Buscar

Capítulo 05 - Morfologia das Hemácias

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CAPíTULO
5
Morfologia das Hemácias
~ A principal função das hemácias é conduzir hemoglobi-
~ na, responsável pelo transporte de oxigênio aos tecidos.
'<T A membrana permeável flexível que reveste as hemácias
N
:;;; é composta por lipídeos, proteínas e carboidratos. Anor-
;h malidades na composição dos Iipídeos (principalmente
:; fosfolipídeos e colesterol) de membrana podem resultar
em alteração na forma das hemácias. As proteínas de
membrana formam o citoesqueleto da membrana; essas
proteínas também atuam mantendo a forma e a integri-
dade celular. A denominação dessas proteínas baseia-se
em sua localização, após solubilização e migração por
meio de eletroforese. As bandas 1 e 2 (ou seja, espectrina)
e a banda 5 (actina) são as principais proteínas do citoes-
queleto. As anormalidades também têm sido associadas
a hemácias de formas anormais.
A morfologia normal da hemácia é variável entre as
diferentes espécies (Fig. 5.1). As hemácias de mamífe-
ros são anucleadas, diferentemente daquelas de outros
vertebrados, que possuem núcleo. As hemácias ou eritró-
citos são células arredondadas e relativamente bicôncavas
na maioria das espécies de mamíferos, exceto nos mem-
bros da família Camellidae (por exemplo, Ihama, came-
los e alpacas), em que são ovais. Nas hemácias coradas
nota-se uma área central pálida devido a sua forma
bicôncava, pois o examinador nota menor teor de hemo-
globina nessa parte da célula. Essa palidez central é mais
aparente nas hemácias de cães. Nas espécies que apre-
sentam hemácias menores, como gatos, eqüinos, vacas,
ovinos e caprinos, nota-se menor grau de concavidade e,
portanto, pouca ou nenhuma palidez central. A forma de
disco côncavo da hemácia favorece a troca de oxigênio
e permite que a célula se deforme à medida que se mo-
vimenta em vasos com diâmetro menor do que a própria
hemácia. Resumidamente, as diferenças significativas entre
as hemácias das espécies incluem tamanho, forma, grau
de palidez central, tendência em formar rouleaux, pre-
sença de pontilhado basofílico e de reticulócitos na res-
posta regenerativa à anemia (Tabela 5.1).
Com freqüência, a morfologia das hemácias auxilia muito
na definição do diagnóstico etiológico de anemia e, às vezes,
também é útil no diagnóstico de outras disfunções. A pre-
paração adequada de um esfregaço sangüíneo é importan-
te no exame das células do sangue (ver Capo 1). Deve-se
examinar a área de contagem de leucócitos para avaliar a
morfologia das hemácias, porque essas células não são
tão densas e achatadas nessa parte do esfregaço. A inter-
pretação da morfologia das hemácias deve ser feita asso-
ciada a outros dados quantitativos obtidos na contagem
de sangue total. Por exemplo, em geral o grau de policro-
mas ia eritrocitária é mais importante quando há, simulta-
neamente, menor quantidade de hemácias.
Este capítulo aborda principalmente as característi-
cas morfológicas de maior importância no diagnóstico.
Figura 5.1 - Hemácias normais de cães (A), eqüinos (B), felinos
(C) e bovinos (O). Notar o maior tamanho e a intensa palidez
central das hemácias de cães, em comparação com as outras
espécies. Corante de Wright.
66 Hematologia das Espécies Domésticas Comuns
Tabela 5.1 - Diferenças importantes entre as hemácias de várias espécies
Pontilhado basofilicoEspécie Diâmetro (um) Rouleaux Palidez central
Cão 7 + ++++
Suíno 6 ++ ±
Gato 5,8 ++ +
Eqüino 5,7 ++++
Vaca 5,5 +
Ovino 4,5 ± +
Caprino 3,2
±
Reticulócitos (%)a VCM (fL)
1 60 - 72
'!)
1 50 - 68 -..)00
0,5 39 - 50
00
V>
Ob 36 - 52
~
N.l>-
a 37 - 53 O-
O'.o 23 - 48 00-D
o 15 - 30
+++
+++
++
a Com volume globular normal.
b Não aumenta em resposta à anemia.
VCM = volume corpuscular médio.
Na classificação morfológica das hemácias, considera-
se a cor, o tamanho, a forma, as estruturas eritrocitárias
e a distribuição das células no esfregaço sangüíneo.
COLORAÇÃO DAS HEMÁCIAS
Policromasia
As células policromatofílicas correspondem às hemácias
jovens, precocemente liberadas. Geralmente são células
grandes, cuja cor é mais azulada do que as hemácias
maduras (Fig. 5.2). A cor azul é decorrente das organelas
(ribossomos, mitocôndrias) que ainda permanecem nas
células jovens. A verificação de hemácias policromato-
fílicas é muito importante para determinar a causa de
anemia. Caso ocorra liberação de células imaturas, a
provável causa é a perda de sangue ou destruição de
hemácias; a medula óssea tenta compensar essa dimi-
nuição liberando precocemente novas células (ver Capo 8).
Figura 5.2 - Esfregaço sangüíneo de cão com anemia por
deficiência de ferro. Notar a rarefação de células no esfregaço
sangüíneo, sugerindo anemia acentuada. A maior parte das
hemácias é pequena e hipocrômica (cabeças de seta). A ane-
mia é regenerativa e há várias hemácias policromatofílicas
(setas). Corante de Wright.
No caso de anemia causada por hipoplasia ou aplasia
medular eritróide, não há aumento do número de células
policromatofílicas (ver Capo 7). Como particularidade da
espécie, os eqüinos anêmicos não liberam células
policromatofílicas.
Há boa relação entre o grau de policromasia e a con-
tagem de reticulócitos; contudo, é mais objetivo quantificar
a resposta regenerativa por meio da contagem de reti-
culócitos (ver Capo 1). O reticulócito é semelhante à
hemácia policromatofílica, mas ele recebe corante vital
(por exemplo, novo azul de metileno ou azul cresil brilhante),
procedimento que induz a aglomeração de ribossomos e
de outras organelas celulares na forma de grânulos visí-
veis (ver Fig. 1.37).
Hipocromasia
As hemácias hipocrôrnicas são claras e sua palidez cen-
tral é mais acentuada devido à menor concentração de
hemoglobina decorrente da deficiência de ferro (Fig. 5.2).
Em hemácias de cães com deficiência de ferro, nota-se
hipocromasia mais evidente do que em hemácias de outras
espécies com a mesma deficiência; em geral, as hemácias
de gatos com essa deficiência não são hipocrôrnicas. É
necessário diferenciar células hipocrôrnicas daquelas
células arredondadas (torócitos) ou células "furadas", que
são insignificantes (Fig. 5.3). As células arredondadas
têm uma área central clara bem delineada e uma borda
mais fina de hemoglobina do que aquelas verificadas nas
células verdadeiramente hipocrôrnicas. Hemácias policro-
matofílicas jovens também podem apresentar hipocromia,
porque sua concentração de hemoglobina é menor do que
a normal devido ao maior volume. Embora não se con-
sidere a ocorrência de hipercromia, os esferócitos pare-
cem ter coloração mais intensa devido à ausência de
concavidade.
TAMANHO DAS HEMÁCIAS
A variação no tamanho das hemácias é denominada
anisocitose. Essa variação pode ser decorrente da pre-
sença de células grandes (macrócitos), células pequenas
(micrócitos) ou ambas. o termo, por si só, não fornece
informação significativa. As hemácias podem parecer
menores no esfregaço sanguíneo devido ao seu menor
diâmetro; contudo, o volume celular é o verdadeiro
parâmetro para avaliação do tamanho de hemácias, sen-
do determinado em instrumento eletrônico (ver Capo 1).
O melhor exemplo disso é o esferócito, que parece ser
menor devido à forma esférica e, conseqüentemente, menor
diâmetro; no entanto, o volume dos esferócitos quase
sempre se encontra na faixa de normalidade. Por outro
lado, hemácias microcíticas hipocrômicas deficientes em
ferro, cujo volume foi determinado em aparelho eletrô-
nico, podem ter diâmetro normal e não parecer menores
no esfregaço sanguíneo.
Hemácias Microcíticas
Antes que o menor diâmetro celular seja visualizado,
deve haver diminuição marcante do tamanho das células
(Fig. 5.2). Para estimar do verdadeiro tamanho das he-
mácias, o cálculo do volume corpuscular médio (VCM)
é mais útil do que o exame de esfregaço sangüíneo. A
partir de sistemas de contagem celular automatizados,
pode-se obter o histograma ou a curvavolume-distribui-
ção da população de hemácias. O volume corpuscular
médio é determinado pela análise dessa curva e o herna-
tócrito é, então, calculado multiplicando o VCM pela
contagem de hemácias (ver Capo I). A principal causa
de microcitose é anemia por deficiência de ferro; a dimi-
nuição do VCM é característica desse tipo de anemia.
Em alguns pacientes com essa deficiência, o VCM pode
ser normal, mesmo que o animal apresente uma popula-
ção de células microcíticas. Nesse caso, é útil examinar
a curva volume-distribuição (ver Capo 1). Na fisiopato-
logia da microcitose, existe a possibilidade de envolvi-
mento de precursores eritróides que se dividem conti-
nuamente até obterem concentração de hemoglobina
próxima ao normal, resultando em hemácias pequenas.
As células podem não obter um teor de hemoglobina
normal porque há necessidade de ferro para formar he-
moglobina. No caso de grave deficiência de ferro, é possível
constatar microcitose e hipocromia no esfregaço sangüíneo.
Além disso, notam-se defeitos de membranas, os quais
freqüentemente ocasionam anormalidades específicas na
forma e fragmentação (discutidas posteriormente). Cães
com shunt portocaval podem manifestar anemia micro-
0\ cítica, geralmente associada ao metabolismo anormal de
00'" ferro e à baixa concentração sérica de ferro. Algumas"? ~
"<t raças de cães (Akita e Shiba inus) normalmente apre-
~ sentam hemácias menores.
<A
"?
s; Hemácias Macrocíticas
Hemácias macrocíticas são maiores e apresentam maior
volume corpuscular médio (ver Fig. 1.37). A principal
causa de macrocitose é o aumento da quantidade de
hemácias imaturas, que se apresentam policromatofílicas
em esfregaços sangüíneos corados pelo Wright. Ao con-
trário de outras espécies domésticas, os eqüinos liberam
Morfologia das Hemácias 67
Figura 5.3 - Esfregaço sangüineo de cão mostrando vários
torócitos (hemácias "furadas"). Notar a ampla margem de
hemoglobina e a carência de hemoglobinização no centro
das células (seta). Os torócitos podem ser confundidos com
hipocromasia verdadeira. Corante de Wright.
macrócitos não-policromatofílicos. Neles, o aumento
simultâneo do VCM geralmente representa apenas evi-
dência de regeneração eritróide. Durante a regeneração,
as espécies animais, exceto os cães, tendem a produzir
macrócitos regenerativos que têm, aproximadamente, duas
vezes o tamanho de hemácias normais, resultando em
alteração acentuada do VCM. Entretanto, os cães libe-
ram macrócitos que, em geral, são apenas discretamente
maiores do que as hemácias normais. Macrocitose sem
policromasia ou sem outra evidência de resposta regene-
rativa apropriada é um achado comum em gatos anêmicos
com mielodisplasia e doença mieloproliferativa (ver
Capo 13). Essa macrocitose está associada à infecção pelo
vírus da leu cem ia felina (FeLV); também pode ser cons-
tatada em gatos infectados por FeLV sem anemia.
Outras causas menos comuns de macrocitose incluem
macrocitose de cães da raça Poodle e estomatocitose
hereditária. Em cães da raça Poodle toy ou miniatura, a
ocorrência de macrocitose é rara e acredita-se que seja
hereditária; normalmente é um achado acidental. Os cães
acometidos não apresentam anemia, mas a contagem de
hemácias pode estar diminuída. O VCM geralmente varia
de 90 a 100fL. Outros achados incluem aumento da
população de hemácias nucleadas, aumento do número
de corpúsculos de Howell-Jolly (freqüentemente múlti-
plos) e de neutrófilos hipersegmentados. Ao exame de
esfregaço da medula óssea notam-se várias anormalida-
des nos precursores eritróides, inclusive megaloblastos
com assincronia citoplasmática e nuclear de maturação.
A causa dessa anomalia é desconhecida e não há sinal
clínico associado com o distúrbio. Por fim, os estomatócitos
de cães das raças Alaska malamute e Schnauzer minia-
tura com estomatocitose hereditária são macrocíticos
(discutido posteriormente).
68 Hematologia das Espécies Domésticas Comuns
Acredita-se que alguns medicamentos anticonvulsivantes,
como fenobarbital, fenitoína e primidona, induzem macro-
citose; contudo, não se reproduziu experimentalmente ma-
crocitose em cães submetidos ao tratamento prolongado
com antíconvulsivantes. Deficiências de vitamina B 12
(cobalamina) e de folato não causam macrocitose em animais
domésticos; porém, tais deficiências são causas comuns
de macrocitose em humanos. Cães da raça Giant schanauzer
com má absorção hereditária de cobalamina são anêmi-
cos, mas essa anemia é mais normocítica do que macrocítica.
MORFOLOGIA DAS HEMÁCIAS
As hemácias com formas anormais são denominadas
poiquilócitos. No entanto, esse termo não é útil porque
não indica a alteração específica da forma. Assim, não é
possível fazer nenhuma interpretação específica. As al-
terações morfológicas mais importantes incluem vários
tipos de hemácias espiculadas, esferócitos e excentrócitos.
As hemácias espiculadas apresentam um ou mais espículos
na superfície e incluem equinócitos, acantócitos, ceratócitos
e esquistócitos. O examinador deve ser o mais específi-
co possível ao relatar as alterações morfológicas, porque
alguns tipos de anormalidades morfológicas das hemácias
estão associados a determinadas doenças. Hemácias com
alteração morfológica menos importante incluem leptócitos
(células dobradas ou células-alvo), codócitos (células-
alvo), dacirócitos (hemácias em forma de lágrima) e
torócitos (hemácias arredondadas).
Em animais, há relato de algumas anormalidades he-
reditárias associadas a alteração morfológica de hemácias,
inclusive estomatocitose hereditária em cães; eliptocitose
hereditária resultante da deficiência de banda 4.1, em cães;
e esferocitose hereditária em gatos da raça Japanese black,
resultante da deficiência de banda 3. Além disso, há relato
de esferocitose hereditária em camundongos. A maior
Figura 5.4 - Esfregaço de cão com hemangiossarcoma esplênico
e coagulopatia intravascular disseminada. Notar o esquistócito
(seta) e uma única plaqueta no campo (cabeça de seta). Corante
de Wright.
parte das anormalidades morfológicas hereditárias das
hemácias está associada a alterações na proteína do
citoesqueleto ou na concentração de colesterol ou fosfo-
lipídeos no plasma ou na membrana das hemácias.
Esquistócitos e Ceratócitos
Fragmentos de hemácias, também denominados esquis-
tócitos, geralmente se originam de traumatismo eritro-
citário intravascular. Podem ser notados em animais com
coagulopatia intravascular disseminada (CID) em con-
seqüência da lise de hemácias por filamentos de fibrina,
com neoplasia vascular (por exemplo, hemangiossarcoma)
e com deficiência de ferro. Os animais com CID tam-
bém podem apresentar trombocitopenia, simultaneamente
(Fig. 5.4). Em geral, quando se constatam fragmentos
de hemácias em esfregaços sangüíneos de cães com
hemangiossarcoma, também há acantócitos. A fragmen-
tação de hemácias deficientes em ferro parece ser causa-
da por lesão oxidativa que induz lesão de membrana ou
aumento de suscetibilidade ao traumatismo intravascular.
Inicialmente, as hemácias deficientes em ferro desenvol-
vem vesícula ou vacúolo aparente; acredita-se que tal
lesão represente uma lesão oxidativa, na qual as super-
fícies internas da membrana se cruzam pela célula. A
extrusão de hemoglobina pode ser a causa da região
descorada. Posteriormente, essas lesões aumentam e se
rompem, formando células com um ou mais espículos.
Quando há espículos, essas células comumente são de-
nominadas células "tronco de macieira"; quando há dois ~
'f'ou mais espículos são denominadas ceratôcitos (Fig. 5.5). 00
Y'Provavelmente as projeções dos ceratócitos se soltam das ~
hemácias, originando esquistócitos. .••o,
O>
00-:o
Figura 5.5 - Esfregaço sangüíneo de gato com anemia por
deficiência de ferro. Notar as anormalidades das membranas
eritrocitárias. Em felinos, a ausência de hipocromasia é co-
mum em hemácias deficientes em ferro. Além disso,há células
vesiculares (setas pequenas) e ceratócitos (setas grandes). No
destaque, esfregaço sangüíneo de um cão com deficiência
de ferro. Notar a célula vesicular (seta pequena) e os eritrócitos
hipocrômicos (cabeça de seta). Corante de Wright.
Acantócitos
Acantócitos ou células com esporões são hemácias espi-
culadas irregulares, com poucas projeções de compri-
mentos desiguais e diâmetros variáveis, na superfície (Fig.
5.6). Acredita-se que os acantócitos sejam provenientes
de alteração nas concentrações de colesterol ou de fos-
folipídeos na membrana das hemácias. Geralmente são
vistos em esfregaços sangüíneos de humanos que apre-
sentam alteração no metabolismo de lipídeos, como pode
ocorrer na doença hepática; porém, raramente são nota-
dos em esfregaços sangüíneos de cães com hepatopatia.
No entanto, os acantócitos são muito constatados em
esfregaços sangüíneos de gatos com lipidose hepática e
são comuns em esfregaços de cães com hemangiossarcoma.
A pato gênese dessa alteração morfológica de cães com
hemangiossarcoma não é conhecida, mas a presença de
acantócitos em animais de raças de grande porte, de meia-
idade ou mais velhos, com anemia regenerativa simultâ-
nea é muito sugestiva de hemangiossarcoma.
Equinócitos
Equinócitos (células espinhosas) são células espiculadas
com várias projeções pequenas, rombas a afiladas, uni-
formemente espaçadas e de tamanho e forma uniformes,
na superfície (Fig. 5.7). A presença de equinócitos pode
ser um artefato (crenação) decorrente de alteração do pH
durante a secagem lenta do esfregaço sangüíneo; além
disso, sua presença tem sido associada a doença renal,
~ linfoma, picada de cascavel e quimioterapia, em cães, e
~ exercício, em eqüinos. Os equinócitos constatados no caso
"<t de picada de cascavel são denominados equinócitos tipo 3
C'oI
r- e são bem característicos, com vários espículos muito.;,
~ finos em todas as hemácias, exceto naquelas policro-
s; matofílicas (Fig. 5.8). Em alguns casos de picada de
cascavel formam-se esferoquinócitos. Essas hemácias
parecem esferócitos, com finos espículos, geralmente
presentes durante 24 a 48h após o acidente ofidíco e são
indicadores confiáveis de picada de cascavel.
Esferócitos
Os esferócitos são hemácias de coloração escura que
perdem a palidez central (Fig. 5.9). Parecem pequenos,
mas seu volume é normal. Esferócitos não são facilmente
detectados em animais, exceto em cães, devido ao pe-
queno tamanho e à perda da palidez central das hemácias
normais na maioria das outras espécies de animais domés-
ticos. Os esferócitos apresentam menor quantidade de
membrana devido à fagocitose parcial decorrente da pre-
sença de anticorpos ou complemento na superfície da
hemácia. A pesquisa de esferócitos é muito importante,
pois sua presença sugere anemia hemolítica imunome-
diada (ver Capo 8). Além disso, também podem ser cons-
tatados após transfusão sangüínea com tipo de sangue
inadequado. Há relato de ocorrência de esferócitos em
cães após picadas de abelhas e intoxicação por zinco, a
qual também pode causar anemia de corpúsculos de Heinz.
Às vezes, permanece pequeno grau de palidez central no
Morfologia das Hemácias 69
Figura 5.6 - Esfregaço sangüíneo de cão anêmico com rup-
tura de hemangiossarcoma de baço. (A) Há vários acantócitos
(setas). Notar as grandes células policromatofílicas no mes-
mo campo, indicando que a anemia é do tipo regenerativa.
(B) Acantócitos (seta) e esquistócitos (cabeças de seta) são
achados típicos em cães com hemangiossarcoma. Corante de
Wright.
esferócito, sendo então denominado esferócito incom-
pleto (Fig. 5.10). Esses esferócitos provavelmente repre-
sentam uma fase da contínua remoção da membrana que,
por fim, resulta em um esferócito completo.
Excentrócitos
Dentre as características dos excentrócitos é possível in-
cluir desvio de hemoglobina para uma parte da célula, perda
da palidez central normal e uma zona clara delimitada por
uma membrana (Fig. 5.11). Esse tipo de célula está asso-
Figura 5.7 - Esfregaço sangüíneo de cão com linfoma. Há
vários equinócitos (setas). Corante de Wright.
70 Hematologia das Espécies Domésticas Comuns
Figura 5.8 - Esfregaço sangüíneo de cão picado por cobra
cascavel há cerca de 24h. Quase todas as hemácias são equi-
nosferócitos (seta). Notar que as hemácias policromatofilicas
não foram afetadas. Corante de Wright.
ciado a lesão oxidativa, especialmente em cães, e pode
ser visto com corpúsculos de Heinz (discutido posterior-
mente). Os animais com deficiência hereditária da enzima
eritrocitária glicose-6- fosfato desidrogenase podem ser mais
suscetíveis à lesão de hemácias induzida por substância
oxidante, que resulta na formação de excentrócitos ou no
aumento do número de corpúsculos de Heinz.
leptócitos e Codócitos
Leptócitos são hemácias que passaram por alteração na
proporção superfície:volume, com excesso de membrana
Figura 5.9- Esfregaço sangüineo de cão com anemia hemolitica
imunomediada. Notar vários esferócitos (setas). A anemia é
regenerativa, indicada pelas hemácias policromatofílicas (ca-
beças de seta). Corante de Wright.
em relação ao conteúdo celular interno, resultando em
dobradura da membrana e formação de células-alvo
(Fig. 5.12). Esse tipo de célula tem pouca importância ao
diagnóstico e pode se formar in vitro, quando há contato
com excesso de ácido etilenodiaminotetraacético (EDTA) ~
devido ao preenchimento inadequado dos tubos de coleta 3;
de sangue. As células-alvo também são denominadas ;j
codócitos e correspondem a hemácias arredondadas finas, .jo.~
com densa área central de hemoglobina separada da re- g;
gião hemoglobinizada periférica por uma zona pálida. As ~
células-alvo podem ser constatadas em cães com aumento
da concentração sérica de colesterol; também são verificadas
em várias outras condições e têm pouca importância.
Estomatócitos
Estomatócitos são hemácias unicôncavas com área clara
semelhante a uma "boca" próxima ao centro da célula
(Fig. 5.13). De modo geral, a presença de alguns estoma-
tócitos no esfregaço sangüíneo não indica anormalida-
de. Há relato de formação hereditária de estomatócitos
em várias raças de cães, inclusive Alaska malamute,
Schnauzer miniatura e Drentse partrijshond. Todos os dis-
túrbios são hereditários e de caráter autossômico reces-
sivo; a formação de estomatócito é causada por diferentes
anomalias em diversas raças e envolve a membrana ce-
lular ou o controle do volume celular. Cães da raça Alaska
malamute com estomatocitose hereditária também apre-
sentam condrodisplasia; apenas uma pequena porcen-
tagem das hemácias se transforma em estomatócitos.
Acredita-se que a formação destes seja secundária a um
defeito de membrana que permite aumentar o conteúdo
de sódio e água das hemácias. Cães da raça Drentse
pretrijshond com estomatocitose também manifestam gas-
trite hipertrófica, desenvolvimento retardado, diarréia,
cistos renais e polineuropatia. Considera-se que nessa raça
Figura 5.10 - Esfregaço sangüineo de cão com anemia hemo-
lítica imunomediada. Vários eritrócitos são esferócitos (ca-
beças de seta) e há diversos esferócitos incompletos (setas).
Corante de Wright.
Figura 5.11 - Esfregaço sangüíneo de cão com anemia de
corpúsculos de Heínz após íngestão de cebola. Há excentrócitos
(setas). Corante de Wright.
o defeito da hemácia ocorra devido à concentração anor-
mal de fosfolipídeos na membrana eritrocitária. Cães da
raça Schnauzer miniatura com estomatocitose são assin-
tomáticos; não há relato sobre a etiologia do defeito das
hemácias nessa raça.
ESTRUTURAS VERIFICADAS
NAS HEMÁCIAS
Corpúsculos de Heinz
A desnaturação oxidativa da hemoglobina resulta na for-
mação de corpúsculos de Heinz. Cerca de 1 a 2% das he-
mácias de gatos normais contêm esses corpúsculos,
Figura 5.12 -Esfregaço sangüíneo de cão com vários leptócitos.
Note diversas células-alvos (setas) e célulasdobradas (cabe-
ças de seta). Corante de Wright.
Morfologia das Hemácias 71
possivelmente devido à tendência incomum de desnaturação
da hemoglobina pelo fato de a molécula de hemoglobina
felina conter o dobro de grupos sulfidrilas reativos em
comparação à molécula de hemoglobina de outras espé-
cies. Os corpúsculos de Heinz são pequenas estruturas
pálidas excêntricas presentes nas hemácias; em esfregaços
sangüíneos corados pelo Wright, é comum que pareçam
se projetar discretamente pelos bordos das hemácias (Fig.
5.14). Em geral, eles apresentam de 0,5 a l.Dum de diâ-
metro, mas podem ser maiores. Normalmente se apresen-
tam como estruturas grandes individuais nas hemácias de
felinos; nas hemácias de cães, geralmente são menores e
múltiplos. Édifícil notar corpúsculos de Heinz em esfregaços
sangüíneos corados pelo Wright, especialmente no caso
de hemácias de cães, nas quais a formação de excentrócitos
pode ser mais evidente. Quando corados com corantes vitais
(por exemplo, novo azul de metileno ou azul cresil bri-
lhante), os corpúsculos de Heinz se assemelham a estruturas
azuis (Fig. 5.14). A presença deles reduz a deformabilidade
da célula, tornando-a mais suscetível à hemólise intra e ex-
travascular. Quando grande quantidade de hemácias é
afetada, pode haver anemia hemolítica grave. Medicamentos
e substâncias oxidantes que sabidamente induzem a for-
mação de corpúsculos de Heinz incluem cebola, alho,
Brassica spp., folhas murchas ou secas de bordo verme-
lho (Acer rubrum), benzocaína, zinco, cobre, acetaminofen,
propofol, fenazopiridina, fenotiazina, fenilidrazina, naf-
taleno, vitamina K, azul de metileno e propilenoglicol.
Gatos enfermos podem ter grande quantidade de corpús-
culos de Heinz, sem exposição a medicamentos ou substân-
cias químicas oxidantes. Os distúrbios mais associados
ao aumento na quantidade de corpúsculos de Heinz em
gatos incluem diabetes melito, linfoma e hipertireoidis-
mo; no entanto, também é possível constatar aumento do
número desses corpúsculos simultaneamente a várias ou-
tras doenças (ver Capo 8).
Figura 5.13 - Esfregaço sangüíneo de cão mestiço da raça
Schnauzer miniatura com esferocitose hereditária. Notar as
diversas fendas ou áreas claras, em formato de boca, nos
estomatócitos (setas). Corante de Wright.
72 Hematologia das Espécies Domésticas Comuns
I ..
B
Figura 5.14 - Esfregaços sangüíneos de gato intoxicado por
acetaminofen. (A) Corpúsculos de Heinz aparecem como
estrutura azul-clara pálida (setas). (B) Corpúsculos de Heinz
aparecem como estruturas azuis (setas). Notar o reticulócito
(cabeça da seta). Corante azul cresil brilhante.
Pontilhado Basofílico
A agregação de ribossomos in vivo, na forma de peque-
nos grânulos basofílicos, é denominada pontilhado ba-
sofílico (Fig. 5.15). Normalmente, em ruminantes, o
pontilhado basofilico está associado a hemácias imatu-
ras e pode ser constatado em menor quantidade em ga-
tos e cães com anemia altamente regenerativa. Pontilhado
basofilico não associado a anemia grave é sugestivo de
intoxicação por chumbo; no entanto, nem todos os animais
assim intoxicados o apresentam. A enzima pirimidina
5' -nucleotidase, presente nos reticulócitos, normalmen-
te cataboliza os ribossomos; a atividade dessa enzima
encontra-se diminuída na intoxicação por chumbo e nor-
malmente é baixa em ruminantes.
Hemácias Nucleadas
o aumento da quantidade de hemácias nucleadas (Fig.
5.15) está associado a anemia regenerativa e liberação
precoce dessas células em resposta à hipoxia. Uma maior
quantidade de hemácias nucleadas também pode ser notada
em animais com disfunção do baço e com alto teor de
corticosteróides endógenos ou exógenos. Geralmente, um
aumento na população de hemácias nucleadas despro-
porcional ao grau de anemia está associado à intoxicação
por chumbo; porém, nem todos os animais assim intoxi-
cados manifestam aumento da quantidade de hemácias
nucleadas. Em gatos, hemácias nucleadas, na ausência
de policromasia significativa, geralmente sugerem mielo-
displasia ou doença mieloproliferativa.
Corpúsculos de Howell-Jolly
Restos nucleares nas hemácias são denominados corpús-
culos de Howell-Jolly. Um aumento no conteúdo de cor-
Figura 5.15 - (A) Esfregaço sangüíneo de um cão com anemia
hemolítica imunomedida. A anemia é acompanhada de alto
grau de regeneração; notam-se hemácias policromatofílicas,
hemácias nucleadas (cabeças de seta) e um corpúsculo de Howell-
Jolly (seta). Notar que as hemácias nucleadas (metarrubrícitos)
apresentam citoplasma de coloração variável. A célula da es-
querda tem citoplasma maduro, enquanto a da direita apre-
senta citoplasma policromatofílico. (B) Pontilhado basofílico
(seta pequena) em esfregaço sangüíneo de cão intoxicado por
chumbo. (C) Resto nuclear, ou corpúsculo de Howell-Jolly, é
indicado pela seta. Corante de Wright.
púsculos de Howell-Jolly está associado a anemia rege-
nerativa, esplenectomia e supressão da função esplênica.
Esses corpúsculos são pequenas inclusões arredondadas
de cor azul-escura e tamanhos variáveis (Fig. 5.\5).
Grânulos Sideróticos ~
00
Grânulos sideróticos são grânulos de ferro coráveis pre- ~
sentes em mitocôndrias e lisossomos. Essas inclusões ';;:
sideróticas também são denominadas corpúsculos de 8::
Pappenheimer e acredita-se que sua ocorrência está as- :b
sociada ao prejuízo à síntese da porção heme. Hemácias
que contêm essas inclusões são denominadas siderócitos
(Fig. 5.16). Em animais domésticos, é rara a presença de
siderócitos; no entanto, esse tipo de célula tem sido as-
sociado à terapia com cloranfenicol, mielodisplasia e
insuficiência eritropoiética de causa desconhecida.
Parasitas
Os hemoparasitas serão discutidos mais detalhadamente
no Capítulo 8. A formação de esferócitos e a aglutinação
podem ser constatadas em esfregaços sangüíneos de
animais com hemoparasitas, pois os microorganismos
induzem anemia imunomediada.
A principal hemoparasitose de felinos é a infecção por
Hemobartonella felis (Fig. 5.\7), um micoplasma que
causa anemia infecciosa felina. Esses microorganismos
se aderem à membrana externa da hemácia na forma de
bastonetes na superfície das hemácias ou como um fino
anel basofílico na célula. Um hemoparasita menos co-
Figura 5.16 - Esfregaço sangüíneo de cão. Notar várias he-
mácias (siderócitos) contendo grânulos sideróticos (setas). Notar
os corpúsculos de Howell-Jolly (cabeças de seta). Corante de
Wright.
mum em gatos é o protozoário Cytauxzoon felis, que tem
formato de anel (0,5 a I .Surn de diâmetro) e contém um
pequeno núcleo basofílico (Fig. 5.18).
Em cães, é rara a ocorrência de hemoparasitas. Ge-
ralmente Hemobartonella canis se manifesta apenas em
cães submetidos à esplenectomia ou que apresentam
disfunção esplênica. Os microorganismos se asseme-
lham a pequenos pontos, formando cadeias na superfí-
cie das hemácias (Fig. 5.19). Babesia canis e B. gibsoni
são os menores protozoários eritrocitários parasitas de
cães e causam grave anemia hemolítica. Geralmente,
•.
,
•.
Figura 5.17 - Esfregaço sangüíneo de gato anêmico. Notar vá-
rias Hemobartonella felis. Algumas delas parecem pequenos
microorganismos em formato de anel na superfície de uma
hemácia "fantasma" que sofreu lise (cabeça de seta). Outras
parecem bastonetes na margem das hemácias (setas). No
destaque, formas de anel e de bastonete em maior aumento.
Corante de Wright.
Morfologia das Hemácias 73
Figura 5.18 - Esfregaço sangüíneo de gato infectado por
Cytauxzoon (setas). Corante de Wright.
B. canis tem formato de uma gota de lágrima (Fig. 5.20);
C. gibsoni é menor e seu tamanho e sua forma variam
consideravelmente (Fig. 5.20). Outros hemoparasitas
incluem B. bigemina, Eperythrozoon spp. (Fig. 5.21) e
Anaplasma spp. (Fig. 5.22).
Inclusões Virais
Inclusões virais são raramente constatadas em cães com
cinomose. Quando constatadas, elas apresentam varia-
ções de tamanho(l a 2~m), quantidade e cor (azul claro
a magenta); são mais vistas em hemácias policromatofílicas
(Fig. 5.23) .
Figura 5.19 - Esfregaço sangüíneo de cão infectado por He-
mobartonella canis, esplenectomizado. Notar os microor-
ganismos parecidos com pontos em forma de cadeia, na
superfície das hemácias (setas). A anemia é regenerativa,
condição indicada pela célula policromatofílica (cabeça de
seta). Corante de Wright.
74 Hematologia das EspéciesDomésticas Comuns
Figura 5.20 - Esfregaço sangüíneo de cães com babesiose.
(A) Babesia canis com aparência de gota de lágrima fracamente
corada (cabeças de seta). (B) Esfregaço sangüíneo de cão com
Babesia gibsoni (setas). Corante de Wright.
DISTRIBUiÇÃO DAS HEMÁCIAS
NO ESFREGAÇO SANGüíNEO
Formação de Rouleaux
A formação de rouleaux corresponde ao posicionamento
espontâneo das hemácias em forma de pilhas lineares,
assemelhando-se a uma pilha de moedas (Fig. 5.24). A
formação de grande quantidade de rouleaux é normal
em eqüinos; uma quantidade discreta também é normal em
cães e gatos. No entanto, nota-se maior formação de
rouleaux quando há aumento da concentração de proteínas
plasmáticas, como fibrinogênio e imunoglobulinas. O
Figura 5.21 - Esfregaço sangüíneo de vaca infectada por
Eperythrozoon wenyoni. Notar vários microorganismos livres
no plasma. Corante de Wright.
Figura 5.22 - Esfregaço sangüíneo de vaca anêmica com
anaplasmose. Notar vários Anaplasma marginale na perife-
ria das hemácias (setas). Corante de Wright.
aumento da formação de rouleaux geralmente sugere
gamopatia; animais com mieloma múltiplo quase sem-
pre apresentam maior quantidade de rouleaux.
Aglutinação
A aglutinação de hemácias resulta em aglomerados de
células irregulares e esféricas devido às pontes de anti-
corpos (Fig. 5.25). Aglutinação é um sinal muito suges-
tivo de anemia hemolítica imunomediada; no entanto,
também pode ser vista após transfusão sangüínea com
tipo de sangue inadequado. Para confirmar a ocorrência
de aglutinação, misture uma pequena quantidade de san-
gue com uma gota de solução salina isotônica. A aglu-
tinação persiste na presença de solução salina (Fig. 5.26),
Figura 5.23 - Esfregaço sangüíneo de cão com cinomose. Notar
as inclusões virais de cor azul-claro da cinomose nas hemácias
(setas). A coloração dessas inclusões pode variar de azul-cla-
ro a magenta-escuro. Corante de Wright.
Figura 5.24 - (A e B) Esfregaço sangüíneo de eqüino normal,
mostrando vários rouleaux (setas). Corante de Wright.
enquanto os rouleaux se dispersam. A aglutinação pode
ser tão intensa a ponto de ser verificada macroscopicamente
em esfregaços sangüíneos e na parede de tubo que con-
tém EDTA (Fig. 5.26). A aglutinação pode resultar em
VCM falsamente elevado e em contagem de hemácias
falsamente diminuída porque as hemácias aglutinadas
(duplas e triplas) podem ser contadas como se fossem
uma célula grande (ver Capo 1).
DISPlASIA ERITRÓIDE E NEOPlASIA
DE SANGUE PERIFÉRICO
Displasia e neoplasia de hemácias serão abordadas com
mais detalhes no Capítulo 13. Resumidamente, a displasia
- ••, o
••,•.(.•
••
". ,
c.·h
'"
••
•• ~•. •.
•
Figura 5.25 - Esfregaço sangüíneo de cão com anemia hemo-
lítica imunomediada e intensa aglutinação. Notar o grande
agregado de esferócitos (setas). Corante de Wright; pequeno
aumento.
Morfologia das Hemácias 75
1
Figura 5.26 - Sangue de cão com anemia hemolítica imuno-
mediada. (A) O sangue foi misturado com solução salina
isotônica e a aglutinação persiste (setas). (B) A aglutinação
é tão intensa que pode ser visualizada macroscopicamente
na parede do tubo de coleta de sangue que contém EDTA.
eritróide, muito comum em gatos infectados pelo FeLV,
caracteriza-se por anemia não regenerativa associada a
macrocitose e precursores eritróides megaloblásticos, nos
quais há avançada hemoglobinização da célula, com
maturação incompleta do núcleo. Neoplasia de hemácia
(mielose eritrêmica, M6) é relativamente rara em cães;
em gatos, costuma estar associada a FeLV.Em geral, nesses
pacientes nota-se maior quantidade de hemácias nucleadas
muito jovens devido à grave anemia não regenerativa (ver
Cap.13).
BIBLIOGRAFIA
Tamanho das Hemácias
Bunch SE, Easley JR, Cullen JM. Hematologic values and plasma
and tissue concentrations in dogs given phenytoin on a long-
term basis. Am J Vet Res 1990;51:1865-1868.
Buneh SE, Jordan HL, Sellon RK, et a!. Charaeterization of iron
status in young dogs with portosystemic shunt. Am J Vet Res
1995;56:853-858 .
Degen M. Pseudohyperkalemia in Akitas. J Am Vet Med Assoe
1987; 190:541-543 .
Gookin JL, Bunch SE, Rush LJ, et a!. Evaluation of mierocytosis
in 18 Shiba Inus. J Am Vet Med Assoe 1998;212:1258-1259.
Fulton R,Weiser MG, Freshman JL, et a!. Eleetronic and morphologic
eharacterization of erythrocytes of an adult cat with iron deficiency
anemia. Vet Pathol 1988;25:521-523.
Fyfe JC, Jezyk PK, Giger U, et a!. lnherited seleetive malabsorption
of Vitamin BI2 in giant schnauzers. J Am Anim Hosp Assoe
1989;25:533-539 .
Harvey JW, Asquith RL, Sussman WA, et a!. Serum ferritin, serum
iron, and erythrocyte values in foals. Am J Vet Res 1987;48: 1348-
1352.
Laflamme DP, Mahaffey EA, Allen SW, et a!. Microcytosis and
iron status in dogs with surgieally induced portosystemic shunts.
J Vet Intern Med 1994;8:212-216.
Meyer DJ, Harvey JW. Hematologie ehanges associated with serum
and hepatic iron alterations in dogs with congenital portosystemic
vaseular anomalies. J Vet Intern Med 1994;8:55-56.

Outros materiais