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Aula 1 - Texto História da Educação

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1 
A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
 
por Maria Angélica da Gama Cabral Coutinho 
 
 
O sentido da História 
 
 Essa reflexão tem como objetivo introduzir o estudante no mundo da 
História! São algumas poucas questões, mas que pretendem capacitar o futuro 
professor a fazer opções metodológicas no momento de trabalhar e desenvolver um 
projeto com sua turma. Ou até mesmo nas suas opções de pesquisa na área da 
educação. 
 
 A História é o estudo dos acontecimentos passados e das transformações 
humanas, desde a sua origem na Terra até os dias atuais. É a história da humanidade 
em todas as suas dimensões; é a análise de como a sociedade organiza suas 
atividades econômicas com o objetivo de garantir sua sobrevivência; das relações 
humanas e suas implicações na organização da sociedade, das formas de poder 
instituídas, do comportamento e das ideias expressas pelos grupos sociais. 
 
 É a ciência que estuda o que aconteceu com o homem e as 
permanências desses acontecimentos nos anos, ou séculos seguintes; observa e 
analisa as mudanças que ocorreram, e como se desenrolaram, buscando 
compreender os fatores que desencadearam o processo. Como afirmava Marc Bloch 
(1963, p.29) é a “Ciência dos homens no tempo”. 
 
 Percebemos dois sentidos para a História. O primeiro refere-se à história 
tal e qual os homens a fazem. O outro está ligado à elaboração dos historiadores, 
realizada a partir da pesquisa investigativa e da análise subsequente que é produzida. 
 
 Buscamos estudar a História para compreendermos de onde viemos, e 
como isso aconteceu. O objetivo do historiador é investigar e analisar as vivências 
humanas com a finalidade de produzir informações que possam ser úteis para o 
momento presente e assim poder contribuir na construção do futuro. 
 
 A importância da História é a de oferecer a compreensão do presente a 
partir do conhecimento e das explicações que podemos encontrar no passado. Como 
afirmava Febvre (1977, p.56) “(...) é com firmeza que vos digo: para fazer história, 
 
 2 
virem resolutamente as costas ao passado e antes de mais vivam. Envolvam-se na 
vida.” 
 A História contribui para construir a ideia de identidade importante para a 
formação da cidadania e de valores democráticos, na atualidade. Em nosso passado 
mais recente (durante a montagem do Estado Republicano, na virada do século XIX 
para o XX, por exemplo), o Estado Brasileiro necessitou construir a identidade 
nacional, para afirmar-se como nação republicana carregada de valores. 
 
 Alguns pesquisadores da História tratam-na como ciência do passado, 
enquanto outros a chamam de ciência do presente. Esses pontos de vista relacionam-
se às diferentes concepções da história. Todas as escolhas de abordagens realizadas 
pelos historiadores são resultantes da concepção historiográfica a que ele pertence. 
Desde as fontes escolhidas e utilizadas até os objetos de pesquisa definidos para a 
pesquisa científica. 
 
 
As Concepções historiográficas 
 
 
 
 O ensino tradicional é tratado numa perspectiva positivista da história. 
Para o positivismo, os historiadores devem buscar a neutralidade, a imparcialidade 
evitando a interferência na análise do fato. A questão que podemos observar é que ao 
selecionar o fato histórico a ser estudado, o pesquisador já está se colocando, pois 
está fazendo uma escolha, uma opção, e eliminando outras. 
 
 O historiador positivista trabalha com os acontecimentos episódicos, de 
curta duração, numa sucessão ordenada de fatos, que se constituem isoladamente, 
numa articulação de causa e efeito. Para eles os fatos se explicam por si só, não 
necessitam de interpretações. Além disso, esses historiadores só admitem o uso de 
documentos escritos como fonte da investigação, o que significa que nessa 
abordagem historiográfica, os povos que não são letrados não possuem História. 
 
 A ciência, na concepção positivista, é entendida como uma verdade 
absoluta, pronta e acabada, e não como um saber em constante transformação, em 
processo de construção contínua. A metodologia científica deve obedecer a leis, que 
não se aplicam às ciências do homem, mas apenas às ciências da natureza. Não 
aceita que o conhecimento está sempre se ampliando e se transformando a partir das 
novas descobertas e dos novos conhecimentos construídos. 
 
 
 3 
 Esta é uma abordagem que privilegia os heróis, os governantes, os 
vencedores, os líderes como sujeitos históricos. O positivismo desconhece os 
vencidos, o soldado, o camponês, o homem comum, pois não participam do processo 
histórico. 
 
 Outra característica dessa vertente do pensamento é a valorização de 
noções como ordem, progresso, propriedade, pátria, religião numa perspectiva de 
justificar o modelo de organização da sociedade capitalista. Muitos professores, muitas 
publicações didáticas apesar das inúmeras críticas, ainda mantêm-se fiéis a essa 
visão de História, que como podemos ver pouco contribui para a formação integral do 
aluno. 
 
 O marxismo constitui-se em outra abordagem da História, que nasceu 
da oposição aos preceitos positivistas. Foi elaborado a partir das análises históricas de 
um pensador alemão, residente na Inglaterra, na segunda metade do século XIX, 
chamado Karl Marx, e das contribuições de seu amigo Friedrich Engels. 
 
 Marx e Engels afirmam que a história é a ciência dos homens, e todos 
os outros conhecimentos científicos são derivações da História. Essa afirmação fica 
evidente na leitura de A Ideologia Alemã (Marx e Engels, 1999, p.23): 
 
“Nós conhecemos somente uma ciência singular, a 
ciência da história. Pode-se encarar a história de dois 
ângulos e dividi-la em história da natureza e em história 
dos homens. Os dois ângulos são, entretanto, 
inseparáveis; a história da natureza, também chamada 
ciência natural, não nos diz respeito aqui; mas nós temos 
de examinar a história dos homens (...)”. 
 
 A concepção marxista apoia-se na ideia de que toda a produção de 
conhecimento é resultado de um contexto histórico determinado. A sociedade é fruto 
de sua própria construção histórica. É resultado da sua própria criação, da autocriação 
como afirmava Cornelius Castoriadis. Busca a crítica ao ensino tradicional, que 
objetiva a manutenção do status quo. 
 
 Não há uma verdade única para o marxismo, pois como já falamos, ela é 
resultante da postura de quem a produz, de quem a elabora. Não há a busca por uma 
neutralidade inalcançável, como no caso dos positivistas. 
 
 
 4 
 No marxismo, a economia determina a maneira que a sociedade se 
organiza. Ela se reflete sobre as relações sociais, as relações de poder dessa mesma 
sociedade. O conceito básico da teoria marxista é o “modo de produção” que é 
determinante sobre a maneira de viver da sociedade. 
 
“O modo de produção da vida material condiciona o 
desenvolvimento da vida social, política e intelectual em 
geral. Não é a consciência dos homens que determina o 
seu ser; é o seu ser social que, inversamente, determina 
a sua consciência.” (Marx, 1977, p.24) 
 
 O motor da História é a luta de classes. Toda a história do homem é a 
história da forma como o grupo social produz seus bens materiais, é a maneira pela 
qual os homens se relacionam no processo produtivo. Para o marxismo, em todasas 
formas de organização social, desde as sociedades tribais até a sociedade capitalista 
atualmente, está presente a exploração do homem pelo homem. 
 Há uma terceira concepção de História, mas que difere das duas 
anteriores, pois se limita unicamente ao âmbito da História e dos historiadores. É a 
Escola dos Annales, fruto do contato de historiadores franceses, que não se sentiam 
representados pelas abordagens existentes. Eles, então, reúnem-se a partir de suas 
pesquisas em torno de uma revista intitulada “Annales d'Histoire Économique et 
Sociale", criada em 1929 por iniciativa de Marc Bloch e Lucien Febvre. Com o passar 
do tempo novos historiadores se aproximam, rompendo também com as fronteiras 
francesas, e com os limites da revista acadêmica. 
 Os Annales compreendem, diferente dos positivistas, a História como 
uma ciência em constante construção e para tal o caráter científico não se apresenta 
como um conjunto de regras e leis rígidas. Da mesma maneira que entendem que 
fontes históricas vão além de exclusivamente os documentos escritos, ampliando as 
possibilidades da análise histórica, e rompendo com a tradição conservadora 
positivista. 
 Os historiadores da Escola dos Annales buscam através da pesquisa 
investigativa, da procura em fontes diversas, a explicação de acontecimentos sociais, 
culturais, econômicos ou políticos; não se contentam apenas em narrar os episódios 
históricos, faz-se necessário explicá-los. 
 
 
 5 
 Braudel, representante do grupo dos Annales, formulou a noção das 
temporalidades múltiplas. Em linhas gerais podemos compreender que o fato histórico 
pode apresentar variadas durações: o tempo breve, o tempo médio e a longa duração. 
 
 O tempo breve se refere a fatos que duram um pequeno espaço de 
tempo. É a curta duração exemplificada por acontecimentos políticos como um golpe 
de Estado, a Independência do Brasil, ou a Proclamação da República. Essa duração 
é própria da História tradicional, dos historiadores positivistas. É essa a história 
episódica, que engana, que impede uma análise mais consistente por parte do 
observador, como afirma Braudel (1976, p.14). 
 
“A ciência social tem quase o horror do acontecimento. 
Não sem razão: o tempo breve é a mais caprichosa, a 
mais enganadora das durações. 
 É por este motivo que existe entre nós, os 
historiadores, uma forte desconfiança em relação a uma 
história tradicional, chamada história dos 
acontecimentos(...)”. 
 
 
 A média duração está ligada, sobretudo, aos acontecimentos 
econômicos. É o tempo dos economistas, por excelência! (mas não exclusivamente) 
Quem já não ouviu os comentários de economistas, em rádios ou televisão, 
expressando-se sobre as conjunturas de crise, as conjunturas desfavoráveis de 
inflação, por exemplo? É também o período da duração de uma guerra, de um 
movimento político como a campanha abolicionista, ou a campanha republicana, entre 
outros. 
 
 Mas há fatos que se prolongam por séculos... Como as manifestações 
de machismo; ou a permanência da escravidão no Brasil, como o racismo. Chamamos 
esse fato de estrutural. Ele parece não se modificar. São, por exemplo, as relações de 
trabalho que atravessaram vários séculos. É o mundo capitalista com suas múltiplas 
facetas e determinações. 
 
 
EDUCAÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÂO 
 
 Ora, se considerarmos que a História é ação de seres humanos no 
tempo e no espaço transformando a natureza e produzindo conhecimento, e que a 
Educação é o ato de transmissão e preservação desse conhecimento produzido 
 
 6 
socialmente, podemos então considerar que não existe uma educação, mas diferentes 
educações, “mas cada sociedade cria, e cada uma a seu tempo, maneiras de educar 
homens e mulheres, crianças jovens e adultos” (Lopes e Galvão, 2001, p.12 ). 
 Nesse sentido, a educação deveria ser considerada um importante 
objeto de estudo da história, mas como afirma Cambi, foi a partir da metade dos anos 
de 1970, que se deu a passagem da História da Pedagogia para a História da 
Educação, o que não representou apenas uma mudança na nomenclatura, e sim um 
modo radicalmente novo “que rompeu com o modelo unitário e continuísta do 
passado, fortemente ideológico, para dar vida a uma pesquisa mais problemática e 
mais pluralista” (Cambi, 1999, p.24, 25). 
 
 Essa transformação, segundo Nóvoa ( , p.13), permite que a História 
da Educação se justifique na História, e assim possa resgatar o passado nas suas 
diferenças com o presente, que além de possibilitar ao educador(a) a compreensão do 
passado coletivo da profissão, aprender a relativizar as inúmeras ideias e propostas 
educativas e ampliar o leque de escolhas e de possibilidades pedagógicas, 
desenvolva a capacidade de compreender que a educação é uma construção social, o 
que pode transformar o sentido da prática cotidiana de cada professor. 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BLOCH, Marc. Introdução à História. 2ªed., Publicações Europa-América, 1974. 
BRAUDEL, Fernand. História e Ciências Sociais. 2ªed. Lisboa, Ed. Presença, 1976. 
CAMBI, Franco. História da Pedagogia. S.P. UNESP, 1999. 
CASTORIADIS, Cornelius. As Encruzilhadas do Labirinto III: o mundo fragmentado. 
R.J., Paz e Terra, 1992. 
FEBVRE, Lucien. Combates pela História I. Lisboa, Ed. Presença,1977 
LOPES & GALVÃO. 
MARX, Karl e ENGELS,F. A Ideologia Alemã , 1999. 
NÓVOA, António.

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