativa, incluindo a 
língua gestual; 
• Buffer Episódico: expandiu-se para integrar 
informações de múltiplos sentidos, como cheiros e 
sabores, criando episódios completos que envolvem 
diversos sentidos. 
Pesquisas atuais mostram que a memória de trabalho é mais 
flexível e consegue processar uma variedade maior de 
informações sensoriais, criando uma experiência mais rica. 
 
 
 
 
 
A Capacidade de Memória de Trabalho, refere-se à quantidade 
de informação que uma pessoa pode manter e processar ao 
mesmo tempo. Não se limita apenas ao armazenamento, mas 
também envolve o processamento ativo dessa informação. A 
medida da capacidade de memória de trabalho é feita através 
de tarefas complexas que combinam subtarefas de 
processamento e retenção de informação. Por exemplo: 
• Tarefa de Amplitude Operacional (Turner & Engle, 
1989): combina o armazenamento de informações 
com a realização de uma tarefa adicional de 
processamento; 
• Tarefa de Amplitude de Leitura (Daneman & 
Carpenter, 1980): primeira tarefa desenvolvida, 
envolve lembrar frases enquanto se lê outras; 
• Tarefas N-back: testa a memória de trabalho ao exigir 
que se lembre de uma sequência de estímulos 
apresentados anteriormente 
 
A capacidade média da memória de trabalho é de cerca de 4 
unidades de informação (com variação de 3 a 5 unidades), 
sendo essas unidades complexas (por exemplo, palavras ou 
números). Isto significa que, em média, uma pessoa consegue 
armazenar e processar cerca de 4 informações 
simultaneamente de forma eficaz. 
A memória de trabalho é limitada, e sua medição é realizada 
por tarefas que combinam armazenamento e processamento 
de informações. Cowan argumenta que a memória de trabalho 
tem uma capacidade limitada e específica. 
 
Memória a Longo Prazo é a capacidade do cérebro de 
armazenar informações por longos períodos, de dias a décadas. 
Permite reter conhecimentos, experiências, habilidades e 
eventos importantes. 
 
Conceitos Fundamentais: 
• Codificação: processo de transformar a informação 
num formato que possa ser armazenado; 
• Armazenamento: retenção da informação ao longo do 
tempo; 
• Recuperação: acesso às informações armazenadas 
quando necessário. 
 
A memória pode ser dividida de várias formas, dependendo do 
critério utilizado: 
1. Função da Memória: 
• Memória Declarativa (Explícita): é consciente e 
envolve fatos e eventos: 
o Semântica: conhecimento geral (ex: capital 
de Portugal); 
o Episódica: memórias de eventos vividos (ex: 
última viagem); 
• Memória Não Declarativa (Implícita): é inconsciente 
e envolve habilidades e hábitos: 
o Procedural: como realizar tarefas (ex: andar 
de bicicleta ou tocar piano); 
2. Modalidade Sensorial da Informação: 
• Memória Visual: relacionada a imagens; 
• Memória Auditiva: relacionada a sons e palavras; 
• Memória Tátil: relacionada ao toque e sensações 
físicas; 
3. Duração da Memória: 
• Memória de Curto Prazo: dura de segundos a minutos; 
• Memória de Longo Prazo: dura de dias até toda a 
vida; 
• Memória Sensorial: dura de milissegundos a poucos 
segundos, ligada aos sentidos. 
Esta classificação ajuda a entender como a memória armazena 
e processa diferentes tipos de informações de maneiras 
distintas. 
 
- Memória Sensorial: primeira fase da memória, retém 
brevemente informações captadas pelos sentidos. 
Tipos principais: 
• Memória Icónica: Relacionada à visão (dura 
milissegundos). 
• Memória Ecoica: Relacionada à audição (dura alguns 
segundos). 
• Memória Háptica: Relacionada ao tato. 
• Outros tipos de memória sensorial envolvem olfato e 
paladar, mas são menos estudados. 
- Memória de Curto Prazo (MCP): retém uma quantidade 
limitada de informações por poucos segundos ou minutos. 
Essencial para tarefas imediatas. Por exemplo, lembrar 
temporariamente de um número de telefone. 
Componentes: 
• Memória Imediata: retém informações verbais (sons, 
palavras) e visuoespaciais (localização de objetos); 
• Memória de Trabalho: sistema ativo que não apenas 
armazena, mas também manipula temporariamente 
informações. 
- Memória de Longo Prazo (MLP): armazena grandes 
quantidades de informação por períodos longos, como dias, 
anos ou até toda a vida. 
Classificação: 
• Memória Explícita (Declarativa) - Consciente: 
o Memória Semântica: fatos, conceitos e 
conhecimento geral; 
o Memória Episódica: eventos e experiências 
pessoais. 
• Memória Implícita (Não Declarativa) - Inconsciente: 
o Memória Procedimental: habilidades e 
hábitos; 
o Condicionamento Clássico: associações 
aprendidas; 
 
 
o Priming: a exposição prévia facilita o 
reconhecimento de algo; 
o Aprendizagem Não Associativa: habituação e 
sensibilização. 
 
–
A MLP é caracterizada pelo seu armazenamentos duradouro, 
uma vez que a informação pode ser mantida por dias, anos ou 
por toda a vida, e também pela sua grande capacidade, já que 
não existem limites conhecidos para a quantidade de 
informação que pode ser armazenada. 
Funções: 
• Preservar conhecimento: permite reter fatos, 
experiências e habilidades ao longo do tempo; 
• Base para a aprendizagem: fornece suporte para 
adquirir e aplicar novos conhecimentos. 
 
 A disponibilidade e acessibilidade (Bjork & Bjork, 1992) são dois 
conceitos que se referem à maneira como lidamos com a 
informação armazenada na memória de longo prazo. 
• Disponibilidade: significa que a informação está 
armazenada na memória de longo prazo, ou seja, ela 
existe lá e pode ser acessada no futuro. Por exemplo, 
saber que aprendeu a andar de bicicleta. 
• Acessibilidade: é a capacidade de recuperar essa 
informação. Mesmo que esteja disponível, nem 
sempre conseguimos acessá-la facilmente, como 
quando sabemos o nome de um colega, mas não 
conseguimos lembrar no momento. 
 
É o tipo de memória de longo prazo acessada de forma 
consciente e intencional, usada para lembrar fatos ou eventos. 
Pode ser evocada voluntariamente por exemplo, responder a 
uma pergunta do teste ou lembrar onde estivemos ontem. Que 
é dividida em memória semântica e memória episódica. 
 
- Memória Semântica ("knowing"): esta memória está 
relacionada ao conhecimento geral que temos sobre o mundo. 
O que caracteriza a memória semântica é que as informações 
nela contidas não dependem do contexto ou das circunstânciasem que foram adquiridas, ou seja, sabemos algo sem 
necessariamente lembrar quando ou como aprendemos. 
A memória semântica é organizada de maneira lógica. Existem 
diferentes estruturas mentais que a ajudam a ser organizada 
e acessada: 
• Rede proposicional: estrutura lógica baseada em 
unidades de significado (proposições); 
• Rede semântica: conceitos relacionados por 
significado; 
• Esquemas: representações mentais de estruturas 
organizadas por tema ou situação. 
 
Estratégias de Processamento (Craik & Lockhart, 1972): a 
forma como processamos e retemos essas informações 
pode ser feita de diferentes maneiras. O processamento 
pode ser: 
• Superficial: focar em características físicas ou 
externas. Este tipo de processamento tende a 
gerar uma retenção mais superficial; 
• Profundo: focar no significado real e no conteúdo 
da informação., o que gera uma retenção mais 
duradoura. 
 
- Memória Episódica (“remembering”): "): está relacionada a 
eventos e experiências específicas que vivemos. É a memória 
dos episódios da nossa vida, ligados a um tempo e lugar 
específicos. Quando nos lembramos de algo, como “o meu 
aniversário de 12 anos” ou "a minha primeira viagem de avião", 
estamos a acessar a memória episódica. 
 
Subdivisões: dentro da memória episódica, podemos diferenciar 
dois tipos de memória: 
 
 
• Memória episódica propriamente dita: refere-se a 
memórias de eventos específicos, como "a viagem 
para a praia no verão de 2015". 
• Memória autobiográfica: inclui experiências mais 
significativas e relacionadas à nossa identidade 
pessoal, que tem um impacto direto na maneira como 
nos vemos e nos lembramos de quem somos. 
 
Dimensões: a memória episódica pode ser dividida em dois 
tipos de acessos temporais: 
• Retrospetiva: refere-se à lembrança de eventos 
passados, como recordar uma festa de aniversário que 
aconteceu no ano passado; 
• Prospetiva: está ligada à memória de algo que deve 
ser feito no futuro, como lembrar de uma consulta 
médica marcada para o dia seguinte. 
 
Frederic Bartlett foi um dos primeiros a estudar a memória 
em situações próximas do quotidiano, adotando uma 
abordagem naturalista, em contraste com os métodos 
experimentais tradicionais da época, que usavam listas de 
palavras ou sílabas sem sentido. Para isso, ele utilizou materiais 
mais complexos e realistas, conhecidos como "estímulos 
ecológicos", para entender como as pessoas processam e 
lembram histórias que exigem interpretação e compreensão. 
 
• Estímulos “ecológicos”: utilização de materiais 
realistas e complexos, como histórias populares, que 
exigem interpretação e compreensão; 
• Exemplo: uso da história “A guerra dos fantasmas”, 
um conto nativo norte-americano com elementos 
culturais estranhos aos participantes britânicos; 
 
 
 
• Procedimento: participantes liam a história e, após 
intervalos de retenção (minutos, horas, dias ou 
semanas), deveriam recontá-la de memória. 
 
• Erros de omissão: partes da história eram esquecidas, 
especialmente os detalhes incomuns ou difíceis de 
compreender; 
• Erros de comissão: 
o Substituições: elementos desconhecidos 
eram trocados por mais familiares; 
o Normalizações: os participantes “ajustavam” 
o conteúdo ao seu contexto cultural; 
o Inferências: acrescentavam detalhes com 
base em expectativas ou experiências 
passadas; 
o Adições: introduziam elementos não 
presentes na história original. 
Estes erros mostraram que a memória não é uma reprodução 
literal da experiência, mas sim uma reconstrução ativa. 
 
A Teoria dos Esquemas, proposta por Bartlett, sugere que nossa 
memória é organizada por estruturas mentais chamadas 
esquemas, que são representações genéricas de situações ou 
experiências passadas. Quando recebemos novas informações, 
elas são interpretadas com base nos esquemas existentes, o 
que pode distorcer a memória real. 
Por exemplo, alguém sem conhecimento sobre "canoas de 
guerra" pode lembrá-las como "barcos de pesca". Embora os 
esquemas tornem a memória mais eficiente, eles também a 
tornam suscetível a erros, pois a recuperação envolve 
reconstruir experiências com base em fragmentos e 
preenchimentos feitos pelos esquemas. 
 
 
 
Apesar de suas ideias terem sido muito influentes, o trabalho 
de Bartlett também teve limitações: 
• Limitações metodológicas: o uso de estímulos naturais 
e ricos em conteúdo (como histórias) tornava difícil 
controlar variáveis e garantir resultados replicáveis; 
• Limitações teóricas: como seus conceitos eram mais 
descritivos do que precisos ou mensuráveis, tornou-se 
difícil generalizar os resultados ou integrá-los a 
teorias mais rigorosas da psicologia experimental. 
 
Apesar das limitações, os estudos de Bartlett foram pioneiros 
e abriram caminho para diversas áreas de investigação, como: 
• Processamento da informação complexa: influenciou 
o estudo sobre como o cérebro organiza e interpreta 
material verbal, visual e situacional em contextos 
reais; 
• Reconsolidação da memória: Bartlett antecipou, de 
forma primitiva, a ideia de que a memória pode ser 
modificada a cada nova evocação, é flexível, e não 
fixa; 
• Falsas memórias: a sua teoria ajudou a explicar como 
podemos lembrar com segurança de coisas que nunca 
aconteceram, mas que se encaixam bem nos nossos 
esquemas mentais. 
Bartlett demonstrou que a memória não funciona como uma 
gravação exata do passado. Em vez disso, lembramos de forma 
reconstrutiva, organizando e interpretando a informação com 
base em esquemas mentais pré-existentes. Isso torna a 
memória mais adaptativa, mas também sujeita a distorções, 
especialmente na memória episódica. 
 
A memória autobiográfica é a recordação pessoal de episódios 
vividos, moldada pelos nossos esquemas cognitivos e pela nossa 
 
história de vida. Envolve lembranças de acontecimentos 
importantes, emoções e experiências pessoais. 
Características principais: 
• Memória auto-referente: relacionada a fatos e 
emoções pessoais; 
• Consciência autonoética: capacidade de reviver 
mentalmente momentos passados. 
Pode ser evocada de duas formas: 
• 1ª pessoa: lembrança mais vívida e emocional; 
• 3ª pessoa: lembrança mais distante e menos 
emocional; 
 
• Memórias generalistas: eventos repetitivos e 
quotidianos (ex: uma aula comum); 
• Memórias específicas: momentos únicos e 
impactantes, com muitos detalhes; 
• Memória autobiográfica superior (hipertimésia): 
capacidade rara de lembrar com precisão quase todos 
os eventos pessoais, incluindo datas e emoções. 
• Memórias-cintilantes: lembranças vívidas de 
momentos impactantes e emocionais, como eventos 
históricos ou pessoais marcantes (ex: pandemia). 
Características: 
o Alto nível de detalhe: onde estava, o que 
fazia, com quem estava; 
o Permanência subjetiva: a crença de que são 
memórias precisas; 
o Alterações com o tempo: apesar da 
confiança, estes detalhes podem mudar ao 
longo do tempo devido a distorções ou 
esquecimentos. 
 
O paradigma de desinformação investiga como a memória 
pode ser distorcida por informações falsas. Os participantes 
 
assistem a um vídeo de um acidente e, em seguida, são 
questionados com informações enganosas, como usar palavras 
como "colidiu" ou "bateu", quando os carros apenas se 
aproximaram. 
• Efeito da desinformação: a informação falsa nas 
perguntas pode alterar as memórias dos 
participantes, demonstrando que a memória não é 
uma reprodução exata, mas pode ser influenciada por 
informações posteriores (ex: perguntas sugestivas). 
• Contribuição de Elizabeth Loftus: pioneira no estudo 
das falsas memórias, cunhou o termo "falsa memória" 
para descrever lembranças erradas implantadas nas 
pessoas. 
 
Este paradigma investiga como a imaginação e a sugestão 
podem criar falsas memórias. Foca na suscetibilidade da 
memória, ou seja, na tendência de acreditar em informações 
sugeridas. 
A pessoa éinstruída a imaginar um evento que nunca ocorreu, 
como no estudo "Lost in the Mall" de Loftus, Coan & Pickrell 
(1996), onde se implantou a memória de uma pessoa seper no 
shopping. Mesmo sem ter acontecido, muitas pessoas 
"lembram-se" dessa experiência como se fosse real. 
• Falsas memórias autobiográficas: o estudo demonstra 
que é possível criar memórias falsas sobre eventos 
pessoais, baseadas em sugestões ou imaginação, 
mostrando como a nossa memória pode ser moldada 
por informações externas. 
 
O paradigma da falsa narrativa por informador familiar, explora 
como as informações falsas podem ser implantadas por 
pessoas próximas. O participante recebe uma narrativa falsa 
sobre a sua infância de um informante confiável, como um 
familiar ou amigo. O informante conta uma história inventada, 
 
mas convincente. Após ouvir a narrativa, o participante pode 
começar a "lembrar" de detalhes que nunca ocorreram, apenas 
por ter sido sugerido por alguém de confiança. 
• Exemplos e Implicações: o estudo mostra que as 
memórias falsas podem ser criadas por fontes 
próximas, tornando a memória ainda mais suscetível 
a distorções. Reforça a ideia de que nossa memória 
não é infalível, e que confiar nas nossas lembranças 
não garante a sua veracidade. 
 
Estes estudos mostram que nossas memórias não são infalíveis 
e podem ser alteradas por diversos fatores, como informação 
externa, sugestões ou imaginação. A memória, portanto, não é 
um registo exato, mas uma construção influenciada por muitos 
elementos.

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