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Adaptação à vida planctônica

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ADAPTAÇÕES À VIDA PLANCTÔNICA (texto para estudo de Biologia Marinha, Profa. Eduarda)
1 – INTRODUÇÃO
2 – FLUTUABILIDADE
		2.1 – Aumento da superfície de sustentação
			2.1.1. Redução das dimensões
			2.1.2. Forma
			2.1.3. Formação de colônias
			2.1.4. Presença de prolongamentos e ornamentações
		2.2 – Diminuição de densidade
		2.3. – Movimentos natatórios
3 – PROTEÇÃO CONTRA OS INIMIGOS
		3.1. – Espinhos
		3.2. – Homocromia e transparência
4 – FOSFORÊNCIAE BIOLUMINESCÊNCIA
5 – ADAPTAÇÕES COM RELAÇÃO À SEXUALIDADE
6 – ADAPTAÇÕES AOS MOVIMENTOS DAS ÁGUAS
7 – ADAPTAÇÕES ÀS CONDIÇÕES DESFAVORÁVEIS	
1 – INTRODUÇÃO :
			Cada tipo especial de ambiente no qual vivem organismos, têm no sentido evolutivo chamado para adaptações especiais, através das quais, estes organismos são mais capazes de sobreviverem aos problemas de seu habitat.
			Planctontes suspensos na água, à vontade das correntes e dos movimentos das águas, e não encontrando lugares no qual eles possam esconder-se têm encontrado vários problemas de difícil solução durante o seu desenvolvimento evolutivo.
			Entre estes problemas encontramos em primeiro lugar o da flutuabilidade, isto é, sua manutenção nas águas. Este problema é de importância fisiológica vital, pois os organismos que o compõem principalmente os vegetais clorofilados, devem se manter na zona eufótica. Outro problema é o da proteção contra os inimigos, pois a fim de se ajudar a manter a posição flutuante na água, a maioria dos seres planctônicos durante o seu desenvolvimento evolutivo sacrificam suas conchas pesadas e protetoras e assim tornaram-se mais vulneráveis aos herbívoros e predadores. Um terceiro problema seria as adaptações às condições desfavoráveis, aos movimentos da água e por fim adaptações à sexualidade, isto é, uma maior ocorrência de machos ou de fêmeas.
2 – FLUTUABILIDADE
			O problema mais importante que os organismos planctontes têm encontrado, e que é necessário resolver, é o simples problema da flutuação. A flutuabilidade é de importância capital, tanto para o fitoplancton que deve se manter acima da profundidade de compensação como para o zooplâncton, que procuram constantemente as camadas de água, onde eles têm o máximo de chances de encontrar alimento, o mais abundante e de escapar aos predadores, sem gastar muita energia para assegurar sua sustentação.
			Sabe-se que o citoplasma nos organismos planctônicos tem uma densidade que varia de 1,02 a 1,06, sendo assim, mais pesados que a água do mar. Além do peso citoplasmático há a presença eventual de um esqueleto, interno ou externo, cujo peso é variável. Estes organismos deveriam normalmente afundar nas águas, se eles não possuíssem adaptações especiais que lhes permitam resistir a essa tendência normal. A existência no ambiente marinho dos diversos movimentos, tais como: turbulência, circulação das águas, águas mais densas, etc., podem evidentemente ajudar estes organismos a resolver o problema da sustentação. O problema da sustentação é, sobretudo físico, isto é, a tendência ao afundamento será diminuída se o peso específico do organismo for menor do que o do ambiente marinho. Por outro lado, pode-se diminuir a sua tendência ao afundamento, aumentando a fricção de seus corpos, assim que haja uma tendência a afundar.
2.1 – Aumento da superfície de sustentação
			O aumento da superfície de sustentação entre os organismos do plâncton, em geral, constitui um processo adaptativo, correntemente realizado, porém de diversas maneiras.
			2.1.1 – Pela redução das dimensões
			É um fato geral que o aumento da fricção é obtida pela redução das dimensões. Os organismos planctônicos, principalmente o fitoplâncton são bastante reduzidos. Pode-se dizer que os planctontes são muito menores que as formas bênticas sistematicamente relacionadas. O nanoplâncton e o microplâncton constituem a fração planctônica, de longe a mais importante do ponto de vista quantitativo.
			As dimensões reduzidas contribuem a aumentar o produto superfície/volume dos organismos, isto quer dizer que o peso comparativamente maior. O aumento da superfície é portanto útil aos organismos planctônicos, tanto pelo anteriormente mencionado, como também no caso especial do fitoplâncton que aumenta a superfície pela qual se faz a absorção dos sais minerais dissolvidos no meio.
			Consideremos um organismo planctônico, hipoteticamente, de forma simples, como por exemplo: 1 cubo com 1 cm de lado, seu volume sendo 1 cm3, suponhamos seu peso igual a 1,2 gr, para uma superfície que será de 6 cm2, o produto superfície/volume = 6/1; o produto superfície/peso= 6/1,2. Imaginemos agora oito outros organismos de forma cúbica; tendo um citoplasma de mesma densidade que o anterior, porém cujas dimensões sejam exatamente a metade do caso anterior, então o lado de cada cubo será 0,5 cm. O volume e os pesos do conjunto dos oito organismos idêntico ao volume e ao peso do primeiro exemplo, porém a superfície de volume será aumentada em 12 cm2 (0,5 x 0,5 x 6 x 8) e dará o seguinte produto superfície/volume=12/1 e superfície/volume=12, assim para os organismos planctontes hipoteticamente considerados, o aumento da superfície das formas menores, será maior à resistência de afundamento, para o jogo das forças de fricção que serão duas vezes maior por unidade de peso, do que no primeiro caso. 
		 A importância do tamanho pequeno nos surpreenderá se lembrarmos que o nanoplâncton é muito importante e consiste de organismos cujas dimensões são menores do que 0,6mm. A maré vermelha destrutiva, da costa da /Flórida em 1946/47 foi causada por uma espécie de Gymnodinium (dinoflagelados) que media somente cerca de 0,03 mm x 0,12 mm, porém ele ocorreu em número bastante elevado, com cerca de 60.000.000 de organismos por litro. Esta espécie manteve sua posição no plâncton, entre outros métodos, por seu diminuto tamanho.
			GARDINER (1933), estudo a rapidez do afundamento de indivíduos de copépodos anestesiados, da espécie Calanus finmarchicus em função de seu comprimento médio, dentro de uma coluna d´água de 25 cm de altura, salinidade = 35,-10/00 e temperatura = 18,50C. A tabela abaixo menciona os resultados:
Cumprimento médio				 Duração média do afundamento
2,1 mm								 181,3 segundos
	3 mm									 74,3 segundos
4 mm									 31,0 segundos
			Assim, as formas menores têm mais vantagens e por conseqüente, para as formas comparativamente maiores do zooplâncton, o problema da sustentação é proporcionalmente mais importante.
			2.1.2 – Pela forma
			Além da redução do tamanho, se junta aos organismos planctontes, a existência de formas particularmente bem adaptadas à flutuação e à resistência ao afundamento. Pode-se citar, por exemplo, a forma “agulha” ou “chaetoplâncton”, que retarda o afundamento quando é mantida na posição horizontal. Exemplos desta forma são as diatomáceas Rhizosolenia, Thalassiotrix longíssima, Nitzschia seriata, os dinoflagelados como Ceratium fusus, o copépodo Aegistus sp com sua seta furcal enormemente desenvolvida; foraminíferos e radiolários. Existem igualmente as formas “discóides” ou “discoplâncton” que retardam o afundamento quando em posição horizontal, realizando assim, uma queda como a de uma folha morta. Podemos citar como exemplo, a diatomácea Planktoniella sol e o dinoflagelado Ceratium gravidum. A forma “placa delgada” também encontrada entre os planctontes, entre eles a diatomácea Biddulphia regia e o gastrópodo Thetys sp. Podemos também encontrar a forma “caixa achatada”, nas diatomáceas Coscinodiscus spp e a forma “pára-quedas” como a das medusas em geral. A forma achatada do corpo também contribui para aumentar a resistência ao afundamento nas espécies meroplanctônicas, como é o caso das larvas cyphonautas de certos briozoários. Entre ospterópodos o pé é quase transformado em 2 lâminas chamadas parapódios, muscolosos e achatados, que batem como asas e que constituem uma adaptação morfológica à vida planctônica. O alongamento de um eixo do corpo resulta em formas ovais alongadas ou “rhabdoplâncton”. Exemplos são os Chaetognata, Ostracoda, o copépodo Macrosetella sp. e o Amphipoda Xihocephalus (Rhabdosoma). Existem também as formas como balões ou esferas que constituem o “Physoplâncton”, por exemplo: certos ctenóforos como Pleurobranchia e o Beroe (tem forma de sino), e também algumas medusas.
			2.1.3 - Pela formação de colônias
			A associação de indivíduos em cadeias ou em colônias constitui uma maneira de aumentar as forças de fricção, principalmente no caso de colônias alongadas. Assim, observam-se as formas de indivíduos achatados, mais ou menos largos e colocados lado a lado em uma só camada, como por exemplo a diatomácea Eucampia zoodiacus e as salpas; as formas espiraladas das diatomáceas Chaetoceros debilis e Rhizosolenia stolterfothii (Guinardia stolterfothii), as cadeias “contorcidas” como cianobactéria Anabaena spiroides.
			2.1.4 – Presença de prolongamentos ou ornamentações
			No fitoplâncton, numerosas diatomáceas, que sejam encontradas isoladas ou em colônias, possuem uma ornamentação que a envolve (carapaça) e que aparece sob a forma de prolongamentos afilados, espinhos ou saliências. Esta ornamentação de uma maneira geral, aumenta a superfície de apoio do organismo, sem que ele tenha por isto, uma elevação de volume ou de peso. É entre os dinoflagelados que ocorrem prolongamentos importantes na superfície do corpo, como no caso de Ceratium cujas espécies tropicais caracterizam-se pela dimensão de suas pontas. Entre os Ornithocercus a presença de um verdadeiro “pára-quedas” complementado por um desvio, faz com que se mantenha na posição vertical. Entre certos organismos, para os quais a posição horizontal se constitui a melhor, para resistir ao afundamento, os prolongamentos em forma de espinhos desempenham uma verdadeira função de equilíbrio para manter ou voltar à posição horizontal, entre os numerosos exemplos podemos citar a diatomácea Nitzchia seriata e as diatomáceas do gênero Ditylum.
			Um processo um pouco particular que está sempre ligado às variações adaptativas da estrutura, é representada pelo equilíbrio do conjunto dos indivíduos e seus prolongamentos. Entre as formas em forma de “agulha”, para que elas mantenham a posição horizontal, é necessário existir o equilíbrio rigoroso de maneira que esta posição seja normal, por exemplo, Rhizosolenia. Para os dinoflagelados existem prolongamentos assimétricos, que desempenham um papel importante no equilíbrio do organismo, de fato, desde que estes dinoflagelados parem de se movimentar, eles começam a afundar. Os prolongamentos assimétricos os fazem balançar e os orientam automaticamente à horizontal. Nos organismos zooplanctônicos, o aumento das antenas, dos apêndices e a multiplicação do número de cerdas, são adaptações que ajudam à resistência ao afundamento. Nos copépodos Egistus sp. existe um grande desenvolvimento nas antenas, enquanto o copépodo Oithona tem cerdas caudais, e o copépodo Calanus pavo possui numerosas caudas plumosas. Entre os Acantários o gênero Acanthometra apresenta um caso interessante: as espículas assimétricas que partem radialmente da cápsula central são providas de filamentos gelatinosos do protoplasma extracapsular. Quando o mionema se contrai, o protoplasma gelatinoso se estende amplamente, até que por descontração, o protoplasma extracapsular reduz sua superfície. Por esta contração e descontração do mionema, o organismo pode reportar o seu peso por uma superfície de sustentação mais ou menos importante.
				A presença de flutuadores constitui uma modificação morfológica que ajuda a manter-se na superfície. Certos sifonóforos possuem um flutuador cheio de gás, chamado pneumatóforo, que através da modificação da pressão gasosa, unindo as contrações do estolão, e às pulsações do sino natatório, podem realizar deslocamentos verticais. As Physalia e Velella possuem uma parte do corpo ultrapassando a superfície, o que torna estes animais submissos a ação dos ventos. O prosobranchio Janthina, dotado de uma concha frágil e leve, embora de tamanho grande, é perfeitamente adaptado a vida pelágica, graças a presença de um flutuador mucoso, largamente estendido.
				2.2. Diminuição da Densidade
				Não somente a forma externa do organismo, mas também outras estruturas, podem estar envolvidas para ajudar na flutuação. A diminuição do peso específico pode se manifestar, sobretudo, pela ausência de formações calcificadas ou redução de substâncias do esqueleto. Assim, as diatomáceas planctônicas, têm frústulas delicadas e delgadas, enquanto que, as que vivem no fundo são geralmente caracterizadas pela presença de paredes bastante silicosas. Sabe-se que as diatomáceas, se adaptadas ao ambiente, conseguem realizar modificações na estrutura associada com viscosidade. A viscosidade é afetada pela temperatura e salinidade. A carapaça dos crustáceos é consideravelmente reduzida comparando-se com as formas bênticas relacionadas, como é o caso da decapoda Lucifer; não somente no que concerne aos sais de cálcio, como também do ponto de vista da própria quitina. As conchas das larvas planctônicas véliger de gastrópodos e bivalvos, são também bastante delicadas. Entre os Thecosomos (Mollusca, Pteropoda), a concha calcária, se estiver presente, é delicada e pode se reduzir a uma pseudoconcha de consistência gelatinosa. Entre os Gymnosomos (Mollusca, Pteropoda), a concha calcária ou pseudoconcha desaparece totalmente. Nos pteropodos e heterópodos planctônicos a concha é bem delicada e frágil. O peso específico pode também ser diminuído pela presença de lipídeos ou gotas de óleo quente que tem papel no que diz respeito a substâncias de reserva. O fitoplâncton de uma forma especial se caracteriza por possuir estas gotas de óleo. Entretanto, o teor de gordura varia consideravelmente, dependendo das condições nutricionais ou da qualidade de assimilação, porém muitas vezes não existe qualquer mudança que seja demonstrada na habilidade de permanecer flutuando.
				Os organismos podem se tornar menos densos através de um alto grau de vacuolização do protoplasma. Neste caso o protoplasma atual do animal não aumenta em peso, porém é espalhado um por volume maior por muitos vacúolos contendo água ou é diluído pela presença extra de água interna. É o caso da Noctiluca e Pyrocystis.
				Desde que o organismo é isotônico em relação à água ao redor dele, a redução da gravidade específica pode ser obtida através das trocas de íons pesados por íons mais leves. KROGER (1939) apóia a idéia de GOETHARD e HEINSTUS sobre o conteúdo dos vacúolos gasosos e consideravam que o único sal que poderia ser mais leve que a água do mar, seria o sal de amônia, provavelmente em forma de cloreto de amônia (NH4C1). GOSS (1934) sugeriu que a albumina da célula fortemente ácida, pH mais ou menos 3, e ele pensou que a acidez era a causa da baixa gravidade específica. Em Noctiluca e Crachidae existe uma alta concentração de íons de amônia. A Physalia e outros desenvolvem bexigas flutuadoras (pneumatóforos) como um meio de diminuir a densidade. Entre as algas bentônicas, há numerosas de coloração marrom que são providas de flutuadores com ar, porém a única considerada pelágica é o Sargassum que pode tanto ocorrer aderido ao fundo, como flutuando na superfície. Organismos que flutuam através de gases são caracterizados por uma capacidade de expeli-los e depois refazê-los. Um típico flutuador por gás, é o sifonóforo Stephanomia, no qual existe uma bexiga de gás. Quando esta bexiga está vazia, o animal afunda. Os sifonóforos Physalia, Velella e Porpita possuem pneumatóforos, particularmente no caso de Physalia, e que é uma simples câmara de ar, o qual o gás pode ser expelido pela concentração das paredes.
				Alguns planctontes diminuema densidade específica simplesmente através de um alto conteúdo de água, que pode ser até 96,9% do peso total do organismo. Tecidos gelatinosos com alto conteúdo de água são encontrados nas medusas, sifonóforos, ctenóforos, nemertíneos, alguns copépodos, pterópodos e larvas de peixes. Atenção tem sido dada a estas formas, pois esta inclusão de água é importante para a flutuação, pois ela reduz a gravidade específica de um dado volume. Um mecanismo delicadíssimo e pouco conhecido é encontrado em alguns seres pelágicos, em que a composição dos sais minerais, é diferente da existente na água do mar. A proporção de sulfato de magnésio é menor, e a de cloretos e potássio maior em comparação com a água do mar. Maiores estudos sobre diatomáceas e medusas, principais organismos, ainda estão sendo realizados.
				A importância do conteúdo da água pode ser ilustrada através da anêmona-do-mar bentônica Tealia felina que quando as condições locais se tornam desfavoráveis, ela se enche com água, tomando a aparência de um balão, então com um pequeno movimento da água, à suficiente para elevá-la e mudar o local.
				Todos estes tipos de adaptações à flutuabilidade pela diminuição do peso específico, servem simplesmente para retardar o afundamento, nenhum deles porém, é capaz de prevenir o afundamento. Os movimentos da água podem levar também organismos de uma camada à outra, tanto para cima, como para baixo.
				2.3 – Movimentos natatórios
				Os movimentos nos organismos planctônicos têm um papel importante não só na prevenção ao fundamento, como também na obtenção de alimentos, e encontrar o parceiro através de migrações verticais e horizontais.
				O movimento por flagelados e cílios somente ocorre em formas pequenas, devido ao baixo grau de eficiência. Este método ocorre entre os flagelados, ciliados, rotíferos, numerosas larvas planctônicas e vermes, moluscos, briozoários e equinoderma.
				A fusão dos cílios em fileiras, com batimentos coordenados proporcionou um maior grau de eficiência aos ctenóforos. Copépodos fazem movimento de impulso, através de pancadas da primeira antena. O mesmo se aplica aos parapódios de alguns anelídeos poliquetas, tais como: Tomopteris e Lopadorhynchus.
				Nos Taliacea (salpas e dolíolos) os movimentos são feitos através das contrações das faixas musculares que expele água pela abertura atrial com a abertura das brânquias para frente. As apendiculárias possuem uma estrutura que previne o fluxo de retorno da água jogada na “casa” pelos movimentos ondulatórios do animal. Crustáceos com longas caudas podem mover para trás através de uma forte batida da mesma.
				Alguns animais freiam a descida utilizando ao máximo seus apêndices natatórios, como por exemplo: os copépodos colocam suas antenas em cruz em relação ao eixo do corpo. Em alguns dinoflagelados existe um dispositivo particularmente elegante, a carapaça possui espinhos cuja geometria está calculada de tal forma que, quando os flagelados cessam de mover, o corpo embarca e os espinhos ficam colocados horizontalmente, o que assegura o máximo de fricção.
 
		
3 – PROTEÇÃO CONTRA OS INIMIGOS
				3.1 – Por espinhos
				A fim de ajudar a manter a posição flutuante na água, a maioria dos seres planctônicos, durante o seu desenvolvimento evolutivo, sacrificaram suas conchas pesadas e protetoras, e assim tornaram-se mais vulneráveis aos herbívoros e predadores. Além disso, não existe um esconderijo no plâncton. Sob estas circunstâncias, certas espécies têm desenvolvido suas proteções de duas maneiras: os espinhos que servem tão admiravelmente para flutuar servem também como proteção aos animais que queiram devorá-los. Copépodos, por exemplo, parecem devorar diatomáceas não espinhosas em preferência às espinhosas. Alguns zooplanctontes, como muitas larvas de anelídeos poliquetas desenvolvem espinhos protetores especiais.
				3.2 – Transparência e homocromia
				Um segundo tipo de proteção mais característica, tem sido desenvolvida entre os zooplanctontes, onde eles se tornam extremamente transparentes. Este tipo de esconderijo, não é só encontrado entre tais presas, como o copépodo Copilia e o decápodo Lucifer, mas também entre os predadores, tais como chaetagnata (também conhecidos como “vermes de vidro”, anfípodos, apendiculárias, salpas, larvas de peixes). A transparência se torna mais efetiva quando observada contra a luz, porém pode ser visualmente sem efeito, quando visto de certos ângulos. Uma espécie iluminada vista em campo escuro, aparece claramente. Esta proteção é relativa e pode raramente ser de importância para animais vivendo em grandes profundidades.
				Outros animais vivendo próximo à superfície têm desenvolvido tons azulados, e isto é uma proteção contra os predadores nas águas azuis superficiais. Um exemplo de tais animais
 é o copépodo nerítico comum na Flórida Acartia spinata, as Velella, Porpita e Physalia. Todas estas formas são azuis na superfície superior e branca-prateada às vezes pálida, na inferior. A parte azulada pode ser vista como uma camuflagem pois quando vistas de cima, diferem pouco da água azul, azul-cinza. O pálido ou branco-prateado da parte inferior quando visto de baixo, aparecerá mais ou menos como uma silhueta.
				Entretanto, transparência e coloração protetora como um substituto de esconderijos adequados no ambiente planctônico, é necessário somente nas zonas eufóticas e oligofóticas. Nas zonas afóticas, não existindo luz do sol, os animais não podem ser vistos. Nas camadas mais profundas muitos animais planctônicos, como acontece em muitas formas nectônicas e bentônicas, são bem vermelhos ou escuros. Não se deve pensar, entretanto, que todos os zooplanctontes nas zonas eufóticas e oligofóticas são transparentes ou azulados. Muitos são bem coloridos, e conseqüentemente visíveis. O copépodo Metis, por exemplo, é de um vermelho forte, embora seja uma forma encontrada na superfície. O macho de Saphirina possui um conjunto de áreas cristalinas brilhantes na superfície dorsal do corpo. Tais animais são protegidos de seus inimigos por outros métodos, ou eles compensam sua alta mortalidade por uma alta fecundidade.
4 – BIOLUMINOSIDADE E FOSFORECÊNCIA
				A luminosidade de certas áreas do mar é um fenômeno do conhecido há muito tempo. Esta bioluminescência pode vir de diversas fontes:
Certas bactérias são fotógenas (por exemplo, sobre peixes mortos);
Órgãos luminosos de certos organismos resultam de uma localização de bactérias fotógenas simbióticas que constituem os fósforos;
Dinoflagelados (Ceratium, Peridinium, Noctiluca) cuja atividade luminosa é de longe excitada por movimentos da água, e de maneira geral, pelas excitações químicas, físicas e mecânicas (remos de hélices de navios, etc).
Foi provado ultimamente que o fenômeno por dinoflagelados com um ritmo nictimeral, com o máximo de 0 h e o mínimo à 12h. A região destes organismos que realiza a produção de luz é constituída de células glandulares.
Os fósforos são estruturas mais ou menos complexas. Entre os eufasiáceos Meganyctiphanes norvegica, os fósforos se acham nas articulações sobre o pereiópodo do 2º e 7º pares de patas torácicas, sobre o meio dos 4 primeiros segmentos do “pleo” e no número de dois no pedúnculo ocular. Em outros organismos, o fósforo pode ser constituído de filtros coloridos, ao passo que outros possuem uma difragma de células pigmentadas, cuja abertura pode ser modificada.
				Considera-se em geral que a bioluminescência se realiza por um processo de oxidação; uma substância chamada luciferina, em contacto como o oxigênio, fornecerá oxiluciferina e água. Este é um processo de deshidrogenização reversível. Pensa-se que a luciferina é uma proteína elaborada por uma substância celular fora das células. Não se conhece a utilidade exata da bioluminescência nos organismos. Várias hipóteses foram levantadas: papel de defesa, atração para certas presas, sinal de reconhecimento entre indivíduos de mesmaespécie, porém todas estas necessitam de provas.
5 – COM RELAÇÃO À SEXUALIDADE
				Uma adaptação considerável é a dos processos sexuais próprios a animais planctônicos, de áreas mais profundas, principalmente entre os copépodos Calanoida (MEDKOV, 1961). Parece que à medida que a profundidade aumenta, o “sex-ratio” diminui. Por exemplo, no plâncton das fossas da Kourileskamtschatka, as espécies epipelágicas Acartia tumida e Centropages macmurrichi possuem um número igual de machos e fêmeas, porém para as formas batipelágicas Candacia sp. e Peronchaeta japonica as percentagens dos machos caem respectivamente a 234 e 128. As origens nestas diferenças do “sex-ratio” não parece ter sido pesquisada em relação à temperatura, ainda que BOGOROU tenha assinado fenômenos análogos, nos mares dos pólos. Por exemplo, para Pseudocalanus elongatus, o “sex-ratio” é ¼ no mar do norte e 1/32 no mar Branco. Ele concluiu que entre o Amphipoda Gammarus duelveni que as baixas temperaturas tendem a aumentar o número de machos. MEDINIKOV pensa que o fator determinante é o nível trófico, pois se ocorria um empobrecimento na alimentação disponível, aumentava o tamanho das fêmeas, cuja fecundidade estando a favorecer, dentro da concorrência interespecífica, as espécies que são adotadas. A raridade dos machos postula sem dúvida, para a aproximação dos sexos, a existência de mecanismo de percepção de ordem química ou luminosa.
				
6 – ADAPTAÇÕES AOS MOVIMENTOS DAS ÁGUAS
				Além de terem que achar meios especiais de flutuação para manter a vida planctônica, e meios especiais de proteção mecânica ou de transparência no ambiente que não oferece esconderijos, planctontes estão mais ou menos à mercê de qualquer movimento d´água que se aproxime.
				Várias são as correntes circulares, tanto no hemisfério Norte (no sentido horário), como no hemisfério sul (no sentido anti-horário). Tais correntes irão com certeza influenciar, devido à sua constância na vida “errante” do mar. Um planctonte do Atlântico tropical pode ser levado para regiões bem ao Norte do Atlântico, onde as condições climáticas são bem diferentes. Se os descendentes vivessem o suficientemente longo, provavelmente seriam levados para o oceano Ártico. Planctontes estritamente tropicais iriam parecer logo em tais condições variáveis, porém, outros, tais como: o Copépodo Calanoida Paracalanus parvus, que tem larga distribuição no mundo, poderia, sem dúvida conviver em uma larga extensão, com as condições mudadas. É interessante notar que larvas de alguns peixes de água doce levam longa vida planctônica marinha e vão até regiões bem longe de seu habitat original, sendo levadas pelas correntes até atingir o estágio post-larva, quando voltam ao habitat. Isto ocorre especialmente com a larva Leptocephalus (Anguilla).
	7 – ADAPTAÇÕES ÀS CONDIÇÕES DESFAVORÁVEIS
			Muitos planctontes, em águas neríticas do mar têm desenvolvido adaptações especiais às condições abióticas desfavoráveis. Diatomáceas neríticas se caracterizam pela formação de esporos de resistência. As diatomáceas oceânicas por sua vez, não possuem esta característica, por apresentar esta província do oceano, condições mais uniformes. Algumas diatomáceas em áreas rasas de província nerítica podem mesmo afundar, e chegando ao fundo são consideradas bentônicas, assim se considera às vezes que diatomáceas neríticas podem ser consideradas meroplanctônicas. Logo que as condições desfavoráveis desaparecem, os esporos de resistência (de descanso) germinam, surgindo um novo grupo. O mesmo pode ser observado com rotíferos, que formam ovos de resistência. Em algumas espécies de dinoflagelados observa-se o comportamento de formação de quistos (ou cistos) de resistência. Isto acontece face às mudanças ambientais. Na costa da França, por exemplo, observa-se uma maior formação de quistos de resistência no inverno, devido às baixas temperaturas. Na primavera eles germinam, dando formas móveis, que dependendo das condições abióticas do meio proliferam em quantidade importante, ocasionando o fenômeno das águas coloridas (Maré vermelha).

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