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MODULO III - AÇÕES JUDICIAIS ELEITORAIS

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AN02FREV001/REV 4.0 
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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
DIREITO ELEITORAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
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CURSO DE 
DIREITO ELEITORAL 
 
 
 
 
 
MÓDULO III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO III 
 
 
3 AÇÕES JUDICIAIS ELEITORAIS 
 
 
3.1 INTRODUÇÃO 
 
 
Como ação eleitoral, entende-se o direito à invocação da tutela jurisdicional 
do Estado, cuja pretensão resistida tenha como causa de pedir o fundamento jurídico 
vinculado ao direito eleitoral. 
O sistema eleitoral atual possui bons instrumentos jurisdicionais de 
impugnação de candidaturas ou mandatos eivados de vícios de inelegibilidade ou 
ilegalidade e também de combate aos abusos de poder político e econômico que 
tanto desmerecem a história política de nosso país. 
Portanto, para que a Justiça Eleitoral possa conhecer e decidir as alegações 
de inelegibilidade ou a falta de condição de elegibilidade tem importância a Ação de 
Impugnação de Registro de Candidatura (AIRC), a Ação de Investigação Judicial 
Eleitoral (AIJE) e a Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME). Assim, cada 
uma dessas ações possui disciplina própria e objeto definido. Estudaremos uma a 
uma, como veremos a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3.2 AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO DE CANDIDATURA – AIRC 
 
 
3.2.1 Conceito, finalidade e objeto da AIRC 
 
 
A AIRC é o processo que objetiva impedir a homologação judicial da inscrição 
de um candidato no pleito eleitoral. 
A impugnação deve versar sobre um dos muitos requisitos de elegibilidade do 
candidato, daí porque a sua previsão se encontra na LC n° 64/90, que é justamente a 
lei das inelegibilidades. 
A LC n° 64/90, em seus arts. 2° a 18 disciplina a competência e o processo 
judicial de impugnação ao pedido de registro. A impugnação deve ser apresentada 
perante o órgão judicial receptor do pedido de registro de cada candidatura. 
A impugnação ao pedido de registro tem por base a ausência de uma das 
condições legais ou constitucionais de elegibilidade, ou a presença de uma das 
causas de inelegibilidade. 
As inelegibilidades existentes no momento em que se postula o registro de 
candidatura devem ser conhecidas e afirmadas ex officio pelo juiz, no bojo do 
respectivo processo de registro, ou arguidas pelo interessado em sede de ação de 
impugnação de registro de candidatura, sob pena de preclusão. 
Somente as inelegibilidades constitucionais não levantadas naquela altura e 
as infraconstitucionais supervenientes ao pedido de registro podem embasar recurso 
contra a expedição de diploma. As primeiras, porque não sofrem os efeitos da 
preclusão temporal, as segundas, por terem surgido depois da efetivação do registro 
de candidatura. 
Tem previsão nos artigos 3° e 17 da Lei Complementar disciplinam a ação de 
impugnação ao pedido de registro de candidatos. É uma ação de natureza civil-
eleitoral. Em relação ao critério temporal, constitui-se como a primeira das ações 
eleitorais que se pode interpor no curso do processo eletivo. 
 
 
 
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A finalidade desta ação é indeferir o pedido de registro de candidatos que não 
possuam condições de elegibilidade, sejam inelegíveis (hipóteses de não 
desincompatibilização), ou ainda, estejam privados definitiva e temporariamente dos 
direitos políticos, conforme o art. 15 da CF de 88. Isto é, visa impedir que o 
impugnado obtenha o registro de sua candidatura, por falta de uma das condições de 
elegibilidade. 
Quanto ao objeto da ação: A ausência de qualquer requisito constitucional ou 
legal para candidatura, por exemplo, idade inferior à prevista na CF. 
O trânsito em julgado ou a publicação da decisão colegiada que declarar a 
inelegibilidade do candidato terá por consequência a nulidade do registro ou, se for o 
caso, o cancelamento da diplomação. 
Podemos então, para todos os efeitos afirmar que o objeto da Ação de 
Impugnação de Registro de Candidatura é o próprio indeferimento do pedido de 
candidatura. 
 
 
3.2.2 Caracterização e legitimação da AIRC 
 
 
A impugnação ao registro de candidatura se caracteriza como procedimento 
que visa impedir a concretização do reconhecimento pela Justiça eleitoral da aptidão 
de determinado candidato para a disputa eleitoral, em virtude da ausência de 
preenchimento de quaisquer das condições de elegibilidade, ou mesmo em 
decorrência de descumprimento de determinada providência essencial à validade e 
eficácia do registro. Assume a impugnação verdadeiro contorno contencioso, 
obrigando-se à observância estrita dos princípios do contraditório e ampla defesa. 
 
A lei n° 9.504/97 (Lei Geral das Eleições), em seus arts. 10 a 16, disciplina o 
registro das candidaturas e os direitos do registrando. 
Para as eleições de 2010, a Resolução do TSE que regulamentou os registros 
das candidaturas foi a de n° 23.221./2010. E para as eleições de 2012, a de n° 
23.273/2011. 
 
 
 
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3.2.3 Legitimidade da AIRC 
 
 
Tem legitimidade (ativa) concorrente para propor a ação: 
 
 O candidato ou pré-candidato - A jurisprudência considera o poder de ação 
mesmo daqueles candidatos que não tiveram ainda deferido o registro de sua 
candidatura, sendo necessário apenas que tenha sido indicado em convenção 
partidária e protocolado seu pedido perante a Justiça Eleitoral, ostentando, 
portanto, a qualidade de pré-candidato (é o candidato a candidato: já foi 
escolhido em convenção, mas, ainda, não teve o pedido de registro deferido 
pela Justiça Eleitoral). 
 
Tal premissa é lógica, posto que, se a ação é de impugnação de registro, 
significa que os pedidos ainda não foram julgados, não se tendo ainda candidatos 
propriamente ditos. 
 
 O partido, a coligação (partido político temporário) - A Súmula 11 do TSE 
determina que se estes não impugnaram o registro, não terão legitimidade para 
recorrer da sentença (ressalvada a matéria constitucional). O partido político que 
integrar coligação não pode impugnar isoladamente. 
 
 E o Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados da publicação 
do edital do pedido de registro do candidato - Se o Ministério Público não for autor, 
deverá ser intimado para acompanhar a ação e requerer o que for de direito, 
conforme o art. 83, I e II, na condição de custos legis. 
 
Qualquer legitimado poderá agir individualmente ou de forma conjunta, por 
intermédio de litisconsórcio. 
 
 
 
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A impugnação por parte de candidato, partido político ou coligação não 
impede a ação do Ministério Público no mesmo sentido, conforme o art. 3°, § 1° da LC 
n° 64/90. 
O eleitor não tem legitimidade por falta de previsão legal, mas nada o impede 
de comunicar o membro do Ministério Público caso tome conhecimento de alguma 
irregularidade. 
São legitimados passivos os pré-candidatos. Observe-se que os partidos 
políticos ou coligações não devem figurar como
litisconsortes passivos necessários na 
AIRC. 
Em resumo, na legitimidade ativa: São legitimados à interposição do incidente 
qualquer candidato, partido, coligações e o Ministério Público Eleitoral, conforme o art. 
3° da Lei Complementar n° 64/90, sendo a iniciativa de outro legitimado não impede a 
atuação do Parquet, conforme o disposto no § 1° da norma acima destacada. 
Na legitimidade passiva: Reúne tal condição o cidadão que veio a ser 
escolhido em convenção e apresentou o seu requerimento de registro de candidatura. 
Sublinha-se que não há litisconsórcio passivo necessário entre o candidato, seu 
partido ou coligação. 
Na legitimidade do cidadão: A norma do art. 97, § 3°, do Código Eleitoral foi 
derrogada pelo disposto no art. 3°, da LC 64/90, que afastou a possibilidade de 
qualquer eleitor pleitear a impugnação, pois não foi incluído no rol ali previsto. 
Entretanto, seguindo tradição histórica o Tribunal Superior Eleitoral permite e 
incentiva a mobilização do eleitor para fins de trazer à verificação questões atinente à 
inelegibilidade que sejam do seu conhecimento, cuja repercussão possa implicar 
rejeição do registro de candidatura. 
A Resolução n° 23.373/2011 do TSE, afirma no art. 44 que qualquer cidadão 
no gozo de seus direitos políticos, no prazo de 05 dias da publicação do edital relativo 
ao registro de candidatura, poderá noticiar ao juízo eleitoral fato à inelegibilidade de 
candidato, por meio de petição em duas vias. Assim, procedido, uma das vias da 
informação é juntada aos autos do respectivo registro e a outra encaminhada ao 
Ministério Público Eleitoral. 
 
 
 
 
 
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3.2.4 Competência 
 
 
A Justiça Eleitoral é competente para julgar a AIRC. Portanto, deve ser 
interposta: 
 
 Perante o TSE, quando se tratar de candidato a Presidente e Vice-
Presidente da República; 
 Perante os TREs, quando se tratar de Senador, Governador e Vice-
Governador do Estado e do Distrito Federal, Deputado Federal, Estadual e Distrital; 
 Perante os Juízes Eleitorais, quando se tratar de candidato a Prefeito, 
Vice-Prefeito e vereador; 
 
 
3.2.5 Procedimentos 
 
 
O formato procedimental para a ação de impugnação de registro de 
candidatura conta com algumas descrições, tais como: 
 
 Petição inicial com requerimento de indicação de provas. Inclusive o 
apontamento de rol de testemunhas, limitado ao número de 06; 
 Notificação do candidato impugnado; 
 Ciência ao Ministério Público Eleitoral, salvo se ele próprio for o 
requerente\impugnante; 
 Defesa pelo impugnado no prazo de 07 dias, com apresentação de 
documentos, indicação de provas, mesmo que estiverem em poder de terceiros, 
inclusive apresentação de rol de testemunhas; 
 Julgamento antecipado, conforme o estado do processo, se não houver 
necessidade de dilação para arrecadação de provas; 
 
 
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 Despacho saneador, se não for a hipótese de julgamento imediato, 
designação dos 04 dias seguintes para inquirição de testemunhas, cujo 
comparecimento em juízo deve ser de iniciativa das partes; 
 Realização de diligências necessárias, a requerimento das partes, 
Ministério Público Eleitoral ou de ofício, no prazo de 05 dias; 
 Conclusão dos autos ao juiz eleitoral para sentença no prazo de 03 dias; 
 Cabimento de recurso eleitoral ao TER, a ser articulado no prazo de 03 
dias; 
 Contrarrazões recursais em 03 dias; 
 Remessa dos autos à instância superior. 
 
Os fundamentos de fato possuem enorme elasticidade para enquadramento, 
quer seja na ausência de específica condição de elegibilidade, causa de 
inelegibilidade ou desacerto nos requisitos formais para o escorreito da candidatura. 
 
De acordo com Adriano Soares da Costa: 
 
A impugnação pode se referir a questão de abuso de poder político ou 
econômico sem prévio reconhecimento em feito eleitoral específico: “para 
fustigar os fatos geradores de inelegibilidade ocorridos antes do pedido de 
registro de candidatura, inclusive, e com maioria de razão, aqueles previstos 
pela Lei Complementar 64/90, de escalão infraconstitucional, mercê da 
possibilidade legal de sua preclusão”. (COSTA, 2006, pág. 423) 
 
Contudo, esse enfoque não é seguido pela jurisprudência dominante, 
rejeitando-se a premissa de que na AIRC possa ser discutido o abuso de poder 
político e econômico antes do registro de candidatura, reservando-se tal missão para 
a ação de investigação judicial eleitoral (AIJE). 
 
 
3.2.6 Prova 
 
 
 O impugnante deve indicar os meios de prova do que alega, inclusive 
indicando o rol de testemunhas, se for o caso; 
 
 
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 O impugnado, na contestação, pode juntar prova documental, arrolar 
testemunhas ou requerer a produção de outras provas, inclusive documentais, que se 
encontrem em poder de terceiros, em repartições públicas ou em processos judiciais 
ou administrativos, salvo os que tramitem em segredo de justiça; 
 As testemunhas devem comparecer por iniciativa das partes para a 
inquirição judicial e serão ouvidas em uma só assentada; 
 O juiz ou relator poderá ouvir terceiros, referidos pelas partes, como 
conhecedores de fatos que possam influir no julgamento da causa; 
 O juiz ou relator poderá exigir o depósito de documento necessário à 
formação da prova que esteja em poder de terceiro, sob pena de prisão por crime de 
desobediência. 
 
 
3.2.7 Notificação do Impugnado 
 
 
Ajuizada a AIRC, antes de o impugnado ser notificado (citado), deve-se 
aguardar o esgotamento do prazo de 05 dias da publicação do edital. É que se 
tratando de prazo comum, outros legitimados poderão comparecer e impugnar o 
pedido de registro, até mesmo por fundamento diverso. Vencido esse prazo, 
procedem-se à notificação, o que poderá ser ultimado por telegrama, correio 
eletrônico, etc. 
Dessa forma, a AIRC deve ser ajuizada no prazo de cinco dias, a contar da 
publicação do edital com a lista das pré-candidaturas. Terá prioridade sobre as 
demais ações e deverá se encerrar até 45 dias das eleições. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3.3 AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL – AIJE 
 
 
3.3.1 Conceito, finalidade e objeto da AIJE 
 
 
Os artigos 19 e 22 da Lei Complementar dispõem sobre a Ação de 
Investigação Judicial Eleitoral que é proposta com objetivo de apurar fatos que 
envolvem o candidato desde antes do registro de candidatura até a eleição. É uma 
ação de natureza civil-eleitoral. 
Também chamada de Representação por abuso do Poder Econômico e\ou 
Político. Essa ação é destinada ao combate de ofensas relacionadas ao abuso de 
poder econômico ou político, em detrimento da liberdade de voto que acarretam 
desigualdades na disputa. O abuso do poder econômico ou político é toda conduta 
ativa ou omissiva que tenha potencialidade para atingir o equilíbrio entre os 
candidatos que almejam determinado pleito eleitoral. 
Assim, a AIJE envolve o abuso de poder econômico, político (conhecido 
também como de autoridade, que pode ser medido até mesmo pela ocorrência das 
condutas vedadas), e abuso dos meios de comunicação. 
Verificar por importantíssimo, que a atual redação do art. 22, XIV, da LC 
64/90, determinada pela LC 135/2010, autorizou a cassação do registro ou diploma do 
favorecido pelos meios de comunicação. 
O abuso se mede por um parâmetro de excesso, exagero ou extrapolação na 
utilização dos elementos econômicos e políticos, que certamente estão presentes em 
todas as disputas eleitorais. O que se pretende arrostar é a influência abusiva 
exercida por detentores de poder econômico
ou político. 
A ação tem como finalidade provar que os princípios igualitários que devem 
nortear um pleito foram violados. Por meio dessa ação será investigado e apurado o 
uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade ou a 
utilização indevida dos veículos ou meios de comunicação social, em benefício de 
candidato ou partido político. 
 
 
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Quanto ao objeto da ação: Punição, com multa e cancelamento do registro, 
dos candidatos, ou quem os auxilie, que abusem do poder econômico ou político ou, 
ainda, usem de forma ilegal o cargo (ou emprego público) ou meios de comunicação 
em prol de candidaturas. Caso seja julgada procedente, terá por consequência a 
declaração de inelegibilidade do candidato e de quantos participarem do ilícito. 
E ainda, a AIJE, como é conhecida a ação de investigação, não se presta a 
cassar mandatos eletivos. Se ela for julgada procedente após a eleição do candidato, 
haverá a aplicação da pena de inelegibilidade e servirá como prova para ensejar o 
ajuizamento por parte do Ministério Público e interessados, da Ação de Impugnação 
de Mandato Eletivo, ou o recurso contra a Diplomação, se já ultrapassado o prazo 
para a interposição. Para tanto, a lei determina a remessa de cópia de todo o 
processo ao Ministério Público Eleitoral. 
 
 
3.3.2 Legitimação da AIJE 
 
 
São partes legítimas para propor a investigação judicial: 
 
 Os candidatos a qualquer cargo eletivo; 
 Partidos políticos; 
 E as coligações participantes do pleito e do Ministério Público. 
 
Essa legitimidade é concorrente, podendo cada um propô-la de forma 
individual ou em litisconsórcio ativo facultativo. Se o MP não for parte atuará como 
custos legis. 
 
São legitimados passivos: O candidato beneficiado pela prática do ato ilícito, a 
coligação, as autoridades ou qualquer pessoa que tenha contribuído para o abuso. 
 
 
 
 
 
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3.3.3 Competência 
 
 
A competência para conhecer e julgar AIJE se relaciona com a natureza das 
eleições, como veremos a seguir: 
 
 Nas eleições municipais (Prefeito, vice e vereador) deve ser dirigida ao 
Juiz Eleitoral, conforme o art. 24 da LC n° 64/90. Isto é, na eleição municipal a 
competência para processar e julgar a ação de investigação será do Juiz Eleitoral, 
que exercerá todas as funções atribuídas ao Corregedor Geral ou Regional, conforme 
o disposto do art. 24 da Lei. 
 Nas eleições para Governador, Vice-Governador, Senador, Deputado 
Federal, Estadual e Distrital, o Corregedor Regional Eleitoral fará a investigação e 
apresentará relatório para julgamento no plenário TRE. 
 Na eleição presidencial (presidente e vice), o Corregedor Geral Eleitoral 
fará a investigação e apresentará relatório para julgamento no TSE. Isto é, na eleição 
presidencial, a representação deve ser dirigida ao Corregedor Geral Eleitoral, que terá 
as mesmas atribuições de um relator em processos judiciais. 
Em resumo, a competência para conhecer e julgar AIJE se relaciona com a 
natureza das eleições. Nas presidenciais, é competente o Tribunal Superior Eleitoral. 
Nas federais e estaduais, são os Tribunais Regionais Eleitorais. Nas municipais, os 
juízes eleitorais. Ou seja, a investigação se dá por intermédio do Corregedor Geral 
Eleitoral (eleição presidencial), dos Corregedores regionais (governador, deputados, 
senadores) ou juízes eleitorais (eleições municipais). 
 
 
3.3.4 Procedimentos da AIJE 
 
 
O formato procedimental para a AIJE acontece da seguinte forma: 
 
 
 
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 Petição inicial (normalmente conter pedido de natureza cautelar com 
base no art. 273, § 7°, do CPC, ou mesmo antecipação dos efeitos da tutela, 
conforme o art. 273, CPC) incidente sobre a suspensão do ato discutido. Em se 
tratando de abuso que se materializar no emprego de propaganda política irregular, o 
substrato jurídico para tal determinação tem forte repercussão no art. 41 da lei 
9.504/97. A suspensão liminar pode ainda incidir sobre programa de rádio ou 
televisão e veiculação pela internet, conforme o art. 45, 56 e 57 –I da lei 9.504/97; 
 Notificação; 
 Defesa (prazo de 05 dias da notificação); 
 Oitiva do Ministério Público Eleitoral; 
 Julgamento antecipado da lide (extinção do processo sem resolução do 
mérito ou julgamento do mérito, se não houver necessidade de captação de provas); 
 Instrução (oitiva de testemunhas – 05 dias); 
 Diligências (arregimentação de novas informações ou elementos 
indispensáveis ao julgamento, deflagrados a partir do conteúdo da instrução – 03 
dias); 
 Alegações finais (prazo comum de 02 dias); 
 Intervenção epiloga do MPE, salvo se for o investigante (02); 
 Decisão (prazo de 03 dias); 
 Recurso ao TRE (03 dias); recurso ao TSE (03 dias) e recurso ao STF 
(03 dias). 
 
Em regra, não há como se figurar no polo passivo da AIJE a pessoa jurídica, 
pois ela não se candidata, nem se torna inelegível. 
 
Na hipótese de a infração eleitoral decorrer de abuso de utilização dos meios 
de comunicação, desafiando como agora se realiza a AIJE, conforme art. 22, XIV, LC 
64/90, deve a mesma ser inserida no polo passivo, respondendo apenas pela 
suspensão da programação. O que se torna impossível é sua virtual apenação, sem 
ter oportunidade de se defender, pois em tal hipótese restaria violado o princípio do 
contraditório e ampla defesa. 
 
 
 
 
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3.3.5 Prazo para ajuizamento da AIJE 
 
 
O prazo para ajuizamento da AIJE é desde a realização das convenções até a 
data da diplomação dos candidatos eleitos. 
Se o julgamento definitivo da AIJE for posterior à diplomação, a decisão pode 
determinar o seu cancelamento, conforme o art. 22, XIV, da LC 64/90, sendo 
desnecessário tal provimento no RCDE ou AIME. 
 
 
3.3.6 Rito processual e prazos 
 
 
A AIJE deve ser ajuizada até o dia da diplomação, após essa data a ação 
será julgada extinta sem resolução de mérito. 
Lembre que antes do registro da candidatura não se pode falar na existência 
de candidato, mas de pré-candidato, devendo as ilicitudes serem combatidas por 
AIRC, sob pena de preclusão daquelas que não forem matéria constitucional. Logo, o 
dia inicial para propositura da AIJE é o do deferimento do registro da candidatura e o 
final é o momento anterior à diplomação dos candidatos eleitos. 
Como o Rito dessa ação é sumaríssimo, as provas devem ser apresentadas e 
pedidas desde logo. O autor deverá relatar os indícios que ensejam as conclusões do 
que foi alegado, como e quando ocorreu o fato tido como ilegal. 
Na verdade, essa ação trata-se de representação para pedir abertura de 
investigação judicial e há uma decisão de mérito ao final. 
O rito, suas fases e prazos estão previstos no art. 22, I a XV, da Lei 
Complementar (LC) n° 64/90. 
 
 
 
 
 
 
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3.3.7 AIJE e o abuso dos meios de comunicação 
 
 
Como outra modalidade imponente de abuso a ser cogitado no processo 
eleitoral é o abuso na utilização dos meios de comunicação. 
Essa anomalia é tão grave como o abuso de poder político ou econômico e na 
maioria das vezes se apresenta permeado por aquelas duas ilicitudes, se 
complementando e se conjugando, enfim, criando um cenário de interferência 
indevida nas eleições, que de modo taxativo prejudica a democracia. 
 
 
3.4 AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO – AIME 
 
 
3.4.1 Conceito e finalidade da AIME 
 
 
Inovação da Constituição Federal de 1988, esta ação está prevista no art. 14, 
§§ 10 e 11, e tramitará
perante a Justiça Eleitoral. Portanto, deriva da norma 
constitucional (ação civil eleitoral de natureza constitucional). 
Seu objetivo é a desconstituição do mandato eletivo, protegendo a cidadania 
e a democracia, com a exigência de estrita lisura e legitimidade nas eleições. Isto é, a 
Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) tem por fim desconstituir a 
diplomação do candidato eleito em razão de ter sido a eleição, o mandato popular, 
obtida com vícios que o levam à nulidade, seja por abuso do poder econômico, 
corrupção ou fraude eleitoral. Isto é, a finalidade da AIME é desconstituir o mandato 
do eleito, já que foi obtido por meio do uso de abuso do poder econômico, corrupção 
ou fraude. 
Portanto, segundo a CF, as hipóteses que ensejam a AIME são: 
a) Abuso do poder econômico – abuso é algo que exorbita sua esfera de 
atuação, indo além do que permite o padrão comum; são fatos que privilegiam os 
 
 
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detentores do poder econômico, levando muitos candidatos a serem eleitos pelo seu 
poder financeiro e não por suas propostas (deve ser entendido como o mau uso do 
poder econômico); 
b) Corrupção – Ocorre quando o candidato tenta obter o voto do eleitor pelo 
oferecimento de vantagem, presente ou valor pecuniário, estorvando-o de livremente 
exercer o seu direito ao voto; 
c) Fraude – É o engano provocado por dolo, com a intenção deliberada de 
burlar a lei. Segundo o TSE, o conceito de fraude relaciona-se à votação, como, por 
exemplo, votar mais de uma vez ou alterar nos mapas as votações dos candidatos. 
Ou seja, a fraude corresponde ao uso de artimanha, astúcia, ardil ou artifício com o 
escopo de influenciar o resultado das eleições. 
Essa ação deve tramitar em segredo de justiça que deve ser observado 
conforme a anotação do art. 14, § 11 da CF. 
Há intensa discussão jurisdicional sobre a vantagem ou desvantagem dessa 
restrição. 
 
 
3.4.2 Procedimento da AIME e suas Peculiaridades 
 
 
Deve ser adotado o procedimento dos arts. 3° a 16 da Lei complementar 
64/90, como veremos a seguir: 
 
 Petição inicial (verificar perspectiva de liminar ou antecipação dos efeitos 
da tutela, conforme o art. 273, caput e § 7° do Código de Processo Civil); 
 Notificação do impugnado; 
 Resposta do impugnado (prazo de 07 dias da notificação); 
 Julgamento antecipado (extinção sem resolução do mérito ou julgamento 
de mérito, sem dilação para provas); 
 Fase de instrução (realizada nos 04 dias após a apresentação de 
defesa); 
 Diligências (05 dias após a audiência para a coleta de prova oral); 
 
 
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 Alegações finais e parecer do Ministério Público Eleitoral (05 dias a 
contar do encerramento das diligências); 
 Decisão (03 dias); 
 Recurso (TRE – 03 dias); (TSE – 03 dias); (STF – 03 dias). 
 
Como peculiaridades não cabem na AIME pedido de antecipação de tutela, 
com o fim de sustar o ato de diplomação de candidato eleito, nem tão pouco, medida 
cautelar preparatória. 
 
A AIME deve tramitar em segredo de justiça, conforme mandamento 
constitucional previsto no art. 14, § 11, contudo o ato de julgamento deve ser público. 
Como regra não haverá custas processuais nem honorários advocatícios, 
salvo comprovada litigância de má-fé. 
Então, em relação ao procedimento; Inicialmente e durante anos, o TSE 
aplicava o rito ordinário do CPC à AIME, o que praticamente a tornava inócua, a qual 
por ser demorada, ultrapassava a duração do mandato de quatro anos. Atualmente, 
determinou em suas instruções a adoção do rito da AIRC, o primeiro por nós 
estudado, claro, com algumas especificidades da LC n° 64/90. 
Além das peculiaridades acima apresentadas, a AIME, em regra, tem prazo 
para a propositura da ação de 15 dias, contados da diplomação, excepcionalmente, 
em 15 dias do trânsito em julgado da AIJE. Não se exige prova pré-constituída, basta 
apenas um razoável indício probatório manifestado pelo fumus boni iuris. Isso justifica 
o entendimento pacífico que não é condição de procedibilidade a prévia propositura 
da AIJE. 
Os fatos ensejados podem ser supervenientes à diplomação ou intercorrentes 
entre o alistamento eleitoral e as eleições, especialmente no período de propaganda 
político-eleitoral, quando já está precluso o exame das questões do registro de 
candidatos (exceto se matéria constitucional). 
A AIME pode ser proposta quando ainda há pendência de julgamento da AIJE 
que não se deu até a diplomação. Assim, verificando se tratar do mesmo fundamento 
fático, deverão ser reunidas por conexão, com o fim de se evitarem possíveis 
decisões contraditórias, conforme o art. 104 do CPC. 
 
 
 
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3.4.3 Legitimados 
 
 
Os mesmos inscritos no art. 22, da LC 64/90, como veremos a seguir: 
 
 São os legitimados para o polo passivo. Contudo, para o polo passivo 
somente se cogita do candidato diplomado. 
 Para o suplente diplomado, o TSE já entendeu deve ser posicionado 
como impugnado, dependendo da hipótese, como é o caso das eleições para o 
Senado Federal. 
 O partido político não é parte legítima para se situar no polo passivo. 
Poderá intervir no feito como assistente pela modalidade simples. 
 O vice compõe, com o titular diplomado, litisconsórcio passivo 
necessário. Não havendo sua intervenção, ocorre a nulidade do processo. A emenda 
da inicial depois do prazo de 15 dias, contados da diplomação, implicará na extinção 
do feito, pois o prazo é decadencial, apreciando-se o mérito, conforme o art. 269, IV, 
do CPC. 
Em resumo, a legitimidade ativa são os mesmos legitimados ativos da AIJE: 
os candidatos, os partidos políticos, as coligações e o Membro do Ministério Público. 
Por ser ação de natureza constitucional, o rol também é exaustivo. Havendo 
desistência do autor, o MP poderá assumir o polo ativo da ação (sucessão 
processual). 
Na legitimidade passiva são legitimados passivos o diplomata infrator e todos 
aqueles que contribuíram para a prática do ato. Hodiernamente é entendimento 
majoritário (jurisprudencial e doutrinário) que suplentes do diplomado Senador e os 
respectivos vices dos diplomados a Presidente da República, governadores ou 
prefeitos, devem figurar também como réus. São litisconsortes passivos necessários. 
 
 
 
 
 
 
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3.4.4 Competência 
 
 
A competência, à semelhança do que ocorre com grande parte das ações 
eleitorais, é definida pelo juízo da diplomação, com exceção das eleições municipais, 
em que a diplomação é feita pela Junta Eleitoral e a competência é do Juiz Eleitoral. 
Vejamos: 
 
 Ao TSE (diplomado Presidente da República e seu vice); 
 Aos TREs (diplomado Governador, Vice-Governador, Senador, deputado 
Federal, Estadual e Distrital); 
 Aos juízes eleitorais (diplomado prefeito, seu vice e vereadores) As 
juntas eleitorais não têm competência para julgar referidas ações. 
 
 
3.4.5 Impugnação do mandato eletivo 
 
 
O mandato eletivo pode ser impugnado. A ação de impugnação, proposta 
perante o órgão competente da Justiça Eleitoral, deverá ser instruída com a prova de 
abuso de poder econômico, corrupção ou fraude. A ação, a ser proposta no prazo de 
15 dias contados da diplomação, irá tramitar em segredo de justiça, afastando-se a 
incidência do princípio da publicidade dos atos processuais, conforme o art. 14, §§ 10 
e 11 da CF. 
 
Ao instituir o segredo de justiça, o constituinte acautelou-se contra possível 
utilização meramente político-eleitoral da ação judicial. Portanto, o prazo para 
ajuizamento da ação é de 15 dias contados da diplomação, sendo que a competência
para o seu julgamento é determinada pela natureza das eleições: Se municipal 
(prefeito e vereador) será competente o Juiz Eleitoral; estadual e federal (governador 
e vice, deputado estadual, senador e deputado federal), a competência será do 
 
 
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Tribunal Regional Eleitoral específico e, se disser respeito ao mandato presidencial, 
competente será Tribunal Superior Eleitoral. 
 
 
3.4.6 A AIME e a Lei Complementar 135/2010 
 
 
A partir da Lei Complementar 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), irá ocorrer um 
esvaziamento da AIME, mas não o seu desaparecimento. Isso, porque houve uma 
concentração de todos os ilícitos eleitorais na perspectiva de sua materialização 
processual por meio da AIJE, como previsto no art. 22, XIV, LC 64/90: 
 
Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público 
Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-
Geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e 
circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso 
indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou 
utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício 
de candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito: 
 
XIV – julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação 
dos eleitos, o Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de 
quantos hajam contribuído para a prática do ato, cominando-lhes sanção de 
inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos 
subsequentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro ou 
diploma do candidato diretamente beneficiado pela interferência do poder 
econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos meios de 
comunicação, determinando a remessa dos autos ao Ministério Público 
Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e de ação 
penal, ordenando quaisquer outras providências que a espécie 
comportar; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) 
 
Anteriormente, se admitido o abuso, exemplificativamente em uma AIJE, e 
sucedida à diplomação, no prazo legal deveria ser aforada a AIME. Com a nova AIJE, 
se realiza a diplomação, o provimento se procedente implica na sua cassação ou 
cancelamento. 
Atualmente, não será mais necessária essa duplicação de jurisdição, o que é 
de todo louvável e dotará o sistema de maior lógica e coerência. Adquiriu-se uma 
maior efetividade do provimento jurisdicional, tornando-se desnecessária a 
impugnação do mandato ou mesmo o recurso contra a diplomação. Tanto que a LC 
135/2010 revogou o inciso XV do art. 22 da LC 64/90. 
 
 
 
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3.4.7 Litispendência e coisa julgada 
 
 
A Litispendência com a AIME poderá ocorrer se entre a AIJE anterior ainda 
não julgada definitivamente e a AIME houver a identidade que configura o fenômeno 
processual. Anote-se que agora o pedido na AIJE pode ser a própria cassação ou 
cancelamento do mandato, o que equivale à sua desconstituição, pedido exclusivo da 
AIME. 
Em relação à coisa julgada também poderá ocorrer sua verificação, pois se o 
fato idêntico tiver sido objeto de apreciação em AIJE, e agora repetido em AIME, 
suscitará o impedimento de novo julgamento. 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO III

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