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AN02FREV001/REV 4.0 52 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE DIREITO ELEITORAL Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 53 CURSO DE DIREITO ELEITORAL MÓDULO III Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 54 MÓDULO III 3 AÇÕES JUDICIAIS ELEITORAIS 3.1 INTRODUÇÃO Como ação eleitoral, entende-se o direito à invocação da tutela jurisdicional do Estado, cuja pretensão resistida tenha como causa de pedir o fundamento jurídico vinculado ao direito eleitoral. O sistema eleitoral atual possui bons instrumentos jurisdicionais de impugnação de candidaturas ou mandatos eivados de vícios de inelegibilidade ou ilegalidade e também de combate aos abusos de poder político e econômico que tanto desmerecem a história política de nosso país. Portanto, para que a Justiça Eleitoral possa conhecer e decidir as alegações de inelegibilidade ou a falta de condição de elegibilidade tem importância a Ação de Impugnação de Registro de Candidatura (AIRC), a Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) e a Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME). Assim, cada uma dessas ações possui disciplina própria e objeto definido. Estudaremos uma a uma, como veremos a seguir. AN02FREV001/REV 4.0 55 3.2 AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO DE CANDIDATURA – AIRC 3.2.1 Conceito, finalidade e objeto da AIRC A AIRC é o processo que objetiva impedir a homologação judicial da inscrição de um candidato no pleito eleitoral. A impugnação deve versar sobre um dos muitos requisitos de elegibilidade do candidato, daí porque a sua previsão se encontra na LC n° 64/90, que é justamente a lei das inelegibilidades. A LC n° 64/90, em seus arts. 2° a 18 disciplina a competência e o processo judicial de impugnação ao pedido de registro. A impugnação deve ser apresentada perante o órgão judicial receptor do pedido de registro de cada candidatura. A impugnação ao pedido de registro tem por base a ausência de uma das condições legais ou constitucionais de elegibilidade, ou a presença de uma das causas de inelegibilidade. As inelegibilidades existentes no momento em que se postula o registro de candidatura devem ser conhecidas e afirmadas ex officio pelo juiz, no bojo do respectivo processo de registro, ou arguidas pelo interessado em sede de ação de impugnação de registro de candidatura, sob pena de preclusão. Somente as inelegibilidades constitucionais não levantadas naquela altura e as infraconstitucionais supervenientes ao pedido de registro podem embasar recurso contra a expedição de diploma. As primeiras, porque não sofrem os efeitos da preclusão temporal, as segundas, por terem surgido depois da efetivação do registro de candidatura. Tem previsão nos artigos 3° e 17 da Lei Complementar disciplinam a ação de impugnação ao pedido de registro de candidatos. É uma ação de natureza civil- eleitoral. Em relação ao critério temporal, constitui-se como a primeira das ações eleitorais que se pode interpor no curso do processo eletivo. AN02FREV001/REV 4.0 56 A finalidade desta ação é indeferir o pedido de registro de candidatos que não possuam condições de elegibilidade, sejam inelegíveis (hipóteses de não desincompatibilização), ou ainda, estejam privados definitiva e temporariamente dos direitos políticos, conforme o art. 15 da CF de 88. Isto é, visa impedir que o impugnado obtenha o registro de sua candidatura, por falta de uma das condições de elegibilidade. Quanto ao objeto da ação: A ausência de qualquer requisito constitucional ou legal para candidatura, por exemplo, idade inferior à prevista na CF. O trânsito em julgado ou a publicação da decisão colegiada que declarar a inelegibilidade do candidato terá por consequência a nulidade do registro ou, se for o caso, o cancelamento da diplomação. Podemos então, para todos os efeitos afirmar que o objeto da Ação de Impugnação de Registro de Candidatura é o próprio indeferimento do pedido de candidatura. 3.2.2 Caracterização e legitimação da AIRC A impugnação ao registro de candidatura se caracteriza como procedimento que visa impedir a concretização do reconhecimento pela Justiça eleitoral da aptidão de determinado candidato para a disputa eleitoral, em virtude da ausência de preenchimento de quaisquer das condições de elegibilidade, ou mesmo em decorrência de descumprimento de determinada providência essencial à validade e eficácia do registro. Assume a impugnação verdadeiro contorno contencioso, obrigando-se à observância estrita dos princípios do contraditório e ampla defesa. A lei n° 9.504/97 (Lei Geral das Eleições), em seus arts. 10 a 16, disciplina o registro das candidaturas e os direitos do registrando. Para as eleições de 2010, a Resolução do TSE que regulamentou os registros das candidaturas foi a de n° 23.221./2010. E para as eleições de 2012, a de n° 23.273/2011. AN02FREV001/REV 4.0 57 3.2.3 Legitimidade da AIRC Tem legitimidade (ativa) concorrente para propor a ação: O candidato ou pré-candidato - A jurisprudência considera o poder de ação mesmo daqueles candidatos que não tiveram ainda deferido o registro de sua candidatura, sendo necessário apenas que tenha sido indicado em convenção partidária e protocolado seu pedido perante a Justiça Eleitoral, ostentando, portanto, a qualidade de pré-candidato (é o candidato a candidato: já foi escolhido em convenção, mas, ainda, não teve o pedido de registro deferido pela Justiça Eleitoral). Tal premissa é lógica, posto que, se a ação é de impugnação de registro, significa que os pedidos ainda não foram julgados, não se tendo ainda candidatos propriamente ditos. O partido, a coligação (partido político temporário) - A Súmula 11 do TSE determina que se estes não impugnaram o registro, não terão legitimidade para recorrer da sentença (ressalvada a matéria constitucional). O partido político que integrar coligação não pode impugnar isoladamente. E o Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados da publicação do edital do pedido de registro do candidato - Se o Ministério Público não for autor, deverá ser intimado para acompanhar a ação e requerer o que for de direito, conforme o art. 83, I e II, na condição de custos legis. Qualquer legitimado poderá agir individualmente ou de forma conjunta, por intermédio de litisconsórcio. AN02FREV001/REV 4.0 58 A impugnação por parte de candidato, partido político ou coligação não impede a ação do Ministério Público no mesmo sentido, conforme o art. 3°, § 1° da LC n° 64/90. O eleitor não tem legitimidade por falta de previsão legal, mas nada o impede de comunicar o membro do Ministério Público caso tome conhecimento de alguma irregularidade. São legitimados passivos os pré-candidatos. Observe-se que os partidos políticos ou coligações não devem figurar como litisconsortes passivos necessários na AIRC. Em resumo, na legitimidade ativa: São legitimados à interposição do incidente qualquer candidato, partido, coligações e o Ministério Público Eleitoral, conforme o art. 3° da Lei Complementar n° 64/90, sendo a iniciativa de outro legitimado não impede a atuação do Parquet, conforme o disposto no § 1° da norma acima destacada. Na legitimidade passiva: Reúne tal condição o cidadão que veio a ser escolhido em convenção e apresentou o seu requerimento de registro de candidatura. Sublinha-se que não há litisconsórcio passivo necessário entre o candidato, seu partido ou coligação. Na legitimidade do cidadão: A norma do art. 97, § 3°, do Código Eleitoral foi derrogada pelo disposto no art. 3°, da LC 64/90, que afastou a possibilidade de qualquer eleitor pleitear a impugnação, pois não foi incluído no rol ali previsto. Entretanto, seguindo tradição histórica o Tribunal Superior Eleitoral permite e incentiva a mobilização do eleitor para fins de trazer à verificação questões atinente à inelegibilidade que sejam do seu conhecimento, cuja repercussão possa implicar rejeição do registro de candidatura. A Resolução n° 23.373/2011 do TSE, afirma no art. 44 que qualquer cidadão no gozo de seus direitos políticos, no prazo de 05 dias da publicação do edital relativo ao registro de candidatura, poderá noticiar ao juízo eleitoral fato à inelegibilidade de candidato, por meio de petição em duas vias. Assim, procedido, uma das vias da informação é juntada aos autos do respectivo registro e a outra encaminhada ao Ministério Público Eleitoral. AN02FREV001/REV 4.0 59 3.2.4 Competência A Justiça Eleitoral é competente para julgar a AIRC. Portanto, deve ser interposta: Perante o TSE, quando se tratar de candidato a Presidente e Vice- Presidente da República; Perante os TREs, quando se tratar de Senador, Governador e Vice- Governador do Estado e do Distrito Federal, Deputado Federal, Estadual e Distrital; Perante os Juízes Eleitorais, quando se tratar de candidato a Prefeito, Vice-Prefeito e vereador; 3.2.5 Procedimentos O formato procedimental para a ação de impugnação de registro de candidatura conta com algumas descrições, tais como: Petição inicial com requerimento de indicação de provas. Inclusive o apontamento de rol de testemunhas, limitado ao número de 06; Notificação do candidato impugnado; Ciência ao Ministério Público Eleitoral, salvo se ele próprio for o requerente\impugnante; Defesa pelo impugnado no prazo de 07 dias, com apresentação de documentos, indicação de provas, mesmo que estiverem em poder de terceiros, inclusive apresentação de rol de testemunhas; Julgamento antecipado, conforme o estado do processo, se não houver necessidade de dilação para arrecadação de provas; AN02FREV001/REV 4.0 60 Despacho saneador, se não for a hipótese de julgamento imediato, designação dos 04 dias seguintes para inquirição de testemunhas, cujo comparecimento em juízo deve ser de iniciativa das partes; Realização de diligências necessárias, a requerimento das partes, Ministério Público Eleitoral ou de ofício, no prazo de 05 dias; Conclusão dos autos ao juiz eleitoral para sentença no prazo de 03 dias; Cabimento de recurso eleitoral ao TER, a ser articulado no prazo de 03 dias; Contrarrazões recursais em 03 dias; Remessa dos autos à instância superior. Os fundamentos de fato possuem enorme elasticidade para enquadramento, quer seja na ausência de específica condição de elegibilidade, causa de inelegibilidade ou desacerto nos requisitos formais para o escorreito da candidatura. De acordo com Adriano Soares da Costa: A impugnação pode se referir a questão de abuso de poder político ou econômico sem prévio reconhecimento em feito eleitoral específico: “para fustigar os fatos geradores de inelegibilidade ocorridos antes do pedido de registro de candidatura, inclusive, e com maioria de razão, aqueles previstos pela Lei Complementar 64/90, de escalão infraconstitucional, mercê da possibilidade legal de sua preclusão”. (COSTA, 2006, pág. 423) Contudo, esse enfoque não é seguido pela jurisprudência dominante, rejeitando-se a premissa de que na AIRC possa ser discutido o abuso de poder político e econômico antes do registro de candidatura, reservando-se tal missão para a ação de investigação judicial eleitoral (AIJE). 3.2.6 Prova O impugnante deve indicar os meios de prova do que alega, inclusive indicando o rol de testemunhas, se for o caso; AN02FREV001/REV 4.0 61 O impugnado, na contestação, pode juntar prova documental, arrolar testemunhas ou requerer a produção de outras provas, inclusive documentais, que se encontrem em poder de terceiros, em repartições públicas ou em processos judiciais ou administrativos, salvo os que tramitem em segredo de justiça; As testemunhas devem comparecer por iniciativa das partes para a inquirição judicial e serão ouvidas em uma só assentada; O juiz ou relator poderá ouvir terceiros, referidos pelas partes, como conhecedores de fatos que possam influir no julgamento da causa; O juiz ou relator poderá exigir o depósito de documento necessário à formação da prova que esteja em poder de terceiro, sob pena de prisão por crime de desobediência. 3.2.7 Notificação do Impugnado Ajuizada a AIRC, antes de o impugnado ser notificado (citado), deve-se aguardar o esgotamento do prazo de 05 dias da publicação do edital. É que se tratando de prazo comum, outros legitimados poderão comparecer e impugnar o pedido de registro, até mesmo por fundamento diverso. Vencido esse prazo, procedem-se à notificação, o que poderá ser ultimado por telegrama, correio eletrônico, etc. Dessa forma, a AIRC deve ser ajuizada no prazo de cinco dias, a contar da publicação do edital com a lista das pré-candidaturas. Terá prioridade sobre as demais ações e deverá se encerrar até 45 dias das eleições. AN02FREV001/REV 4.0 62 3.3 AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL – AIJE 3.3.1 Conceito, finalidade e objeto da AIJE Os artigos 19 e 22 da Lei Complementar dispõem sobre a Ação de Investigação Judicial Eleitoral que é proposta com objetivo de apurar fatos que envolvem o candidato desde antes do registro de candidatura até a eleição. É uma ação de natureza civil-eleitoral. Também chamada de Representação por abuso do Poder Econômico e\ou Político. Essa ação é destinada ao combate de ofensas relacionadas ao abuso de poder econômico ou político, em detrimento da liberdade de voto que acarretam desigualdades na disputa. O abuso do poder econômico ou político é toda conduta ativa ou omissiva que tenha potencialidade para atingir o equilíbrio entre os candidatos que almejam determinado pleito eleitoral. Assim, a AIJE envolve o abuso de poder econômico, político (conhecido também como de autoridade, que pode ser medido até mesmo pela ocorrência das condutas vedadas), e abuso dos meios de comunicação. Verificar por importantíssimo, que a atual redação do art. 22, XIV, da LC 64/90, determinada pela LC 135/2010, autorizou a cassação do registro ou diploma do favorecido pelos meios de comunicação. O abuso se mede por um parâmetro de excesso, exagero ou extrapolação na utilização dos elementos econômicos e políticos, que certamente estão presentes em todas as disputas eleitorais. O que se pretende arrostar é a influência abusiva exercida por detentores de poder econômico ou político. A ação tem como finalidade provar que os princípios igualitários que devem nortear um pleito foram violados. Por meio dessa ação será investigado e apurado o uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade ou a utilização indevida dos veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou partido político. AN02FREV001/REV 4.0 63 Quanto ao objeto da ação: Punição, com multa e cancelamento do registro, dos candidatos, ou quem os auxilie, que abusem do poder econômico ou político ou, ainda, usem de forma ilegal o cargo (ou emprego público) ou meios de comunicação em prol de candidaturas. Caso seja julgada procedente, terá por consequência a declaração de inelegibilidade do candidato e de quantos participarem do ilícito. E ainda, a AIJE, como é conhecida a ação de investigação, não se presta a cassar mandatos eletivos. Se ela for julgada procedente após a eleição do candidato, haverá a aplicação da pena de inelegibilidade e servirá como prova para ensejar o ajuizamento por parte do Ministério Público e interessados, da Ação de Impugnação de Mandato Eletivo, ou o recurso contra a Diplomação, se já ultrapassado o prazo para a interposição. Para tanto, a lei determina a remessa de cópia de todo o processo ao Ministério Público Eleitoral. 3.3.2 Legitimação da AIJE São partes legítimas para propor a investigação judicial: Os candidatos a qualquer cargo eletivo; Partidos políticos; E as coligações participantes do pleito e do Ministério Público. Essa legitimidade é concorrente, podendo cada um propô-la de forma individual ou em litisconsórcio ativo facultativo. Se o MP não for parte atuará como custos legis. São legitimados passivos: O candidato beneficiado pela prática do ato ilícito, a coligação, as autoridades ou qualquer pessoa que tenha contribuído para o abuso. AN02FREV001/REV 4.0 64 3.3.3 Competência A competência para conhecer e julgar AIJE se relaciona com a natureza das eleições, como veremos a seguir: Nas eleições municipais (Prefeito, vice e vereador) deve ser dirigida ao Juiz Eleitoral, conforme o art. 24 da LC n° 64/90. Isto é, na eleição municipal a competência para processar e julgar a ação de investigação será do Juiz Eleitoral, que exercerá todas as funções atribuídas ao Corregedor Geral ou Regional, conforme o disposto do art. 24 da Lei. Nas eleições para Governador, Vice-Governador, Senador, Deputado Federal, Estadual e Distrital, o Corregedor Regional Eleitoral fará a investigação e apresentará relatório para julgamento no plenário TRE. Na eleição presidencial (presidente e vice), o Corregedor Geral Eleitoral fará a investigação e apresentará relatório para julgamento no TSE. Isto é, na eleição presidencial, a representação deve ser dirigida ao Corregedor Geral Eleitoral, que terá as mesmas atribuições de um relator em processos judiciais. Em resumo, a competência para conhecer e julgar AIJE se relaciona com a natureza das eleições. Nas presidenciais, é competente o Tribunal Superior Eleitoral. Nas federais e estaduais, são os Tribunais Regionais Eleitorais. Nas municipais, os juízes eleitorais. Ou seja, a investigação se dá por intermédio do Corregedor Geral Eleitoral (eleição presidencial), dos Corregedores regionais (governador, deputados, senadores) ou juízes eleitorais (eleições municipais). 3.3.4 Procedimentos da AIJE O formato procedimental para a AIJE acontece da seguinte forma: AN02FREV001/REV 4.0 65 Petição inicial (normalmente conter pedido de natureza cautelar com base no art. 273, § 7°, do CPC, ou mesmo antecipação dos efeitos da tutela, conforme o art. 273, CPC) incidente sobre a suspensão do ato discutido. Em se tratando de abuso que se materializar no emprego de propaganda política irregular, o substrato jurídico para tal determinação tem forte repercussão no art. 41 da lei 9.504/97. A suspensão liminar pode ainda incidir sobre programa de rádio ou televisão e veiculação pela internet, conforme o art. 45, 56 e 57 –I da lei 9.504/97; Notificação; Defesa (prazo de 05 dias da notificação); Oitiva do Ministério Público Eleitoral; Julgamento antecipado da lide (extinção do processo sem resolução do mérito ou julgamento do mérito, se não houver necessidade de captação de provas); Instrução (oitiva de testemunhas – 05 dias); Diligências (arregimentação de novas informações ou elementos indispensáveis ao julgamento, deflagrados a partir do conteúdo da instrução – 03 dias); Alegações finais (prazo comum de 02 dias); Intervenção epiloga do MPE, salvo se for o investigante (02); Decisão (prazo de 03 dias); Recurso ao TRE (03 dias); recurso ao TSE (03 dias) e recurso ao STF (03 dias). Em regra, não há como se figurar no polo passivo da AIJE a pessoa jurídica, pois ela não se candidata, nem se torna inelegível. Na hipótese de a infração eleitoral decorrer de abuso de utilização dos meios de comunicação, desafiando como agora se realiza a AIJE, conforme art. 22, XIV, LC 64/90, deve a mesma ser inserida no polo passivo, respondendo apenas pela suspensão da programação. O que se torna impossível é sua virtual apenação, sem ter oportunidade de se defender, pois em tal hipótese restaria violado o princípio do contraditório e ampla defesa. AN02FREV001/REV 4.0 66 3.3.5 Prazo para ajuizamento da AIJE O prazo para ajuizamento da AIJE é desde a realização das convenções até a data da diplomação dos candidatos eleitos. Se o julgamento definitivo da AIJE for posterior à diplomação, a decisão pode determinar o seu cancelamento, conforme o art. 22, XIV, da LC 64/90, sendo desnecessário tal provimento no RCDE ou AIME. 3.3.6 Rito processual e prazos A AIJE deve ser ajuizada até o dia da diplomação, após essa data a ação será julgada extinta sem resolução de mérito. Lembre que antes do registro da candidatura não se pode falar na existência de candidato, mas de pré-candidato, devendo as ilicitudes serem combatidas por AIRC, sob pena de preclusão daquelas que não forem matéria constitucional. Logo, o dia inicial para propositura da AIJE é o do deferimento do registro da candidatura e o final é o momento anterior à diplomação dos candidatos eleitos. Como o Rito dessa ação é sumaríssimo, as provas devem ser apresentadas e pedidas desde logo. O autor deverá relatar os indícios que ensejam as conclusões do que foi alegado, como e quando ocorreu o fato tido como ilegal. Na verdade, essa ação trata-se de representação para pedir abertura de investigação judicial e há uma decisão de mérito ao final. O rito, suas fases e prazos estão previstos no art. 22, I a XV, da Lei Complementar (LC) n° 64/90. AN02FREV001/REV 4.0 67 3.3.7 AIJE e o abuso dos meios de comunicação Como outra modalidade imponente de abuso a ser cogitado no processo eleitoral é o abuso na utilização dos meios de comunicação. Essa anomalia é tão grave como o abuso de poder político ou econômico e na maioria das vezes se apresenta permeado por aquelas duas ilicitudes, se complementando e se conjugando, enfim, criando um cenário de interferência indevida nas eleições, que de modo taxativo prejudica a democracia. 3.4 AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO – AIME 3.4.1 Conceito e finalidade da AIME Inovação da Constituição Federal de 1988, esta ação está prevista no art. 14, §§ 10 e 11, e tramitará perante a Justiça Eleitoral. Portanto, deriva da norma constitucional (ação civil eleitoral de natureza constitucional). Seu objetivo é a desconstituição do mandato eletivo, protegendo a cidadania e a democracia, com a exigência de estrita lisura e legitimidade nas eleições. Isto é, a Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) tem por fim desconstituir a diplomação do candidato eleito em razão de ter sido a eleição, o mandato popular, obtida com vícios que o levam à nulidade, seja por abuso do poder econômico, corrupção ou fraude eleitoral. Isto é, a finalidade da AIME é desconstituir o mandato do eleito, já que foi obtido por meio do uso de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. Portanto, segundo a CF, as hipóteses que ensejam a AIME são: a) Abuso do poder econômico – abuso é algo que exorbita sua esfera de atuação, indo além do que permite o padrão comum; são fatos que privilegiam os AN02FREV001/REV 4.0 68 detentores do poder econômico, levando muitos candidatos a serem eleitos pelo seu poder financeiro e não por suas propostas (deve ser entendido como o mau uso do poder econômico); b) Corrupção – Ocorre quando o candidato tenta obter o voto do eleitor pelo oferecimento de vantagem, presente ou valor pecuniário, estorvando-o de livremente exercer o seu direito ao voto; c) Fraude – É o engano provocado por dolo, com a intenção deliberada de burlar a lei. Segundo o TSE, o conceito de fraude relaciona-se à votação, como, por exemplo, votar mais de uma vez ou alterar nos mapas as votações dos candidatos. Ou seja, a fraude corresponde ao uso de artimanha, astúcia, ardil ou artifício com o escopo de influenciar o resultado das eleições. Essa ação deve tramitar em segredo de justiça que deve ser observado conforme a anotação do art. 14, § 11 da CF. Há intensa discussão jurisdicional sobre a vantagem ou desvantagem dessa restrição. 3.4.2 Procedimento da AIME e suas Peculiaridades Deve ser adotado o procedimento dos arts. 3° a 16 da Lei complementar 64/90, como veremos a seguir: Petição inicial (verificar perspectiva de liminar ou antecipação dos efeitos da tutela, conforme o art. 273, caput e § 7° do Código de Processo Civil); Notificação do impugnado; Resposta do impugnado (prazo de 07 dias da notificação); Julgamento antecipado (extinção sem resolução do mérito ou julgamento de mérito, sem dilação para provas); Fase de instrução (realizada nos 04 dias após a apresentação de defesa); Diligências (05 dias após a audiência para a coleta de prova oral); AN02FREV001/REV 4.0 69 Alegações finais e parecer do Ministério Público Eleitoral (05 dias a contar do encerramento das diligências); Decisão (03 dias); Recurso (TRE – 03 dias); (TSE – 03 dias); (STF – 03 dias). Como peculiaridades não cabem na AIME pedido de antecipação de tutela, com o fim de sustar o ato de diplomação de candidato eleito, nem tão pouco, medida cautelar preparatória. A AIME deve tramitar em segredo de justiça, conforme mandamento constitucional previsto no art. 14, § 11, contudo o ato de julgamento deve ser público. Como regra não haverá custas processuais nem honorários advocatícios, salvo comprovada litigância de má-fé. Então, em relação ao procedimento; Inicialmente e durante anos, o TSE aplicava o rito ordinário do CPC à AIME, o que praticamente a tornava inócua, a qual por ser demorada, ultrapassava a duração do mandato de quatro anos. Atualmente, determinou em suas instruções a adoção do rito da AIRC, o primeiro por nós estudado, claro, com algumas especificidades da LC n° 64/90. Além das peculiaridades acima apresentadas, a AIME, em regra, tem prazo para a propositura da ação de 15 dias, contados da diplomação, excepcionalmente, em 15 dias do trânsito em julgado da AIJE. Não se exige prova pré-constituída, basta apenas um razoável indício probatório manifestado pelo fumus boni iuris. Isso justifica o entendimento pacífico que não é condição de procedibilidade a prévia propositura da AIJE. Os fatos ensejados podem ser supervenientes à diplomação ou intercorrentes entre o alistamento eleitoral e as eleições, especialmente no período de propaganda político-eleitoral, quando já está precluso o exame das questões do registro de candidatos (exceto se matéria constitucional). A AIME pode ser proposta quando ainda há pendência de julgamento da AIJE que não se deu até a diplomação. Assim, verificando se tratar do mesmo fundamento fático, deverão ser reunidas por conexão, com o fim de se evitarem possíveis decisões contraditórias, conforme o art. 104 do CPC. AN02FREV001/REV 4.0 70 3.4.3 Legitimados Os mesmos inscritos no art. 22, da LC 64/90, como veremos a seguir: São os legitimados para o polo passivo. Contudo, para o polo passivo somente se cogita do candidato diplomado. Para o suplente diplomado, o TSE já entendeu deve ser posicionado como impugnado, dependendo da hipótese, como é o caso das eleições para o Senado Federal. O partido político não é parte legítima para se situar no polo passivo. Poderá intervir no feito como assistente pela modalidade simples. O vice compõe, com o titular diplomado, litisconsórcio passivo necessário. Não havendo sua intervenção, ocorre a nulidade do processo. A emenda da inicial depois do prazo de 15 dias, contados da diplomação, implicará na extinção do feito, pois o prazo é decadencial, apreciando-se o mérito, conforme o art. 269, IV, do CPC. Em resumo, a legitimidade ativa são os mesmos legitimados ativos da AIJE: os candidatos, os partidos políticos, as coligações e o Membro do Ministério Público. Por ser ação de natureza constitucional, o rol também é exaustivo. Havendo desistência do autor, o MP poderá assumir o polo ativo da ação (sucessão processual). Na legitimidade passiva são legitimados passivos o diplomata infrator e todos aqueles que contribuíram para a prática do ato. Hodiernamente é entendimento majoritário (jurisprudencial e doutrinário) que suplentes do diplomado Senador e os respectivos vices dos diplomados a Presidente da República, governadores ou prefeitos, devem figurar também como réus. São litisconsortes passivos necessários. AN02FREV001/REV 4.0 71 3.4.4 Competência A competência, à semelhança do que ocorre com grande parte das ações eleitorais, é definida pelo juízo da diplomação, com exceção das eleições municipais, em que a diplomação é feita pela Junta Eleitoral e a competência é do Juiz Eleitoral. Vejamos: Ao TSE (diplomado Presidente da República e seu vice); Aos TREs (diplomado Governador, Vice-Governador, Senador, deputado Federal, Estadual e Distrital); Aos juízes eleitorais (diplomado prefeito, seu vice e vereadores) As juntas eleitorais não têm competência para julgar referidas ações. 3.4.5 Impugnação do mandato eletivo O mandato eletivo pode ser impugnado. A ação de impugnação, proposta perante o órgão competente da Justiça Eleitoral, deverá ser instruída com a prova de abuso de poder econômico, corrupção ou fraude. A ação, a ser proposta no prazo de 15 dias contados da diplomação, irá tramitar em segredo de justiça, afastando-se a incidência do princípio da publicidade dos atos processuais, conforme o art. 14, §§ 10 e 11 da CF. Ao instituir o segredo de justiça, o constituinte acautelou-se contra possível utilização meramente político-eleitoral da ação judicial. Portanto, o prazo para ajuizamento da ação é de 15 dias contados da diplomação, sendo que a competência para o seu julgamento é determinada pela natureza das eleições: Se municipal (prefeito e vereador) será competente o Juiz Eleitoral; estadual e federal (governador e vice, deputado estadual, senador e deputado federal), a competência será do AN02FREV001/REV 4.0 72 Tribunal Regional Eleitoral específico e, se disser respeito ao mandato presidencial, competente será Tribunal Superior Eleitoral. 3.4.6 A AIME e a Lei Complementar 135/2010 A partir da Lei Complementar 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), irá ocorrer um esvaziamento da AIME, mas não o seu desaparecimento. Isso, porque houve uma concentração de todos os ilícitos eleitorais na perspectiva de sua materialização processual por meio da AIJE, como previsto no art. 22, XIV, LC 64/90: Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor- Geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito: XIV – julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação dos eleitos, o Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a prática do ato, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro ou diploma do candidato diretamente beneficiado pela interferência do poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos meios de comunicação, determinando a remessa dos autos ao Ministério Público Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e de ação penal, ordenando quaisquer outras providências que a espécie comportar; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) Anteriormente, se admitido o abuso, exemplificativamente em uma AIJE, e sucedida à diplomação, no prazo legal deveria ser aforada a AIME. Com a nova AIJE, se realiza a diplomação, o provimento se procedente implica na sua cassação ou cancelamento. Atualmente, não será mais necessária essa duplicação de jurisdição, o que é de todo louvável e dotará o sistema de maior lógica e coerência. Adquiriu-se uma maior efetividade do provimento jurisdicional, tornando-se desnecessária a impugnação do mandato ou mesmo o recurso contra a diplomação. Tanto que a LC 135/2010 revogou o inciso XV do art. 22 da LC 64/90. AN02FREV001/REV 4.0 73 3.4.7 Litispendência e coisa julgada A Litispendência com a AIME poderá ocorrer se entre a AIJE anterior ainda não julgada definitivamente e a AIME houver a identidade que configura o fenômeno processual. Anote-se que agora o pedido na AIJE pode ser a própria cassação ou cancelamento do mandato, o que equivale à sua desconstituição, pedido exclusivo da AIME. Em relação à coisa julgada também poderá ocorrer sua verificação, pois se o fato idêntico tiver sido objeto de apreciação em AIJE, e agora repetido em AIME, suscitará o impedimento de novo julgamento. FIM DO MÓDULO III
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