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Aula 9 - Kalecki-1

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A Macrodinâmica de Kalecki
Professor: Clésio Lourenço Xavier
Estágio em Docência/CAPES: Maria Inês Cunha Miranda
*Dinâmica Efetiva em Kalecki
 *Capítulos: 1 e 2
Referências
Kalecki, M. Teoria da dinâmica econômica. Coleção Os Economistas. São Paulo, Abril Cultural, 1983.
Possas, M.; Baltar, P.E.A. Demanda efetiva e dinâmica em Kalecki. Pesquisa e Planejamento Econômico. Rio de Janeiro, 11 (1), 1981, p. 107-160.
Kalecki (1899-1970)
Nasceu na cidade polonesa de Lodz;
Estudou engenharia na Escola Politécnica de Varsóvia e depois economia na de Gdanski sem, contudo, graduar-se;
Primeira titulação acadêmica: doutor honoris causa ‐ Universidade de Varsóvia (1963);
Trabalhou na Escola de Economia de Londres, em Cambridge e em Oxford;
Ocupou diversos cargos do governo polônes e o secretariado da ONU.
Obras
Os trabalhos de Kalecki podem ser separados em 3 grupos:
Estudo sobre as economias capitalistas desenvolvidas:
Questão da realização da produção -> principal entrave ao processo de acumulação das economias capitalistas. (Demanda efetiva no centro da análise)
Estudo sobre as economias subdesenvolvidas;
Estudo sobre as economias socialistas.
Principais livros: Teoria da dinâmica econômica e Crescimento e ciclo das economias capitalistas.
A obra de Kalecki na História do Pensamento Econômico
Demanda Efetiva na ótica de Kalecki -> 1ª formulação precisa e sistemática do papel da demanda efetiva no processo de reprodução capitalista.
Contrapõe a Lei de Say: produção ≠ realização.
Processo de reprodução do capital (Marx):
Capitalistas: D -> M (matérias-primas, equipamentos, f.d.t.)
Força de trabalho: M -> M’ 
Criação de valor stricto sensu: D -> M -> M’ (Valor criado ainda não foi realizado)
Criação de valor latu sensu: D -> M -> M’-> D’
Nada garante que o valor criado M’ será realizado D’
Referencial teórico
Marx: esquemas de reprodução para explicar o funcionamento das economias capitalistas.
São os gastos dos capitalistas os relevantes para se determinar a reprodução do sistema, pela realização da mais-valia -> base da formulãção kaleckiana.
Rosa Luxemburgo: problemas dos mercados no sistema capitalista e a necessidade dos chamados mercados externos para garantir-se a reprodução do sistema.
Tugan- Baranovsky: Não há perigo de falta de mercado por falta de consumo dos trabalhadores, já que o relevante eram os gastos dos capitalistas.
A Teoria da Dinâmica Econômica
As economias se desenvolvem em um padrão cíclico.
Por que, num determinado ano, a renda atingiu um certo nível e não outro nível qualquer?
Por que a renda oscila ao longo do tempo?
Por que a renda cresce? 
A Teoria da Dinâmica Econômica
A 1ª questão – problema de estática econômica: determinação do nível da renda.
A 2ª e a 3ª - problemas de “dinâmica econômica”: variações no nível de renda ao longo do tempo.
Objetivo: explicar como, nas economias capitalistas, sendo dadas sua condições próprias de produção, a renda nacional e cada um de seus componentes são determinados (lucros e salários; e, consumo e investimento) são determinados.
A Teoria da Dinâmica Econômica
Parte primeira: Grau de Monopolização e Distribuição de Renda
Capítulo 1 – Custos e Preços
Capítulo 2 – Distribuição da Renda Nacional
Parte segunda: A Determinação dos Lucros na Renda Nacional
Capítulo 3 – Os determinantes dos Lucros
Capítulo 4 – Os Lucros e o Investimento
Capítulo 5 – Determinação da Renda Nacional e do Consumo
A Teoria da Dinâmica Econômica
Parte terceira: A Taxa de Juros
Capítulo 6 – A taxa de Juros a Curto Prazo
Capítulo 7 – A taxa de Juros a Longo Prazo
Parte quarta: A determinação do Investimento
Capítulo 8 – O Capital da empresa e o Investimento
Capítulo 9 – Os determinantes do Investimento
Parte quinta: O ciclo econômico
Capítulo 11 – O Mecanismo do Ciclo Econômico
Capítulo 1 – Custos e Preços
Plano microeconômico: O que norteia a formação de preços no curto prazo de bens manufaturados?
Produtos primários: preços dependem de modificações na demanda (oferta inelástica);
Produtos manufaturados: preços dependem de modificações nos custos (oferta elástica – reservas de capacidade produtiva).
Fixação do preço por uma firma
Hipóteses:
Capacidade ociosa;
Custos diretos estáveis;
Firma não maximiza lucros;
Custos indiretos não influenciam diretamente os preços.
Firmas fixam preços levando em consideração:
Onde:
u= custos diretos. Eles são praticamente constantes até o limite da plena ocupação da capacidade produtiva.
 = preços de outras firmas.
 m = parâmetro que reflete as oscilações de u sobre o p.
 n = parâmetro que reflete a influência sobre os preços da interdependência dentro da industria.
Fixação do preço por uma firma
Sendo: 0 < n < 1
n = 0  monopólio n = 1  concorrência perfeita
m e n  refletem o grau de monopólio.
Objetivando vislumbrar a influência que o grau de monopólio exerce sobre os preços, Kalecki faz algumas manipulações na equação (1) dividindo ambos os termos pelo custo direto (u). 
Supõe ainda, que em algum ponto ao longo do ramo relevante de produção o preço a ser fixado se iguala ao preço médio:
 
Fixação do preço por uma firma
Um aumento no grau de monopólio  a reta desloca-se para A’B’.
Uma queda no grau de monopólio  a reta desloca-se para A’’B’’.
Grau de monopólio
Mark up
Fixação do preço por uma firma
Quanto maior for , maior será o grau de monopólio. Se o grau de monopólio se mantiver constante, o preço médio será proporcional ao custo direto, se o grau de monopólio aumentar, o preço médio se elevará com relação ao custo direto. Em suma, quando o grau de monopólio variar, o preço médio se modificará em relação ao custo direto da produção.
Períodos de depressão menor concorrência, ( ) logo maior grau de monopólio.
Períodos de prosperidade maior concorrência ( ), logo menor grau de monopólio.
Causas de modificação do grau de monopólio
Processo de concentração industrial;
Desenvolvimento da promoção da publicidade, vendedores, etc;
Influência dos custos indiretos;
Poderio dos sindicatos.
Causas de modificação do grau de monopólio
Kalecki tenta relacionar o grau de monopólio e a teoria de distribuição funcional da renda. 
Segundo Kalecki as modificações do grau de monopolização são de importância decisiva não só para a distribuição de renda entre trabalhadores e capitalistas, como também em alguns casos para a distribuição de renda da classe capitalista. 
Assim, o aumento no grau de monopolização motivado pelo crescimento das grandes corporações resulta em uma transferência relativa de renda das outras indústrias para as dominadas por tais corporações. Dessa forma, a renda é redistribuída, passando das pequenas para as grandes empresas.
Capítulo 2 – Distribuição da renda nacional
Busca articular teoria da distribuição da renda e grau de monopólio (k), através da determinamção da parcela do salário sobre a renda.
 Preços = k = p / u 
 Custos diretos
 Rendimentos = k = p / u 
 Custos diretos
Valor agregado da produção (VP) = (M) custo de matéria prima + W salários + L (lucros) +CJ (Custos indiretos).
Onde W + M = Custos diretos, u.
W + L +CJ = VP – M
Dividindo e multiplicando VP por (W+M):
Valor da produção = Valor dos rendimentos:
 VP = Valor dos rendimentos = k
 (W+M) Custos diretos
Substituindo k na eq. anterior:
Supondo: CJ constante
A parcela relativa dos salários no valor agregado () de um ramo da indústria pode ser representada como:
Substituindo L na equação da Ω:
Dividindo pela razão W/W:
Assumindo J como a relação matérias-primas/salários : J= M/W
  é uma função decrescente
do grau de monopólio (k) e da razão entre os custos de matérias primas e os custos de mão de obra (j).
Em uma empresa
É possível calcular a razão k média para as empresas que atuam em um mercado, ponderando preços e custo variável, verificados em cada empresa por sua participação no mercado; 
Mudanças na participação relativa de uma empresa alteram a ponderação com que influencia o cálculo dos valores médios. 
O estado da distribuição da renda em um agregado qualquer é dado por uma expressão do tipo:
Onde m é a média ponderada.
Sempre que o coeficiente  referir-se a um agregado, o peso relativo das unidades que o compõe, isto é, a composição desse agregado, será um dos determinantes do coeficiente .
Portanto, a composição setorial da produção (C.I.) também influi sobre a distribuição da renda. Ex.: Agricultura X Indústria
Comportamento da Ω ao longo do ciclo econômico
 k – variável anticíclica , J – variável cíclica e C.I. - variável anticíclica
 Recessão  reduz entrada de novos concorrentes, facilitando manutenção de um nível mais elevado de mark-up (empresas podem ampliar a diferença entre preços e custos diretos) : k 
 Crescimento/ prosperidade queda dos custos indiretos e medo de entrada de novos competidores reduzem o mark-up (amplia-se a concorrência potencial). Além disso, o poder de barganha dos sindicatos é fortalecido. k
 Recessão  Preços das matérias-primas que em geral são obtidas em mercados concorrenciais tendem a se reduzir, fazendo com que J
Crescimento/ prosperidade  Participação das matérias-primas tende a se elevar por pressões nos mercados de commodities, elevando seus preços. Então J
O caráter cíclico de J é explicado da seguinte forma:
	
	Os preços das matérias primas flutuam mais do que os níveis salariais. Mesmo com salários constantes, os preços das matérias primas cairiam na depressão devido a queda na demanda. Os cortes de salários não podem alcançar o preço das matérias primas em sua queda pois provocariam diminuição na demanda e nova queda nos preços dos produtos primários pág. 23).
Recessão  queda da produção industrial do D1 (departamento de bens de capital) onde a parcela dos salários geralmente é mais elevada que em outras indústrias ou setores . Então: Composição industrial cresce.
	“...essas mudanças são dominadas por uma redução do investimento com relação às outras atividades e a parcela relativa dos salários na renda das indústrias de bens de capital é em geral mais elevada que nas outras indústrias” (pág. 23).
Crescimento/ prosperidade  aumento do peso relativo do D1 (departamento de bens de capital) tende a promover um aumento do coeficiente  agregado. Composição industrial reduz.
Relativa insensibilidade da distribuição de renda às flutuações.
A parcela relativa dos salários parece não apresentar flutuações cíclicas significativas: melhora na fase de expansão e piora na recessão.
A alternância de fases pode significar que, parte dos efeitos líquidos sobre a distribuição decorrentes de uma conjuntura expansiva venham a ser compensados por efeitos de sinal oposto produzido por uma fase recessiva subsequente.
Crescimento
Recessão
k
+
-
J
-
+
Composição
+
-
Efeitos dos fatores de distribuição sobre , conforme a Fase do Ciclo, segundo Kalecki
Efeitos dos fatores de distribuição sobre , conforme a Fase do Ciclo, segundo Kalecki
 
No médio prazo a dist. de renda é estável, atua com um dado, tornando arbitrária qualquer tentativa de ajustamento da renda agregada por mudanças na distribuição.
Sobre o longo prazo: 
k apresenta uma tendência geral a aumentar e impactar negativamente a distribuição de renda.
Não há como generalizar com relação a J e a C.I.
Não há como saber como vai ser a distribuição de renda. Caso EUA X Inglaterra (1880 a 1941).
Teoria da distribuição vinculada ao processo de formação de preços
Distribuição de renda não guarda relação direta com a determinação da renda. Isto torna clara a impossibilidade a priori de tomá-la como variável de ajuste para manter a renda num determinado nível, ou seja, de que uma parcela da renda possa afetar diretamente outra parcela.
k, J, Composição industrial – “fatores de distribuição”, determinam a distribuição de renda (participação relativa), mas não determinam a renda (valor absoluto).

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