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AULA_2_Idade_Média_-_Religião-Política

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AULA 2 - Pensamento Político - Idade Média
 	
 	O Império Romano atingiu o seu apogeu e máxima extensão territorial durante o século II, mas durante os dois séculos seguintes verificar-se-ia o lento declínio do domínio territorial romano sobre os seus territórios.  
A crise econômica, refletida na inflação, e instabilidade nas fronteiras motivada pela pressão de povos invasores, estiveram na origem da crise do terceiro século, períodos em que um vasto número de imperadores ascendia ao trono apenas para ser rapidamente substituído por novos usurpadores. 
O orçamento militar aumentou constantemente ao longo de todo o terceiro século, sobretudo na seqüência de uma nova guerra contra o Império Sassânida, iniciada em meados do século. 
A necessidade de receitas levou à aplicação de uma sobretaxa fiscal e ao declínio em massa da classe média, proprietária de terrenos e unidades de produção, extinguindo-se assim o financiamento das estruturas administrativas de cada povoação.
IDADE MÉDIA
- Cristianismo - igreja primitiva - primeira descrição histórica de sociedade comunista paralela à organização do Estado. Resistência pacífica (Livro bíblico: Romanos 13:1); 
                         Separação entre Deus e Governo dos homens.  
		  Teocracia = poder eterno x Governo: poder do mundo terreno e efêmero.
                         (Livro bíblico: Atos, cap. 4, vers. 32 a 35)
O Cristianismo toma proporções extremas, onde poder político e religioso se confundem;
- Humanização - traz noções de direito humanos
 Religião, Igreja e Estado = se fundem.
O período medieval é frequentemente caricaturado como supostamente um "tempo de ignorância e superstição" que sobrepunha sempre os mandamentos religiosos à experiência pessoal e racionalismo."
 Trata-se de um legado da Renascença e do Iluminismo, períodos em que os intelectuais estabeleciam sempre a comparação da sua cultura com a cultura medieval de forma preconceituosa.
Os intelectuais renascentistas viam a civilização clássica como uma época de imensa cultura e civilização, e a Idade Média como um progressivo declínio dessa cultura. 
Por seu lado, os iluministas encaravam a razão como sendo sempre superior à fé e, por conseguinte, a Idade Média como um tempo de ignorância e superstição.
Uma corrente de pensamento defende, no entanto, que a razão e a lógica era normalmente tida em conta durante a Idade Média. O historiador da ciência Edward Grant, escreveu que "o facto de o raciocínio lógico ter sido expresso [no século XVIII], só pode ter sido possível por causa da longa tradição medieval que definiu o uso da razão como a mais importante das atividades humanas". 
Também, ao contrário do que é comum acreditar-se, David Lindberg escreve que "o intelectual medieval raramente era pressionado pela força coercitiva da igreja e muito provavelmente considerava-se livre (sobretudo na ciência natural) para seguir a razão e observação até onde quer que isso os conduzisse".
A caricatura do período reflete-se também em várias crenças populares. Por exemplo, uma das especulações que começou a ser difundida durante o século XIX e que ainda é muito comum na cultura popular, é a suposição, errada, de que todas as pessoas na Idade Média acreditavam no Mito da Terra plana. Na verdade, o próprio corpo das universidades medievais propunha evidências que demonstravam que a Terra seria esférica, Lindberg e Numbers afirmam mesmo que seria muito rara a existência de qualquer académico cristão medieval que não tivesse conhecimento da esfericidade da Terra ou que não soubesse até a sua circunferência aproximada.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_M%C3%A9dia#Etimologia_e_periodiza.C3.A7.C3.A3o
http://educacao.uol.com.br
“Romanização” ou “Orientalização”?
 Em seus primeiros tempos, o Império Romano do Oriente conservou nítidas influências romanas, tendo as dinastias Teodosiana (395 - 457), Leonina (457 - 518) e Justiniana (518 - 610) mantido o latim como língua oficial do Estado, conservado a estrutura e as denominações das instituições político-administrativas romanas etc. A predominância étnica e cultural grega e asiática, entretanto, acabaria prevalecendo a partir do século VII.
Nos séculos IV e V, as invasões de visigodos, hunos e ostrogodos foram desviadas para o Ocidente mediante o emprego da força das armas, da diplomacia ou pelo pagamento de tributos, meios usados pelos bizantinos durante séculos para sobreviver.
Essas ameaças externas puseram em perigo a estabilidade do Império Bizantino, internamente convulsionado por questões religiosas que também envolviam divergências políticas. É o caso do Monofisismo, doutrina religiosa elaborada por Eutiques (superior de um convento de Constantinopla), centralizada na concepção de que só havia a natureza divina em Cristo. Embora considerada heresia pelo Concílio de Calcedônia (451), que reafirmou a natureza divina e a natureza humana de Cristo, a doutrina monofisista propagou-se pelas províncias asiáticas (Ásia Menor, Síria) e africanas (Egito), onde se identificou com aspirações de independência.
No século VI, Bizâncio teve no reinado de Justiniano (527 565) um dos períodos marcantes: a “primeira idade de ouro” segundo expressão de Paul Lemerle. Empenhado em reagir contra a orientalização do Império e o domínio do Ocidente pelos bárbaros, imprimiu a seu governo duas diretrizes básicas: a consolidação da autoridade imperial e a reconstituição do antigo Império Romano, mantendo o Mar Mediterrâneo como eixo da economia imperial.
Justiniano conservou ou restabeleceu os quadros administrativos romanos em todo o Império. O Direito Romano foi revisado e atualizado, para fortalecer juridicamente as bases do poder imperial e dotar o Estado de um sistema jurídico eficiente. O resultado desse trabalho é conhecido pela denominação de Corpus Juris Civilis, compreendendo quatro partes:
_ O Código de Justiniano (Novus Justinianus Codex), que continha toda a legislação romana revisada desde o Imperador Adriano
_ ODigesto ou Pandectas, que incluía um sumário da jurisprudência romana;
_ As Institutos, que constituíam um resumo para ser utilizado pelos estudiosos de Direito;
_ As Novelas ou Autênticas, que reuniam as novas leis de Justiniano.
A importância do Corpus Juris Civilis pode ser assim avaliada: “Foi neste Corpus Juris Civilis, obra-prima do Direito Romano, que os legistas da Idade Média e dos Tempos Modernos estudaram esta ciência, e foi também ele que serviu de base aos nossos códigos atuais.” – Segundo GENICOT, L. e HOUSSIAU, P., in  “Le Moyen Age”, Coleção Histoire et Humanités)
Uma política de numerosas construções públicas, atendendo a objetivos militares – centenas de fortificações (fortalezas e castelos) foram erguidos para melhor guarnecer as fronteiras - e políticos - evidenciar o poder imperial mediante obras monumentais como a Basílica de Santa Sofia - constituiu aspecto marcante do período.
A Corte imperial tornou-se mais requintada, subordinando-se à rígida etiqueta perante o Imperador ou Basileus: considerado o representante de Deus na Terra, seus poderes eram concebidos como de origem divina e todos deviam-lhe irrestrita obediência.
O caráter teocrático da Monarquia evidenciava-se nas representações da figura do Imperador em pinturas, vitrais e outras obras de arte : a cabeça imperial era rodeada de um halo, semelhante às imagens de santos. Ainda que continuasse a tradição do Dominato, o Dominus Noster inspirava-se nas Monarquias Despóticas e Teocráticas do Oriente.
Utilizando-se de poderosa frota de guerra e de numerosos exércitos, o imperador Justiniano empreendeu diversas campanhas militares no Mediterrâneo Ocidental, onde conquistou o Reino Vândalo (África do Norte), o Reino Ostrogodo (Península Italiana) e a região sudeste do Reino Visigodo (Península Ibérica).
        No dizer de Paul Lamerle, “(...) para ressuscitar a parte morta do Império, desenvolveu um esforço gigantesco que esgotou a parte viva”. (Histoire de Byzance, Coleção "Que Sais-je?" PUF., pág. 46.). Com efeito, as conquistas foram precárias, pois asforças de ocupação demonstraram-se insuficientes e as regiões reconquistadas estavam economicamente arruinadas. Além do mais, as campanhas desviaram recursos humanos e financeiros que deveriam ter sido utilizados contra crescentes ameaças nas fronteiras orientais (a pressão da Pérsia Sassânida foi contida por meio do pagamento de pesados tributo) e balcânicas (ávaros e eslavos realizavam constantes invasões, sendo que os últimos começaram a ser instalados como colonos nos Bálcãs).
A fim de cobrir os gastos com guerras e pagamento de tributos, o governo adotou rigorosa política fiscal, fator de inquietação social, como se evidenciou na Sedição Nika.
Iniciada no Hipódromo de Constantinopla, resultou de múltiplas causas, como a reação contra a tirania fiscal, o descontentamento de monofisistas contra a opressão imperial etc.
O movimento alastrou-se pela cidade e, para sufocá-lo, as tropas imperiais massacraram milhares de pessoas.
Em síntese, “(...) o balanço deste reinado foi decepcionante. A ameaça persa continuava na fronteira síria; a reconquista do Ocidente foi apenas parcial; os esforços de romanização pouco sucesso tiveram e o latim, língua oficial do Império, só era compreendido por uma minoria”. (ARONDEL, M. e outros, op. cit., pág. 152)
- Santo Agostinho (354 a 430)
- visão pessimista do homem / maniqueísmo / Cidade celeste / Terrena /
Estado forte / Autoritário / Ordem / coação / sanção
Introdução 
Aurélio Agostinho, o Santo Agostinho de Hipona foi um importante bispo cristão e teólogo. Nasceu na região norte da África em 354 e morreu em 430. Era filho de mãe que seguia o cristianismo, porém seu pai era pagão. Logo, em sua formação, teve importante influência do maniqueísmo (sistema religioso que une elementos cristãos e pagãos).
Biografia 
Santo Agostinho ensinou retórica nas cidades italianas de Roma e Milão. Eesta última cidade teve contato com o neoplatonismo cristão.
Viveu num monastério por um tempo. Em 395, passou a ser bispo, atuando em Hipona (cidade do norte do continente Africano). Escreveu diversos sermões importantes. Em “A Cidade de Deus”, Santo Agostinho combate às heresias e o paganismo. Na obra “Confissões” fez uma descrição de sua vida antes da conversão ao cristianismo.
Agostinho analisava a vida levando em consideração a psicologia e o conhecimento da natureza. Porém, o conhecimento e as idéias eram de origem divina. 
Para o bispo, nada era mais importante do que a fé em Jesus e em Deus. A Bíblia, por exemplo, deveria ser analisada, levando-se em conta os conhecimentos naturais de cada época. Defendia também a predestinação, conceito teológico que afirma que a vida de todas as pessoas é traçada anteriormente por Deus.
As obras de Santo Agostinho influenciaram muito o pensamento teológico da Igreja Católica na Idade Média.
Morreu em 28 de agosto (dia suposto) de 420, durante um ataque dos vândalos (povo bárbaro germânico) ao norte da África.
Algumas obras de Santo Agostinho:
Da Doutrina Cristã (397-426)
- Confissões (397-398)
- A Cidade de Deus (413-426)
- Da Trindade (400-416)
-Retratações 
- De Magistro 
- Conhecendo a si mesmo
Frases e Pensamentos de Santo Agostinho:
- "Se dois amigos pedirem para você julgar uma disputa, não aceite, pois você irá perder um amigo. Porém, se dois estranhos pedirem a mesma coisa, aceite, pois você irá ganhar um amigo."
 
- "Milagres não são contrários à natureza, mas apenas contrários ao que entendemos sobre a natureza." 
- "Certamente estamos na mesma categoria das bestas; toda ação da vida animal diz respeito a buscar o prazer e evitar a dor." 
- O dom da fala foi concedido aos homens não para que eles enganassem uns aos outros, mas sim para que expressassem seus pensamentos uns aos outros.
- Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser.
- Se não podes entender, crê para que entendas. A fé precede, o intelecto segue.
- "A medida do amor é amar sem medida."
- O mundo é um livro, e quem fica sentado em casa lê somente uma página.
Santo Agostinho
- S. Tomás de Aquino (1.225 a 1274)
São Tomás de Aquino nasceu na Itália, próximo a Roccasecca, na Itália, mais precisamente perto de Aquino (comuna italiana da região do Lácio), e ficou conhecido como um dos mais importantes pensadores cristãos e cultos existentes até os dias atuais.
 	Entre os anos de 1259 e 1268 São Tomás instruiu-se na Universidade da Cúria Papal, na Itália; após o término de seus estudos decidiu publicar suas explanações a respeito da Física, da Metafísica (parte da Filosofia que estuda a essência dos seres), da Ética (esfera da Filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana) e da Política defendida por Aristóteles; na seqüência dedicou-se a sua obra Enquanto era vivo, sempre seguiu as idéias de Aristóteles e as condimentou com a disposição habitual para a prática do bem; pregou constantemente a esperança e a caridade.
 	Ele apresentou uma proposta filosófica e educacional denominada Escolástica – que era a concordância da fé e da razão, bem como a compilação do conhecimento neste assunto.
 	Um dos seus feitos mais marcantes para o conjunto de idéias ocidentais foi sua confiança de que o avanço da civilização ocidental possui um significado real e que a existência espiritual e intelectual são assaz preciosas neste sentido.
Entre suas obras podemos citar as principais:
* De Virtutibus;
* Comentários ao Evangelho de São João;
* Comentários da Epístola de São Paulo;
* De unitate intellectus;
* De aeternitate mundi;
* Quaestiones
* Exposição sobre o Credo;
* O Ente e a Essência (1248-1252);
* Compêndio de Teologia (1258-1259);
* Suma Contra os Gentios;
* Comentário às Sentenças;
* Suma Teológica;
* Os Princípios da Realidade Natural. Editora Porto, 2003;
* Tratado da Lei. Porto. Rés-Editorial, 1988;
* Tratado da Justiça. Porto. Rés-Editora, 1989;
* O Ente e a Essência. Lisboa. Instituto Piaget.capital, “A Suma Teológica”, finalizada no ano de 1242.
Poder vem de Deus para o povo I Origem popular do poder I
Autonomia Igreja I Estado
 	Não se pode deixar de reconhecer que S. Tomás seguiu as trilhas de Aristóteles, mas ele reformulou de tal modo os ensinamentos do Estagirita, que arquitetou uma outra filosofia. A verdade é a obsessão de S. Tomás, justamente porque a verdade é a correspondência da mente com as coisas. Em primeiro lugar, as coisas; depois, a mente. Em primeiro lugar, o objeto; depois, o sujeito. Do conúbio sujeito-objeto nasce a harmoniosa construção tomista. Repugna-lhe toda doutrina subjetivista. O realismo tomista tem os pés no chão. Foge dos devaneios, por vezes atraentes, das filosofias que partem da negação da “coisa espiritual” e reduzem as coisas ao mundo corpóreo. Evidentemente, como não pode haver concordância do Tomismo com tais filosofias, não pode haver também concordância com o materialismo.
       Embora o Tomismo puro negue todas essas filosofias, contudo, havendo nelas algum elemento de verdade, assume-o S. Tomás. O Tomismo, por isso, é eminentemente crítico. A verdade é de todos, e o Angélico escreve que “toda verdade, dita por quem quer que seja , vem do Espírito Santo “, e diante das diversas opiniões dos filósofos: “não olhes por quem são ditas, mas o que dizem “. O critério supremo do Tomismo é a verdade imparcialmente aceita e proposta. Escreve S. Tomás: “O estudo da filosofia não é para se saber o que os homens pensaram, mas para que se manifeste a verdade” (De Coelo et Mundo, I,22). Naturalmente decorre da filosofia da verdade ser ela “a filosofia do ser”. O ato de ser é o fundamento primeiro das coisas e a última determinação da perfeição das mesmas. A noção do ser é a primeira que afeta a nossa inteligência, e perpassa todos os nossos conhecimentos. O ser é a própria natureza de Deus, isto é, sabemos certa e logicamente que Deus é. Todavia, conhecêmo-lo por analogia, não de modo unívoco. Se o Tomismo admite entes de razão, cuja realidade objetiva está tão somente na inteligência, os seres de razão nada mais são que idéias formuladas pela razão, paraque melhor se atinja a realidade existencial das coisas. Somente em Deus o ser atinge a sua suprema perfeição. Deus une todas as perfeições na infinitude de um ser que vem de si mesmo e que desconhece mudanças e sucessão. Deus é o ser de ato puro destituído de qualquer imperfeição ou potência – a perfeita posse e simultânea de todas as perfeições: é o ser eterno (Boécio).
       A filosofia do ser e da verdade, a tomista será também a filosofia de Cristo e, por isso, a filosofia da Igreja. Por que a “filosofia de Cristo”? Evidentemente Cristo não se manifestou como filósofo, nem formulou um sistema filosófico. A imagem que nos deixou de si não foi a de um filósofo, mas de um líder religioso. O seu linguajar nada possuía da terminologia de um filósofo. Não se afastou da linguagem popular. Não obstante, a sua mensagem religiosa contém implicitamente a filosofia do senso comum, da afirmação existencial das coisas, do princípio de contradição, dos princípios de causalidade e finalidade. Nela não se encontra o subjetivismo cartesiano, o criticismo kantiano, nem o idealismo hegeliano, nem o existencialismo sartriano e heideggeriano etc. Seria até ridículo tal mensagem da afirmação daquilo que vemos e tocamos não corresponder à realidade objetiva das coisas.
       Em profundas e relevantes explanações, o filósofo e teólogo Claude Tresmontant desvenda-nos, na Bíblia, uma implícita e subjacente filosofia metafísica e moral, que constitui o núcleo central do pensamento israelita. Cristo naturalmente não se afastou do pensamento do seu povo. Lê-se num dos magistrais livros de Tresmontant: “O cristianismo comporta – é isto que este trabalho quer pôr em luz – certas implicações e certas teses, uma certa estrutura metafísica que não são quaisquer. Quero dizer que as questões admiravelmente reconhecidas como derivadas do domínio metafísico, relativas ao ser criado e ao ser incriado, ao uno e ao múltiplo, o futuro, a temporalidade, o material e o sensível, a alma e o corpo, o conhecimento, a liberdade, o mal, etc. – o cristianismo acrescenta algumas respostas que lhe são próprias (ainda que comuns com o judaísmo), originais e que o definem, o constituem no plano metafísico. A doutrina cristã do Absoluto deriva por uma parte, e sob certo ângulo da metafísica… Por que a doutrina cristã do Absoluto não entrará com o mesmo titulo que as outras na história das filosofias humanas?(..) A Escritura Sagrada, a teologia bíblica, a teologia cristã contêm na verdade um número de doutrinas, de teses, que por direito decorrem da razão natural. Existe uma filosofia natural no interior da Revelação “
1.2.2.2.1) A Espada Pertence ao Estado
 
Se tomarmos nota do que dissemos mais acima, veremos que  à Igreja cabe, tão somente, dar a excomunhão ao herege e cismático. A morte, por tratar-se da exclusão do herege da cidade dos homens, é da alçada temporal. É, pois, ao príncipe que se deve referir, em última instância, o determinar artigo de morte para o heresiarca. A Igreja, diz Santo Tomás, ulteriormente à excomunhão, abandona o herege ao juízo secular “(...) e ulteriormente ela o abandona ao juízo secular para que seja excluído do mundo pela morte.”[22] Há que se aduzir, no entanto, o seguinte: a Igreja podia, em certos casos, solicitar ao braço secular a morte do herético. Por exemplo, no caso da heresia ter vindo acompanhada de um cisma, ou seja, quando o herege, desprezando o juízo da Igreja, continuava, mesmo depois de excomungado, a propagar os seus erros. Entretanto, mesmo neste caso, cabia sempre ao príncipe, decretar artigo de morte ao cismático:
"Assim também a Igreja, quando se trata de pessoas que a excomunhão não reprime suficientemente, utiliza a coerção do braço secular. Se, porém, uma só pena é suficiente, não se deve utilizar outra.[23]
"Preste atenção não em quem diz, mas no que de bom se diga e guarde na memória."
Se a meta principal de um capitão fosse preservar seu barco, ele o conservaria no porto para sempre."
O acto mais específico da fortaleza, mais do que atacar, é aguentar, isto é, manter-se imóvel em face do perigo.
- Marsílio de Pádua (1280-1343)- proposta de Estado Laico I independente representação = povol poder x superioridade do poder do PAPA.
 	Pensador medieval, jurisconsulto e político italiano nascido em Pádua, conhecido como precursor da Reforma e da democracia moderna, propôs uma concepção de Estado e de Governo que se distanciava do lugar comum da reflexão política medieval ao insistir na necessidade do consentimento dos súditos como critério de legitimidade política. Filho de Bonmatteo, notário da Universidade de Pádua, teve formação em Direito, Filosofia e Medicina, em Pádua, e ensinou na Universidade de Paris (1312-1314), quando aderiu ao partido dos gibelinos, que, em nome dos imperadores alemães, combatiam o poder temporal dos papas. 
Defendia que a única realidade política é o Estado que chamava de Regnum, baseado na soberania do povo, e que o clero teria de se subordinar às leis e normas ditadas pelos leigos. 
 	Essa doutrina que foi citada por reformadores como Lutero e Calvino e pelos defensores da Igreja Anglicana. Escreveu de sua obra principal Defensor pacis (1324), um tratado sobre teoria política determinante para a moderna idéia de estado, traduzido como O Defensor da Paz. Nela, discutiu os principais conflitos de sua época e tentou assegurar a supremacia de poder do imperador, ameaçada naquele momento, ao menos no plano teórico, pelo papado que pretendia que o império proviesse do papa e arrogava-se o direito de designar, controlar e julgar o imperador. 
 	Para fazer tal análise, afirmou que se serviria de métodos corretos elaborados pela razão e apoiados em proposições bem estabelecidas e evidentes por si mesmas. Alternativas são encontradas por Marsílio para constituir poder civil laico. 
 	Declarado herético (1326), foi excomungado pelo papa João XXII em virtude das teses defendidas no Defensor da Paz, teve de fugir de Paris e refugiou-se na corte do Imperador Luís IV o Bávaro, a quem continuou servindo como conselheiro político. Dois anos depois, acompanhou o imperador a Roma (1328) e foi nomeado vigário imperial da cidade. Ainda era conselheiro político de Luís IV quando morreu em Munique. Além de Defensor pacis, foi autor de outros trabalhos como Defensor Menor, De Translatione Imperii e Sobre a jurisdição do Imperador em questões matrimoniais.

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