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Slide- Desistência Eficaz(Penal I 2015.2)

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Desistência voluntária (tentativa abandonada) e Arrependimento Eficaz: causas que conduzem à atipicidade do fato 
Arrependimento posterior: causa geral de diminuição de pena
Professora Dra. Adriana Geisler
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“Causas que conduzem à atipicidade do fato” (Damásio e Greco): o legislador retira a possibilidade de ampliar o tipo penal com a norma de extensão relativa à tentativa (art. 14,II) 
 Ou tentativa, ou causa de atipicidade do fato = agente responde pelos atos já praticados.
CP, Art. 15: O agente que voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
Política criminal: É preferível tentar impedir o resultado mais grave a simplesmente radicalizar na aplicação da pena. 
1ª parte do artigo (em vermelho): “voluntariamente, desiste de prosseguir na execução”  desistência voluntária – Requisitos:
a) na execução: que o agente já tenha ingressado nos atos de execução; ≠ / se não, indiferente penal.
b) voluntariamente, desiste de prosseguir: 
b.1 - desiste de prosseguir  sem esgotar todos os meios que tinha a disposição para consumar o crime: “posso prosseguir, mas não quero”.
≠ se a consumação não ocorrer por circunstâncias alheias à vontade do agente (p. ex.: o agente é interrompido ou esgota tudo o que tinha ao seu alcance para chegar à consumação)  tentativa: “quero prosseguir, mas não posso”.
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b.2 – voluntariamente: 
- Voluntariamente ≠ espontaneamente: a desistência deve ser voluntária, mas não necessariamente precisa ser espontânea e nem depende de um impulso moral positivo. Ou seja, não importa se o agente foi induzido ou motivado por uma ponderação egoísta, mas sim se ele permanece dono de suas decisões (voluntariedade). 
Ex1.: “A” efetua um disparo contra “B”, desejando causar-lhe a morte. Esse disparo, no entanto, não é suficiente para causar a morte de “B”, que, caído, suplica por sua vida. Sensibilizado, “A” não efetua os disparos mortais. 
 Desistência voluntária, embora não tenha sido espontânea. Sem esgotar todos os meios que tinha a disposição para consumar o crime, “A” interrompe a execução e desiste de prosseguir (“posso prosseguir, mas não quero”). 
 “A” responderá apenas pela lesões causadas em “B”. Ou seja, com a desistência voluntária o agente recebe o benefício legal de ser punido apenas pelas infrações penais antes consideradas delito-meio para a consumação do delito-fim. 
Agora, observe: 
Ex 2.: “A” efetua um disparo contra “B”, desejando causar-lhe a morte. Esse disparo, no entanto, não é, inicialmente, suficiente para causar a morte de “B”, que, caído, suplica por sua vida. Sensibilizado, “A” não efetua os disparos mortais. A vítima, no entanto, vem a falecer, posteriormente.
 homicídio.
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 Ex. 3.: Logo depois de anunciar um assalto, “A” escuta o barulho de uma sirene e, imaginando que será preso, coloca-se em fuga, sem sucesso. 
 Tentativa de roubo; “Quero prosseguir, mas não posso”.
Ex. 4.: “A”, possuindo um único projétil em sua arma de fogo, efetua disparo contra “B”. Embora com dolo de matar, “A” atinge “B” em região não letal. 
 Tentativa de homicídio, pois o agente esgotou os meios que tinha a disposição para consumar o crime, isto é, esgotou seus atos de execução. Portanto, o agente não poderá alegar desistência voluntária - e, por conseguinte, responder somente pelas lesões já praticadas.
- 2ª parte do artigo (em azul): (O agente que) “impede que o resultado se produza”  Arrependimento Eficaz - Requisitos:
Depois de esgotar todos os meios de que dispunha para chegar a consumação do delito, o agente atua em sentido contrário, evitando a produção do resultado pretendido inicialmente. 
≠ se o agente não conseguir evitar que o resultado se produza, vindo este a ocorrer  não haverá benefício.
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Ex.: Depois de esgotados todos os atos de execução que entendia suficientes para a produção do resultado, “A” se arrepende e conduz a vítima a um hospital, tentando evitar o resultado morte.
 A vítima é socorrida à tempo e não falece: arrependimento eficaz.
A vítima vem a falecer, e apesar do arrependimento do agente, este arrependimento não foi eficaz. 
Diferença entre desistência voluntária e arrependimento eficaz: 
 Desistência voluntária  “na execução”: o processo de execução do crime ainda está em curso.
 Arrependimento eficaz: a execução já foi encerrada.
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Arrependimento posterior
	CP, art. 16: Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
Política criminal: atender mais a necessidade da vítima, amenizando as consequências da infração penal; “estímulo à reparação do dano” (item 15 da Exposição de Motivos da nova Parte Geral do Código Penal) 
II. Natureza jurídica: causa geral (- parte geral do CP) de diminuição de pena  “minorante”.
III. Condições:
a) Ato voluntário do agente 
≠ espontâneo: o agente pode ser convencido por terceira pessoa ou, ainda, ter sido descoberto pela autoridade policial. Ex.: crime de furto - devolução/ ressarcimento da res furtiva, antes do início da ação penal / recebimento da denúncia (≠ a coisa subtraída não é voluntariamente entregue, mas descoberta e apreendida pela autoridade policial)
≠ ato pessoal (doutrina / entendimento não pacífico) = entrega por terceiros
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b) Reparação ou restituição total da coisa, não se cogitando do conformismo ou satisfação da vítima quanto à recuperação parcial dos bens que lhe foram subtraídos.
c) Infração penal cujo tipo não preveja como seus elementos a violência ou grave ameaça (contra a pessoa);
Ex.: furto (mesmo o qualificado pela destruição ou rompimento do obstáculo – art. 155, § 4º. I); dano (CP, art. 163)  quando a violência empregada for contra a coisa que se quer destruir, não contra a pessoa.
 
≠ Arrependimento posterior e crime culposo: “Política criminal” (Rogério Grecco) (vide item 15 da exposição de motivos da nova Parte Geral do CP) - diante dos delitos de natureza culposa - a exemplo do que ocorre com as lesões corporais – pode ser permitida a aplicação da causa geral de redução de pena, mesmo nos crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa.
Ex.: “A”, deixando de observar o seu devido dever de cuidado, permite que um pesado objeto caia nos pés de “B”, produzindo-lhe lesões corporais. “A” se empenha no sentido de reparar os danos, isto é, as consequências das lesões corporais – experimentados pela vítima. 
 
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c) Quanto ao momento para reparação do dano ou restituição da coisa: 
	1. ainda na fase extrajudicial (investigação policial em curso); 
	2. mesmo depois de encerrado o inquérito policial – até o recebimento da denúncia (≠ oferecimento da denúncia), desde que reparado o dano ou restituída a coisa.
≠ Reparação do dano após o recebimento da denúncia: se a reparação do dano ou restituição da coisa é feita antes do julgamento, mas depois do recebimento da denúncia ou da queixa, embora não se possa falar na aplicação da causa de redução de pena prevista no art. 16 do Código Penal, ao agente será aplicada a circunstância atenuante elencada na alínea b do inciso III do art. 65 do diploma repressivo. 
≠ Reparação do dano na lei 9.099/95
• Crimes de competência do Juizado Especial Criminal: a composição dos danos entre o autor do fato e a vítima, realizada na audiência preliminar (art. 72 da Lei nº 9099/95)  renúncia, por parte da vítima, ao seu direito de queixa ou representação  extinção de punibilidade art. 107, V, do CP).
• A lei 9099/95 não faz distinção, ainda, se a infração penal foi ou não cometida com o emprego de violência ou grave ameaça. 
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IV. Extensão da redução aos co-autores: se um dos agentes levar a efeito a restituição total da coisa, a redução pode ser estendida também ao coautor.
V. Cooperação dolosamente distinta e arrependimento posterior: CP, art. 29, § 2º.
	 § 2 Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada 	a pena deste; esta pena será aumentada até a metade, na hipótese de ter sido previsível o 	resultado mais grave. (ver exemplo no 	caderno) 
VI. O arrependimento eficaz e a súmula 554 do STF
	Súmula n•. 554: O pagamento de cheque emitido sem suficiente provisão de fundos, 	após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.
Diz respeito apenas aos cheques emitidos sem suficientes provisão de fundos ≠ cheques falsamente preenchidos por estelionatários (= não praticam a infração penal do artigo 171, § 2•, IV, do CP, mas sim a do caput do mesmo artigo). Nessa hipótese, pode o agente beneficiar-se com a redução relativa ao arrependimento posterior. 
2. Terá aplicação a Súmula n•. 554 do STF diante do instituto do arrependimento posterior (art. 16, do CP), tendo a referida súmula sido publicada anteriormente à vigência da nova Parte Geral do Código Penal?
	 Sim. Decisão do STF: O advento do art. 16 da nova Parte Geral do Código Penal não é 
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incompatível com a aplicação da Súmula 554. = não será possível o início da ação penal se o agente efetuar o pagamento relativo ao cheque por ele emitido sem suficiente provisão de fundos até o recebimento da denúncia. (...) Não houve fraude no pagamento por meio de cheque, não configurando, portanto o crime do art. 171, § 2•, IV, do Código Penal.
VII. Diferença entre arrependimento eficaz e arrependimento posterior
Arrependimento eficaz: o agente impede a produção do resultado;
Arrependimento posterior: o resultado já foi produzido.

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