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Breve Análise da Recente Dinâmica Territorial no Estado de Roraima

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Breve Análise da Recente Dinâmica Territorial no Estado de Roraima 
José Henrique Vilas Boas – IBGE/BA – josehenrique@ibge.gov.br 
Osmar Barreto Borges – IBAMA/RR – osmar_borges@yahoo.com.br 
Resumo
O  Estado  de  Roraima  apresenta,  no  seu  conjunto,  uma  interessante 
conformação de regiões com diferentes dinâmicas de ocupação e uso de seu 
território.  De um passado lento e sedimentado, passou, em tempos recentes, a 
um  presente  acelerado  e  mutante.    Aproveitando  esse  excelente  laboratório 
para o estudo da dinâmica territorial e dos modelos de desenvolvimento, vai­se 
procurar aqui espacializar e analisar, de forma breve, os diferentes aspectos de 
desenvolvimento de uma região brasileira onde, basicamente, se tem uma forte 
presença do Estado, mas que, contudo, observa uma atuante participação de 
diferentes correntes da iniciativa privada. 
Abstract 
The State of Roraima presents, as a hole, an interesting set of areas with 
different occupation dynamics and use of  its  territory. Of a slow and silted up 
past, it passed, in recent times, to an accelerated and mutant present.  Taking 
advantage of  this  excellent  laboratory  for  the  study of  the  territorial  dynamics 
and of the development models, it will seek to map them here and to analyze, in 
a  brief  way,  the  different  aspects  of  development  of  a  Brazilian  area  where, 
basically, a strong presence of the State is had, but that, however, it observes 
an active participation of different currents of the deprived initiative. 
Introdução 
O  Estado  de  Roraima  apresenta  uma  peculiaridade  que  constitui  um 
diferencial seu em relação aos demais estados da Amazônia brasileira; além da 
floresta  tropical,  conta  com  uma  extensa  área  campestre  da  formação  do 
Cerrado,  na  sua  porção  nordeste,  em  pleno  extremo  norte  brasileiro.    Esta 
característica deu  razão ao desenvolvimento na região de um modelo próprio 
de  ocupação,  uso  e  povoamento  para  os  moldes  de  Amazônia,  embora,  no 
entanto, se na Amazônia, com o aporte de suas particularidades.
A  principal  contribuição  que  este  trabalho  pretende  dar  é  a  de  definir 
áreas  do  Estado  de  Roraima  no  que  elas  apresentam  de  aspectos  distintos 
entre  si  quanto  ao  seu  desenvolvimento,  formas  e  modelos,  e  mostrar  seus 
inter­relacionamentos.  A dinâmica territorial verifica­se em todos os cantos do 
país  e  do  mundo,  mas,  particularmente,  nesse  Estado,  sua  presença  é 
marcante, e, como em um jogo de peças dispostas em cima de uma mesa, fácil 
de observar seus movimentos, reflexos e conflitos. 
Esta  riqueza  de  situações,  basicamente,  se  deve  ao  salto  que  deu  a 
região do rio Branco, o atual Estado de Roraima, no que diz respeito ao seu 
desenvolvimento.    Saiu  de  um  passado  de  níveis  de  transformação  muito 
lentos, que configuravam uma situação econômica e social muito sedimentada, 
passando para um presente de desenvolvimento acelerado, o que lhe confere 
um alto grau de mutabilidade nas relações intereconômicas e intersociais, com 
reflexos no espaço, na paisagem. 
A Economia, em poucos anos, no espaço de uma só geração, deixou de 
refletir uma ocupação e uso da terra baseados na pecuária extensiva, garimpo 
do  ouro  e  diamante  (atualmente  proibido),  na  região  dos  campos,  e  no 
extrativismo  vegetal,  na  região  da  floresta,  e  vai  cedendo  espaço  para  uma 
agricultura  diversificada,  seja  de  culturas  temporárias,  seja  de  culturas 
permanentes, e, também, para uma pecuária, agora, em padrões modernos. 
Com  isso,  trabalha­se com uma  realidade multivariada, em que se  tem 
frentes  pioneiras,  povoações  antigas  abandonadas,  modernas  fazendas  de 
gado,  rebanhos  comunais,  plantações de arroz  de alta  tecnologia,  agricultura 
itinerante,  desmatamentos,  “desintrusão”,  criatórios  de  peixe,  implantação  de 
novas  culturas  de  mercado,  assentamentos  rurais  em  quantidade  e  semi­ 
abandonados.    Os  mapas  não  conseguem  acompanhar  e  espacializar  as 
mudanças  político­administrativas  e  sócio­econômicas  observadas  em  um 
Estado,  que  se  encontra  em  um  intenso  movimento  em  busca  de  suas 
vocações e de sua cara. 
Áreas quando ao seu desenvolvimento 
Apenas  um  breve  comentário  será  feito  para  apresentar  as  diferentes 
áreas de desenvolvimento definidas aqui em uma primeira aproximação (Figura 
1).    Outras  áreas  devem  ser  ainda  definidas  e  algumas  dessas,  ainda
particularizadas  em  sub­áreas  ou  mesmo  em  outras  áreas  quanto  ao  seu 
modelo de desenvolvimento e quanto ao comportamento presente da dinâmica 
territorial. 
A  identificação  dessas  áreas  teve  início  quando  do  levantamento  feito 
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, da cobertura e uso da 
terra  do Estado de Roraima,  nos  anos  de 2004 e  2005.    Tomando por  base 
então  o  relatório  técnico  resultante  desse  levantamento,  “Uso  da  Terra  no 
Estado de Roraima” (IBGE, 2005), dá­se continuidade aos estudos e pesquisas 
quanto ao aspecto do desenvolvimento regional e da dinâmica territorial, cujos 
resultados preliminares são aqui apresentados. 
O  estudo  completo  dessas  áreas  exige  comprovações  fundamentadas 
em  dados  censitários  e  econômicos,  levantamento  histórico  de  documentos 
legais,  mapas  e  bibliografia,  pesquisas  de  campo  detalhadas  e  análise 
temporal da ocupação e uso da terra por imagens de satélite e outros recursos 
disponíveis de Sensoriamento Remoto e até mesmo de Aerofotogrametria, se 
houver. 
Não  somente  regiões  como  áreas  foram  definidas  e  descritas,  como 
também  cidades,  pelos  aspectos  interessantes  quanto  a  Sinergia  e  Entropia 
que  possam  apresentar,  ou  mesmo  quanto  ao  próprio  modelo  de 
desenvolvimento ou forma de criação, o que lhes dá a sua condição atual. 
E com isso, pode­se dar início ao estudo pela sua capital, Boa Vista, que 
além de  suas próprias  características,  resume a  força  da posição estratégica 
do Estado no território nacional, como seu ponto avançado e como participação 
do Brasil no contexto do Caribe.  Roraima é o elo de ligação de uma importante 
região que se forma, e que ainda se expande e se afirma, ao norte da América 
do Sul;  região essa que, em princípio,  compreende os estados brasileiros  do 
Amazonas e de Roraima, e os países vizinhos, Venezuela, Güiana e Suriname 
(Figuras 2 e 3).
FIGURA 1: Áreas do Estado de Roraima quanto ao seu desenvolvimento.   A 
definição dos limites das diferentes áreas é aproximada.
FIGURA  2:  Linha  de  fronteira  entre  Brasil  e  Venezuela.    A  rodovia  cruza  a 
fronteira na cidade de Pacaraima, no Estado de Roraima, a dez quilômetros da 
cidade  de  Santa  Elena,  já  na  Venezuela.    O  asfalto  da  BR­174  chega  de 
Manaus e Boa Vista e vai até Caracas. 
FIGURA  3:  Travessia  de  balsa  no  rio  Tacutu.    Fronteira  entre  o  Brasil  e  a 
Güiana, onde a construção da ponte internacional encontra­se paralisada.  Por 
asfalto,  chega­se  pela  BR­401  até  Bonfim,  que  faz  fronteira  com  Lethen,  na 
Güiana.    Futuramente,  Georgetown  e  Paramaribo,  capitais  da  Güiana  e  do 
Suriname, respectivamente, estarão mais próximas ainda.
A Capital Boa Vista 
A capital é moderna, com traçado planejado, e é uma cidade que deve o 
seu  desenvolvimento  à  condição  de  capital  de  estado,  com  o  decorrente 
alojamento do setor público­administrativo, e que sente atualmente os reflexos 
progressistas  de uma  instalação  integral  desses  serviços  com a mudança  de 
sua antiga condição de território para a de estado. 
Emboraseja  um  crescimento  decorrente  de  uma  ação  estatal,  o  setor 
privado  responde  perfeitamente  às  expectativas  do  investimento  público, 
principalmente no setor  terciário, em que o comércio cresce vertiginosamente 
para  atender  uma  clientela  exigente  de  funcionários  públicos,  concursados, 
muitos deles com o  terceiro grau de escolaridade e provenientes de  todos os 
recantos do país. 
O setor industrial na capital também cresce, mas por uma razão de uma 
certa  forma  independente  do  incentivo  estatal;  cresce  por  uma  característica 
física  da  região,  que propiciou  o  cultivo  do arroz nas grandes  regiões  planas 
dos  campos  de  Roraima.    A  agroindústria  do  beneficiamento  do  arroz  é 
moderna, e localiza­se em Boa Vista e sua produção atende o comércio local e 
o de Manaus. 
O  turismo  apresenta  grandes  perspectivas,  principalmente  para  o 
mercado  consumidor  de  Manaus,  que  vê  como  uma  de  suas  poucas 
alternativas,  conhecer  Boa  Vista,  a  capital mais  próxima  de Manaus,  cidade 
urbanisticamente  agradável  e  com  fácil  acesso  rodoviário,  por  asfalto. 
Também é o ponto inicial do circuito internacional Brasil­Venezuela.  O roteiro 
tem  início  em  Boa  Vista,  segue  com  a  visita  ao Monte  Roraima,  a  partir  de 
Santa  Elena;  passa  por  Ciudad  Bolívar,  no  rio  Orenoco;  e  finaliza  em  Isla 
Margarita.  Por outro lado Boa Vista e seu comércio com produtos da indústria 
brasileira são um atrativo para venezuelanos e güianenses (Figura 4). 
Boa Vista constitui de fato um pólo regional de desenvolvimento para o 
seu Estado.  A Sinergia é facilmente observada na cidade, que passa por um 
processo de revitalização desencadeado com a transformação do território em 
Estado.
FIGURA 4: Plataforma Meremê.  A Orla Taumanan, e suas plataformas sobre 
o rio Branco, no porto fluvial de Boa Vista, é uma das muitas áreas de lazer da 
cidade. 
Áreas Rurais de Boa Vista e Alto Alegre 
O desenvolvimento das áreas rurais de Boa Vista e Alto Alegre é o que 
melhor se vê no Estado de Roraima, em matéria de livre iniciativa, sendo mais 
sentido na agricultura do que na pecuária, que ainda guarda alguns resquícios 
dos sistemas de produção tradicionais (Figuras 5 e 6).  A diversidade é grande, 
chegando a apresentar empreendimentos de criação de peixes de água doce, 
em  tanques,  em  resposta  à  alta  demanda  pelo  pescado  nas  regiões  de  Boa 
Vista e Manaus. 
FIGURA 5: Cultivo de ananás.  Rodovia RR­205, município de Boa Vista.
FIGURA 6: Cultivo de limão­Tahiti.  Rodovia RR­205, Município de Boa Vista. 
A cidade de Alto Alegre, apesar de todo o aparato de serviços públicos 
que  ressaltam  em  todas  as  sedes  municipais  do  Estado,  tem  uma  forte 
movimentação  comercial  para  o  atendimento  da  sua  pujante  zona  rural, 
sobressaindo nas suas ruas o aspecto privado sobre o público. 
A  Sinergia  também  é  observada  aqui  onde  um  desenvolvimento 
espontâneo do setor privado no meio  rural  responde às demandas da capital 
Boa  Vista,  aproveitando  a  sua  posição  geográfica  de  proximidade,  como 
também, quanto à qualidade de terras livres para ocupação. 
A Cidade de Caracaraí 
Toda  a economia  do Estado,  desde a  época  da  colonização,  circulava 
pelas águas do rio Branco.  As grandes embarcações chegavam tão somente 
até Caracaraí, a jusante da Cachoeira Caracaraí.  Também só até Caracaraí se 
dava  a  navegação  o  ano  inteiro,  mesmo  que  de  forma  precária  durante  a 
estação  seca.    Praticamente  o  único  elo  de  comunicação  do  Estado  com  o 
restante do país, seu porto  fluvial unia o sistema hidroviário a sul, na área da 
mata,  com  o  sistema  rodoviário  a  norte,  na  área  dos  campos,  onde  se 
encontrava a capital e a base da economia regional, a pecuária (Figura 7). 
Com  a  chegada  da  rodovia  Manaus­Caracaraí,  BR­174,  a  navegação 
caiu e Caracaraí perdeu sua importância econômica e social para o Estado.  A 
cidade  conta  agora  com perspectivas mais modestas  de desenvolvimento  do
que as que pretendia alcançar no passado, que se baseavam na  função vital 
para o contexto do Estado de um nó hidro­rodoviário. 
FIGURA  7:  Porto  de  Caracaraí.    Cais  em  rampa  sobre  o  rio  Branco  e  a 
estrutura inacabada do novo cais. 
Atualmente,  Caracaraí  se  amolda  a  novas  propostas  de 
desenvolvimento, ainda voltadas para os setores do comércio e de serviços, só 
que  a  nível  local,  em  atendimento  às  atividades  de  sua  zona  rural  que,  em 
contrapartida, se encontram em expansão. 
Não  seria  correto  dizer­se  que  a  cidade  de Caracaraí  encontra­se  em 
Sinergia  ou  em  um  início  de  um  processo  de  revitalização.    Mais  seria  um 
período  de  estabilização,  em  que  as  perdas  econômicas  sofridas, 
contrabalançam com as transformações em seu meio rural e com o movimento 
de  chegada de migrantes  provenientes  dos assentamentos  rurais  no Estado, 
desestimulados  e  em  busca  de  novas  alternativas  de  sobrevivência  e  da 
segurança  que  uma  cidade  do  porte  de  Caracaraí  já  oferece  com  relação  à 
oferta de trabalho e aos serviços sociais. 
Áreas de Mata de Mucajaí, Iracema e Caracaraí 
Novas áreas vêm sendo abertas para a pecuária e agricultura na região 
da  floresta  em  Roraima.    Muitos  desses  empreendimentos  pertencem  a 
fazendeiros  expropriados  de  outras  áreas  do  Estado,  onde  se  deu  a
regularização das terras indígenas (Figura 8), que optaram por essa região por 
sua localização privilegiada e por serem terras livres para ocupação. 
FIGURA 8: Moderna fazenda de gado, com pastagens plantadas.  Rodovia BR­ 
174, município de Iracema. 
Embora os municípios de Mucajaí, Iracema e Caracaraí se encontrem na 
parte central do Estado, junto ao rio Branco, a exploração econômica de suas 
terras estava voltada para os produtos da floresta, como a castanha e a balata, 
por  exemplo.    As  atividades  agropecuárias,  quase  que  exclusivamente  a 
pecuária, davam preferência para a região dos campos, mais ao norte. 
A  dinâmica  territorial  aqui  se  dá  com a  substituição  de  uma  atividade 
econômica  tradicional  que  pouco  suporte  deu  ao  Estado  de  Roraima,  o 
extrativismo  vegetal,  por  uma  outra  atividade,  a  agropecuária,  que  vem  em 
termos modernos e com investimentos altos de capital, capital privado.  Resta 
discutir  os  benefícios  ou  não  para  o  ambiente  como  um  todo,  advindos  com 
essa  mudança  radical  da  paisagem;  se  o  Código  Florestal  está  sendo 
observado, ou se haveria outras formas de uso racional da área da floresta. 
Área do Médio Rio Branco 
O despovoamento de ambas as margens do rio Branco, de Caracaraí a 
Carimaú é uma realidade.  Não tendo mais os meios de comercializar a balata, 
base da economia  local, vilas e povoados foram abandonados e rapidamente 
tragados  pela  floresta  (Figura  9).    Ao  longo  do  rio,  observam­se  muitas
capoeiras de mata, a vegetação secundária que procura restabelecer a floresta 
e indica onde antes eram as roças das povoações ribeirinhas. 
FIGURA 9: Povoado  abandonado no médio  curso  do  rio Branco.   Restos  de 
acampamento no que antes era o povoado de Açailândia. 
Nessa área, inclui­se a vila de Catrimani, que, às margens do rio Branco, 
é  quase  tão  antiga  quanto  a  história  de Roraima.    Foi  sede  do município  de 
Catrimani, que depois passou a se chamar Caracaraí, com a mudança da sede 
para  essa  cidade.    Com  o  seu  recente  abandono,  em  pouco  tempo 
transformou­se em mato, mas ainda continua sendo uma referência geográfica 
para a região (Figura 10). 
O único regatão que comercializavacom os ribeirinhos de toda a região 
do  rio  Branco,  com  a  idade,  e  sem  quem  continuasse  à  frente  de  seus 
negócios,  fechou  sua  empresa.    A  população  de  todos  esses  povoados  e 
lugarejos, sem meios de sobrevivência, abandonou suas posses e mudou­se, 
principalmente, para Caracaraí e Boa Vista. 
A  Entropia,  que  já  era  uma  marca  da  região,  chegou  ao  seu  ponto 
máximo, causando a sua total desterritorialização.  Economia frágil: ocupação e 
povoamento frágeis.
FIGURA 10: A vila de Catrimani foi tragada pela mata. 
Área do Baixo Rio Branco 
O  baixo  curso  do  rio  Branco,  embora  tenha  sofrido  o  mesmo  revés 
econômico  com  a  extinção  da  empresa  que  comercializava  a  balata,  não 
chegou  ao  abandono  em  virtude  do  interesse  manifestado  pelo  Estado,  que 
investiu na manutenção da infra­estrutura de serviços, principalmente na vila de 
Santa Maria do Boiaçu. 
Área em Entropia com seu processo de desterritorialização estabilizado 
por  intervenção  do  Estado,  sem  no  entanto  nenhuma  perspectiva  para  o 
momento de reversão do processo, por Sinergia. 
Terra Indígena São Marcos 
A  área  da  Terra  Indígena  São  Marcos  encontrava­se  dividida  entre 
fazendas  de  gado  e  comunidades  indígenas,  predominantemente  Macuxis. 
Situa­se em região estrategicamente importante, já que é cortada pela rodovia 
BR­174,  asfaltada,  que  liga  Boa  Vista  a  Pacaraima,  na  fronteira  com  a 
Venezuela, de onde a rodovia, também asfaltada, segue até Caracas. 
Para  a  regularização  da  situação  fundiária  da  Terra  Indígena,  os 
fazendeiros  foram  indenizados  pelas  Centrais  Elétricas  do  Norte,
ELETRONORTE, que, em contrapartida, construiu sua linha de alta tensão pela 
área da Reserva, para levar energia elétrica da Venezuela para Boa Vista.  A 
empresa  aproveita  sua  presença  na  região  para  também  desenvolver  um 
programa  comunitário  junto  às  populações  da  Terra  Indígena  São  Marcos, 
envolvendo  a  Fundação  Nacional  do  Índio,  FUNAI,  e  as  comunidades 
indígenas (Figura 11). 
FIGURA 11: Programa São Marcos. Placa de estrada que  fica na entrada do 
seu centro de atividades, na rodovia BR­174.   Na placa,  lêem­se os objetivos 
do Programa, a  “Desintrusão da Terra  Indígena” e o  “Resgate de Dignidade”. 
Município de Pacaraima. 
Com  a  regularização  das  terras  indígenas,  mudou  o  regime  de 
propriedade  do  privado  para  o  comunitário,  regime  próprio  observado  nos 
povos  indígenas  brasileiros.    A  posse  da  terra  e  dos  bens  de  produção  é 
comunitária, bem como os bens produzidos, sua distribuição ou renda.  O uso 
da  terra  mudou,  e  com  a  saída  dos  rebanhos  de  gado,  as  comunidades 
passaram a utilizar parte dos desmatamentos abertos na floresta, ao longo da 
rodovia  que  sobe  a  serra  de Pacaraima,  para  se  dedicar  às  suas  roças  com 
seus sistemas de produção característicos. 
A FUNAI entregou a cada comunidade indígena do Estado, não só às de 
São Marcos, um lote de 50 cabeças de gado, que são criadas ou pelos próprios 
indígenas  ou  por  “peões”  contratados,  em  retiros  localizados  nas  áreas  dos 
campos.  Com isso, pretende­se diversificar a dieta alimentar nas comunidades
e  substituir  a  caça  que  já  é  escassa  na  região,  ao  passo  que  a  população 
indígena cresce. 
Porém, a principal questão que se coloca no tocante ao desenvolvimento 
está  ligada à situação do  indígena no contexto da Sociedade.   A situação de 
impasse  que  vivem,  quando  a  sua  realidade  já  se  mistura  com  a  das 
sociedades envolventes, quando almejam bens de consumo e padrões sociais 
que não são seus, e não têm os meios de produção e renda para adquiri­los. 
Na Terra  Indígena São Marcos, muitas das comunidades  foram se  localizar à 
beira  da  rodovia,  num claro  sinal  de  sua busca  pela  inserção  no  restante  da 
sociedade brasileira (Figura 12). 
FIGURA 12: Comunidade indígena Boca da Mata.  As casas são praticamente 
todas  elas  de  alvenaria,  e  a  comunidade  fica  junto  da  rodovia  BR­174. 
Município de Pacaraima. 
A Cidade de Pacaraima 
Este  é  um  dos  melhores  exemplos,  onde  se  pode  visualizar  e 
compreender o conflito que existe em Roraima entre o Poder Público estadual 
e o Poder Público  federal.   Enquanto as esferas  federais do Poder procuram 
deter o máximo das terras do Estado, o governo estadual procura, da mesma 
forma, ao máximo, estender seu poder,  infiltrando seus braços administrativos 
por todas as brechas em que possa gerar um desenvolvimento induzido. 
A  cidade  de  Pacaraima  encontra­se  espremida  contra  a  fronteira  da 
Venezuela,  e  sua  área  urbana,  com  Prefeitura,  Câmara,  Fórum,  escolas,
hospitais e tudo mais, encontra­se totalmente dentro de área indígena, a Terra 
Indígena São Marcos. 
Por  ser  cidade  de  fronteira,  teve  um  crescimento  espontâneo  e 
desordenado, para atender caminhoneiros e turistas em trânsito, ao lado de um 
crescimento  planejado,  para  lhe  abrir  novos espaços e  dar  foros  de  sede de 
município.    Trata­se  de  uma  cidade  em  que  convivem  iniciativa  privada  e 
intervenção  do  Estado;  ou  melhor,  em  que  o  governo  estadual  marca  sua 
presença,  e  o  Município  procura  controlar  a  ação  desordenada  do  setor 
terciário,  o  comércio,  e  administrar  o  crescimento  populacional  da  cidade 
(Figuras 13 e 14). 
FIGURA 13: Cultivo de olerícolas em casas de plástico.  Esse empreendimento 
é  administrado  por  uma  ONG,  nos  arredores  de  Pacaraima,  para  atender  o 
mercado local. 
As  nuances  do  desenvolvimento,  da  preservação  do  ambiente,  da 
garantia dos direitos dos indígenas, tudo tem que ser pensado e avaliado com 
isenção,  avaliando­se  o  mais  cuidadosamente  possível  seus  prognósticos. 
Pacaraima,  embora  seja  considerada  uma  invasão  em  território  indígena, 
constitui,  juntamente  com  a  própria  rodovia,  um  dos  meios  de  inserção  da 
população  indígena no  todo da sociedade brasileira.   Exemplo disso, na  feira 
de Pacaraima a comercialização de  farinha grossa, banana, galinhas e peixe 
seco,  produzidos  nas  comunidades  indígenas,  constitui  uma  fonte  de  renda 
para  a  aquisição  de  artigos  industrializados  que  já  fazem  parte  de  suas
necessidades de  consumo  (Figuras  15 e  16).    Feiras  e mercados municipais 
são um reflexo da zona rural e da economia local. 
FIGURA 14: Casa de Verão do Governador.  A presença do Estado logo se faz 
sentir,  aproveitando  o  clima  ameno  da  serra  de  Pacaraima,  que  a  mais  de 
1.000 m de altitude, torna Pacaraima uma opção de turismo para toda a região 
da Amazônia Ocidental. 
FIGURA  15:  Venda  de  farinha  na  Feira  de  Pacaraima.    O  excedente  da 
produção agrícola das comunidades indígenas vizinhas à cidade, basicamente 
farinha de mandioca e banana, é comercializado na feira local.
FIGURA  16:  Comercialização  de  galinhas  na  Feira  de  Pacaraima.    A  feira 
oferece  muito  poucos  produtos,  mas  é  abastecida  praticamente  pelas 
comunidades indígenas de São Marcos. 
A Cidade de Amajari 
A  cidade  de  Amajari  merece  destaque,  por  ser  um  bom  exemplo  de 
intervenção  do  Estado  e  de  desenvolvimento  dirigido,  quanto  à  criação  de 
cidades em pontos estratégicos, oferecendo toda gama de serviços públicos e 
assistência  social.    Em  cima  de  um  pequeno  núcleo  original,  formou­se  uma 
cidade  de  ruas  largas,  grandes  lotes,  em  que  se  destacam  as  casas  onde 
funcionam os diferentes órgãos que fazem parte do equipamento urbano, como 
empresa de água, de luz, etc...Com  isso,  mesmo  que  a  cidade  apresente muito  pouco movimento,  o 
governo  estadual,  estrategicamente,  marca  sua  presença  em  meio  a  áreas 
indígenas,  reservas  do  meio  ambiente  e  assentamentos  rurais  da  esfera 
federal,  administrados  pelo  Instituto  Nacional  de  Colonização  e  Reforma 
Agrária – INCRA. 
A  iniciativa  privada  é  tão  incipiente  na  cidade  e  os  assentamentos 
agrícolas  tão  desarticulados,  que  o  Governo  sentiu  necessidade  de  que  se 
construísse  uma  granja  pública,  para  a  produção  de  galinhas  e  ovos  para  o 
abastecimento local (Figura 17).
FIGURA  17:  Granja  municipal  de  Amajari.    A  construção  de  uma  granja 
municipal é mais um elemento que se faz presente na implantação de cidades 
e  criação  de  municípios,  forma  encontrada  pelo  Estado  para  ocupação  do 
território e seu povoamento. 
Áreas Yanomamis 
As  aldeias  indígenas  dos  Yanomamis  ocupam  a  parte  ocidental  do 
Estado de Roraima.  Formam uma grande área contínua, e o distanciamento 
total dessa população torna­se fundamental para a preservação física e cultural 
desse povo, que ainda mantém seus hábitos e costumes em harmonia com a 
Natureza.  É justificada até a existência de uma área a mais que funcione como 
um cinturão de isolamento, reduzindo ao máximo o contato dessas populações 
com a sociedade “civilizada”. 
É  importante  e  ético  não  só  a  preservação  da  biodiversidade,  como 
também  da  sociodiversidade,  no  que  diz  respeito  às  etnias  que  compõem  a 
sociedade  brasileira.    Deve­se  manter,  portanto,  o  seu  desenvolvimento 
autóctone, o que leva a um desenvolvimento preservado para a região. 
Terra Indígena Waimiri­Atroari 
Localizada  ao  sul  do  Estado,  na  fronteira  com  o  Amazonas,  a  Terra 
Indígena Waimiri­Atroari é atravessada pela rodovia BR­174 que liga Manaus a 
Boa Vista.   As populações  indígenas que aí vivem, de uma maneira geral,  já 
têm  um  certo  grau  de  aproximação  com  o  restante  da  sociedade  brasileira.
Seus  valores  culturais  e  étnicos  encontram­se  em  um  nível  intermediário  de 
preservação. 
Embora seja possível ainda para o povo Waimiri­Atroari manter um certo 
desenvolvimento  autóctone,  a  sua  posição  geográfica  leva  a  um  contato 
forçoso  com  o  restante  da  sociedade  brasileira.    Isto  leva  a  que  um 
desenvolvimento controlado seja pensado pelos órgãos responsáveis, devendo 
rever  não  só  as  condições  jurídicas  relacionadas  às  terras  indígenas  para 
resolver  conflitos  atuais,  como  também  trabalhar  hoje  com  prognósticos 
futuros.    A  inexorável  absorção  de  uma  sociedade menor  pela  envolvente  e 
maior, embora deva ser retardada, quando vier, deve garantir um processo de 
inserção  social  digno,  preservando  a  sua  identidade  étnica  e  cultural  com  a 
terra, sua integridade física e de seus valores éticos e morais. 
Áreas Indígenas do Extremo Noroeste do Estado 
A  estrutura  fundiária  de  Roraima  tem  passado  por  profundas 
transformações com a desocupação das terras indígenas.  O extremo noroeste 
do  Estado  constitui  uma  área  de  ocupação  indígena  expressiva.  Com  a 
desapropriação,  sedes de  fazenda de gado transformam­se em comunidades 
indígenas,  passando  o  seu  uso  de  privado  para  o  coletivo.    Com  a  entrega, 
pela  FUNAI,  do  lote  de  50  cabeças  de  gado  a  cada  comunidade  indígena, 
altera­se  também  a  forma  de  produção,  perdendo  esta  seu  caráter  privado, 
passando para formas comunais da produção (Figuras 18 e 19). 
Áreas dos Assentamentos Rurais do Sudeste do Estado 
São muitos  os  assentamentos  rurais  do  INCRA em Roraima,  e,  ainda, 
existem  os  de  administração  estadual.    Verifica­se  um  alto  percentual  de 
abandono  de  suas  glebas,  principalmente,  por  falta  de  verbas  para  o 
financiamento da produção e para assistência técnica.  A área aqui definida e 
descrita situa­se no Sudeste do Estado, ocupando áreas ao longo das rodovias 
BR­174, em direção a Manaus, e BR­210, a Perimetral Norte.
FIGURA 18: Comunidade Novo Paraíso, antes,  Fazenda Bala.   Rodovia RR­ 
202,  entre  Normandia  e  Vila  Surumu.    Conta  inclusive  com  uma  escola. 
Município de Normandia. 
FIGURA  19:  Gado  bovino  nos  retiros  das  comunidades  indígenas.    Rodovia 
RR­202,  entre  Normandia  e  Vila  Surumu.    Cada  comunidade  recebeu  da 
FUNAI 50 cabeças de gado.  Município de Normandia. 
Além  da  agricultura  para  a  própria  subsistência  praticada  pelos 
assentados, a comercialização da banana constitui  sua mais  importante  fonte 
de renda.  A exploração da madeira se dá com a abertura das vicinais e com a 
cota de desmatamento permitida a cada gleba (Figura 20).
FIGURA  20:  Vicinal  19  do  Assentamento  Rural  de  Rorainópolis.    As 
castanheiras  mortas  são  um  sinal  de  que  nem  sempre  a  legislação  que 
estabelece a sua preservação é observada. 
Mesmo  com  os  assentamentos  em  abandono,  a  estagnação  do  meio 
rural  não  corresponde  ao  movimento  observado  nas  cidades  da  região, 
principalmente Rorainópolis, que, em sinergia, acumula outras variáveis ao seu 
desenvolvimento.    Rorainópolis  é  um  centro  comercial;  cidade  pioneira,  é  a 
mais  antiga  cidade  da  região,  que  por  sua  localização  na  BR­174,  se 
transformou  em  cidade  de  trânsito  para  quem  chega  de Manaus,  a  primeira 
cidade  quando  se  chega  a  Roraima,  após  a  travessia  da  Terra  Indígena 
Waimiri­Atroari, foi cidade de negócios para quem queria mexer com terra. 
Embora  a  região  como  um  todo  pudesse  estar  alcançando  níveis 
maiores  de  desenvolvimento,  se  as  glebas  dos  assentamentos  estivessem 
produzindo  como  o  esperado,  Rorainópolis  continua  crescendo,  em  um 
desenvolvimento  espontâneo;  encontra­se  em  sinergia.  São  Luiz  do  Anauá, 
São  João  da  Baliza  e  Caroebe,  inicialmente  simples  núcleos  urbanos  que 
receberam foros de município, estão se desenvolvendo com a alta intervenção 
do  governo  estadual,  que  dotou  essas  cidades  com  todo  os  equipamentos 
urbanos.    Todas  essas  quatro  cidades  do  Sudeste  de  Roraima  recebem  a 
população que abandona a zona rural, em entropia.
Conclusão 
Propositadamente, não se procurou, como seria  recomendável,  colocar 
em  ordem  as  diferentes  áreas  segundo  sua  dinâmica  territorial  e  forma  de 
desenvolvimento,  separando  as  áreas  em  entropia  das  em  sinergia. 
Direcionou­se  a  ordem de entrada  das áreas de desenvolvimento  a  partir  do 
centro,  a  capital  do  Estado,  e  daí,  em  função  de  relações  entre  elas  de 
correspondência e de fluxos. 
Em decorrência dessa exposição, sobressai o sentimento de um Estado 
em ebulição, onde se  tem diferentes  tipos de  troca de energia, com fluxos de 
diversas  direções,  conflitos.    Resultado  esperado  de uma  região  que  passou 
em um curto espaço de  tempo, de um passado lento e sedimentado para um 
presente  acelerado  e  mutante,  virando  de  cabeça  para  baixo  economia, 
sociedade, valores e a terra. 
O que se viu nesses últimos  trinta anos  foi que, para ocupar áreas de 
fronteira,  são  abertos  assentamentos  agrícolas  ao  longo  das  novas  rodovias 
que  se  abriam  na  floresta,  e  elegem­se  para  ocupá­los  excedentes 
populacionais  de  outros  lugares  do  país,  esvaziando­se,  de  imediato,  os 
conflitos  nesses  lugares  existentes,  e  com  isso  chegam  os  maranhenses  a 
Roraima; a mineração do ouro e do diamante assume grandes proporções e a 
dizimação dos yanomamis pelos garimpeiros chama a atenção dos organismos 
internacionais,e  com  isso  aumenta  a  conscientização  nacional  a  respeito  e 
fecham­se,  por  lei,os  garimpos  em  todo  o  território  nacional;  e,  ainda  mais 
significativo,  acelera­se  a  regulamentação  de  terras  para  os  indígenas,  que 
antes  tinham suas aldeias misturadas às  tradicionais  fazendas de gado e que 
depois passaram a ficar espremidas pela multiplicação de muitas outras novas 
fazendas; e, em decorrência disso, fazendeiros foram expropriados e passaram 
a abrir seus pastos em áreas da floresta, ou adquirindo os direitos de algumas 
glebas  melhor  situadas;  glebas  essas  abandonadas  pelos  assentados,  e  de 
muitas  outras  glebas  e  assentamentos,  tomando  o  rumo  das  cidades  onde 
possam ter outras oportunidades de sobrevivência; concomitante a isso, e em 
função de tudo isso, tem­se o crescimento da capital com a chegada dos novos 
funcionários do Estado, crescimento que transformou o antigo território, o que 
implicou no surgimento de novas demandas, que acarretam a modernização da 
Economia  tanto  na  cidade  quanto  na  zona  rural  próxima,  trazendo  novas
alternativas  para  ex­garimpeiros,  ex­assentados  e  mesmo  indígenas  ex­ 
aldeiados,  tudo  isso  realimentando  o  seu  crescimento  e  o  seu 
desenvolvimento;  ao  passo  que,  ao  longo  do  rio  Branco,  outrora  a  grande 
artéria  líquida de  comunicação  da  região  com o  restante  do país,  assiste­se, 
agora abandonada e relegada pelo deslocamento do eixo de desenvolvimento 
para  a  estrada  que  rasgou  a  selva  e  que,  depois  de  asfaltada,  garante  a 
comunicação  durante  todo  o  ano,  desde Manaus  até  Boa  Vista,  e  ainda  até 
Caracas, assiste­se ao fim da incipiente economia baseada no extrativismo da 
balata  e  saída  dos  ribeirinhos  que  povoavam  suas  margens  em  busca  de 
outras oportunidades; e Boa Vista se moderniza e o Estado cresce, quer mais 
controle sobre sua terra e busca por mais espaços. 
E  aí  se  apresenta  a  questão  axial  para  o  desenvolvimento  regional  do 
Estado: encontrar os meios de como lidar com a questão do domínio da terra e 
a da multiplicidade de suas populações. 
Mais do que entre  fazendeiros e  indígenas, o embate de  forças dentro 
da  dinâmica  territorial  de  Roraima  tem­se  dado,  sucessivamente,  mandato  a 
mandato,  entre  governos  estaduais  e  os  da  União.    Tem­se  dois  estados. 
Embora, normalmente, se tenha realmente dois estados, o estadual dentro do 
nacional, a diferença  ideológica entre o nível  local e o nacional leva a que se 
observe com mais atenção a qualidade dessa relação. 
Os  estudos  para  lidar  com  as  contradições  do  desenvolvimento 
econômico  e  social  em  relação  ao  meio­ambiente  já  se  encontram  bem 
avançados,  no  sentido  de  se  dar  a  devida  importância  à  biodiversidade.   No 
entanto, em  relação às ditas comunidades  tradicionais, ou seja,  comunidades 
indígenas, quilombolas e outras, ainda se discutiu e se avançou muito pouco 
em  direção  a  como  lidar  com  a  sociodiversidade  dentro  da  realidade  do 
presente e diante da realidade do futuro. 
A  questão  indígena  quanto  ao  desenvolvimento  é  um  assunto  por 
demais melindroso e de difícil apreensão de todos os elementos envolvidos, e 
até  mesmo  de  identificá­los.    Embora,  aparentemente,  seja  tratada  apenas 
como uma questão de  terra,  se  fosse encarada pelo prisma do Planejamento 
Regional  e  do desenvolvimento,  passaria a ser  uma questão  de atendimento 
das distintas  necessidades  básicas  de diferentes  populações  que  co­habitam 
um país.
Por  fim,  deve  ser  ressaltada  a  importância  dos  estudos  de  dinâmica 
territorial,  para  que  se  identifiquem  as  diferentes  áreas  quanto  ao 
desenvolvimento e para que os escritórios de Planejamento tenham assim uma 
compreensão integrada de uma região e possam traçar diagnósticos e sugerir 
medidas corretivas no  intuito de subsidiar as esferas do poder de  tomada de 
decisão. 
E  não  se  deve  esquecer  que  este  trabalho  teve  por  base  um 
levantamento  de  ocupação  e  uso  da  terra,  que  com  isso  se  mostrou  uma 
ferramenta  útil  para  a  área  de  estudo  do  Desenvolvimento  Regional, 
principalmente  se  esses  levantamentos  privilegiam  não  tão  somente  a 
cobertura da Terra, como também, os sistemas e as  formas de produção e a 
estrutura fundiária. 
Espera­se  que  a  presente  contribuição  tenha  continuidade  em  outros 
trabalhos,  tanto  na  identificação  de  outras  áreas de desenvolvimento,  quanto 
no  aprofundamento  do  estudo  de  cada  área  definida,  porque  Roraima  é  um 
Estado  rico  em  exemplos  para  o  estudo  do  desenvolvimento  e  da  dinâmica 
territorial, e mais, em tempo real.  Um Estado em transformação, em busca de 
sua cara. 
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Jauaperi.  Entrevista  concedida  a  José Henrique  Vilas  Boas,  da Unidade 
Estadual da Bahia/IBGE, 28 out. 2004. 
Agradecimentos 
Os nossos agradecimentos a Regina Maria Pereira Coutinho, geógrafa, 
analista  especializada  do  IBGE,  pela  elaboração  do  cartograma  apresentado 
neste trabalho em meio digital, utilizando o aplicativo Microstation.

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