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Processos Químicos Industriais Orgânicos Seminário: Defensivos Agrícolas Osmar Ignacio Ayala Cáceres Bacharelado em Química Tecnológica. Instituto de Química. UFMS Introdução Histórica Sobrevivência de qualquer espécie depende da competição por recursos naturais Espécie humana que vivia de caça, pesca, cata de frutos e outros vegetais passa a criar várias espécies de animais e a cultivar várias espécies vegetais Há aproximadamente 10000 anos: Agricultura Estocagem de grãos e carne Surgimento das “pragas” Campos cultivados: excelentes fontes de alimentos para insetos, roedores, fungos e bactérias Devido à grande disponibilidade de alimentos, multiplicaram-se em grande escala, interferindo no bem-estar dos humanos (competição), e passam a ser consideradas pragas Controle de pragas na antiguidade Mecânico Biológico Químico (produtos naturais) Ritual (religião ou magia), tinham que aplacar a “fúria dos deuses” Idade Média Julgamento religioso de pragas entre os séculos XII e XVIII, julgamento de lagartas em 1516 em Troyes, França; de besouros em 1545 na vila de Saint-Julian. Contaminação do pão de centeio com fungo ergot, Claviceps purpurea, doença denominada ergotismo ou “fogo sagrado”; romaria à capela de Santo Antônio (Vienne em Dauphiné) Primeiros Pesticidas Registro mais antigo, 2500 a.C., sumérios utilizavam enxofre Os romanos adicionaram óleo e o utilizaram como repelente Os chineses utilizaram arsênico e mercúrio, além do controle químico, estabeleceram colônias de formigas para combater lagartas e besouros em plantações de citrus, registro de controle biológico mais antigo Pesticidas Inorgânicos Mistura de enxofre e cal, controle da sarna-da-maçã em 1902 Arsenito de cobre (verde paris), controle besouro da batata em Mississipi, EUA em 1867 Arsenato de chumbo, 1892 para controlar a mariposa-cigana Mistura de Bordeaux, sulfato de cobre e cal em 1882 controle de fungos Ácido cianídrico (HCN) nos EUA a partir de 1886 Pesticidas Orgânicos Naturais Piretro, pó obtido por trituração das flores Tenacetum cinerariaefolium e Tenacetum coccineum (antigamente do gênero Chrysanthemun), 400 anos a.C. para controlar piolhos no Irã. (figura 1) Piretrinas, constituíntes químicos responsáveis pela atividade inseticida. Figura 1. Flores de Tenecetum cineraeriafolium à esquerda e Tenacetum coccineum à direita. Ambas da família das margaridas. Pesticidas Orgânicos Naturais Nicotina, extraídas de folhas de fumo Nicotiana tabacum (figura 2) Isolada em 1828 e estrutura elucidada em 1893 (figura 3) Ainda comercializada como sulfato Figura 2. Plantação de Nicotiana Tabacum Figura 3. Representação estrutural da nicotina. Tradicional com omissão de átomos de carbono e a maioria dos átomos de hidrogênio à esquerda. Em modelo de bolas e varetas 3D à direita, bolas pretas carbono, bolas brancas hidrogênio e bolas azuis nitrogênio. Pesticidas Orgânicos Naturais Rotenona, isolado de raízes de Derris elliptica e de espécies de Lonchocarpus (figura 4) Uso para controle de lagartas em 1898 Estrutura elucidada em 1932 (figura 5) Figura 4. Derris elliptica à esquerda e Lonchocarpus luteomaculatus à direita Figura 5. Representação estrutural da rotenona. Tradicional omitindo a maioria dos átomos de carbono e hidrogênio à esquerda Modelo 3D à direita, cinza carbono, branco hidrogênio e vermelho oxigênio Mercado Vendas mundiais de defensivos agrícolas no ano 2010: US$ 47,6 bilhões(*) (*)Agrow 2011 Tabela 1. Vendas mundiais por região 2009 Região Vendas (em bilhões de US$) % NAFTA 11,480 30,3 Europa 7,930 21 Ásia 9,245 24,4 América Latina 7,700 20,3 Resto do mundo 1,505 4 Total 37,860 100 Fonte: CropLife 2010 Empresa Origem US$ milhões Participaçãopercentual Syngenta Suíça 8.878 18,7 BayerCropScience Alemanha 8.157 17,1 BASF Alemanha 5.355 11,2 DowAgroSciences Estados Unidos 4.869 10,2 Monsanto Estados Unidos 2.891 6,1 DuPont Estados Unidos 2.500 5,3 Makhteshim-Agan Israel 2.180 4,6 Nufarm Austrália 1.995 4,2 SumitomoChemical Japão 1.524 3,2 FMC Estados Unidos 1.242 2,6 Os dez maiores produtores globais Tabela 2. Vendas mundiais de defensivos agrícolas em 2010 Fonte: Agrow 2011 Participação nos custos totais Os defensivos agrícolas correspondem a uma despesa de 10 a 19% no custo total nas lavouras em geral, chegando de 20 a 26% no caso da soja. Cadeia de suprimentos Fabricação do ingrediente ativo - Substância unimolecular com propriedades físico-químicas definidas - Síntese química processo em batelada Formulação de produtos - Operações físicas (diluição, moagem, mistura com solventes, emulsificantes, surfactantes) Embalagem do produto Etapas do processo Pesquisa de um novo produto Desenvolvimento Registro com as autoridades regulatórias (figura 6) Figura 6. Etapas da Pesquisa & Desenvolvimento e vendas Fonte: Casarett et al. 2001 Classificação de pestes ou pragas(*) Ervas daninhas, Insetos, Organismos Patogênicos (fungos, vírus, bactérias, helmintos), Vertebrados (roedores). (*) National Research Council 2000 Mecanismos para controlar pestes Rotação de culturas, Utilização de predadores naturais, parasitas e micróbios, Adoção de plantas com resistência genética, Emprego de produtos químicos (defensivos agrícolas). Principais tipos de defensivos Herbicidas, Inseticidas, Fungicidas, Acaricidas, Agentes biológicos de controle, Defensivos à base de semioquímicos (feromônios naturais), Produtos domissanitários. Compostos Organoclorados DDT (diclorodifeniltricloroetano) [1,1,1-tricloro-2,2-bis-(4-clorofenil)etano] (figura 7) BHC (benzenohexacloro) (HCH: hexachlorocyclohexane) Aldrin Dieldrin Mirex Heptacloro Toxafeno DDT Figura 7. Representação estrutural do DDT. Tradicional com omissão dos átomos de carbono e hidrogênio à esquerda. Em modelo de bolas e varetas 3D à direita, onde as bolas verdes correspondem aos átomos de cloro, as brancas hidrogênio e as pretas carbono DDT Sintetizado em 1874 pelo químico austríaco Othmar Zeidler. Reação de condensação: clorobenzeno + tricloroetanal em presença de ácido sulfúrico. (figura 8) Propriedades inseticidas descobertas pelo químico suíço Paul Hermann Müller em 1939 (prêmio Nobel fisiologia e medicina 1948) Introduzido no mercado em 1942. Reação de obtenção do DDT Figura 8. Obtenção do DDT. Condensação de duas moléculas de clorobenzeno e tricloroetanal por catálise ácida. Modificado de Weissermel, Arpe. Industrial Organic Chemistry. 1993 DDT: Propriedades físico-químicas Solubilidade em água muito baixa 1 ppb (1,0 x 10-6 g.L-1). Solúvel em éter, clorofórmio e, especialmente em Óleos e gorduras, característica responsável pelo acúmulo em tecido adiposo de organismos vivos. Tempo de meia-vida de mais de oito anos. Por que foi utilizado em larga escala e por um período longo? Malária: doença produzida por parasita do gênero Plasmodium, transmitida por fêmeas de mais de 60 espécies do gênero Anopheles. Japão principal fornecedor de pesticidas naturais (piretro, rotenona) dos EUA. Pearl Harbor 1941. Campos de batalha em regiões endêmicas da doença, material estratégico. Por que foi utilizado em larga escala e por um período longo? Em 1942 empresa química Geigy envia para o Departamento de Agricultura dos EUA centenas de quilos de DDT, benefícios a curto prazo justificava riscos a longo prazo!? Baixo custo de produção: U$ 0,44 o quilo. 1944 Nápoles fumigação de 3 milhões de civis e militares para combater piolhos, vetores do tifo (figura 9) Figura 9. Soldado dos EUA em demonstração de equipamento de fumigação com DDT. Utilizado para o controle de piolhos, vetores do tifo na segunda guerra mundial. Figura 10. Fluxograma da fabricação do DDT. Modificado de Chemical Engineering. 1950 Inconvenientes do DDT A lenta degradação do composto propicia o acúmulo no tecido adiposo dos organismos e ingressa na cadeia alimentar, Pode ser transmitido pelo leite, Ovos com cascas muito finas (inviáveis) do gavião-pescador, Cancerígeno, Resistência, Aparição de novas pragas as quais o composto resulta inócuo, Proibição nos EUA na década de 1970. BHC: γ-HCH ou lindano Sintetizado em 1825 pelo cientista inglês Michael Faraday, Lindano ou γ-HCH é o isômero mais tóxico para certos insetos, em homenagem a Teunis van der Linden, químico holandês que isolou pela primeira vez em 1912, (figura 11) Propriedades inseticidas foram descobertas em 1936 por Bender, Comercializado em 1942 pela Imperial Chemical Industries. Lindano ou γ-HCH Figura 11. Representação estrutural do lindano (γ-HCH). À esquerda desenho tradicional omitindo os átomos de carbono. À direita em 3D com os átomos de cloro em verde. O isômero gama representado possui três átomos de cloro em posição equatorial e três em posição longitudinal. Organofosforados A maioria é inseticida, mas o glifosato é um dos herbicidas mais utilizados. Gases tóxicos pertencem a esse grupo: sarin, tabun, soman (guerra química). Na decáda de 1960 junto com os carbamatos passaram a ter importância, devido à bioacumulação e persistência dos organoclorados no meio ambiente. Organofosforados Toxicidade aguda, implica maior perigo de intoxicação durante a aplicação. São menos persistentes, maior número de aplicações, maior custo. Os mais utilizados hoje: malation, paration, dissulfoton, diazinon, metaminofós, diclorvos, glifosato. Malation Composto organofosforado parasimpaticomimético que liga irreversivelmente com colinesterase. Inseticida de relativa baixa toxicidade para os seres humanos. (figura 12) Figura 12. Representação estrutural do malation. Tradicional com omissão de átomos de carbono e hidrogênio à esquerda. Modelo 3D à direita, preto carbono, branco hidrogênio, amarelo enxofre laranja fósforo e vermelho oxigênio Carbamatos Desenvolvimento de carbamatos ligada ao uso da planta Physostigma venenosum (figura 13) Composto responsável pelos efeitos tóxicos e medicinais da planta foi isolado em 1864 e sua estrutura elucidada em 1925 (figura 14) Alguns carbamatos utilizados hoje: carbaril, carbofuran, aldicarb Figura 13. Planta do feijão de calabar Physostigma venenosum Figura 14. Representação estrutural da physostigmina. Átomos de carbono e a maioria dos átomos de hidrogênio são omitidos Piretróides Compostos sintéticos análogos às piretrinas. 1952 primeiro piretróide sintético: Aletrina (figura 15) 1966 síntese da bioresmetrina 1972 permetrina Atrás apenas dos organofosforados no mercado Piretróides Largo espectro de atividade contra os insetos-praga Requer baixa dosagem Pouco impacto sobre o meio ambiente Não se acumulam na cadeia alimentar Figura 15. Representação estrutural da aletrina. A maioria dos átomos de carbono e hidrogênio encontram-se omitidos Bibliografia BARBOSA, L.C. Os pesticidas, o homem e o meio ambiente. Viçosa:UFV. 2004 SHREVE,R.N., BRINK Jr.,J.A. Indústrias de Processos Químicos. 4ta ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 1977 WEISSERMEL, K., ARPE, H.-J. Industrial Organic Chemistry. 2nd ed. Weinheim: VCH. 1993 DE OLIVEIRA E SILVA, M.F., DA COSTA, L. M. Química. BNDES Setorial 35, p. 233-276 OBRIGADO!!
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