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PDF AULA 01 - Processo Penal Renato Brasileiro 1 INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR

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CARREIRA JURÍDICA 
Processo Penal 
Renato Brasileiro 
1 
INVESTIGAÇÃO 
PRELIMINAR 
 
1. Conceito de inquérito policial. 
 
É o procedimento administrativo inquisitório e 
preparatório, presidido pela autoridade policial, 
com o objetivo de identificar fontes de prova e 
colher elementos de informação quanto à 
autoria e a materialidade da infração penal, a 
fim de permitir que o titular da ação penal 
possa ingressar em juízo. 
 
Dupla função: 
 
a) preservadora: a existência prévia de 
um inquérito inibe a instauração de um 
processo penal infundado, temerário, 
resguardando a liberdade do inocente 
e evitando custos desnecessários para 
o Estado; 
b) preparatória: fornece elementos de 
informação para que o titular da ação 
penal possa ingressar em juízo, além 
de acautelar meios de prova que 
poderiam desaparecer com o decurso 
do tempo. 
 
 
2. Natureza jurídica do inquérito policial. 
 
STF: “(...) Os vícios existentes no inquérito 
policial não repercutem na ação penal, que tem 
instrução probatória própria. Decisão fundada 
em outras provas constantes dos autos, e não 
somente na prova que se alega obtida por 
meio ilícito”. (STF, 2ª Turma, HC 85.286, Rel. 
Min. Joaquim Barbosa, j. 29/11/2005, DJ 
24/03/2006). 
 
STJ: “(...) No caso em exame, é inquestionável 
o prejuízo acarretado pelas investigações 
realizadas em desconformidade com as 
normas legais, e não convalescem, sob 
qualquer ângulo que seja analisada a questão, 
porquanto é manifesta a nulidade das 
diligências perpetradas pelos agentes da ABIN 
e um ex-agente do SNI, ao arrepio da lei. Insta 
assinalar, por oportuno, que o juiz deve estrita 
fidelidade à lei penal, dela não podendo se 
afastar a não ser que imprudentemente se 
arrisque a percorrer, de forma isolada, o 
caminho tortuoso da subjetividade que, não 
poucas vezes, desemboca na odiosa perda da 
imparcialidade. Ele não deve, jamais, perder 
de vista a importância da democracia e do 
Estado Democrático de Direito. Portanto, 
inexistem dúvidas de que tais provas estão 
irremediavelmente maculadas, devendo ser 
consideradas ilícitas e inadmissíveis, 
circunstâncias que as tornam destituídas de 
qualquer eficácia jurídica, consoante 
entendimento já cristalizado pela doutrina 
pacífica e lastreado na torrencial 
jurisprudência dos nossos tribunais”. (STJ, 5ª 
Turma, HC 149.250/SP, Rel. Min. Adilson 
Vieira Macabu, j. 07/06/2011, DJe 
05/09/2011). 
 
3. Finalidade do inquérito policial. 
 
- Identificar fontes de prova; 
- Colheita de elementos informativos acerca da 
materialidade e autoria da infração penal. 
 
3.1. Distinção entre elementos informativos e 
provas. 
 
CPP. Art. 155: “O juiz formará sua convicção 
pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo 
fundamentar sua decisão exclusivamente nos 
elementos informativos colhidos na 
investigação, ressalvadas as provas 
cautelares, não repetíveis e antecipadas”. 
 
Elementos informativos 
 
- Colhidos na fase investigatória; 
- Não é obrigatória a observância do 
contraditório e da ampla defesa; 
- O juiz deve intervir apenas quando 
necessário, e desde que seja 
provocado nesse sentido; 
- Finalidade: a) úteis para a decretação 
de medidas cautelares; b) auxiliam na 
formação da opinio delicti; 
 
“Exclusivamente”: elementos informativos, 
isoladamente considerados, não podem 
fundamentar uma sentença. Porém, tais 
elementos não devem ser desprezados 
durante a fase judicial, podendo se somar à 
prova produzida em juízo para auxiliar na 
formação da convicção do magistrado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CARREIRA JURÍDICA 
Processo Penal 
Renato Brasileiro 
2 
STF: “(...) Padece de falta de justa causa a 
condenação que se funde exclusivamente em 
elementos informativos do inquérito policial. 
Garantia do contraditório: inteligência. Ofende 
a garantia constitucional do contraditório 
fundar-se a condenação exclusivamente em 
testemunhos prestados no inquérito policial, 
sob o pretexto de não se haver provado, em 
juízo, que tivessem sido obtidos mediante 
coação”. (STF, 1ª Turma, RE 287.658/MG, 
Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 03/10/2003). 
 
Provas 
 
- Em regra, produzidas na fase judicial; 
- É obrigatória a observância do 
contraditório e da ampla defesa; 
- A prova deve ser produzida na 
presença do juiz; 
- Durante o curso do processo, o juiz é 
dotado de certa iniciativa probatória, a 
ser exercida de maneira residual; 
- Finalidade: auxiliar na formação da 
convicção do juiz. 
 
Provas cautelares: São aquelas em que há um 
risco de desaparecimento do objeto da prova 
em razão do decurso do tempo. Podem ser 
produzidas na fase investigatória e na fase 
judicial. Dependem de autorização judicial, 
sendo que o contraditório será diferido 
(postergado). 
 
Provas não repetíveis: 
 
É aquela que uma vez produzida não tem 
como ser novamente coletada em razão do 
desaparecimento da fonte probatória. Podem 
ser produzidas na fase investigatória e na fase 
judicial. Não dependem de autorização judicial, 
sendo que o contraditório será diferido. 
 
4. Atribuição para a presidência do 
Inquérito Policial. 
 
Lei n. 12.830/13 (vigência em 21/06/13): 
 
Art. 2o As funções de polícia judiciária e a 
apuração de infrações penais exercidas pelo 
delegado de polícia são de natureza jurídica, 
essenciais e exclusivas de Estado. 
 
 
Lei n. 12.830/13 
 
Art. 2º. § 1o Ao delegado de polícia, na 
qualidade de autoridade policial, cabe a 
condução da investigação criminal por meio de 
inquérito policial ou outro procedimento 
previsto em lei, que tem como objetivo a 
apuração das circunstâncias, da materialidade 
e da autoria das infrações penais. 
 
Lei n. 12.830/13 
 
Art. 2, § 2o Durante a investigação criminal, 
cabe ao delegado de polícia a requisição de 
perícia, informações, documentos e dados que 
interessem à apuração dos fatos. 
 
Lei n. 12.830/13 
 
Art. 2, § 4o O inquérito policial ou outro 
procedimento previsto em lei em curso 
somente poderá ser avocado ou redistribuído 
por superior hierárquico, mediante despacho 
fundamentado, por motivo de interesse público 
ou nas hipóteses de inobservância dos 
procedimentos previstos em regulamento da 
corporação que prejudique a eficácia da 
investigação. 
 
Lei n. 12.830/13 
 
Art. 2, § 5o A remoção do delegado de polícia 
dar-se-á somente por ato fundamentado. 
 
 
4.1. Natureza do crime e atribuição para as 
investigações. 
 
a) Crime militar da competência da 
Justiça Militar da União; 
b) Crime militar da competência da 
Justiça Militar Estadual; 
c) Crime eleitoral: 
d) Crime “federal”: 
e) Crime comum da competência da 
Justiça Estadual: 
 
 
Constituição Federal: Art. 144. §1. I – apurar 
infrações penais contra a ordem política e 
social ou em detrimento de bens, serviços e 
interesses da União ou de suas entidades 
autárquicas e empresas públicas, assim como 
 
 
 
 
 
 
 
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outras infrações cuja prática tenha 
repercussão interestadual ou internacional e 
exija repressão uniforme, segundo se dispuser 
em lei; 
 
Lei n. 10.446/02: Art. 1o Na forma do inciso I do 
§1 do art. 144 da Constituição, quando houver 
repercussão interestadual ou internacional que 
exija repressão uniforme, poderá o 
Departamento de Polícia Federal do Ministério 
da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade 
dos órgãos de segurança pública arrolados no 
art. 144 da Constituição Federal, em especial 
das Polícias Militares e Civis dos Estados, 
proceder à investigação, dentre outras, das 
seguintes infrações penais: 
 
I – seqüestro, cárcere privado e extorsão 
mediante seqüestro (arts. 148e 159 do Código 
Penal), se o agente foi impelido por motivação 
política ou quando praticado em razão da 
função pública exercida pela vítima; 
II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII 
do art. 4º da Lei n. 8.137/90); e 
III – relativas à violação a direitos humanos, 
que a República Federativa do Brasil se 
comprometeu a reprimir em decorrência de 
tratados internacionais de que seja parte; e 
IV - furto, roubo ou receptação de cargas, 
inclusive bens e valores, transportadas em 
operação interestadual ou internacional, 
quando houver indícios da atuação de 
quadrilha ou bando em mais de um Estado da 
Federação. 
V- falsificação, corrupção, adulteração ou 
alteração de produto destinado a fins 
terapêuticos ou medicinais e venda, inclusive 
pela internet, depósito ou distribuição do 
produto falsificado, corrompido, adulterado ou 
alterado (art. 273 do CP). (inciso V 
acrescentado pela Lei n. 12.894/13). 
Parágrafo único. Atendidos os pressupostos 
do caput, o Departamento de Polícia Federal 
procederá à apuração de outros casos, desde 
que tal providência seja autorizada ou 
determinada pelo Ministro de Estado da 
Justiça. 
 
5. Características do inquérito policial. 
 
5.1. Procedimento escrito. 
 
CPP. Art. 9º. Todas as peças do inquérito 
policial serão, num só processado, reduzidas a 
escrito ou datilografadas e, neste caso, 
rubricadas pela autoridade. 
 
CPP. Art. 405. § 1o Sempre que possível, o 
registro dos depoimentos do investigado, 
indiciado, ofendido e testemunhas será feito 
pelos meios ou recursos de gravação 
magnética, estenotipia, digital ou técnica 
similar, inclusive audiovisual, destinada a obter 
maior fidelidade das informações. (Incluído 
pela Lei n. 11.719/08). 
 
5.2. Procedimento dispensável. 
 
CPP. Art. 39, § 5o O órgão do Ministério 
Público dispensará o inquérito, se com a 
representação forem oferecidos elementos 
que o habilitem a promover a ação penal, e, 
neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 
quinze dias. 
 
5.3. Procedimento sigiloso. 
 
CPP. Art. 20. A autoridade assegurará no 
inquérito o sigilo necessário à elucidação do 
fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 
 
5.3.1. Acesso do advogado aos autos do 
procedimento investigatório. 
 
Constituição Federal: 
 
Art. 5, LXIII – o preso será informado de seus 
direitos, entre os quais o de permanecer 
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da 
família e de advogado; 
 
Lei n. 8.906/94 Art. 7º São direitos do 
advogado: (...) XIV - examinar em qualquer 
repartição policial, mesmo sem procuração, 
autos de flagrante e de inquérito, findos ou em 
andamento, ainda que conclusos à autoridade, 
podendo copiar peças e tomar apontamentos; 
 
Súmula vinculante n. 14 do STF: “É direito do 
defensor, no interesse do representado, ter 
acesso amplo aos elementos de prova que, já 
documentados em procedimento investigatório 
realizado por órgão com competência de 
polícia judiciária, digam respeito ao exercício 
do direito de defesa”. 
 
 
 
 
 
 
 
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Renato Brasileiro 
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Negativa de acesso e instrumentos 
processuais a serem utilizados pelo defensor: 
 
 
- (Des) necessidade de autorização 
judicial para o acesso do advogado aos 
autos do inquérito policial: 
 
Lei n. 12.850/13 
 
Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser 
decretado pela autoridade judicial competente, 
para garantia da celeridade e da eficácia das 
diligências investigatórias, assegurando-se ao 
defensor, no interesse do representado, amplo 
acesso aos elementos de prova que digam 
respeito ao exercício do direito de defesa, 
devidamente precedido de autorização judicial, 
ressalvados os referentes às diligências em 
andamento. 
 
5.4. Procedimento inquisitorial. 
 
- Posição majoritária: 
 
 
- Posição minoritária: 
 
A) Exercício exógeno do direito de defesa: É 
aquele efetivado fora dos autos do inquérito 
policial. 
B) Exercício endógeno: É aquele efetivado 
dentro do inquérito; 
 
 
STJ: “(...) Embora seja o inquérito policial 
procedimento preparatório da ação penal (HCs 
36.813, de 2005, e 44.305, de 2006), é ele 
garantia "contra apressados e errôneos juízos" 
(Exposição de motivos de 1941). Se bem que, 
tecnicamente, ainda não haja processo – daí 
que não haveriam de vir a pelo princípios 
segundo os quais ninguém será privado de 
liberdade sem processo legal e a todos são 
assegurados o contraditório e a ampla defesa 
–, é lícito admitir possa haver, no curso do 
inquérito, momentos de violência ou de coação 
ilegal (HC-44.165, de 2007). A lei processual, 
aliás, permite o requerimento de diligências. 
Decerto fica a diligência a juízo da autoridade 
policial, mas isso, obviamente, não impede 
possa o indiciado bater a outras portas. Se, 
tecnicamente, inexiste processo, tal não 
haverá de constituir empeço a que se 
garantam direitos sensíveis – do ofendido, do 
indiciado, etc. (...) Ordem concedida a fim de 
se determinar à autoridade policial que atenda 
as diligências requeridas. (STJ, 6ª Turma, HC 
69.405/SP, Rel. Min. Nilson Naves, j. 
23/10/2007, DJ 25/02/2008). 
;

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