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Agentes públicos Conceito e análise geral Aquele que exerce função pública. ■ Pessoa física ou jurídica. ■ Independente de vínculo direto com a Administração Pública. ■ Agente público no exercício de função. ■ O conceito de agente público é abrangente de forma a incluir todos aqueles que exerceram função pública, independente de cargo ou nomeação. De fato, sugere que uma plêiade de pessoas que prestam ou prestaram serviços ao Poder Público, para fins de responsabilidade civil, possam ser consideradas agentes públicos, em que pese os mais distintos vínculos e atividades. Para Diógenes Gasparini (2004), agentes públicos seriam aquelas “pessoas, físicas ou jurídicas, que sob qualquer liame jurídico e algumas vezes sem ele prestam serviços à Administração Pública ou realizam atividades que estão sob sua responsabilidade.” Segundo o autor, a noção ora discutida alcança as mais variadas classes de agen- tes, abrangendo os agentes políticos, delegados de serviço público ou de função ou ofício público, os servidores requisitados (mesários, escrutinadores e jurados), os servidores temporários etc. Ou seja, o conceito atém-se ao desempenho de função pública, seja de que nível for, independente de investidura, natureza ou vinculação. A responsabilidade civil se operará perante o ato do agente que, agindo nessa qualidade, lesionar terceiro, conforme o claro texto constitucional (CF, art. 37, §6.º). Donde se pode afirmar que há agente público se houver função pública. Só existe agente público se este estiver investido em função pública, independente do vínculo jurídico com a Administração, ressaltando-se que a natureza da função também tem que ser pública. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Di Pietro (2004, p. 554) afirma, nesse aspecto, que “não basta ter a qualidade de agente público, pois, ainda que o seja, não acarretará a responsabilidade estatal se, ao causar o dano, não estiver agindo no exercício de suas funções”. Para fins de responsabilidade subsidiária do Estado, incluem-se também como agentes públicos as pessoas jurídicas de Direito Privado, ou aquelas públicas auxiliares do Estado, as quais desempenham concessão ou delegação explícita. Classificação No tocante aos diferentes aspectos do conceito, Lucia Valle Figueiredo (2000) classifica os agentes públicos em espécies, consubstanciadas nos servidores públicos (funcionários públicos detentores de cargos públicos, contratados ou admitidos), par- ticulares em colaboração com a Administração e agentes políticos. Em tempo, também inclui os agentes com funções delegadas. Dividem-se em: agentes políticos; ■ servidores públicos; ■ particulares em colaboração com o Administração Pública (agentes delegados). ■ Agentes políticos Vínculo não é profissional, mas político. ■ Agentes políticos constituem a classe de agentes públicos ligada ao ente estatal através de uma relação jurídica de alta hierarquia em relação aos demais, os quais lhes devem obediência. São agentes que ocupam dentro do sistema organizacio- nal do Poder Público cargos de relevância hierárquica, estando na composição da Administração Pública afetos a cargos de comando e direção. A eles incumbe-se a exteriorização da orientação da Administração em seus mais variados setores, sejam técnicos ou políticos. Diz-se políticos, pois o vín- culo jurídico que os une ao Estado não é ligado à sua capacidade profissional, mas apenas e tão somente à sua qualidade de cidadãos. São os componentes dos primeiros escalões, investidos em cargos, funções, ■ mandatos ou comissões, por nomeação, eleição, designação ou delegação para o exercício de atribuição. Incluem-se Chefes do Poder Executivo Federal, Esta- dual e Municipal – membros do Legislativo, Magistratura, Ministério Público, Tribunal de Contas. DIREITO ADMINISTRATIVO Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Titulares dos cargos estruturais à organização política do País. Ocupantes de ■ cargos que compõem o arcabouço constitucional do Estado; esquema funda- mental do Poder – Presidente da República, Governadores, Prefeitos e respec- tivos auxiliares imediatos (Ministros e Secretários), Senadores, Deputados e Vereadores. Exercem um múnus público. ■ Vínculo não é empregatício, mas institucional com o Poder Público, porém ■ descende da Constituição Federal (CF) e das leis. Supera a estrutura tradicional das funções do Estado – do esquema tradicional ■ dos freios e contrapesos – captação da vontade popular ou de representação da vontade popular. Exclui-se, com isso, o Poder Judiciário. Liga-se à ideia de governo e de função política. ■ A forma de investidura é a eleição (chefes do Executivo e Legislativo). ■ Para os de livre escolha do Chefe do Executivo – mediante nomeação (Secre- ■ tários de Estado). Servidores públicos Abarca todos aqueles que têm com o Estado e entidades da Administração indi- reta, autárquica ou fundacional relação de natureza profissional e caráter não eventual sob vínculo de dependência. Pessoas físicas que prestam serviços ao Estado e às entidades da Administração Pública indireta, com vínculo empregatício e remuneração paga pelos cofres públicos. Diferencia cargos e empregos. Cargos ■ : são as mais simples e indivisíveis unidades de competência a serem expressadas por um agente. Empregos ■ : relações regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Dividem-se em: 1. Servidores públicos civis de qualquer dos Poderes – titulares de cargos públicos – estatutários. São os funcionários públicos. Ocupam cargos públicos estatutá- rios. Exemplos: artigo 2.º da Lei 8.112/90 e Lei Estadual 6.174/70 (do Paraná). 2. Empregados da Administração Pública direta e indireta. São os empregados públi- cos – CLT – aqueles que ocupam empregos públicos e mantêm vínculo quando: admitidos sob o vínculo celetista para funções subalternas; ■ 89 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br atenderem necessidade temporária de excepcional interesse público. São os ■ servidores temporários – tempo determinado, exercem função, não têm vín- culo a cargo ou emprego. 3. Servidores empregados das empresas públicas e sociedades de economia mista – CF, art. 173 – todos celetistas, obrigatoriamente. Particulares em colaboração com a Administração Pública (agentes delegados) Continuam sendo particulares – portanto alheios à intimidade do Estado –, mas exercem função pública, ainda que episodicamente. Requisitados ■ : agentes que exercem um múnus público. Jurados, membros de mesa receptora e apuradora de votos. Contratados ■ : por locação civil de serviços (profissionais que prestam serviços especializados – advogados para sustentar nos tribunais). Concessionários e permissionários de serviços públicos, além de delega- ■ dos de função ou ofício público. Exemplo: notários. Agentes delegados são aqueles que exercem uma função pública em colaboração à Administração visando uma contraprestação. São os contratados, os delegados de fun- ção ou ofício ou serviço, os concessionários, permissionários e autorizatários de serviços públicos. Tais agentes colaboram com a Administração, exercendo funções públicas das mais variadas, embora não prescindam de um vínculo político com o ente estatal. No entanto, o Estado apenas transfere o exercício de sua competência, mas não a titularidade do serviço público, que continua sendo público. Seriam aqueles contratados para a execução de um serviço, ou então os juízes de paz, por exemplo, delegados pela função, ou ainda, em se tratando de concessões, aqueles responsáveis pelo transporte viário de um Estado ou pela manutenção de suas estradas através de pedágios.O exercício de sua função delegada rege-se por atos administrativos que os ligam ao Poder Público e estabelecem cláusulas e obrigações entre as partes e a responsabilidade do Estado no caso é subsidiária, devendo tais agentes responderem civilmente, a priori. DIREITO ADMINISTRATIVO Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Distinção entre cargo, emprego e função A CF emprega, em vários momentos, os vocábulos cargo, emprego e função e designa realidades paralelas na Administração Pública. Cargo público: é o lugar instituído na organização do serviço público, com deno- minação própria, atribuições específicas e vencimento correspondente, para ser provido e exercido por um titular na forma estabelecida em lei. É a denominação mais simples criada por lei – CF, artigos 48, X; e 61, paragráfo 1.º, II, “a”, “c”. O servidor público é o ocupante de cargo público na Administração direta, autárquica ou fundacional. A doutrina, ao estabelecer a estrutura organizacional administrativa, assim organiza os cargos: Classe ■ : agrupamento de cargos da mesma profissão – de graus de acesso à carreira. Carreira ■ : agrupamento de classes – resulta no quadro, escalonadas em hierarquia. Quadro ■ : conjunto de carreiras, cargos isolados, funções gratificadas. Só podem ser criados ou extintos por lei. Classificação dos cargos: Quanto à posição no quadro: carreira: com classes e escalonamento de grau de responsabilidade e nível de ■ complexidade de atribuição (classes: conjunto de cargos com mesma natureza de trabalho). Escalonamento: isolados: não se escalonam em classes nem são inseridos em carreira. É exce- ■ ção porque no serviço público exige a hierarquia que seja escalonado. Quanto à titularidade: cargo de provimento em comissão de livre nomeação e exoneração; ■ cargo d ■ e provimento efetivo – caráter definitivo e com fixidez; cargo de provimento vitalício – mais fixo ainda – somente pode ser o servidor ■ desligado mediante processo judicial (magistrados – art. 95, I; Conselheiros Tribunal de Contas – art. 73, §3.º; e Ministério Público – art. 128, §5.º, I, “a”). Função: é a atribuição ou o conjunto de atribuições que a Administração Pública confere a cada categoria profissional ou comete individualmente a determinados servi- dores para a execução de serviços eventuais. 91 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Na CF, tem-se na função – dois tipos de situação: função de servidores contratados temporariamente com base no artigo 37, IX, ■ para as quais não se exige, necessariamente, concurso público. Para atender necessidade temporária, de excepcional interesse público, a Administração Pública pode efetuar contratação de pessoal por tempo determinado, na forma da Lei 8.745/93. função de natureza permanente (chefia, assessoramento para os quais o legis- ■ lador não crie cargo respectivo – CF, art. 37, V – cargo em comissão). Emprego público: vínculo profissional, concurso público, relações regidas pela CLT. Regime Jurídico Estatutário Regime Jurídico Único – Emenda Constitucional 19/98, artigo 39, caput (redação suprimida), porém suspensa pela ADIN 2.135-4. A CF de 88 estabeleceu algumas normas específicas atinentes ao pessoal da Administração direta, indireta e fundacional dos três Poderes: Artigo 37 (e 38) e seus 21 incisos e 6 parágrafos – normas genéricas. ■ Artigo 39 refere-se aos servidores públicos civis. ■ Estabilidade: é o direito de permanência no serviço público, após três anos – artigo 41. Beneficia o funcionário público, investido em cargo. Para a aquisição de estabilidade, é preciso a efetividade. É o direito de não ser demitido do serviço público, senão em vir- tude de falta grave apurada em processo administrativo em que seja assegurada a ampla defesa e o contraditório ou de sentença transitada em julgado (art. 41, §1.º). Para que se adquira estabilidade, deve fluir o prazo de três anos, chamado de “estágio probatório”, no qual é possível aferir a conveniência ou não de sua permanência no serviço público e que são requisitos para a estabilidade (idoneidade moral, aptidão, disciplina, assiduidade, eficiência etc.). Efetividade: característica da nomeação – provimento de cargo efetivo. A estabilidade é atributo pessoal do ocupante do cargo, adquirido após a satisfa- ção de certas condições de seu exercício. Acessibilidade e concurso Artigo 37, I e II. A CF buscou: ■ iguais oportunidades a todos de disputar cargos ou empregos; ■ DIREITO ADMINISTRATIVO Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br impedir o ingresso sem concurso. ■ Celso Antonio Bandeira de Mello: não é exigível concurso para elevação na carreira ou nas linhas de ascensão preestabelecidas, até porque há outros critérios de promoção (merecimento e antiguidade); não é vedado aos estrangeiros. ■ Veda-se a discriminação por idade ou sexo – artigo 7.º, XXX; artigo 39, parágrafo 2.º. O acesso submete-se aos princípios do artigo 37, caput. Nas estatais, o concurso é exigido. Provimento É o ato de designação de uma pessoa para o preenchimento de um cargo, para titularizar um cargo. Ainda em relação à acessibilidade, a CF utiliza o termo provimento para denominar o preenchimento do cargo nos termos da lei, é a designação de uma pessoa para o preenchimento de um cargo. O provimento é materializado através de ato de nomeação do servidor. Inicial e autônomo. ■ Derivado vertical – promoção. ■ Derivado horizontal – readaptação. ■ Derivado por reingresso – reversão, aproveitamento, recondução e reintegração. ■ Formas de provimento dos cargos públicos: Lei 8.112/90, artigo 8.º. ■ Provimento inicial e autônomo O preenchimento do cargo se faz de modo autônomo, isto é, independente de relações anteriores entre o provido no cargo e o serviço público. A única forma de pro- vimento inicial ou autônomo é a nomeação. Provimento – CF, artigo 84, XXV – por Decreto no Executivo e nos três Poderes. Provimento derivado O preenchimento do cargo se liga a uma relação anteriormente existente entre o provido e o serviço público. Deriva, procede de um vínculo anterior. Há modalidades: 93 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Provimento derivado vertical Promoção ■ : elevação para um cargo de nível mais alto dentro da própria carreira. Provimento derivado horizontal: não ascende nem é rebaixado Readaptação ■ : o servidor é provido em outro cargo mais compatível, em virtude de limitação de capacidade física ou mental. Provimento derivado por reingresso Reversão ■ (aposentado): é o reingresso do inativo ao serviço público, por não mais existirem as razões que lhe determinaram a inativação. Aproveitamento ■ : é o retorno do servidor estável que se encontra em disponibi- lidade ao mesmo cargo ou a cargo diverso. Disponibilidade ■ : ato pelo qual o Poder Público transfere para a inatividade remunerada, servidor estável cujo cargo vem a ser extinto ou ocupado por outrem em decorrência de reintegração – Lei 8.112/90, artigos 30, 31 e 32. Reintegração ■ : é o retorno do servidor ilegalmente desligado de seu cargo. Tal reconhecimento pode ser administrativo ou judicial. Recondução ■ : é o retorno do servidor estável ao cargo que antes titularizava, por ter sido inabilitado no estágio probatório em outro cargo, ou por ter sido desa- lojado em decorrência de reintegração do precedente ocupante – Lei 8.112/90, artigo 28. Responsabilidade do servidor público O servidor público sujeita-se à responsabilidade civil, penal e administrativa. Responsabilidade civil é de ordem patrimonial e aqui poder-se-ia recorrer às noçõesda chamada “responsabilidade civil do Estado”, nos casos de ação ou omissão do agente; poder-se-ia recorrer às teorias subjetiva e objetiva. Nos casos de dano causado ao Estado, submete-se a: processo administrativo; ■ registro e perdimento de bens – Poder Judiciário; Decreto Lei 3.240/41 e ■ Lei 3.502/58; ordem patrimonial. ■ Responsabilidade administrativa: definição nos estatutos – processo disciplinar – comprovado fica sujeito às penas disciplinares. Esfera federal: Lei 8.112/90, artigo 127. DIREITO ADMINISTRATIVO Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Não há a mesma tipicidade que no Direito Penal por expressões vagas. Há uma certa discricionariedade – Lei 8.112/90, artigo 128. Necessário motivação – não vincula o relatório da comissão à autoridade que aplica a pena. Incomunicabilidade das instâncias Quando o funcionário for condenado na esfera criminal, o juízo cível e a auto- ridade administrativa podem decidir de forma contrária, uma vez que houve decisão definitiva quanto ao fato e autoria – Código Civil, artigo 1.523. Quando for absolvido há que se distinguir os fundamentos do artigo 386 do Código de Processo Penal. Fato constitui crime, mas não infração disciplinar. Parece que, nesse caso, o funcionário somente pode ser punido na esfera administrativa se o fato constitui-se em uma irregularidade administrativa. Extinção da função pública – aposentadoria, demissão e exoneração Aposentadoria: direito à inatividade remunerada, assegurado ao servidor público em caso de invalidez, idade ou tempo de serviço público – artigo 40. Hipóteses especiais de aposentadoria: Magistratura (CF, art. 93, VI). ■ Ministério Público (CF, art. 129, ■ §4.º). Tribunal de Contas da União (CF, art. 73, ■ §3.º). Demissão: ato sancionador. Exoneração: desligamento a pedido ou de ofício. Memorizar o conceito de agente público, sua classificação e as formas de provimento. 95 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
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