Buscar

Resumão completo ( MORFOLOGIA )

Prévia do material em texto

AULA 1 – LÍNGUA, LINGUAGEM, SINCRONIA E DICACRONIA
•Através da faculdade da linguagem o homem não só compreende as relações do eu com o mundo, mas também explica estas relações através de seu conhecimento. 
•A linguagem é elemento indispensável da comunicação social e de domínio individual. Ao usá-la, o indivíduo se integra com os seus semelhantes.
A LINGUAGEM HUMANA Marilena Chauí, Convite à Filosofia: 
Platão, em seu livro Fedro se referiu à linguagem como pharmakon: remédio, veneno e cosmético. 
a) Linguagem como remédio. Fortalecimento do conhecimento. 
b) Linguagem como veneno. Capacidade de sedução das palavras que nos impede de questionar. 
c) Linguagem como cosmético. Possibilidade de esconder algo sob as palavras.
TRAÇOS CARACTERÍSTICOS DA LINGUAGEM HUMANA 
a)SIMBOLIZAÇÃO. A linguagem opera com elementos que representam a realidade (arbitrariedade do signo). 
b) ARTICULAÇÃO. Quando se diz que a língua é articulada considera-se que as unidades linguísticas podem ser divididas em unidades menores. 
Exemplo. „As gatas‟ pode ser segmentada da seguinte forma: a- , artigo definido; -s desinência de plural; gat- radical que indica tratar-se de um felino de pequeno porte, -a, desinência de feminino e -s, desinência de plural. 
Se /g/ for substituído por /p/ tem-se um outro radical que aparece na palavra pata.
c) REGULARIDADE. As unidades linguísticas têm uma significação permanente capaz de repetir-se nas mesmas circunstâncias. Embora essas unidades variem no tempo, no espaço e no meio social, essa variação não ultrapassa certos limites. 
d) INTENCIONALIDADE. Os atos de comunicação humanos têm um propósito claro e definido. 
e) PRODUTIVIDADE. A linguagem humana produz um número infinito de mensagens.
•Linguagem verbal e não-verbal; 
•O signo linguístico; 
•Os signos podem ser, portanto, verbais, as palavras e não-verbais, o desenho etc. 
E, retomando o processo de comunicação, como o homem traduz esta variedade de linguagens? Como chega à compreensão, ao entendimento das mensagens que nos chegam? 
•Através da linguagem humana, expressa por meio de um sistema de som vocal chamado língua. Essa possibilidade permite que o ser humano utilize um código linguístico, a língua, em sua materialidade verbal, para se comunicar. Cada língua apresenta o seu código, com regras e normas, sua maneira de arrumação das palavras na frase, sua própria estruturação. 
•Um pouco de Linguística...
•Além disso, é preciso recordar que, de acordo com Saussure, temos o que se chama signo linguístico.
•Durante todo o processo de avanço linguístico, tanto o processo de aquisição de linguagem como a sistematização da língua em si vem sofrendo alterações ao longo do tempo. Já houve uma época em que as línguas eram comparadas a seres vivos - nasciam, cresciam, envelheciam e morriam. 
•Sabemos, hoje, no entanto, que em qualquer fase da sua existência histórica, a língua é dotada de uma estrutura complexa em qualquer fase que esteja. Elas são adaptáveis às novas necessidades e ondas de crescimento de expressão de uma comunidade. 
•Por isso, precisamos retomar outro conceito saussureano, sincronia e dicronia. 
•Se compararmos épocas, observamos que a língua não muda de vez em quando, mas sim, de modo contínuo. Em enunciados como os apresentados abaixo, observamos signos que, ao longo do tempo, modificaram seu significante, mas que ainda permanecem em nosso sistema linguístico nos dias de hoje, em seu conceito fundamental. 
•sincronia: procura estudar o sistema de uma língua em uma determinada época ou período. 
Os membros da comunidade linguística entendem-se e comunicam-se porque participam de um mesmo „estado da língua‟, partilhando dos mesmos hábitos linguísticos.
Ex.: o plural de “pão” é “pães”; o plural de “cidadão” é “cidadãos” 
•diacronia: mostra como as línguas se formaram, sua evolução natural. 
É a história interna de uma língua; uma sucessão de „estados da língua‟, uma passagem sem interrupção, de uma sincronia para outra.
Ex.: o vocábulo avença é um termo arcaico, que significa “acordo”; entretanto, manteve-se na palavra desavença.
•De acordo com Azeredo (2008:63), temos, então, portanto, três conceitos fundamentais: 
a) a língua como estrutura abstrata, uma espécie de denominador comum de todos os seus usos: o sistema; 
b) o ato concreto de falar/ouvir ou escrever/ler a língua: o uso; 
c) a soma dos usos histórica e socialmente consagrados numa comunidade e adotados como um padrão que se repete: a norma.
•A existência de palavras é assumida como realidade pela maioria das pessoas. No entanto, embora sejam fáceis de reconhecer, não é tão simples definir o que é uma palavra. Na Linguística, como em outra ciência qualquer, precisamos identificar critérios para definirmos as unidades básicas de estudo. 
•Os critérios abordados como possíveis para o trato sobre PALAVRA são: 
A linguagem humana é expressa por meio de um sistema de som vocal chamado língua. Esta possibilidade permite que o ser humano utilize um código linguístico, a língua, em sua materialidade verbal, para se comunicar. Cada língua apresenta o seu código, com regras e normas, sua maneira de arrumação das palavras na frase, sua própria estruturação.
Síntese da aula 1 - Você Compreendeu os conceitos de língua, linguagem e sistema linguístico; distinguiu as características da linguagem verbal e não verbal; compreendeu o conceito de signo linguístico e de seus componentes. Constatou que os fatos da língua podem ser analisados tanto diacrônica quanto sincronicamente e também identificou o conceito de norma, percebendo que todas as variedades de língua são dotadas de estrutura própria e são adaptáveis às novas necessidades de expressão.
AULA 2 – Morfologia e a dupla articulação da linguagem
•Quando nos comunicamos por meio da linguagem verbal, utilizamos a palavra. 
•Verbo = palavra. 
•Mas, o que é palavra? 
CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO DE PALAVRA 
•Na Linguística, como em outra ciência qualquer, precisamos identificar critérios para definirmos as unidades básicas de estudo. 
•Os critérios abordados como possíveis para o trato sobre PALAVRA são: semântico, fonológico, sintático e mórfico. 
AFINAL, O QUE É PALAVRA?
A existência de palavras é assumida como realidade pela maioria das pessoas. No entanto, embora sejam fáceis de reconhecer, não é tão simples definir o que é uma palavra. Na Linguística, como em outra ciência qualquer, precisamos identificar critérios para definirmos as unidades básicas de estudo.
•Para Azeredo (2008), PALAVRA é a menor unidade significativa autônoma constituída de um ou mais elementos dispostos em uma ordem estável. 
•Para Trask (2006), é “uma unidade linguística tipicamente maior que o morfema, mas menor que um sintagma.” 
•Trask insiste, ainda, nos critérios de classificação, a saber: 
Palavra ortográfica. 
Palavra fonológica. 
Item lexical ou lexema. 
Forma gramatical de palavra ou palavra morfossintática (para fins gramaticais). 
•Charaudeau e Maingueneau (2006) parecem trilhar caminhos semelhantes, mas acrescentam a noção de discurso, ao citarem a questão da mudança linguística e afirmarem que o vocabulário é capaz de explicar uma sociedade. 
•Polissemia e intencionalidade.
•Para o linguista francês André Martinet, que primeiro utilizou a expressão dupla articulação da linguagem, as combinações legítimas na língua obedecem à seguinte formatação: 
1ª articulação: unidades significativas – forma, chamadas morfemas ou monemas, que tem a função de SIGNIFICAR. 
Ex.: gat – dá origem a palavra 
inh – demonstra o diminutivo 
a – demonstra o feminino 
s – demonstra o plural
2ª articulação: unidades fonológicas – som, unidades distintivas, chamadas fonemas, que tem a função de DISTINGUIR. 
Ex.: g + a + t + i + n (nasal) + a diferente de latinha ou patinha. (sons distintivos) 
Sons de cada letra – fonema
Ressaltam-se aqui as seguintes características:
• estas articulações são simultâneas;
• são pertinentes à linguagem humana, distinguindo-se de quaisquer outras produções vocais não linguísticas;
• a articulação é o método mais utilizadopara entendermos como se constitui ou se estrutura uma língua.
a) nível fonológico (de som); b) nível morfossintático (de forma e funcionalidade); c) nível semântico (significado).
a palavra  seria um conjunto marcado por um só acento tônico:  mármore,  café, trânsito. Entretanto, a expressão com o chinelo, por exemplo, também constitui marcação com um acento tônico, na medida em que chinelo possui acentuação na sílaba do meio (ne) e os termos com e o são átonos, e isso não faz da expressão em questão uma palavra.
Os vocábulos seriam também a constituição de fonemas e sílabas mesmo que desprovidos de sentido ou de tonicidade, como  os elementos com e o citados no exemplo acima. E palavra seria mais adequado do ponto de vista semântico, como: chinelo, sapato etc. Mas ambas, para os linguistas, são equivalentes. 
Para Azeredo (2008), PALAVRA é a menor unidade significativa autônoma constituída de um ou mais elementos dispostos em uma ordem estável.
A linguagem é um sistema de sinais auditivo-orais, articulados, de emprego numa comunidade. Articular significa agrupar unidades menores numa outra maior, todas caracterizadas por uma parcela significativa, ou distintiva.
Síntese desta aula 2 – Você verificou que conceituar palavra não é tão simples quanto reconhecê-la. Compreendeu os critérios que facilitam a identificação das palavras e relacionou as ideias de palavra e vocábulo. Constatou também que articular palavras é dividi-las em partes para entendê-las melhor, além de identificar o conceito de dupla articulação da linguagem e da função de cada uma das articulações para a compreensão da estrutura vocabular.
MORFEMAS I E II – Aula 3
 A noção de morfema. 
•Cada uma das partes que compõem uma palavra é chamada de morfema: “[...] as menores unidades formais dotadas de significado.” 
A cada troca, alteramos tempo e modo, ou seja, os morfemas trocados possuem os dois valores acumulados e são, por isso, chamados de morfemas cumulativos.
Mas...quais são os morfemas da nossa língua?
Numa visão tradicional, presente na maioria das gramáticas normativas e pedagógicas, temos: 
1) RAIZ/RADICAL: é o morfema que contem a ideia da palavra, ou seja, a base para o significado da palavra e também está associada à origem dos vocábulos. 
casa – casebre – casinha – acasalado – casulo
2) DESINÊNCIAS: são os morfemas que indicam as flexões das palavras. As desinências NOMINAIS são de gênero (feminino –a) e de número (plural –s). As desinências VERBAIS são as de modo e tempo e de número-pessoa.
	alunAS 
	estudAM 
	-a: gênero feminino 
	-a: modo temporal 
	-s: número plural 
	-m: número pessoal 
•VOGAL TEMÁTICA: às vezes, para receber as desinências, o radical precisa do acréscimo de uma vogal, chamada vogal temática. 
ATENÇÃO! Também nos nomes pode aparecer a vogal temática, como em: 
Flor + E + s 
A vogal temática E liga o radical flor- à desinência de número –s.
À junção do RADICAL com a VOGAL TEMÁTICA, denominamos TEMA. 
escrev + e = TEMA 
pern + a = TEMA
Como se comportam os morfemas?
Formas livres. São morfemas que podem aparecer sozinhos em um enunciado. 
Exemplo. _ Quem chegou mais cedo? 
_ Ele. 
Formas presas. São morfemas que não aparecem isoladamente como, por exemplo, os sufixos, as desinências etc. 
Exemplo. Caseiro.
•Entretanto, Matoso Câmara Jr. (1970), nos apresenta uma outra noção, a de formas dependentes. Segundo o autor, não são formas livres porque não constituem enunciados e não são formas presas porque existem como vocábulos. Segundo Carone (1995:32), são exemplos dessas formas dependentes artigos, preposições, algumas conjunções e pronomes oblíquos átonos. 
•Exemplo. Café com leite. 
MORFES e MORFEMAS
O morfe é a concretização de um morfema, ou seja, uma sequência fonêmica mínima a que se pode atribuir um significado. 
morfema :: fonema 
morfe :: fone
Assim, o que seria alomorfia? A palavra alomorfe vem do grego (állos = outro + morphé = forma) e indica a realização de um morfema por dois ou mais morfes diferentes, quer dizer, é a concretização em morfes diferentes de dois segmentos com os mesmos valores significativos.
A alomorfia constitui, portanto, uma diferença de significantes, não de significado: o morfe é outro, o morfema é o mesmo.
Ex:
No verbo levas, o morfema –s caracteriza a 2ª pessoa do singular, que também pode ser caracterizado por –ste em levaste ou –es em levares. 
O segmento / - s / marca plural, mas / -es / tem a mesma função: casas x mares.
Quando ocorre a alomorfia, a forma de mais alta frequência deve ser considerada a forma-base; a outra é uma variante, seu alomorfe.
O morfema zero ou morfe zero caracteriza-se pela ausência de segmento fônico que representaria determinada noção. 
Exemplo: bar – bares (o morfema –s) 
professor – professora ( o morfema –a)
Marca de gênero
A flexão de gênero em português acontece pelo acréscimo do morfema flexional [a] à forma masculina: o feminino é a forma marcada pela presença do morfema / a /. Sua ausência é significativa como característica de masculino – morfema zero para o masculino em português. 
Marca de número
1.Mar – mares. A ausência da marca de plural / -es / no morfema lexical mar indica singular. 
2. Ourives, lápis, pires. O / -s / não é marca de plural: o plural dessas palavras é marcado sintaticamente.
Em muitas formas verbais, encontramos o morfema zero em oposição a outros morfemas.
(tu) estud + a + va + s 
(ele) estud + a + va + ø 
(ele) estud + a + ø + ø
Morfemas usados na flexão do verbo são chamados de morfemas gramaticais. Mas e o radical ‘cant-‘? Que tipo de morfema ele é? 
O radical é um exemplo de morfema lexical.
Um morfema gramatical é aquele que expressa um aspecto gramatical da língua. São exemplos de morfemas gramaticais: as desinências modo-temporais e número-pessoais dos verbos e as desinências de gênero e de número dos nomes.
Segundo Carone (1995, p. 29) , os morfemas gramaticais  “[...] pertencem a um paradigma numericamente restrito e estável, isto é, a um inventário fechado.”
Um morfema lexical é a parte da palavra em que temos o significado básico, é o núcleo semântico da palavra. Segundo Carone (1995, p. 29), esses morfemas fazem parte do inventário aberto da língua, já que novas palavras podem surgir.
Formas livres: São morfemas que podem aparecer sozinhos em um enunciado.
Exemplo: _ Quem chegou mais cedo?
      _ Ele.  
Formas presas: São morfemas que não aparecem isoladamente como, por exemplo, os sufixos, as desinências etc.
Exemplo:  caseiro.
Formas dependentes: Essas formas foram classificadas por Mattoso Câmara Jr. (1970) e, segundo o autor, não são formas livres porque não constituem enunciados, e não são formas presas porque existem como vocábulos. Segundo Carone (1995, p. 32), são exemplos dessas formas dependentes: artigos, preposições, algumas conjunções e pronomes oblíquos átonos.
Exemplo: café com leite.
TIPOS DE MORFEMA
Além do morfema lexical que vimos anteriormente, temos outros tipos de morfemas.
a) Morfema derivacional: São aqueles que possibilitam a criação de novas palavras. 
São exemplos de morfemas derivacionais os prefixos, os infixos e os sufixos.
Exemplos: cas [inha]; cas [eiro].
b) Morfema categórico: São morfemas flexionais, ou seja, são as desinências nominais e verbais, representando, assim, morfemas gramaticais. 
A função dos morfemas categóricos é indicar as flexões que as formas assumem.
Exemplos: casa[s]; menin[a].
Alternância acentual: Nesse caso, temos um morfema suprassegmental, ou seja, temos a variação de intensidade e altura com significado gramatical. Em português, só a intensidade tem valor gramatical, ainda que a variação de altura traga significado e possibilite a distinção entre asserção e interrogação (Ele já viajou. /Ele já viajou?).
Outros exemplos: exército x exercito       retífica x retifica         história x historia
b) Morfe cumulativo: É um morfe que expressa mais de um significado (não há correspondência ideal entre morfe e morfema).
Ex.: [mos] em viajamos – desinência número-pessoal (1a. pessoa/ plural)GN considera que [o] em lindo é morfe cumulativo (VT + desinência de gênero)
c) Morfe redundante: Ocorre quando mais de um traço opõe duas formas.
Exemplos: Na flexão de número, temos avô/ avós (abertura da vogal + morfema [s] como marcas de plural).
Na flexão de gênero: Nos pares esse / essa e novo / nova, temos, além da inserção da desinência que indica a flexão, a abertura da vogal.
d) Morfe homônimo: Ocorre quando um único morfe corresponde a morfemas distintos.
Ex.: [s]
A[s] casa[s] – marca plural
(tu) ama [s] – desinência número-pessoal
•Derivatio voluntaria - cria novas palavras; caráter fortuito e desconexo do processo. 
•Derivatio naturalis - para indicar modalidades específicas de uma dada palavra. A flexão indica que um dado vocábulo se dobra a novos empregos, havendo obrigatoriedade e sistematização coerente. 
•O que são NOMES? 
•Adjetivo ou determinantes? 
Há nomes que são essencialmente substantivos e outros essencialmente adjetivos no que tange aos seus usos funcionais? 
•Koch e Silva (2005) afirmam que sim, mas, “a distinção funcional não é absoluta”. 
•Machado de Assis: “autor defunto” X “defunto autor” 
No âmbito formal, substantivo e adjetivo, via de regra, apresentam diferenças muito pequenas. Tanto um quanto outro são marcados por vogais temáticas, desinências de gênero e de número, vejamos: 
MESTRE – E = vogal temática (substantivo ou adjetivo) 
MENINA – A = desinência de gênero + Morfema zero apontando o singular. 
MENINAS – S = desinência de número.
Síntese de aula 3 - você aprendeu as noções de formas livres, presas e dependentes, assim como identificou as partes que compõem uma palavra, conhecidas por morfema; 
- Ao lado da conceituação dos tipos de morfema, você conheceu a noção de morfe e compreendeu a função e classificações desses elementos; 
- Desse modo, você pode compreender a estruturação das palavras em Português através da observação das partes que as compõem.
“Se quisermos usar os termos de modo bem preciso, deveremos compreender que o morfema é uma entidade abstrata que não se confunde com uma única e mesma forma. Na prática, um morfema pode apresentar variações formais. Assim, se observarmos as palavras vida e vital parece evidente que em ambas existe um mesmo morfema que se realiza como [vid] e [vit]. A realização de um morfema se denomina de morfe e quando há mais de uma, já podemos adiantar que constituem alomorfes.”
A palavra alomorfe  vem do grego (állos = outro   +  morphé = forma) e indica a realização de um morfema por dois ou mais morfes diferentes. Quer dizer, é a concretização em morfes diferentes de dois segmentos com os mesmos valores significativos.
A alomorfia constitui, portanto, uma diferença de significantes, não de significado: o morfe é outro, o morfema é o mesmo.
Signo= significado + significante
S.m. Indício, marca, símbolo, sinal indicativo. / Lingüística: Qualquer unidadesignificativa, de qualquer linguagem, resultante de uma união solidária entre significantee significado.
➢Significado – conceito 
S.m. Acepção, sentido, significação. / Lingüística: Valor, sentido ou conteúdo semânticode umsignolingüístico.
➢Significante: forma gráfica + som
Adj. Que significa; significativo. / s.m. Lingüística: Imagem acústica ou manifestaçãofônica do signo linguístico.
ALGUNS EXEMPLOS  DE ALOMORFIA
Alomorfia na raiz. Os morfemas lexicais. / ordem /, / orden-/ /ordin-/ têm a mesma significação em ordem, ordenar e ordinário.
Alomorfia no prefixo. O prefixo / in /  passa a / i / em inapto / ilegal.
Alomorfia no sufixo. No par bananal / cafezal o sufixo  / al / passa a / zal /  e no par  relator / falador o sufixo  / or /passa a / dor /.
Alomorfia na vogal temática. Em pão / pães, a vogal temática /o /transforma-se em/ e /.
Alomorfia na desinência de gênero. No par, avô ≠ avó, os traços distintivos / ô / e / ó / podem ser considerados alomorfes das desinências Ø (masculino) e / a / (feminino).
Alomorfia na desinência modo-temporal. Em cantáramos / cantáreis, a desinência modo-temporal / ra / passa a/ re /.
A alomorfia pode ou não ser fonologicamente condicionada:
Não condicionada. Implica variações livres que independem de causas fonéticas.  
Exemplo:  alternâncias vocálicas em faz, fez, fiz.
Condicionada. Aglutinação de fonemas nas partes finais e iniciais de constituintes, acarretando mudança fonética. É uma mudança morfofonêmica = opera entre fonemas e altera o plano mórfico da língua.
Exemplo: redução de / in- /  a  / i- / diante de consoante nasal: incapaz, imutável
O morfema zero ou morfe zero caracteriza-se pela ausência de segmento fônico que representaria determinada noção.
Exemplo: o contraste singular/plural: bar – bares (o morfema –s), em que a ausência do plural, morfema –s, designaria o singular, por inexistência de morfema marcador.
Essa oposição entre presença e ausência é importante – ambos são realidades morfêmicas, cada um deles só existe graças à existência do outro. A categoria gramatical de número só existe porque um par opositivo a instaura: singular e plural. Temos, nesse caso, o que se chama de ausência significativa.
Marca de gênero. 
A flexão de gênero em português acontece pelo acréscimo do morfema flexional [a] à forma masculina: o feminino é a forma marcada pela presença do morfema / a /. Sua ausência é significativa como característica de masculino – morfema zero para o masculino em português.
Exemplos: marca de gênero: mestre / mestra; leitor / leitora; professor / professora; marquês/ marquesa; menino/menina.
Marca de número. 
Exemplos:  1. Mar – mares.  A ausência da marca de plural / -es / no morfema lexical mar indica singular.
2. Ourives, lápis, pires. O / -s / não é marca de plural: o plural dessas palavras é marcado sintaticamente.
Em muitas formas verbais encontramos o morfema zero em oposição a outros morfemas.
Exemplo:
(tu)    estud + a + va + s
(ele)  estud + a + va + ø
(ele)  estud + a +  ø  + ø
Por que em uma palavra como ‘lápis’, que tem a mesma forma para singular e plural, não se deve considerar a existência de morfema zero na desinência de número?
O morfema s existe tanto no singular quanto no plural:
O plural desse tipo de palavra não é morfológico, é sintático: será o determinante  (artigo, pronome demonstrativo etc.) quem marcará o número.
b) Por que substantivos comum de dois gêneros como estudante e dentista não têm morfema zero para desinência de gênero?
O feminino em português é marcado pelo morfema [a]. Nesses substantivos, tem-se a mesma forma para os dois gêneros. O gênero desses substantivos não é morfológico, é sintático: sabe-se o gênero pelos morfemas categóricos dos termos a que eles se referem: meu dentista/ bela estudante.
Assim, em bela estudante,  o feminino é marcado por dois traços: um mórfico e outro sintático.  O traço mórfico é a desinência a e o traço sintático é a presença do determinante esta.
Vimos que o acréscimo do morfema [a] marca a flexão de gênero. A regra para a composição do feminino estabelece que, morfologicamente, temos o processo de flexão se adicionamos a desinência [a], retirando-se a vogal temática, se ela estiver presente no masculino.
Exemplos: Professor + a = professora
 Mestre + a= mestrea = mestra
Sobrecomuns –  nomes de um só gênero gramatical que se aplicam indistintamente a homens e mulheres. Exemplos: o cônjuge, a ferrugem, a criatura, a criança, o indivíduo, a pessoa, o ser, a testemunha, a vítima, entre outros.
Comum de dois gêneros – substantivos que  têm uma só forma para os dois sexos e necessita de um  determinante para distinguir se o referente é masculino e feminino.  Nesse caso, a marcação de gênero é sintática e não morfológica, porque a categoria de gênero será expressa pelo determinante.
Exemplos: o estudante / a estudante; o mártir/ a mártir
O substantivo comum de dois gêneros e a questão do referente
Exemplo: os meninos foram as principais vítimas do acidente. 
O gênero feminino de vítimas é indicado pelo determinante as. A ideia de sexo está no lexema meninos.
Testemunha: é sempre gênero feminino, querse trate de homem ou de mulher. Só se sabe pelo referente. Exemplo: a testemunha chegou atrasada. Ela usava um lindo vestido preto.
Síntese da aula 4 - Nesta aula, você estudou o fenômeno da alomorfia e do morfe zero. Você aprendeu que o alomorfe é a concretização em morfes diferentes de dois segmentos com os mesmos valores significativos. Você estudou o morfe zero e viu que essa noção envolve uma ‘ausência significativa’, ou seja, um elemento, que, por estar ausente, também traz significado. Estudamos a flexão nominal em termos de gênero e vimos a distinção que se deve fazer entre gênero e sexo.
A distinção entre flexão e derivação é perceptível quando se pode conceituar e analisar o vocábulo pelo seu significado e sua forma.
A flexão é obrigatória devido à concordância que antecederá a palavra, o que faz da derivação um processo sem preocupação obrigatória.
A derivação pode alterar a categoria da palavra resultante, mas a flexão não muda a classe da palavra que resulta.
O vocábulo “flexão” é a tradução do termo alemão “biegung” que significa curvatura, desdobramento. Por isso, podemos afirmar que um vocábulo pode se “desdobrar” em outras aplicações por meio do fenômeno gramatical da flexão.
O vocábulo “flexão” é a tradução do termo alemão “biegung” que significa curvatura, desdobramento. Por isso, podemos afirmar que um vocábulo pode se “desdobrar” em outras aplicações por meio do fenômeno gramatical da flexão.
Síntese de aula 5 - Nesta aula, você aprendeu que as noções de derivação e de flexão são importantes no que tange aos processos de formação de palavras na nossa língua. Além disso, verificou aspectos relativos à flexão verbal e à flexão nominal bem como questões importantes acerca de gênero, número etc.

Outros materiais