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CRIME ORGANIZADO

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CRIME ORGANIZADO (Lei. 9.034/1995)
Previsão legal. O crime organizado é tratado pela Lei. 9.034/1995 diploma legal que dispõe sobre os meios de investigação para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas. Recentemente, outra lei passou a cuidar do tema. Trata-se da Lei 12.694/2012, que dispõe sobre o processo e julgamento colegiado em primeiro grau de jurisdição de crimes praticados por organizações criminosas, que entrara em vigor 90 dias após sua publicação.
Alcance da Lei. A Lei 9.034/1995 dispõe que referido diploma legal regula os meios de prova e procedimentos investigatórios que versem sobre fatos ilícitos decorrentes de ações praticadas por quadrilhas ou bando, ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo. Vejamos os conceitos principais que podem ser extraídos do dispositivo legal:
Quadrilha ou bando (art. 288 do CP). Trata-se do delito em que 3 ou mais pessoas se associam com o fim de praticar crimes (pena de reclusão, de 1 a 3 anos). Para configuração do crime, é necessário que a associação apresente estabilidade, de modo a não se confundir com o concurso de pessoas.
Organizações criminosas. A despeito de ser o foco central da Lei 9.034/1995, o legislador não definiu o que vem a ser organização criminosa, fato que sempre provocou intensas criticas por parte da doutrina. Alguns doutrinadores buscavam o conceito em Tratados e Convenções Internacionais, fato que também não teve o condão de encerrar a polemica em torno da estrutura da lei.
Associações criminosas de qualquer tipo. Trata-se de outra figura difícil compreensão, uma vez que o legislador se utilizou da expressão extremamente aberta, que pode dar ensejo a diversas interpretações. Quando se fala em associação criminosa de qualquer tipo, poder-se-ia até mesmo confundir tal conceito com o concurso de pessoas que, sem duvida, é uma espécie de associação criminosa.
Procedimentos investigativos previstos pela Lei 9.034/1995. A Lei em comento autoriza alguns procedimentos investigativos específicos, todos previstos em seu art. 2º São eles: 
Ação Controlada (art. 2.º, II). Trata-se de procedimento também conhecido como flagrante retardado ou diferido, que consiste no retardamento da ação policial em face da conduta que se supõe praticada por organização criminosa, com a finalidade de aguardar o momento mais adequado e eficaz, sob o ponto de vista de formação de provas e obtenção de informações relevantes.
Por intermédio deste instrumento, ao aguardar o momento mais adequado para efetuar a prisão, o resultado da operação policial poderá ser mais bem sucedido, de modo a alcançar um maior numero de agentes e, sempre que possível, desestruturar a própria organização criminosa.
Acesso a dados, documentos e informações fiscais, bancárias e eleitorais (art. 2.º, III).
Captação e a interceptação ambiental de sinais eletromagnéticos, óticos ou acústicos, e o seu registro e analise mediante circunstanciada autorização judicial (art. 2.º, IV). Importante destacar que referida medida depende necessariamente de autorização judicial, uma vez que se trata de hipótese excepcional, que invade a esfera privada do individuo.
O art. 5.º, XII, da CF/1988, dispõe que “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no ultimo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”.
A Lei 9.296/1996 trata das interceptações telefônicas procedimento no qual um indivíduo tem acesso ao conteúdo da conversação mantida por outras pessoas sem o conhecimento de nenhuma delas. Para que seja valida, depende de autorização judicial.
Infiltração por agentes de policia ou de inteligência, em tarefas de investigação, construída pelos órgãos especializados pertinentes, mediante circunstanciada autorização judiciais (art. 2.º, V).
Identificação criminal dos envolvidos. A identificação criminal de pessoas envolvidas com a ação praticada por organizações criminosas será realizada independente da identificação civil. Vale relembrar que a Constituição Federal estabelece que o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nos casos previstos em lei.
Modificações da Lei 12.694/2012. O colegiado poderá ser formado para a prática de qualquer ato processual, especificamente os seguintes:
Decretação de prisão ou de medidas assecuratórias;
Concessão de liberdade provisória ou revogação de prisão;
Sentença;
Progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena;
Concessão de livramento condicional;
Transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima; e
Inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado (RDD).
Modificações da Lei 12.694/2012. Estrutura do colegiado. O magistrado poderá instaurar o referido colegiado, indicando os motivos e as circunstâncias que acarretam risco à sua integridade física em decisão fundamentada, da qual será dado conhecimento ao órgão correcional. O colegiado será composto por 3 membros, sendo o próprio juiz do processo 2 outros magistrados, a serem escolhidos mediante sorteio eletrônico dentre aqueles com competência criminal em exercício no primeiro grau de jurisdição. Vale ressaltar, por fim, que a competência do colegiado será restrita ao ato processual para o qual foi instaurado.
Modificações da Lei 12.694/2012. Segurança dos prédios. Demonstrando grande preocupação com a segurança, o legislador previu que os tribunais são autorizados a tomar medidas para reforçar a segurança dos prédios da Justiça.
Controle de acesso, com identificação, aos seus prédios, especialmente aqueles onde funcionarem varas criminais;
Instalação de câmeras de vigilância nos seus prédios, especialmente nas varas criminais;
Instalação de aparelhos detectores de metais, aos quais se devem submeter todos que queriam ter acesso aos seus prédios, especialmente às varas criminais ou as respectivas salas de audiência, ainda que exerçam qualquer cargo função pública ressalva feita aos integrantes de missão policial, à escola de presos e aos agentes ou inspetores de segurança próprios. 
Modificações da Lei 12.694/2012. Segurança dos membros. Diante de situação de risco decorrente do exercício da função, do Magistrado, dos membros do Ministério Publico e seus respectivos familiares, o fato será comunicado a Policia Judiciaria, que avaliara a necessidade, o alcance e os parâmetros da proteção pessoal. Depois de referida avaliação, a proteção pessoal poderá ser prestada pela própria Policia Judiciaria, pelos órgãos de segurança institucional, por outras forças policiais, ou, ainda, de forma conjunta.

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