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Resumo de Teoria da Norma

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Teoria da norma 
O homem é ao mesmo tempo, indivíduo e ente social. Embora seja um ser independente, não deixa de fazer parte de um todo que é a comunidade humana. Para que as criaturas racionais atinjam seus objetivos, a condição fundamental é se associarem. Sozinho o homem é incapaz de vencer os obstáculos que o separa de seus objetivos ou fins. 
Assim, desde o nascimento o homem pertence a alguns grupos, como família, comunidade local, igreja, nação, entre outros. Todas essas instituições têm uma finalidade própria que visa atingir, para tanto criam normas que disciplinam o comportamento de seus membros, limitando as ações das pessoas que a compõem e definindo direitos e deveres.
O fundamento da norma está na exigência da natureza humana de viver em sociedade. Também se fundamentam na necessidade de organização social, pois a vida do grupo social está intimamente ligada à disciplina das vidas individuais. Não há sociedade sem normas de direito, que têm por objetivo uma ação humana, obrigando-a, permitindo-a ou proibindo-a. 
As normas de direito visam delimitar a atividade humana, preestabelecendo o campo dentro do qual podem agir. Sua finalidade é traçar diretrizes para o comportamento humano na vida social, para que cada um tenha o que lhe é devido, e dirigir a liberdade a liberdade no sentido da justiça. A norma jurídica é, portanto, “a coluna vertebral do corpo social”. 
A norma só existe se for declarada pelo poder, assim fica evidente a relação fundamental existente entre ambos. A norma jurídica decorre de um ato decisório de poder (constituinte, legislativo, judiciário, executivo, comunitário, coletivo ou individual). Só é jurídica, a norma declarada como tal pelo órgão incumbido de levar o grupo a seus fins, e se estiver entrosada com o ordenamento jurídico da sociedade política. 
Esse ato decisório não é somente uma condição técnica necessária à validade (vigência, eficácia e fundamento) da norma jurídica, mas também uma exigência irrecusável e inevitável dos valores humanos de certeza e ordem social. É importante destacar que esse poder não constitui uma força arbitrária, pressupõe sempre uma série de valores para a elaboração da norma. 
Como há sempre um ato decisório marcando o aparecimento das normas no quadro das múltiplas vias de acesso ao mundo dos valores, a eliminação do perigo do arbítrio se dá na medida em que tais normas se desligam das vontades que as prescrevem, através de decisões, convertendo-se em intencionalidades objetivadas. Implica o direito positivo, portanto, uma interferência decisória do poder, fixando sentidos de valor na ordenação das formas de coexistência social. 
Contra as leis opostas à ordenação da sociedade politica ou aos valores sociais nela vigentes não faltam meios constitucionais para neutralizá-las, pois contra o Poder Legislativo e o Executivo existe o recurso ao Judiciário, detendo o controle da inconstitucionalidade das leis, que o habeas corpus e o mandado de segurança facilitam, em curto prazo. Além disso, para obviar a opressão há o impeachment, instituto adequado para afastar a autoridade máxima do poder. Quando houver abuso de poder para exercer opressão irremediável surge o direito de resistência, que reconhece aos cidadãos, em certas condições, a recusa à obediência, a oposição às leis injustas, à resistência à opressão e à revolução. O direito à resistência não está previsto em lei, portanto não constitui um direito subjetivo. Os homens têm a faculdade de reagir contra a opressão, mas esta faculdade não está autorizada normativamente. 
É importante que se faça uma diferenciação entre a norma moral e a norma jurídica. A norma jurídica é bilateral, porque se dirige a duas pessoas. Impõe um dever a determinada pessoa, e ao mesmo tempo dá ao lesado pela sua violação o direito de exigir o dever. As normas morais, por sua vez, são unilaterais, pois apenas impõem um comportamento, mas não autorizam ninguém a empregar coação para obter o cumprimento delas. Assim, todas as normas são imperativas, mas somente a jurídica é autorizante. 
Existe uma serie de elementos que classificam a norma jurídica. Quanto à imperatividade, podem ser: de imperatividade absoluta (ordenam ou proíbem alguma coisa de modo absoluto) ou de imperatividade relativa (nem ordenam e nem proíbem alguma coisa de modo absoluto, depende da ocasião). Quanto ao autorizamento: mais que perfeito (normas que por sua infração autorizam nulidade, anulação e pena); perfeita (autorizam nulidade ou anulação, mas não permite pena); menos que perfeita (autoriza pena, mas não nulidade ou anulação); imperfeita (não acarretam nenhum tipo de sanção). Quanto a hierarquia: normas constitucionais, leis complementares, ordinárias, delegadas, decretos regulamentares, normas internas e individuais. Quanto à natureza das disposições: substantivas (regulam relações jurídicas) e adjetivas (regulam o modo como essas relações devem se efetivar). Quanto à aplicação: normas de eficácia absoluta (imutáveis); de eficácia plena (suscetíveis de ementa); de eficácia plena restringíveis (pode ser reduzida); de eficácia relativa complementável (depende de outras leis para alcançar sua eficácia). Quanto ao poder de autonomia legislativa: nacionais e locais; federais, estaduais e municipais. Quanto à sistematização: esparsas ou extravagantes (tratam de uma única matéria), codificadas (conjunto de normas que tratam do mesmo tema), consolidadas (reunião de todas as leis existentes que tratam de uma determinada matéria), micro códigos (códigos que tratam de uma única matéria de forma simplificada). 
A respeito da validade da norma, os aspectos essenciais são: vigência (validade formal ou técnica jurídica), eficácia (validade fática) e fundamento axiológico (validade ética). Para que a norma seja vigente ela deve ser elaborada por órgão legitimo, a matéria ou objeto da norma deve estar contida na competência do órgão (Ratione materiae), e a elaboração da lei deve observar os procedimentos legais. 
A vigência da norma termina quando o prazo previsto pela mesma acaba ou quando é elaborada uma nova lei que trate da mesma matéria, alterando-a. No ultimo caso, a lei pode ser revogada totalmente (ab-rogar) ou parcialmente (derrogar). A lei não é repristinatória, ou seja, a lei revogadora de outra lei revogadora não tem efeito repritinatório sobre a velha norma abolida, senão quando houver pronunciamento expresso do legislador a esse respeito. 
A respeito dos conflitos existentes entre a lei nova e a lei velha, utiliza-se dois critérios: as disposições transitórias, que são elaboradas pelo legislador, no próprio texto normativo, para conciliar a nova norma com as relações já definidas pela anterior; e os princípios da retroatividade e da irretroatividade das normas, construções doutrinárias para solucionar conflitos na ausência de normação transitória.

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