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sistema punitivo e judicialização da vida

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- SISTEMA PUNITIVO -
História do sistema punitivo
O sistema punitivo até o século XVIII era marcado por penas cruéis e desumanas, não havendo até então a privação de liberdade como forma de pena. Foi apenas no século XVIII que a pena privativa de liberdade passou a fazer parte do rol de punições do Direito Penal, tratada como a humanização das penas. Ao longo dos séculos, o sistema punitivo passou por várias transformações que acarretaram na sua progressiva evolução, uma delas no que tange à punição. A resposta diante da escassa mão-de-obra será a utilização da escravidão nas galés, deportação e servidão penal. Criaram-se então as casas de correção que tinham como objetivo ser uma prisão modelo, onde se executaria a pena de prisão com trabalho, garantindo uma mão de obra reserva. Porém, esse exército de reserva era desqualificado e de pouca serventia para a indústria. Dessa forma os prisioneiros eram forçados a trabalhar dentro da instituição, formariam hábitos industriosos e assim receberiam um treinamento profissional. As casas de correção tinham como o seu principal objetivo a transformação da força de trabalho dos chamados indesejáveis da sociedade, tornando-os socialmente úteis e proporcionando a reintegração desses indivíduos que cometeram delitos à sociedade. 
O sistema punitivo na atualidade (Brasil)
Atualmente as penitenciárias brasileiras se transformaram em verdadeiros depósitos humanos. Alguns itens que marcam o sistema prisional no Brasil são: superlotação, violência e doenças, descaracterizando assim o verdadeiro sentido para o qual foi criado. Há algumas alternativas para a solução dessa gravíssima questão, uma delas é o projeto de lei que visa à privatização dos estabelecimentos penitenciários. Seguindo o exemplo de diversos países, a medida poderá contribuir para desafogar a máquina estatal e desonerar os cofres públicos. Porém, tal medida não é cabível, visto que o custo acaba sendo mais alto para o governo: a manutenção de um detento, que custa em média R$ 800 no país, pode chegar a R$ 1.200 no sistema privado, os agentes contratados recebiam menos do que os concursados, etc. Às vezes, o valor chegava a um terço do que era pago pela administração pública, e isso pode aumentar os riscos na segurança das unidades. 
A prisão é um instrumento das penas privativas de liberdade e deveria servir para recuperação e punição do condenado, mas o que se observa nas penitenciárias brasileiras, são violações aos direitos humanos, ao direito penal e à própria Constituição Federal. Visto também que o sistema carcerário brasileiro é discriminatório por não oferecer suporte e soluções para detentos homossexuais, transexuais e deficientes físicos. Sendo que esse último grupo vive com os demais detentos, sem o mínimo de respaldo em relação a sua deficiência, já que inexiste cela adaptada para deficiente físico em diversas unidades prisionais, tendo dificuldade para efetuar suas necessidades fisiológicas, de banho, de locomoção, entre outras. Enfim, sua dignidade, independentemente de sua falha, não está sendo respeitada segundo as normas a equiparação de oportunidades para pessoas portadoras de deficiência.
Outro caso que vai contra o disposto no Art. 5º Constituição Federal, que dispõe respeito, dignidade e cumprimento, é o caso dos homossexuais e transexuais dentro das penitenciárias. O caso Verônica Bolina exemplifica muito bem isso: uma transexual que foi violentada inúmeras vezes por outros presos dentro da prisão. A detenção de Verônica foi ilegal, ela jamais poderia ter sofrido essa violência física e psíquica, que desrespeitou seu corpo e sua identidade de gênero, já que é uma mulher trans. Existe a Resolução Conjunta que versa sobre o tratamento adequado às pessoas LGBTs. No caso de Verônica, travesti, a Resolução assegura o direito à identidade de gênero, o que inclui nome social, roupas e tratamento, de acordo com a identidade de gênero, além de um espaço de convivência específico. E Verônica não teve nenhum de seus direitos atendidos, assim como os homossexuais e deficientes físicos também não. 
A estrutura do sistema prisional brasileiro não atende plenamente às finalidades da teoria da pena, consagrada em nosso Direito Penal, e à Constituição, que expõe nossos direitos sem discriminar ninguém. Há uma ampliação do poder punitivo em larga escala a partir da década de 70 no qual produziram um ethos social mais intolerante com relação à conduta desviante no campo penal, criando-se assim políticas mais duras como aumento de pena e a ampliação de tipos penais, na qual a solução para qualquer pequena transgressão será dada pelo enquadramento penal. 
 
- OS DIREITOS HUMANOS NA PRÁTICA -
Um direito seletivo, direcionado a um determinado setor social, voltado para a domesticação dos corpos rebeldes. Tal seletividade do sistema penal no Brasil é voltada para a população negra, pobre e nordestina, tendo em sua grande maioria jovens e negros, torna-se perceptível a relação entre raça e prisão, no qual há uma série de práticas persecutórias no cotidiano desses grupos de maneira discriminatória, principalmente nos bairros marginalizados, onde há um verdadeiro exercício de controle autoritário e discriminatório sobre as camadas pobres da sociedade. Reafirmar valores como absolutos morais, declarar que outros grupos não têm valores, são resquícios contemporâneos com uma ideologia colonial. Demarcando dessa maneira as linhas abissais que, por sua vez, são produto de rebaixamentos na sociedade, onde existem relações de poder e dominação, causando um verdadeiro apartheid social e a sedimentação dos espaços urbanos, o que gera a marginalização. Nessa perspectiva, existe um paralelo entre o gueto e a prisão, entendida como um aterro sanitário onde se joga os indesejáveis. Além disso, a penetração do discurso punitivo se reflete na perda significativa das garantias constitucionais do processo, com políticas de endurecimento penal, como: a possibilidade de utilização de provas obtidas por meio ilegal; mandado de busca e apreensão cada vez mais frequentes; também há o rompimento com o princípio constitucional da presunção de inocência, que resguarda o réu de um processo abusivo, sustentado em poucas provas, para adotar o princípio penal da presunção da culpa, onde os processos criminais acabam servindo para o convencimento do próprio réu de sua culpa. 
Segundo Foucault não existe sociedade sem algum tipo de repressão. Porém, para ele, o importante não seria a existência de regras, limites ou cerceamentos, mas a possibilidade, para as pessoas e grupos por eles afetados, de mudá-los. Aliando essa reflexão de Foucault com o que foi dito por Cláudio Ulpiano, em uma de suas aulas para os alunos de Psicologia, sobre qual seria função desta na sociedade: “Depende das forças que se apoderam dela! Coloquem suas forças em batalha para produzirem uma Psicologia afirmativa”. Pode-se colocar a Psicologia como meio usado para dar base e condições propícias que tornem possível a mudança elencada por Foucault. 
Para que se transforme o sistema punitivo atual é necessário que se crie uma nova forma de pensar que fuja da produção de rótulos como os de: o drogado, o viciado, o perigoso, o delinqüente, que descrevem um suspeito padrão. Sendo este alvo da fúria e da repressão das classes dominantes, que vinculam uma maior segurança com o aumento da punibilidade desses transgressores, a exemplo do que está acontecendo no cenário político brasileiro com a tentativa de instituição da Proposta de Emenda Constitucional(PEC) que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. 
Desse modo, a atuação do psicólogo no âmbito jurídico é de extrema importância, pois através dela pode-se implementar novas saídas para os transgressores, saídas que não submetam os infringentes a condições subumanas, como as encontradas nas penitenciarias, e que essas novas formas de restauração assegurem a eles os Direitos Humanos, não deixando, assim, de tratá-los como cidadãos de direitos.
- JUDICIALIZAÇÃO DA VIDA NA CONTEMPORANEIDADE -
Umadas causas para o aumento das taxas de encarceramento de fato é a criação dos novos tipos penais, mas esse crescimento não está diretamente ligado ao aumento da criminalidade. Nota-se uma ampliação no estatuto punitivo, que começa a abarcar situações que anteriormente não eram capturadas e, portanto, agora a repressão se volta para os pequenos delitos. Além disso, o que mudou neste período não foi a criminalidade, mas a atitude dos poderes públicos em relação às classes pobres. 
(Citar o clamor social por políticas punitivas mais severas, os justiceiros.)
- APLICAÇÃO DE PENAS RIGOROSAS EM CASOS MENOS GRAVES-
Infelizmente, a realidade carcerária nos leva a crer que a prisão é responsável por excluir o indivíduo da sociedade, pois o obriga a ser encarcerado, retirando-o do convívio social, tornando a situação propícia para que o infrator torne-se ainda mais criminoso. Além disso, muitas vezes são aplicadas penas a casos que não são tão graves, como por exemplo, o ocorrido recentemente no Distrito Federal, em que um eletricista aposentado tentou furtar dois quilos de carne para dar de comer a seu filho, e acabou sendo detido por isso. Os próprios policiais se comoveram com a situação do infrator, pagaram sua fiança e doaram alimentos para que este e o filho pudessem sobreviver.
1. Foto do homem com a máscara
Mostra um cara tirando uma "máscara" e se transformando em um bandido.
Em função da necessidade de transformar tudo em questões relacionadas à Justiça (judicialização), muitos cidadãos acabam se transformando em "criminosos" por ações irrelevantes e que não precisavam ser levadas à Justiça. Com isso, o sistema punitivo torna-se cada vez mais severo e redutível à prisão, que tem como consequência uma superlotação.
 
2. Charge da galinha
O rapaz aparenta ter furtado uma galinha e o policial já quer prendê-lo por isso, apontando uma arma. O fato de prendê-lo por causa de um furto não tão grave faria com que ele fosse preso com bandidos realmente perigosos. Essa necessidade de prender e considerar como crime passível de prisão toda e qualquer ação relaciona-se com a judicialização, e traz como consequência a superlotação dos presídios, porque eles não vão suportar tantas pessoas presas, sendo que muitas cometeram atos ilícitos que poderiam ser tutelados de outra forma, sem necessidade da prisão.
 
3. Foto da superlotação dos presídios 
Consequência dessa judicialização e do severo sistema punitivo. Toda ação humana torna-se passível de punição e muitas vezes de cadeia, gerando a superlotação.
- PENAS ALTERNATIVAS -
 Nos dias atuais, uma solução que poderia ser aplicada como nova forma de punição e resolução de conflitos seriam as penas alternativas, que são medidas punitivas com caráter mais educativo, fazendo com que o infrator não precise ter sua liberdade cerceada pela prisão, nem seja afastado de sua família e da sociedade. 
Diferente das penas punitivas, as penas alternativas são cumpridas de forma mais branda, como prestar serviços à comunidade (trabalho comunitário), doação em dinheiro ou alimentos para instituições sociais, ter alguns direitos interditados temporariamente, proibição de exercer cargos públicos ou mandatos, prestação em dinheiro para sanar o dano causado à vítima, proibição de frequentar locais determinados e suspensão da carteira de habilitação.
Com a criação dessas penas alternativas, fez-se necessário possuir um controle acerca delas, afinal, como seria provado o cumprimento de tais medidas pelo infrator? Pensando nisso, criaram-se Centrais de Penas e Medidas Alternativas responsáveis pela fiscalização e acompanhamento. 
As penas alternativas seriam uma saída para que o infrator pudesse continuar convivendo com a família e ajudando a sociedade, visto que é inserido em vários projetos e ações sociais em benefício da comunidade. Além disso, tem-se verificado uma diminuição no índice de reincidência criminal, pois com essas medidas fica mais fácil haver o reconhecimento do erro e não cometê-lo novamente. 
- DEFESA DA NOSSA TESE ATRAVÉS DE NÚMEROS –
Apresentar dados (pesquisas, números, gráficos) que apontam a tese do grupo, tais como:
Número de presos no Brasil;
Diferença entre presos brancos e negros;
Comparar com outros países, etc.
- SISTEMAS PRISIONAIS REMODELADOS –
Exemplos de países que remodelaram seu sistema prisional, como a República Dominicana (box na última página da matéria da VEJA).

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