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Migração Interna e Urbanização no Brasil Contemporâneo

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Migração Interna e Urbanização no Brasil Contemporâneo: Um estudo da 
Rede de Localidades Centrais do Brasil (1980/2000)♣ 
 
Fernando Gomes Braga♦ 
 
 
Palavras chave: 
Migrações Internas, Rede Urbana, Mobilidade Social, Desenvolvimento Regional 
 
 
 
Resumo: 
 
O presente artigo busca analisar como os fluxos migratórios internos têm influenciado o 
processo de urbanização brasileiro. Comparando os dados dos Censos Demográficos de 1980 
e 2000, imigrantes e não migrantes são estudados segundo principais volumes e direções dos 
fluxos, taxa de ocupação, nível de escolaridade e renda. A análise dos dados conduz a um 
conjunto de conclusões que indicam uma alteração da contribuição dos imigrantes para as 
economias locais nas grandes cidades brasileiras. Os fluxos migratórios são abordados em um 
recorte espacial específico, a saber, os municípios integrantes da Rede de Localidades 
Centrais do Brasil, um conjunto de 177 localidades urbanas selecionadas segundo integração 
territorial e a expressão populacional no contexto regional, resultado de uma pesquisa 
realizada pela equipe do Laboratório de Estudos Territoriais do IGC/UFMG. As novas 
dinâmicas socioeconômicas vividas pelo país, como o crescimento das cidades de porte médio 
e a metropolização de novas áreas, bem como a expansão do meio técnico científico e a 
integração econômica dos lugares na lógica recente do processo de globalização, tem 
proporcionado a estruturação de novas territorialidades impregnadas de fatores positivos para 
o crescimento econômico e para a atração populacional. Assim, na medida em que a rede 
urbana nacional torna-se mais densa e os migrantes de origem urbana mais numerosos torna-
se importante qualificar em que medida vem ocorrendo alterações no perfil destas populações 
em movimento, e como tais alterações tem se expressado nas diferentes porções do país. 
 
♣ Trabalho apresentado no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- 
MG – Brasil, de 18 a 22 de setembro de 2006. 
♦ Mestre em Geografia, Professor da Universidade Salgado de Oliveira – Campus BH. 
 1
Migração Interna e Urbanização no Brasil Contemporâneo: Um estudo da 
Rede de Localidades Centrais do Brasil (1980/2000)♣ 
 
Fernando Gomes Braga♦ 
 
1) Migrações internas e a urbanização brasileira recente1 
 
 A passagem de uma sociedade fundamentada na vida e na produção agrária para o 
modelo urbano-industrial no Brasil ocorre no contexto das transformações internas e externas 
das primeiras décadas do século XX. Antes dos anos 30, a forte migração internacional já 
dava as primeiras contribuições para alterações mais profundas no mercado de trabalho e nas 
relações sociais que se darão durante o Estado Novo2. Neste momento as migrações internas 
começam a protagonizar os movimentos populacionais mais importantes do país, refletindo 
uma integração maior do mercado de trabalho nacional, pela oferta de oportunidades de 
trabalho nos crescentes centros urbanos. 
 Segundo Graham e Holanda Filho (1973) a migração interna no Brasil pode ser 
dividida em três períodos distintos: i) um momento de crescimento constante dos fluxos nas 
últimas décadas do século XIX até 1920, ii) um crescimento vertiginoso dos movimentos até 
1950 e iii) um pequeno arrefecimento das taxas a partir de 1960. Note-se que os períodos 
aparecem alinhados com as principais mudanças na estrutura urbana e produtiva do país 
durante o século XX, a saber, a transição de uma economia agro-exportadora para a 
industrialização de substituição de importações e a consolidação da infra-estrutura de 
produção e do parque tecnológico nacional. 
 Durante a década de 30 tem-se que, enquanto o eixo Rio/São Paulo e os estados da 
Região Sul predominam como principais destinos migratórios, o restante dos estados do leste 
e a parte meridional do Nordeste eram os cedentes de população. Tal quadro pouco se altera 
durante os quarenta, adicionando o fato de que o Paraná, refletindo a forte atração exercida 
pela cultura do café sobre as migrações rurais-rurais, destaca-se como pólo de atração para os 
movimentos inter-regionais. Durante a década de 50 registram-se as maiores taxas de 
migração interna da história do país, de acordo com os mesmos movimentos que se 
desenhavam nas décadas anteriores: Rio e São Paulo figuravam como os dois maiores centros 
de atração dos migrantes originários, principalmente, dos Estados do Nordeste e Leste. De 
outro lado, Estados como Paraná e Goiás aumentam sua capacidade de atração dos migrantes 
para as áreas de fronteira agrícola. Na década de 60 há uma inflexão da tendência observada 
nos 30 anos anteriores, quando as taxas de emigração passaram a apresentar declínio no 
Nordeste, mantendo os incrementos no Leste. Os efeitos da queda nos movimentos são 
sentidos em São Paulo e, principalmente, no Rio de Janeiro e Paraná. Enquanto isso, Goiás e 
Mato Grosso continuaram a ostentar as altas taxas imigratórias da década anterior (GRAHAM 
e HOLANDA FILHO, 1973:741). 
 A equivalência histórica entre o processo de crescimento urbano e industrial e a 
migração interna colabora com o argumento de que os fluxos populacionais são importante 
indicativo do processo de integração das regiões no âmbito do desenvolvimento produtivo e 
 
♣ Trabalho apresentado no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- 
MG – Brasil, de 18 a 22 de setembro de 2006. 
♦ Mestre em Geografia, Professor da Universidade Salgado de Oliveira – Campus BH. 
1 Este trabalho tem como base o Capítulo 2 da Dissertação de Mestrado em Geografia de Fernando Braga, sob 
orientação do professor Ralfo Matos, pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal 
de Minas Gerais. 
2 Para maiores informações consultar Balan (1973) e Bassanezi (1995). 
 2
das relações de trabalho. Admitindo a forte relação entre a migração interna e o processo de 
urbanização é preciso considerar que entre 1930-1970 as cidades brasileiras apresentaram 
diferentes tendências no seu crescimento. Sem perder de vista a complementaridade dos 
processos, Graham e Holanda Filho (1973) argumentam que, a princípio, o crescimento 
urbano ocorria de forma quase indistinta, colaborando para que as cidades de mais de 2.000 
habitantes tivessem peso significativo no aumento do grau de urbanização total. No entanto, 
quando se consolida o processo de desenvolvimento industrial no Sudeste, a força 
concentradora dos investimentos produtivos colabora para o crescimento das cidades de porte 
médio e grande e, especialmente, das metrópoles. Áreas de fronteira como o Amazonas e o 
Pará apresentaram uma ocupação fortemente associado à urbanização, a ponto de que, na 
década de 70, cerca de 40% da população destas localidades vivia em cidades. No Mato 
Grosso e especialmente em Goiás o crescimento urbano ocorre de maneira mais consolidada, 
privilegiando o surgimento de novas cidades de porte grande e médio. 
 Desta maneira, mesmo que em porções dispersas no espaço tenha ocorrido, em função 
de diferentes processos, um incremento de população urbana, o fato é que a década de 70 se 
inicia com uma forte concentração da indústria e das cidades na porção Centro-sul do país, 
especialmente nas grandes cidades do Sudeste e do Sul, estabelecidas como o alvo 
preferencial dos fluxos migratórios. Durante esta década, no entanto, tem início uma série de 
medidas intervencionistas com o objetivo de promover a desconcentração dos fatores de 
desenvolvimento presentes nas grandes metrópoles do Sudeste e Sul, evidentemente esta 
discussão não fugiu do âmbito das migrações internas (MATA, 1973). 
 Considerando estes elementos pode-se colocar duas importantes conclusões: i) o 
Brasil, assim como os outros paises de economia capitalista, apresenta fortevinculação entre 
os movimentos migratórios e as oportunidades materiais desencadeadas pelo desenvolvimento 
industrial e pelo crescimento urbano. Desta maneira, a compreensão da dinâmica migratória 
passa, obrigatoriamente, por uma leitura detalhada da dinâmica dos centros urbanos 
funcionalmente centrais na rede de cidades brasileira. ii) Tendo em conta que a mobilidade 
geográfica da população não representa um problema em sistemas urbanos mais 
desconcentrados é passível admitir que os movimentos migratórios, no geral, podem atuar 
positivamente na mobilidade social dos indivíduos que estão em busca de melhores condições 
de vida3. 
 Segundo Matos (2002), os dados demográficos da década de 60 já mostravam 
claramente os migrantes como protagonistas do processo de expansão urbano brasileiro, 
principalmente considerando a redução progressiva da fecundidade impulsionada pelos 
avanços técnico-científicos e pelo estilo de vida urbano. A partir dos anos 70 as migrações 
internas deixam de ser predominantemente de tipo rural-urbano e os movimentos urbano-
urbano crescem até se tornarem predominantes em quase todo o território. Essa alteração no 
padrão dos movimentos altera também o perfil dos imigrantes, que, em função da sua origem 
urbana, exibe um avanço em termos da qualificação, o que significa um peso menor para o 
mercado de trabalho e os equipamentos educacionais das áreas de destino. 
 Essa requalificação dos imigrantes contribuiu para a ascensão da população em termos 
de mobilidade social, mediada pela substantiva alteração dos tipos de atividade econômica 
incorporados pelo sistema produtivo desde a segunda metade do século XX. Essa mobilidade 
se expressa, a partir da década de 70, pelo surgimento de novas ocupações de classe média 
nos ambientes urbanos, associadas ao setor de serviços, constituído como apoio à atividade 
industrial. Desta maneira, a partir deste período, ampliam-se as possibilidades de ascensão 
 
3 A favor desta idéia, Yap (1976) comenta: “Há crescente evidência de que os retornos privados da migração 
são positivos. Um número também crescente de estudos vem demonstrando que os migrantes não somente são 
sensíveis a ganhos econômicos, mas que também tendem, na média, a elevar suas rendas e a apresentar padrões 
de rendimentos e de desemprego semelhantes aos dos não naturais das cidades”( p.786). 
 3
social nos quadros familiares, dado que o mercado de trabalho urbano é mais dinâmico do que 
o rural (JANUZZI, 2000). 
 O impacto destas novas dinâmicas socioeconômicas torna-se mais forte em outras 
áreas do país antes não afetadas pela urbanização em função do processo de “reversão da 
polarização”. O espraiamento da produção industrial paulista estimula os vínculos de 
interdependência e as complementaridades da rede urbana brasileira, lançando novas 
localidades entre as opções de investimento econômico e de destinos para as migrações 
internas (MATOS, 2002). Durante as décadas de 70, 80 e 90, ao mesmo tempo em surgem 
novas localidades entre os mais importantes centros urbanos nacionais, ocorre um continuo 
processo de metropolização, dado pela expansão da conurbação e das ligações funcionais 
diretas entre as maiores cidades do país e os municípios periféricos4 (BAENINGER, 2000). 
Em relação aos fluxos populacionais, a configuração de um sistema urbano mais 
amplo conduz a formação de redes migratórias mais complexas. Considerando os fluxos 
migratórios como canais de acesso entre duas localizações distintas, a densificação da rede de 
cidades traz impactos na conformação da mobilidade populacional. Com isto, vários autores 
começaram a discutir sobre a emergência de novos padrões migratórios na década de 80, 
introduzindo uma série de questionamentos sobre os efeitos dos processos que influenciariam 
a migração interna brasileira (PACHECO e PATARRA, 1997). 
 Além disto, deve-se considerar que, nas décadas precedentes, a migração já operava 
como um fator de diferenciação da mobilidade social, elemento marcante durante as décadas 
de 70 e 80, especialmente na comparação com os não-migrantes. A partir da década de 90, as 
sucessivas crises que afetaram, especialmente, a classe média, funcionaram como um freio à 
mobilidade ascendente. No entanto, as constatações reforçam a tese da contribuição positiva 
dos movimentos migratórios recentes e da constituição de novas territorialidades nas quais a 
migração tem sido capaz de criar um novo sistema de integração da rede de cidades, pautada 
na velocidade e na dinâmica dos fluxos componentes da lógica urbana (JANUZZI, 2000). 
Assim, pode-se verificar que os últimos 30 anos marcaram uma alteração substancial 
nos padrões de crescimento populacional no Brasil. Nas décadas precedentes, os 
investimentos industriais, a urbanização e as altas taxas de natalidade fizeram gerar 
excedentes populacionais que alimentaram fortes movimentos migratórios em direção às 
grandes metrópoles e áreas de fronteiras de recursos. Mudanças econômicas e demográficas 
trouxeram um esgotamento de antigos padrões que acompanhavam a dinâmica populacional 
até então. Em conseqüência, os movimentos da população no espaço ganharam outras 
tendências, fruto também das novas territorialidades derivadas da expansão do Brasil urbano-
industrial. Desde clássicos da migração como Ravenstein (1885) sabe-se que os processos 
migratórios são altamente seletivos em relação às pessoas. Contudo os novos determinantes 
do período atual reforçam a chamada seletividade espacial dos movimentos. Assim, as áreas 
centrais das grandes metrópoles, mesmo perdendo população e uma parcela das unidades 
físicas de produção, não deixam de exercer o controle sobre as atividades econômicas mais 
importantes do país, e, por isso, expulsam e atraem imigrantes a fim de renovar os 
contingentes de mão de obra de acordo com as necessidades dadas pelas funções de gestão e 
administração avançadas. Isto sugere que as redes migratórias vêm ganhando maior 
complexidade no interior das regiões brasileiras em função da multiplicação de atores 
(cidades) e dos seus papéis na atração ou expulsão de migrantes. 
2) Rede de Localidades Centrais do Brasil e migração interna – 1980 e 2000 
 
 
4 A título de exemplo basta lembrar que, em 1973 existiam nove regiões metropolitanas oficiais englobando as 
principais capitais estaduais das Grandes Regiões, já em 2000 o Censo Demográfico do IBGE registra 27 áreas 
metropolitanas em todo o país. 
 4
 Nesta seção pretende-se dialogar com as considerações dos autores reunidas 
anteriormente a partir de uma breve análise dos fluxos migratórios no Brasil contemporâneo. 
Em função disto, decidiu-se que a realização de uma abordagem mais completa sobre a 
influência da migração na atual conformação da rede urbana nacional precisa considerar a 
comparação entre marcos temporais, no caso o período 1980-2000. O objetivo central seria 
captar as localizações que possivelmente sejam um reflexo das alterações em termos da 
distribuição espacial da população e da inserção da mesma em atividades econômicas de 
ponta. 
 A Rede de Localidades Centrais do Brasil consiste em uma seleção de municípios 
segundo um conjunto de critérios relacionados ao tamanho demográfico e a expressão da 
urbanização das localidades no contexto regional. Os critérios para seleção de município são: 
1) os nove pontos integrantes das Regiões Metropolitanas oficiais, originalmente definidas por decreto/lei de 1973. Cada 
região metropolitana comparece, na rede urbana, como um nódulo de primeira ordem5; 2) município com população 
urbana superior a 100 mil habitantes.; 3) município cuja população urbana representasse mais de 3% da população 
urbana do respectivo estado; 4) exclusão da macrocefalia urbana do estado do Amazonas a partir de 1980. Trata-se de 
um estado de grandeextensão territorial, extremamente beneficiado por políticas públicas que criaram a Zona Franca de 
Manaus, o que fez aumentar enormemente o peso desse município no estado. Assim faz-se a exclusão de Manaus da 
população total do estado em 1980 e 2000, recalculando-se a participação percentual dos demais municípios frente ao 
novo total, filtrando os casos de população urbana superior a 3% da população urbana do estado. Com isso pontos de 
uma rede dentrítica ganham visibilidade. 5) Todo ponto da rede pressupõe a existência de articulações viárias. Os pontos 
integram-se à rede de transportes rodoviário, ferroviário ou hidroviário permanente. 
 Ao todo foram selecionados 361 municípios reunidos em 184 localidades. Como a 
malha territorial sofre constantes modificações em função de emancipações, foi necessário 
uma compatibilização das áreas municipais a fim de produzir uma “área mínima comparável”. 
Em virtude deste processo as 184 localidades selecionadas em 2000 foram reduzidas para 
1776. Com o objetivo de facilitar a análise dos subconjuntos espaciais na Rede de Localidade 
Centrais do Brasil, as tabelas e as figuras obedecem a uma divisão em três frações, a saber. O 
Centro-Sul, a Nordeste e a Norte7. 
 Na análise da migração interna as Localidades em 1980 e 2000, considerando o 
número total de imigrantes8, já é possível notar que houve alterações nos padrões de 
movimento da população. A Tabela 1 mostra esses números em cada um dos períodos 
analisados segundo as frações da rede. Em termos absolutos, os imigrantes alcançam mais de 
10 milhões de pessoas em todos os municípios em 2000, significando 11,18% da população 
total, contra 16,31% em 1980. A queda percentual de 5% ocorrida nos pontos da Rede não é, 
entretanto, distribuída de forma igual por todas as frações. 
 
 
5 As regiões metropolitanas consideradas correspondiam a São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto 
Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza, Curitiba e Belém. 
6 Ao todo, entre 1981 e 1997, foram criados 1492 municípios novos, e, destes, 198 tiveram origem em algum 
município da Rede de Localidades Centras do Brasil. Desta maneira o procedimento adotado para criação da 
área mínima comparável compreendeu a inserção de municípios que, em 1980, faziam parte dos municípios 
selecionados em 2000, Como eles não podem ser separados em 1980 optou-se por somar os valores 
populacionais dos mesmos em 2000. No caso de municípios cuja origem foi mais de um município da RLC esse 
foi somado aquele que teve maior perda populacional com a emancipação. Em função deste processo o número 
de Localidades sobre de 361 para 559. Não obstante a preocupação de que tal opção metodológica prejudicaria a 
constante referência deste estudo as localidades urbanas de maior dinamismo do país, considera-se mais 
importante preservar as área territorial em ambos os períodos a fim de eximir-se de possível erros decorrentes da 
comparação de áreas territoriais completamente distintas. 
7 Para maiores informações sobre a Rede de Localidades Centrais do Brasil consulte Matos (2005). 
8 Os imigrantes, tanto em 1980 como em 2000, são todos aqueles que moram a menos de cinco anos no 
município de residência na data do censo. 
 5
Tabela 1 
Imigrantes da Rede de Localidades Centrais do Brasil segundo frações 
e estoques de população total 
1980 2000 
Frações da 
Rede Imigrante População Total 
% de 
Imigrantes Imigrante 
População 
Total 
% de 
Imigrantes 
Norte 610.826 3.649.514 16,74 1.098.301 7.812.684 14,06 
Nordeste 1.631.573 11.098.369 14,70 1.837.032 18.368.097 10,00 
Centro-Sul 7.446.076 44.661.468 16,67 7.521.596 67.324.251 11,17 
Total 9.688.475 59.409.351 16,31 10.456.928 93.505.032 11,18 
 Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 1980 e 2000. 
 
 A fração Norte mostra a menor perda na participação dos imigrantes (de 16,7% para 
14%), mas ostenta os menores valores absolutos. De fato, a área compreendida por estas 
localidades concentra-se nas porções do território já apontadas pela bibliografia como os 
novos espaços de recepção dos fluxos populacionais de expansão da malha urbana, o que 
justifica a menor perda dentro do quadro geral de redução da participação dos migrantes. O 
Nordeste, que apresentava os menores percentuais durante a década de 80 permanece na 
tendência geral, exibindo 10% da sua população constituída de imigrantes. O Centro-Sul, que 
detém mais de ¾ do total de imigrantes nas respectivas localidades, apresentou uma redução 
na participação ligeiramente maior do que a redução total na rede, na ordem de 5,5%. 
Os significados desta diminuição percentual possivelmente relacionam-se com 
transformações sociais e econômicas vividas pelo país nas últimas duas décadas, que, como 
afirmam Pacheco e Patarra (1997), estariam provocando uma reformulação nos destinos 
migratórios mais consolidados em função da perda de capacidade de retenção das grandes 
cidades. Neste aspecto, é possível que grandes correntes migratórias que ligavam 
determinadas regiões do país às áreas metropolitanas comecem a sofrer um processo de 
esgotamento, motivado pela formação de novos pólos regionais, que, além de reter parte dos 
fluxos originalmente destinados aos maiores centros, retêm também as suas próprias 
populações a partir das novas oportunidades dadas pela expansão dos mercados de trabalho. 
Desta maneira, os dados mostram que, ao mesmo tempo em que ocorre uma diminuição 
percentual dos imigrantes dentro da RLC, estes encontram-se melhor distribuídos entre as 
frações no ano de 2000, comparando-se com 1980. 
 A espacialização dos dados demonstra mais claramente a formação de novos pólos de 
atração de migrantes. Segundo as informações da Figura 1, em 1980 eram 30 as localidades 
que possuíam mais de 50.000 migrantes na sua população, já em 2000, somam 40 os pontos 
nesta classe, ampliando as localizações com mais migrantes especialmente nas Frações Norte 
e Nordeste. A distribuição das outras duas classes mostram, da mesma forma, um 
significativo aumento de lugares com um número maior de imigrantes, mesmo que estes 
tenham sofrido uma redução percentual com relação a população total. 
 Os lugares que possuem entre 15 e 50 mil imigrantes aumentam em 10, enquanto 
aqueles com menos de 15.000 diminuem em 20. Desta maneira, é preciso tratar com cuidado 
as informações que demonstram a queda do peso dos imigrantes em toda a rede. Na verdade, 
os dados vêm demonstrando uma expansão da importância da migração para boa parte dos 
municípios da RLC, acompanhada por um declínio da expressividade dos grandes centros em 
relação ao resto dos centros urbanos do país. 
 6
 
 7
Assim, outros lugares constituem-se como novos atores no processo de redistribuição 
populacional9. Admitindo teoricamente que os migrantes dentro da RLC estaria selecionando 
um maior número de lugares entre as opções de destino é de se esperar que mais localidades 
obtivessem saldos positivos nas trocas migratórias com as 177 localidades. A Figura 2 traz 
essas informações representando o saldo migratório para os fluxos entre os pontos da rede. Os 
resultados reforçam a idéia aqui apresentada da expansão das opções de destino para os 
movimentos populacionais. Os mapas mostram que em 1980 existiam 65 localidades com 
saldo positivo, contra 111 outras que perdiam população para o restante da Rede. Em 2000 
esse quadro altera-se substancialmente, aumentam para 84 os nódulos nos quais o saldo 
migratório é positivo e as perdas reduzem-se a 93 localidades. 
A espacialização das informações revela elementos interessantes destas 
transformações. A Fração Norte mantém boa parte das suas tendências, excetuando-se o caso 
das localidades de Rondônia que, de fortes ganhadores de população do resto da rede passam 
a enviar mais pessoas do que recebem. Na Fração Nordeste a característica emigratóriaé 
marcante em ambos os períodos, entretanto fica claro que o volume das perdas sofreu sensível 
diminuição nas duas últimas décadas, já que boa parte das localidades que haviam enviado 
mais de 10.000 pessoas para outros municípios da RLC em 1980 reduziram seus fluxos de 
saída para valores menores do que 10.000 em 2000. 
Com relação ao comportamento da Fração Centro-Sul alguns aspectos devem ser 
considerados. Em primeiro lugar é nesta porção da rede que se encontram as cidades mais 
importantes em termos de recepção dos migrantes e alocação dos mesmos no mercado de 
trabalho, com destaque para as áreas metropolitanas. Em 1980 já era possível perceber como a 
aglomeração de localidades em torno da RMSP criva uma grande área de atração de 
migrantes, nos moldes do “Campo Aglomerativo” mencionado por Azzoni (1986). Em 2000, 
no entanto, percebe-se um enorme espraiamento de localidades com saldo positivo na trocas 
populacionais com outras pontos da RLC, a expansão destas cidades compreende os 
principais eixos rodoviários conectados a capital paulista, que, em 2000, já apresenta um 
saldo negativo nas trocas. 
Desta maneira é possível que estejam ocorrendo dois processos simultâneos a criar 
novas localidades receptoras de fluxos: i) Ao invés de se dirigirem e fixarem residência na 
RMSP boa parte dos migrantes internos a rede tem buscado outras localidades dentro do eixo 
de influência de São Paulo no interior do estado ou mesmo em Mato Grosso do Sul ou Paraná. 
ii) Além de ser alvo de fluxos anteriormente direcionados a RMSP estas outras localidades 
também estariam recebendo migrantes da RMSP e de outras grandes aglomerações que 
convivem com um quadro de desconcentração econômica e populacional. 
 
3) A contribuição relativa dos imigrantes 
 
 Tendo em conta os aspectos anteriormente abordados a respeito da composição dos 
fluxos populacionais, resta avaliar em que medida os imigrantes vêm contribuindo para as 
economias locais. Nos textos anteriormente discutidos10 há varias indicações teóricas e 
empíricas que atestam o fato de que, na medida em que o tecido social torna-se mais 
 
9 Como um indicativo desta assertiva tem-se: entre as 30 localidades que possuíam mais de 50.000 migrantes em 
1980 quatro localizavam-se na Fração Norte, oito na Fração Nordeste e 18 na Fração Centro-Sul. Já em 2000 
essa distribuição altera-se para, respectivamente, 9, 8 e 23. Quatro municípios do Centro-Sul que estavam nesta 
classe em 1980 não mais aparecem em 2000: Cariacica (ES), Ribeirão Preto (SP), Foz do Iguaçu (PR), Joinville 
(SC). Entretanto mais 13 lugares figuram entre as localidades com maior numero de imigrantes em 2000: Porto 
Velho (RO), Boa Vista (RR), Marabá (PA), Macapá (AP), Porto Nacional (TO), Serra (ES), Praia Grande (SP), 
São José do Rio Preto (SP), Florianópolis (SC), Cuiabá (MT), Sinop (MT), Aparecida de Goiânia (GO) e 
Luziânia (GO). 
10 A exemplo de Balan (1973), Yap (1976), Januzzi (2000) e Matos (2002). 
 8
 
 9
 
complexo e as redes de cidades mais hierarquizadas e dinâmicas, há maior possibilidade da 
população em movimento experimentar uma mobilidade social e contribuir para requalificar 
os mercados de trabalho descentralizados. Neste sentido deve-se considerar a formação de 
novas territorialidades da migração não somente pela constatação de um número mais amplo 
de direções para os fluxos, mas também em termos da inserção dos migrantes em diferentes 
mercados de trabalho e da sua contribuição para o desenvolvimento dos lugares. 
 Para tal avaliação os estudos geralmente valem-se da comparação entre migrantes e 
não-migrantes a partir de diferentes variáveis socioeconômicas, como ocupação, instrução e 
renda. A comparação entre os dois grupos populacionais permite verificar em que medida a 
população em movimento consegue se sair na busca pela formação qualificada e pelo 
trabalho. Os dados da Tabela 2 iniciam esta discussão apresentando a quantidade de 
imigrantes e não-migrantes ocupados11 nas frações da Rede de Localidade Centrais do Brasil 
entre a população maior de 20 anos12. A primeira constatação evidente nos dados da Tabela é 
que há, em ambos os grupos, uma redução do percentual de população ocupada, que ocorre na 
ordem de 2,96% entre os imigrantes e de 1,28% entre os não-migrantes. 
 
Tabela 2 
Imigrantes e não-migrantes das frações RLC segundo ocupação* 
Imigrantes Não-migrantes % de Ocupados Frações da 
Rede ocupados não ocupados ocupados não ocupados Imigrantes Não-migrantes
1980 
Norte 177.935 114.985 769.262 544.383 60,75 58,56
Nordeste 485.423 325.255 2.610.537 1.945.641 59,88 57,30
Centro-Sul 2.710.453 1.499.218 12.364.977 8.513.210 64,39 59,22
Total 3.373.811 1.939.458 15.744.776 11.003.234 63,50 58,86
2000 
Norte 372.416 246.990 2.063.101 1.501.978 60,12 57,87
Nordeste 617.760 497.016 5.304.745 4.433.589 55,42 54,47
Centro-Sul 2.997.528 1.855.952 22.190.287 15.834.960 61,76 58,36
Total 3.987.703 2.599.958 29.558.133 21.770.527 60,53 57,59
 
Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 1980 e 2000. 
* População com 20 anos ou mais. 
 
 Os dados de cada uma das frações mostram que essa redução entre 1980 e 2000 não 
ocorre de forma homogênea por toda a RLC. A Fração Norte apresenta o menor decréscimo 
no percentual de ocupados entre migrantes e não-migrantes, com valores abaixo de 1%, 
demonstrando o quanto estes municípios têm aberto oportunidades de absorção de novos 
contingentes populacionais, visto que a redução estrutural observada não afeta este subespaço 
de forma tão severa quanto os outros. Quanto a Fração Nordeste percebe-se que os últimos 20 
foram marcados por uma severa restrição das oportunidades de ocupação, principalmente 
 
11 A fim de possibilitar a comparação entre os Censos Demográficos nos dois períodos, foram excluídos deste 
grupo, em 2000, aqueles indivíduos que declararam exercer trabalho sem rendimento, visto não haver variáveis 
que contemplem este quesito no Censo de 1980. 
12 O corte realizado com a população acima de 20 anos de idade deve-se a diferença existente entre as 
distribuições etárias das populações migrante e não migrante. Considerando que entre os migrantes há um 
numero expressivo de pessoas na idade ativa e que, entre os não-migrantes as faixas etárias compreendidas pelas 
crianças e jovens é significativamente maior, decidiu-se retirar da análise todos aqueles com menos de 20 anos 
de idades a fim de evitar prováveis distorções na elaboração de valores percentuais. 
 10
entre os imigrantes, o percentual de ocupados sofre uma redução na ordem de 4,5% entre os 
imigrantes e 2,8% entre os não-migrantes. 
 No Centro-Sul destaca-se que, enquanto os ocupados não-migrantes reduziram-se em 
cerca de 0,8% a perda entre os imigrantes foi de 2,6%. Embora esses dados não permitam 
conclusões muito detalhadas, a situação das frações Nordeste e Centro-Sul indica que os 
imigrantes são mais sensíveis as oscilações que ocorrem na capacidade de absorção da 
população no mercado de trabalho. Partindo do pressuposto que a maioria dos não-migrantes, 
em função do tempo de residência mais prolongado, possui maior conhecimento da realidade 
dos locais onde residem, é possível admitir a existência de determinados mecanismos de 
proteção aos não-migrantes no mercado de trabalho. Esse fenômeno atuaria, entre outros 
elementos, como um fator negativo para a absorção dos imigrantes em períodos de maior 
desemprego, impulsionando o retorno dos mesmos aos locais de origem (MATOS e BRAGA, 
2002). Não obstante os imigrantes terem apresentado maior redução percentual entre os 
ocupados os dados mostram que em todas as frações e em ambos os períodos o grupo dos 
imigrantes aparece relativamente mais ocupado do que os não-migrantes. Comparando os 
dados das três frações percebe-se que, a exceçãoda fração Norte, onde a diferença entre os 
percentuais de imigrantes e não-migrantes aumenta entre 1980 e 2000 a favor dos imigrantes, 
a tendência geral é de uma redução das diferenças em termos de ocupação entre os grupos de 
imigrantes e não-migrantes. 
 Os dados desagregados por município mostram mais claramente a vantagem dos 
imigrantes quanto à ocupação, como é possível verificar na Figura 3. Em 1980 havia 85 
localidades com mais de 60% da sua população migrante acima de 20 anos ocupada, enquanto 
somente 27 ostentavam os mesmos valores tratando-se dos não-migrantes. As frações Centro-
Sul e Norte destacam-se, delimitando porções de alta concentração de migrantes ocupados: o 
entorno RMSP certamente aglomerava o maior número de lugares com alto percentual de 
migrantes ocupados, além disto, na maior parte das localidades na Região Sul, Mato Grosso e 
Goiás eram também altos os valores, assim como nas localidades de Rondônia e Acre na 
fração Norte. Em relação aos não-migrantes algumas destas áreas já apresentam um 
comportamento inverso, a exemplo de algumas localidades da Região Sul e Acre. 
 Os mapas de 2000 revelam algumas importantes alterações no quadro das ocupações. 
Em primeiro lugar, em relação à fração Nordeste, o que se percebe é um sensível decréscimo 
nas condições de ocupação, em sentido oposto ao das outras porções da Rede. O que se 
observa nas localidades deste subespaço é o aumento de localidades pior posicionadas no 
Ranking do percentual de ocupados13. 
 Em relação às Frações Norte e Centro-Sul os mapas deixam claro que, mesmo que 
tenha ocorrido uma redução estrutural no percentual de ocupados entre a população com mais 
de 20 anos, os maiores percentuais encontram-se melhor distribuídos entre as localidades da 
rede. Esse fato atesta o aumento do dinamismo na distribuição das oportunidades de trabalho 
dentro da rede, especialmente no caso dos imigrantes, o que justifica a maior diversidade de 
rotas apontada para os movimentos populacionais. A espacialização dos dados demonstra que 
o entorno da capital paulista já não se mostra tão diferenciado do restante da fração Centro-
Sul e que os pontos localizados especialmente nos estados do Sul e Centro-Oeste tem 
absorvido uma maior quantidade relativa de migrantes ocupados. Na Fração Norte percebe-se 
 
 
13 Entre as 11 localidades com menos de 55% de ocupados de mais de 20 anos entre os migrantes em 1980, sete 
eram da Fração Nordeste, no mesmo período entre os não-migrantes eram 16 as localidades entre as 45 presentes 
nesta classe. Em 2000 quando as localidades com menos de 55% entre migrantes e não-migrantes são, 
respectivamente, 31 e 38, há 19 lugares da Fração Nordeste para ambos os grupos populacionais. 
 11
 12
que as altas concentrações também alcançam outros subespaços, como o eixo rodoviário ao 
longo do Tocantins14. 
 As evidências até aqui apresentadas corroboram a tese de uma contribuição positiva 
dos imigrantes para formação e consolidação de novos subespaços dotados de, em 
contraposição a histórica concentração da força produtiva em grandes centros urbanos do 
Sudeste. Os dados são claros ao demonstrar que, mesmo havendo uma inegável dispersão de 
fatores de desenvolvimento, a desigualdade na distribuição ainda é latente. A fração Centro-
Sul consolida-se como um subespaço de maior dinamismo, aglomerando um número 
expressivo de lugares com melhores condições de recepção dos imigrantes. A fração Norte 
segue nesta mesma lógica de tendências, embora a escala onde tais fenômenos ocorram é bem 
menor do que no Centro-Sul. Com relação ao Nordeste os dados indicam uma diminuição das 
perdas de população, mesmo que a capacidade de absorção interna dos imigrantes seja ainda 
baixa em comparação com resto do país. 
 Com relação a escolarização, pode-se afirmar que, nos locais onde os imigrantes 
possuam mais anos de estudo é possível que sua contribuição no mercado de trabalho seja 
mais expressiva em função da possibilidade de inserção dos mesmos em tipos de atividade 
que exigem mais qualificação. Na medida em que os imigrantes são mais qualificados, a 
chance de ingressarem mais rapidamente no mercado de trabalho e de manterem a 
estabilidade nos seus empregos é bem maior, o que deve resultar em ganhos relativos para o 
desenvolvimento das cidades15. 
 A Tabela 3 mostra dados de instrução dos imigrantes e não-migrantes nas frações da 
RLC relativos ao grau da última série concluída com aprovação. Em primeiro lugar cabe 
considerar que houve uma ampliação considerável da população com algum nível de 
escolaridade dentro da Rede de Localidades Centrais do Brasil. Em 1980 havia um total de 
32.061.279 pessoas com mais de 20 anos de idade e destes cerca de 74,89% haviam concluído 
alguma série entre os níveis de ensino listados na tabela, em 2000 estes valores alteram-se 
para, respectivamente, 48.727.445 e 99,06%. 
 Os dados do Censo de 1980 mostram uma quantidade expressiva de população com 
formação no Ensino Fundamental (cerca de 50% nas Frações Norte e Nordeste e 60% na 
Fração Centro-Sul), o Ensino Médio apresenta, em todos os subespaços da RLC, 
concentrações próximas a 10% no Nordeste e Centro-Sul e 9% no Norte. Comparando 
migrantes e não-migrantes em 1980 percebe-se que os diferenciais não são muito expressivos, 
e que os migrantes aparecem com maior percentual no Ensino Superior e Pós-graduação nas 
Frações Norte e Nordeste (cerca de 1% a mais que os não-migrantes)16. 
 
 
14 Entre as 20 localidades de maior expressão da população imigrante ocupada com mais de 20 anos aparecem 
um grande número de lugares novos, que marcam as novas oportunidades delineadas pelas rotas de 
desconcentração dos fluxos Entre estas novas territorialidades aparecem: Colatina (ES), Aparecida de Goiânia 
(GO), Patos de Minas (MG), Poços de Caldas (MG), Varginha (MG), Sinop (MT), Caracaraí (RR), Caxias do 
Sul (RS), Chapecó (SC), Florianópolis (SC), São José (SC), Porto Nacional (TO), todas com mais de 64% dos 
seus migrantes adultos ocupados. 
15 Os dados disponíveis não permitem avaliar o quanto da educação formal obtida pelos imigrantes ocorreu nos 
municípios da origem ou do destino. Entretanto, como o tempo máximo de moradia no município dos imigrantes 
é de menos de 5 anos pode-se considerar que níveis que possuam mais de 5 anos de estudo para se completarem 
foram obtidos em estabelecimentos de ensino fora do município de origem. 
16 Pode-se notar, ainda, que os imigrantes apresentam maiores percentuais no curso de alfabetização de adultos 
nas Frações Nordeste e Centro-Sul em 1980. Entretanto, a concentração de ambos os grupos populacionais neste 
nível é menor que 1%, com pouca representatividade no total, além disso, os dados de 2000 mostram uma severa 
redução da população nesta categoria em todos os grupos analisados. 
 13
 
Tabela 3 
Nível de Instrução dos Imigrantes e Não-migrantes nas Localidades da RLC 
(População acima de 20 anos) 
Grau da última serie concluída 
com aprovação Norte % Nordeste % Centro-Sul % 
1980 
Alfabetização de adultos 1.937 0,66 5.130 0,63 16.910 0,40
Fundamental 151.222 51,63 376.647 46,46 2.544.793 60,45
Médio 23.604 8,06 84.781 10,46 402.074 9,55
Superior 10.083 3,44 37.854 4,67 235.493 5,59
Mestrado ou Doutorado 733 0,25 1.895 0,23 10.367 0,25I
m
ig
ra
nt
e 
Total 292.920 - 810.678 - 4.209.671 - 
Alfabetização de adultos 8.173 0,62 21.593 0,47 72.177 0,35
Fundamental 687.961 52,37 2.133.135 46,82 13.008.888 62,31
Médio 117.547 8,95 465.433 10,22 2.077.218 9,95
Superior 30.735 2,34 178.713 3,92 1.258.406 6,03
Mestrado ou Doutorado 1.294 0,10 5.043 0,11 43.144 0,21N
ão
 M
ig
ra
nt
e 
Total 1.313.645 - 4.556.178 - 20.878.187 - 
 2000 
Alfabetização de adultos 607 0,12 1.704 0,19 4.528 0,11
Fundamental 319.799 64,81517.114 58,00 2.484.661 60,03
Médio 129.065 26,16 258.937 29,04 1.088.453 26,30
Superior 34.082 6,91 89.515 10,04 498.467 12,04
Mestrado ou Doutorado 2.246 0,46 5.646 0,63 33.696 0,81
Im
ig
ra
nt
e 
Total 493.446 - 891.621 - 4.139.265 - 
Alfabetização de adultos 4.758 0,17 15.192 0,20 40.819 0,12
Fundamental 1.763.113 63,48 4.584.217 59,24 19.643.603 60,10
Médio 811.653 29,22 2.278.683 29,45 8.524.665 26,08
Superior 154.772 5,57 672.749 8,69 4.078.168 12,48
Mestrado ou Doutorado 6.560 0,24 29.903 0,39 192.445 0,59N
ão
 M
ig
ra
nt
e 
Total 2.777.573 - 7.738.354 - 32.687.186 - 
Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 1980 e 2000. 
 
 Em 2000 nota-se uma substantiva alteração nos valores percentuais, resultado do forte 
incremento de população escolarizada já citado. Entretanto cabe destacar que as tendências 
mostradas em 1980 continuam também neste período. Em primeiro lugar, o Ensino 
Fundamental engloba cerca de 60% da população acima de vinte anos em todas as frações da 
RLC. Quanto ao Ensino Médio e Superior, são nestes níveis que o incremento populacional é 
mais fortemente sentido17, apenas na Fração Norte os não-migrantes mostram percentuais 
mais elevados que os migrantes para o Ensino Médio (29% contra 26%). O Ensino Superior e 
Pós-Graduação continuam a mostrar uma vantagem relativa para os imigrantes do Norte e 
Nordeste em relação aos não-migrantes. 
 
17 Os percentuais no Ensino Médio em 1980 possuíam valor médio em torno de 9,53%, em 2000 esse número 
sobe para 27,07%. Quanto ao Ensino Superior esses mesmos valores ficaram na ordem de 4,33% e 9,28%, 
respectivamente. 
 14
 A vantagem dos migrantes em termos de escolarização ocorre em níveis de maior 
qualificação e em áreas mais distantes dos tradicionais centros dinâmicos do país (frações 
Norte e Nordeste). Possivelmente isso indica que a população migrante é mais sensível às 
oportunidades que surgem nos centros urbanos fora do Centro-Sul. Esta Fração concentra a 
maior massa de migrantes com menor qualificação, não obstante o aumento, em 2000, do 
percentual de indivíduos com mais escolaridade circulando entre mais municípios da rede, 
dado que a população adulta como um todo melhorou significativamente em relação a 
escolaridade nos últimos anos. 
 Ao se admitir que há uma número maior de migrantes com mais escolaridade 
circulando entre as localidades da RLC cabe discutir quais seriam os pontos privilegiados em 
termos de recepção de mais qualificados. A Figura 4 apresenta as localidades da rede em 1980 
e 2000 a partir do percentual de migrantes e não-migrantes cuja última série concluída com 
aprovação era do Ensino Médio. Os mapas confirmam a grande diferença existente entre as 
frações em termos da escolaridade da sua população, expondo a vantagem dos imigrantes. A 
Fração Centro-Sul, em ambos os períodos, concentra a ampla parcela da população mais 
escolarizada18. Em 1980 destacam-se várias localidades ao longo da franja litorânea do 
Centro-Sul, já o interior paulista, que vinha demonstrando maior dinamismo na recepção de 
migrantes, não ostenta os maiores valores em termos de instrução. 
 Em relação às outras frações, os maiores percentuais de escolarizados ficam restritos, 
tanto para imigrantes como não-migrantes, às capitais estaduais e localidades mais 
populosas19. O número de localidades presentes em cada classe demonstra claramente que os 
imigrantes, já em 1980, possuíam vantagens em termos da escolarização. Enquanto existiam 
88 lugares nos quais os imigrantes possuam mais de 9% da sua população com ensino médio, 
entre os não-migrantes os mesmos percentuais alcançavam somente 44 localidades. 
 Em 2000, com a elevação ampla do percentual de escolarizados, nota-se uma 
manutenção dos padrões espaciais observados anteriormente. No Centro-Sul os imigrantes 
detém maiores valores em determinados subespaços já apontados como importantes áreas de 
desconcentração, a saber, o interior paulista, o eixo Brasília-Goiânia, bem como localidades 
no norte do Paraná e Mato Grosso do Sul (padrão não observado entre os não-migrantes). 
Outra alteração substantiva observada no mapa é o aumento da escolaridade dos imigrantes 
das localidades ao longo do eixo rodoviário Belém-Brasília. 
 A espacialização dos dados mostra que, além de ter ocorrido uma ampliação da 
escolarização total, os imigrantes mais instruídos também vêm buscando localidades mais 
distantes dos tradicionais eixos de crescimento populacional. O simples fato de que uma 
população em movimento mais escolarizada vir alcançando espaços mais amplos do território 
é um forte indicativo de uma contribuição pouco esperada dos fluxos migratórios. 
 
18 Em todos os quatro mapas o Centro-Sul possui a maioria das localidades na classe mais alta. Em 1980 a classe 
acima de 11% apresentou, entre os imigrantes, 33 localidades do Centro-Sul no total de 44, entre os não-
migrantes estes valores foram, respectivamente, 9 e 17. Em 2000, em função do aumento geral da escolarização, 
a divisão de classes não pode ser construída com os mesmos intervalos do período anterior, desta maneira a 
maior classe se eleva para percentuais acima de 28%, contudo, a concentração de localidades da fração Centro-
Sul se mantém, são 32 localidades desta fração em 48 nesta classe entre os imigrantes e 19 em 33 entre os não-
migrantes. 
19 As localidades dentro da maior classe entre os imigrantes nas frações Norte e Nordeste são: Cruzeiro do Sul 
(AC), Rm de Salvador (BA), Manaus (AM), Macapá (AP), Rm de Recife (PE), São Luís (MA), Coari (AM), 
Boa Vista (RR), Rm de Belém (PA), Aracaju (SE). Já entre os não-migrantes têm-se: São Luís (MA), Rm de 
Salvador (BA), Rm de Belém (PA), Manaus (AM), Aracaju (SE), Macapá (AP), Maceió (AL), Teresina (PI). 
 15
 16
 Finalmente, a última variável socioeconômica a ser analisada neste estudo é a renda 
total da população. Considera-se importante verificar os níveis de renda de imigrantes e não-
migrantes a fim de demarcar com clareza os subespaços da Rede nos quais a inserção dos 
imigrantes nas economias locais tem sido caracterizada por uma contribuição ao crescimento 
econômico. Considera-se, assim, que o aumento dos rendimentos da população possui 
variadas implicações em termos da possibilidade de expansão territorial das atividades 
econômicas, contribuindo para o aumento do grau de integração do espaço brasileiro. 
 A Tabela 4 traz os dados de renda da população da RLC segundo faixas de salários 
mínimos. A escolha por este tipo de abordagem decorre do esforço de comparação a ser 
empreendido entre os Censos de 1980 e 2000, considerando que o salário mínimo seja o 
indicativo mais próximo disponível do poder de compra da população em ambos os 
períodos20. 
Tabela 4 
Imigrantes e Não-migrantes segundo faixas de renda total em salários mínimos na RLC 
Faixas de Rendimento* Norte % Nordeste % Centro-Sul % 
 1980 
Até 1 S.M. 75.500 34,50 351.037 51,48 828.899 23,17 
Mais de 1 a 2 S.M. 68.883 31,47 154.843 22,71 1.315.033 36,76 
Mais de 2 a 3 S.M. 27.428 12,53 59.368 8,71 566.605 15,84 
Mais de 3 a 5 S.M. 21.071 9,63 48.532 7,12 423.240 11,83 
Mais de 5 S.M. 25.969 11,87 68.055 9,98 443.704 12,40 I
m
ig
ra
nt
e 
Total 218.851 - 681.835 - 3.577.481 - 
Até 1 S.M. 326.022 34,12 1.599.789 46,53 3.419.982 20,43 
Mais de 1 a 2 S.M. 304.386 31,86 853.020 24,81 5.012.637 29,95 
Mais de 2 a 3 S.M. 130.626 13,67 352.985 10,27 2.628.910 15,71 
Mais de 3 a 5 S.M. 101.443 10,62 292.244 8,50 2.640.444 15,78 
Mais de 5 S.M. 92.965 9,73 340.320 9,90 3.034.609 18,13 N
ão
 m
ig
ra
nt
e 
Total 955.442 - 3.438.358 - 16.736.582 - 
 2000 
Até 1 S.M. 151.532 31,84 319.309 37,08 625.544 16,13 
Mais de 1 a 2 S.M. 135.001 28,37 223.063 25,90 1.027.671 26,50 
Mais de 2 a 3 S.M.53.690 11,28 77.841 9,04 630.059 16,25 
Mais de 3 a 5 S.M. 52.858 11,11 82.792 9,61 614.821 15,85 
Mais de 5 S.M. 82.787 17,40 158.096 18,36 980.016 25,27 I
m
ig
ra
nt
e 
Total 475.868 - 861.101 - 3.878.111 - 
Até 1 S.M. 847.853 31,97 2.655.314 36,41 4.956.763 16,26 
Mais de 1 a 2 S.M. 728.219 27,46 1.942.782 26,64 6.775.285 22,23 
Mais de 2 a 3 S.M. 314.665 11,86 752.186 10,31 4.567.085 14,99 
Mais de 3 a 5 S.M. 317.061 11,95 757.996 10,39 5.271.836 17,30 
Mais de 5 S.M. 444.413 16,76 1.184.332 16,24 8.906.457 29,22 N
ão
 m
ig
ra
nt
e 
Total 2.652.211 - 7.292.610 - 30.477.426 - 
Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 1980 e 2000. 
* Não foram incluídos na análise os indivíduos sem rendimentos 
 
 
20 Assim, mesmo considerando as prováveis distorções no significado dos valores em cada um dos períodos, em 
função dos inúmeros ajustes ocorridos na moeda brasileira, assim como no preço dos produtos e na demanda dos 
mercados nos últimos 20 anos, optou-se por realizar esta comparação em virtude da grande importância que 
essas informações possuem no conjunto das análises aqui propostas. 
 17
 As informações presentes na Tabela indicam que a distribuição de renda é 
sensivelmente diferente em cada uma das frações. Em 1980 as localidades do Nordeste 
apresentaram a pior concentração de renda em toda a RLC, com cerca de 50% da população 
com 20 anos ou mais auferido uma renda menor que 1 Salário Mínimo. As outras duas 
Frações aparecem com uma distribuição ligeiramente melhor, com vantagem para o Centro-
Sul em função do menor percentual de indivíduos com renda menor do que 
1 SM (23% entre os imigrantes e 20% entre os imigrantes, contra 34% da Fração Norte em 
ambos os grupos populacionais). Comparando imigrantes e não-migrantes nota-se que a 
Fração Norte apresenta as menores diferenças, no Nordeste os migrantes se concentram mais 
nas faixas de menor rendimento e no Centro-Sul, além dos imigrantes apresentarem maiores 
percentuais nas classes com renda até 2 SM os não-migrantes mostram-se melhor 
posicionados nos percentuais de população com renda acima de 3 SM. 
 No ano 2000 merece destaque a ampla redução da população com rendimentos abaixo 
de 1 Salário Mínimo, especialmente na Fração Nordeste. Uma alteração positiva também 
pode ser percebida nos maiores estratos de renda, sobretudo entre a população da Fração 
Centro-Sul. Não obstante a melhora geral no quadro de distribuição de renda as tendências 
gerais observadas em de 1980 mantém-se. O Norte continua apresentando as menores 
diferenças entre migrantes e não-migrantes, o Nordeste permanece com a pior distribuição de 
renda, com altos percentuais de migrantes nas classes mais baixas. O Centro-Sul ainda 
apresenta as maiores disparidades, com percentuais mais elevados de não-migrantes nos 
maiores níveis de renda, mas já vêm indicando uma aproximação entre migrantes e não 
migrantes nos rendimentos abaixo de 2 SM. 
 A Figura 5 dá seqüência a essa análise apresentando o percentual de imigrantes e não-
migrantes com rendimentos acima de 2 salários mínimos21. Os mapas deixam claro que houve 
uma ampliação significativa do percentual de indivíduos com renda mais elevada. O número 
de localidades que possuíam mais de 50% da população acima de 20 anos com rendimentos 
acima de 2 SM aumentou de 14 para 74 entre os imigrantes e de 13 para 70 entre os não 
migrantes22. A melhoria na distribuição de renda é ampla, no entanto, a distribuição espacial 
das localidades mostra que a Fração Centro-Sul concentra a maioria absoluta dos municípios 
nos quais o rendimento da população é mais elevado. Em 1980 percebe-se uma aglomeração 
de localidades da classe superior do mapa no entorno da RMSP e RMRJ. 
 Em 2000 nota-se que as localidades com mais de 50% da população com renda acima 
de 2 SM se estendem por todo o interior do Estado de São Paulo e Rio de Janeiro e para boa 
parte das localidades da Região Sul. Os mapas demonstram que a ampliação dos ganhos 
materiais dentro da RLC ainda ocorre espacialmente concentrada, sugerindo um espraiamento 
do dinamismo econômico das RMs de São Paulo em direção aos centros urbanos mais 
próximos. Os dados de renda indicam que desde 1980 os imigrantes 
 
 
 
21 Esse valor refere-se a renda mediana total da população brasileira, segundo dados do IBGE, sendo tomado 
aqui como uma referência para medir a mobilidade social da população no período 1980-200. 
22 As 14 localidades da classe com rendimentos mais altos entre os imigrantes em 1980 são: Tarauacá (AC), 
Pindamonhangaba (SP), São Vicente (SP), Foz do Iguaçu (PR), Angra dos reis (RJ), Macaé (RJ), Praia Grande 
(SP), Taubaté (SP), Humaitá (AM), Marabá (PA), São José dos Campos (SP), Santos (SP), Florianópolis (SC), 
Jacareí (SP). Entre os não-migrantes as 13 localidades nesta mesma classe são: Santos (SP), Cubatão (SP), Rm 
de São Paulo (SP), Campinas (SP), Jundiaí (SP), Brasília (DF), Volta Redonda (RJ), São José dos Campos (SP), 
Americana (SP), São Vicente (SP), Piracicaba (SP), Ipatinga (MG), Foz do Iguaçu (PR). 
 
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mostravam-se mais bem distribuídos entre as localidades da RLC em termos da proporção de 
indivíduos com rendimentos superiores a 2 SM. Em 2000, com a ampliação dos ganhos 
salariais por toda a fração Centro-Sul, sobretudo nas imediações de São, a população migrante 
acompanha a tendência de aumento nos ganhos derivados do trabalho. 
 
4) Considerações Finais 
 
 Visando compreender a dinâmica recente da rede de cidades brasileira procurou-se 
investigar um fenômeno social que sintetizasse as condições socioeconômicas vigentes nos 
períodos analisados, por meio dos fluxos que conectam as áreas urbanas do país. A migração 
interna, por se tratar de uma variável demográfica que analisa fluxos populacionais, é uma 
proxi da estruturação das conexões entre as localidades urbanas da rede. Ademais é clássica a 
associação, em toda a literatura especializada, entre a temática da urbanização e os 
movimentos internos da população, sobretudo no caso das nações capitalistas modernas. 
Autores de diferentes vertentes de pensamento concordam que a migração interna é um vetor 
de ligação entre as cidades e a direção dos seus fluxos pode funcionar como um indicativo das 
diferenças no porte econômico das regiões, bem como das oportunidades de ascensão social 
abertas pelos centros urbanos. 
 No Brasil, as migrações internas começaram a ganhar expressividade a partir da 
década de 30 e rapidamente se tornaram parte do processo de expansão urbana, especialmente 
após a redução das taxas de fecundidade nas maiores cidades a partir da década de 60. Desde 
então a população urbana supera a rural, e a quantidade de movimentos entre os centros 
altera-se, requalificando também os imigrantes. Assim, o crescimento de áreas urbanas 
dinâmicas explicita as novas possibilidades de mobilidade para os migrantes, e a modificação 
do perfil dos mesmos, especialmente em termos de qualificação para o trabalho. 
 Todas as transformações na estrutura política e socioeconômica do país influenciaram 
a intensidade e a direção das migrações internas, levando os pesquisadores a identificar a 
ocorrência de novos padrões migrações. Os dados analisados para a RLC mostraram que os 
migrantes, entre 1980 e 2000, diminuíram a sua participação na população total e a 
procedência rural foi reduzida em detrimento da origem urbana. As informações também 
indicaram um número maior de centros apresentando saldos positivos nas trocas com as 
maiores localidades do país, revelando que as opções de destino migratório vêm sendo 
ampliadas no decorrer das duas últimas décadas. Variáveis socioeconômicas mostraram que 
os imigrantes, mesmo que reduzida sua participação relativa na população total, apresentam-
se melhor em termos de ocupação,escolaridade e renda, o que sinaliza para uma seletividade 
maior nas correntes migratórias que se formam para as novas territorialidades dinâmicas do 
país. 
 
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