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O solo no meio ambiente abordagem para professores do Ensino Fundamental e Médio e alunos do Ensino Médio.

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A b o r d a g e m p a r a P r o f e s s o r e s d o 
E n s i n o F u n d a m e n t a l e M é d i o e 
A l u n o s d o E n s i n o M é d i o
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE SOLOS E ENGENHARIA AGRÍCOLA
PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA SOLO NA ESCOLA
UFPR
PROJETO 
SOLO
NA 
ESCOLA
UFPR
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
O SOLO NO MEIO
AMBIENTE:
O SOLO NO MEIO AMBIENTEO SOLO NO MEIO AMBIENTEO SOLO NO MEIO AMBIENTEO SOLO NO MEIO AMBIENTEO SOLO NO MEIO AMBIENTE
AAAAAbordagem para bordagem para bordagem para bordagem para bordagem para PPPPProfessores dorofessores dorofessores dorofessores dorofessores do
EEEEEnsino nsino nsino nsino nsino FFFFFundamental e undamental e undamental e undamental e undamental e MMMMMédioédioédioédioédio
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AAAAAbordagem para bordagem para bordagem para bordagem para bordagem para PPPPProfessores dorofessores dorofessores dorofessores dorofessores do
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EDITORESEDITORESEDITORESEDITORESEDITORES
Valmiqui Costa Lima
Marcelo Ricardo de Lima
Vander de Freitas Melo
CURITIBA – PR
2007
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE SOLOS E ENGENHARIA AGRÍCOLA
PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA SOLO NA ESCOLAUFPR
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
UFPR
PROJETO
SOLO
NA
ESCOLA
PROJETO
SOLO
NA
ESCOLA
Os conceitos e opiniões emitidos pelos autores dos capítulos são de responsabilidade dos
mesmos. É vedada reprodução, transcrição, citação ou referência sem autorização prévia, e por
escrito, dos respectivos autores.
Exemplares desta obra devem ser solicitados ao:
Departamento de Solos e Engenharia Agrícola
Universidade Federal do Paraná
Rua dos Funcionários, 1540 –80035-050 – Curitiba – PR
Telefone: (41) 3350-5658. E-mail: depsolos@ufpr.br
Home page: www.escola.agrarias.ufpr.br
2007 – 1A edição
Tiragem: 1000 exemplares
ISBN: 85-89950-02-6
Copyright©2007 por Valmiqui Costa Lima, Marcelo Ricardo de Lima e Vander de Freitas Melo.
Ficha Catalográfica
Biblioteca Setorial de Ciências Agrárias
Universidade Federal do Paraná. Departamento de Solos e Engenharia
Agrícola.
O solo no meio ambiente: abordagem para professores do ensino
fundamental e médio e alunos do ensino médio. Universidade Federal
do Paraná. Departamento de Solos e Engenharia Agrícola. Curitiba:
Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, 2007
130p. : il.
1. Solos. 2. Ciência do solo. I. Título
CDD 631.4
CDU 631.4
9 7 8 8 5 8 9 9 5 0 0 2 2
SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO
 Página
Capítulo 1Capítulo 1Capítulo 1Capítulo 1Capítulo 1
FORMAÇÃO DO SOLO
Valmiqui Costa Lima, Marcelo Ricardo de Lima .......................................................................1
Capítulo 2Capítulo 2Capítulo 2Capítulo 2Capítulo 2
PERFIL DO SOLO E SEUS HORIZONTES
Valmiqui Costa Lima, Vander de Freitas Melo ........................................................................ 11
Capítulo 3Capítulo 3Capítulo 3Capítulo 3Capítulo 3
NOÇÕES DE MORFOLOGIA DO SOLO
Marcelo Ricardo de Lima ................................................................................................................ 17
Capítulo 4Capítulo 4Capítulo 4Capítulo 4Capítulo 4
COMPOSIÇÃO DO SOLO, CRESCIMENTO DE PLANTAS E POLUIÇÃO AMBIENTAL
Vander de Freitas Melo, Valmiqui Costa Lima ........................................................................ 27
Capítulo 5Capítulo 5Capítulo 5Capítulo 5Capítulo 5
FERTILIDADE DO SOLO E CICLO DOS NUTRIENTES
Antônio Carlos Vargas Motta, Milena Barcellos ..................................................................... 49
Capítulo 6Capítulo 6Capítulo 6Capítulo 6Capítulo 6
BIOLOGIA DO SOLO
Jair Alves Dionísio, Jorge Ferreira Kusdra, Eliana da Silva Souza Kusdra .................... 65
Capítulo 7Capítulo 7Capítulo 7Capítulo 7Capítulo 7
CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE SOLOS
Valmiqui Costa Lima, Marcelo Ricardo de Lima, Vander de Freitas Melo .................. 77
Capítulo 8Capítulo 8Capítulo 8Capítulo 8Capítulo 8
O SOLO NA PAISAGEM
Angelo Evaristo Sirtoli ....................................................................................................................... 89
Capítulo 9Capítulo 9Capítulo 9Capítulo 9Capítulo 9
FUNÇÕES DO SOLO NO MEIO AMBIENTE
Antonio Carlos Vargas Motta, Milena Barcellos ..................................................................... 99
Capítulo 10Capítulo 10Capítulo 10Capítulo 10Capítulo 10
CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS SOLO E ÁGUA
Nerilde Favaretto, Jeferson Dieckow ....................................................................................... 111
Capítulo 11Capítulo 11Capítulo 11Capítulo 11Capítulo 11
O SOLO NO AMBIENTE URBANO
Valmiqui Costa Lima ....................................................................................................................... 127
PREFÁCIOPREFÁCIOPREFÁCIOPREFÁCIOPREFÁCIO
A presente publicação torna realidade um dos objetivos do Projeto de Extensão Uni-
versitária Solo na Escola, do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da UFPR, que
é desenvolver instrumentos didáticos com a finalidade de auxiliar e facilitar os professores
do ensino fundamental e médio a entender e trabalhar o tema solos com seus alunos.
É importante enfatizar que o tema solo pode e deve ser abordado durante todo o
curso fundamental e médio, em todas as matérias e disciplinas, de forma interdisciplinar,
com diferentes graus de complexidade de acordo com o ciclo em que se está trabalhando.
Na presente publicação procurou-se enfatizar a visão do solo como componente
fundamental do meio ambiente, que faz parte do nosso cotidiano, uma vez que, a todo
instante, estamos interagindo com o solo. De maneira geral, o estudante não tem clara
esta visão e julga que o solo serve e é utilizado apenas e exclusivamente com atividades
agrícolas.
Existem inúmeras formas para ensinar o tema solo tanto no meio urbano ou rural.
Acreditamos que uma abordagem interdisciplinar fará com que os alunos adquiram maior
interesse no estudo do solo e consigam melhor entender o papel e as funções que exerce
no meio ambiente, o que, sem dúvida, permitirá a aquisição e aumento da necessária
consciência ecológica.
Considerando que esta publicação tem como meta iniciar professores no estudo do
solo, foram selecionados conteúdos considerados básicos para compreensão e melhor
entendimento do tema, com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Buscou-
se, sempre que possível, dar um tratamento simplificado aos assuntos tratados, como
uma maneira de maximizar a sua compreensão, porém sem descuidar do rigor científico.
O solo é um componente fundamental do ecossistema terrestre por ser principal
substrato utilizado pelas plantas para o seu crescimento e disseminação. O solo fornece
às raízes fatores de crescimento, tais como: suporte, água, oxigênio e nutrientes.
Além disto, o solo exerce multiplicidade de funções, a saber: a) regulação da distribui-
ção, armazenamento, escoamento e infiltração da água da chuva e de irrigação; b)
armazenamento e ciclagem de nutrientes para as plantas e outros organismos; c) ação
filtrante de poluentes e proteção da qualidade da água. O ser humano também utiliza o
solo enquanto matéria-prima ou substrato para obras civis (casas, indústrias, estradas),
cerâmica e artesanato.
Como recurso natural dinâmico, o solo é passívelde ser degradado em decorrência
de seu uso inadequado pelo ser humano. Nesta condição, o desempenho de suas funções
básicas fica severamente prejudicado, acarretando interferências negativas no equilíbrio
ambiental, e diminuindo drasticamente a qualidade de vida nos ecossistemas.
Atualmente, pode-se observar a degradação do solo em diversos processos, tais
como: redução de sua fertilidade natural; diminuição da matéria orgânica do solo; perda
de solo e água por erosão hídrica (causada pelas chuvas) e eólica (causada pelo vento);
contaminação por resíduos urbanos e industriais (inclusive lixo); alteração do solo para
obras civis (cortes e aterros); decapeamento do solo para fins de exploração mineral;
desertificação e arenização dos solos.
Muitas vezes, a comunidade esquece que o solo faz parte do ambiente e é essencial
à existência da vida sobre os continentes.
O Dia Nacional da Conservação do Solo é comemorado no dia 15 de abril (Lei Federal
7867, de 13 de novembro de 1989), mas a preocupação com este componente da
natureza não pode se restringir apenas a este dia, devendo ser uma presença diária nas
discussões ambientais.
O estudo científico do solo, a aquisição e disseminação de informações sobre o
papel que ele exerce e sua importância na vida do homem são condições primordiais
para sua proteção e conservação e a garantia da manutenção de um ambiente sadio e
sustentável.
A ciência do solo envolve várias áreas, tais como: gênese (formação), química, física,
fertilidade, ensino, uso, manejo e conservação, biologia, classificação, levantamento, mi-
neralogia e morfologia; dentre outras. Dada a importância do solo, muitas universidades
e institutos de pesquisa contam com departamentos que se dedicam especificamente ao
estudo desse tema.
Todo o conhecimento gerado sobre solos nos últimos cem anos tem sido utilizado
por diversos profissionais, destacando-se: produtor agrícola, produtor florestal, pecuarista,
técnico agropecuário, técnico florestal, engenheiro civil, engenheiro ambiental, engenheiro-
agrônomo, zootecnista, geólogo, engenheiro agrícola, geógrafo, biólogo, engenheiro
florestal, dentre outros. Além destes profissionais, a população em geral deve ser
estimulada a conhecer o solo, para entender suas funções e se preocupar com a sua
preservação.
Apesar de sua importância, o espaço dedicado ao solo, no ensino fundamental e
médio, é freqüentemente nulo ou relegado a um plano menor, tanto na área urbana como
rural. Este conteúdo nos materiais didáticos, muitas vezes, está em desacordo com os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e, freqüentemente encontra-se desatualizado,
incorreto ou fora da realidade dos solos brasileiros. Além disto, este conteúdo é, muitas
vezes, ministrado de forma estanque, sem relacionar-se com a utilidade prática ou cotidiana
desta informação, causando desinteresse tanto ao aluno quanto ao professor. Tais razões
contribuem para que a população desconheça a importância e características do solo, o
que amplia o seu processo de alteração e degradação.
No entanto, experiências desenvolvidas por algumas universidades e escolas mostram
que os alunos e professores podem ser estimulados a mudar este quadro, incluindo o solo
dentro das preocupações ambientais da escola e, por extensão, da sociedade brasileira.
Valmiqui Costa Lima, Marcelo Ricardo de Lima e Vander de Freitas Melo
Os Editores
O PROJETO SOLO NA ESCOLAO PROJETO SOLO NA ESCOLAO PROJETO SOLO NA ESCOLAO PROJETO SOLO NA ESCOLAO PROJETO SOLO NA ESCOLA
O Projeto de Extensão Universitária Solo na Escola é uma atividade iniciada em 2002,
e coordenada por professores do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola (DSEA)
da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com o apoio de estudantes de graduação e
professores e alunos do ensino fundamental e médio.
O objetivo geral deste projeto é promover, nos professores e estudantes do ensino
fundamental e médio, a conscientização de que o solo é um componente do ambiente
natural que deve ser adequadamente conhecido e preservado, tendo em vista sua
importância para a manutenção do ecossistema terrestre e sobrevivência dos organismos
que dele dependem. Os objetivos específicos são: a)a)a)a)a) desenvolver e divulgar material
didático sobre solos para o ensino médio e fundamental; b)b)b)b)b) aprimorar mecanismos que
permitam a visita de escolares à Universidade para conhecer o tema solos; c)c)c)c)c) capacitar
professores do ensino fundamental e médio a compreender e ensinar o tema solos.
Para atingir estes objetivos, são desenvolvidas atividades que envolvem: promoção
de visitas de escolares à Exposição Didática de Solos; produção de material didático;
organização de cursos e eventos de extensão universitária para professores; divulgação
de informações pelo site do projeto na Internet (www.escola.agrarias.ufpr.br); participação
em eventos e produção científica e avaliação contínua das atividades. O projeto procura
estabelecer parcerias com outras instituições e projetos de extensão, com vistas a viabilizar
a sua implementação e divulgação dos resultados obtidos.
www.escola.agrarias.ufpr.br
UFPR
PROJETO
SOLO
NA
ESCOLA
PROJETO
SOLO
NA
ESCOLA
PROFESSORES E ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL EM VISITASPROFESSORES E ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL EM VISITASPROFESSORES E ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL EM VISITASPROFESSORES E ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL EM VISITASPROFESSORES E ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL EM VISITAS
ORIENTADAS AO PROJETO SOLO NA ESCOLAORIENTADAS AO PROJETO SOLO NA ESCOLAORIENTADAS AO PROJETO SOLO NA ESCOLAORIENTADAS AO PROJETO SOLO NA ESCOLAORIENTADAS AO PROJETO SOLO NA ESCOLA
ESCOLARES EXAMINANDO O SOLO
 CORES DO SOLO MINHOCÁRIO
PROFESSORES EXAMINANDO O SOLO
ATIVIDADES NA EXPOSIÇÃO DIDÁTICA DE SOLOS
AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS
Aos professores do ensino fundamental e médio que participaram dos cursos, eventos
e demais atividades do Projeto de Extensão Universitária Solo na Escola, pelas valiosas
críticas e sugestões.
Aos alunos bolsistas do Projeto de Extensão Universitária Solo na Escola, que atuam
diariamente recebendo estudantes do ensino fundamental na Exposição Didática de Solos
do DSEA/UFPR e contribuem na criação e teste de novas experiências didáticas para o
ensino de solos.
1Formação do Solo
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1
FORMAÇÃO DO SOLOFORMAÇÃO DO SOLOFORMAÇÃO DO SOLOFORMAÇÃO DO SOLOFORMAÇÃO DO SOLO
Valmiqui Costa Lima1
Marcelo Ricardo de Lima1
1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO
O solo é o sustentáculo da vida e todos os organismos terrestres dele dependem direta ou
indiretamente. É um corpo natural que demora para nascer, não se reproduz e “morre” com
facilidade. Para dar a necessária importância ao solo e protegê-lo, é fundamental conhecer a
maneira como se forma e quais os elementos da natureza que participam na sua formação.
O solo resulta da ação simultânea e integrada do climaclimaclimaclimaclima e organismosorganismosorganismosorganismosorganismos que atuam sobre um
material de origemmaterial de origemmaterial de origemmaterial de origemmaterial de origem (geralmente rocha), que ocupa determinada paisagem ou relevorelevorelevorelevorelevo, durante
certo período de tempotempotempotempotempo. Esses elementos (rocha, clima, organismo, relevo e tempo) são
chamadas de fatores fatores fatores fatores fatores de formação do solo (Figura 1). Esses fatores são parte do meio ambiente
e atuam de forma conjunta (Figura 2).
Durante seu desenvolvimento o solo sofre a ação de diversos processos processos processos processos processos de formação
como perdasperdasperdasperdasperdas, transformaçõestransformaçõestransformaçõestransformaçõestransformações, transportestransportestransportestransportestransportes e adiçõesadiçõesadiçõesadiçõesadições.Esses processos são responsáveis
pela transformação da rocha em solo, diferenciando-se desta por ser constituído de uma
sucessão vertical de camadas que diferem entre si na cor, espessura, granulometria, conteúdo
de matéria orgânica e nutrientes de plantas.
Esses processos (adições, perdas, transformações e transportes) são responsáveis pela
formação de todos os tipos de solos existentes. Considerando que todos os solos são forma-
dos pela atuação desses processos, como se explica que na natureza existam diversos tipos
de solos? A explicação é que esses processos atuam com diferentes intensidades de acordo
com a variação nos fatores de formação.
1 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da UFPR. Rua
dos Funcionários, 1540, CEP 80035-050, Curitiba (PR). E-mails: valmiqui@ufpr.br; mrlima@ufpr.br
2 Valmiqui Costa Lima e Marcelo Ricardo de Lima
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
Figura 2. A paisagem e os fatores responsáveis pela formação do solo.
Para facilitar a compreensão, pode ser feita uma analogia entre a formação do solo e o
trabalho de um marceneiro para fazer uma cadeira escolar. Para fazer uma cadeira, o marce-
neiro necessita de fatores (matéria-prima), como madeira, pregos, tinta, mão-de-obra, energia
elétrica e ferramentas. Para formar o solo, a natureza necessita de fatores,fatores,fatores,fatores,fatores, como clima, mate-
rial de origem, relevo, organismos e tempo cronológico. Para fazer a cadeira, o marceneiro
necessita executar processos (ações), como cortar, lixar, pregar e pintar. A natureza também
executa processosprocessosprocessosprocessosprocessos para formar o solo, como adições, perdas, transformações e transportes.
Figura 1. Fatores de formação do solo.
CLIMA
ORGANISMOS
RELEVO
TEMPO
ROCHA SOLO
3Formação do Solo
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
2. FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO2. FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO2. FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO2. FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO2. FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO
2.1. Material de Origem2.1. Material de Origem2.1. Material de Origem2.1. Material de Origem2.1. Material de Origem
O material de origem é a matéria-prima a partir da qual os solos se desenvolvem, poden-
do ser de natureza mineral (rochas ou sedimentos) ou orgânica (resíduos vegetais). Por ocu-
parem extensões consideráveis, os materiais rochosos são, sem dúvida, os mais importantes
e abrangem os diversos tipos conhecidos de rochas (Quadro 1).
Quadro 1. Exemplos dos principais tipos de rochas
MAGMÁTICAS METAMÓRFICAS SEDIMENTARES
Granito Gnaisse Arenitos
Basalto Quartzito Argilitos
Diabásio Xistos Calcários
Dependendo do tipo de material de origem, os solos podem ser arenosos, argilosos,
férteis ou pobres.
É importante salientar que uma mesma rocha poderá originar solos muito diferentes,
dependendo da variação dos demais fatores de formação. Por exemplo, um granito, em
região de clima seco e quente, origina solos rasos e pedregosos em virtude da reduzida
quantidade de chuvas. Já, em clima úmido e quente, essa mesma rocha dará origem a solos
mais profundos, não-pedregosos e mais pobres.
Em qualquer clima, os arenitos geralmente originam solos de textura grosseira (arenosa),
têm baixa fertilidade, armazenam pouca água e são muito propensos à erosão. Rochas como
o basalto originam solos de textura argilosa e com altos teores de ferro, pois são ricas nesse
elemento. Solos originados a partir de argilitos apresentarão textura argilosa, isto é, com
predominância de argila.
Com exceção do hidrogênio, oxigênio, carbono e nitrogênio, os demais nutrientes para as
plantas, como cálcio, magnésio, potássio e fósforo, provêm dos minerais presentes nas ro-
chas que, ao se decomporem pela ação do intemperismo, liberam esses elementos para o
solo para serem absorvidos pelos vegetais.
Rochas com grandes quantidades de elementos nutrientes podem originar solos férteis,
ao passo que solos derivados de rochas pobres serão inevitavelmente de baixa fertilidade.
Solos derivados de arenito (rocha geralmente pobre em nutrientes) possuem baixa quantidade
de nutrientes (cálcio, magnésio, potássio), comparativamente aos originados de basalto (rochas
mais ricas em nutrientes).
4 Valmiqui Costa Lima e Marcelo Ricardo de Lima
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
2.2. Clima2.2. Clima2.2. Clima2.2. Clima2.2. Clima
O clima exerce influência na formação dos solos principalmente através da precipitação
e temperatura.
Em ambientes extremos, como desertos frios ou quentes, a água está em estado sólido
(gelo) ou ausente, o que dificulta ou mesmo impede a formação do solo. Para atuação de
processos de intemperismo e de formação do solo há necessidade de existir água em estado
líquido.
Precipitações e temperaturas elevadas favorecem os processos de formação do solo.
Climas úmidos e quentes (regiões tropicais) são fatores favoráveis à formação de solos muito
intemperizados (alterados em relação à rocha), profundos e pobres, o que resulta em acidez
e baixa fertilidade, como é o caso da maioria dos solos brasileiros. Em regiões de baixa
precipitação (áridas e semi-áridas), os solos são menos intemperizados, mais rasos, de me-
lhor fertilidade e, geralmente, pedregosos. Graças à vegetação escassa, a quantidade de ma-
téria orgânica, adicionada em climas secos, é inferior à dos solos de regiões úmidas.
2.3. Relevo2.3. Relevo2.3. Relevo2.3. Relevo2.3. Relevo
Dependendo do tipo de relevo (plano, inclinado ou abaciado) (Figura 3), a água da chuva
pode entrar no solo (infiltração), escoar pela superfície (ocasionando erosão) ou se acumular
(formando banhados).
Figura 3. Representação esquemática dos tipos de relevo que ocorrem na paisagem.
Nos relevos planos, praticamente toda a água da chuva entra no solo, propiciando condi-
ções para formação de solos profundos.
Em relevos inclinados, grande parte da água escorre pela superfície, favorecendo proces-
sos erosivos e dificultando a formação do solo, sendo tais áreas ocupadas, predominante-
mente, por solos rasos (Figura 4).
As áreas com relevo abaciado, além das águas da chuva, também recebem aquelas pro-
venientes das áreas inclinadas, tendendo a um acúmulo e favorecendo o aparecimento de
banhados (várzeas), onde se formam os solos chamados de hidromórficos, ou seja, com
excesso de água. Quando derivados de material de origem vegetal acumulado em áreas
encharcadas, como banhados, os solos tendem a apresentar grandes quantidades de matéria
orgânica (Figura 5).
Plano
lnclinado
Abaciado
Rio
5Formação do Solo
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
Em relevos planos, podem ocorrer solos rasos quando a região é muito seca, e a quanti-
dade de chuvas não é suficiente para a formação de um solo profundo. Também podemos ter
solos rasos em regiões planas, mesmo em climas muito chuvosos, quando os solos são de-
senvolvidos a partir de rochas muito resistentes ao intemperismo (alteração).
Figura 4. Relevo inclinado favorece a formação de solos rasos (Almirante Tamandaré, PR).
Figura 5. Relevo abaciado e com acúmulo de água favorece a formação de solos
escuros com altos teores de matéria orgânica (Município de Curitiba, PR.
(Foto: Luiz Claudio de Paula Souza).
Solo
Rocha
6 Valmiqui Costa Lima e Marcelo Ricardo de Lima
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
2.4. Organismos2.4. Organismos2.4. Organismos2.4. Organismos2.4. Organismos
Os organismos que vivem no solo (vegetais, minhocas, insetos, fungos, bactérias, etc.)
exercem papel muito importante na sua formação, visto que, além de seus corpos serem
fonte de matéria orgânica, atuam também na transformação dos constituintes orgânicos e
minerais.
A vegetação exerce marcante influência na formação do solo pelo fornecimento de matéria
orgânica, na proteção contra a erosão pela ação das raízes fixadas no solo, assim como as
folhas evitam o impacto direto da chuva. Ao se decompor, a matéria orgânica libera ácidos que
tambémparticipam na transformação dos constituintes minerais do solo.
A fauna (representada por inúmeras espécies de minhocas, besouros, formigas, cupins,
etc.) age na trituração e transporte dos resíduos vegetais no perfil do solo.
Os fungos e as bactérias realizam o ataque microbiano, transformando a matéria orgânica
fresca em húmus, o qual apresenta grande capacidade de retenção de água e nutrientes, o
que é muito importante para o desenvolvimento das plantas que habitam o solo. Maiores
detalhes são encontrados nos capítulos sobre biologia e composição do solo.
2.5. Tempo2.5. Tempo2.5. Tempo2.5. Tempo2.5. Tempo
Para a formação do solo, é necessário determinado tempo para atuação dos processos
que levam à sua formação. O tempo que um solo leva para se formar depende do tipo de rocha,
do clima e do relevo. Solos desenvolvidos a partir de rochas mais fáceis de ser intemperizadas
formam-se mais rapidamente, em comparação com aqueles cujo material de origem é uma
rocha de difícil alteração. Por exemplo, os solos derivados de quartzito (rocha rica em quartzo)
demoram mais tempo para se formarem do que os solos originados de diabásio (rocha rica em
ferro), por ser o mineral quartzo muito resistente ao intemperismo (alteração).
Nos relevos mais inclinados (morros, montanhas), o tempo necessário para formação de
um solo é muito mais longo, comparativamente aos relevos planos, uma vez que, nos primeiros,
a erosão natural é muito maior.
Percebe-se, ainda, que os solos mais velhos têm maior quantidade de argila que os jovens,
isto porque, no transcorrer do tempo de formação, os minerais primários, herdados da rocha e
que fazem parte das frações mais grosseiras do solo (areia e silte), vão-se transformando em
argila (fração mais fina do solo).
Quando originados de uma mesma rocha, os solos mais velhos apresentam, usualmente,
menor quantidade de nutrientes, os quais são removidos em solução pelas águas das chuvas.
É comum achar que todos os solos jovens são mais férteis que os solos velhos. Porém, um
solo jovem será de baixa fertilidade se a rocha que lhe deu origem for pobre em nutrientes.
Uma questão freqüentemente levantada é: "Quanto tempo leva um solo para ser forma-
do"? Essa pergunta é difícil de ser respondida porque o tempo de vida do ser humano é muito
curto para acompanharmos esse processo. A única certeza é que são necessários milhares
de anos. O tempo de formação do solo é longo; todavia, sua degradação pode ser rápida,
motivo pelo qual sua utilização deve ser cercada de todo cuidado.
7Formação do Solo
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
3. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO3. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO3. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO3. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO3. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO
3.1. Adições3.1. Adições3.1. Adições3.1. Adições3.1. Adições
Tudo que é incorporado ao solo em desenvolvimento é considerado como adição. O
principal constituinte adicionado é a matéria orgânica proveniente da morte dos organismos
que vivem no solo, principalmente a vegetação. Por serem ricos no elemento carbono, esses
compostos orgânicos imprimem cores escuras à porção superior do solo.
A quantidade de matéria orgânica incorporada nos solos é muito variável pois depende
do tipo de clima e do relevo. Em climas com pouca chuva, a vegetação é escassa, resultando
em menor adição de matéria orgânica. Em climas mais chuvosos, a vegetação é mais abun-
dante e a quantidade de matéria adicionada é maior, fazendo com que os solos apresentem
a sua parte superficial mais escura e espessa.
3.2. Perdas3.2. Perdas3.2. Perdas3.2. Perdas3.2. Perdas
Durante o seu desenvolvimento os solos perdem materiais na forma sólida (erosão) e em
solução (lixiviação). Em relevos muito inclinados os solos são mais rasos em decorrência da
perda de materiais por erosão (Figura 4).
A água da chuva solubiliza os minerais do solo os quais liberam elementos químicos
(principalmente cálcio, magnésio, potássio e sódio) que são levados para as águas subterrâ-
neas. Esse é um processo de perda denominado lixiviação. Em regiões com pouca chuva, as
perdas desses elementos químicos são menos intensas, comparativamente àquelas com mai-
or precipitação. Essas perdas por lixiviação explicam a ocorrência de solos muito pobres
(baixa fertilidade) mesmo sendo originados a partir de rochas que contêm grande quantidade
de elementos nutrientes de plantas.
3.3. Transformações3.3. Transformações3.3. Transformações3.3. Transformações3.3. Transformações
São denominadas transformações os processos que ocorrem durante a formação do
solo produzindo alterações químicas, físicas e biológicas. Como exemplo de alteração quími-
ca, pode-se citar a transformação dos minerais primários (que faziam parte da rocha) em
novos minerais (minerais secundários). As argilas são o exemplo mais comum de minerais
secundários. É o caso de muitas rochas que não contêm argila, porém esse material faz parte
do solo formado. Qual seria a explicação? Nesse caso, alguns minerais primários da rocha
sofreram intemperismo e se transformaram em argila. E de onde vieram as areias que os solos
contêm? Essas areias são provenientes também dos minerais contidos na rocha e que ainda
não foram transformados ou são muito resistentes para serem alterados.
As cores vermelha, amarela ou vermelho-amarela são resultantes da formação de com-
postos (óxidos) a partir do elemento químico ferro liberado pela alteração das rochas.
Os materiais vegetais que caem no solo (folhas, galhos, frutos e flores) e as raízes que
morrem também sofrem transformações. Pela atuação de organismos do solo, transformam-
se em húmus, que é um composto mais estável e responsável pela cor preta dos solos. Nesse
processo, ocorre liberação de ácidos orgânicos, que também contribuem para a alteração
dos componentes minerais do solo.
8 Valmiqui Costa Lima e Marcelo Ricardo de Lima
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
As transformações ocorridas durante todos os estádios de desenvolvimento dos solos
são mais intensas em regiões úmidas e quentes (zonas tropicais). A água é necessária para
hidratar e dissolver minerais, processo que é acelerado em temperaturas mais elevadas. Na
porção tropical úmida do Brasil, ocorrem solos considerados muito velhos e intemperizados
por terem sido submetidos durante muito tempo a esses processos de transformação e per-
da, sendo, como resultado, muito profundos e muito pobres em nutrientes.
3.4. Transportes3.4. Transportes3.4. Transportes3.4. Transportes3.4. Transportes
Em decorrência da ação da gravidade e da evapotranspiração (perda de água das plan-
tas e do solo pela ação do calor), pode ocorrer translocação de materiais orgânicos e mine-
rais dentro do próprio solo. Essa movimentação pode se dar nos dois sentidos, ou, seja, de
cima para baixo ou de baixo para cima. Em condições de clima com poucas chuvas, elemen-
tos químicos, como, por exemplo, o sódio, podem ser levados em solução para a superfície
do solo e depositados na forma de sal. Em climas úmidos, ácidos orgânicos e partículas
minerais de tamanho reduzido (argila) podem ser transportados pela água para os horizontes
mais profundos do solo.
4. FORMAÇÃO DO PERFIL DE SOLO4. FORMAÇÃO DO PERFIL DE SOLO4. FORMAÇÃO DO PERFIL DE SOLO4. FORMAÇÃO DO PERFIL DE SOLO4. FORMAÇÃO DO PERFIL DE SOLO
A formação do solo inicia-se a partir do momento em que o material de origem material de origem material de origem material de origem material de origem (rocha)
é exposto na superfície terrestre, quando, então, passa a sofrer ação de agentes do climaclimaclimaclimaclima,
principalmente precipitação e temperatura, acionando processos de intemperismo
("apodrecimento" da rocha) (Figura 6-1).
À medida que se intemperiza, a rocha vai desagregando e ficando mais porosa, passando
a reter água e elementos químicos (cálcio, magnésio, potássio, sódio, ferro, etc) e oferecendo
condições de colonização por organismos pioneiros, como musgos,liquens, algas, etc. (Figura
6-2). Com o passar do tempotempotempotempotempo, o solo vai ficando mais espesso (Figura 6-3), permitindo a
instalação de plantas de maior porte. Ao morrerem, esses organismosorganismosorganismosorganismosorganismos fornecem matéria
orgânica (adiçãoadiçãoadiçãoadiçãoadição), que passa a ser incorporada continuamente ao solo, além de fornecer
ácidos orgânicos, que aceleram o intemperismo.
Os minerais primários (oriundos da rocha) sofrem transformaçõestransformaçõestransformaçõestransformaçõestransformações, alterando-se química
e fisicamente e dando origem a novos minerais (minerais secundários), tais como: minerais
silicatados e óxidos de ferro e alumínio.
Abaixo da camada superficial mais escura do solo, a rocha continua se intemperizando e
apresenta coloração vermelha graças à presença do ferro (Figura 6-4). Parte dos nutrientes
(cálcio, magnésio, potássio, etc.), liberados desses minerais, também são "lavados" do solo
(perdas).
Pela ação da gravidade, partículas de argila suspensas em água e compostos orgânicos
podem deslocar-se pelos poros do solo, possibilitando algum acúmulo em profundidade
(transporteransporteransporteransporteransporte descendente) (Figura 6.5). Em climas secos, alguns sais são trazidos à superfície
do solo (transportetransportetransportetransportetransporte ascendente), graças à evaporação da água.
Assim, na Figura 6-1, o solo ainda não se formou, estando em desenvolvimento nas
Figuras 6-2 até 6-4, e pode ser considerado praticamente em estádio final de desenvolvimento
na Figura 6-5.
9Formação do Solo
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
Com esta ação continuada dos processos pedogenéticos (transformações, perdas, trans-
portes e adições), a massa inicial de rocha alterada homogênea passou a adquirir propriedades
e características variáveis em profundidade (diferenciação vertical), tais como: cor, porosidade,
conteúdo de matéria orgânica, etc., formando os horizontes do perfil do solo. Na Figura 6-5,
observa-se que: a) O solo apresenta diferentes cores em profundidade; b) A parte superficial
(A) é escurecida pela matéria orgânica; c) A porção central (B) exibe cor vermelha (ou amarelada,
em alguns casos) por causa do ferro; d) Logo abaixo vem a rocha alterada (C) de cor vermelha
e acinzentada; e) Por último, tem-se a rocha fresca (R), que ainda não foi alterada.
5. RESUMO5. RESUMO5. RESUMO5. RESUMO5. RESUMO
y SOLO: É um corpo natural formado pela ação dos processos pedogenéticos que atuam
com intensidade variável de acordo com os fatores de formação do solo.
y INTEMPERISMO: Conjunto de processos físicos, químicos e biológicos que atuam sobre as
rochas, desintegrando-as e decompondo-as, propiciando a formação do perfil do solo.
y FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO: Material de origem, clima, relevo, organismos e tempo.
y ROCHAS: São os principais materiais de origem dos solos. Dependendo do tipo de rocha,
os solos podem ter mais ou menos areia e argila, e serem férteis ou pobres.
y CLIMA: Climas quentes e úmidos favorecem a formação de solos profundos; em climas
áridos, os solos tendem a ser mais rasos e pedregosos.
y RELEVO: Os solos tendem a ser mais profundos em relevos planos. Em relevos inclinados,
geralmente são rasos.
y ORGANISMOS: auxiliam na formação do solo adicionando matéria orgânica e transforman-
do materiais.
y PROCESSOS PEDOGENÉTICOS: Adições, perdas, transportes e transformações.
y ADIÇÕES: Toda e qualquer adição de material ao solo durante sua formação. Exemplo:
adição de matéria orgânica pelos organismos do solo.
y PERDA: Toda e qualquer remoção de material do solo durante o seu desenvolvimento.
Exemplo: remoção de solo por erosão, perdas de elementos químicos (cálcio, magnésio,
potássio, etc.) por lixiviação.
Figura 6. Seqüência cronológica hipotética de evolução do perfil do solo.
As letras A, B, C, R são os horizontes e camadas que constituem o solo.
1 2 3 54
TEMPO
10 Valmiqui Costa Lima e Marcelo Ricardo de Lima
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
y TRANSPORTES: Toda e qualquer movimentação de material no interior do próprio solo.
Exemplo: argilas que migram pelos poros para camadas mais profundas do solo.
y TRANSFORMAÇÕES: Alterações químicas, físicas e biológicas que ocorrem nos compo-
nentes do solo. Exemplo: transformação da matéria orgânica fresca em húmus; transforma-
ção dos minerais primários (da rocha) em minerais secundários (do solo).
6. ATIVIDADE PROPOSTA6. ATIVIDADE PROPOSTA6. ATIVIDADE PROPOSTA6. ATIVIDADE PROPOSTA6. ATIVIDADE PROPOSTA
6.1. Objetivos6.1. Objetivos6.1. Objetivos6.1. Objetivos6.1. Objetivos: Esta atividade visa demonstrar que: a)a)a)a)a) os solos são derivados de rochas; b) b) b) b) b) as
rochas precisam ser alteradas (intemperizadas) para que ocorra a formação do solo; c)c)c)c)c) rochas
diferentes originam solos também diferentes.
6.2. Materiais Necessários6.2. Materiais Necessários6.2. Materiais Necessários6.2. Materiais Necessários6.2. Materiais Necessários: a) a) a) a) a) Amostras de rocha bem diferentes (arenito e basalto); b)b)b)b)b)
Amostras dessas rochas já alteradas; c)c)c)c)c) Amostras de solos derivados dessas rochas.
6.3. Procedimentos6.3. Procedimentos6.3. Procedimentos6.3. Procedimentos6.3. Procedimentos
6.3.1. Trabalhar, inicialmente, com as amostras de rocha não alteradas, motivando os
alunos para observar as seguintes diferenças: a)a)a)a)a) granulometria - o arenito é áspero ao tato
como uma lixa e o basalto não; b)b)b)b)b) cor - o arenito apresenta coloração mais clara que o
basalto, pois o arenito é constituído principalmente por grãos do mineral quartzo; c)c)c)c)c) dureza -
os grãos dos minerais do arenito podem ser destacados, o que não ocorre com o basalto; d)d)d)d)d)
peso - o basalto é mais pesado que o arenito porque contém grande quantidade de ferro na
sua composição.
6.3.2. Em seguida, comparar as amostras de rochas alteradas com as não alteradas,
chamando a atenção para os seguintes fatos: a) a) a) a) a) a alteração dessas rochas se deu pela ação
da água da chuva e pelo calor, sendo um processo que leva muito tempo; b)b)b)b)b) facilidade de
desagregação das rochas alteradas comparativamente à rocha sã; c)c)c)c)c) diferença na cor e na
granulometria.
6.3.3. Apresentar as amostras dos solos derivados dessas rochas, salientando: a) a) a) a) a) Diferen-
ça na cor - o solo derivado de basalto tem cor vermelha pelo fato de ser tal rocha rica em
ferro. O solo de arenito é mais claro porque tem muito pouco; b)b)b)b)b) Diferença na quantidade de
areia e argila - umedecer as amostras com pouca água e pedir que os alunos esfreguem entre
os dedos. O solo de arenito dá sensação de lixa por causa dos grãos de areia (esses grãos
são do mineral quartzo). É um solo mais arenoso. O solo de basalto é argiloso (tem muita
argila) e por isso gruda nos dedos. Podem ser feitas bolinhas com o solo de basalto umede-
cido. Com o solo de arenito não se consegue, pois tem muita areia; c) c) c) c) c) Utilizando amostras
secas e bem destorroadas, mostrar que o solo de basalto adere a um imã (em razão da
presença da magnetita, mineral magnético). Com o solo de arenito isso não acontece;
6.3.4. Finalizar levantando as seguintes questões: a)a)a)a)a) Qual dos dois solos - solo derivado
de basalto e solo derivado de arenito - tem maior capacidade de retenção de água ? Por quê?
b)b)b)b)b) A água retida pelo solo é importante para o desenvolvimento das plantas?
7. REFERÊNCIA7. REFERÊNCIA7. REFERÊNCIA7. REFERÊNCIA7. REFERÊNCIA
LIMA, V.C. Fundamentos de pedologiaFundamentos de pedologiaFundamentos de pedologiaFundamentos de pedologiaFundamentos de pedologia. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, Setor de
Ciências Agrárias, Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, 2001. 343p.
CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2
PERFIL DO SOLO E SEUS HORIZONTESPERFIL DO SOLO E SEUS HORIZONTESPERFIL DO SOLO E SEUS HORIZONTESPERFIL DO SOLO E SEUS HORIZONTESPERFILDO SOLO E SEUS HORIZONTES
Valmiqui Costa Lima1
Vander de Freitas Melo1
1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO
Os solos são constituídos por uma sucessão vertical de camadas horizontais resultantes
da ação conjunta dos fatores e processos de formação. Essa seqüência vertical é chamada
de perfil do soloperfil do soloperfil do soloperfil do soloperfil do solo, que é a unidade básica para seu estudo, realizado por meio da descrição
(morfologia) e análise das camadas que o constituem (análises químicas, físicas e mineralógicas).
A interpretação dessas análises possibilita a identificação e classificação do solo, assim como
o conhecimento de suas qualidades e limitações quanto ao aspecto agrícola e ambiental.
2. PERFIL DO SOLO: HORIZONTES E NOMENCLATURA2. PERFIL DO SOLO: HORIZONTES E NOMENCLATURA2. PERFIL DO SOLO: HORIZONTES E NOMENCLATURA2. PERFIL DO SOLO: HORIZONTES E NOMENCLATURA2. PERFIL DO SOLO: HORIZONTES E NOMENCLATURA
Perfil do soloPerfil do soloPerfil do soloPerfil do soloPerfil do solo - corresponde a uma seção vertical que inicia na superfície do solo e
termina na rocha, podendo ser constituído por um ou mais horizontes (Figura 1).
Horizontes do soloHorizontes do soloHorizontes do soloHorizontes do soloHorizontes do solo - são as diferentes camadas que constituem o solo, formadas pelos
processos pedogenéticos (adições, perdas, transportes e transformações - ver detalhes no
capítulo 1). Os horizontes e as camadas do solo são designados por letras maiúsculas - O, A,
B, C e R (Figura 1).
1 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da
UFPR. Rua dos Funcionários, 1540, CEP 80035-050, Curitiba (PR). E-mails: valmiqui@ufpr.br;
vanderfm@ufpr.br
12 Valmiqui Costa Lima e Vander de Freitas Melo
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
Figura 1. Representação esquemática do perfil de solo, mostrando seus principais horizontes
e camadas
3. CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS HORIZONTES DO SOLO3. CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS HORIZONTES DO SOLO3. CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS HORIZONTES DO SOLO3. CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS HORIZONTES DO SOLO3. CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS HORIZONTES DO SOLO
Horizonte H Horizonte H Horizonte H Horizonte H Horizonte H - É um horizonte orgânico, normalmente encontrado em áreas com excesso de
água, como os banhados ou várzeas (Figura 2). O excesso de água inibe a ação dos microrga-
nismos aeróbios (aqueles que necessitam de O2 para sobreviverem), limitando muito a decom-
posição da matéria orgânica. Então, temos a seguinte situação: estes ambientes apresentam
grande produção e incorporação de matéria orgânica no solo e baixa velocidade de decompo-
sição. Como resultado, verifica-se grande acúmulo de matéria orgânica no solo, bem como
formação do horizonte H (horizonte espesso, rico em matéria orgânica e de coloração escura).
Figura 2. Exemplos de horizontes O, H, A, B , C.
OOOOO-Resíduos orgânicos - folhas, galhos, flores e frutos
AAAAA-Horizonte mineral mais rico em matéria orgânica e com grande
atividade biológica
BBBBB-Horizonte mineral com máxima expressão de cor e estrutura
CCCCC-Rocha intemperizada (alterada)
RRRRR-Rocha não intemperizada (não alterada)
Horizonte H
(área de várzea)
Horizonte O
(área de mata)
Horizontes A e B
(área de campo)
Horizontes A, B e C
(área de campo)
13Perfil do Solo e Seus Horizontes
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
Horizonte OHorizonte OHorizonte OHorizonte OHorizonte O - Também é um horizonte orgânico. É simbolizado pela letra O pelo fato de
ser a primeira letra da palavra orgânicoorgânicoorgânicoorgânicoorgânico. Como pode ser observado na Figura 2, o horizonte
O é constituído por uma manta de folhas, galhos, flores, frutos, restos e dejetos de animais,
depositados sobre o horizonte A. Pode ser encontrado em solos sob mata, sendo pouco
expressivo ou inexistente em regiões de vegetação de campo. Decompõe-se rapidamente,
quando o solo é submetido ao cultivo. A espessura é variável, estando condicionada
principalmente pelo clima e pelo tipo de vegetação.
Horizonte AHorizonte AHorizonte AHorizonte AHorizonte A - Está abaixo do horizonte O, quando este existe, caso contrário é o
horizonte superficial (Figura 2). É formado pela incorporação de matéria orgânica aos
constituintes minerais do solo com os quais fica intimamente misturada. O conteúdo de
matéria orgânica é mais baixo, quando comparado com o dos horizontes O e H, com teores
raramente superiores a 10%, sendo por isso considerado um horizonte mineral. Este horizonte
tem grande importância agrícola (local onde concentra a maior parte das raízes das plantas)
e ambiental (horizonte superficial que primeiro recebe os poluentes depositados sobre o
solo).
Geralmente, tem coloração escura, graças à presença de matéria orgânica, a qual se
encontra bastante mineralizada, ou seja, decomposta e transformada em húmus. A
decomposição de raízes é a principal fonte de matéria orgânica para a formação deste
horizonte.
A sua espessura é variada (Figura 3) e depende do clima e da vegetação. Em regiões
de baixa precipitação, como, por exemplo, nordeste do Brasil, é pouco espesso e mais
claro em decorrência da escassez de vegetação. Nos estados sulinos, onde a vegetação
é mais exuberante e o clima mais frio, pode atingir mais de 1 metro de espessura. Por
conter maior quantidade de material orgânico, é mais poroso, mais leve, menos duro e
menos plástico e pegajoso (atributos que favorecem, por exemplo, o preparo do solo),
assim como apresenta maior atividade biológica que os demais horizontes minerais de um
perfil de solo.
Em muitas regiões do Brasil, o horizonte A já foi parcial ou totalmente removido por
erosão, causando diminuição da qualidade agrícola e ambiental do solo, já que sua
restauração aos níveis originais é praticamente impossível.
Horizonte BHorizonte BHorizonte BHorizonte BHorizonte B - Situa-se abaixo do horizonte A e sua cor é devida principalmente aos
minerais de ferro da fração argila, sendo as mais comuns vermelha, amarela ou vermelho-
amarela (Figuras 2 e 3). O teor de matéria orgânica, bem como a atividade biológica, é
menor do que o do horizonte A. Pode apresentar variações em relação à espessura
(centímetros a vários metros), fertilidade, coloração, tipo e tamanho das estruturas, mineralogia
e quantidade de areia, silte ou argila.
CCCCC - Encontra-se abaixo do horizonte B. É a rocha intemperizada, podendo apresentar
manchas de diversas cores (Figuras 2 e 3).
RRRRR - É a última camada do perfil e representa a rocha que ainda não foi intemperizada.
14 Valmiqui Costa Lima e Vander de Freitas Melo
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
4. TIPOS DE PERFIS DE SOLOS4. TIPOS DE PERFIS DE SOLOS4. TIPOS DE PERFIS DE SOLOS4. TIPOS DE PERFIS DE SOLOS4. TIPOS DE PERFIS DE SOLOS
Considerando a grande variação nos fatores (rocha, clima, relevo, organismos e tempo) e
processos (adição, remoção, transformação e translocação) responsáveis pela formação do
solo (ver Capítulo 1), existem, na natureza, inúmeros tipos de perfis, os quais podem apresen-
tar um ou mais horizontes, dependendo do seu grau de desenvolvimento. Um solo jovem, por
exemplo, pode apresentar apenas o horizonte A sobre a rocha (A-R), enquanto um mais velho
tem maior número de horizontes (A-B-C-R), conforme pode ser observado na Figura 3 na
parte superior de cada perfil, consta o nome do solo correspondente.
Figura 3. Alguns tipos de perfis de solos.
Espodossolo Argissolo Gleissolo Latossolo Neossolo
Latossolo Argissolo Latossolo Neossolo Cambissolo
5. ATIVIDADE PROPOSTA - CONHECENDO OS HORIZONTES DO SOLO5. ATIVIDADE PROPOSTA - CONHECENDO OS HORIZONTES DO SOLO5. ATIVIDADE PROPOSTA - CONHECENDO OS HORIZONTES DO SOLO5. ATIVIDADE PROPOSTA - CONHECENDO OS HORIZONTES DO SOLO5. ATIVIDADE PROPOSTA - CONHECENDO OS HORIZONTES DO SOLO
Esta atividade tem por finalidade iniciar os alunos ao conhecimentodo solo através do
exame de um perfil.
5.1. 5.1. 5.1. 5.1. 5.1. ObjetivoObjetivoObjetivoObjetivoObjetivo
Demonstrar que o solo não é uniforme em profundidade, porém formado por camadas
ou horizontes, que diferem quanto à cor, espessura, teor de argila, silte e areia, tipo e tamanho
das estruturas, plasticidade, pegajosidade e teor de matéria orgânica.
15Perfil do Solo e Seus Horizontes
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
5.2. Vocabulário5.2. Vocabulário5.2. Vocabulário5.2. Vocabulário5.2. Vocabulário
Consultar capítulos deste livro referentes a perfil do solo, composição do solo, morfologia
do solo e horizontes do solo.
5.3. Materiais Necessários5.3. Materiais Necessários5.3. Materiais Necessários5.3. Materiais Necessários5.3. Materiais Necessários
a. Ferramenta para retirada de amostras dos diversos horizontes do solo (pazinha ou
enxadinha de jardineiro, preferencialmente). Evitar a utilização de instrumentos de
lâminas muito cortantes;
b. Sacos plásticos ou qualquer outro recipiente plástico para guardar as amostras de
solo (não pode ser saco de papel, porque a umidade provoca rompimento). Não
utilizar recipientes de vidro, pois podem quebrar e provocar ferimentos.
5.4. Procedimentos5.4. Procedimentos5.4. Procedimentos5.4. Procedimentos5.4. Procedimentos
5.4.1. Atividades fora da sala de aula5.4.1. Atividades fora da sala de aula5.4.1. Atividades fora da sala de aula5.4.1. Atividades fora da sala de aula5.4.1. Atividades fora da sala de aula
a. Escolher uma área, preferencialmente próxima à escola, e em local de pouco movi-
mento de veículos, onde tenha um barranco (perfil do solo);
b. No caso de o solo ser muito profundo, apenas os horizontes A e B poderão estar
expostos, pois o C e o R estarão a maiores profundidades;
c. No barranco (perfil do solo), cada equipe deverá ser orientada para marcar o limite
de cada horizonte, fazendo um risco horizontal com uma ferramenta onde achar que
ele termina;
d. Coletar mais ou menos 500 g de solo de cada horizonte e colocar em um recipiente
etiquetado (pode ser saquinho plástico) com a letra que simboliza o horizonte (A, B,
C, R).
5.4.2. 5.4.2. 5.4.2. 5.4.2. 5.4.2. Atividade a ser desenvolvida em laboratório (caso exista), na sala de aula ouAtividade a ser desenvolvida em laboratório (caso exista), na sala de aula ouAtividade a ser desenvolvida em laboratório (caso exista), na sala de aula ouAtividade a ser desenvolvida em laboratório (caso exista), na sala de aula ouAtividade a ser desenvolvida em laboratório (caso exista), na sala de aula ou
no pátio da escolano pátio da escolano pátio da escolano pátio da escolano pátio da escola
Colocar as amostras de cada horizonte sobre folhas de jornal e orientar os alunos para
raciocionar sobre as seguintes questões:
a) Porque o horizonte A é mais escuro?
b) Qual o elemento químico que a matéria orgânica contém que escurece o solo? Seria
o mesmo elemento químico da grafite do lápis preto?
c) De onde veio essa matéria orgânica?
d) Qual horizonte apresenta maior número de raízes?
e) A cor vermelha ou vermelho-amarela do horizonte B é devida à presença de minerais
constituídos de qual elemento químico?
f) A vegetação que está cobrindo o solo retira água de onde?
16 Valmiqui Costa Lima e Vander de Freitas Melo
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
g) Essa vegetação sobrevive unicamente de água ou precisa de outros elementos?
h) Quais são esses elementos e de onde eles vêm?
i) Quando nos alimentamos das plantas, esses elementos passam para o nosso corpo?
5.4.3. Montagem de um perfil de solo5.4.3. Montagem de um perfil de solo5.4.3. Montagem de um perfil de solo5.4.3. Montagem de um perfil de solo5.4.3. Montagem de um perfil de solo
Alternativa 1: Cortar a parte superior de garrafa PET e colocar as amostras dos hori-
zontes (A, B, C) conforme estavam dispostas verticalmente no perfil do solo, identifi-
cando cada horizonte na parede externa da garrafa com etiqueta adesiva ou pincel
atômico;
Alternativa 2: Misturar uma porção de amostra de cada horizonte com cola branca e
colar em papelão, na mesma posição que estava no perfil. Ao lado, escrever a letra
que identifica o horizonte (A,B,C).
5.4.4. Experiência com plantas5.4.4. Experiência com plantas5.4.4. Experiência com plantas5.4.4. Experiência com plantas5.4.4. Experiência com plantas
a. Colocar amostras dos horizontes A e B bem destorroadas em vasos distintos e etiquetá-
los com a letra correspondente a cada horizonte;
b. Colocar 3 sementes de milho ou feijão em cada vaso a mais ou menos 1 cm de
profundidade e cobrir com solo;
c. Regar diariamente com quantidade de água suficiente apenas para deixar o solo
úmido;
d. Observar o desenvolvimento da plantinha. Em qual horizonte ela se desenvolve melhor
e por quê? Qual a conclusão?
6. REFERÊNCIA6. REFERÊNCIA6. REFERÊNCIA6. REFERÊNCIA6. REFERÊNCIA
LIMA, V.C. Fundamentos de pedologiaFundamentos de pedologiaFundamentos de pedologiaFundamentos de pedologiaFundamentos de pedologia. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, Setor de
Ciências Agrárias, Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, 2001. 343p.
CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3
NOÇÕES DE MORFOLOGIA DO SOLONOÇÕES DE MORFOLOGIA DO SOLONOÇÕES DE MORFOLOGIA DO SOLONOÇÕES DE MORFOLOGIA DO SOLONOÇÕES DE MORFOLOGIA DO SOLO
Marcelo Ricardo de Lima1
1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO
Morfologia do soloMorfologia do soloMorfologia do soloMorfologia do soloMorfologia do solo significa o estudo e a descrição da sua aparência no meio ambiente
natural, segundo as características visíveis a olho nu, ou perceptíveis.
Do ponto de vista prático, o aluno poderá observar a morfologia do solo através
dos sentidos do tato e da visão. Os sentidos do olfato e audição também poderiam ser
utilizados para fins da análise morfológica do solo, embora não seja usual. Por exemplo, um
solo arenoso apresenta som diferenciado de um solo argiloso ao ser esfregado entre os
dedos.
Os principais atributos observados na descrição morfológica são: cor, consistência,
textura e estrutura. Todas as características morfológicas observadas em campo no perfil
do solo são de fundamental importância para a caracterização do solo, juntamente com as
análises químicas, físicas, e mineralógicas, executadas em laboratório.
Ao analisar os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) aparentemente não há um
ciclo específico no qual deva ser trabalhado este conteúdo. A morfologia deve ser encarada
pelo professor como uma ferramenta didática que pode ser útil desde as mais elementares
observações do primeiro e segundo ciclo do ensino fundamental (BRASIL, 1997), até estudos
mais aprofundados no terceiro e quarto ciclo (BRASIL, 1998). No ensino médio, por seu
aspecto prático, a morfologia pode ser uma ferramenta para estimular a discussão de
conceitos químicos, físicos e biológicos relacionados com solos.
Antes de iniciar o estudo morfológico, pode-se pedir para os alunos desenharem o solo
em uma folha de papel. Esta atividade simples (que pode ser utilizada do ensino fundamental
ao superior) permite observar as impressões que os alunos têm sobre o solo, e as eventuais
confusões de conceitos existentes.
1 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da
UFPR. Rua dos Funcionários, 1540, CEP 80035-050, Curitiba (PR). E-mail: mrlima@ufpr.br
18 Marcelo Ricardo de Lima
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
2. COR DO SOLO2. COR DO SOLO2. COR DO SOLO2. COR DO SOLO2. COR DO SOLO
A cor é considerada, por muitos pedólogos (profissionais que estudam o solo), uma das
propriedades morfológicas mais importantes. Os solos podem apresentar cores variadas,
tais como: preto, vermelho, amarelo, acinzentado, etc. Essa variação irá depender não só do
material de origem, mas também de sua posição na paisagem, conteúdo de matéria orgânica
e mineralogia, dentre outros fatores.Uma análise superficial poderia considerar que a cor do solo apresenta pouca relevância
do ponto de vista prático. As plantas, de modo geral, não terão seu desenvolvimento afetado
exclusivamente pela cor do solo, embora os solos mais escuros possam se aquecer mais
rapidamente, favorecendo o desenvolvimento das raízes em regiões mais frias.
A cor tem grande importância no momento de diferenciar os horizontes dentro de um
perfil e auxiliar a classificação dos solos.
Para a determinação das cores em campo, o método mais empregado pelos pedólogos
é a comparação de uma amostra de solo com a referência padronizada, que é a carta de
cores de Munsell (Figura 1).
2.1. Efeito da Matéria Orgânica na Cor do Solo2.1. Efeito da Matéria Orgânica na Cor do Solo2.1. Efeito da Matéria Orgânica na Cor do Solo2.1. Efeito da Matéria Orgânica na Cor do Solo2.1. Efeito da Matéria Orgânica na Cor do Solo
Quanto mais material orgânico, mais escuro é o solo (Figura 2), o que pode indicar boas
condições de fertilidade e grande atividade microbiana. Porém, excessiva quantidade de
matéria orgânica pode indicar condições desfavoráveis à decomposição da mesma, como
temperatura muito baixa, baixa disponibilidade de nutrientes, falta de oxigênio e outros fatores
que inibam a atividade dos microrganismos do solo.
Deve-se evitar o senso comum de que todo solo escuro (popularmente conhecido como
“terra preta”) é fértil. Muitos solos escuros apresentam fertilidade natural muito baixa. Também
deve ser evitada a idéia de que todo solo escuro é orgânico. O horizonte A do solo (ver o
capítulo sobre perfil do solo) é escuro, porém predominam os minerais.
Ao se observar um solo, o aluno deve ser estimulado a perceber que a parte superior
do solo (horizonte A) normalmente é mais escura. Este horizonte é o que mais recebe matéria
orgânica fresca, proveniente dos animais e vegetais que estão no interior ou sobre o solo. Os
demais horizontes minerais do solo também apresentam matéria orgânica, porém em menor
proporção. Por este motivo, os horizontes B e C normalmente são mais claros que o horizonte A.
2.2. Efeito dos Minerais na Cor do Solo2.2. Efeito dos Minerais na Cor do Solo2.2. Efeito dos Minerais na Cor do Solo2.2. Efeito dos Minerais na Cor do Solo2.2. Efeito dos Minerais na Cor do Solo
As diferenças entre as cores mais avermelhadas ou amareladas dos solos estão freqüente-
mente associadas aos diferentes tipos de óxidos de ferro (ver capítulo sobre composição do
solo) existentes nos solos.
Solos de coloração vermelha (Figura 3) podem indicar grande quantidade de óxidos de
ferro (hematita). Um exemplo são os solos popularmente conhecidos como “terra roxa” (na
verdade seria “rosso”, do italiano vermelho), de coloração vermelho-escura, que são solos
originados de rochas ígneas básicas (principalmente basalto), e são comuns em áreas do norte
do Rio Grande do Sul ao sul de Goiás.
Solos com elevada quantidade de quartzo na fração mineral (como ocorre em muitos solos
arenosos) são freqüentemente claros, exceto se houver elevada presença de matéria orgânica.
19Noções de Morfologia do Solo
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
2.3. Efeito do Excesso de Água na Cor do Solo2.3. Efeito do Excesso de Água na Cor do Solo2.3. Efeito do Excesso de Água na Cor do Solo2.3. Efeito do Excesso de Água na Cor do Solo2.3. Efeito do Excesso de Água na Cor do Solo
Um solo bem drenado é um solo no qual a água não tem dificuldade para infiltrar. No
entanto, nos solos mal drenados (com excesso de água), um ou mais horizontes do solo
podem ficar com cor acinzentada (Figura 4). Esta cor indica que o ferro foi lavado (perdido
para o lençol freático), devido às condições de redução (ausência de oxigênio), perdendo,
assim a coloração vermelha ou amarela típica dos solos bem drenados. A cor branca a
acinzentada é conseqüência da presença de minerais silicatados (ver capítulo sobre
composição do solo) existentes na fração argila do solo.
Os alunos podem observar a presença de solos acinzentados em áreas de várzeas
existentes na região. Em zonas urbanas, muitas vezes os loteamentos, localizados em fundos
de vale, apresentam esta coloração no solo, indicado que era originalmente uma área mal
drenada (banhado).
Figura 4. Solo com coloração
cinza, devido ao excesso de
água.
Figura 3. Solo com coloração
avermelhada, devido à presença dos
óxidos de ferro.
Figura 2. Solo que apresenta colora-
ção mais escura, devido à presença
de Matéria Orgânica.
Figura 1. Determinação da cor do
solo com a carta de Munsell.
20 Marcelo Ricardo de Lima
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
3. CONSISTÊNCIA DO SOLO3. CONSISTÊNCIA DO SOLO3. CONSISTÊNCIA DO SOLO3. CONSISTÊNCIA DO SOLO3. CONSISTÊNCIA DO SOLO
Entende-se por consistência a influência que as forças de coesão e de adesão exercem
sobre os constituintes do solo, de acordo com seus variáveis estados de umidade. A força
de coesãocoesãocoesãocoesãocoesão refere-se à atração de partículas sólidas por partículas sólidas. A força de ade-ade-ade-ade-ade-
sãosãosãosãosão refere-se à atração das moléculas de água pela superfície das partículas sólidas.
Aspectos práticos da consistência, que são facilmente observados pelos alunos, são a
dureza que certos solos apresentam quando secos, ou a pegajosidade que alguns apresen-
tam quando molhados. A consistência pode variar ao longo do perfil do solo, nos seus
diferentes horizontes.
3.1. Consistência do Solo Seco (Dureza)3.1. Consistência do Solo Seco (Dureza)3.1. Consistência do Solo Seco (Dureza)3.1. Consistência do Solo Seco (Dureza)3.1. Consistência do Solo Seco (Dureza)
A expressão da consistência quando o solo está seco (durezadurezadurezadurezadureza) é a resistência à ruptura
dos torrões. Para determinar a dureza, pega-se um torrão de solo seco, a fim de tentar
quebrá-lo com os dedos, ou, se não for possível, com a(s) mão(s). A consistência do solo
seco varia de solta até extremamente dura (SANTOS et al., 2005). Uma amostra de um solo
extremamente duro não pode ser quebrada mesmo utilizando ambas as mãos. Em um solo
extremamente duro, é difícil a penetração das raízes das plantas, o preparo do solo para o
cultivo pelo produtor rural, a escavação de poços ou fundações de casas.
3.2. Consistência do Solo Úmido (Friabilidade)3.2. Consistência do Solo Úmido (Friabilidade)3.2. Consistência do Solo Úmido (Friabilidade)3.2. Consistência do Solo Úmido (Friabilidade)3.2. Consistência do Solo Úmido (Friabilidade)
É também determinada a partir de um torrão de solo, mas este deve estar ligeiramente
úmido (não molhado). Tenta-se romper o torrão úmido com os dedos (ou, se necessário,
com a mão), para verificar a resistência à pressão. Este estado de consistência é conhecido
como friabilidadefriabilidadefriabilidadefriabilidadefriabilidade e pode variar de solta a extremamente firme (SANTOS et al., 2005).
Empiricamente, os produtores rurais normalmente preferem preparar o solo neste estado
de consistência, pois o solo oferece menor resistência, tendo em vista que as forças de
coesão e adesão são menores. O aluno poderá observar que a força utilizada para romper
um torrão úmido é menor do que se ele estivesse seco, pois diminuem as forças de coesão
entre as partículas de solo.
3.3. Consistência do Solo Molhado3.3. Consistência do Solo Molhado3.3. Consistência do Solo Molhado3.3. Consistência do Solo Molhado3.3. Consistência do Solo Molhado
É caracterizada pela plasticidade e pegajosidade, sendo determinada em amostras de
solo molhadas.
A plasticidadeplasticidadeplasticidadeplasticidadeplasticidade é observada quando o material do solo, no estado molhado, ao ser
manipulado, pode ser modelado constituindo diferentes formas (por exemplo, moldar e
dobrar um fio com 3 a 4 mm). A plasticidade varia de não-plástica até muito plástica (SANTOS
et al., 2005). A plasticidade do solo é uma propriedade muito utilizada pelos professores de
artes, mas é útil ao engenheirocivil, ao artesão e ao agricultor.
A pegajosidadepegajosidadepegajosidadepegajosidadepegajosidade refere-se à aderência do solo a outros objetos, quando molhado. Para
determinar a pegajosidade, uma amostra de solo é molhada e comprimida entre o indica-
dor e o polegar, estimando-se a sua aderência. A pegajosidade varia de não-pegajosa (não
21Noções de Morfologia do Solo
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
gruda nos dedos) até muito pegajosa (SANTOS et al., 2005). Este é um atributo
muito importante, pois um solo muito pegajoso é difícil de ser trabalhado para diversas
finalidades, como construção de um aterro por um engenheiro civil, ou o cultivo por um
produtor rural. Um equívoco comum, oriundo do senso comum, é achar que todo solo
argiloso é muito pegajoso e extremamente duro, o que nem sempre ocorre.
4. TEXTURA DO SOLO4. TEXTURA DO SOLO4. TEXTURA DO SOLO4. TEXTURA DO SOLO4. TEXTURA DO SOLO
As classes de tamanho das partículas individuais do solo, ou seja, as fraçõesfraçõesfraçõesfraçõesfrações
granulométricasgranulométricasgranulométricasgranulométricasgranulométricas (Quadro 1), são classificadas conforme o diâmetro. A composição
granulométrica do solo é obtida a partir da análise granulométrica (realizada por laborató-
rios de solos), a qual permite classificar os componentes sólidos do solo em classes (matacão,
calhau, cascalho, areia, silte, argila) de acordo com seus diâmetros.
Quadro 1. Frações granulométricas do solo
FRAÇÃO GRANULOMÉTRICA DIÂMETRO DAS PARTÍCULAS
 INDIVIDUAIS DO SOLO
Matacão Maiores que 20 cm
Calhau Entre 2 e 20 cm
Cascalho Entre 2 mm e 2 cm
Areia Entre 0,05 e 2 mm
Silte (ou “limo”) Entre 0,002 e 0,05 mm
Argila Menores que 0,002 mm
O professor deve estar atento para os alunos não confundirem as frações
granulométricas do solo com as estruturas do solo (ver o item 5 deste capítulo). Quando
o aluno observa um “torrão” de solo, ele não está observando um partícula individual de
solo, mas uma estrutura composta por partículas de diferentes diâmetros e composições
mineralógicas.
Normalmente, os alunos não têm dificuldade em compreender o que é uma partícula
de areia. No entanto, um erro comum é achar que a areia é sempre formada por quartzo,
ou que seja sempre clara, o que não é verdadeiro. Qualquer partícula individual sólida do
solo com diâmetro entre 0,05 e 2 mm é considerada areia. Em regiões do planeta, com
atividade vulcânica recente, por exemplo, a areia encontrada nos solos é freqüentemente
escura.
Os alunos usualmente apresentam maior dificuldade em compreender o que é a argila,
pois é uma partícula de tamanho muito pequeno (menor que 0,002 mm), e que não é
visível a olho nu. É comum as pessoas associarem a argila somente ao “barro” utilizado
em modelagem, o qual é uma amostra de um solo argiloso, cuja argila é acinzentada ou
branca e com elevada pegajosidade. No entanto, os solos argilosos têm diferentes
colorações e podem ter variáveis durezas, pegajosidades e plasticidades, conforme a
composição de minerais e matéria orgânica (ver o capítulo sobre composição do solo).
22 Marcelo Ricardo de Lima
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
A textura do solotextura do solotextura do solotextura do solotextura do solo refere-se à proporção relativa das frações areia, silte, e argila em um
solo. Com base nas proporções entre areia, silte e argila, são definidos os grupamentos
texturais (Quadro 2).
Quadro 2. Grupamentos texturais do solo (Adaptado de Embrapa, 1999)
GRUPAMENTO TEXTURAL DEFINIÇÃO
Muito argilosa Solos com mais de 60% de argila
Argilosa Solos com 35 a 60% de argila
Siltosa (ou “limosa”) Solos com argila < 35% e areia < 15%
Média (ou “franca”) Solos com menos de 35% de argila, mais de 15% de
areia, e que não sejam de textura arenosa
Arenosa Solos com areia ≥ 70% e sem argila;
ou areia ≥ 75% e argila < 5%;
ou areia ≥ 80% e argila < 10%;
ou areia ≥ 85% e argila < 15%
Um solo muito argiloso, por exemplo, é um solo que apresenta mais de 60% de partícu-
las com tamanho argila (menores que 0,002 mm). As frações areia e silte são responsáveis
pela proporção restante.
Deve ser considerado que a textura refere-se unicamente à proporção entre os tama-
nhos de partículas (areia, silte e argila) existentes no solo, e o comportamento físico e
químico também depende da composição mineralógica e conteúdo de matéria orgânica.
O professor deve estar atento ao fato de os alunos erroneamente acharem que a textura
(proporção entre as partículas de areia, silte e argila) é sinônimo de consistência (dureza,
friabilidade, pegajosidade, plasticidade) de um solo. Embora alguns solos argilosos sejam
muito duros e muito pegajosos, esta não é uma regra.
Existem algumas propriedades predominantes nos solos conforme a textura. Solos de
textura fina (ou seja, argilosa ou muito argilosa), terão, de modo geral, propriedades como:
capacidade de retenção de água elevada; propriedades químicas mais favoráveis que os
solos arenosos; maior porosidade total (ver o item 6 deste capítulo). Os solos argilosos de
regiões tropicais e subtropicais (devido a sua mineralogia) apresentam, em sua maioria, boa
estrutura (ver o item 5 deste capítulo) e, portanto, não apresentam problemas físicos, como
dificuldade de aeração ou de circulação de água. No entanto, se os solos argilosos não
forem bem estruturados, poderão apresentar circulação de água difícil e aeração deficiente.
Solos de textura grosseira (mais arenosa) tenderão a apresentar propriedades opostas às
descritas para os solos argilosos.
A textura do solo irá influir diretamente na escolha da cultura a ser plantada e nos
equipamentos que serão utilizados para o seu manejo. A textura também é muito importan-
te para a engenharia civil.
23Noções de Morfologia do Solo
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
5. ESTRUTURA DO SOLO5. ESTRUTURA DO SOLO5. ESTRUTURA DO SOLO5. ESTRUTURA DO SOLO5. ESTRUTURA DO SOLO
O conjunto de agregados do solo (que popularmente poderia ser chamado de “torrões
do solo”), em seu estado natural, forma a estrutura do solo. Estes agregados possuem
tamanho e formato variados e nada mais são que o agrupamento das partículas primárias,
ou seja, areia, silte, argila e outros componentes como a matéria orgânica. Estes grupamentos
formam as partículas secundárias ou agregados.
Os tipos de estruturatipos de estruturatipos de estruturatipos de estruturatipos de estrutura do solo (Figura 5) são as formas que as estruturas assumem no
solo. São quatro os principais tipos de estrutura do solo: a) em forma de esferóide: granular;
grumosa (este tipo de estrutura normalmente favorece a ocorrência de muitos poros, sendo
mais comum no horizonte A); b) em forma de bloco (é muito comum no horizonte B); c) em
forma de prisma: prismático e colunar; d) em forma de placa: laminar.
O professor pode fazer uma analogia entre a estrutura do solo e a estrutura de uma
casa. A casa é construída com diferentes materiais (tijolos, areia, cimento, etc.) que formam
uma estrutura e deixam espaços vazios (quartos, sala, cozinha, etc.). No solo, ocorre um
processo semelhante, visto que as partículas do solo (areia, silte, argila) formam uma estrutura
(granular, blocos, prismática, laminar), que permite a existência de espaços vazios (poros
do solo), nos quais se encontra a fração líquida do solo (solução do solo) e a fração gasosa
do solo (ar do solo) (ver o capítulo sobre composição do solo).
Quando há estrutura, as partículas individuais (areia, silte, argila) estão unidas, dificultando
a perda do solo pela erosão hídrica ou eólica (ver o capítulo sobre conservação do solo).
6. POROSIDADE DO SOLO6. POROSIDADE DO SOLO6. POROSIDADE DO SOLO6. POROSIDADE DO SOLO6. POROSIDADE DO SOLO
Muitas vezes, o aluno pode imaginar que o solo é um meio maciço, como uma rocha,
porém é um meio extremamente poroso. Pode ser feita uma analogia entre o solo e uma
esponja utilizada na cozinha. Como tem poros,o solo pode absorver água, assim como
ocorre na esponja. A porosidade pode ser definida como o volume de solo ocupado pela
fase líquida e pela fase gasosa do solo.
Do ponto de vista morfológico, é possível apenas observar os maiores poros em uma
amostra de solo (torrão), preferencialmente com o auxílio de uma lupa (Figura 6). No entanto,
a maior parte dos poros do solo não são visíveis a olho nu.
A porosidade dos solos é importante para o armazenamento e movimento da solução
do solo (fase líquida) e do ar do solo (fase gasosa) e para o desenvolvimento das raízes das
plantas. Deve ser claramente indicado aos alunos que as raízes crescem ocupando o espaço
poroso do solo, e não “comendo” a fração sólida (minerais e matéria orgânica).
A porosidade do solo é fator importante na aeração, garantindo um fluxo de entrada de
oxigênio e saída do gás carbônico e outros gases produzidos pelas raízes e microrganismos.
Em solos alagados, praticamente todos os poros são ocupados pela água, e em solos
completamente secos, os poros são ocupados pelo ar.
A compactação dos solo (ver capítulo sobre conservação do solo) apresenta, como
efeito direto, a redução dos poros, principalmente daqueles maiores, responsáveis pela
infiltração de água e penetração de oxigênio. A compactação pode ser causada pelo
tráfego de máquinas e animais sobre o solo. Um exemplo típico de compactação são as
24 Marcelo Ricardo de Lima
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
ruas de terra (urbanas ou rurais), as quais apresentam elevada compactação, não permitindo
a infiltração da água da chuva e favorecendo o escorrimento. É muito comum, em uma rua
de terra, ser observada a presença de erosão em suas laterais. Nas cidades, é comum os
solos estarem impermeabilizados (por asfalto ou concreto), impedindo a infiltração da água,
favorecendo o escorrimento e, conseqüentemente, as enchentes.
7. ATIVIDADES PROPOSTAS7. ATIVIDADES PROPOSTAS7. ATIVIDADES PROPOSTAS7. ATIVIDADES PROPOSTAS7. ATIVIDADES PROPOSTAS
Além das atividades descritas neste livro, o professor também pode visualizar algumas
atividades sobre morfologia do solo, acessando a experimentoteca de solos do Projeto
Solo na Escola, no endereço da Internet: www.escola.agrarias.ufpr.br.
Figura 5. Tipos de Estrutura do Solo.
Blocos
Laminar
Granular
Prismática
Figura 6. Poros visíveis no solo.
25Noções de Morfologia do Solo
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
7.1. Cor do Solo7.1. Cor do Solo7.1. Cor do Solo7.1. Cor do Solo7.1. Cor do Solo
Em sala de aula, o professor raramente terá a oportunidade de utilizar a carta de cores
de Munsell (Figura 1). No entanto, isto não impede que os alunos possam observar as cores
de diferentes solos. Os próprios alunos podem trazer amostras de diferentes solos (e
horizontes destes solos) que existam próximo de suas casas. Mesmo aqueles que moram
em apartamentos devem procurar o solo no jardim do edifício ou em parques e praças na
imediação de sua residência. O professor deve incentivar os alunos a procurar diferentes
cores, para evitar que todos tragam somente amostras de horizonte A (normalmente escura).
Com estas amostras os alunos podem formar uma colortecacolortecacolortecacolortecacolorteca (coleção de cores de solos). O
professor pode discutir com os estudantes a razão da existência das diferentes cores
encontradas (veja o ítem 2 deste capítulo).
7.2. Textura do Solo7.2. Textura do Solo7.2. Textura do Solo7.2. Textura do Solo7.2. Textura do Solo
A avaliação expedita dos grupamentos texturais de uma amostra de solo é feita pela
sensação que uma porção de solo oferece ao tato, após umedecida e trabalhada entre os
dedos. O professor pode trazer amostras de solo com diferentes texturas para a sala de
aula. Os alunos podem manusear amostras umedecidas entre os dedos (Figura 7) e sentir a
sensação ao tato. O solo arenoso é mais áspero ao tato e com partículas maiores, e, além
disto, produz mais barulho ao ser esfregado entre os dedos próximo ao ouvido. O solo
argiloso apresenta partículas menores (é bem fino) e, usualmente, é mais pegajoso ao tato.
O solo de textura siltosa apresenta sensação semelhante à do talco.
7.3. Consistência do Solo7.3. Consistência do Solo7.3. Consistência do Solo7.3. Consistência do Solo7.3. Consistência do Solo
Para trabalhar a consistência em sala de aula, o professor poderia utilizar solos com
diferentes consistências. Por exemplo: uma amostra de um solo muito duro, quando seco, e
muito pegajoso, quando molhado, e de um solo muito solto, quando seco, e não-
pegajoso, quando molhado. As amostras de solo seriam trazidas secas pelo professor
(basta secar sobre uma folha de jornal), ou pelos próprios alunos (cada equipe poderia ser
responsável por trazer um solo diferente). Os estudantes poderiam manusear o solo nos
diferentes graus de umidade: seco (analisando a dureza) e molhado (analisando a
pegajosidade e a plasticidade). Ao ser molhado e amassado, o solo não-pegajoso não
gruda nos dedos, o solo ligeiramente pegajoso gruda em um dos dedos, e o solo pegajoso
gruda em ambos os dedos, quando molhado (Figura 8). Quando molhado e amassado, o
solo não-plástico não permite formar um fio de 3 a 4 mm de diâmetro, o ligeiramente
plástico permite fazer o fio, mas este quebra ao dobrar, e o solo plástico permite fazer e
dobrar o fio sem quebrar (Figura 9). Esta atividade também poderia ser desenvolvida em
parceria com o professor da área de artes, o qual, além da plasticidade, também poderia
trabalhar a cor do solo.
26 Marcelo Ricardo de Lima
O SOLO NO MEIO AMBIENTE
8. REFERÊNCIAS8. REFERÊNCIAS8. REFERÊNCIAS8. REFERÊNCIAS8. REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria Nacional de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionaisParâmetros curriculares nacionaisParâmetros curriculares nacionaisParâmetros curriculares nacionaisParâmetros curriculares nacionais:
ciências naturais. Brasília: MEC/SEF, 1997. 136p.
BRASIL. Secretaria Nacional de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionaisParâmetros curriculares nacionaisParâmetros curriculares nacionaisParâmetros curriculares nacionaisParâmetros curriculares nacionais:
ciências naturais. Brasília: MEC/SEF, 1998. 138p.
EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistema brasileiro de classificação deSistema brasileiro de classificação deSistema brasileiro de classificação deSistema brasileiro de classificação deSistema brasileiro de classificação de
solossolossolossolossolos. Brasília: Embrapa Produção de Informação; Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999. 412p.
SANTOS, R.D.; LEMOS, R.C.; SANTOS, H.G.; KER, J.C.; ANJOS, L.H.C. Manual de descrição e coletaManual de descrição e coletaManual de descrição e coletaManual de descrição e coletaManual de descrição e coleta
de solo no campode solo no campode solo no campode solo no campode solo no campo. 5.ed. Viçosa, MG, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2005. 92p.
Figura 8. Determinação da pegajosidade solo molhado (esquerda), mostrando
um solo não-pegajoso (centro) e um solo ligeiramente pegajoso (direita).
Figura 7. Determinação do
grupamento textural do
solo úmido com o tato.
Figura 9. Determinação da
plasticidade com o solo
molhado, mostrando solo
não-plástico (esquerda),
ligeiramente plástico
(centro) e plástico (direita).
Determinação do grupamento textural do solo úmido com o tato
CAPÍTULO 4CAPÍTULO 4CAPÍTULO 4CAPÍTULO 4CAPÍTULO 4
COMPOSIÇÃO DO SOLO, CRESCIMENTO DECOMPOSIÇÃO DO SOLO, CRESCIMENTO DECOMPOSIÇÃO DO SOLO, CRESCIMENTO DECOMPOSIÇÃO DO SOLO, CRESCIMENTO DECOMPOSIÇÃO DO SOLO, CRESCIMENTO DE
PLANTAS E POLUIÇÃO AMBIENTALPLANTAS E POLUIÇÃO AMBIENTALPLANTAS E POLUIÇÃO AMBIENTALPLANTAS E POLUIÇÃO AMBIENTALPLANTAS E POLUIÇÃO AMBIENTAL
Vander de Freitas Melo1
Valmiqui Costa Lima1
1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO
O solo é composto por matéria mineral, matéria orgânica, água e ar.
Vamos começar com a seguinte pergunta:

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