Buscar

Dos fatos juridicos

Prévia do material em texto

DOS FATOS JURÍDICOS
DO NEGÓCIO JURÍDICO
FATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO
É todo acontecimento da vida que o ordenamento jurídico considera relevante no campo do direito. Somente o acontecimento da vida relevante para o direito, mesmo que seja fato ilícito, pode ser considerado fato jurídico.
Podem ser classificados em:
stricto sensu.
Obs. independe da manifestação do homem.
1.1. Ordinários 
Como o nascimento e a morte.
	Exp. Constitui o termo inicial e final da personalidade, bem como maioridade, o decurso do tempo, todos de grande importância.
Extraordinários
Caso fortuito ou de força maior.
	Exp. Terremoto, raio, tempestade etc.
Latu sensu.
Obs. são ações humanas que criam, modificam, transferem ou extinguem direitos.
2.1. Lícitos
	São atos humanos a que a lei defere os efeitos almejados pelo agente. Praticados de acordo com o ordenamento jurídico.
2.1.1. Ato jurídico em sentido estrito
	O efeito da manifestação de vontade já esta previsto na lei.
		Exp. Notificação que constitui em mora o devedor, reconhecimento de filho, percepção de frutos etc.
2.1.2. Negócio jurídico
	Ação humana que visa diretamente a alcançar um fim pratica permitida na lei.
		Exp. Contrato.
2.1.3. Ato-fato jurídico
	Ressalta-se a conseqüência do ato, o fato resultante, sem levar em consideração a vontade de praticá-lo.
		Exp. Art 1264, “O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente.”
NEGÓCIO JURÍDICO
É um ato, ou uma pluralidade de atos, entre si relacionados, quer sejam de uma ou de várias pessoas, que tem por fim produzir efeitos jurídicos, modificações nas relações jurídicas no âmbito do Direito Privado.
São manifestações de vontades, geralmente bilaterais, que buscam no ordenamento jurídico uma composição de interesses.
	“O negócio jurídico é como uma norma concreta estabelecida pelas partes”
							- Maria helena Diniz
Para a existência de um negócio jurídico não basta a mera manifestação da vontade das partes, é necessário que o efeito vislumbrado pelos interesses esteja conforme a norma.
No negócio jurídico a manifestação da vontade tem finalidade negocial, que abrange a aquisição, conservação, modificação ou extinção de direitos.
AQUISIÇÃO DE DIREITOS
Ocorre aquisição de um direito com a sua incorporação ao patrimônio e à personalidade do titular. Podendo ser:
Originária
Quando se dá sem qualquer interferência do anterior titular.
	Exp. Na ocupação de coisa sem dono (art 1263), na avulsão (art 1251)
Derivada
Quando decorre de transferência feita por outra pessoa, nesse caso é adquirido com todas as qualidades ou defeitos do titular anterior.
...ainda podendo ser:
Gratuita
Só o adquirente aufere vantagem.
	Exp. herança
Onerosa
Quando se exige do adquirente uma contraprestação, possibilitando a ambos os contratantes a obtenção de benefícios.
	Exp. Compra e venda
...quanto a sua extensão:
A título singular
Ocorre em determinados bens.
	Exp. Contrato de compra e venda.
A título universal
O adquirente sucede o seu antecessor na totalidade de seus direitos.
	Exp. Herdeiro universal
CONSERVAÇÃO DE DIREITOS
Para proteger ou conservar seus direitos, muitas vezes, o titular necessita tomar certas medidas ou providências preventivas ou repressivas, judiciais ou extrajudiciais.
Preventivas
Visam garantir e acautelar o direito contra futura violação. Podem ser:
Judiciais
Correspondem às medidas cautelares, previstas no CPC.
	Exp. Arresto, seqüestro, caução, busca e apreensão etc.
Extrajudiciais
Para assegurar o cumprimento de obrigação creditícia.
	Exp. Hipoteca penhor, alienação fiduciária em garantia etc.
Repressivas
Visam restaurar o direito violado. A pretensão é deduzida em juízo por meio de ação. Ao poder judiciário compete dirimir os conflitos de interesse. A todo o direito deve corresponder a uma ação que o assegure (art 5º, XXXV, CF)
A defesa privada ou autotutela só é admitida excepcionalmente, porque pode conduzir a excessos.
Art 188, I e II, CC – legitima defesa, exercício regular de um direito e estado de necessidade.
Art 1210, CC – legitima defesa desforço imediato.
MODIFICAÇÃO DE DIREITOS
Pode ser:
Objetiva
Quando o direito passa de um titular para outro. Admite duas espécies:
Inter vivos – contrato de compra e venda.
Exp. Credor que cede seu crédito a outra pessoa.
Causa mortis – sucessão, herança.
Exp. quando o direito passa de um titular para outro em virtude da morte do primeiro titular.
Subjetiva
Quando o próprio objeto sofre alteração podendo ser:
Quantitativa – o conteúdo do direito se converte em outra espécie, sem que aumentem ou diminuam as faculdades do sujeito.
Exp. Venda de um imóvel, acrescido pó aluvião (ação humana) ou avulsão (ação da natureza. Exp. Pedaço de terra que se desloca por ação da natureza).
Qualitativa – o objeto aumenta ou diminui no volume ou extensão, sem também alterar a qualidade do direito.
Exp. Colecionador que empresta uma de suas obras para exposição e essa é danificado.
EXTINÇÃO DE DIREITOS
Pode ocorrer em face do perecimento do objeto, da alienação, da renúncia, da prescrição e da decadência.
A renúncia é a abdicação de um direito formulado expressamente, como a renúncia a uma herança.
CLASSIFICAÇÃO DOS NEGOCIOS JURÍDICOS
	Unilaterais
São negócios jurídicos que se perfazem ou concretizam por meio de uma única declaração de vontade.
São divididas em:
	Receptivas – a declaração de vontade tem que se tornar conhecida do destinatário para produzir efeitos. Exp. Notificação.
	Não receptivas – O conhecimento da declaração de vontade por outra parte e irrelevante. Exp. Testamento. 
Bilaterais
São os negócios jurídicos em que as declarações de vontade sobre o objeto ou bem jurídico tutelado devem ser coincidentes. O consentimento tem que ser mútuo ou tem que se realizar um acordo de vontades entre as partes.
Simples – somente uma das partes aufere vantagens; a outras arca com o ônus. Exp. Doação de bem.
Sinalagmaticos – há reciprocidade de direitos e obrigações, encontrando-se as partes em situação de igualdade. Exp. Locação de imóveis ( contrato de locação) 
Plurilateriedades (em cima das partes)
São contratos que envolvem mais de duas partes (+ de dois interesses)
Exp. Contrato de sociedade consorcio de bens e imóveis.
EM RELAÇÃO ÀS VANTAGENS PATRIMONIAIS
Gratuitos
Outorgam vantagens, sem exigir do beneficiário contraprestação. Exp. Doação
Onerosos
Impõe sacrifício e vantagens patrimoniais a todos os envolvidos.
Comutativos
 	É verificado um equilíbrio entra as prestações pactuadas, de forma que as vantagens auferidas pelos contratantes se equivalem. Exp. Compra e venda (seguradora)
Aleatórios
	O contrato é modelado pelo risco, ou seja, o cumprimento das prestações é confiado ao acaso, na esperança de que evolua favorável para uma das partes. Exp. Loteria, corrida de cavalo.
Todo contrato oneroso é:
	Bilateral
Porque a prestação de uma das partes envolve a contraprestação de outras.
...mas, nem todo bilateral é oneroso. Emp. Doação.
Neutros
Caracterizam-se pela destinação dos bens. Exp. Instituição de bem de família de forma a torná-lo inalienável.
Bifrontes
Onerosos ou gratuitos, segundo a vontade das partes. Exp. Contrato de deposito (de bens, sementes, etc.).
QUANTO A FORMA DE CELEBRAÇÃO
Denomina-se negocio jurídico solene ou formal aquele em que a lei impõe a observância de certas formalidades para sua validade. Exp. Testamento (art 1864) e renuncia de herança (art 1806).
Não solene ou de forma livre é aquele que pode realizar-se sem qualquer formalidade especial, inclusive verbal. Exp. Contrato de locação e comodato.
NO TOCANTE AO MOMENTO DA PRODUÇÃO DE EFEITOS
		
“Inter vivos” – são os negócios jurídicos destinados a produzir efeitos durante a vida dos contratantes.
“Causa mortis” – são aqueles que produzem efeitos com a morte do declarante.
DO PONTO DE VISTA DE SUA EXISTÊNCIA
	Dividem-se:
Principais: quando não dependem de qualquer outra para ter validade. Exp. Contrato de locação ou compra e venda.
Acessórios:seguem o destino do principal. São subordinados aos principais, ou seja, se o principal for nulo, o acessório também será nulo. A recíproca não é verdadeira. Exp. Contrato de fiança e penhor.
Negócios derivados: são os que têm por objetos direitos estabelecidos em outro contrato, denominado básico ou principal. Exp. Sublocação e subempreitada
QUANTO AO MODO DE OBTENÇÃO DO RESULTADO
	Negócio fiduciário
É aquele que alguém (fidunciante) transmite um direito a outrem (fiduciário) , que se obriga a devolver esse direito ao patrimônio de transferente ou a destiná-lo a outro fim. Exp. alienação fiduciária em garantia.
Negócio simulado
Tem aparência contrária à realidade. É semelhante ao negócio fiduciário, porem as declarações de vontade são falsas. As partes aparentam conferir direitos a pessoas diversas daquelas a quem realmente conferem, ou fazem declarações não verdadeiras. Exp. Fugir dos impostos. (vender um terreno de 100 mil por 40 mil).
ELEMENTOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Elementos essenciais
Indispensável a existência do ato e lhe dão forma e substância.
Exp. Declaração de vontade, objeto, preço e o consentimento na compra e venda.
- São divididos em:
	Gerais – são comuns a todos os negócios jurídicos.
		Exp. Declaração de vontade.
	Particulares – são peculiares a certas espécies.
		Exp. Na compra e venda (art 482), testamento 
(art 1876)
Elementos Naturais
São as conseqüências ou efeitos que decorrem da própria natureza do negócio sem a necessidade de expressa menção.
Exp. Vícios redibitórios (art 441), evicção (art 447)
Elementos acidentais
São as estipulações acessórias que as partes podem adicionar ao negócio para modificar algumas de suas conseqüências naturais.
Exp. Art 121;131 e 136.
REQUISITOS DE EXISTÊNCIA 
Os requisitos de existência do negócio jurídico são os seus elementos estruturais. 
PODEM SER DIVIDIDOS EM: 
Declaração de vontade – pressuposto básico do negócio jurídico e é imprescindível que se exteriorize. A vontade é elemento de caráter subjetivo, que se revela através da declaração. Pode ser tácita ou presumida. 
Tácita – é que aquela que se revela pelo comportamento do agente. Pode-se dizer da conduta da pessoa a sua intenção. Exp.: aceitação da herança. 
Presumida – é a declaração não realizada expressamente, mas que a lei deduz de certos comportamentos do agente. Exp.: aceitação da herança quando o doador (testamenteiro) fixar prazo ao donatário para declarar se aceita ou não a liberalidade e este se omitir (art. 539), de aceitação de herança quando o herdeiro for notificado a se pronunciar sobre ela em prazo não maior de 30 dias e não o fizer (art. 1.807). 
Diferença – presumida estabelecida em lei e tácita deduzida do comportamento do agente pelo destinatário. 
O SILÊNCIO COMO MANIFESTAÇÃO DE VONTADE 
Normalmente, o silêncio nada significa, uma vez que constitui total ausência de manifestação de vontade. portanto, não produz efeitos. 
Excepcionalmente, em determinadas circunstâncias, pode ter um significado relevante e produzir efeitos – art. 111, cc. 
Desta forma, o silencio pode ser interpretado como manifestação tácita da vontade quando a lei conferir a ele tal efeito. 
Exp.: doação pura, quando o doador fixa prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dela, a declaração, entender-se-á que aceitou (art. 539). 
FINALIDADE NEGOCIAL 
É o propósito de adquirir, conservar, modificar ou extinguir direitos. A existência do negócio jurídico depende da manifestação de vontade com finalidade negocial. 
IDONEIDADE DO OBJETO 
É necessária para a realização do negócio que se tem em vista. Se a intenção das partes é celebrar um contrato de mútuo, a manifestação de vontade deve recair sobre coisa fungível. No comodato, o objeto deve ser coisa infungível. para a constituição de uma hipoteca é necessário que o bem dado em garantia seja imóvel, navio ou avião. 
o objeto jurídico deve apresentar os requisitos ou qualidades que a lei exige para que o negócio produza os efeitos desejados (francisco amaral).
 REQUISITOS DE VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO 
Para que o negócio jurídico produza efeitos, possibilitando a aquisição, modificação ou a extinção de direitos, deve preencher certos requisitos, apresentados como forma de validade. 
Se possui esses requisitos, é válido, porém se falta-lhe um desses requisitos, o negócio é inválido, não produz efeito o jurídico em questão e é nulo ou anulável. 
Os requisitos de validade do negócio jurídico são os elencados no art. 104 do Código Civil e assim estão estabelecidos: 
Capacidade do agente: Trata da capacidade que o agente tem de exercer por si só os atos da vida civil. O agente capaz é aquele que tem capacidade de exercício de direito e aptidão para contrair e exercer direitos, alcançados quando se completa 18 anos ou se é emancipado (art. 5º, CC). 
Obs: Os plenamente incapazes só podem realizar negócios jurídicos se representados por seus responsáveis (no caso de serem menores de 16 anos) ou seus curadores (no caso de doenças mentais, etc.). Caso algum negócio jurídico seja realizado por alguém incapaz, os mesmo serão considerados nulos e não produzirão qualquer efeito jurídico. 
Os relativamente incapazes necessitam receber assistência para validar a sua manifestação de vontade, apesar de possuírem um certo discernimento que lhes permita participar de negócios jurídicos pessoalmente, a lei exige que sejam acompanhados por seus representantes legais (que realizarão os atos jurídicos junto com os mesmos). 
No caso de ser uma pessoa jurídica, ela deve estar representada por um sócio proprietário que possua poderes de representá-la judicialmente e extrajudicialmente. 
Objeto lícito, possível, determinado ou determinável: Os objetos do negócio são as vantagens patrimoniais ou extrapatrimoniais que interessam ao indivíduo celebrante do negócio. 
a) Lícito: o objeto não pode ter sido adquirido de forma ilegal. É o que não atenta contra a lei, a moral e os bons costumes. 
Ex.: não se pode vender objetos roubados, o que caracterizaria a nulidade do negócio. 
b) Possível: o objeto deve ser possível fisicamente e juridicamente. 
Ex.: não se pode vender terrenos na lua. Negócio nulo. 
c) Determinado ou determinável: Tanto pode ser uma prestação de dar, como de fazer, ou não fazer. A coisa, na obrigação de dar, tem que ser possível, determinado ou determinável (ao tempo de execução do contrato) e economicamente apreciável. 
Forma prescrita não defesa em lei: Em geral, a forma é livre, como por exemplo, a realização de um negócio de compra e venda quando compramos um refrigerante, porém nenhuma das partes assina um contrato. Entretanto, há casos onde a forma está prescrita em lei, como o de aquisição de imóveis, onde a celebração da compra (ou da venda) deve ser feito mediante contrato obrigatoriamente.

Outros materiais

Perguntas Recentes