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ÍNDIGO: TECNOLOGIAS - PROCESSOS TINGIMENTO - ACABAMENTO Fernando Lima Paulo Ferreira Grátis mini CD com programas do livro 2 À minha esposa Miriam e meus filhos Melissa e Fernando, pelo incentivo e paciência e principalmente pelas horas roubadas de nosso convívio. 3 "If night hides many secrets, indigo hides just as many." Ousmane Gamané 4 Prefácio Em agosto de 2001, seguindo a orientação estratégica de tornar a São José (Fiação e Tecelagem S/A e subsidiárias) a mais flexível empresa produtora de Brim do Brasil, tomamos a decisão de concretizar o programa de entrar no Exclusivo hall do Denim Indigo Blue. Nossos brins para vestuário já estavam consolidados, os brins para roupas Profissionais Semprebem e Sempreforte haviam sido lançados no princípio do Ano, as metas de produção e qualidade superadas. Era hora portanto de Completarmos o projeto e estarmos firmes nos três seguimentos do mercado de Brim. Estabelecidas as metas e formulado o plano de ação, nos propusemos ao trabalho. O desafio era enorme já que estabelecia estarmos no mercado em 15 meses, com A melhor instalação de índigo do país, devendo a primeira partida produzida ir de Fato para o mercado, parte para o mercado externo. De início era preciso aprender, e aprender muito. Prevíamos que uma pequena Parte deste aprendizado poderia ser em visitas as instalações já existentes. Como não foi possível visitar uma sequer no Brasil, fomos ao exterior e aí sim, Aprendemos. Alemanha, Espanha, Itália e Rússia foram os principais países Visitados., todos os fabricantes de equipamentos foram contatados e avaliados. As tecnologias disponíveis, sejam de equipamentos, seja de corantes, foram Exaustivamente estudadas. Enfim, um trabalho de fato árduo, mas no final, todas As metas foram rigorosamente cumpridas. Na verdade aprendemos mais que produzir o Denim Índigo Blue. Confirmamos num grande projeto que se a meta for bem estabelecida e existir um Plano de ação estruturado, os resultados aparecem. Também que não há Problema ou barreira que resista ao trabalho. Os autores de “’Indigo – Tecnologias, Processos, Tingimento, Acabamento, Fernando Lima e Paulo Oscar, foram os principais responsáveis pelo sucesso do projeto. Quando me procuraram com a idéia de por no papel e publicar o que havia Aprendido, de modo a auxiliar estudantes e técnicos no aprendizado do Extraordinário e apaixonante processo de produção de tecidos tintos com índigo, Percebi que tínhamos aprendido ainda mais. 5 Que o conhecimento é para ser disseminado. Que os mais jovens precisam de Nossa experiência e que todos nós somos responsáveis em fazer do Brasil um País melhor, porque produz mais, para o seu mercado e para o mundo e quem Sabe de maneira que o maior número de possível de brasileiros vivam melhor porque Se beneficiam de nosso conhecimento. Os autores parecem que aprenderam muito mais do que tingir com índigo. Aprenderam a viver e deixar viver. Oscar Augusto Rache Ferreira Oscar Augusto Rache Ferreira, Diretor Presidente da Fiação e Tecelagem São José S/A; Presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem em Geral e da Malharia no Estado de Pernambuco – SINDITÊXTIL; Vice-Presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil – ABIT e Vice-Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco – FIEPE.................--------------..................------- .......................................................... 6 Índice Capítulo 1 – Índigo o rei dos corantes Índigo – o corante pág. 10 Cronologia da história do índigo pág. 11 O índigo natural pág. 11 Obtenção do índigo natural pág. 13 Obtenção do índigo sintético pág. 15 Obtenção do índigo em laboratório pág. 17 Características físico-químicas do índigo pág. 17 Capítulo 2 – Tecnologias de produção Características do tingimento pág. 19 Tecnologias de tingimento de índigo pág. 22 Rope dye pág. 23 Slasher dye pág. 29 Loop dye pág. 33 Comparativo máquina cordas x multi-caixas pág. 36 Fabricantes de equipamentos para índigo pág. 37 Capítulo 3 – Processos prévios Algodão pág. 39 Fios open-end x ring (anel) pág. 39 Urdição pág. 40 Tipos de urdimentos utilizados pág. 42 Capítulo 4 – Tingimento Formas de comercialização do corante índigo pág. 44 Principais fornecedores de corante índigo pág. 44 Tingimento – parâmetros pág. 45 Índigo normal (solução pigmentaria dispersa) pág. 49 Cálculo de uma tina mãe com 100 g/l de índigo pág. 50 Cálculo do reforço de hidrossulfito de sódio e soda pág. 51 Seqüência de preparo da tina mãe pág. 55 Dosagem de corante e produtos químicos pág. 55 Índigo pré-reduzido pág. 57 Cálculo para dosagem de índigo pré-reduzido pág. 57 Dosagem de corante e produtos químicos pág. 59 Banho inicial de índigo na máquina pág. 60 Alternativas de tingimento pág. 60 7 Capítulo 5 – Controle do tingimento Laboratório de controle de qualidade pág. 65 Análise da concentração de soda cáustica pág. 67 Análise da pureza de hidrossulfito de sódio pág. 68 Controles do processo pág. 69 Teor de hidrossulfito livre no banho pág. 70 Concentração de índigo no banho pág. 78 Determinação da concentração de corante no fio pág. 84 Identificação do tipo de tingimento pág. 86 Capítulo 6 – Engomagem Engomagem – características pág. 88 Fios open-end na engomagem pág. 89 Capítulo 7 – Tecelagem Tecelagem pág. 92 Re-inserção de trama nas ourelas pág. 93 Cálculo para tecidos denim pág. 93 Estrutura dos tecidos denim pág. 95 Capítulo 8 – Beneficiamento Acabamento pág. 97 Parâmetros a serem considerados no acabamento pág. 99 Determinação de skew pág. 101 Tingimento de tecido com índigo (bleu de chine) pág. 102 Capítulo 9 – Controle de qualidade Revisão pág. 105 Classificação do tecido em pontos por 100m² pág. 105 Apêndice A Estimativa da capacidade instalada pág. 106 Apêndice B Tabela de soda cáustica pág. 107 Apêndice C Dicas importantes pág. 108 Bibliografia pág. 109 8 Apresentação Esta obra foi realizada devido às escassas informações sobre o índigo, às barreiras impostas pelos fabricantes de denim em permitir visitas ou troca de informações, e a necessidade de se desmistificar o assunto. O objetivo é de contribuir paraa melhoria da qualidade na produção de índigo no Brasil tornando assim o País mais competitivo no cenário Internacional. O processo de tingimento com corante Índigo é complexo e caro, sendo assim, os eventuais problemas na produção podem inviabilizar economicamente os negócios. No ano de 2001 estima-se que havia 400 produtores de índigo no Mundo e a capacidade ociosa da produção era da ordem de um Bilhão de metros / ano. No Brasil a capacidade ociosa é da ordem de 100 milhões de metros por ano. Pode-se concluir que o mercado esta extremamente competitivo e o único caminho para superar estes obstáculos é a diferenciação dos produtos. As informações foram pesquisadas em livros, boletins técnicos de fabricantes de corantes, catálogos de fabricantes de equipamentos, estágio na Alemanha, visitas em empresas de vários países como Alemanha, Espanha, Itália e Rússia, bem como da nossa própria experiência na implantação do “Projeto Índigo” na Fiação e Tecelagem São José S/A. Acreditamos que esta obra possa auxiliar os técnicos e estudantes no nosso cotidiano, de forma didática e prática. Agradecimentos Luis Antonio Horner, Ilton Zucco, José Luis Maia e Mário Tornice. Agradecimentos especiais às empresas Dystar, Morrison e Texima pelo apoio e informações prestadas. 9 Capítulo 1 Índigo – o rei dos corantes 10 “Depois farás um véu de azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino torcido; “ Êxodo 26:31a Índigo – o corante A palavra índigo é derivada do grego “indikon” e do latim “indicum” e significa “uma substância da Índia”, porque era a região da qual se originava o pigmento comercializado na época do Império Greco-Romano. O índigo é um dos pigmentos mais utilizados no mundo e tem sido utilizado há pelo menos 5.000 anos. Foi usado na idade do ferro e é ainda hoje popular como a cor típica das calças jeans. Os peritos dizem que as múmias egípcias do terceiro milênio antes de Cristo já possuíam nas suas vestimentas, linho tinto com índigo. O índigo é uma cor predominante no guarda-roupa fúnebre de Tutankamón. Há evidências do uso do índigo em quase todas as civilizações . O índigo era à base de numerosas tradições têxteis através da África Ocidental. Por séculos antes da introdução do índigo sintético, a capacidade de transformar o tecido branco no azul profundo era uma habilidade misteriosa e altamente valiosa passada pelos tintureiros de geração a geração. Dos nômades tuaregs do Saara aos reinos dos prados de Camarões, o tecido índigo significou a riqueza, abundância e fertilidade. Tintura de índigo em Mossi (Alta Volta) – início do século 20 - Atual Burkina Faso 11 Cronologia da história do índigo 2600 A.C. As tinturas naturais mais antigas registradas sabidamente foram produzidas na China por volta desta época. 55 A.C. Os romanos encontraram na França as “picti” (pessoas pintadas) que usavam o anil para pintarem-se. 2 e 3 A.D. Os têxteis romanos deste período abusavam da cor rubra e do azul do índigo. 100 Primeira produção em grande escala de índigo no Império Romano. 1498 Após a abertura das rotas pelo mar para a Índia, o comércio de índigo com a Grã Bretanha chegou a ser o mais importante. 1771 O ácido pícrico é descoberto pela reação do ácido nítrico com o índigo. 1865 Adolf von Baeyer começou seu trabalho sobre o índigo, que propiciou mais adiante ao descobrimento do indoxyl e a síntese parcial do índigo. 1878 Síntese do índigo sintético é anunciada por Adolf von Baeyer. 1883 Adolf von Baeyer anunciou a estrutura química do índigo. 1897 Comercialização do índigo sintético que resultou na disponibilidade de um processo mais viável comercialmente. 1932 A produção comercial do índigo natural cessou na Inglaterra. O índigo natural O índigo natural é obtido de plantas de diversos gêneros e ordens existentes em várias regiões do globo. As mais conhecidas e importantes são: Nome científico Região Indigofera arrecta África, Índia, Indonésia Indigofera suffruticosa América, África, Ásia Indigofera tinctoria Ásia, Índia Isatis tinctoria Ásia, Cáucaso, Europa 12 O baixo rendimento da Isatis tinctoria, cerca de 30 vezes menor que a Indigofera tinctoria, tornou esta última um dos produtos mais importantes na exportação da Índia para a Europa, até o início do século vinte. Indigofera tinctoria blocos de índigo natural 13 Isatis tinctoria Obtenção do índigo natural Apesar de ser uma planta perene, o índigo semeia-se a cada ano por motivos práticos. Quando as flores começam a abrir-se, cortam-se as plantas junto às raízes (2 a 3 colheitas anuais). Desidratam-se e submetem-se depois a uma fermentação úmida por meio da bactéria Clostridium isatidis. O indican contido primitivamente na planta, em forma de glucosídeos, se desdobra pela fermentação em indoxyl e uma espécie de açúcar (indiglucina), reduzindo-se a primeira em índigo branco. Sob a ação do oxigênio do ar e mediante processos mecânicos (macerado com bastões, pás, etc.), reoxida-se o índigo branco, e o anil, que se deposita em forma de grãos ou torrões, separa-se do caldo, escurece-se, lava-se com água, cozinha-se, e por último seca-se. Cerca de 100 kg de planta dessecada produzem deste modo de 1,5 kg a 2 kg de índigo. Atualmente, a despeito das inúmeras dificuldades, muitas pessoas na Ásia ainda produzem o índigo natural. 14 C 6 H 11 O 5 N CH C 6 H 12 O 6 indican glucose N C O CH H H 2 O C OH H + fermentação indoxyl N C OH CH H + N C OH CH H indoxyl indoxyl N C H ||O C || N C H || O C índigo oxidação Obtenção do índigo natural Vista 3D de uma molécula de índigo 15 Obtenção do índigo sintético A seguir descreveremos as sínteses mais importantes a partir da anilina e do naftaleno. O índigo sintético é produzido pela união de 2 moléculas de fenilaglicianato de sódio (industrialmente obtida da anilina), em uma mistura de hidróxido de sódio e amideto de sódio (sodamida). NH2 OHO NH2 NH O OH O OH anilina ácido antranílico ácido fenilaglicina - o - carboxílico N H N H O O índigo Síntese do índigo a partir da anilina 16 Outro processo é a síntese partindo-se do naftaleno, um processo desenvolvido por von Heumann. + OH OH O O OH OH O O ácido ftáliconaftaleno ftalimida OHO NH2 NH O OH O OH ácido antranílico ácido fenilaglicina - o - carboxílico N H N H O O índigo Síntese do índigo a partir do naftaleno 17 Obtenção do índigo em laboratório Para efeito de conhecimento é possível obter-se índigo no laboratório, apesar deste método não ser econômico industrialmente. Reagentes: o-Nitrobenzaldeído, acetona e hidróxido de sódio, água deionizada. Equipamentos: erlenmeyer de 200ml, bastão de vidro, filtro e papel de filtro, pipetas de 20ml, balança de precisão, beckers. Método: em um erlenmeyer de 200ml dissolva 4 g deo-Nitrobenzaldeído em 40ml de acetona. Adicione 20ml de água deionizada e agite até completa homogeneização. Em seguida adicione vagarosamente, 16ml de uma solução 1 molar de hidróxido de sódio. A mistura é agitada com um bastão de vidro e deixada descansar por 5 minutos. O precipitado formado (índigo), é então filtrado e seco a temperatura ambiente. Características físico-químicas do índigo Color Index number: 73000 Color Index name: CI Vat Blue 1 Fórmula: C16 H10 N2 O2 Composição: • Carbono: 73,27% • Hidrogênio: 3,84% • Nitrogênio: 10,68% • Oxigênio: 12,20% Densidade: 1,417 g/cm³ Peso molecular: 262,27 g 18 Capítulo 2 Tecnologias de produção 19 Características do tingimento Uma das características do tingimento com corante índigo, que o faz único, é o método particular de tingimento sobre os fios de algodão. Este método permanece praticamente inalterado desde os tempos do índigo natural até os dias atuais, mais de cem anos desde a sua síntese. O corante índigo possui molécula relativamente pequena e baixa afinidade com a fibra celulósica. Para ser aplicado além de ser reduzido numa solução alcalina (leuco), também requer uma série de impregnações seguidas de foulardagem e oxidação ao ar, para se obter um azul intenso sobre a fibra. Cada série de impregnação, foulardagem e oxidação é denominada ciclo ou dip, e um tingimento em geral varia de 4 a 8 ciclos. imersão foulardagem oxidação Ciclo ou dip O número ideal de caixas de tingimento depende da intensidade de cor requerida: poucas caixas fornecem uma intensidade baixa. . Outro fator é a solidez, que para uma mesma cor, quanto maior o numero de caixas maior será a solidez do tingimento, ou seja, quanto maior o numero de caixas, menor a concentração de índigo no banho de tingimento e com isso a fixação do corante na fibra será maior. Recomenda-se durante o tingimento que o banho circule no mínimo de 3 a 4 vezes por hora para se manter a uniformidade das concentrações de corante, hidrossulfito de sódio e soda cáustica. 20 Abaixo ilustramos como o fio se comporta após cada ciclo de tingimento. corte transversal do fio e as camadas de tingimento Cortesia CHT Tunbingen 21 O tempo de imersão se rege pelo tipo de instalação de tingimento e pela velocidade de produção. Nas instalações ao largo (multi-caixas ou loop) o tempo de imersão varia de 4 a 15 segundos. Se o tempo de imersão é inferior a 8 segundos, a solidez em tons escuros é limitada. Tingindo-se em cabo, o tempo de imersão varia de 12 a 20 segundos. O tempo de oxidação deve ser no mínimo de 45 segundos no tingimento ao largo (multi- caixas ou loop), bem como mínimo de 80 segundos para o tingimento em corda. Em teoria, a relação entre imersão e oxidação é de 1:6, isto é, para cada metro de imersão são necessários 6 metros de oxidação, exceto para as máquinas equipadas com equipamentos de oxidação forçada. Na prática, em máquinas ao largo (multi-caixas ou loop) a oxidação perfeita está em torno de 60 segundos. Em termos gerais o comprimento em metros de oxidação para cada ciclo, é o mesmo da velocidade da máquina. Por exemplo, se a velocidade da máquina é 30 metros/minuto, o comprimento de fio para oxidação em cada ciclo, será de 30 metros. Tempo de oxidação = veloc.(m/min) * 60 min = 30 x 60 = 60 segundos metros de oxidação 30 É possível reduzir-se o comprimento de oxidação em até 75% , com a utilização de uma oxidação forçada. Esta inovação foi introduzida pela fabricante italiana Master Macherio em suas máquinas de tingimento multi-caixas, e foi patenteada com o nome de Rapidsky®. A Texima possui um sistema similar chamado Fastoxid. O sistema Rapidsky® permitiu um grande ganho, aumentando o percentual de tecidos de primeira qualidade, conseqüentemente reduzindo os tecidos de segunda qualidade ou mesmo retalhos, oriundos das trocas de partidas ou paradas eventuais da máquina, pois o comprimento total de fio na máquina diminui. Exemplo Máquina de 8 caixas de tingimento Velocidade da máquina: 32 metros/minuto Metros de fio necessários para oxidação/caixa: 32 metros Volume total de fio para oxidação: 256 metros (8 x 32m) Sistema Rapidsky® Metros de fio necessários para oxidação/caixa: 8 metros Volume total de fio para oxidação: 64 metros (8 x 8m) Volume de fio economizado: 192 metros (256m – 64m) São 192 metros que em uma eventual parada ou troca de partida iriam produzir tecido de segunda qualidade ou retalho, ou seja, para uma partida de 50.000 m de fio a redução é 22 de 0.38% em tecido diferente de primeira qualidade, em valores, isto significa U$ 50.000 anuais para uma instalação de 1.000.000 m por mês! Alguns fabricantes de tecidos denim preferem máquinas de oxidação forçada com um pequeno percurso para oxidação natural, isso porque em caso de quebra de algum motor de ventilação pode-se ainda trabalhar com uma velocidade razoável. Isso resulta que na realidade ninguém prefere uma máquina com uma passagem de 8 metros na oxidação, pois fica muito no limite. Tem que se levar em conta também, que com o sistema de oxidação forçada há mais dois motores e dois filtros por caixa de tingimento, isso significa mais manutenção e a necessidade de mais limpeza. Cada motor é de 3 cv, para uma máquina de 8 caixas de tingimento significa (3 cv x 16 motores x 0,745 kW/cv) 36 kW instalados. Tecnologias de tingimento de índigo: Existem 3 tecnologias de tingimento de índigo: máquinas em corda, máquinas multi- caixas e máquinas loop, cada uma com suas vantagens e desvantagens, e um motivo claro para sua utilização. • Rope dye (corda) • Slasher dye (multi-caixas) • Loop dye (loop, também chamadas girotex). No ano de 2003, no Brasil, a utilização destas tecnologias estava distribuída da seguinte maneira: 23 As máquinas em aberto, que trabalham diretamente dos rolos de urdideira, necessitam de um acumulador para evitar paradas no tingimento quando da troca do rolo engomado, que resultariam em metragens manchadas ou de segunda qualidade. Estes acumuladores podem acumular fio suficiente para até 6 minutos de parada da cabeça da engomadeira sem que o sistema de tingimento sofra qualquer interferência. Dependendo do fabricante da máquina podem ser instalados após as caixas de lavagens (acumulador em úmido) ou após a secagem (acumulador em seco). Os acumuladores a úmido podem reduzir a elasticidade dos fios tintos e os acumuladores a seco podem aumentar o índice de ruptura nos fios tintos, pois o acúmulo dos fios se dá após a engomagem. A grande maioria das máquinas tipo “loop” têm o acumulador em seco e a grande maioria das máquinas “multi-caixas” tem os acumuladores em úmido. Como as instalações de tingimento são feitas sob encomenda e personalizadas, este assunto deve ser bastante discutido antes de sua definição. Rope Dye (corda) A primeira máquina de tingimento de índigo em contínuo foi uma máquina em cordas construída em 1920 pela Coocker Machine & Foundry Company (USA), nas instalações da Cone Mills (Greensboro – USA) e sua montagem levou seis meses.Primeira máquina do mundo em contínuo – cordas As máquinas em corda podem trabalhar de 12 a 48 cabos e possuem entre 300 a 450 fios/cabo, dependendo do número total de fios de urdume. Os cabos são alimentados lado a lado na instalação de tintura (rope dye). Depois de tintos, são abertos e re-urdidos (re-beaming), e engomados da forma tradicional. Eventualmente a máquina pode vir 24 equipada com 1 ou 2 vaporizadores dependendo da finalidade do tingimento (enxofre, reativo ou indanthren). Principais vantagens: • Produtividade alta • Não existem paradas nas trocas de partidas. • Excelente uniformidade ourela/meio no tecido final. • Pouco desperdício de fio. • Altas eficiências de tingimento. • Alta solidez Principais desvantagens: • Alto investimento. • Necessidade de espaço físico, geralmente 100% maior do que uma multi-caixas. • Perda de elasticidade dos fios. • Os cabos devem abrir-se após a tintura (re-beaming). • Custos adicionais pelo uso de amaciante para abertura das cordas. • Grande volume do banho de tingimento. • Limitação do título do urdume geralmente até Ne 20/1. • Maior mão de obra requerida. Fluxo do processo: Urdição das cordas (Ball warping) Tingimento (Rope dyeing) Abertura das cordas (Re-beaming) Engomagem (Sizing) Tecelagem (Weaving) 25 1 2 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 3 3 3 3 5 5 5 5 5 5 5 5 6 7 7 7 NO M EN CL AT UR A 1 - ga io la da s co rd a s u rd id a s 2 - ca ixa de u m e ct a çã o 3 - ca ixa de la va ge m 4 - ca ixa de tin gi m e n to 5 - zo n a de o xid a çã o 6 - se ca de ira 7 - la ta de co rd a tin ta 8 - va po riz a do r (op ci o n a l) 8 8 M ÁQ U IN A D E TI N G IM E N TO TI PO CO R D A S 26 Ball warper – urdideira de cordas. Geralmente trabalha entre 300 e 400 fios/corda. Cortesia West Point Vista traseira de uma máquina de cordas, onde se pode observar a gaiola onde são montadas as cordas. Geralmente trabalha-se com 3 conjuntos de cordas para formar o urdimento. Cortesia Morrinson Textile Machinery Vista lateral de uma máquina de cordas. Cortesia Morrinson Textile Machinery 27 Entrada das cordas na máquina, antes do processo de tingimento. O número de cordas e a quantidade de fios por corda são em função do número de fios totais de urdimento e da capacidade de coradas da máquina. As máquinas básicas normalmente possuem capacidade para 24 cordas, mas podem ser fornecidas para capacidade de 12 ou 36 cordas, conforme necessidade do cliente. Cortesia Morrinson Textile Machinery Entrada das cordas na primeira caixa de tingimento. A corda ao ser impregnada no banho de corante reduzido, apresenta uma tonalidade amarelada que ao sair do foulard é oxidada em contato com o ar passando para uma tonalidade azul esverdeada. Cortesia Morrinson Textile Machinery 28 Re-beaming – Os fios tintos e secos devem ser abertos e re-urdidos para a operação de engomagem do urdimento final. Um dos pontos críticos nesta operação é a dificuldade das cordas abrirem-se caso não se tenha o cuidado de utilizar um bom lubrificante na última caixa de lavagem e manter-se uma umidade residual entre 4% e 6% após seco. Re-beaming - cortesia West Point 29 Slasher Dye (multi-caixas) A partir de 1970 deu-se início na Europa a tecnologia de tingimento multi-caixas. Devido a sua simplicidade em relação às máquinas de cordas, houve um incremento muito grande quanto a este tipo de equipamento, tornando-os bastantes populares. Neste sistema os rolos de urdimento são agrupados a partir de uma gaiola similares à da engomadeira, tintos nas diversas caixas de tingimento (entre 4 e 8 caixas, em casos especiais até 10 caixas), e engomados em uma operação contínua. Eventualmente a máquina pode vir equipada com um ou dois vaporizadores dependendo da finalidade do tingimento (enxofre, reativo ou indanthren). Principais vantagens: • Instalação compacta (menor espaço requerido em relação à máquina de cordas). • Possibilidade de tingimento de fios finos para camisaria. • Produção contínua desde os rolos de urdideira até os rolos da engomadeira. • Melhor elasticidade dos fios em relação à máquina de cordas. • Baixo volume do banho de tingimento (em relação à máquina de cordas). • Flexibilidade na troca de artigos. • Adequada para tingimento de denim colorido. • Baixo investimento em relação à máquina de cordas. • Mão-de-obra reduzida em relação à máquina de cordas. Principais desvantagens: • Possibilidade de variações centro/ourelas. • Perda de produtividade devido às trocas de partidas. • Maior tendência à formação de estopa devido às trocas de partidas. • Ocorrência de manchas na troca de roladas. Fluxo do processo: Urdição dos rolos (urdideira) Tingimento/engomagem (multi-caixa) Tecelagem 30 7 1 2 3 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 6 7 8 9 10 11 11 3 3 NO M EN CL AT UR A 1 - ga io la do s ro lo s u rd id o s 2 - ca ixa de u m e ct a çã o 3 - ca ixa de la va ge m 4 - ca ixa de tin gi m e n to 5 - zo n a de o xid a çã o 6 - a cu m u la do r 7 - se ca de ira 8 - ca ixa de go m a 9 - se ca de ira da e n go m a de ira 10 - ca be ça da e n go m a de ira 11 - va po riz a do r (op ci o n a l) M ÁQ U IN A D E TI N G IM E N TO TI PO M U L TI - CA IX A S 31 Gaiola de uma máquina multi-caixas. A grande maioria dos fabricantes fornece com uma gaiola simples fixa, mas a Texima tem insistido em fornecer gaiolas duplas por saber das vantagens conseguidas nas trocas de roladas permitindo maior produtividade. Cortesia Texima S/A - São José S/A Vista lateral de uma multi-caixas desde a gaiola de rolos até as caixas de tingimento. Cortesia Texima S/A – São José S/A Detalhe do comando principal de uma máquina multi-caixas moderna, onde são visualizados todos os parâmetros de processo (pH, redox, temperaturas, dosagens de corantes e produtos químicos, velocidade etc.) e situação mecânica da máquina. Cort. Texima S/A – S. José S/A 32 Detalhe da primeira caixa de tingimento onde se pode notar o corante índigo reduzido (amarelo) e a saída do fio apósa foulardagem já se iniciando o processo de oxidação (azul esverdeado). Cortesia Texima S/A – São José S/A Painel principal de monitoramento da máquia de índigo – Cortesia Texima S/A – São José S/A 33 Loop Dye (loop ou girotex) Esta tecnologia possui uma história curiosa, em 1973, o Sr. Lau Chor Sen , um químico têxtil de Hong Kong, por absoluta falta de espaço para montar uma máquina multi-caixas, teve a idéia de reduzir as caixas de tingimento para uma única caixa, com o urdimento passando quatro vezes pela mesma caixa, intercalando uma oxidação entre cada passagem. Não havendo conseguido funcionar o protótipo, talvez por falta de conhecimento mecânico, deixou a patente caducar. Em 1980, a fabricante italiana de tecidos Italdenim, solicitou a Master Macherio a construção de uma máquina baseada neste sistema, nasceu assim a primeira máquina operativa do mundo modelo “loop”. Principais vantagens: • Instalação mais compacta (menor espaço em relação à máquina multi-caixas e cordas). • Produção contínua desde os rolos de urdideira até os rolos da engomadeira. • Melhor elasticidade dos fios em relação à máquina de cordas. • Baixo volume do banho de tingimento (em relação a multi-caixas e cordas) • Flexibilidade na troca de artigos e de títulos finos. • Baixo investimento em relação à máquina de cordas e multi-caixas. Principais desvantagens: • Possibilidade de variações centro/ourelas. • Perda de elasticidade do fio. • Perda de produtividade devido às trocas de partidas. • Formação de estopa devido às trocas de partidas. • Limitação em tonalidades muito escuras. • Ruptura mais acentuada. • Ocorrência de manchas. Fluxo do processo: Urdição dos rolos (urdideira Tingimento/engomagem Tecelagem 34 12 3 4 5 5 6 7 8 9 10 N O M EN CL AT UR A 1 - ga io la de ro lo s u rd id o s 2 - zo n a de o x id aç ão (4 x ) 3 - c aix a de u m ec ta çã o 4 - c aix a de tin gi m en to 5 - c aix a de lav ag em 6 - ac u m u lad o r 7 - se c ad eir a 8 - c aix a de go m a 9 - se c ad eir a da en go m ad eir a 10 - c ab eç a da en go m ad eir a M ÁQ U IN A D E T IN G IM E N T O T IP O L O O P 35 Vista lateral de uma máquina Loop, onde se nota o acumulador. Cortesia Texima S/A Vista lateral de uma máquina Loop desde a gaiola de rolos de urdideira até a engomadeira. Cortesia Texima S/A 36 Comparativo máquina cordas x multi-caixas A título de orientação, mostramos abaixo um quadro comparativo entre máquinas multi- caixas e corda, que certamente eliminará dúvidas quanto ao melhor custo/benefício. Para uma instalação de 21.000.000 m por ano, temos a seguinte situação: ÍTENS MULTI-CAIXAS CORDA Espaço para instalação Menor Maior (três vezes mais) Processo Tingimento e engomagem em processo único Tingimento Re-beaming Engomagem Operadores/mês 32 96 Flexibilidade Urdimentos finos Urdimentos médios Urdimentos pesados Urdimentos médios Urdimentos pesados Volume de banho 10.000 litros 30.000 litros Urdimentos coloridos Gama variada Black Índigo Mercerização Fácil Difícil – muito crítica no Re-beaming Investimento Menor Maior Investimento (apenas em equipamentos) U$ 3.000.000 U$ 6.000.000 Custos de produção Menor Maior As máquinas multi-caixas estão sendo adotadas cada vez mais e os principais motivos são a alta flexibilidade que este processo permite e custos de produção competitivos. 37 Fabricantes de equipamentos para índigo Como já visto anteriormente existem 3 tecnologias de tingimento de índigo: corda, multi- caixas e loop. A escolha da tecnologia de tingimento envolverá vários fatores tais como: volume de produção, custo do investimento, qualidade requerida e flexibilidade entre vários outros. Existem vários fabricantes de equipamentos que podem oferecer subsídios para sua escolha. Os principais fabricantes em ordem alfabética: • Benninger http://www.benningergroup.com • Looptex http://www.htpunitex.com/ • Master Macherio http://www.mastermacherio.it/ • Morrinson Textile Machinery http://www.morrisontexmach.com/ Greenville Machinery Corporation Kleinewefers KTM West Point Foundry and Machine Company • Sucker Muller http://www.karlmayer.com • Texima S/A http://www.texima.com.br 38 Capítulo 3 Processos prévios Algodão 39 A característica mais importante é a coloração do algodão. Esta tem de ser constante e controlada fardo a fardo. Se possível deve-se usar ao longo da mesma safra algodões sempre da mesma procedência. A mistura de algodão deve ser uniforme e sem variações significativas entre lotes. A utilização de resíduo processado é possível e não há problemas, desde que sejam seguidos alguns cuidados como a constância no percentual utilizado, ter a mesma coloração do algodão em uso, e ser livre de pó e impurezas. É bom lembrar que pó é sinônimo de problemas de qualidade nas fiações OE. Fios open-end x fios ring (anel) Muito se especula sobre qual o melhor fio a ser utilizado na fabricação de tecidos denim. Até antes da década de 1970 os tecidos denim eram quase que exclusivamente, fabricados com fios de filatórios de anéis. Já em 1978, 70% dos tecidos denim eram fabricados com fios open-end. Atualmente a grande maioria dos tecidos denim é fabricada com fios open-end, mas existe uma tendência da fabricação de tecidos denim com urdume anel e trama open-end. Os artigos fabricados com 100% open-end são em média 10% mais baratos que os fabricados com fios de anéis, principalmente no mercado norte-americano. Os custos de fios anéis comparados com os fios open-end são mais altos, principalmente para títulos 5/1 Ne a 12/1 Ne, que é a faixa mais utilizada na fabricação de tecidos denim. A valorização dos tecidos de urdume “anel” normalmente está associada a tingimento em máquinas tipo “corda”, neste caso o mercado alvo é quase sempre a exportação, pois os altos custos da fiação de anel combinados com os altos custos do tingimento em máquinas de “corda” só se justificam para exportação e alguns nichos de mercado, não sendo necessariamente sinônimo de melhor qualidade no tecido. Todos os parâmetros de qualidade de um bom fio devem ser observados nos fios para fabricação de tecidos denim, e a pilosidade do fio deve estar abaixode 6 e um bom fio para índigo deve ter suas características abaixo de 25% na tabela estatística Uster. Independente do tipo de fio o principal é que o fio tem que ser bom. O processo de tingimento não pode sofrer variações de velocidade e para isso não são aceitáveis rupturas de fios, e a formação de meadas é quase a morte !. Uma das características mais importantes talvez seja a variação da resistência do fio, que deve estar em torno de 5%. Vale a pena ressaltar que uma parada não desejada no processo de tingimento significa até 2% de tecidos com segunda qualidade por causa das manchas. Por conta das exigências do mercado e da crescente diversificação de produtos no mercado de Jeanswear, a utilização de fios “fantasia” esta crescendo drasticamente, principalmente os fios “flamés” e “multicount” (fios que variam o título ao longo de seu comprimento). Para a produção destes fios são necessários acessórios para os equipamentos de fiação, sejam filatórios de anel ou filatórios Open-end. Estes equipamentos permitem adicionar no fio o tipo de características que o fabricante precisar. Atualmente estes equipamentos custam em torno de U$ 75.000, o que mais uma 40 vez demonstra que a produção de artigos diferenciados requer investimentos específicos para este fim. Urdição A preparação do urdimento, o tingimento e a engomagem são cruciais na produção de denim. Um dos segredos da qualidade do tingimento de índigo é a velocidade da máquina ser constante, ou seja, não se pode parar e nem se reduzir tal velocidade. Os principais motivos das paradas não programadas têm sua origem na urdição. O índice de rupturas por milhão de metros deve ficar abaixo de 0,3. Isto quer dizer que para um rolo de urdideira de 45.000 metros com 372 fios poderíamos ter no máximo 5 paradas. Quando da ocorrência de uma ruptura, temos que ter a certeza que a ponta do fio fique antes do pente. Assim podemos minimizar possíveis meadas no tingimento. Especial atenção deve ser dada à regularidade de tensão dos fios na gaiola. A tensão durante a urdição deve ser de 5% da resistência do fio, ou seja, para um fio Ne 8/1 Open End, com a resistência em gramas de 800 g, a tensão na gaiola deve ser em torno de 40g. Não se devem misturar fios de coloração ou de torções diferentes, nem mesmo fio de fabricantes diferentes, sob pena de obterem-se tecidos riscados. Os fabricantes de primeira linha separam os fios produzidos por diferentes máquinas e os processam lote a lote, ou seja, o fio de urdume produzido pelo Open-end numero 1 deve ser acumulado e a partida de tingimento deve ser feita integralmente com o fio daquele filatório. Uma outra medida que deve ser tomada quando da decisão de investir na preparação do índigo é qual tipo de gaiola deve ser utilizada: Paralela ou em “V”. Esta decisão deve levar em conta o volume de produção, a variedade de urdumes e a gramatura a serem produzidos. A grande vantagem da gaiola paralela é a ausência de “tocos”, restos de bobinas que depois têm que ser re-processadas ou vendidas. A sua maior desvantagem são exatamente os excessivos “nós” que são necessários para a transferência entre as bobinas, e esta atividade é bastante critica. Normalmente quem utiliza gaiolas em paralelo tem como o maior motivo de paradas na urdideira as falhas nestes “nós”. No caso do tingimento com equipamentos tipo “Rope Dye” a decisão é mais simples. Uma instalação para uma máquina de 24 cordas precisa de 3 urdideiras tipo “ball warper” e neste caso as gaiolas em paralelo são amplamente utilizadas, pois se pode separar os diferentes títulos processados entre as diversas urdideiras e sendo assim, quase não há troca de títulos de fios nas urdideiras. A troca de títulos de urdume nas gaiolas paralelas é um problema maior do que as sobras de fio nas gaiolas em “V”. No caso de instalações menores com apenas uma ou duas máquinas de tingimento tipo Loop ou Multi-caixas a decisão de qual gaiola a ser utilizada é bastante polêmica e difícil. A decisão tem que ser discutida em todos os níveis pois tudo depende do objetivo maior da empresa. Caso o objetivo seja uma produção bastante focada em produtos tipo “comodity” e que não haja muitas variações na produção a gaiola tipo paralela será possivelmente a mais recomendada. A eficiência da urdição será bastante elevada cerca de 90%,então apenas uma urdideira pode atender a duas máquinas de tingimento. Caso o objetivo seja a diversificação máxima, ou seja, diversos títulos de urdume, utilização de fios de anel e OE para os diversos mercados, neste caso a opção pela gaiola em “V” tem que ser levada em conta. 41 As grandes desvantagens são: 1) A baixa eficiência da urdição, cerca de 55% 2) Existência das sobras de fios, “tocos”, que têm que ser re-processadas e seu uso requer uma série de cuidados extras e restrições. Em máquinas tipo “Loop” ou Multi- caixas é possível chegar, por exemplo a partidas com 80.000 m com cerca de 4.000 fios de Ne 8/1, então mais uma vez o tipo de gaiola tem que ser estudado, pois para partidas maiores do que 50.000 m tem-se que optar por gaiolas em paralelo pois a necessidade de fio por rolo de urdideira é maior do que o que cabe em uma bobina cruzada. Finalmente chegamos à cabeceira da urdideira. Atualmente o uso de maquinas com o diâmetro entre 1250 e 1400 mm é o padrão da indústria. Esta decisão normalmente é tomada em conjunto com o tipo de gaiola, largura da urdição e o comprimento das partidas de tingimento desejado. As velocidades de produção chegam a 1.200 m / min. No caso de máquinas tipo Ball Warper, para preparação do tingimento em maquinas de corda, podemos observar alguns detalhes a mais. A corda consiste de um agrupamento de 300 a cerca de 450 fios. As velocidades de produção atingem 600 m / min. O diâmetro do rolo urdido “ball” é no máximo 48 polegadas . Para se calcular o comprimento de fio que cabe na “ball” utiliza-se a seguinte formula: Comprimento da corda = 11.18*Ne*largura da “ball”*(D²-d²) / numero de fios da corda. A largura varia entre 38 e 50 polegadas, D é o diâmetro final da “ball”, normalmente 48”, d é o diâmetro do cilindro (normalmente 9”) , nesta formula o comprimento é dado em jardas. Após o tingimento em máquinas de corda é necessária a abertura das cordas para a formação do rolo de urdideira para a engomagem (long chain beaming). Este processo é bastante trabalhoso e difícil. As maiores dificuldades dos fabricantes de índigo com máquinas de corda ocorrem justamente neste processo. Diversos fatores são determinantes para a boa abertura da corda, os principais são: torção do fio de urdume, tipo de rotor utilizado (para o caso de fios OE), quantidade e tipo de lubrificante utilizado na lavagem do tingimento, perda de elasticidade do fio durante o tingimento, a tensão de desenrolamento da corda, etc. Neste processo a detecção de rupturas nos fios é feita visualmente pelo operador que deve acionar o freio em caso da ocorrência de rupturas. Normalmente o índice de paradas neste processo é cerca de 2 a 4 vezes maior do que o índice de parada na urdideira tipo “ball”, isto significa que a atenção do operador é de fundamental importância na qualidade do urdume e posterior rendimento da tecelagem. Tipos de urdimentos utilizados 42 Existe uma variedade de urdimentos utilizados na fabricação dos tecidos denim. Os mais usados são: • Tradicionais desde título 5/1 Ne até 40/2 Ne. • Títulos variados no mesmo urdimento. • Mistura de fios poliéster com algodão (riscados). • Fios flamées misturados com fios tradicionais. • Fios multi-count, ou seja, fios em que o titulo varia propositalmente ao logo do fio. Podemos perceber que com o aumento da diversificação de tipos de urdimentos o processo de tecelagemse torna cada vez mais complexo e difícil. 43 Capítulo 4 Tingimento 44 Formas de comercialização do corante índigo Existe no mercado nacional e internacional uma oferta de corante índigo nas mais variadas concentrações e o tipo ou concentração a ser usada deve ser bem estudada: • Índigo pó ou grãos • Índigo em solução a 20% • Índigo em solução a 30% • Índigo em solução pré-reduzida a 30% • Índigo em solução pré-reduzida a 40% 3 Principais fornecedores de corante índigo Apresentamos a seguir uma relação dos principais fornecedores em ordem alfabética: Bann Química Situada no Estado de S. Paulo, é fabricante do corante índigo nas concentrações indicadas abaixo: • Índigo Bann 20% • Índigo Bann 30% • Índigo Bann 40% • Índigo Bann 30% (pré-reduzido) Buffalo Color Corporation Único fabricante de corante índigo nos Estados Unidos, apresenta três concentrações: • Índigo Nacco 20% • Índigo Nacco 42% • Índigo Nacco powder x-disp Clariant Disponibiliza no mercado nacional apenas uma concentração: • Índigo Clariant líquido 30% Bezema Fabricante alemão de diversas classes de corantes, apresenta uma concentração única: • Bezema Índigo AXX granulate 45 Dystar Conhecida mundialmente é detentora da patente do índigo pré-reduzido. Assegura o fornecimento de índigo pré-reduzido que vem em container direto da Alemanha. Apesar de produzir índigo nas concentrações usuais do mercado, está priorizando a comercialização do índigo pré-reduzido no Brasil. • Índigo Vat 40% Solution Tingimento - parâmetros O tingimento de índigo possui característica única e seus parâmetros devem ser controlados rigorosamente, com o objetivo de garantir-se uma ótima qualidade. Os principais parâmetros são: • Água – límpida, sem sólidos em suspensão, pH neutro, isenta de cobre, ferro, manganês e dureza baixa (até 25ppm de CaCO3). • Velocidade – deve ser constante para evitar variações de tonalidades dentro da partida. • Concentração de corante – deve-se controlar rigorosamente para manter a concentração dentro da intensidade de cor requerida para evitar variações de intensidade no tingimento. • Concentração de hidrossulfito de sódio - deve ser controlada a fim de evitar variações na tonalidade do tingimento. Um aumento de hidrossulfito intensifica a penetração do corante e a tonalidade tende a esverdear-se e ficar mais limpa, enquanto que uma diminuição da concentração, a tonalidade tende a avermelhar- se e ficar mais suja. Cortesia Dystar 46 • Temperatura do banho – grandes variações de temperaturas produzem variações de tonalidades. Em locais tropicais em que as variações de temperatura variam muito entre o dia e a noite, devem-se instalar trocadores de calor para uniformizar a temperatura do banho de tingimento. Abaixo apresentamos quadros orientativos sobre a influencia da variação de temperatura no tingimento com corante índigo. Variação de temperatura Influência direta Influência indireta Influência direta PenetraçãoAfinidade do corante com a fibra Nuança Concentração de corante Penetração do tingimento Variação de nuança Penetração do tingimento após lavagem (prenda) Variação de nuança Contraste após lavagem (prenda) Variação de nuança 47 Concentração de hidrossulfito Consumo de soda cáustica Penetração Penetração do tingimento após lavagem (prenda) Variação de nuança Relação pH x soda cáustica Demanda de hidrossulfito de sódio Influência indireta Contraste após lavagem (prenda) Variação de nuança pH Afinidade do corante Concentração do corante Penetração Variação de nuança Contraste após a lavagem (prenda) Variação de nuança Penetração do tingimento após lavagem (prenda) Variação de nuança • P H – a variação do pH influencia na tonalidade e na penetração do corante nos fios. Com o pH muito alto a tonalidade tende a avermelhar-se e ficar mais limpa,enquanto que com o pH baixo, a tonalidade tende a esverdear-se e a ficar mais suja. Por isso o banho deve ter seu pH bem controlado. Cortesia Dystar 48 Se o pH for muito baixo, há o risco de formação de tina ácida. Com o pH em torno de 11,0 e 11,5 predomina a forma leuco composto monossódico que tem maior afinidade com a celulose, não apresentando boa penetração, permanecendo mais na superfície do fio, facilitando o desbote do tecido nas lavagens. Com o banho na faixa de pH 12,5 a 13,5 predomina a forma leuco composto dissódico que tem menor afinidade com a celulose e apresenta maior difusão do fio, dificultando o desbote do tecido. Cortesia Dystar Controlador de pH on line para indicação e ajuste do pH automaticamente. Esta configuração permite regular o pH entre parâmetros máximo e mínimo, comandando automaticamente uma bomba dosadora. Cortesia Texima S/A – São José S/A 49 Índigo normal (solução pigmentaria dispersa) A utilização do corante índigo na forma dispersa líquida normal ou na forma pré-reduzida necessita de cálculos específicos e alimentação especial conforme o tipo do corante, o tipo de máquina utilizada, a velocidade da máquina, pick-up das caixas, a quantidade de fios de urdimento e o título do urdimento. O corante em solução aquosa pigmentaria dispersa para ser aplicado nas máquinas de tingimento de índigo necessita de uma redução prévia antes de ser aplicado, e esta solução reduzida denomina-se tina mãe. Normalmente a tina mãe varia de uma concentração de 80g/l a 140 g/l de corante índigo puro de acordo com a necessidade e conveniência de cada empresa, podendo-se até mesmo encontrarem-se concentrações diferentes das indicadas acima. A tina mãe contém além do corante, hidrossulfito de sódio e soda cáustica. Ao se preparar a mesma, deve-se levar em consideração o equilíbrio químico entre estes três componentes. N H N H O O índigo + S S O- O O O- + 4 NaOH hidrossulfito de sódio soda cáustica 226,27 174,10 4 x 40= 160,00massa molecular N H N H O O Na Na + Na- Na - O S O- O-Na- Na - indigo reduzido sulfito de sódio 2 + H 2 O2 água 308,25 2 x 18,02 = 36,042 x 126,04 = 252,08 Baseados na reação acima, concluímos que a reação estequiométrica será: 1 mol de índigo (100%) + 1 mol de hidrossulfito (100%) + 4 mol de soda cáustica (100%) 262,27 g de índigo (100%) + 174,10 g de hidrossulfito (100%) + 160,0 g de soda (100%) 50 Cálculo de uma tina mãe com 100 g/l de índigo Corante : índigo em solução a 30% Concentração: 333,33 g/l de índigo 100% Cálculo do corante ml/litro de corante = 1000 x 100 = 300 333,33 Cálculo do hidrossulfito de sódio g/litro de hidrossulfito = 100 x 174,10 = 66,38 262,27 O hidrossulfito de sódio deve ser corrigido porque o comercializado normalmente apresenta 85% de concentração. g/litro de hidrossulfito= 66,38 = 78,10 0,85 Cálculo da soda cáustica g/litro de soda (100%) = 100 x 160 = 61,00 262,27 Este cálculo é para soda cáustica 100%, como normalmente usa-se na concentração de 50% (50 Bé), devemos corrigir. g/litro de soda 50% = 61,00 = 122,0 0,50 No caso de utilizar-se alimentação na forma líquida, podemos calcular a dosagem em ml/litro da soda a 50%: Densidade da soda 50%: 1,526 ml/litro de soda a 50% = 122,00 = 80,0 1,526 Na utilização de soda cáustica de concentração diferente de 50%, deve-se proceder aos cálculos baseados na concentração de soda 100% em g/litro da solução utilizada, concentração em percentual e na densidade da mesma. Vamos exemplificar: Solução de soda utilizada: 38 Bé – concentração 32,4% - densidade 1,355 g/litro da soda 38 Bé = 61,00 = 188,27 0,324 51 ml/litro de soda 38 Bé = 188,27 = 138,94 1,355 Resumo da relação estequiométrica corante/hidrossulfito/soda Índigo 100% 100 g/l Hidrossulfito 85% 78,1 g/l Soda 50% 80 ml/l 1,00 0,781 0,80 O hidrossulfito de sódio mantém-se estável quando anidro, enquanto em soluções aquosas decompõe-se rapidamente na presença do ar. Como conseqüência, os depósitos de tina mãe são do tipo fechado para minimizar esta decomposição. Outro fator é o tempo de utilização da tina mãe que geralmente é preparada para alimentar a máquina por um período de 5 a 7 horas, variando este tempo de empresa para empresa. Por estes motivos se calcula o hidrossulfito em quantidades superiores às requeridas pelo cálculo estequiométrico, geralmente 20% a mais. Além da tina mãe é necessária a alimentação dos produtos químicos (hidrossulfito de sódio e soda cáustica) para manter equilibrada a redução do banho de tingimento em função do arraste. Cálculo do reforço de hidrossulfito de sódio e soda Hidrossulfito de sódio Para cada 1000 g de corante índigo puro são necessários 700 g de hidrossulfito de sódio, o que nos leva a uma relação corante/hidrossulfito de 1:0,7. Em cada ciclo de tingimento são perdidos 2,5 g/l de hidrossulfito de sódio, oxidados pela passagem aérea. Além disso, quantidades não significativas de hidrossulfito são oxidadas em contato com o ar na superfície do banho. Estas duas quantidades somadas dão a demanda de hidrossulfito de sódio necessária. Em máquinas em corda a concentração de hidrossulfito em excesso é de 1,5 g/l e para as máquinas em aberto (loop ou multi-caixas) varia de 2 a 4 g/l (geralmente 2,5g/l). É possível calcular-se estas quantidades para compensar estas perdas para determinar o consumo adicional de hidrossulfito. Estes valores dependem de alguns fatores como tipo de máquina, e das condições de trabalho de cada fábrica. 52 Apresentamos abaixo uma tabela para determinar estas quantidades, servindo de parâmetro básico e deverá ser ajustada de acordo com as condições de cada fábrica (título do fio, tipo de máquina, pick-up, umidade do ambiente etc.) Consumo de hidrossulfito necessário (g/l) Fator de máquina ( %) Consumo total Gramas de hidrssulfito/kg de fio Corda Loop/Multi-caixas 4 cxs 6 cxs 4 cxs 6 cxs 1.5 +20 7.2 10.8 1.5 +50 9.0 13.5 2.5 +50 15.0 22.5 2.5 +80 18.0 27.0 2.5 +100 20.0 30.0 Soda Cáustica Para cada 1kg de hidrossulfito 570 ml de soda cáustica 50% são necessários para neutralizar os produtos ácidos da decomposição, ou seja, a relação hidrossulfito/soda é de 1:0,57. Baseado no processo, cada kg de fio consome 18 ml de soda cáustica a 38º Bé, ou 10,26 ml de soda cáustica 50%. Os dados acima serão somados para determinar a demanda de soda cáustica no processo, de acordo com a receita de tina mãe utilizada. Exemplo de cálculo de uma receita de tina mãe e reforço de químicos Dados de produção Fios totais: 4000 Título urdume: 8/1 Ne Velocidade da máquina de índigo: 25 m/min % de corante sobre a fibra: 1,8 Número de caixas de tingimento: 6 Absorção do banho (pick-up): 75% Máquina multi-caixas – fator de hidro: 2,5 g/l Receita de Tina mãe 80,0 g/l de corante índigo puro 75,0 (62,4+20%) g/l de hidrossulfito de sódio 64,0 ml/l de soda cáustica 50% Kg de fio/min = Fios totais x 0,59 x Veloc. Máquina = 4000 x 0,59 x 25 = 7,375 Título (Ne) x 1000 8 x 1000 53 Cálculo das demandas Corante 100% (g/min) = Kg fio g/min x 1000 x % tingimento = 7,375 x 1000 x 1,8 = 133 100 100 Vazão da bomba da tina mãe = demanda de corante em g/min = 133 = 1,66 l/min corante da tina mãe em g/l 80 Hidrossulfito (g/min) = (corante) x 0,7)+(fator hidro x nº de caixas x Kg fio x pickup) 100 = (133 x 0,7) + (2,5 x 6 x 7,375 x 75) = 176 100 Soda 50% em ml/min = (hidrossulfito (g/min) x 0,57) + (Kg fio/min x 10,26 x pick-up ) 100 = (176 x 0,57) + (7,375 x 10,26 x 75) = 156 100 Resumindo Vazão da bomba de tina mãe: 1,66 l/min Demanda de corante: 133 g/min Demanda de hidrossulfito: 176 g/min Demanda de soda 50%: 156 ml/min Fornecido pela tina mãe Corante: vazão x g/l corante tina mãe = 1,66 x 80 = 133 g/min Hidrossulfito: vazão x g/l hidro tina mãe = 1,66 x 75,0 = 124,5 g/min Como a demanda de hidrossulfito é de 176 g/min, faltam 51,5 g/min (176 -124,5) que deverão ser alimentados à parte através de um dosador ou em um banho químico em conjunto com a soda. Soda 50%: vazão x g/l soda tina mãe = 1,66 x 64 = 106 Como a demanda de soda é de 156 ml/min, faltam 50 ml/min (156 – 106) que deverão ser alimentados à parte ou em um banho químico em conjunto com o hidrossulfito. Resumindo Além da tina mãe será necessário alimentar: Hidrossulfito de sódio: 51,5 g/min Soda cáustica 50% : 50 ml/min Caso não possua alimentação em separado do hidrossulfito e da soda, podemos alimentar através de um banho químico de reforço, misturando em um mesmo banho o hidrossulfito de sódio e a soda cáustica, conforme abaixo: 54 Normalmente trabalha-se com um banho de reforço de 100 g/l de hidrossulfito. Hidrossulfito de sódio........................ 100 g/l Soda Cáustica 50% .......................... 100 ml/l Vazão do banho : 0,51 l/min (51,5 g/min hidro dividido por 100 g/l) Cálculo da soda para o banho de reforço: soda requerida = 50 ml/min = 100 ml/l Vazão do banho 0,51 l/min A vazão de alimentação da tina mãe (1,66 l/min) mais a vazão de alimentação do banho de reforço de soda e hidrossulfito (0,51 l/min) não deverá ultrapassar o arraste para não ocorrer transbordo das caixas (overflow). Arraste do banho: 7,375 x 0,40 (pick-up) = 2,95 l/min Se o pick-up da impregnação for 60% e as das caixas de tingimento 100%, então o pick- up a ser considerado no arraste é de 40% (100-60). Vazão total: 1,66 l/min (tina mãe) + 0,51 l/min (banho reforço) = 2,17 l/min No caso específico acima, o arraste é superior a alimentação e o transbordo não ocorrerá. Não se preocupe com estes cálculos pois estão no CD que acompanha o livro, na forma de um programa que os realiza automaticamente. Algumas empresas processamo tingimento utilizando apenas a tina mãe com hidrossulfito de sódio e soda cáustica reforçados, mas este procedimento não permite muita flexibilidade, além do consumo do hidrossulfito e soda ser superior ao alimentado em separado no banho de químicos, possibilita um número maior de nuanças. Uma outra variante mais flexível e econômica é a alimentação direta no tanque de adição do hidrossulfito de sódio por um sistema de rosca helicoidal e a soda cáustica por meio de bomba dosadora diretamente no tanque de adição. 55 Seqüência de preparo da tina mãe Volume inicial de água - usar água mole (com baixos teores de cálcio, magnésio, ferro etc). O volume deve ser o maior possível, desde que não comprometa o volume final da tina mãe. Corante Ligar o agitador Soda cáustica 50% - na adição da soda ocorre uma reação exotérmica, com elevação da temperatura. Hidrossulfito de sódio – adicionar lenta e gradualmente. Novamente aqui temos uma reação exotérmica. Desligar o agitador e acertar o volume final com água. Ligar o agitador por 5 minutos. Manter a tina mãe em repouso por 2 a 3 horas antes do uso. Dosagem de corantes e produtos químicos Corante índigo Hidrossulfito sódio Soda cáustica Tina mãe sem reforço de produtos químicos p/ tanque de adição • Pouca flexibilidade para a troca de artigos. • Pouca flexibilidade quando da necessidade de se corrigir parâmetros do processo. • Variações de nuanças acentuadas. 56 Corante índigo Hidrossulfito sódio Soda cáustica Tina mãe com reforço de produtos químicos p/ tanque de adição Hidrossulfito sódio Soda cáustica • Método bastante usado. • É mais flexível que a alimentação sem reforço. • Não há possibilidade de ajuste do pH automaticamente. Corante índigo Hidrossulfito sódio Soda cáustica Tina mãe com reforço de produtos químicos em separado p/ tanque de adição Hidrossulfito em pó Soda líq. • Sistema muito flexível. • O processo é fácil de variar regulando-se os ajustes das bombas dosadoras. • É possível regular-se o pH automaticamente. • As receitas de reforço de tina mãe e produtos químicos não variam. 57 Índigo pré-reduzido O índigo pré-reduzido por suas características é fornecido em containeres pressurizados em nitrogênio para evitar sua oxidação. Não necessita de tina mãe, sendo dosado diretamente no tanque de adição ou na linha de circulação do banho de tingimento. A sua estocagem e aplicação na máquina é feita em circuito fechado, pressurizado com nitrogênio. As aplicações de hidrossulfito de sódio e soda cáustica são feitas em separado e diretamente no tanque de adição ou na linha de circulação do banho de tingimento, podendo o ajuste de pH ser realizado automaticamente. Devido às suas características e simplicidade de aplicação as variações de nuanças são mínimas, garantindo uma qualidade excepcional. Apenas para citação, a primeira partida de índigo em uma empresa bastante conhecida no mercado brasileiro, sem experiência anterior e com operadores aproveitados internamente, foi totalmente exportada, demonstrando a qualidade e simplicidade do processo. Vantagens principais: • Redução de hidrossulfito de sódio em torno de 60%. • Redução de soda cáustica em aproximadamente 50%. • Redução de eletrólitos em aproximadamente 60% e dos níveis de sulfetos e sulfitos. • Tingimentos em altas concentrações sem risco de transbordo (overflow). Cálculo para dosagem de índigo pré-reduzido Corante: Índigo Vat 40% Solution Densidade: 1,215 g/cm³ Concentração: 486 g/litro G/litro de soda 100% no corante: 90 Kg fio/min = Veloc. Maq. Índigo x Fios Totais x 0,59 Título fio (Ne) x 1000 Corante 100% (g/min) = Kg fio/min x 1000 x % tingimento 100 Demandas: Hidrossulfito(g/min) = Corante 100% (g/min) x 0,7 + 100 Soda 50% (ml/min) = (hidro(g/min) x 0,57) + (kg fio/min x pick-up x 18,5 x 0,57) 100 58 Alimentação de índigo 40% (ml/min) = corante 100% (g/min)x 1000 concentração corante Deduções Soda embutida no corante em ml/l a 50% Soda 50% (ml/l) = g/l soda 100% corante x densidade corante x alimt. corante ml/min 763,2 Alimentação real na máquina de índigo: Índigo Vat 40% Solution: alimentação de índigo 40% (ml/min) Hidrossulfito de sódio (g/min): hidrossulfito (g/min) – 100 Soda 50% (ml/min) = demanda soda 50% (ml/min) – (dedução soda 50% (ml/min) + 57) Exemplo de cálculo de uma receita com Índigo Vat 40% Solution Dados de processo Corante: Índigo Vat 40% Solution Densidade: 1,215 g/cm³ Concentração: 486 g/litro (1,215 x 400) Fios Totais: 4092 Título: 8/1 Ne Veloc. Máquina: 30m/min Numero de caixas: 6 Corante na fibra: 2% Pick-up: 80% Cálculos Kg fio/min = 30 x 4092 x 0,59 = 9,053 8 x 1000 Corante 100% (g/min) = 9,053 x 1000 x 2 = 181,06 100 Demanda hidrossulfito (g/min) = (181,06 x 0,7) + 100 = 226,74 Demanda soda 50% (ml/min) = (226,74 x 0,57) + (9,053 x 80 x 18,5 x 0,57) = 205,57 100 Alimentação de Indigo vat 40% (ml/min) = 181,06 x 1000 = 372,55 486 Dedução soda = 90 x 1,215 x 372,55 = 53,37 763,2 59 Alimentação real na máquina Corante Indigo Vat 40% solution: 373 ml/min Hidrossulfito de sódio: 226,74 - 100 = 127 g/min Soda cáustica 50%: 205,57 – (53,37 + 57) = 95 ml/min O corante, o hidrossulfito de sódio e a soda cáustica serão alimentados diretamente na linha de circulação ou no tanque de adição com dosadores individuais controlados eletronicamente. Dosagem de corante e produtos químicos • Sistema excepcionalmente flexível. • Controle automático do pH. • Não há necessidade de tina mãe. • Variação mínima de nuanças. • Simplicidade na operação e controle dos parâmetros do banho. tanque de corante pré-reduzido soda líquida. hidro empó tanque de adição ou linha de circulação Sistema de alimentação para corante pré - reduzido flow meter flow meter Tanque e linhas pressurizadas com nitrogênio 60 Banho inicial de índigo na máquina O cálculo da concentração de índigo no banho inicial varia de empresa para empresa e é comum encontrarmos concentrações diferentes para urdimentos similares. Como regra prática recomendamos para um tingimento clássico com 2% de corante sobre o fio uma concentração entre 2,0 e 3,0 g/litro em máquinas multi-caixas ou cordas. Para máquinas loop, encontramos valores entre 4 e 8 g/litro. Alternativas de tingimentos Existem atualmente vários processos utilizados na máquina de índigo para tingimento com corantes diretos, reativos, a tina e sulfurosos. Para tingimentos com corantes reativos, a tina e sulfurosos torna-se necessário o uso de um vaporizador que será colocado após a caixa de umectação ou após a última caixa de tingimento, dependendo dos efeitos a serem obtidos.(bottoming, topping ou cor sólida). É comum encontrar em algumas empresas a utilização de corantes sulfurosos e a tina para bottoming, topping ou mesmo cores sólidas sem o uso de vaporizadores, embora não seja tão econômico. Ilustramos abaixo alguns processos mais comuns encontrados nas empresas. PROCESSOS caixaumectação caixa lavagem caixa tingimento caixa tingimento caixa tingimento caixa tingimento caixa tingimento caixa tingimento caixa lavagem caixa lavagem índigo claro umectação lava água água água índigo índigo índigo lava lava índigo médio umectação lava água água índigo índigo índigo índigo lava lava índigo escuro umectação lava índigo índigo índigo índigo índigo índigo lava lava bottoming enxôfre + índigo umect+enxôfre lava índigo índigo índigo índigo índigo índigo lava lava índigo + topping enxôfre umectação lava índigo índigo índigo índigo lava enxôfre lava lava black jeans umectação lava água água água água água enxôfre lava lava sulfur jeans umect+enxôfre lava água água água oxid. quimica água água lava lava Apresentamos a seguir algumas receitas práticas de bottoming, topping e black jeans, em uma máquina multi-caixas, sem o uso de vaporizador. 61 Tingimento bottoming black sulfuroso + índigo PROCESSOS caixa umectação caixa lavagem caixa tingimento caixa tingimento caixa tingimento caixa tingimento caixa tingimento caixa tingimento caixa lavagem caixa lavagem bottoming enxôfre + índigo umect+enxôfre lava índigo índigo índigo índigo índigo índigo água água receita inicial + reforço - normal normal normal normal normal normal - - pick-up 80% 80% normal normal normal normal normal normal normal normal temperatura 90º C ambiente ambiente ambiente ambiente ambiente ambiente ambiente cascata 2,5 vazão m3/h - 2 - - - - - - 80º C 80º C Receita inicial Sulfur Black I ou II 40 g/l Dispersante 2 g/l Umectante 4 g/l Redutor 40 g/l Soda cáustica 50% 246 g/l Água 668 ml/l Receita de reforço Sulfur Black I ou II 80 g/l Dispersante 2 g/l Umectante 4 g/l Redutor 40 g/l Soda cáustica 50% 246 g/l Água 628 ml/l OBS: na receita de engomagem utilizar 60 g/l de Fixador . Tingimento índigo + topping black sulfuroso PROCESSOS caixa umectação caixa lavagem caixa tingimento caixa tingimento caixa tingimento caixa tingimento caixa tingimento caixa tingimento caixa lavagem caixa lavagem umectação umectação lava índigo índigo índigo índigo água inicial + ref água água receita - - normal normal normal normal normal normal - - pick-up 80% 80% normal normal normal normal normal normal normal normal temperatura ambiente ambiente ambiente ambiente ambiente ambiente ambiente ambiente cascata 2,5 pressão normal normal normal normal normal normal 6 kn 4,5 kn normal normal vazão m3/h - 2 - - - - - 90º C 80º C 80º C 62 Receita inicial Sulfur Black I ou II 300 g/l Dispersante 2 g/l Umectante 2 g/l Redutor 40 g/l Soda cáustica 50% 30 g/l Água 626 ml/l Receita de reforço Sulfur Black I ou II 600 g/l Dispersante 2 g/l Umectante 2 g/l Redutor 40 g/l Soda cáustica 50% 20 g/l Água 336 ml/l O arraste da caixa de tingimento de corante sulfuroso deverá ser de 2,5 l/min., correspondente a 15% de corante sobre o peso do fio seco. Na receita de engomagem utilizar 60 g/l de Fixador. Tingimento de black jeans sulfuroso PROCESSOS caixa umectação caixa lavagem caixa tingimento caixa tingimento caixa tingimento caixa tingimento caixa tingimento caixa tingimento caixa lavagem caixa lavagem umectação umectação lava água água água água água inicial + ref água água receita - - normal normal normal normal normal normal - - pick-up 80% 80% normal normal normal normal normal normal normal normal temperatura ambiente ambiente ambiente ambiente ambiente ambiente ambiente ambiente cascata 2,5 pressão normal normal normal normal normal normal 6 kn 4,5 kn normal normal vazão m3/h - 2 - - - - - 90º C 80º C 80º C Receita inicial Sulfur Black I ou II 300 g/l Dispersante 3 g/l Umectante 2 g/l Redutor 40 g/l Soda cáustica 50% 30 g/l Água 625 ml/l 63 Receita de reforço Sulfur Black I ou II 600 g/l Dispersante 3 g/l Umectante 2 g/l Redutor 30 g/l Soda cáustica 50% 30 g/l Água 325 ml/l O arraste da caixa de tingimento de corante sulfuroso deverá ser de 2,5 l/min., correspondente a 15% de corante sobre o peso do fio seco. Na receita de engomagem utilizar 60 g/l de Fixador. Nas máquinas multi-caixas inúmeros efeitos são conseguidos com a variação de passamento dos rolos nas caixas de tingimento e a combinação de tingimentos diretos, sulfurosos ou a tina para efeitos listrados multicoloridos. 64 Capítulo 5 Controle do tingimento 65 Laboratório de controle de qualidade A necessidade de um controle eficiente e análise do comportamento do tingimento de índigo, têm crescido de importância, especialmente por causa das rígidas especificações estabelecidas pelo mercado, principalmente no que se refere à exportação. É de fundamental importância manter-se a proporção correta de corante e agentes químicos (hidrossulfito de sódio e soda cáustica) a um nível constante e adequado durante todo o processo de tingimento. Um controle das variáveis tais como pH, velocidade, pressão dos cilindros de foulardagem, concentração de corante, e concentração de hidrossulfito livre, dentro dos parâmetros aceitáveis, terá como resultado um tingimento uniforme com mínimas variações de nuanças, com o máximo de economia. Aqui é onde se cometem os pecados capitais no tingimento. A maioria das empresas delegam a supervisão da máquina de índigo ao chefe da tecelagem, quando na realidade ela deve ser supervisionada por um técnico com especialização em tingimento, uma vez que os maiores problemas são químicos. Uma vez que existem diversos métodos, indicamos os mais básicos empregados no controle do tingimento. Um colaborador bem treinado e com as técnicas relativamente simples de ensaio, oferecerá condições vantajosas em obter níveis de produção adequados de qualidade. Recomendamos para um controle eficiente do tingimento que um pequeno laboratório seja montado ao lado da máquina ou o mais próximo possível. A seguir ilustramos uma planta baixa de um laboratório básico de controle de tingimento de índigo necessário para que o tintureiro que controla o processo de tingimento possa administrar o processo. Planta baixa de um laboratório básico 66 Equipamentos e utensílios Abaixo a título de orientação informamos os equipamentos básicos necessários para a montagem de um laboratório de índigo. Agitador magnético 1 Lenço de papel - caixa 5 Balança analítica (4 casas decimais) 1 Papel filtro (caixa) 1 Balão volumétrico 100 ml 6 Papel de pH - caixa 1 Balão volumétrico 250 ml 2 Pera 4 Balão volumétrico 500 ml 2 Pesa ácido 2 Balões volumétricos 1000 ml 5 pHMetro 1 Becker 50 ml 2 Pipeta automática 5 ml 2 Becker 100 ml 2 Pipeta automática 10 ml 2 Becker 250 ml 2 Pipeta graduada 25 ml 2 Bureta 50 ml 2 Pipeta volumétrica 01 ml 2 Bureta automática 25 ml 2 Pipeta volumétrica 03 ml 2 Copo berzelius 300 ml 2 Pipeta volumétrica 10 ml 2 Cubetas vidro ótico 10 mm 2 Pipeta volumétrica 25 ml 2 Destilador capacidade 5 l/h 1 Pipeta
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