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LITERATURA BRASILEIRA GABARITO AP2

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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Universidade Federal Fluminense 
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ 
 
 
Disciplina: Literatura Brasileira I 
Coordenador: Prof. André Dias 
 
AP 2 – 2015.2 
 
 
Aluno(a): _______________________________________________________ 
Polo: _______________________________ Matrícula ________________ 
 
Nota: _______________ 
 
1 – (Sobre a Aula 16) – No ensaio “A Vida ao Rés do Chão”, publicado no livro Recortes, 
de 1993, Antonio Candido entrega aos leitores um estudo fundamental para compreender 
os aspectos mais importantes da crônica, como gênero literário. Veja o trecho a seguir: 
 
A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma literatura feita de grandes 
cronistas, que lhe dessem o brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos e 
poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a um cronista, por melhor que 
fosse. Portanto, parece mesmo que a crônica é um gênero menor. 
“Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque sendo assim ela fica mais perto de nós. 
E para muitos pode servir de caminho não apenas para a vida, que ela serve de perto, 
mas para a literatura, como dizem os quatro cronistas deste livro na linda introdução ao 
primeiro volume da série. Por meio dos assuntos, da composição solta, do ar de coisa 
sem necessidade que costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo o dia. 
Principalmente porque elabora uma linguagem que fala de perto ao nosso modo de ser 
mais natural. Na sua despretensão, humaniza; e esta humanização lhe permite, como 
compensação sorrateira, recuperar com a outra mão certa profundidade de significado e 
certo acabamento de forma, que de repente podem fazer dela uma inesperada embora 
discreta candidata à perfeição. (CANDIDO, 2004, p 26 -27) 
 
 
Leia, a seguir, a crônica “O Amor Acaba”, de Paulo Mendes Campos e explique como os 
pontos destacados no ensaio de Antonio Candido se manifestam no texto em questão. 
(valor: 10,0) 
 
O Amor Acaba 
(Paulo Mendes Campos) 
 
O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; 
acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, 
ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro 
repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma 
noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, 
como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como 
se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do 
relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e 
espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o 
amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no 
elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode 
acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas 
silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor 
pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, 
depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes 
vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o 
pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de 
delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os 
crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e 
desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada 
para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor 
não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; 
em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; 
uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba 
na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes 
acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, 
Nova York; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e 
acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba 
depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às 
vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua 
reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba 
como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, 
muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração 
excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; 
em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor 
acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba. 
 
CAMPOS, Paulo Mendes. “O amor acaba” In, O amor acaba: crônicas líricas e existenciais. Rio 
de Janeiro: 2ª ed., Civilização Brasileira, 2000. P. 21 – 22. 
 
GABARITO 
 
 
Os aspectos da crônica como gênero literário apresentados pelo crítico Antonio Candido 
no ensaio A Vida ao Rés do Chão podem ser identificados no texto de Paulo Mendes Campos. 
Candido caracteriza a crônica pela sua forma - “da composição solta”; no uso que o autor faz da 
linguagem – “ uma linguagem que fala de perto”; e no assunto tratado de modo despretensioso e 
na linguagem “que fala de perto” capaz de humanizar. 
Paulo Mendes campos faz uso de uma linguagem cotidiana de modo poético para criar 
imagens corriqueiras e do dia-a-dia compartilhadas pelo leitor. O uso da linguagem e de situações 
familiares ao leitor provocam uma proximidade e identificação entre o texto e interlocutor a fim 
de “ajustá-lo à sensibilidade de todo dia” (CANDIDO). Na crônica do autor mineiro aproximam 
o mundo do leitor com o universo da literatura, como em “Numa esquina, por exemplo, num 
domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; ”. A linguagem informal empresta um tom de 
simplicidade ao texto. Contudo, ela está, em O Amor acaba a serviço da criação de metáforas 
sofisticadas que ilustram o fim do amor, sob seus diferentes aspectos: “no filho tantas vezes 
semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio 
inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores” ou no trecho “ às vezes acaba o amor nos 
braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres;”. 
Na crônica, o desfile de diferentes situações e imagens de onde e como o amor acaba não 
obedece uma estrutura formal de narrativa, não há uma gradação que dê sequência às imagens. O 
seu formato favorece a leitura rápida e de forma que soe “ ar de coisa sem necessidade”. A 
marcação que diferencia as imagens elencadas pelo autor se dá pelo uso do ponto-e-vírgula: “(...) 
na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo 
Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma 
carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na 
mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitasvezes 
acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros” 
Finalmente, o assunto abordado pelo cronista, amor, constitui um dos temas mais 
recorrentes na literatura e nos seus gêneros maiores, como a tragédia e o romance. Não obstante, 
ao tratá-lo de forma tão próxima ao leitor, de modo tão despretensioso e distante de um amor 
romântico e idealizado, a crônica nos humaniza, como afirmou Candido. A capacidade de 
aproximar a literatura das emoções e da vida cotidiana é o que a torna “ uma inesperada embora 
discreta candidata à perfeição”. 
 
GABARITO:* Por se tratar de um gabarito, as respostas aqui apresentadas têm caráter genérico, e 
não definitivo. É importante compreender que para se atingir a pontuação máxima em cada 
questão, não basta apenas apresentar corretamente o conceito pedido, e sim fazer tal apresentação 
em discurso coeso, coerente e claro.

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