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Trabalho Psicologia comunitária

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Resumo: Diante da importação de conhecimentos, e da não contextualização de 
nossa prática, surgiu à necessidade de uma psicologia própria do Brasil e podemos 
citar como maior expoente da psicologia social critica brasileira, Silvia Lane. 
Brasileira, Paulista e filósofa, afirmava que a psicologia teria de ser mais política e 
que isso não faria com que a psicologia fosse menos científica. E que toda 
psicologia é social, porque cada sujeito emerge de um coletivo, de uma família e de 
várias instituições. Então, esse artigo tem como objetivo falar a respeito das bases 
epistemológica da psicologia comunitária. Mostrando que a psicologia deve ser 
para todos, deve ser desmistificada, deixando de ser uma prática elitista para ser 
uma prática divulgada e de direito de todo cidadão. 
Palavras-chave: Psicologia Comunitária, Psicologia da Libertação, Psicologia 
das Maiorias, Epistemologia. 
1. Introdução 
...A trajetória da Psicologia Comunitária no Ceará teve seu ponto de partida no encontro entre 
Psicologia, Biodança, Alfabetização de Adulto e Compromisso Político-Pedagógico, em outubro 
de 1980 (GOIS, 2003, p.17). 
A psicologia social que se encontrava no Brasil era a psicologia social 
tradicional, de vertente puramente psicológica. Sem ter uma maior análise 
contextualizada. A psicologia social tradicional (Década de 60 e 70) entra em crise 
por ser puramente uma aplicação de modelos importados de outros contextos. 
Martín Baró, espanhol, de El Salvador, questionou uma psicologia social não 
contextualizada, objetivando uma psicologia para os (ameríndios), para a América 
Latina. 
Martin Baró criador da Psicologia da Libertação, de uma libertação da própria 
psicologia, repensando a práxis, repensando a psicologia, porque o sujeito não é 
algo isolado, mas um ser social, inserido em um contexto único e que por isso 
requer uma intervenção única. Porém, além da libertação da própria psicologia, a 
psicologia da libertação trabalha também a libertação dos povos que são 
trabalhados por ela. Martin Baró bebeu da pedagogia da libertação, da filosofia da 
libertação, psicologia da libertação e teologia da libertação. 
O psicólogo social tem por obrigação ser sempre um pesquisador, porque 
sempre irá se deparar com o novo. Silvia Lane, Brasileira, Paulista e filósofa. 
Afirmava que a psicologia teria de ser mais política e que isso não faria com que a 
psicologia fosse menos científica. O foco da psicologia social crítica é a 
transformação social e a emancipação humana. Promover mudanças significativas 
juntamente com o sujeito comunitário, tendo resultados eficazes. 
A exclusão pode ser uma exclusão ética, política, racial ou social. Pode ter 
uma gama de perspectivas que excluem. Porem só existe o excluído porque existe o 
incluído. Só existe o oprimido porque existe o opressor. Inclusão e exclusão é uma 
correlação e não uma dicotomia. 
Foucault já havia falado da arqueologia do conhecimento, onde todo saber é 
datado, e este saber serve a um poder. Dessa forma temos de fomentar o processo 
de desnaturalizar aquilo que é mascarado como processo natural. Mostrando que 
vivemos em um todo, onde o macro modifica o micro e o micro por sua vez 
modificado dá outra configuração ao macro. 
A psicologia social teve início com a vertente sociológica, com Wundt, na 
Alemanha, tendo uma perspectiva de controle, de condicionamento do 
comportamento dos grupos, com a iniciativa de estudar a psicologia dos povos e 
dos grupos. Como contraposição surge à psicologia social psicológica, com Robert 
Four nos Estados Unidos, que se volta para os indivíduos e para a subjetividade. 
Esta vertente criticava a visão macro e societal da linha sociológica. 
Na América Latina, iniciando a aproximação com o Brasil, Aroldo Rodrigues 
constrói a Psicologia Social Tradicional, ainda com forte influência da linha 
sociológica trabalhando com conceito de controle, percepção, mudança de 
comportamento e adequação, servindo ao modelo dominante. Tal forma de atuar foi 
questionada, no que foi chamada “crise da psicologia social”, especialmente na 
figura de Martin Baró. Passando de uma prática que não visa transformação e 
voltada para a aplicação de modelos para uma atuação compromissada e 
contextualizada com a realidade da América Latina e, posteriormente, com a do 
Brasil, Martin Baró trouxe a importância de se pensar sobre a própria pratica dos 
psicólogos sociais, surgindo uma psicologia critica. Já no Brasil, Silvia Lane 
construiu, junto a outros teóricos uma psicologia voltada para nossa realidade, para 
a percepção das potencialidades das comunidades e para a atuação nestas. Assim, 
hoje, a psicologia social está extremamente ligada a transformação social e a 
emancipação humana, facilitando o empoderamento social. 
2. Metodologia 
Para elaboração do artigo foi feito um levantamento bibliográfico com autores 
expoentes da psicologia social critica, como Silvia Lane, Matín Baró e outros, uma 
pesquisa qualitativa. Autores humanos que pensaram e expandiram uma psicologia 
para as maiorias, sofridas, oprimidas e submissas. E fazendo isso, valorizando 
nosso contexto de sofrimento e opressão, enquanto psicólogos mais conscientes, 
poderemos fazer muito mais para quem mais precisa e menos é percebido nesse 
mundo capitalista e individualista. 
2. Resultados e Discussão 
2.1. Breve Apresentação das Bases Epistemológicas da 
Psicologia Comunitária. 
A Psicologia Comunitária é constituída por marcos teórico-metodológicos de 
bases epistemológicas distintas, conflitando com uma lógica tradicional: Psicologia 
Histórico-Cultural (Vigotsky, Leontiev, Luria), Biodança (Toro e Cavalcante), 
Educação Libertadora (Paulo Freire), Psicologia da Libertação (Martín-Baró) e 
Teoria Rogeriana (Carl Rogers). O Pensamento Complexo contribui para 
compreensão desse arranjo, por entender uma relação transdisciplinar das teorias, 
que se distancia do somatório de abordagens/teorias/práticas e busca a colaboração 
das disciplinas que permanecem com sua relativa autonomia para propor uma fusão 
dos saberes. 
2.2 Base Epistemológica Segundo Martín Baró e a Psicologia 
da Libertação. 
Ignácio Martín-Baró, um dos seis jesuítas assassinados brutalmente pelo 
exército salvadorenho no dia 16 de novembro de 1989, em El Salvador, foi o 
precursor da psicologia da libertação. Defensor de uma psicologia que se dedicasse 
ao atendimento dos problemas das maiorias populares, ele argumentava que era 
preciso “fazer uma psicologia política que leve em conta o poder social na 
configuração do psiquismo humano e que, portanto, contribua para construir um 
novo poder histórico como requisito de uma nova identidade psicossocial das 
maiorias até hoje dominada”, disse Cecília Santiago, psicóloga de Chiapas, à IHU 
On-Line, na entrevista que segue, concedida, por e-mail. 
Baró ficou conhecido na América Latina após divulgar o contexto social e 
político de El Salvador, mostrando a realidade sofredora do povo salvadorenho. 
Recordando o martírio, Cecília Santiago diz que, como psicóloga chiapaneca e 
centro-americana, acredita “que estas pessoas, que há vinte anos deram sua vida, 
nos falaram com tal clareza que a vigência de suas palavras nos alenta e nos orienta 
nesta época de injustiça e opressão”. 
Na opinião de Cecília, o sofrimento ainda está presente na América Central e, 
por isso, a realidade centro-americana de pobreza extrema, de violência e morte 
“nos chama a participar no fortalecimento de uma trama social que busca a vida, a 
paz e a dignidade”. Ela informa que em Chiapas, o governo e empresários 
“assassinaram lideres comunitários e jovens integrantes de organizações 
camponesas e indígenas”. Aqueles que mantêm Hondurassob estado de sítio, 
acrescenta, “são os mesmos que mataram Martín-Baró, os que assessoram o 
exército salvadorenho e mataram centenas de milhares de pessoas, de jovens, de 
crianças”. 
Em homenagem aos seis jesuítas e às duas mulheres que foram brutalmente 
assassinados em El Salvador, o Instituto Humanitas Unisinos - IHU inaugura, na 
quinta-feira, 10-12-2009, a sala Ignacio Ellacuría e Companheiros. Na ocasião, será 
exibido o debate Memory and it Strength: The martyrs of El Salvador (A memória 
e sua força: Os mártires de El Salvador), que ocorreu no Boston College, nos EUA, 
no dia 30 de novembro. Mediados pelo jesuíta e reitor emérito do Boston College, 
J. Donald Monan, Noam Chomsky e o jesuíta e teólogo Jon Sobrino discutem a 
importância dessa memória. 
Entendemos que a Psicologia Social da Libertação vem trazer fortes 
influências para o desenvolvimento da Psicologia Comunitária, principalmente, no 
tocante ao fortalecimento de uma perspectiva de construção científica interessada 
nos processos subjetivos envolvidos na formação crítica do ser humano e de sua 
capacidade de agir criativamente na realidade histórico-cultural, construindo um 
mundo mais justo e belo. Estas influências tomam forma principalmente através do 
componente ético-político envolvido em ambas as teorias e na própria história, em 
práxis, da Psicologia Comunitária na América Latina. 
A psicologia da libertação vem propor uma práxis comprometida com as 
maiorias, com aqueles que são explorados, oprimidos e excluídos. O foco dessa 
psicologia é a contextualização, uma psicologia para a América Latina, para além 
das importações teóricas. Pois, uma prática descontextualizada e que apenas foca a 
minoria dominante, torna-se irrelevante para transformações sociais, e até mesmo, 
torna-se mantenedora da situação de injustiça. O tripé de uma práxis libertadora é 
ação, reflexão e compromisso social com a realidade. 
Neste contexto de busca e expressão de liberdade, temos muitas 
responsabilidades no trabalho social, como o de facilitar o processo de 
desideologização e conscientização. Nosso papel não é a criação de corpos dóceis, 
adotando a adaptação do sujeito a um sistema desumano, mas sim o da inserção, do 
posicionamento crítico. 
O homem é algo holístico, biológico, psicológico, ecológico, espiritual, 
artístico, cultural, político e social. É ativo e passivo. Sendo agente transformador à 
medida que é transformado, sendo assim, uma única ciência não pode cair na utopia 
de dominar todas as suas dimensões, sem ter um estudo interdisciplinar, aceitando 
as articulações teóricas. 
O trabalho da psicologia social crítica (da libertação) é um trabalho com o 
afeto, se diferenciando da psicologia tradicional, que tem por ciência e ética o 
distanciamento entre profissional e sujeito. Falar de psicologia da libertação é falar 
de tudo que for necessário em cada contexto, é justamente estar livre para 
criatividade, não estando amarrado nas importações de teorias, mas também 
podendo fazer uso do que se tem de melhor em cada uma, dando voz e vez também 
aqueles que sempre foram silenciados, fazendo com que o silenciado não precise 
gritar para ser ouvido, que apenas precise opinar e argumentar. Fazer aquilo que lhe 
foi negado, o direito de sujeito de seu próprio viver e também de sua comunidade. 
3. Conclusão 
Neste contexto de busca e expressão de liberdade, temos muitas 
responsabilidades no trabalho social, como o de facilitar o processo de 
desideologização e conscientização. Nosso papel não é a criação de corpos dóceis, 
adotando a adaptação do sujeito a um sistema desumano, mas sim o da inserção, do 
posicionamento crítico. 
Ética remete a definição do outro e a sua inclusão na relação de produção de conhecimento, ao 
respeito a este outro e a sua participação na autoria e a propriedade do conhecimento produzido 
(MONTERO, 2005, p. 93). 
Todo e qualquer profissional que adota a posição ética e política de trabalhar 
com as maiorias têm de ter o compromisso de avançar rumo à criatividade 
necessária a cada contexto, tem de respeitar as alteridades, o foco da psicologia 
social crítica é a transformação social e a emancipação humana, promovendo 
mudanças significativas juntamente com o sujeito comunitário, tendo resultados 
eficazes. 
Política: se refere ao caráter e a finalidade do conhecimento produzido, assim como a seu âmbito 
de aplicação e a seus efeitos sociais – isto é, o caráter político da ação comunitária – e a 
possibilidade que todo ente tem de expressar-se e fazer ouvir sua voz no espaço publico 
(MONTERO, 2005, p.93). 
Muitos ainda vivem subordinados ao fatalismo, encontram-se estagnados, 
submersos em uma ideologia de submissão e resignação, sofrendo a opressão e 
submetidos à alienação constante, esperando por um messias político ou por um 
milagre sobrenatural. E trabalhar com objetivo de libertar não é tarefa fácil, pois 
para alienação da maioria temos uma grande força que são as superestruturas. 
Foucault já havia falado da arqueologia do conhecimento, onde todo saber é 
datado, e este saber serve a um poder. Dessa forma temos de fomentar o processo 
de desnaturalizar aquilo que é mascarado como processo natural. Mostrando que 
vivemos em um todo, onde o macro modifica o micro e o micro por sua vez 
modificado dá outra configuração ao macro. 
Nessa nova proposta de fazer social, temos de quebrar todas as dicotomias 
possíveis, pois não há como separar a subjetividade da objetividade e muito menos 
o sujeito do coletivo. Como Espinosa já havia citado é impossível separar algo que 
é uno por natureza, o corpo e a alma. Livrando-nos assim, das dicotomias 
alienantes. 
Desnaturalizar é ver que as coisas não são naturais, mas que são construídas 
historicamente. Que podem mudar, pois quando acolho os fenômenos como 
naturais eu os digo como imutáveis. 
A afetividade que é um dos conceitos da psicologia social crítica, nega a 
neutralidade ética, porém não deixa de ser ética. Trabalhar em uma comunidade, 
com um grupo, nos remete a afetos, os documentários em si não nos permite a 
neutralidade, muito menos a vivência. O homem encontra-se mergulhado em sua 
cultura, nasce em uma facticidade e depois pode ou não desenvolver autonomia 
para transcender, porém, a constituição do ser, depende do outro, do cultural, da 
linguagem, do contexto. O próprio sofrimento psicológico somente pode existir em 
um coletivo, sendo este fruto de relações do homem consigo mesmo e com o outro. 
O homem é um ser individual e coletivo, portanto não se pode compreendê-lo 
isoladamente. 
Referências: 
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