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Capitalismo atrasado nos países

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Processo de industrialização – do capitalismo originário ao atrasado 
Parte 2 
A França pós-revolucionária e a unificação alemã 
Na França, a revolução acabou com a estrutura do antigo regime, o que 
contribuiu para o desenvolvimento do capitalismo. Contudo, a economia 
francesa estava frágil, com a revolução e as guerras napoleônicas a França 
havia perdido suas colônias e sua marinha tinha sido destruída, além disso, o 
campesinato havia se fortalecido o que dificultava a articulação da agricultura 
ao mercado. Mas, apesar disso, foram senda criadas condições para que a 
industrialização ocorresse na década de 1840: um moderno sistema bancário e 
indústria têxtil. 
A posição da Alemanha era mais complexa, seus estados absolutistas que se 
apoiavam na nobreza iniciaram no século XIX um lento processo de eliminação 
das travas que se antepunham ao avanço do capitalismo, e as reformas iam 
sendo implantadas sempre preservando os privilégios das antigas classes 
dominantes. Assim, a burguesia ia obtendo concessões dos governos. A 
questão da servidão ia sendo resolvida por reformas e nas cidades ia sendo 
criadas condições para implementação da manufatura e mesmo da indústria 
têxtil. 
Sob liderança da Prússia, a questão nacional foi enfrentada pela formação da 
União Aduaneira (Zollverein) a partir da década de 1830. Portanto, na 
Alemanha a união econômica precedia a unificação política. 
A têxtil e o crescimento industrial 
As industrializações atrasadas possuem algumas especificidades em relação à 
Inglaterra: a indústria têxtil mecanizada se mostrou incapaz de desencadear o 
processo de industrialização e por isso a grande indústria convivia com formas 
pretéritas de organização. Isso acontecia por dois motivos. Primeiro, a 
presença dominante da Inglaterra no mercado mundial impedia que os países 
atrasados conquistassem mercados externos e segundo, nos países atrasados 
o processo de mercantilização da economia não havia se aprofundado ao 
ponto de gestar amplos mercados nacionais. 
O processo de acumulação primitiva na Inglaterra gerou as condições para a 
industrialização, o que não aconteceu nos países atrasados onde a construção 
ferroviária possibilitou a precipitação da industrialização, pois integrava 
mercados, o que levava a redução dos preços. 
A construção ferroviária também permitia a criação de um mercado consumidor 
de bens de consumo e ampliação dos mercados de meios de produção (ferro, 
carvão e aço). Contudo, apesar de a estrutura produtiva responder aos 
estímulos da construção ferroviária, a satisfação da demanda nacional só 
poderia ser atendida por meio de importações da Inglaterra. Assim, os países 
atrasados foram capazes de incorporar os avanços técnicos e econômicos da 
Inglaterra e seu processo de industrialização. 
A tecnologia inicialmente incorporada pela importação logo pode ser fabricada 
nos países atrasados e a transferência de conhecimento técnico era feita pela 
imigração de trabalhadores ingleses especializados. Portanto, é essa dimensão 
do capitalismo concorrencial, a impossibilidade de controle monopólico da 
tecnologia, que explica porque os países atrasados puderam criar uma 
estrutura produtiva tecnologicamente semelhante a da Inglaterra. 
O financiamento das industrializações atrasadas 
A construção ferroviária, instalação de indústria de meios de produção exigiam 
grandes investimentos para países com uma problemática poupança prévia. 
Por isso, a ação do Estado nos países atrasados foi fundamental. Mais uma 
diferença em relação a Inglaterra, onde o financiamento da industria se deu por 
ação privada. 
Nos países atrasados também se tem a presença de sociedades por ações, 
importação de capital estrangeiro e banco de investimento atuando no 
processo de centralização do capital. O banco de investimentos era importante 
pois além de liberar a industrialização da dependência de capital individual, 
concedia crédito para empresas que investissem em atividades de ponta. 
Assim, ao terminar o processo de industrialização a estrutura econômica dos 
países atrasados era qualitativamente semelhante a da Inglaterra. Isso também 
foi possível devido ao capitalismo concorrencial e adoção do livre cambismo 
pelos países atrasados. 
Por isso, a relação entre economia inglesa e a dos países de capitalismo 
atrasado foi denominada complementaridade restrita. Restrita porque a 
realização da complementaridade tendia a negá-la, ou seja, a exportação de 
primários e importação de capitais e meios de produção da Inglaterra, ao 
impulsionarem a industrialização dos países atrasados, tendiam a transformar 
a complementaridade em antagonismos. Por outro lado, na hierarquia 
conformada pelas posições das diferentes nações no mercado mundial, a 
inserção dos países dos países atrasados não podia ser classificada de 
subordinada, já que esses países podiam concorrer com a Inglaterra, e a 
própria participação no mercado mundial impulsionava o desenvolvimento dos 
diferentes industriais nacionais. 
Portanto, o processo de industrialização atrasada reproduziu a estrutura 
britânica e por isso podemos tratar as industrializações atrasadas em conjunto, 
o que não quer dizer que não houveram especificidades. 
 
EUA, França e Alemanha – especificidades 
Nos EUA a expansão da agricultura mercantil, pela colonização do oeste, 
garantia a exportação de primários e possibilitava a importação de meios de 
produção, o que acelerava a implantação da indústria. 
A construção ferroviária era impulsionada pela colonização, e a produção 
mercantil agrícola era possibilitada pela estrada de ferro. A agricultura de 
pequenos proprietários dava origem a importante indústria de máquinas e 
implementos agrícolas. 
O mercado externo funcionava como estímulo à indústria americana que, após 
se implantar, ao estreitar sua relação com bancos passou por um rápido 
processo de industrialização, adotando formas mais avançadas de organização 
da produção. A formação de trustes e o moderno sistema financeiro permitiram 
que a indústria americana logo assumisse a liderança mundial no campo da 
tecnologia e da criação de novos setores produtivos. 
Na Alemanha a lenta transformação da grande propriedade em propriedade 
capitalista e a débil agricultura camponesa do sul e oeste davam frágil apoio à 
indústria. Contudo, a agricultura do leste e noroeste modernizava-se e garantia 
exportação e abastecimento interno. Assim, o vigor da indústria alemã deve ser 
explicado não só pela ação do Estado, mas pela adoção de formas superiores 
de organização. A relação entre os bancos e a indústria permitiu que a 
produção alemã sofresse um rápido processo de centraloização. 
Portanto, o motor da expansão industrial alemã centrava-se no próprio 
movimento de acumulação, que era potenciado pelos recursos financeiros 
colocados à disposição dos industriais. 
Na França o capitalismo era o mais frágil dessa primeira onda de 
industrializações atrasadas. A pequena produção da agricultura, protegida por 
alianças políticas com uma burguesia que temia os avanços do proletariado, se 
mostrou lenta em se articular com o mercado e em modernizar seus processos 
produtivos. 
Os mecanismos da livre concorrência permitiam que o dinamismo da economia 
britânica fosse difundido, pelo mercado mundial, aos países de capitalismo 
atrasado. A expansão das atividades exportadoras desses países acelerava o 
processo de mercantilização e acumulação de capitais, criando condições para 
importações da Inglaterra. Por outro lado, as características do capitalismo 
concorrencial possibilitavam que os países atrasados internalizassem os vários 
ramos da produção industrial, em condições de concorrer como capitalismo 
inglês. 
Transição ao capitalismo monopolista 
A grande depressão é uma fase de transição entre etapa concorrencial e 
monopolista do capitalismo. A Inglaterra perdia o monopólio da produção 
industrial e a tendência ao livre cambismo começava a ser substituída pelo 
protecionismo. Começava uma fase denominada segunda revolução industrial, 
em que se inseria um novo padrão tecnológico. 
O acirramento da concorrência intercapitalista provocava o estreitamento das 
relações entre bancos e indústria, e o crédito de capital passava a ser utilizado 
como poderosa arma na luta pela eliminação de concorrentes e para 
centralização de capitais, o que aumenta a importância dos bancos. 
A industrialização dos países atrasados afetou a Inglaterra pela perda desses 
mercados nacionais e porque esses novos países industrializados passaram a 
exercer concorrência no mercado mundial. Contudo, a dificuldades inglesa 
também se dava pela sua defesa de um a estrutura concorrencial (livre 
comércio). 
A primeira onda de industrializações atrasadas e as transformações pelas 
quais passava o capitalismo implicavam mudanças nos padrões das RI. A 
hegemonia inglesa ia sendo solapada e acirravam-se a concorrência entre as 
nações mais avançadas. O aparecimento dos superlucros monopólicos e a 
concorrência entre as nações industrializadas constituíam forças contrárias ao 
livre cambismo, e assim, os países atrasados tendiam a retornar ao 
protecionismo. As barreiras ao livre comércio impulsionavam os países 
industrializados a buscar saída para suas mercadorias entre as nações mais 
atrasadas, iniciando o imperialismo. 
Segunda onda de industrializações atrasadas – Japão 
O feudalismo japonês apresentava os mesmos elementos do feudalismo 
europeu e a decadência desse é que, assim como na Europa, gerou as 
condições para o capitalismo. 
A pequena produção camponesa foi se articulando ao mercado e no próprio 
campo se desenvolvia o artesanato que iria concorrer com a pequena produção 
das cidades. O putting-out foi implantado por comerciantes e o poder central e 
local patrocinava a manufatura e a mineração. 
O processo de desenvolvimento do capitalismo e mercantilização da produção 
solapavam as bases do regime Tokugawa. A derrubada do regime Tokugawa 
pela restauração Meiji criou as condições para execução de um programa de 
reformas, pois implementou a reforma tributária que foi fundamental para que o 
Estado pudesse atuar com eficácia. 
A industrialização japonesa é vista por alguns autores como resultado das 
pressões internas. Contudo, a agressão estrangeira dos EUA acelerou esse 
processo interno. No início da industrialização o país dependia da importação 
de máquinas e equipamentos, o que exigia da economia japonesa a criação de 
um setor ligado à exportação. Assim, com apoio do governo a economia 
mercantil se articulava ao mercado internacional pela exportação de seda, chá, 
cobre, arroz. 
Portanto, a partir da segunda metade do século XIX eram criadas as condições 
para implementação do capital industrial no Japão. Camponeses e artesãos 
expropriados conformavam a massa de trabalhadores livres, passíveis de 
serem transformados em assalariados. A tributação centralizava nas mãos do 
governo os recursos que seriam destinados à indústria e infra-estrutura. As 
exportações garantiam as capacidades de compra necessária para a 
importação de máquinas e equipamentos. 
Segunda onda de industrializações atrasadas – Rússia 
A Rússia também tinha um passado feudal. Contudo, enquanto na Europa 
Ocidental a formação dos Estados nacionais se processava em meio ao 
afrouxamento dos laços servis, a formação do Estado russo, a partir do século 
XVI, coincide com a solidificação da servidão. 
Até as guerras napoleônicas, o baixo grau de desenvolvimento não impedia 
que a Rússia exercesse seu papel de potência no concerto europeu. Contudo, 
a industrialização da Europa Ocidental acentuava o atraso relativo, e a derrota 
na guerra da Criméia mostrou a fragilidade russa. 
Assim como no Japão, era a agricultura russa que alimentava as exportações 
do país e a classe camponesa a geradora de recursos que financiaram a 
industrialização. A tributação sobre os camponeses forçava a migração desses 
para as cidades e com isso a indústria que se implantava pode contar com 
trabalhadores livres. A exportação de cereais garantia a importação de 
máquinas e equipamentos necessários para a industrialização. O setor 
industrial também era apoiado pelo Estado pela garantia de encomendas e 
pelo fornecimento de crédito. Assim, em fins do século XIX, a Rússia já era um 
país cujo crescimento econômico era liderado pela indústria. 
 
As industrializações japonesa e russa se desenvolviam num momento em que 
o capitalismo mundial estava em transição para sua etapa monopolista, o que 
acentuava o atraso relativo dos países da segunda onda de industrialização 
atrasadas. Por isso, esses países eram obrigados a incorporar os últimos 
avanços das nações já industrializadas, dando um “salto”, já que não podiam 
seguir as mesmas etapas do desenvolvimento dessas nações. 
A questão do financiamento – o papel do Estado 
A afirmação de que nas décadas que precederam a industrialização era 
modesto o desenvolvimento mercantil e manufatureiro na Rússia e no Japão 
indica que nesses países a burguesia era débil política e economicamente. 
Assim, o próprio Estado, para garantir a segurança nacional, assumiu o papel 
da burguesia e promoveu a industrialização, além de ter criado os bancos. 
Enquanto nos primeiros países da industrialização atrasada a formação das 
sociedades por ações e os bancos de investimento criaram as condições para 
que o dinheiro em mãos da burguesia desse origem ao capital industrial, nos 
países da segunda onda de industrialização atrasada a transformação do 
dinheiro em capital dependeu da ação do Estado.

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