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MÓDULO I - DIREITO ELEITORAL

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AN02FREV001/REV 4.0 
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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
DIREITO ELEITORAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
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CURSO DE 
DIREITO ELEITORAL 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
MÓDULO I 
1 DIREITO ELEITORAL 
1.1 CONCEITO, FINALIDADE, OBJETO, PRINCÍPIOS E CAPACIDADE 
1.2 FONTES DO DIREITO ELEITORAL 
1.3 COMPETÊNCIA LEGISLATIVA SOBRE MATÉRIA ELEITORAL 
1.4 DIREITOS POLÍTICOS (PERDA E SUSPENSÃO) 
1.5 A ELEGIBILIDADE E INELEGIBILIDADE 
1.6 OUTRAS HIPÓTESES DE INELEGIBILIDADE 
1.7 DIREITO PARTIDÁRIO 
1.8 SISTEMAS ELEITORAIS E COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS 
1.9 CANDIDATURA (REGISTRO DE CANDIDATURA) 
 
MÓDULO II 
2 JUSTIÇA E PROCESSO ELEITORAL 
2.1 JUSTIÇA ELEITORAL 
2.1.1 Competência do TSE 
2.1.2 Atribuições do TSE 
2.1.3 Competência do TRE 
2.1.4 Atribuições do TRE 
2.2 FUNÇÕES DA JUSTIÇA ELEITORAL 
2.3 PROCESSO ELEITORAL 
2.4 DIPLOMAÇÃO 
2.5 DIREITO PROCESSUAL ELEITORAL 
2.6 CRIME ELEITORAL 
2.7 INQUÉRITO POLICIAL E O PROCESSO ELEITORAL 
 
MÓDULO III 
3 AÇÕES JUDICIAIS ELEITORAIS 
3.1 INTRODUÇÃO 
 
 
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3.2. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO DE CANDIDATURA – AIRC 
3.2.1 Conceito, finalidade e objeto da AIRC 
3.2.2 Caracterização e legitimação da AIRC 
3.2.3 Legitimidade da AIRC 
3.2.4 Competência 
3.2.5 Procedimentos 
3.2.6 Prova 
3.2.7 Notificação do Impugnado 
3.3 AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL – AIJE 
3.3.1 Conceito, finalidade e objeto da AIJE 
3.3.2 Legitimação da AIJE 
3.3.3 Competência 
3.3.4 Procedimentos da AIJE 
3.3.5 Prazo para ajuizamento da AIJE 
3.3.6 Rito processual e prazos 
3.3.7 AIJE e o abuso dos meios de comunicação 
3.4 AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO – AIME 
3.4.1 Conceito e finalidade da AIME 
3.4.2 Procedimento da AIME e suas Peculiaridades 
3.4.3 Legitimados 
3.4.4 Competência 
3.4.5 Impugnação do mandato eletivo 
3.4.6 A AIME e a Lei Complementar 135\2010 
3.4.7 Litispendência e coisa julgada 
 
MÓDULO IV 
4 REPRESENTAÇÕES E RECURSOS 
4.1 REPRESENTAÇÃO POR CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO 
4.1.1 Introdução 
4.1.2 Prazo para propositura 
4.1.3 Atos de violência ou grave ameaça com o fim de obter votos 
4.2 REPRESENTAÇÃO POR CAPITAÇÃO OU GASTOS ILÍCITOS DE RECURSOS 
DE CAMPANHA 
 
 
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4.3 REPRESENTAÇÃO POR CONDUTAS VEDADAS 
4.3.1 Introdução 
4.3.2 É permanentemente proibido: 
4.3.3 Procedimento (Condutas Vedadas) 
4.4 OS RECURSOS EM MATÉRIA ELEITORAL (ASPECTOS GERAIS DOS 
RECURSOS ELEITORAIS) 
4.5 RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA 
4.5.1 RCED (Previsão legal, finalidade e natureza jurídica) 
4.5.2 Cabimento 
4.5.3 Prazo 
4.5.4 Efeitos da sentença 
4.5.5 Legitimidade 
4.5.6 Competência e Rito 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO I 
 
 
1 DIREITO ELEITORAL 
 
 
1.1 CONCEITO, FINALIDADE, OBJETO, PRINCÍPIOS E CAPACIDADE 
 
 
É o ramo do Direito Público que visa regular o exercício da soberania 
popular. O Direito Eleitoral representa, em suma, o ramo jurídico que regula o 
exercício da Democracia. Estabelece as regras para a escolha dos representantes 
do povo, buscando que a vontade de todos seja convertida em governantes 
legítimos, eleitos de forma transparente e de acordos com as pretensões da 
coletividade. 
A finalidade do Direito Eleitoral é garantir o exercício da cidadania em todas 
as suas formas e em toda sua plenitude. Já o objeto do Direito Eleitoral são as 
normas jurídicas positivadas e os princípios eleitorais. 
 
Podemos citar alguns princípios aplicados ao direito eleitoral como veremos 
a seguir: 
 
 Princípio anualidade eleitoral, segundo o qual, nos termos do art. 16 da 
Constituição Federal, a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data 
de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até 1 (um) ano da data de 
sua vigência; 
 
 Princípio da vedação da restrição de direitos políticos – este princípio é 
especificamente dirigido ao intérprete em matéria eleitoral, proibindo-o de fazer 
interpretações ampliativas (buscando enquadrar o máximo de situações possíveis) 
que implicaria restrição aos direitos políticos, isto é, o intérprete não pode se 
 
 
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socorrer de técnicas de interpretação, pretendendo restringir os direitos políticos 
algo tão grave e agressivo que só pode se concretizar por força de disposição 
normativa, e não por atividade exclusiva do intérprete. Em suma: onde não há 
restrição de direitos políticos, o intérprete não deve fazê-lo; 
 Princípio da isonomia – Princípio também conhecido como princípio da 
igualdade, irradia-se por todo o ordenamento jurídico, atingindo inclusive o direito 
eleitoral; 
 
 Princípio da transparência do pleito – Princípio que busca a 
transparência máxima durante o processo eleitoral; 
 
 Princípio da lealdade processual: esse princípio irradia-se por todo o 
ordenamento processual pátrio, e, manifesta-se, por exemplo, na previsão contida 
no art. 14, §§ 10 e 11 da Carta Magna, que prevê a responsabilização, na forma da 
lei, em caso de propositura de Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) 
mediante temeridade ou manifesta má-fe; 
 
 Princípio da oralidade – materializado pelo art. 169 do Código Eleitoral, 
preza pela a oralidade nos atos em matéria eleitoral; 
 
 Princípio da devolutividade dos recursos – a regra geral no CPC aponta 
para o duplo efeito dos recursos, isto é, os recursos têm efeito suspensivo e 
devolutivo. O efeito suspensivo é o responsável por suspender os efeitos da decisão 
até que seja julgado o recurso. Já o efeito devolutivo é a denominação para o efeito 
de devolver a matéria ao judiciário, no geral, para superior instância para que se 
julgue o recurso, por exemplo, uma decisão desfavorável do TER-SP pode ser 
recorrida por recurso a ser decidido pelo TSE. O Código Eleitoral em seu art. 257 
adota como regra, em matéria eleitoral, apenas o efeito devolutivo. 
 
É importante observar, que o Direito Eleitoral integra o ramo do Direito 
Público, uma vez que regula as relações entre o estado e a sociedade, 
ultrapassando o âmbito dos interesses particulares de cada indivíduo. 
 
 
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O Direito Eleitoral dedica-se ao estudo das normas e procedimentos que 
organizam e disciplinam o funcionamento do poder do sufrágio popular. 
No contexto político, sufrágio é o direito de participação nas decisões do 
Estado, ou seja, é a manifestação de vontade da soberania popular que tem como 
seu principal instrumento o voto (há outros instrumentos de manifestação, a exemplo 
da iniciativa popular e da ação popular). 
 
O sufrágio identifica um sistema do qual o voto é um dos instrumentos, um 
dos veículos de deliberação. 
 
As características do voto são: 
 A universalidade
(onde o sufrágio é considerado universal quando se 
outorga o direito de votar à grande maioria daqueles que detêm a capacidade civil e 
preenchem os requisitos básicos previstos na CF, sem limitações decorrentes do 
grau de instrução, do poder econômico, do sexo ou da convicção religiosa); 
 O voto é personalíssimo (porque não pode ser exercido por meio de 
procuração); 
 É obrigatório (obrigatoriedade), embora previsto no art. 14 da CF, não é 
cláusula pétrea e assim pode ser abolido por emenda à Constituição Federal (São 
cláusulas pétreas o voto direto, secreto, universal e periódico, conforme o art. 60, § 
4°, da CF). 
 O voto é secreto, portanto, sigiloso (para garantir a liberdade do eleitor, 
inibindo-se a intimidação e o suborno). 
 O voto tem valor igual (igualdade) para todos é a aplicação no direito 
político da garantia de que todos são iguais perante a lei (cada eleitor vale um único 
voto). 
 A periodicidade do voto explicitada como cláusula pétrea no art. 60, § 
4°, da CF, possibilita a alternância dos mandatários. A periodicidade dos mandatos é 
uma característica da forma republicana de governo. A forma republicana de 
governo, a exemplo do regime democrático, é princípio constitucional. 
 
Capacidade Eleitoral é a capacidade de votar e ser votado, a primeira é 
denominada capacidade eleitoral ativa e a segunda, capacidade eleitoral passiva. 
 
 
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No Brasil a capacidade eleitoral ativa é um direito e um dever, sendo um 
direito por permitir a escolha de seus candidatos e um dever por força da existência 
do voto obrigatório. 
 
Para o exercício da capacidade eleitoral, tanto ativa quanto passiva é 
necessária à realização do alistamento eleitoral. 
 
O alistamento eleitoral é realizado pela Justiça Eleitoral por meio do registro 
do cidadão ao expedir o Título de eleitor (instrumento) que o habilita para votar, esse 
alistamento é um processo administrativo que se inicia pelo requerimento, que é, em 
síntese, um pedido à Justiça Eleitoral, que atualmente é realizado online por 
intermédio do site do TSE pelo sistema título NET. Após o requerimento, o 
interessado deve comparecer ao cartório eleitoral mais próximo com a cédula de 
identidade ou certidão de nascimento (ou casamento) original, comprovante de 
residência recente, e os homens que estão na faixa etária entre 18 e 45 anos 
deverão também apresentar comprovante de quitação do serviço militar. 
Nos anos em que houver eleição, o alistamento eleitoral será permitido ate 
151 dias antes do primeiro turno eleitoral, de acordo com o art. 91 da Lei de 
Eleições. 
 
 
1.2 FONTES DO DIREITO ELEITORAL 
 
 
Suas fontes diretas são a Constituição Federal, as Leis Eleitorais de 
Competência Privativa da União, conforme o art. 22, I, da CF e as Resoluções do 
TSE (As Resoluções possuem força de Lei Ordinária). 
Além dessas, existem as fontes não formais ou indiretas, que são a 
Doutrina, a Jurisprudência e os Estatutos Partidários devidamente registrados 
perante a Justiça Eleitoral. 
 
Na prática, podem ser considerados como os principais normativos de 
Direito Eleitoral: 
 
 
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 Constituição Federal de 1988; 
 Lei n° 4.737\1965 (Código Eleitoral); 
 Lei Complementar n° 64\1990 (Lei das Inelegibilidades, alterada pela 
Lei complementar n° 135\2010); 
 Lei n° 9.096\1995 (Lei dos partidos Políticos); 
 Lei n° 9.504\1997 (Lei Geral das Eleições); 
 Lei n° 9.709\1998 - Iniciativa Popular (uma das formas de o povo 
exercer diretamente seu poder é a iniciativa), Referendo (é a forma de manifestação 
popular pela qual o eleitor aprova ou rejeita uma atitude governamental já 
manifestada), e Plebiscito (que é a consulta popular prévia pela qual os cidadãos 
decidem ou demonstram sua posição sobre determinadas questões). 
 Lei n° 12.034\2009 (Altera o Código Eleitoral, a Lei dos Partidos 
Políticos e a Lei Geral das Eleições); 
 Lei Complementar n° 135\2010 (Estabelece de acordo com o §9° do 
art. 14 da CF, casos de inelegibilidade, prazos de cessão e determina outras 
providências, para incluir hipóteses de inelegibilidade que visam a proteger a 
probidade administrativa e a moralidade no exercício do mandato). É a denominada 
Lei da ficha Limpa; 
 Resoluções do TSE. 
 
Os normativos acima mencionados são considerados como os principais, 
mas não são os únicos. Existem diversas Leis Federais sobre Direito eleitoral, que 
também são importantes. 
 
 
1.3 COMPETÊNCIA LEGISLATIVA SOBRE MATÉRIA ELEITORAL 
 
 
Cabe privativamente à União legislar sobre a matéria eleitoral, segundo o 
art. 22, I, da CF. 
 
 
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Direitos Políticos e Direito Eleitoral são matérias que não podem ser objeto 
de medida provisória ou de lei delegada, conforme o art. 62, I, e o art. 68, § 1°, II, 
ambos da CF. Também não cabe medida provisória sobre partidos políticos. 
 
Anteriormente à Lei n° 12.034/2009 o art. 105 da Lei 9.504\97 possuía 
redação menos explícita quanto o caráter regulamentar das resoluções, pois apenas 
estabelecia que até o dia 05 de março do ano da eleição o TSE deveria expedir 
todas as instruções necessárias à execução da lei. 
 
 
1.4 DIREITOS POLÍTICOS (PERDA E SUSPENSÃO) 
 
 
A plenitude dos direitos políticos se refere à inexistência da perda ou 
suspensão desses direitos. A CF em seu art. 15 elenca essas hipóteses: 
 
 Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado - 
Por essa hipótese, a pessoa deixa de ser brasileira, ocasião em que não terá mais 
seus direitos políticos brasileiros; 
 
 Incapacidade civil absoluta - É a lei civil que define a incapacidade civil 
absoluta, estando prevista e determinada no art. 3° do CC: 
 
“CC, art. 3º: são absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil: 
I – os menores de dezesseis anos; 
II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tiverem o necessário discernimento para a prática desses 
atos; 
III – os que, mesmo que por causa transitória, não 
puderem exprimir sua vontade;” 
 
 
 
 
 
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 Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus 
efeitos – Observe que a suspensão dos direitos políticos por força da condenação 
criminal exige o trânsito em julgado, isto é, exige-se uma condenação definitiva que 
não permita mais recursos. 
 
O que é completamente diferente do caso dos detentos provisórios, aqueles 
que estão em estabelecimento prisional aguardando a decisão definitiva sobre sua 
condenação, portanto a Constituição não suspende os direitos políticos dos detentos 
provisórios. Quanto ao alcance da suspensão dos direitos políticos, a Constituição 
limita até a duração dos efeitos da condenação definitiva onde o Tribunal Superior 
Eleitoral especificou por meio de Súmula (Súmula n° 09\1992); 
 
 Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, 
nos termos do art. 5º, VIII – Existem obrigações impostas a todos, por exemplo, a 
obrigação do alistamento militar para os brasileiros do sexo masculino que farão 18 
anos. A CF trouxe a possibilidade de a objeção de consciência por razões de crença 
religiosa ou de convicção filosófica ou política arguir que poderá ser invocada por 
qualquer um diante de uma obrigação legal a todos imposta. No caso do exemplo 
acima mencionado, deve ser lhe atribuída uma prestação alternativa, ou seja, outro 
tipo de prestação que não ofenda a crença religiosa ou convicções filosóficas ou 
políticas. Caso lhe seja facultada uma obrigação alternativa e o cidadão a recuse, 
uma das suas consequências
poderá ser a suspensão dos direitos políticos por essa 
hipótese; 
 
 Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º - esse artigo da 
CF elenca a suspensão dos direitos políticos como um efeito da Improbidade 
administrativa. A lei de improbidade administrativa (n° 8.429\92) dispõe sobre as 
sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no 
exercício de mandato, cargo, emprego ou função na Administração Pública direta, 
indireta ou fundacional e descreve em seu capítulo II os atos de improbidade 
administrativa. 
 
 
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Importante lembrar, que a perda ou suspensão dos direitos políticos 
acarretam várias consequências jurídicas, como o cancelamento do alistamento e a 
exclusão do corpo de eleitores, conforme o art.71, II, o cancelamento da filiação 
partidária, conforme LOPP, art. 22, II, a perda de mandato eletivo, conforme art. 55, 
IV, § 3° da CF, a perda de cargo ou função pública, conforme art. 37, I da CF c\c 
(combinado com) a Lei 8.112\90, art. 5°, II e III, a impossibilidade de ajuizar ação 
popular conforme o art. 5°, LXXIII da CF, impedimento para votar e ser votado, 
conforme art. 14, § 3° da CF e para exercer a iniciativa popular, conforme art. 61 § 
2°; 
 
 
1.5 A ELEGIBILIDADE E INELEGIBILIDADE 
 
 
De acordo com o § 3° do art. 14 da CF, são condições de elegibilidade, na 
forma da lei: 
 
 A nacionalidade brasileira (O brasileiro, nato ou naturalizado, possui 
capacidade eleitoral passiva, podendo se candidatar aos cargos do Poder Executivo 
e do Legislativo). No que se refere a cargos eletivos, a Constituição Federal exige, 
apenas, para o cargo de Presidente e Vice-Presidente da República, que o 
candidato seja brasileiro nato. 
 
 O pleno exercício dos direitos políticos (Aquele que tiver perdido os 
direitos políticos ou estiver com estes suspenso é inelegível). O art. 15 da CF lista os 
direitos políticos negativos, ou seja, as hipóteses de perda e suspensão de direitos 
políticos. 
 
 O alistamento eleitoral (Qualificação e inscrição do nacional perante a 
Justiça Eleitoral). A qualificação consiste na comprovação de que o indivíduo atende 
a todos os requisitos legais para se alistar e votar. A inscrição caracteriza-se no 
registro do nome e dados do eleitor perante a Justiça Eleitoral. 
 
 
 
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 O domicílio eleitoral na circunscrição (De acordo com art. 9° da Lei 
9.504 de 1997, impõe que o candidato tenha domicílio eleitoral na circunscrição da 
eleição no mínimo um ano antes da votação). 
 
 
 A filiação partidária - É o ato pelo qual um cidadão passa a fazer parte 
dos quadros do partido político, associando-se a agremiação partidária. (A filiação, 
para fim de candidatura, deve ocorrer ao menos um ano antes do pleito eleitoral, 
salvo se o estatuto do partido exigir prazo maior). Observar que, nesse caso, o 
estatuto não pode ser alterado no ano das eleições. Caso o partido ao qual o 
candidato está filiado seja incorporado por outro, o prazo de um ano se contará a 
partir da data de filiação originária. Há exceções: A referida regra não se aplica aos 
magistrados, ministros dos Tribunais de Contas, militares e membros do Ministério 
Público. 
 
Dessa forma, o prazo de filiação partidária, atualmente exigido é de pelo 
menos um ano antes das eleições, nos termos do art. 18 da Lei n° 9.096 de 1995 e 
do art. 9° da Lei n° 9.504 de 1997. 
 
 A idade mínima exigida para Presidente, Vice-Presidente e Senador 
(35 anos); Governador e Vice-Governador de Estado ou do Distrito Federal (30 
anos); Deputado Federal/Estadual/Distrital, Prefeito e Vice-Prefeito (21 anos) e 
Vereador (18 anos). 
 
A idade mínima, condição de elegibilidade que é adquirida gradativamente, 
deve ser preenchida no dia da posse, de acordo com o § 2° do art. 11 da Lei 9.504 
de 1997. Não há idade máxima limitando o acesso aos cargos eletivos. 
Assim, a condição idade oscila em razão da importância do cargo a ser 
pleiteado, exigindo-se para certos cargos um estágio mais avançado de maturidade. 
 
Elegibilidade é, portanto, a capacidade de o cidadão poder vir a exercer atos 
que impliquem sua eleição, pelo povo, mediante o exercício do voto direto e secreto, 
nos termos do caput do art. 14 da CF/88. 
 
 
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Lei ordinária pode estabelecer condições de elegibilidade. As 
inelegibilidades, contudo, somente podem ser estabelecidas por norma 
constitucional ou por lei complementar editada na forma do art. 14, § 9°, da CF. 
 
Já as inelegibilidades podem ser previstas pela Constituição Federal ou em 
lei complementar federal. 
 
Pelo § 4° do art. 14 da Constituição Federal são inelegíveis para qualquer 
cargo eletivo, em todo o território nacional: “os inalistáveis e os analfabetos”. 
 
A inelegibilidade dos inalistáveis – são inalistáveis os conscritos, menores de 
16 anos, estrangeiros e os que perderam ou tiveram suspensos os seus direitos 
políticos). 
Importante frisar, que a palavra conscritos significa convocados ou 
recrutados. Isto é, um conjunto de cidadãos brasileiros que ao completar 18 anos 
são recrutados para o serviço militar. 
 
Quanto aos analfabetos, podem votar, mas são impedidos de se candidatar. 
Pois, no ato de registro do candidato um dos documentos que deve ser anexado é 
um comprovante de escolaridade, documento apto a provar a alfabetização do 
candidato. Mas a Justiça Eleitoral faculta sua substituição por declaração de próprio 
punho. A exigência de alfabetização do candidato pode ser aferida por outros meios, 
como por um teste de alfabetização, um ditado, por exemplo, na presença do juiz, 
desde que seja realizado de forma individual e reservadamente. 
 
 
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Como exemplo, temos as eleições de 2010, em que o Deputado, Federal 
Francisco Everardo Oliveira Silva (PR- SP), mais conhecido como Tiririca, que foi o 
deputado mais votado do país, teve sua alfabetização questionada em juízo 
mediante denúncia do Ministério Público, que questionou a declaração de próprio 
punho anexada ao registro, alegando a existência de indícios de que havia sido 
redigida por outra pessoa que não o candidato. 
Assim, a Justiça Eleitoral aplicou um teste de alfabetização ao candidato 
Tiririca e atestou a existência desse requisito de elegibilidade. Portanto, é analfabeto 
aquele nem sequer tem conhecimento rudimentar da língua portuguesa, ou seja, 
aquele que não consegue escrever um texto simples que lhe foi ditado ou ler uma 
simples manchete de jornal. 
 
Inelegibilidade é uma condição jurídica que impede a elegibilidade e pode 
ser classificada: Quanto à sua natureza em constitucionais e infraconstitucionais; 
Quanto à sua abrangência são classificadas em absolutas e relativas; e quanto à 
sua especificidade podem ser funcionais ou reflexas. 
 
Inelegibilidades Constitucionais são as que estão previstas na Constituição 
Federal, estão previstas no art. 14 nos §§ 4° a 7° e não sofrem preclusão, isto é, 
podem ser arguidas a qualquer tempo. 
Já as inelegibilidades infraconstitucionais são as que estão previstas em lei 
complementar, a Constituição Federal permite a criação de inelegibilidades por lei, 
entretanto deverá ser lei complementar. 
 
A inelegibilidade funcional está prevista no art. 14 da Constituição Federal: 
 
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito 
Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso 
dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997) 
 
§ 6º - Para concorrerem a outros
cargos, o Presidente da República, os 
Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem 
renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. 
 
 
 
 
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A inelegibilidade reflexa é a inelegibilidade prevista na Constituição Federal 
no art. 14, § 7º: 
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os 
parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do 
Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito 
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses 
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à 
reeleição. 
 
Dessa forma, a hipótese de inelegibilidade em razão de parentesco ou 
casamento é conhecida por inelegibilidade reflexa e, quanto à eleição para chefe do 
Poder Executivo, perdura a vedação mesmo que o titular do cargo renuncie seis 
meses antes da eleição (Súmula n° 6 do TSE). 
 
Contudo, de acordo com a Resolução do TSE n° 20.931/2001, o cônjuge e 
os parentes do chefe do Executivo são elegíveis para o mesmo cargo do titular, 
quando este for reelegível e tiver se afastado definitivamente até seis meses antes 
do pleito. Assim, na inelegibilidade reflexa, os parentes até segundo grau, 
consanguíneos, afins ou adotivos, do chefe do Executivo, ou de quem o substituiu 
seis meses antes das eleições, são inelegíveis dentro da circunscrição 
correspondente. 
Como Jurisprudência, aplica-se essa regra à união estável (RESPE, 23.487, 
TSE), inclusive de pessoas do mesmo sexo (RESPE 24.564, TSE). A dissolução da 
sociedade conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 
7° do artigo 14 da CF (súmula vinculante 18, do STF). Entretanto, nas hipóteses em 
que restou comprovada separação de fato anterior à posse do candidato, não 
prevalece à inelegibilidade (RE 446.999, STF). 
Vimos então, que o TSE entende que também incide neste caso aqueles 
que vivem em união estável ou união homoafetiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1.6 OUTRAS HIPÓTESES DE INELEGIBILIDADE 
 
 
De acordo com o § 9° do art. 14 da CF, modificado pela Emenda 
Constitucional de Revisão n° 4 de 1994, lei complementar estabelecerá outros casos 
de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade 
administrativa, a moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida 
pregressa do candidato e a normalidade e legitimidade das eleições contra a 
influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou 
emprego na administração direta ou indireta. 
Esse artigo acima mencionado, não cria hipóteses de inelegibilidade por falta 
de probidade e moralidade administrativa constatada pelo exame da vida pregressa 
do candidato, mas determina que a lei complementar o faça, integrando o regime de 
inelegibilidade da ordem constitucional. 
A principal norma vigente sobre esse tema é a LC n° 64/90, na redação da 
LC n° 135/2010 (Lei da Ficha Limpa). 
 
A chamada Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar n° 135\2010) que teve 
origem em projeto de lei de iniciativa popular alterou diversos dispositivos da Lei das 
inelegibilidades (Lei Complementar n° 64\1990), com objetivo de torná-la mais 
efetiva. 
Portanto, a Lei da ficha limpa foi criada com o intuito de tornar efetivas as 
inelegibilidades até então previstas. 
 
O Ministro Ricardo Lewandowski foi um dos maiores defensores da Lei da 
Ficha Limpa. Segundo ele, aprovando a ficha limpa, o legislador buscou 
proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do 
mandato e a normalidade e legitimidade das eleições. 
 
 
 
 
 
 
 
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Desta forma, também são inelegíveis: 
 
 Parlamentares cassados - (Deputados, Senadores e Vereadores) 
cassados por falta de decoro parlamentar ou alguma das causas previstas no art. 
55, I e II da CF são inelegíveis no fim do mandato. 
 
 Impeachment – O Presidente, Governador e o prefeito em caso de 
impeachment, permanecem inelegíveis por oito anos. Assim, o processo capaz de 
impor o impedimento do agente para a continuidade do mandato é o impeachment, 
próprio para as infrações político-administrativas. 
 
 Abuso de poder – os condenados, com trânsito em julgado ou por 
decisão de órgão judiciário colegiado, por abuso de poder econômico ou político 
ficam inelegíveis pelo prazo de oito anos, a contar do dia da eleição em que ocorreu 
o ato ilícito. Pelo mesmo prazo, a contar do término do mandato ou da data do 
afastamento do cargo, os condenados por abuso de poder econômico ou político em 
face de exercício de cargo público, em situações estranhas às eleições. 
 
 Administradores de entidades financeiras – O administrador de 
entidades financeiras em liquidação extrajudicial, nos doze meses anteriores ao ato 
de liquidação, é inelegível até ser afastada sua responsabilidade. 
 
 Condenação criminal – Transitada em julgado ou pronunciada por 
órgão judiciário colegiado gera inelegibilidade por oito anos após o cumprimento da 
pena nos seguintes crimes: 
 
1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública 
e o patrimônio público; 
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de 
capitais e os previstos na lei que regula a falência; 
3. contra o meio-ambiente e a saúde pública; 
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; 
 
 
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5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação 
à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função 
pública; 
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; 
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, 
terrorismo e hediondos; 
8. de redução à condição análoga à de escravo; 
9. contra a vida e a dignidade sexual; e 
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando (art. 
1º, e, da LC nº 135/2010). 
 
 Contas rejeitadas – É inelegível por oito anos o agente público cujas 
contas foram rejeitadas por ato doloso que representa improbidade administrativa. 
 
 Militares – Os militares declarados indignos do oficialato (art.120 da 
Lei 6.880\80) ficam oito anos inelegíveis, a partir do fim do cumprimento da pena. 
 
 Improbidade administrativa – a condenação por improbidade 
administrativa transitada em julgado ou julgada por órgão judicial colegiado, com 
suspensão dos direitos políticos, por ato doloso de improbidade administrativa gera 
inelegibilidade por oito anos. 
 
 Corrupção eleitoral – Ficará inelegível por oito anos o condenado, 
com trânsito em julgado ou por decisão proferida por órgão colegiado da Justiça 
Eleitoral, por corrupção eleitoral, captação ilícita de sufrágio, por doação ilegal ou 
por conduta vedada aos agentes públicos. 
 
 Exclusão do exercício da profissão – O que for excluído dos quadros 
das profissões regulamentadas por decisão do órgão fiscalizador, estará inelegível 
por oito anos da data da condenação. O mesmo se aplica para os servidores 
públicos, juízes e membros do Ministério Público exonerados de suas funções. 
 
 
 
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 Renúncia do mandato – A renúncia de chefe do Poder Executivo ou 
de membro do Poder Legislativo, após o oferecimento de representação apta a 
autorizar o início de processo de cassação ou impeachment, gera inelegibilidade 
pelo período que resta do mandato e mais oito anos. 
 
 Fraude conjugal – estará inelegível por oito anos quem for condenado 
por divórcio ou dissolução de união estável fraudulenta, objetivando evitar
a 
incidência da inelegibilidade por parentesco. 
 
 Doações ilegais – Aquele que efetivar doação eleitoral ilegal estará 
inelegível por oito anos após decisão com trânsito em julgado ou proferida por órgão 
colegiado da Justiça Eleitoral. 
 
 Desincompatibilização – É o afastamento de determinada função, 
que é incompatível com a candidatura. O prazo de desincompatibilização varia de 
acordo com o cargo que ocupa e o cargo que pretende se candidatar, isto é, 
desincompatibilização é a necessidade de afastamento temporário (que comporta 
retorno) pode ser concretizado por meio de licença, férias e recesso ou definitivo de 
função ou cargo por quem pretenda se candidatar a cargo eletivo. O afastamento 
definitivo ocorre por renúncia, exoneração, dispensa ou aposentadoria. Os prazos 
variam de seis a três meses antes da eleição, dependendo da característica do 
cargo ocupado e do cargo almejado. Isto é, consiste no afastamento do cargo como 
condição para disputar um cargo eletivo. 
 
Na eleição para Presidente, deverão se afastar do cargo até seis meses 
antes das eleições, entre outros, como Ministro, assessor direto da Presidência. 
Governador; Deputado; Senador; e Vereador, em regra, aplica-se seis meses. 
Prefeito, em regra, o prazo de desincompatibilização é de quatro meses. Suas 
regras estão na Constituição e na Lei Complementar. A desincompatibilização se 
considera efetivada com o afastamento de fato do exercício do cargo. 
 
 
1.7 DIREITO PARTIDÁRIO 
 
 
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É o nome atribuído ao conjunto formado pelo estudo jurídico e o complexo 
normativo referente aos partidos políticos, no Brasil a Lei n° 9.096\1995 (Lei dos 
Partidos Políticos), trata da matéria regulamentando os arts. 17 e 14,§ 3°, V, da 
Constituição Federal. 
 
Os Partidos Políticos, segundo André Ramos Tavares: 
 
São corpos formados a partir do tecido social que desempenham a função 
de canalizar as aspirações e projetos políticos de determinada gama de 
indivíduos, organizando-os para o fim de alcançar o exercício direto do 
poder. (TAVARES, 2012, p. 825.) 
 
 
São agremiações constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito 
privado que se destinam a assegurar, no interesse do regime democrático, a 
autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamentais 
previstos na CF em seu art. 1° da Lei n° 9.096\95. 
 
A Constituição Federal em seu art. 17 trouxe o regramento fundamental dos 
partidos políticos, dispondo sobre sua liberdade (liberdade partidária). “É livre a 
criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a 
soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos 
fundamentais da pessoa humana.” 
 
Assim, é possível extrair duas ordens de liberdades partidárias: objetiva e a 
subjetiva, a primeira se refere à liberdade do próprio partido político, ao passo que a 
segunda se refere à relação entre filiado e partido político. 
Os incisos do artigo acima mencionado exigem que o partido político tenha 
funcionamento parlamentar de acordo com a lei, além de ter caráter nacional, isto é, 
não se limite a existir apenas regionalmente. É exigido pela CF que os partidos 
políticos prestem contas à Justiça Eleitoral, proibindo-os de receber recursos 
financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes, além 
de também ser vedada a utilização de organizações paramilitares. 
 
 
 
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Além da liberdade partidária, outra garantia constitucional importante ao 
partido político é a autonomia partidária, que consiste na liberdade do próprio partido 
definir sua estrutura interna, organização e funcionamento, inclusive para adotar os 
critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de 
vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou 
municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade 
partidária, conforme o art. 17, § 1°, da CF. 
 
Já a fidelidade partidária é a exigência de que o candidato eleito por um 
partido político permaneça durante o mandato nesse mesmo partido, sob pena de 
ter requisitado sua vaga pelo partido de sua eleição. É fruto de interpretação do 
Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal, atualmente é regulada 
pela resolução n° 22.610 do TSE. 
 
 
 
1.8 SISTEMAS ELEITORAIS E COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS 
 
 
 Os Sistemas Eleitorais - são os sistemas pelos quais se realizam as 
eleições, existem no mundo diversas espécies desses sistemas, tendo o Brasil 
adotado um sistema misto composto pelos sistemas majoritário e no sistema 
eleitoral majoritário conta-se o número de votos válidos, que são todos os votos 
(excluindo os nulos e os brancos). 
 
Nesse sistema vence o que tiver maior número de voto. Já o sistema 
eleitoral proporcional exige uma fórmula para a composição dos candidatos eleitos, 
criando-se uma proporção entre a votação do partido político perante o número de 
cadeiras vagas para aquele cargo. Esse é o sistema adotado no Brasil para as 
eleições dos Deputados Federais, Deputados Estaduais ou Distritais (no caso do 
Distrito Federal) e dos vereadores. 
 
 
 
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 24 
De acordo com a Constituição Federal e com a lei das eleições são válidos 
somente os votos nominais e com os de legenda. Assim, para apurar o total de votos 
válidos de cada partido ou coligação, devem se adotar os votos da legenda, isto é, 
aqueles votos apenas nos partidos políticos, com digitação apenas do número do 
partido ao invés do número do candidato, e os votos nominais, ou seja, os votos em 
determinado candidato. Os votos nominais e de legenda são os votos dados a 
candidatos regularmente registrados. Já os de legenda são os lançados diretamente 
à legenda partidária (partido ou coligação). 
De acordo com a interpretação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), votos 
nulos e brancos não são considerados, a rigor, é como se não existissem, são 
computados pela Justiça Eleitoral apenas para utilização em pesquisas estatísticas. 
Isto é, Votar em branco ou votar nulo é praticamente a mesma coisa, resultam na 
invalidação do voto. O voto em branco não vai para nenhum candidato, ele é 
considerado inválido. Os votos nulos ou brancos não interferem no resultado de uma 
eleição, porque os votos brancos ou nulos não fazem mais parte dos cálculos 
eleitorais. 
 
 As Coligações Partidárias – são as alianças entre partidos políticos 
com fins específicos para a campanha eleitoral e estão previstas na Lei das Eleições 
em seu art. 6°. 
A coligação é uma faculdade dos partidos políticos, portanto não é 
obrigatória, e sim um ato de vontade que pode ser realizado para eleições 
majoritárias (Chefes do Executivo e Senadores) ou proporcionais (Deputados e 
Vereadores), e também podem ser utilizadas em ambas simultaneamente. 
 
 
1.9 CANDIDATURA (REGISTRO DE CANDIDATURA) 
 
 
Registro de candidatura é um ato jurídico formal realizado na Justiça 
Eleitoral, tornando apto certo candidato a participar no pleito eleitoral. 
 
 
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Seus requisitos estão principalmente na lei das Eleições (Lei n° 9.504\97) e 
encontra-se também em resoluções: para as eleições de 2012, a Resolução n° 
23.373 dispõe sobre a escolha e o registro de candidatos. 
 
A competência para registro fica por conta do Código Eleitoral, em seu art. 
86: 
 
 Nas eleições presidenciais, a circunscrição será o País; nas eleições 
federais e estaduais, o Estado; e nas municipais, o respectivo Município. Os 
candidatos a Presidente e Vice-Presidente da República
são registrados no Tribunal 
Superior Eleitoral, os candidatos a Governador, Vice-Governador, Senador, 
Deputado Federal e Deputado Estadual são registrados no Tribunal Regional 
Eleitoral do Estado pelo qual concorrem e os candidatos a Prefeito. Vice-Prefeito, 
Vereador e Juiz de Paz são registrados junto ao Juiz Eleitoral da respectiva 
circunscrição. 
 
Somente podem concorrer às eleições candidatos registrados por partidos. 
Diz o art. 10 da Lei 9.504 de 1997, que cada partido poderá registrar candidatos 
para a Câmara dos Deputados, Câmara Legislativa, Assembleias Legislativas e 
Câmaras Municipais, até 150% do número de lugares a preencher e nos parágrafos: 
 
§ 1º No caso de coligação para as eleições proporcionais, 
independentemente do número de partidos que a integrem, poderão ser 
registrados candidatos até o dobro do número de lugares a preencher. 
§ 2º Nas unidades da Federação em que o número de lugares a preencher 
para a Câmara dos Deputados não exceder de vinte, cada partido poderá 
registrar candidatos a Deputado Federal e a Deputado Estadual ou Distrital 
até o dobro das respectivas vagas; havendo coligação, estes números 
poderão ser acrescidos de até mais 50%. 
§ 3º Do número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada 
partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o 
máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo. 
(Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009). 
§ 4º Em todos os cálculos, será sempre desprezada a fração, se inferior a 
meio, e igualada a um, se igual ou superior. 
§ 5º No caso de as convenções para a escolha de candidatos não indicarem 
o número máximo de candidatos previsto no caput e nos §§ 1º e 2º deste 
artigo, os órgãos de direção dos partidos respectivos poderão preencher as 
vagas remanescentes até sessenta dias antes do pleito. 
 
Segundo Fábio Luis Guimarães e Jair Eduardo Santana: 
 
 
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 26 
 
O ato de registro de candidatura corresponde a um exame de reunião, por 
parte de candidato, das condições de elegibilidade e de inocorrência de 
qualquer inelegibilidade, pelo qual, sendo deferido, será reconhecido pela 
Justiça Eleitoral o direito de o candidato participar do processo eleitoral (daí 
a aferição de homonímia entre os nomes registrados). Sua compleição 
jurídica, no entanto, depende do atendimento do pedido às exigências 
legais. (GUIMARÃES; SANTANA. 2012, p. 86) 
 
É bom frisar, que Homonímia, quer dizer identidade de nomes, ocorre em 
relação ao prenome, cognome ou sobrenome. Caso ocorra homonímia, a Justiça 
Eleitoral deverá: 
 
 a) havendo dúvida, poderá exigir do candidato prova de que é 
conhecido por dada opção de nome, indicada no pedido de registro; 
 
 b) ao candidato que, na data máxima prevista para o registro, esteja 
exercendo mandato eletivo ou o tenha exercido nos últimos quatro anos, ou que 
nesse mesmo prazo se tenha candidatado com um dos nomes que indicou, será 
deferido o seu uso no registro, ficando outros candidatos impedidos de fazer 
propaganda com esse mesmo nome; 
 
 
 c) ao candidato que, pela sua vida política, social ou profissional, seja 
identificado por um dado nome que tenha indicado, será deferido o registro com 
esse nome, observado o disposto na parte final do inciso anterior; 
 
 d) tratando-se de candidatos cuja homonímia não se resolva pelas 
regras dos dois incisos anteriores, a Justiça Eleitoral deverá notificá-los para que, 
em dois dias, cheguem a acordo sobre os respectivos nomes a serem usados; 
 
 e) não havendo acordo no caso do inciso anterior, a Justiça Eleitoral 
registrará cada candidato com o nome e sobrenome, constante do pedido de 
registro, observada a ordem de preferência ali definida. 
 
 
 
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 27 
O pedido de registro será subscrito pelo presidente do diretório nacional 
regional ou municipal, ou da respectiva comissão diretora provisória, ou por 
delegado autorizado. 
Os candidatos são escolhidos pelos partidos dentre aqueles que estão 
filiados por no mínimo um ano antes da data da votação e que tenham domicílio na 
circunscrição da eleição pela qual concorrem pelo mesmo prazo. Há exceções em 
relação aos militares e aos servidores aposentados que enquanto na ativa estavam 
impedidos de manter filiação partidária (juízes, membros do MP e de Tribunais de 
Contas). 
 
Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus 
candidatos até dezenove horas do dia 05 de julho do ano em que se realizarem as 
eleições, devendo anexar ao pedido de registro os documentos previstos no art. 11 
da Lei n° 9.504/97, como se segue: 
 
1. Cópia da ata da convenção partidária; 
 
2. Autorização do candidato, por escrito; 
 
3. Prova de filiação partidária; 
 
4. Declaração de bens, assinada pelo candidato; 
 
5. Cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida pelo cartório eleitoral, de 
que candidato é eleitor na circunscrição ou requereu sua inscrição ou transferência 
de domicílio no prazo previsto no art. 9º; 
 
6. Certidão de quitação eleitoral; 
 
7. Certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da Justiça 
Eleitoral, Federal e Estadual; 
 
 
 
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8. Fotografia do candidato, nas dimensões estabelecidas em instrução da 
Justiça Eleitoral, para efeito do disposto no § 1º do art. 59; 
 
9. Propostas defendidas pelo candidato a Prefeito, a Governador de Estado 
e a Presidente da República, incluído pela Lei nº 12.034, de 2009. 
 
No pedido de registro de seus candidatos, os partidos e coligações 
comunicarão aos respectivos Tribunais Eleitorais os valores máximos de gastos que 
farão por cargo eletivo em cada eleição a que concorrerem. 
 
Um dos documentos que deve instruir o pedido de registro de candidatura é 
a certidão de quitação eleitoral. Essa quitação abrangerá exclusivamente a plenitude 
do gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento a 
convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a 
inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não 
remitidas, e a apresentação regular de contas de campanha eleitoral, conforme a Lei 
n° 9.504/97, em seu art. 11, § 7°. 
 
Existem causas de cancelamento da inscrição eleitoral que estão previstas 
no art. 71 do Código Eleitoral, conforme veremos abaixo: 
 
 Infração do artigo 5.º do Código Eleitoral, que veda o alistamento como 
eleitores dos que não saibam se exprimir na língua nacional (conceito que não 
restringe o alistamento e o voto dos deficientes que têm capacidade de expressar 
sua vontade) ou que estejam privados dos seus direitos políticos; 
 
 Infração do artigo 42 do Código Eleitoral, que veda o alistamento dos 
que estão privados temporária ou definitivamente dos direitos políticos; 
 
 A suspensão ou perda dos direitos políticos; 
 
 A pluralidade de inscrições; 
 
 
 
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 O falecimento do eleitor, devendo o cartório de registro civil, até o dia 
15 de cada mês, enviar ao Juiz eleitoral a comunicação dos óbitos dos cidadãos 
alistados; 
 
 Deixar de votar em três eleições consecutivas. Conforme estabelece o 
§ 3º do artigo 7º do Código Eleitoral, regulamentado pelo § 3.º do artigo 78 da 
Resolução n° 21.538/2003 do Tribunal Superior Eleitoral, será cancelada a inscrição 
do eleitor que se abstiver de votar em três eleições consecutivas, salvo se houver 
apresentado justificativa para a falta ou efetuado o pagamento da multa, ficando 
excluídos do cancelamento os eleitores que, por prerrogativa constitucional, não 
estejam obrigados ao exercício
do voto e cuja idade não ultrapasse 80 anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO I

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